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PITAGORAS E O MArio Feranika pos SANTOS Edigio coordenada por ALUIZzIO Rosa MONTEIRO JR. DE DIFUSAG SUMARIO Preficio— Prof, Ricardo Rieck = 14 Introdugia = 47 1 =O penuamente pitagirica 61 Il — Justificagao do metodo usado. neste Lyvea 11] = Fragmentos pitagdneas 85 IV =O pitagoriseno ma cultura grega OM Y =O ertheydi para Pirdgoras, segundo a exegese comum LOL VI =O ndmero para Pitdgoras = 105 VI = Namero e ntma tio VII — Elementos pura uma fundamentagdo conctetado pitagetsnm 143 IX -Aharmonia 162 X = Temas pitapdricas 167 Xi = Una onotaginde Jamblico — 169 MIL =Obieratlogos 177 XIU - O demiurgo de Plardoe o preagommne XIV = Pitigunsscohomem — 184 XV =Osonbo de Pitigotas 187 XVI= Asdeslensde Pitdgoras 191 XVII = Actcadade Jacé 204 XVIM = A maremdtica co pitagorine, NIX = A filosofiade Prrigoray 212 XX — Consrugio concreta de persamento de Pitdgoray XX1 - A Criagla para Pitdgoras 240 XX = Vorsos Aurren de Pinigoras 24 7H THO at 222 Solteo Autor = 247 ‘Obras do Autor 239 INTRODUCAO Daas fee ws waimueeas Emserros, sadn 0 eatvon sae beer chu meems.” (Keonexen), Es sat tn 0 de ft, € tab i Sed, «mew Ne penis sgn oral aincka ovetivea,” (sis, segundo a insctiglo de Sais, relatada por PLUTAKCD). publicagdo deste meu trabalho é 0 final de um impulso que desde a _juventude comou forma em mim, Quando nos bancos escolares ouvia as _primeiras aulas de filosofia, de mestres conspicuos profundos, sempre “me provocou grande incenformidade a mancira como era exposta a filo- wfia pitagdrica, E algumas vezes, dirigindo-me ao meu iniciador na _filosofia, perguncava-the se no havia falsificagio, e muita grosseira, na Apresentago de uma Filosofia, cujo papel era inegdvel sobre todo 0 pro- ‘eesso do pensamenco europeu, Ele mesmo me confessava que assim Auprendera, assim transmitia © conhecimento, € que nao encontrara obras “capazes de Ihe expor um pensamento, outro que o proferido em suas aulas. ‘ais fatos, tiveram sempre sobre mim uma influéncia importante € mei a deliberagao de, no decorrer de minha vida, procurar todos 9s mmeios para estudar devidamente o pitagorismo ¢, sobretudo, a figura de itigoras, que exercia sobre mim uma fascinagdo extraordindcia, Os anos decorreram ¢ verifiquei quie diffcil era coligic makerial para estudo aprofundade dessa posigao filoséfica. Nas minhas viagens a ios paises, fui aclquitindo tudo quanco enconcrava que tracasse da assunto, , posteriormente, organizar um quadro de tendéncias. Seria longo rever © trabalho que dispendi, o trabalho que nunca poupei, pois se ho algum mérito, considero: este o mais elevado: 0 de ser incansivel bathador, para © qual todas as horas do dia sio horas de obi gagio. [57] A leitura dos mais var Jos autores me colucou numa posigao decidi- Bsta verdade patenteou-se aos meus olhos apos a leicura de tantos livros, de da: © pitagorismo foi a mais falsificada das correntes filosdfic todos 0s quadrantes do pensamento ¢ que revelavam a presenga de ve- Ihos preconceitos, vindos de Ariscéreles, que foi, sem diivida, um dos maiores culpados dessa falsificagao, 0 que demonstramos neste livro € também em nosso Aristiteles ear Matagies, onde comentamos a famosa obra do escagirita ¢ demonstramos as grosseiras falsificagées, fandadas em autores menores e “soi-disant” pitagéricos , ou por erros de acepgao comum ¢ até sofistica, o que favoreceu uma visio muito alheia a verdade do pensamento do mestre de Samos Reconheci, por tudo isso, quao dificil era realizar um trabalho de sintese do pensamenco real daquele grande fildsofo. Tal ceabalho exigi ria tempo ¢ muito cuidado, pois os elementos de que dispunha eram insuficientes. Havia necessidade de joeirar tudo e tirar’o que era genui- hamente pitagérico do que nao o era, de origem de aurores suspeitos ou dos copistas, Em suma, era preciso realizar obra de doxdgrafo, E nko podia deixar de reconhecer as grandes dificuldades que teria de enfren tar. © que primeiramente se me afigurou como imprescindivel era coli- gir, do material pitagérico, o'que revelava maior coeréncia com as afir- mages do mestre de Samos, afirmagGes sobre os qui nenhuma diivida quanto, pelo menos, a autencicidade ideolégica Seguindo ¢ utilizando sempre os métodos da Filosofia Concreta, que criei para. com ela construir uma visio cocrente¢ sdlida do pensamento, cuja justificagao ainda farei oportunamente, foi me possivel realizar obra ndo pai de doxégrafo, sem, porém, fundar-me em critérios subjetivos de aprec agio, © que € proprio de toda doxir, mas fundar-me em critérios objeti- vos, capazes de dar a solide desejada as premissas que minhas teses podem propor. Meu livro € mais obra de exegese, mas fundada no méro- do que criei para 0 exame do pensamento filosdfico, métode que, para mim, tem-se mostrado valioso € criador, € me tem peemitido invadir com seguranga os caminhos mais dificeis ¢ também encontrar solugées € Sobre 0 va- lor desse método, para os que me léem, seu julgamento nao sera dificil, depois de penetrarem no estado de minhas obras. Quanco aos que nao. me léem, nada posso dizer-lhes nem tampauce cles sobre 0 que fago € 0 hitidez onde outtds tem enconttade penumbra © confusoe que empreendo, [58] Este livro é, jad, uma realizago do emprego do meu método dialético- conereto, eas conclusées obtidas esto fundadas em bases reais e histéri- cas suficientes para assegurar a justeza das minhas afirmagdes, as quais sempre procuro demonstrat. MARIO FERREIRA DOS SANTOS [59] CAPETULO 1 O PENSAMENTO PITAGORICO! Piitsggoras (de Samos ~'569?-470? a.C,), Segundo alguns, foi disct- plo de Ferécides, de Siros e de Anaxiégoras, porém, so concraditdrias as Tnformagdes que nos oferecem os historiadores. No encanto, tudo indica que formou sua cultura no Oriente, no Egito, em Babilénia, em Creta, por onde tendo que abandonar sua patria, foi residir na Itdlia do Sul, por volta de escola, mas ajou. De retorno a Samos, tencou fundar af ud $30, 9a aristocritica Crétona, onde fundou uma comunidade, ou ordem feligiosu-moral, que se estendeu a outtas cidades, as quais foi, por vezes, chamado como legislador, influinds em seus costumes politicos @ so- “ciais. £ dificil separar.a obra pessoal de Pitigoras da de seus diseipulos ¢ de sua escola, bem como o que ha de lendae de realidade, razdo pela qual ais. preferimos aqui examind-lo dentro do pitagorismo. Sabe-se que Arist6teles escreveu uma obra em trés volumes sobre 0 pitagorismo porém, irremediavelmente, perdida, Nas passagens sobre 0 Pitagorismo, que encontramos esparsas cm scus liveos, conclui-se que devera cerse dedicado, seriamente, ao exame dessa doutrina, Goncude, ¢ ‘de salientar que apenas cita trés vezes o nome de Pitdgoras, enquanto ao feferirse a esta doutrina, constantemente refere-se aos “pitagéricos”, gos que “se dizem pitagéricos”. A andlise que Aristételes faz do pita- _gorismo refere-se propriamente & doutrina como a concebiam os disci- pulos posteriores, ¢ nao ao pensamento do sdbio de Samos, Como a cons- i TEapicvio tiracks da Sinupse da Hiscéris da Vitosofia, do Diciondtio de Filosofia ¢ Ciéncias co, Silo Paulo, Ba Manese, 1966, [or] Duliwesis, Mériv Ferteiea des Sa trugio do verdadeiro pensamento de Pitégoras € obra de-exegese ¢ iy plica providéncias que niio caberiam no Aimbito de uma Sinopse da Hi t6ria da Filosofia, preferimos tratar a seguir do “pitagorismo”, ¢ nilog propriamence, de Pitigoras, deixando a nossa critica para depois. 0 movimento pitagérico — Movimento nao s6 intelectual, mas religior so-moral e politico, Organizado em forma de comunidade, com inici Ges, linguagem simbélica, cercado de mistérios € de segredos, ond predominam o respeito sagrado & palavra de ordem € aobediéncia cegas Representava um movimento, que foi combatido severamente pe organizagbes e governos democriticos da época. Os pitagéricos foran dissolvidos por um movimento popular. Pitdgoras conseguiu fugir Metaponto, onde faleceu. A missio da escola de Crocona era ensin métodos de purificagio, reservados aos iniciados. Acribuem ao pitago rismo a promessa de uma vida futura, apés a morte, onde os homent seriam recompensados, desde que cumprissem as ordens da organiz € os principios morais estabelecidos. A escola estava aberta canto homens como as mulheres, independentemente de nacionalidade, Apt sentam-na como uma doutrina cheia de tabus e proibisées, cujas sign ficagies t2m servido para diversas interpretagbes. A crenga na transmigh gfo das almas, através dos corpos de homens ¢ animais era uma di crengas dessa doutrina, no, porém de Pirigoras, mas de alguns de set discipulos. ‘A concepsio de Anaximenes de que o mundo estava submerso infinito também era aceita por Pitigoras. Para ele, todas as coisas sf0 ndimeros. Considerava, assim, a relaga ‘entre os niimeros ¢ as formas geométricas. Atribufa aos ntimeros ¥i ontolégico. Afirmam que, quando esteve na Pérsia, conheceu Zarat ou Zoroastro. Cultivavam os pitagéricos a matemitica ¢ a miisi sobretudo, a geometria, como Filolau de Tebas ¢ Arquitas de Tarent Considetavam a masica como meio para excitar ¢ acalmar os sentim tos, ¢ aplicavam-se a ela, nio $6 pritica mas ceoricamente, Para alg pitagoricos, os niimeros nao ¢ram pensados como coisas abstratas, 1 como alge de real, O ponto era 0 equivalente ao 1; a finka a0 2; a supe i an 3; 08 corpas ao 4, (Na verdade, esse ndo era o pensamento pitagéricd grau superior) O ndimero dez, a famosa ftractys, € 0 ntimero principal; ela € a dos quatro primeiro (1+2+3+4=10). [62] Diz Filolau que o némero 10 “tem uma grande forga, enche 0 toun, rua cm tudo, e € comeco e guia da vida divina, celestial « humana” {tudo tem ponto, linha, superficie, volume), Com os pitagéricos, apare- ¢ © tema da libertacdo do homem ao se bastar a si mesmo. A preocupa- flo pela alma conduz os pitagéricos posteriores a doutrina da nsmigragéa ou metempsicose, relacionada com problema da imor- Jidade. Pitégoras foi um iniciado nas especulagdes da astronomia iental. Descobrindo a relagio fundamental da altura dos sons, com a gitude das cordas que vibram, submeteu o fendmeno do som a invaria- lade de uma lei numéric ,méveis e imateriais, aces ‘O.assombroso dessas proporgées inteligév is ao matemético, que expressam a regularidade das aparéncias sen- eis ¢ do fluxo dos fendmenos, tinha faralmente que impressionar digoras. Dai, chegar a atribuir um principio de realidade ao sémbolo ¢ ¢qusalidade ao signo, era ficil aos pitagéricos, como observam varios hicos modernas. im codas as coisas estiio os ntimeros. Das contradigées fundamentais a simbolizacio em opostos: pare impar, direita ¢ esquerda, repou- movimento, macho ¢ fémea, reco e curvo, bem € mal, ) os niimeros que ordenam a constituigao do universo. Essa aritmo- do neopitagorismo, do platonismo pitagorizante, foi prosseguida Muitos pitagoricos, conjuntamente com investigagées matemdticas molégicas. tre os mais famosos discipulos, préximos € posteriores, que segui- suas doutrinas, estdo: Filolau, Arquitas de Tarenco, Alcmeon de a, Epicarmo de Cos, Hipodame de Mileto, Teofrasto, Aristéxeno demo, Dicearco de Messtnia, Duris nro, Heréclides de Ponto, E ws, Andrinio, Diodore de retri Moderaco de Gades, Apolénio Nicémaco de Gerasa, etc y pitagéricos: a) as doutrinas dos pitagéricos sio uma mescla de isténcia, imortalidade, transmigragao € crengas religiosas; b) re 5 (metempsicose), parencesco dos vives, ciclo das coisas (eterno dos acontecimentos ja acontccidas); c) alma como principio do d) 0 universo vivo, o conceito de Cosmas, a ordem universal, yonia entre os contririos, que € uma doutrina caracterfsticas dos 05; €) 08 ntimeros sio a esséncia das coisas, porque sem o ntime- lidade dos ndmeros € seria possivel conhecé-las; mutal [63] imutabilidade do um. (Hd influencia do pitagorismw na ciéncia moderna, cuyjas Ceorias amicus terminam por ter Uma nogil apenas matematica da energia subatdmica, $6 € compreensivel a razio o que é espacial izade, portanco, numerivel) Atribui-se, também rofo, terme que se tornau universal, significando os investigadores do absolucae intérpretes do mundo, estuiinas da sabec Pitigoras.o primeiro emprego da palavra /ilé fort O PrracoRismo Aaafitmaciva comum de que para pitagorismo os ntimeros sio senst= veis, de a5 grandes discipula: tre ou de discfpulos que com ele privaram. O pitagorismo € uma das concepges mais caricacurizadas ¢ falsificadas na histéria da filosofia, © “se atribuir apenas a alguns pitagéricos, € nao a Pitdgoras, nem que receberam as ensinamentos ditetos do mes- isso se deve, sabretudo, ao cardter inicidtico dessa doutrina, que exigia uma mastigogea toda especial, para que o disc{pulo chegasse ao conheci~ mento dos segeedos da escola. Essa a razio por que neste crabalho remos de nos furtar ae estude mais ado, frisan- acurado da maréria ¢ acerme 0s a0 que € comumente divt vivel da maioria das afirmagées, do, porém, a validez relaciva € impr provindas de Didégenes Laércio, de Pedro e Stobeu, que se utilizaram de textos apécrifos. Ademais, © intuito de menoscabar os pitagéricos, por raades, sobretude, de ordem politica, levaram a muitos a acribuir-lhes afirmagSes que jamais fizeram As dificuldades em estabelecer com segtitanga quis 116 vetdadeito pen- sament pitaydrico, levou Zeller a estabele r, COMO cettas, Estas afir- magdes fundamentais: 1} que o sistema pitagdrico, eal como o canhece- mot, é obra de distintos homens em diversos tempos; 2) que € dificil discernie, nele, os elementos que, propriamenté, peetencem a Pitigoras Consequentemente, mister reconhecer, no pita, de desenvolvimento, que foi elaborado c Forismo, UM process n dives SoS estigins ¢ que reve contribuigdes das mais diversas origens.? Podemos ainda salientar que as divisdes dos ares de contririos, que abaixo reproduzimos, sabe-se, hoje, que nio pertencem a Pit A Tobia eatd presence ei vida ce: Pity sompeag wa a pi eo al pte oe Ly sin ide seus iniinseros: dive sis foram atribuidas a Alemeon, Hoje, conrudo, sabe-se que provie~ Pe Ppt | posteriormente, de pitagéricos menores. » polacidades sia: 01) Limitado — ilimitado 02) Par € impar (o 2 € 0 primeiro niimero par, € 3, 0 primeiro impar) 03) Unidade — pluralidade 04) Esquerda — direita 05) Masculine — feminino 06) Quictude — movimenco 07) Reto—curvo 08) Claso-escuro 09) Mau — bom 10) Quadnilitero - oblongo: Outras classificagdes — como o |, simbolizando a Razio; 2, a Opiniiio, 3, a Santidade; 4, a Justiga; 5, o MatrimGnio; 6, o principio da Vida; 7, Satide; 8, 0 Amor, a Amizade; 9, a Justiga em geau superior ¢, 10, 0 fuimero sagrado € perfeito, etc, — sio também da mesma espécie que as anteriores Nao consideremos apenas lenda 9 que sé escreveu sobre a vida de Pinigoras, porque ha, nessas descrigdes, sem dtivida, muito de hiseérico ¢ de verdadeiro. O dificil, porém, esta em separar a que € histérico do que € fruto da imaginagio ¢ do ficcional. faco de negarse, peremptoriamente, a historicidade de Pitdgoras (como alguns o fazem), por nio ter, Ando decumenraco bastante, nao impede que seja 0 pitagorisma uma realidade empolgante na histéria da filosofia, cuja influéncia atravessa os séculos até nossos.dias. Acontece com Pitagoras o que aconteceu com Shakespeare, cuja exis~ téncia foi tantas vezes negada. Se nia existiu Picdgoras de Samas, houve com certeza alguém que construiu essa doutrina, ¢ que, por casualidade, chamava-se Pitdgoras. Podemos, assim, parafrasear 0 que foi dito quan- ro a Shakespeare. Mas, pondo de lado esses escriipulos ingénuas de cer- fos autores, que preferem declani-lo como nao existente, come se hou- vesse maior validex na negacio da sua historicidade do que na sua afirmago, vamos dar sinteticamente elementos que nos auxiliario para 165] melhor compreensio de uma figura que tem: sido impiedosamente falsificada durante vinte € cinco sécules. Em 1919, perto de Porta Maggiori, sob os crilhos da estrada de ferro, que liga Roma a Napoles, foi descoberta uma cripta, que se julgou a principio fosse a porta de uma capela ctistd subrerrinea, Posteriarmen- te, verificeu-se que se tratava de uma construgio des tempos de Clduclio (41.054 dC.) que nada mais eta do que um cemplo, onde se reuniam tos membros de uma seita, que afinal averiguou-se ser pitagérica. Sabe~ se hoje, com base histérica, que antes, jd em tempos de C ur, prolifera- + essa scita foi ti combatida, deve-se vam os templos pitagéricos, € s. Numa mais ao faro de ser secreta do que propsamente por suss idéia obra de Carcopino” hi im ampla relaro desse cemplo. E foi inegavel- emente essa descoberta tio importante que impulsionou novos escudos, que se realizaram sobre a doutrina de Pitdgoras, os quais cendem # mos- rar 6 geande papel que exerceu na histéria, durante vinte € cinco sécu- los, essa ordem, que ainda existe ¢ tem seus seguidores, embora este}s em nossos dias, como jd esteve no pasado, irremediavelmente infectada de idéias estranhas que, a nosso ver, desvirtuam, como iremos provar, pensamenco genuino de Pitigoras de Samos. Eaceito, quase sem divergéncia, por todos que se debrugaram » estuda- lo, que nasceu em Samos, entre 592 € 570 anres da nossa era; ou seja, naquele mesmo século em que surgiram grandes condutores de povos criadores de religides, come Gautama Buda, Zoroastro (Zaratustra}, Conf- cio ¢ LauTsé. As cinco maiores figuras , as quaise deve um papel eminen- fice. te na histria do pensamento humana, quer retigioso, quer filos Indimeras sao as divergéncias sobre sum nacionalidade; uns, afirmam ser de otigem egipcia; outros, siria ou talvez natural de Tito. Relataa lenda que Pitdgoras, cujo nome significa o Anwnctaidor pético 7 BS (Pythios), certs vez, levade o filho & Pitia de Delfos, esta sacerdotisa Ihe yaricinow + filho de Menesarco c de Partémis, ou Pythaia, Tendo esta, um grande papel, ou.a mie a devotarse com 0 maximo carinho que 3 stua educagio: Consta que Pitdjoras, desde crianga, se revelava prodi- spioso © reve como primeirus mestres a Hermodamas de Samos, depois Ferécides de Siros, ¢ posteriormente, aluno de Tales dé Mileco ¢ ouvinte Taaginn, Jestne La Basitique pybaporicinnee dela Pome Majeust Pann. Artisan oh Livi v9 [66] das aulas de Anaximandro, Foi discipiilo de Sonchi, um sacerdoté exip- cio, conheceu Zaratustra ow Zoroastro, em Babilonia, quando de saa estada nessa grande metrépole da antiguidade Conra-nos a lenda que a hierofonte Adonai aconselhou-o a ir ao Egi- to, onde foi iniciado nos mistérios nos santudrios de Ménfis, Didspolis e Heliépolis, Fez'um retiro no Monte Carmelo ¢ na Caldéia, quando pri- sioneiro de Cambisis, edai conduzido para.a Babilonia. Nessa metrépo- le, conheceu o pensamento das ant gas religides do Oriente e freqiientou aulas ministradas por famosos mestres, Para muitos, estamos nas brumas da pura lenda, pois nio ha assenta- mentos histéricos suficientes que confiemem a veracidade destes fatos. Mas, fundados, também, em tais modos de pensar, pouca coisa restaria para afirmar-se como verdadeiramente histérica de grandes vultos do passado, pois vimos em nosis dias, negar-se valor histérico a Cristo, pelo simples fato de scus contemporiineos nie terem notado seu valor. Ble foi viseo pelos fariseus ¢ letrados da época como um mero taumaturgo, que prégava idéias inaceitaveis. Nio € de admirar, pois, — sobretudo, encre os gregos, cujos conheci- mentos histéricos sio incompletos ~ que nao cenham transmitide com a maxima seguranga a historicidade de Pitdgoras, como também a de muiros outros fildsofos. Ademais, houve varios Pitigoras, em diversos setores, confundidos, muitas vezes, com aquele que fundow a escola de Critona, nao sendo, portanto, de admirar a perplexidade ¢ 0 cepticismo que se apassam de muicos, quanto ads relatos que se costumam fazer de sua vida. Mas a verdade € que o pitagorismo exisciu, ¢ existe ainda, € deixou uma obra monumental, sobre a qual podem debrugar-se os ¢sta- diosos Observa-se, porém, em codas as fontes que nos relatam a sua vida, que “fealizow na juventude, intimeras vi gens ¢ peregrinagdes, tendo volrado para Samos coma idade de 56 anos, Seus ensinamentos atrairam muitos discipulos, mas provocaram, também, a inimizade de Policrates, tirano ‘om Samos, fazendo-o exilar-se na Magna Grecia (Italia), onde em Crétona, fundou 0 seu famoso Instituto. Dizem Nic6maco ¢ Jamblico que, em ta ocasido, Pitigoras pronunciow um discurso, o qual influiu decisi- Wumente na fundagio da sua sociedade, onde os membros se propunham praticar a comunidade de bens, entregues a meditacio, através do que angariam 0 caminho do saber, da Mathes Suprema (Megisthe), a supre- [67] ma sophia, a Suprema sabedoria, Para tanto, era preciso ama-la,e aqueles que fossem amantes do saber, seriam fildsofos ( de phrle eu amo, © sophia, saber), de onde le cunhou o nome que depois se universalizou: philosepbia. O conhecimento, a gnosis, permitiria que 6 homem penetrasse, seguindo 5 caminhos humans, a via que levaria & Mathests Suprema, a suprema inserugao. Sé 0 conhecimento nos daria a felicidade, pois afirmava ele que a felicidade suprema consiste na verdadcira endamonia da alma, na contemplagio da harmonia dos ritmos do Universo, ou melhor, repro- duzindo as suas palavras “rei tefeidtetos tén arithmin” a perfeigio dos Niimeros, 0 ntimero como ritmo proporgao, como nos conta Clemente de Alexandria Antes de chegar a Magna Grécia, esteve em contato com os érficos, jal em decadéncia, ho Peloponeso, tendo conhecide a famosa sacerdotisa Teocléia de Delfos. Mas € na fuilia que vai desempenhar um papel extraordindrio. Funda © famoso Instituto, o qual, combatidd pelos democratas de entio, foi final- mente destrufdo, contando-nos a lenda que em seu incéndio, segundo alguns, ele percceu junto com.as seus mais amados discipulo: to outros, afitmam que conseguiu fugir, camando um rumo enquan- norado. Segundo as fontes mais fidedignas, Pitdgoras deve ter falecido entre 310 © 480. A suciedade pitagérica continuou apés a sua morte, tendo desaparecida quando do famoso massacre de Metaponto, depois da der- ota da liga croconiara. A fraternidade pinagérica ceve um grande papel hist6rico na liga crotoniata, por sua influéncia politica quase absiluta. Segundo se sabe, havia nessa épaca, teés espécies de iniciadas: os filsvofas contemplative, Que tam o% utendticor: OS memotetes, aos quais cabiam a m ainda diregio politica ¢ a atividade social; € os podftiws, que ndo havi alcangado es graus de inici Go dos planos que elaboravam os dirigences. Havia, para os eseolhid Jo, & que eram instrumentos pa um: grau de noviciado ¢ uma iniciagio de graw de aprendiz. que levawa cinco anos (gran de punaskedl, de pteparagho), seguinda-se, depois, 0 de cashartysts, de puriticagaio (catharin), que Cortesponde ao companheiro magdnice, ¢, finalmente, o de feferdtes (de selos, fim) que era o de mestrr, ao qual eram reveladas as primeiras ¢ tilrimas causas das coisas. Apés a catdstrofe, salvaram-se apenas Lysis ¢ Filolau, que possivel- mente, (¢ hd suficientes elementos a favor dessa possibilidade), nem te- nham conhecido Pir woras pessoalmente. Junto com eles salvaram-se [68] alguns novigos, entre os quais, Hipécrates de Quios, que viveu depois em Atenas, Hiparco ¢ Hipias, posteriormente considerados traidores, por terem revelado certos segredos da ofdem, merecendo a“excomun! ladies”, Dos seguiidores proximos dessa época salienta-se Arquitas de ‘Tarento, considerado um dos dez maiores pitagéricos. © préprio Filolau também foi considerady por muitos pitagdricos como traidor, por haver publicady trabalhos, nos quais revelava aspectos da filosofia de Pivigoras, e também por ter vendido trés livros secretos a Dion, irmao de Dionisio 6 Antigo. O pitagorismo na cultura grega — Sado muitas vezes os gregos acu- sados de haverem imposto um modelo ao mundo, de terem racionaliza- do de tal modo o mundo fenoménico, que o modelo, por eles construido, impds-se como sendo a propria realidade. Nessa capacidade de ultrapas- sar as fronteiras da aparéncia estaria, em suma, coda a razio do chamado “milagre grego”. E ainda se acrescenta que esse modelo foi apenas um ato de fé. Essa mancira dual de visualizar 0 mundo nao surge com a Filosofia grega. Esta apenas [he deu novos comtornos © novas justificagées. Ela pertence a toda mancira religiosa ¢ psicoldgica do grego considerar o mundo, sempre feito a imagem dos deuses, em que o mundo dos fend- menos copia ou participa da realidade superior do mundo das formas. Assim, se pode estabelecer que o mais tipico no pensamento grego € a visualizagao dos dois planos, o plind das idéias puras € imutaveis, erer- nas € ingencradas, ¢ © plano do mundo das aparéncis, do fendmeno, mundo do devir, da constance mutagio das coisas, E precisamente em Pitdgoras que essa mancira de ver coma uma for- ma filosdfica ¢ torna-se 6 fundamento de toda-a sua doutrina, Para mui- esse o gramfe mito grego, e, quando dele se afasta, a Grécia afunela- se nas formas viciasas da soffstica. Poder-se-ia diz Spengler, que toda a esséncia da cultura prega esta na aceicagao dese: mito, suficiente para explicar Sua arte, sud religiao, sua filosofia, sua , 2 imimagio de politica, seus ideais € também o seu desfecho melancélico, ‘Todo afi de seus grandes fildsofos, como Pinigoras, Sécrates ¢ Platio, cingiu-se A justificagao dessa tese. Aristételes, com seu empirismo: racionalista, seria apenas um barbaro, no conteddo mais nobre desse termo. Realmente, vinha ele das fronteiras da Grécia, ¢ isso nos explica- ria porque se afastara do grande mito, buscando outra maneira de | 69] visualizaro mundo. Também essa a razéo porque influira tanto, depois, na Ocidente, através da Escolistica, Seu modelo no era helénico, Se passarmos os olhos pelos cultos gregos, desde os mais primicivos orismo, tomado aqui em scu sentido religioso, realmente os 5es de empréstimo, até o pita dois planos sio patentes. Na decadéncia, as relig m pseudomortoses de cultas vindos do Oriente, ji nao eram gregos, era uma culttira, porque apenas se revestiam de algumas formas exteriores da Gréeia, mas seu contetido ndo tinha mais cafzes na.alma daquele povo, porque este jf a perdera Hi, em tudo isso, um pouce de rave, Mas seria primarismo. pensar quie apenas nessa explicagio pudéssemos incluir todo a filosofar grego. Bastaria um sucinto exame do pitagorismo para, desde logo, rermos de nos afastar dessa teoria. Os cultos dionisfacos eram dé origem tricia € é impossivel ocultar as influéncias que o misticismo oriental ¢ também ode arigem égipcia, exerceram sobre 6 pensamento religioso das gregos cm seus primordios. B inegavel que o orfismo, vindo da Frigia, sofreu influéncias fenicias, ¢ a fusio desses dois cultos se deu, sem diivida, gra- (as ao contato com os egipcios € o Oriente, Na verdade, o pitagorismo nao ested inferso do orfismo, uma vez que, apés Pitigoras, é dificil dis- tinguir os autores drficos dos autores pitagéricos. Muitos dos rituais ¢ ceriménias destes foram cépias de outras, de origem Grfica. E sio faros como esses que permitem considerar Picgoras como um verdadeiro feformador do orfisma., Mas seria erro ndo considerar, contudo, as inowa- ges extrordindrias que ele trouxe a tal culto, e, de tal modo, que a sua éculo Vie parte do século TV, sofreram su influgncia, Grandes foram os pitagdricos doutrina termina por tomar uma fisionomia prdpria, Todo 0 deste periodo, como Timeu, Arquitas de Tarento, Filolau ¢ Teodor Usa das suas maiores figuras foi sem diivida Sécrates, cujo acabamento nde discfpulo Plato, a expressio mais brilhante S€ processa NO seul g do pitagorismo, como, de resto, do pensamento humano, Em Platia, 0 piragorismo encerra a sua gninde fase Assim como a Academia platdniea, depois da morte do mestre, dele se afastou, também se podem acusar os movimentos neo-pitagdricos, de » sunca fez uma declara- B era natural, porque o picagorismo estava fora da lei. A doutrina platoni- se terem afastadé do mesere de Crérona, Plat a0 ppblica de que e a pitagérico, como também nio o fez Sécrate ca permanece dentro do Ambito dos dois planos. [70] Este mundo, o mundo fenoménico, é feito a imitagio de um modelo eterno ¢ imutivel, o mundo verdade, o mundo das formas puras. Hi, entre os eriticos de Plato e Sécrates, alguns que duvidam da filiagio pitagérica desses autores, As afirmativas de Aristételes sio julgadas ientes. Contudo, Xenafonte, no recrato que faz de Sécrates, apre- senta-o como um pitagérico, quando diz : “Ele era um destes pitagdricos insu em busca da redengio.” ‘Toda a rerminologia platénica das idéias-formas € pitagérica: eidas, ide, skbeana, morphs. A:doutrina das formas tem, sem diivida, aquicla origem, ¢ quande Plato, em seus didlogos, fala dos “amigos das idéias”, quer referir-se a eles. E hoje, através do que sabemos, Espeusipo, que sucedeu a Plario, seu tio na Academia, antes de Xendécrates, escreveu um tratado “sobre os niimeros pitagéricos”, 6 que nos indica que oensino dado na Academia era pitagérico. Picdgoras niio somente semeou com suas idéias todo 'o procesto filos6- fico grego, como também o mais fundamental das suas doutrinas che- jou até nossos dias, pois a ciéncia moderna é mais pitag6rica do que foi em qualquer tempo. Ao considerar que 0 ntimero € 0 fundamento das coisas, ele introdu- 21 0 cilculo na fisiea, € aliou a matemitica a ciéncia, 0 que permitiu o grande progresso que esta conheceu, Pitagéricos foram Timiridas, que criaram a Algebra, Teodoro de Cirene, mestre de ‘Tecteto, Anaxdgoras de Clazimene, mestre de Péricles © que estudou as nogées do infinito, Arquitas, Oindpides & ensinamentos matemicicos, com mérodos racionais, prepararam o advento do grande pitagérico Euclides. Temos ainda que salientar Asclé- \doxo, astefinomo, ¢, finalmente, Placéo, cujos pios, cujo papel foi muito importante na medicina, Alemeon, o primes 1m a praticar a dissecglo, ¢ 0 maior de todos, Hipécrates de Co: sor da medicina moderna, € sem esquecer 0 poeta Pindaro. © precur- O ensino dos sofistas foi, sem davida, um movimento contra a dou- trina dos pitagéricos: E mister que se distinga a doutrina exotérica do pitagorismo da sua doutrina esorérica, a que era dirigida aos profanos ¢ a que cabia apenas wos iniciados. Quando se perguntava aos pitagéricos: “qual a esséncia de qualquer coisa”, respondiam, invariantemente, com uma dupla assercio: "As coisas consistem em ntimenos” ¢ “as coisas siio formadas A imiragdo dos nimeros”. E uma maneii 1 essa de considerar que os iGimeras 1 priméria de ag’ fossem como 6 so as particulas que @ homem comum concebe como ormadoras da realidicle ‘A verdadeiea doutrina s6 pode ser interpretada as im: as coisas Con- sistem em nimeros sob 6 plano vidétta, ¢ silo formadas, no plano natu t ral agas as leis matemiticas, que as regulam, & imitagio cos ntimeros Macerialmente, as coisas imitam os himerds ¢ sio, por isso, eambém nimeros. Nao ha contradigio aj, senio aparent , como ceremos ocasidio de ver mais adiante No Sofiita (238 b), diz Plardo: “Segunda 0 nose modo de ver, o nu riero, em seu conjunto, éo Ser.” A qual ser ele se refere, veremos aportit- namente. Inegavelmente, a maremiatica teve seu grande impulso epistémico cm os gregos. 6 com eles, realmente, que sc desenvolve a clemonstragao, Nio re sed _ tenha-se iniciaclo a demons do, a pro ve pensar jue, com aquel a obra de va, porque jd a empregavam os egipcias, Hi um fragment Demécrito, que & expressiva, Ao descrever suas viaggens ao Exgito, diz *Percorti anuitds paises... conversei com muitos homens sibios, mas 1. combinagio das linhas com & demonstragao, ninguém me ultr qua scour, nem meso acqueles ue, nO Egito, chamamos ox harpeloniatas..” Ningu tco,demonst den 0 ultrapassou nia demonstragio (apadersos, de onde dpodi- m dos Sérimatas, de Clemente de ago, provay; passa Alexandria, Atribuia Demacrico aos hatrpedonatas uma ciéncia demons- trativa, que ndv superava a dele, 0 que comprova que 08 ¢ ipeios savas também a demonstragao na mater naitica, o que, aliis, decorre ¢ 1 proprio espirico da maremitica Muito attes de Deméctita, os pitiigdricos dedicavam-se a demonstra cio. Pirégorss, segundo os documentos de que dispomos, afirmaya sem a pre aos disefpulos a diferenca que se devia estabelecer entre mit © B rarice da Mathers Megaite, Saprenee, Ja suprema 1p eprtime. O ide: 1, 6 poderia ser alcangado pelo homem através da episteme do saber culto, da iapbie demonstrada, que € o caminho do homem anelante ile saber, desse ser ue ama o conhecimento, 0 fildsoli (de phiton, euame sophia, saber). E preciso considerar as profundas raizes filosélicas que @ pitagorismo langa na Grécia ¢ na Magna Grecia, ¢ que dio ao pensamnen: to grego um nove rumo. O amuante do saber que se sacislae a nas eM saber o que hd, € como se di, mas também o porqué do que € Mas até esce ponto ainda no se caracteriza a contribuigio do pensa- mento pitagdrico. Sabemos que havia uma forte dose de cepticismo en- tre 0s gregos ¢ Pitigoras trouxera para 03 gregos as grandes contribui- ides da matematica, da fisica © das artes. E, ante esses, € natural que demonstrasse os seus conhecimentos € procunisse provar as suas teses. Nio é sem fundamento que sé atribui a Pitdgoras a fundagio da geome- cria baseada em ceorernas demoastrades. Nem s6 na matematica, mas os iniciadas as razdes de suas teses, também na filosofia ele expunha demonstrando-as- Vejamos estas palaveas de Nicémaco de Gerasa: “Os ancigos, que sob a dicegio espiricual de Pitgoras, deram em: primeiro lugar a ciéncia ran a filosofia como 0 amor do Conheci- uma forma sistemacica, def mento. As coisas incorpareas ~ como as qualidades, as configuracbes, a izualdade, as relagbes, 08 drranjamentos, os lugares, os tempos... 50, pela essncia, imitiveis ¢ incambidveis, mas podem, acidencalmente, participar das vieissitudes dos corpos aos quais eles esto ligados.” prossegue: “E se, acidentalmente, 0 Conhecimento se ocupa também dos corps, suportes materiais das cuisas incorpéreas, € contudo a estas que ele sé Ligaet expecialmente, Pois essas coisas imateriais, eternas, cons- tituem a verdadeira realidade. Mas © que est4 sujeito a formagio © a destruigio...(a maréria, os corpos) nigo € atualmente real por -¢ssEncia.” O caritet especilativa da filosofia grega, a busca dos juizos apoditicos, universalmente vélides, em contraposigio aos juizos meramente assertoricos, que vernos surgir nas obras da filosofia ocidental, surgem, sracas as grandes contribuigées do picagorismo. A Mathers, sem dtivida 4 suprema instrugao. € algo arivo, que o homem deve afanar-se em con- qquistar. Esse afanaz-se pelo saber € um apetite am amerao conhecimen- to da Mashesiv, €a filonfie, O contetico desse canhecimento € um mathe, euja arte em alcangé-lo € a mathowatite, arte de obter os contetides do saber supremo, Nesse sentido, a macemética € 0 saber supremo dos cido tomado comumente de disciplina que es- pitagdricos, € nao no ser fudas as abstragGes de 2'zrau ©) Chamemo-la de Metamutenadtia, que € 4 verdadeira Mlosofia para Pitsyoras. E era ele qué dizia que o verdadeiro amante do saber é aquele ‘que expressa com clareza o que sabe, € procura demonstrar 0 que sabe, Peguindo as normas da matemitica, isto ¢, ftundando-se em juizos poditicos, universalmente vilidos, Quando se intitulava um amanteda [731 rarber, wm filvofo, nito dizia tude quanto exigia do verdadeiro discipulo, mas apenas 0 que era possivel dizer aos niio-iniciados. A verdadeira filosofia, para Pitigoras, € a Metamaremacica, a arte que consiste em alcangar os contetidos do saber supremo, ¢ que demonst suas afirmagées (ieei) por meio de juizos apoditicos (universalmente vilidos), a verdadeira ciémcta em suma, Para que uma distiplina se come epistémica deve afastar-se da dasa, das opinides, da matéria sobre qual todos opinam ¢ apresentam pontos de vista diametialmente opostos, a porto de o que é afirmado com convic- Gio de certeza e de verdade por um, ser considerado false por outro, como suicede no Ambito das chamadas ciéncias cule nis, A avaliagao de um conhecimenco 36 pode ser obtida e serve de avaliagio fundar-se realmente em bases objeti stémicamente, se 0 critério que as, E como se obtetiio tais bases senio nas demonstragbes apod iticas, como as que nos oferece u matemitica? A dox vos. Pi funda-se em critérios subjetivos, a gpéstéme em critérios objeti- ainda no ambito da dosed, permite que os seus estudiosos se digladiem em campos opostos ¢ a essa razio, a cstética moderna, que est até contraditérios; o que € possivel, porque ndo se estabelecett ainda a fundamentagio apoditica dos postulados estéricos, pelo menos entre os estetas modernos, qué ighoram os trabalhos dos pitag6ricos, Assim se pode estabelecer que, nas ciéncias naturais, onde 9s critérios objetivos | predominam, € mais ficil a matematizagio ao bom sentido, enquance nas ciéncias culturais, de ido a predominancia de preconcéitos enraiza- dos, a marematizagio, também empregado o termoem sentido piragérico, torna-se mais dificil, nao, porém, impossivel, como desejam alguns, na finsia natural de se entregarem as divagagies ¢ as afirmagées imponderadas e faceis, *Nenhuma pesquisa merece o nome dé ci@ncia sé ela nao passa pela demonsteagdo marematica,” Maxima de Leonardo da Vinci, genuinas mente pitigdrica € genuinamence grega, pois € 0 Espirito da ciencia Brey presence. A demonstragio é uma caraereristica do a que nela est espirito légico grego ¢ da sua retérica. Eo que sotamos nos didlogos de Plario, onde as clemonstragées buscam ser as mais convincentes pos mos notar nos discursos de Demédstenes, onde ele busca cis, Jao pod destruir os argumentos do adversdrio ¢ revelar 6 absurdo que neles exef com Pitagoras que o método demonstrativo se | contido, B, sem dtivids [74] desenvolve para alcangar seus pontos altos em Hipdcrates de Cis, nos Analituos de Arist6reles, ¢ na surpreendente realizagio dos Elemente de Enclides, que o aptica de maneira extraordiniria © definitiva. Diz Paul-Henri Michel:* “Mas os Pitagéricos nao sito primitives! Se, segundo eles, todas as coisas so nameros, nao é somente porque todo objeto sensivel pode ser considerado como uma “colegio”, como a soma de suas partes indivisiveis O niimero existente em si, fors da plutalidade dos objetos materiais, assim como'a grandeza, 0 que nos leva a outro aspeceo da teoria, a transcendéncia € & nogdo do niimero modelo das coisas. O arithmds (que hdio se deve confundir, como parece faé-lo tantas vezes Arist6teles com 0 plethos), craduz-se no ser por uma harmonia. Firmados nesta convicgio pela exame das cordas vibrantes, os Pitagéricos podiam enunciar, no catecismo dos acusmiticns: "Que ha de mais sibio? O nimero,” E adiante afiema que os pitagéricos tinham apenas uma visio quanti~ tativa do niimero no inicio, € que s6 depois tenderam a: qualificélo. “Bssa dupla providéncia nio foi jamais talvez consciente; sem davida, filo foi jamais explicitada pelos Pitagéricos, mas escava subjacente em sua concepeao do ntimero, 86 ela pode justificar essa espécie de fascina- glo que 08 ntimeros, comados individualmente, exerceram em seu pen- famento, e que, ademais, no se exerceu apenas em sua escola.” Esta afiemagio €, porém, em parte, procedence, porque, no estudo do primeico ¢ segundo grau (graus de paraskeié e de catartysts), 0 ntimero dstudado é o quantitativo, como abstragdo da quantidade. Maso nime- 0, cm sentido qualicativo, vetorial, modal, etc., é examinado, posterior- “Mente, A proporgdo que o inigiadle penetra nos conhecimencos mais ele- gidos. Seria ingenuidade pensar que todo @ pensamento matemitico de liclides estivesse exposto em seus Elements, que é obra de iniciagio eomiec rica Esta & a razao porque, no Instituto de Pitdgoras, estava 3 entrada o jticw que, posteriormente, Platiy cupiou: “Aqui niu entea quem nio Nhece geumettia,” Brn outtas paldveas, a iniciagao € impossivel a quem »acdquirin os habitos demonsteativas da geomerria. B que tealmence era assim (que o nlimero quantitative era apenas um \1 inferior do conhecimento matematice) comprova-o o desprezo que Jculo € ao ntimero de célculo, demonstrando que nao confundiam o arithmds pitagorico com 0 revelavam os pitagéricos pela Logistié, a arte de c ndmerd sensivel, o nimero de conta, de cilculo, de medida apenas. Nao é 0 ntimero (arithmds) apenas uma abstracio de segundo grau da quantidade, como se poderia julgar se nos basearmos apenas nas obras dos pitagoricas de grau de paraskert Ni A constante na exegese pitagdrica, que se conhece através dos tempos, sempre confundiu 0 conceito do ndimero em seu o hd ddvida que aspecto genérico.com 0 néimero quantitative, que é apenas uma espécie de niimero, ou seja, qué € apenas “esquema da participagio da quancida- de", Esse pecto quanticativo éadiferenga especitfica do genera arithmés, mas Ado € tudo ¢ apenas ele. E este um modo de ver que insistentemente teimamos em salientar, embora reconhegamos que ha pitagéricos que jamais alcancaram outra visio, senio a meramente quantitativa, como se observa nia obra de alguns pitagdricos € neo-pitagéricos Que nijo so os nimeros a iltima nacureza das coisas, € evidente em face das afirmagtes da escola de qué 6 ndimero tem sua origem na com= binago harmonica do ilimitado e do limitado (infinite € finito, par € impar), Ademais, o Um nao é mimero. Por outro lado, também niio se pode afirisae que a concepgio do mundo de Pitdgoras fosse atomistica, pois neste caso, haveriao descontinuo coma tiltima naturéza das coisas. Nilo procede essa afirmagio, porque ele afire mava que o dltimo brpekeimman, 0 dleime sustenticulo das coisas, € 0 de em sua esséncia.” dither, o écer, ¢ este & pura continuidade ¢ imurabili¢ Para os pitagéricas havia, sem diivida, uma matemdteca tramecndente, em oposigie & miuatenatice rmamente, Esta dltima é a que corresponde ig abstragdes da quantidade, enquanto a primeira @ aquela que se refere i fl formas ov idéias, seguindo a orden que expusemos matematizagio ontoldgica, como 0 fizéios em Fidanfia Comets. 16, no diilogo Daf Lay de Placic conhecida e manejada pelos iniciados em gratis mais clevadus, inclusi varias alusies a essa macemdcica transcerdente, que s6 era na escola placdnica. Entre os pitagéricos ilustees, podemos citar Cercops, Petrinio df Hilera, Brotino de Mecaponeo, Hipaso de Metaponto, Califonio de Cal Ape ta concluesio cine Ku neo Bride tut pythago Levin Robin emn Placion (Pasig, Alcan, 19% ficue ws pines de B. "Taybou rene we la. céeease mention neste wend dos, Demécedes de Crotona, Parmenisco de Metaponto, Epicérnio de Siracusa, leco, Pardaio, Ameinias (mestre de Parménides), Xuto, Boidas, is (a quem se atri- Trasialas, Teodoro de Cirene, Eurito de Crovona, Ly rirento, Opsimos de Requim, Files buem os Versor Anrws), Arquipos del es de Quios, Ocelo de de Calcedénia, Endpedes de Quios, Hipse fanto de Siracusa, Xendfilo de Calcis, Leucinia, Nicretas de Siracusa, Didcles, Bquecraces, Polinasero, FaneSnio, Ario, Proso de Cieene, Amiclas de Tarento, Clénias de Tarento, Damdnio, Fintias de Siracusa, Simos, Minimides, Eufranor, Eicdnio de Tarento, © as famosas pitagérica Tiyka, Filtys, Craresicléia, Teano, Lastenéia, Abrorélia, Bxecratéia, Bliasia, Tyrsenis, Peisirrode, Nisteadousa, Boi, Babelyka, Kleaickna, Bkeld, Keilonis¢ Muia, CAPITULO IT JUSTIFICAGAO DO METODO USADO NESTE LIVRO 4 Ee Fitoiafa Conereta, justificamos o métado por ads empregado nessa obra, na qual, ealizamos uma fmatemarizags nsamenco filossfico, doy fundada‘em juizos universalmente vilides, ou seja, de mide apoditico: Nele, examinamos as diversas vias usadlas pela inteligéncia humana wa alcangar a demonsttagio: a via formal aristorélico-escolistie primarcialmente dedutiva, a via deducivo-indutive © 0 indutivo-dedu- a demonstra tiv woe céonnétrive, a veiductto aid cbiwraum, a canersi, a da diatécica idealista, a dialéeicn socritico-platdnica, sobre tude in stiva na busea do log ircular de Raimundo Lilioe, analoxante, « mécodo finalmente, através da andlise chalética, a riotsa dhalética cimercta, que inelii w peneadialéties, n decadialécica,a dialética simbdlicac a dialética noétic Na demonseragia das teses, que sio-as: positividades do. pensamento filosdfico, conquistadas pelo homein através dos tempos, usatnos diver- sits vias demonstrativas, com 0 tuito-de evidenciar qué, por todos 4s caminh 1, para aleangar a verduele, que o homem consteutis are er que Ihe é acessivel, obtinha o mesma resultado, que era 0 eye haviames postulade de rétie (de tese) A Feloiofiw Concvsta, por nds exposta, como se ¥é pelo Livro que leva esse tiruloé uma decorréncia nao apenas decuriva, mas sobretuce dialética das verdades onto gicas que ao homem cabe pose. E verifieamos, enédo, que as teses posteriores, algumas insuspeitas nos primeitos mo- [78] menros, Ginham, a seu favor, fundamentos tio sélides, que as coraa- vam tie facto, apoditicas, universalmente validas, Sem jamais apelar- mos para os rateiras misticos, foi-nes possivel tanger os mais elevados caminhds do filosefar, apenas seguindo 0¢ métodos que haviames pre conizado, Sabemos, sem a menor ddvida, que a muitos pode parecer que essa fentutiva é contnieia & verdadéira natureza da filosofia, Para estes, a filo- vofia € um campo de demonstragGes verossimeis, de assergdes domina~ das pela'doxa, pela opinido, que apesur da base cedrica, iio sie suficien- tes, contudo, para assegurar ao homem a certeza, o assentimento firme da mente humana seny temor de erro. Entretanto, por muito ponderiveis ¢ respeitivels que sejam estas opi- ntéet, estamos cercos de-que.w obra que realizamos.evidenciou, de moda cateyorico ¢ indiscuitivel, que a busca das posicividades, na filosofia, era possivel do modo como havia sido feita, Procuramos, ademais, por todos 6s meios ao nosso aleance, evitar que a esquemacica humana, em sentido merimente pricalégico, influlise de modo decisive hos cxames a proce- der. Recedvamos, fundados na suspicicia, que exige o exame da capaci~ dade episcemoldgica do homem, que os juizos de valor fossern tio pode- rosos que desfigurassem 0 proprio raciocinio, impelindo as afirmativas que melhor se coadunam com. os nossos desejos: mais ocultos. Por essa fazio, procuramos sempre dar aos conceitos por nds empregades um teido tio tigido quanto possivel, eminentemente ontolégico, des- preaando até av acepgdes formuis, ¢ ax que evidentemente estiio influen- ciadas pela esquemitica que decorre da nossa experiéncia. Estabelece- Mos, ASSIM, PARLOS CONCEILOS, Nijo AcepgOes arbitrarias, Nem as merameEnte ‘adecquadas ao nosso modo de filosofar, mas aquelas que necestariamente tem de ter; quando ontologicamente construfdus. Assim, yerificamos que 0 conceito de ¢yfinite, independentemence da “exquemacica humana, 56 poderia ter um conteido ontaldgico, que era 0 de aponcar o serabsolucamence independente de outro, cuja Gace reZo “de ser eaconcrar-se-ia em si mesma, Desta forma, nie x6 fugiamos 4 fonceituagio grosscira do infinico extensistamente considerado, como € “infinite quantitativo, mas também, do infinite imtensistamente consi- iderado, como seria 6 qualirativo. Alcangamos, aséim, a0 que podetfamos dizer, a Gnica¢ verdadeira esséncia do conceito ontoldgice de infinito, & We Gutras acepgies, que por acaso pudessem ser usadas, seriam apenas [791 afiilogas, aquela, minca, porém, idéntice. Dessa forma, © para om ontolgico dese conceita exclulaa possibilidace de um dualism, ¢ ain da mais de um pluralismo. Se @ construgiio que realizamos, & qual eha~ mamos de Filosofia Conereta,,repete, aqui ou ali, positivielades dessa ou daguela doutrina, nde ficava a nessa mancira de filosofar subordinada a tais ou quais eendéncias, mas apenas qué tais ou quais rendéncias parti- cipavam de positividades inerentes & natureza da pripria estrutira da filownfrce comereta, Nao & deste modo esta Filosofia uma sintesé de positividades alheias, ina iacrixe de positividades axiologicamente escolhidas, como pode parecer a quem no a tenha apreendido ém toda.a sua realidade. A cons- truce da filosofia concreta ndo surge como a obra que realiza o arquite- to. Este escolhend previamente os' materials usiiveis adequados ao que projeta realizar, ¢ thes dard, afinal, a ocdem que crresponde a0 que pre- viameiice havia tonstraide em sua mente. A blesofia concrets ndo surge de uma adaptagio mais ou menos habil de positividades dispersas, cénexionadas numa totalidade coerente, Ela surge como vima decorrén~ | Gia rigorasamente ontoligica de principios mastrades ¢ demonstrados que apenas um ser poderid ser infinito, pois » contetido apodivicamente B se ofa aqui,om ali, encontramos uma tese, qui €a mesma, desta ou daquela doutrina, & porque esta ol aqjucta captaram ais positividades, 5 ligpersos. crete fosse uma reunido de materi sem que'a filosofia ce Pois bem, nesée momento em que empreendemos o exame do pensas mento de Pitdgoras, nie poderiamos dettar de seguir os métodos por Js jd extabelecidos. Poucas vezes, ea historia do pensamenta humane; ; 1 desvirtuada, eat desfiyurada ¢ do caricarurizedas uma doucrina foi t nila como por seus exegetas, ¢ pelos adversdriog; J por seus discipule como o fai o pensimento do sébio de Samos. : Ninguém: pode negar que 9 pensamento pitagdrico veve um papel grandioso na histéria do filesofar ee nenhuma outta dows) 4 lista de nomes tin grandioses, come o pode, Mane. trina possa apfesentar Um fazer o pitagorismo em geral. E este nao s6 apresenta um numero imen= so de disefpulos, como, por sua vex, fecundau o pensamenta de coils a filosofia posterior. E em toda parte, ¢m tode 6 pensamenro humand; encoficramés sempre uma presenga persistente de uma ou ourra Ccse) pitagérica, Mas, apesat de tude isso, jamais se assistin, no processo flow [80] sfico, Cumariha ingompréénsio, wo grandes divergéncias, apreciagses tio dispares até entre os préprios discipulos, como se verilica no rocance to penisimento de Pitégoras. Todas as religies, todos os pensamentos religiosos, que surginim nesses vinte cinco séculos, todas.as doutrinas, teorias © até correntes filosGfi- cas, todas, sem excesdo, teceberam o' influxe desse perrsamento, como veremos: Foi considerando sudo isso que resalvemos agir'de modo diverso, Usando do mesmo metodo empregada em Frlmafia Cancreti, resalvemos prismo, inclusive classificar come duvidosa toda afirmativa sobre o pit aquela expressa por diseipulos considerados como as mais perfeitos porta-vozes do pensamento do fundador da escola itdlica, Deste mado, colocamos de lado ‘tude quanto possa padecer diivida, e procuramas, ho pensamento até entao posto, aquelas afirmativas sobre as quais no pocleria padecer divida, isto €, aquelas afirmativas que tades os pitagé- fico’ reconhecem como imediatamente emanadas do fandador dessa doutrina Nio basrava, porém, esse trabalho de rigorosa selegdo. Era mister ain- da partir de uma tese sobre a qual ndo houvesse a menor davida. Esta tese teria: um papel ausiliar, earuaria no nossa exame na mesma propor- (jlo em que arua a maremdrica nas pesquisa’ cientificas Este ponto de maxima importancia é o que chamamds 0 pongo de cab rincie, Cujo exame necessitamas: fazer, pois, sem bem esclarecé-lo, nia fos send possivel avangar através da construgio que pretendemos apre- sentar nesta obra se por inerfucia, em suas linhas gerais, @ unido mais}ou menos ei a que se forma encre dois seres, nu os elementos que constituem as de uma totalidade. Tem ela ocigem no verbo jgeo, cuje participio, 2. preposigdo ann, dil roeriuctae em portugués, que nos indica a presenga Jo di Aecunm, de onde ver a palavra herdeiro, que, juntando-s P que, nida numa toralidade dos elementos que a conseituem Deste modo, pode-se falar em cocréncia fistea, quimiea, vital, social, ete. Mas, empregamos ainda o termo coeréncia ao ceferirmo-nosao con- junto das idéas expostas, que obédetem a nexos légices oui pricoldgicns, que as entrosam © as formas:adequadas umas as ourras, tornande umas COongruentes com as outeas, chamando-se de scierente toda € qualquer | pensamente que se afaste desse nexo i [st] Se perpassamos os alhos sobre a obra dos realmente grandes fildsofos, observa-se, facilmente, que a cocréncia é uma normal presente na expo- sicdo das suas idéias. Na andlise que se (a2 da.obra de um pensador, pode ser encontrado um ou outro pensamento que afaste do nexe au que afirme alge incongnsente cam as postuladis, fundamentals, nos quais s bascia o seu pensamenco, Muitis vezes, porém, tais acusaydes sity mats 0 produto de preci} pitadas andlises, pois um exame mais cuidadoso-¢ rigo- roso termina por demonstrar que essa incoeréncia ndo € teal Por outro lado, pode-se observar, ainda, que um filésofo, ne decorrer do processo de sua obra, nem sempre écoerente com os fundamentos por ele previamente estabelecidos, oF, enti, nora-se que, sum dado mo- mento, em face de determinado aspecto, propoe postuladas em desacor- do com os prinefpios fundamentais. Poderiamos chamar de jnvocréiciat sabjetins, a que se verifica na obra de um autor, constituida pelos famo- sos cachilis, tio peowerbiais, dos quais nao se livram nem Gs maiores (Arestiteder, snstgues, megligentia ttt serthendo, lembremo-nos). Mas hf outra cocrEncia, que € a. que queremos estabelecer agora. Colocades, com © midximo cuidado © clareza, os poxtulados. funda- mentaisde um pensamento filosifico, pode o exegeta, desde que obede- ga. aum extremado nigor onroldgico ¢ dialéaico, desenvolver 0 pensa~ mento de um autor com coeréncia, oqueé, naverdade, possivel, ¢, depois) de estabelecido 0 roreiro Ngorosamente ontolégico, subicamente topare se com um postulada incongruente com anteriormente afirmado ow em concraposigio aos fundamentos desse pensamento. E, mesmo uma norma facil, aré certo porto, € a qual, canto Arisrareles, como os escoliscicns, denim muito da sua atengdo, a que consiste 16 seguince: julga-se da validez, da fora de um pensamento filesdfico, qu do exte pensamento, levado até as iitrimas conseqiiéncias, 00 rev absurdos. Se se obedecer a um rigor dialético, co senuide que coma cite, facilmente se verificani que poucas so as doutrina’ que resistem esse exame. E muitas, mais cedo de que outras, fazem ressaltar a abs ido, quando menos se espers Aesta segunda coeréncia. chamd-la-emas de caerém it objetteit, Se quisermos examinar a obra pitagérica (¢ queremos nos referit a Pirdgoras), enconeramos grandes dificuldades pela frénte, pois, na dade, teremos de nos fundamentar nas afirmativas daqueles que se clamaram seus discfpulos. Dos livros, que s¢ diz que Pitégoras esc: {821 se € que as escreveu henhum chegou as nossas mios, com baiscance razio, que O Hveros Lagat (a palersa sagrada), que se atri- S preaimivel, « buiu a Pitdgoras, foise apenis um livro de miiximas simbolicaniente escritas, as quais s6 podetiam ser devidamente interpeetadas por aqueles estivessem familiarizaddos com 0 seu pensamenco. Sabemos, ademais, (parque € esta uma constante na obra dos pita- 93), que Pitdgeras ¢ a ordem que ele fundou, proibiam, terminan- teniente, que se rurnasse exotérico 6 pensamenta, os conhecimentos, que goth x6 Gabiam aquieles ticiados ém geau supetior, Deste moda, 6 verdadeite pensamento da ordem pitagérica estava reservado apenas sos que atin~ iam os graus inicidcicos mais elevados, € de modo algum podiam tor- har-se esatéricos, naguele momence histérico. Queremos chamar a atengio do leitar para Filolau, que é, inegavel- mente, um dos discipulos de maior projegio; e que, segundo os dados histiiricos, de que dispamos, possivelmence tenha conhecido Pitdgoras, 6 que dizemos com muitas reservas, mas que foi discipulo, certamente, jue tiveram contuto direto com o fundador da escola de c ros mestres, walica Filolau foi acusado de traidor pelos pitagdricos de sua época, porque hayia cle tornado exotéricos certos conhecimentos, que deviam perma- necer guardados, ecultos, ¢ que sé deveriam ser revelados quando che- gasse 0 Momence oportuno, isto é, quande o homem merecesse, ou ja Hivesse ale ngaclo Um grau to elevado, que jpoderia conhiecé-los seni Ihes cauar prejuizos maiores E este um ponto de magna importancia, repetimos, porque restaram de Filolau intimeros fragmentos que muito nos podem guiar para um foohecumento mais exato do pensamento pitagorica, ¢ que podem ser- Wir, ademais, para compiracmos as teses que uporcunamence iremos com as suas afirmativas’ . Se @ pensamento de Fill 1, esOtwriCA- is sveretas da irica, nao paderiamos compteender porque Ihe fai arribut rdeseietedos. A nao ser que provisse de pulos que desconhecessem 0 verdadero pensamento pitagérico, € ente expusth, nibo'se coadunasse com as ensinamentos mi Jem pi a pecha de trader e tevels ise ie julparam que o que ele revelara deveria permariecet oculto, Mas, ja como for, através dos tempos, todos os aucores reconheceram nele luicbroe ewn capil pecans ce seis Fragtiac a ic oeres, hem come alguns le eaneoees [83] | ima autoridade incontestivel, No métodlo que obedecemos néstia obra, nae iremos porcir apenas de Filolau, mas, sobrecudo, de outros pontis © inrecusi que julgamos mais segure contribuigées desse grande disefpulo, semyrre que suas afirmativas fo- rem Coeren es com 68 fuindamentos que teremos oportunidade de preci yeis, sem que nos afastemos das sar. E veremos, ademais, que Nicdmaica de Gerasa também exp $0 per samento pitagdrico, bm certox aspectos, com uma coeréncia, tambérn irrecut val elementos pana a justificagio do que aportunamente exparemos, 1) -h cl, Aindia outros, em’ certa’: passagens, oferec os Batabelecidos esses pontos sobre a coeréncia subjetiva e abjeriva, em relagdo a Picdgoras, somos le s milns obra e Jos 4 didér que, come nid teimios ita por ele, que pudesse servic de ponte de referencia para as andlises sobre o seu pensamento, niio pocemos afirmar nem a eoerencia nem a incoeréncia, subjecivamente considéradas, Nao € possivel afir wi Como, porém, observa-se se que Pinigenis foi ou 0 andes filésofos caracterizam-se pela coeréncia em sas obris, que os £ podemos partir desse pastulado de que a obra de, Pitigoras deveria ser subjetivamente céerente, Mas, fiindando-nos ri ct at objeriv: que acima falamos, podemos c¢ odes da nossa steuir, rags aos me dialéticw, as teses fundarneritais do seu pensamento, ¢ partic delas para construir a sia concepgdo com rigér ¢ Coeréncia, Pademos, assim, esta belecer como de a rer pensado Pirdgoras, e, came nada se pode airmar podemos estabelecer 0 quanto a coeréncia ou ¥ incoertncin subjetivas postulado de que o seu pensamento deve cer sido, pelo menos, abje iva mente coerente Estabelecid ritaydrich com coctenciA objeriv pensamento rigoto- sa, podemas-examinar todas as opini®es expostas por seus discipulos ¢ também por acqueles ques inticnlaram seus eguidores, comparanda suas afirmativas com as que constinuinio 9 que vamos chamar pydagiorr barr como 0 diriam os gregos £ 6 que passaremos a examninar, depois de reproduziemios e €e més alguns dos fragmentos mais importantes, | 84] CAPITULO II FRAGMENTOS PITAGORICOS FRAGMENTOS DE FILOLAL plau, valiosos como comer R eeprinduzimos, a segue, alguns frazmentos de polo para os exumes que se impoem realizar no d pontos de desta obra, Fr 1" —a, Oey, gute pertence can anand (casinos), &w comport Inermirsico de wlenienntos iPinattovctor @ tle elementos Ureaitadas:'€ assim tense clo munde (cosas) em se todo, como fe toda a coc qui ty Tides a » dimitacdes e dbimitades; vei Ha poideriuin ser tidia aaperuas ilinaitaidas, emcee cerneniente Limetaddos ou altmitados, om ora eesti J slo neve (Bste corresponde ao fr. 2 de Diets), Dd wre “St est 5 (ese I) Had um ser que pertence ao mundo (cosmos), Consequentemente deve haver outed set que nao! perterice ad mundo, 2) O primeira é um set compaseo; portant, deve haver outro-que nile, é com poste 4) A composigae do primeiro é constituida da harmonia de elementos opostis, itimitadas uns (apeiran) € limitados (perainensin) outros, 4) Compostos sao, pais, o.casmos como um todo, ¢ também as partes que © compéem, 5) Todos os seres (conta) so, necessatiamente, (andere) limitados ow Jose ilimitades. mente, Linnita ilimitados: o&, simultane [85] Ni podem, porém, ser todos ilimirados, © fragmento continua: Oat, jb que & clara pe 0s veves max peckeme ser formeadon mew de elementon que sejume toclos Linustetcdos, meme de elementos que sepam tector élinittuidas, € evrdente ne 0 wenriche, ee sete thddo, «01 senes, que tiie nefe, 10 nM vomposto Aearinroninso he elemneritos Hinaétctds e cde elementos itimaticitas, Eo que se observa mits obras de arte, (ax vealtzades pelo bomen), Pesta, ay que sido feitas cle elementoi tonite dos, sido etees Limestenckasy ot8 qree sito fettas clo edeanentas temeiteecdon o slimitaiten so, 20 svesend teospo, Limectaacka «alimentos, o atv cote sido ferkes ele ehemieintes Hamtatea- dos, poareceme thrmniteadies. Podemos deduzir as seguintes téses! 6) Que 64 seres deste munde (cosmos) nao podem ser formados de elementos apenas limitados, Neste caso, onde o atomismo «os pitaydrices, que alguns afirmnam? 2) Nem campouce pode sér6 coamas um compésto de seres ilimicados: $) O cosas é um conjunto harmonioso dos seres Limitados e thimita- dos, E este si consticuidos, harmonicamente, de elementos limitados € ilimieados; so ex (desde, de), pois, em prego niio € expresso 0 verbo, mas apenas a preposigio que dd o sentido do que ¢ feito de, a matérin de alguma coisa 9) Ha distinglo, assim, entte o mundo (Cokmos) € a culeuta, us coisas feitas pelo homer, (dau ergeis), au seja, a distinglo entre a Natura e a Cultura, Naquela, as coisas silo come acinia disgemos. Mas, nesta, po+ dem ser crindas de apenas clementos ilimitudos, ou de apenas Himirados ¢ ilimicados, segundo parccem (phancontat) 10) Verificar-se-é oportunamence que, part Pitégoras, a ndimero € a combi harminica do par e do tmpar, do limitade e do ilimicada, cajo sentido apofainiticn teremos a aporeanidade de clarear mais adliante, ‘Continuam os fragmentos: “E: rookes av coisas, ser igne pelo menos seo vanbrecrdias, tem nibwiero: pars pita & povatvel pe nus coisa qualquer sejie on pensinila ov combecica sens 0 mrtmera, 0” naimnere possue danas formas prdprrias: © fmperr co par, ¢ ames tervered, frrovenuente ides cemabbionageto sens dons otras, 9 parrntmparr: Cada sitia dessa) formas & sscep~ tivel de ‘formas’ mute numeri, gine cide soma mdividusluente manifesta,” [86] 11) £ atribuide a Fi por Nichmaco de Geraya, que “a harmonia é universalmente © resultado dos contrdriosy que ela’ é a unidade do muileiplo, o acordo dos discordantes.” S¢ esta passagem pode see posta m chivida como de auroria de Filolau, ndo se pode duvidar que este € 0 condeico de hurmonia, aceito pelos pitadricos, Coinb ainda veremos, O numero é uma combinagio harmonica do pare do fmpar. O par e fmpar ao ndimera, came fe ver antecede :, Segundo o texte, 0 que se depres onde € o que se segue! As coisas conhecidas 0 sie, porque sao limirsdaseilimitadas, Nowra fragmento, citado por Jimblico, Filolanafiema que “de antemia (priori), um objeto de conhecimento nio pode ser conhecido se for ele apenas iliminada”; isto ae revelar apenas imparidade, nuséneia de paridade, de que se coloque de par a outro, que se assemelha aontro, para equal m uma assimilagio aly fe renham esquemas que permi seja, portanco, cognoscivel (gégnavkoménan), exiige Parw que alg se @ e cenha um niimere (paridade de imparidade), O orian (tedeat, ede): paridade ¢ imparidade. )é suscepeivel de "formas* (morphat) mui aponta (manifesta). Morphé dofresponde melhor au terme de alemio Gestalt, Seriam Geinedten, for mimem, au seja, hdmero possui das formas pré Cada ima dessa formas (¢ fo numerosas, que cada uma, individual mente mas consrituttvas, estrucurais, da coisa ¢ Filolau: FOSS a 6a agrnnecentaas aa ecstna tan ay waaay ieites Kina que Bel quanto oa mater siilinacd thervias Coane nustaivezea diniiine divin, cago coubecsmente née perténse wo vet gise nenbims dds coh que so, ¢ pur nds mera; contncle, mado. veri vieiedie «tld moi scr Wiombeenniteniti, & a Wovihec tides, cbse ut tisenicta nido fosie w furdir- feonte- snsernn tas promcdpens de gave 0 manele Jor formed; ont sepa, clas eLomenitos Ponirtiratos + dow elementos slrmertirdas, Ovi, joi que enses promelpios nai sda. semie- SMbwies entre st mei che matircase semiclbanate, serue imapuinivel que a orxgean de pede, foise formancda por eles, se or biarmomie niko tivesre tatervindo, sepa de que oslo cca innerivagiio tenbea side proiliazicke, Cone oferta, cts conse semelbantes ¢ matwrced semelhante meio troveame mecesseclate cha barmaid; meas as coises livemellverites, ime meio tem news dima natures seimielbuante, neche soma fringe yal, pare poderem ser volvcadas np conpunte ligade cto mundo, devem star wiellaridia® predsa bi mount.” [87] 12) Teaduz-se, em geml, o termo etd pur extici, como o faz também Diets pair Waren, essdncia, Contudo, pode-se observar que, cm Arquitas, ‘em Stobeu, ¢ em outros pitagdricos, esse termo ¢ usado em oposigao a morphé (forma estrutural, figurativa, exterior), ¢ indica propriamente 4 substdneia, como oui. Tomada evénig neste sencidu, a tradugio estd certa, Portanco, ela € eterna. Na nacureza, a sua esséncia (o seu ultimo sustentaculo) é crema, dainica € divina, Eterna, no sentide do que dura sempre (evalurma), &-0 cohhecimenco exaustivo dessa esséncia nado perten- ce ao homem, Mas, sem essa esséncia, nada chegaria ao nosso conheci- mento, porque nada teria um fundamento, pois ela € o fundamento, interno das principias dé que 0 mundo foi formado, Ela é 0 fundamento dos elementos limitados ¢ dos elementos ilimitados, que constituem o mundo (matwra, cosmos), 13) Nio poderia constituir-se a ordem do mundo se niio houvesse uma harmonia entre elementos to dissemelhantes para encaded-los numa. toralidade (bolas). ‘Mas os dessemelhantes, os que ndo tem uma natureza semelhante, 05. seres heterogéneos, para se harmonizarem formarem uma unidade (bolas), com de cer entre si algo que os amelogne, Quem diz semethanga diz o mowio ¢ 0 sesigual, como quem diz dessemethanga, diz que diferr © 0 que se repele. Se entre os seres houvesse uma sepsragiio absolura seria impos- sivel a harmonia. Essa a razdo porque, para haver harmonia, afirmam os pitagéricos, impSe-se uma attalogia, um Sages analogumte, que analogue as partes heterogéneas. O pitagorisme nila € pluralista de nenbum modo, E.o que analoga, em Giltima instincia, todas as coisas, € 0 Um, ¢ este nio € 0 namero, “0 Une (Unidaide, mnmas) € 0 principio de today ax corsa”, diz Filolau Veremos, mais adiante, que o Um, aqui, € 0 Mosas endo Hen, E mais aunidasle que. propriamente, o Lim, que 60 Ser Supremo do pitagocsmo. Prossegue Filolau, nesce fragmento, examinanda um ponte de magna importincia para as furunis andlises, que empreenderemos: "Naa re deve ener que nt filésofar (as priagdercos) Comecem por Promcipras Por assine dizer oponter: ale: combecem » principio que exid cobocadte acim desses dais lemensos,,.. pats é Dens que bapustaiea 9 limeteide ¢ 0 thimetaide,” Mostra Fi ola que “é pelo limite que techs sérte coardeneds das cosses se aproxima bastante ds Ui, « que d pela infimodacde, quit ve prodice série inferior. Assim, ses sessth) sdoas primcdpros, cles (ox faldsofes) colocsaveant causa sniea € separada, divsinta [38] tude pois exuclincia (valor). E esa cone que Arguenctas cbameiva ot cara center dea Cagiva: @ € ela que aftrma com forest ser 0 princtpra ae tucto,.¢ cla getcel Bromsines diz que ele ultvetpastee em potincua «em dignidede toda rerzdo ¢ tone cosdnctie.” (Vide mais adiance os fragmencos de Arquitas). 4) O Um & 0 Ser Supremo, Deus. Este esti acima dos conrrinos, acima do Limitado € do ilimirade. © limite aproxima as enisas ao Um, mis nao o aringe, ¢ é pela ilimitagio que se produz.a série inferior, Deus éa causa dis causas, a causa primeira de todas as coisas, ¢ ultmpassa em “Aquele que comanda ¢ guverna tude ¢ ume Dens nm, eternamente existent, imuivel, imbvel, idinticn 11 mesmo, diferente de todas ax enisas.” “Diais murmténe sodas ats consas como em catrecivn, « revela que € rim ¢ superior a meativra. Manter em cativeiro € ser senbor de todas as coisas: 6 té-las, ou seja: nada ha fora dele, porque ¢ ele o principic © sustentseuilo de cadas as coisas, Referindo-se an mundo (cama), que sem pre existiu, acravés de mura- ges, diz Filolau: “... po que 0 motor age de toda etermidade” (abastern, pois € gowernado por um principio, cuja nacureea € semelhante ado mundo, mas cuja orga € todo poderosa ¢ soberana), “e costinna elermenicitte tia ago, «gee 6 midived vecebe ina mamneiter de ser du motor que age sabre ele, resadia, neeiartamente, dat que wna das partes do munca imprinte sempre 9 movimento, que a autre recebe, sempre passtvie. Una € rnteiramente 9 dosoinsa da razido eda alone; & otitra, de geragdo e da mutagio; rma € antertor tm poténicta ¢ stpertor, 4 outra postertor e sidvorclsnchs. O composto dessert dics coisas, cla divine eterer- 1 miovenento, 2 de yeraydo sempre musével, €0 Manda. Bis porque bi cm clizer-se qive ele €.a energditétermaa ide Dies ¢ ido devin, quri obecdece is teas a nutiuerezar que maarda, O Uma permanece eternamente no mesuso exhsclo ¢ tléntivo a SF micinio; 0 resto itsastetieg « domctvine als prlivialichaide, gue werice & qmee povece. Contato, .25 prdpreas coisess, come perecem. terlvetma ster essénchd e sist forme, ercapets a persgt0, quic veproditz in forma rlinticar a ao past quve ts engendrvat as waededeu,” Bsqas pastagens de Filolau demonstram de modo categiirico que jamais consideraram que o timero (rrithmds) fosse altima esséncia ¢ a raziio de serde tudo quanto I, mas apenas a radio pedxima das coisas ¢ ndio a tltima E éa razan (mas a que é desenvolvida pel escado das maceméticas), que € a verdadeira faculdade de disceenir ede julgar. Mas, para Fitolau, come também para’ os picagéricos, no € a vulgarmente considerada, [89] merit rn mas a Raziio desenvalvida pelo estudo das macemdticas, essa que € capaz de compreendet a natureza de rude, ¢ que tem alguma afinidade de esséncia com aquela, pois "é da nacureza eas coisas que 0 semelhante seja compreendide pelo semelhante”, afirmava ele. FRAGMENTOS DOF ARQUITAS Damos, a seguir, alguns das fragmentosde Arquitas, que melhor con- tribuem para os exames que pretendemos fazer, FRAGMENTO 1” “Hid, mevesariamente, dois primcipior dox sores, ara gre encerna série das eres orcdemcades ¢ fimtzades, ¢ ante, a day sever clevorstenctctos e Hinsitacor, Unie sanceptéoed de-ser expressads pelt palaveat, que son € paassived de ser vompreendida, ahurce 04 teres, € 40 metme tempo determina # pile mas ondenm 0 nikeoner, Poi tacks aes vvzes que elie se siproncincs das cols) de devin, ele ei babacar ile evalcin «met moeciider, eof flax poarticipore dh exsencia ¢ a forma de universal, Ao domtrdvi, a série cis veres, qive ie cesentscm cha fualave eda ratzibe, cetemie cts wmnsas ordenaddas, destrds aquelas que asptram & esincia ap devin, port todas as wezes que se aproximus deltas, essimils-as a cna prépras matoreza, Mats, porque bed dais principins das coisas de Genero contndrie, 1m principio 0 bem, utes princhpéw ade mad, hei, recerserrtanuente tamibén, ditees verze, smaa da weituretaa benfeitors, outa deat nertaveza mal fertore. Eis porque tanto av cwinas qave devaa rar mascenga od atrte (tckent) vino ah gute devon 3 maturera devem antes de tale partioipar disses dois pronciprons ot forma 6a sabstducia, A forme é.t cana ha esivecta; a smbstiincia 0 substrate que veceke ot fyrtia. New a wuebstdneiia pode, pow sf nieveiia, purtivipar the forme, mem a fortia, poe x rnesitedt, iptcar-se ob swbitdecna: €, por, mecessdvta gate Iepea temicd weebras canict Gite vcuve ct rok tomctes das satsoes ¢ a bere a forma, Esa causa ¢ promectva ilo panto de eavtia dis dina. « ¢ mais excelente He tailas. 0 minie gua the comvdie € Deas: Hil, pos, tris princtpios: Deas, at substantia dar visas, forma, Dens & ocrrtisne, @ woolen; ot sabstdincia €t wnatiria, 0 moive’ a essincus € come oe arte © gue, 0 qual, a snbitdincra ¢levada pelo motor, Maxi, cova wibvel, conse fonjias qite xa vontedrias a 31 wresme, — sido ax das compar samples — ¢ gue os contndrian tom wwecessicdacle de une printipre que wtabelega neles a birwcimsa ¢ wmidade. deve mecersarnamente receber a virtues eficerzes © as proporgies dor milmweros, ¢ titifo a que se momifeites nor mstmseres ¢ mat forma peomdtrtaes, vartndes © proporyies [90] casprazes che Ligier o ide water, nus formas, os combrctrios qu exiitens ne inbytdncia dies conta, Pars, por elas mera, a sbitdncta & informe apenas quende € movtca poate a formes, quie el ie tormis forma « vecibe u relajite vactoniat dis orem, Do meestoe mods, se 0 movimiento exaste, ctléma due coisa muviela, é mister que existe wm. prameren mato; hed, pott, mecestartamente, keds principros: a substdncia das vot= # forma ¢ 9 principro que se move a si mesmo, 4 gate é, pow sta potkicia, 0 primetro: cise princtpie, mito somente deve sey inteligente: deve estar acim da antelrginesa, eo que ested actma dat tnteligencra née chameanros Dens. E, fons, evtdente que a vatagio de iguialderde se aplica ao ser que pode ier defined pels Lingwagem e pela razdo, A velagito da desigueteasde se eplica ce ser vivarral, ¢ mio pode ser fixsasty pele lingtagen; ¢ a substidmiia; ei porque todo via ¢ tucks destrnigao se pradwzen na substineser, € neko ve prrodeezene semi ela.” Commtdrios: Ha dois prineipios; um, das coisas ordenudas e limitadas, dog seres finitos; & ourros, dos seres ainda nao ordenados ¢ ilimitados (possiveis); Um principio é proficiente-e outro, deficienter um, do ser, € outro, do ndo-ser, do que ainda nto é, ou do que nao pode vir-a-ser, A substincia é0 substrato que recebe a forma. Mas como se poderia dar a conjungao-de ambas sem uma outta que as unisse, em suma, uma causa cficiente? Vé-se, desse mode, que, em contraposigio & Aristdceles, muito antes deste, jase afiemava « causa material, a causa formal ¢-acausa efi- cience, sendo a formulagio desta iilcima atribuida a Aristételes. E qual esa causa eficience? E Deus, que € primeira na poréncia, na exceléncive na inencia. Para haver & adequagio¢ a harmonizagao des eonrririo’, que sunificades em um todo, cemos necessidade do arithmd de , do ntimera, que ma Fea as. proporcdes incrinsecas das coisas, que une os conttdrios © primeira motor exed acima, da inteligéncia humana, ¢ € Deus quem move todas as coisas; Arquitas, deste modo, deixava as: buses do que seta, posteriormente, © pensamento de Aristételes, o qué demonstta quanto desavisado estava este sobre o genuine pensamento pitaydrica, pois nae poderia nem deveria conhecer a obra de Arquitas, ja que foram contemporiineos, cenda este morride quando Aristételes era ainda um jovem de 18.4 20 anos FRAGMENTO 2" Os filisofis (pitagdvicos), em resume, nao comecavane vendo pelos princtpaos por cscome dizer contrdvios, mas acrma desvei elementos combectam clet nm-outra [91] + Piloleese, gue diz que Den) produsia (hy post sani), vealr= saiperton, coma o-ages uo dimiteeds e 0: Hinaiteatho, © meostrons qove, 0 damite fac tomee {Comextonict) occa f sérte que teu nics tharior afinbdstde com’ Lian, «ib sufrmickrde, qe etd atimia. Assine, acomea dos slats prancipaos, colvcetranh wnt catesa anntes dit causa (aitian peo aicius) a. gmat Felolas cham de princlpie universal Comentdries: Hisce fragmenta revela de modo inequivoco que, para os Piragéricns, havia um principio transcendence aos contririos, como fi vimos ao comencar Filolau, um principio a semetbanga do que € prome- tido por Krishna © Arjuna, que the ensi ri 7a superar os) pares de con= trérins”, ¢a atingiro Um, principio de todas as coisas, causa das cauusasy ou sejay a Cau as afirmagies de que a 1! primeira. Nao procedem Pitdgoras nio tenha alcangado a um set cranscendente, 0 que nda poo varemos melhor mais adiante FRaGMento 3° shar? E cha wmndaie suprenus, om cla wnidace infra alive, 03 piragérivss dive ed weinadsr da-qual aumerosos antigas pitagsrices {alarm “De que ti ratarmente pegueerer que se vette nas partes? Nrowa fe queres tingnen i ten cameo 0 exemplifica Avguiters, quie diz "OD Ul oar wiimaaika tem anes afinidade dO rdtiverie? maas diferem conturta, entre 34." FRaGMENTO 3° Bis dwnrdacte o nomi de minis, @ tain a palae idetiyne abo tna dao nome der unidadde. A mavor parte das v “Avge min ey orOrESEN wee wniiisiuhe give nto ot prtruetrar, € que d pesterrat at UH fae Esies dois fandliam as pita Comenta nnitidamente que nae ¢ Mavia afin dade de satu! era, 1113 diferiam entre si, distintas, pois Hé uma Méniada primeira, eranscendente a todas as coisas, que & Man: rele, a es tem ém si sua naz ide que & Deus, em sma, para 6 pensamente super Je ser, portadl fncia'e a exissé porque él ificam, pois € 0 que Fracmentro 4° +O intcio: dle combecimenta dis saves eit tas (oiias Gue weles Se prod Dessas cuties, que nitles se pridirzese, mtiiers sta antelig ives, ontras sao setts 8 deve sido inteligfoers sia iméveis: av outras, que sdo semuiews, mato movidas, O oritérto di cesses anteligiveds.€ 0 muistdo (0 Cosmas); 6 criteria ids coisas senst= tis é a semvapiio, Digs citiss gute mato ve mernifestaam os priprios vores, mas sda éiPncha, outras opi E prectia, actemeats, (jrilgido, a regra sigumde a quictl 0 objeta ¢ juilgstda, O gue julea é ricionull (0 logos); a ¥8 at ctincia € inebvel, a opintda € matdvel. dmster esses tris coisas: 9 Supeito quie julect, 0 objeto gave espirsta to que € julgade 6.2 esineia ‘ hous), ow cr semsspit do jutzo €0 propria ato que se produz na ser, que € ou sntedighvel ow sensfvel. 0 tpiriso € fiz der exstheta, quer se refira a wm ser intibegtvel, quer se refira wom ser seniivel. Querndo xr razcio busca as consas insefigivers, els se refere Do clemvenco antelngtvel, gaitnde eka busca wi coisas senstveis, abu se refere ao Y representagoes gra fi- as pesquisces sobre as Wementa das coisas senstveis. Eiv de onde vémessaat f Gals nas figariah & nos imacros, priprias de geometria, es Wewsas cos fins provsteis, que tem por objeto wi Jere sujeitos ad devar © 05 atos itl, € OS qlee ao bercacdes ne fisrologia e ma politica. E referinde-se a0 lemenso intelagived, que a razde conbece give a harmonia estd rus relagdo du- lr; rises exe fisto, que a relapto dupla é consoante, mio mos & ctestade senda Was sornigdan Net mecstts, o Cidetcie tem por objeto figuras, nilmeras, pripor- 4, quer dizer, elementas racionair; 01 efeitos sao percebados pela semiagito: visio xe pocde extudd-tax ¢ combecé-loy fora da matérice ¢ do movimento, nmat pratsora, € impuisteel coubecer o porgué (lid ti) de wma corse intdi- lal, 10 nia se tiver, de.antemio, tomado pela esptrite axséncta da corsa fividual (tac enti ekaston). O coubechmente dir cctstincia (ci envi) aa io, hides at ara Widade (onrds exei) pertencens a raza e & sensapah Spanos & demonitracéo de uma coisa por uns stlopivmo, que i ie q ie ar i sensual, tockas tb Vezes tue sttesteanids a exseanien de plod reecesserrieemnes Goria pela iewsajizo.” onentcdriis- Ede maxima importancia, para a nitida compreensdo.do HEAT pitagérico, a distingdo encre sophie ¢ doses, entre ciénicia € iio. A primeiraé imutivel, ¢ mutavel € a segunda fio & possivel compreender coisa alguma apenas pelo conhecimento a ein suaexcrinsecidade, se’ no ge penertar ma eavénicia dal boise |, na sua intrinsecidade, que dé a via para alcangar 0 sew por Muli 2 17), Quanto ap signifiendo da ciéncia (epastime) © de opinitio i), toremos oportunamente o cuidado de examiniclo [193] FRAGMENTO 5° “A sennagio produz-se no corpo, a razsto ma alma. User € 0 prinedpie das seves enstoeir; a autva, 0 principio dos sores sntelighvets: Pots a multidda tem por medida 0 nsimero; x longitude, 0 ps 0 pelo eo cquitibrio, a bclanga; d regra ta medidis da retadkdo no sentede vertical coma no tongitucdinal € o-dngudo veto. a nazie, 0 principio ea Assim, a sensagio € 0 principio ¢ at medida ies corpo cilia des seres inteligfvets, Uma'é. principio dos seres intuligfoers « primeivos por natnreza; a entra, 9 principio das cotias senstveds ¢ segtumdas por matureza. ind 0 pramidpio ce nosse alm; o senreig, 0 princépaa de nosso carpe. O Pais 4 ra expirite €o jur2 dos obpetes mais mobres; a sensagiio das onetts steis. A sembaga. fi eriada em vista do corpo, « para servi-to; a nando, om vista dae utlusa, ¢ para fazer matscer a sabedoria. A raxitd € 0 principio de ctbneciot; sa sensergito ta opiniit (doxa). Uma tira sua attvidiade das coisas senstveti, ovetras ders coisas inteligh- neds. Os objetos sensucis perticipam do mevimento ¢ da muteao: os wbjetoy intex Uigiveis peorticipuane da tnunsubitidade ¢ da eternidade, Hil wana analoyics entre a 9 tem por objeto o sensivel, eo sensivel se mave, sensaajalo € veizdo; pois a senisatf muda, ¢ nunca € udéutico a si mesmo: também, con se pode ver, torma-ie mais @ menos, melber ¢ pior, A razata tem por objeto o intedigvel; ora, 0 inteligheel ¢ por essincia tmbvel: eis porgate nia se pode conceber, mo inteligtvel, wet metti nett menos, em mlbor me pion: ¢ ce mestu fort ct sensagite v0 a imagem «0 ser segundo, A raziéo vo bomvim emi si; 1 senuagae vf neler, nado vio cfriuto do rob, como também sts formas dei objeton artifictaii. A ritzito é perfeitarmente simples @ imdivistvel, coma w tinkdecde € 0 porito; 0 mesmo.se aid quanto ao ser inteligfvel. A idéia nao € nem @ Limite nem a fronteira do corpo: ela tapenar a figuea do divisfuel. ito fem partes, € ler, 6 pelo que a Das serves, anu sido pereebides pela consagdo; ontros, pola opineto, tere terverray er & enignornto apve ot ser categoria pela citneta, amis dtsinea pelis verze Os conpos que oferecens vesssténctsr sao senccivess; ot opintdo canhece as que partis capsam ches idles, « deles io conve ineagens, Assiue, tal bomem prartnipa da tdéta de boimem, tal erecinginto shat ickéva de treiingndo: Avctéacea tem por obyeto 0s 6b dentes necesuérior das idisas; assion a geontetria tem por objeto ay propriedades sziio vombece aes prépraas rdéiase ax preneiprns da cléncus ¢ de seme a tridngule, a esfera em si. Hid, atid emu ibs, dest figuras: obsetos, por exemple, a ciresle nossa civic, quatro espécies de conbectmentos: 0 pensermente pura (o nov), crinena, ct opinsdo, a sensayio: dass sBo pronctpios do saber: silo o pensamiento € semtet(sior dois sito deles 0 fine: sii a citmcta ¢ a opiniiaa, 94] E sempre a semelbuante que pits ee contbecet w seimebbtrite: ara: Scie, as cons Cognosetve fo conbeve sts cuinpet wrecis, (ois tnteleieeest ce a Uppinade, cab Cot NEM TO, «As codes sestetees E con peragine € pp Wild Gile @ pemsamento secleve daw vorsan seme ds catiats rust, das cosas congerrinais dy éaésas eoxnesctveds, das coteat cognuscivers it ioe antl quele gure quer coubecer ax verdadde sobve esses objerar, deve Fence mame conpunte barmoninso tides esses ieits e as objetos clo combectventa Estabelecide esse eada, pedesse vepresentei-tou sob. inuagem de wis Lisbus divi: a omy didts fravtes sgautes, yates, tit qaie citcha umes desses partes & por saa vex, divictihs dea wiesina mancina: separemos, puis, assim, 0 senitvel, e déviddans-no cu das partes me misma Propergin; esas ducts partes se dastiygaertan, nine peta chavez, entra pela obscuridede. t mst clits seyces cho sams tvel emcerra as smergens thas its. gave Percebom nei eda, «as que se views was espelbos; a segunda Melis representa ots plantas-e ox amimers, doi iguctis at brinetra ded as irvapens, 0 lnteligtvel vecebe wine divin amcloga em que ax diversax expéies de climcia D ripresertams- st) immergens: pats 0s ebimesye samejerm par etabeliver, por bipétese, 0 topar« pate as figderas, as tris espécies de dangndes, © tear esses biphées Wboviia: quecanto-cts poifenas eaaices, deixanie oss de bade, como se as conbecessem WidMats Meteo si mesmiON nem caOs ontras: emgpregaams a twnbiris nde Porsism exp Pics semurve coma rma gens, Inues Weis endbatl no sao m objeto nem a fim gue se pprepiens eve sites Geiscats « seoes vercinctares, pors nde: buistctm senda’ 0° didmeteo + ¢ Woacrctte ena si. A seuonch dei dct da intelyx feel, objeto cha lualidscc: eles niZa Hurrie veridaiedranierite hipiteses: ober coloca princtpres de omute se eles para Wleamcar ire o incondectonieds, iat ji Prtncipin mnnverisl: ¢, depors, por une mova Write inverse, prendenad ed eUNe fivtncipsn, ob desce ate a vertan dy raiwbchite, Me eniprezctr nim objera sennaved « serviudte-st niccemente ie idéras prrras. Peade- Ble tamstn. pow ess qiecten cloves, amiadisate cs estitdas cht silat, ee ale Pe id, ide Rewcitwtid ad segundo, de Fé ae 4 Nem erent io mieate ebev wn teecervo, de net f 9: epitarto, Comertarei Temos aqui, nitidamerite, um apanhado da concepgio porivlogica do pitagorismo, Quarry so as especies de conhecimento. radio conhere a cihisas snteligiveis; a ciéncia a5 COMNDSCIVELSS & OPIN Conjeccurais, ea sensagio, as sensiveis, A via do conhecimento parte da famento do racionalismo empirista de Aristéreles), arraves nido, das conjeccura , destas as cos sciveis até alcancaras intelic elas, os ete. Fo verdadeico conherimenta € vaniréte; & aquele que lereciona. todos os lads «la vad, através de Um conjunto harmonioso: 195]

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