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Dizes que p’ra Deus o não vira sim e o sim vira Agora, ambos sabem quem é quem e onde está
não? todo o Medo
Dizes que embora eu seja Luz perfeita, posso vir a No lado contrário de si próprio descobrindo que é
ser Escuridão? ele mesmo
Assim vai p’ra longe ofertando o seu único terreno
E então o eco vira voz quando vê o outro se O Querer
movendo
Ah, ambos se conhecem bem e irão se manter Dizes que a Obra de Deus é ilusão e se desfaz?
querendo... Que não importa o que eu queira, desde que
continue querendo mais?
Tens também, porém, de ser surdo e mudo todo Se o alívio é só uma sensação, por que não nos
dia até o alvorecer alivia Deus com sua mão?
Ou passarás a querer tudo quando todos já Se o Inverno é só uma estação, queres que Deus
deixaram de querer... mate o frio com algum eterno Verão?
E sem direção não haveria de haver jornada... Tu conheces tudo e não queres nada mais
E então não teríamos a Obra, mas sim uma só Habitas tu no tédio, és a morte vivendo em
grande cilada. Satanás
Conheces todo fruto e és o maior dos animais
Vejas tu que qualquer pensamento já é menor que Então, brincas com o Homem confuso pois é só o
Deus o Movimento que lhe satisfaz
Constatar é entrar no Espaço e dançar no ritmo do Pobre criatura que sabe tudo, mas de viver não é
Tempo capaz!
Ora seu garoto... Quem recebeu ordens não foi eu, Por escolher a ti, esta faz-lhe prisioneiro
foi outro A outra que partira, ao menos lhe deixaste por
Mas ainda assim, se queres frisar a lei, aqui estou inteiro
eu e me disponho No fim, estás sós ao meio, e ela nos dois lados do
tabuleiro
Passeando cá e lá, de tudo ouço um pouco
Creio que tua lei fale do fruto, mas não fale do Ela me atrai e me repele, eu a busco e a evito
caroço... Contemplando seus momentos eu vivo e me reflito
Oh, doce separação, que arde a lágrima, mas
Comas aqui esta semente e não haverá fruto enaltece o sorriso
algum em teu corpo!
Vejas que a Lua busca o Sol, e Ele que não é tolo,
segue se movendo
Um belo dia, no entanto, ela aprende a entendê-lo
Dançando bem a dança, vê que o ritmo é sempre o
mesmo
Assim, alterna o passo e alcança antes o fim do O Ódio
movimento
Pode agora roubar sua Luz antes que Ele re-
equilibre-se Por que só deve importar o bem-estar de Deus?
Dessa forma, a Vida fica escura quando Sol e Lua Por que temos todos de sofrer para que Ele não
somem no eclipse seja tu nem eu?
Qualquer coisa é melhor do que perecer por opção
Dizes tu que o Amor não existe? Se não posso eu viver, é melhor estar de fato
Que para que um sorria é preciso que outro fique morto então!
triste?
Ora, creio que já tenha sido essa tua melhor ação
Digo que a Luz é alegria, liberdade de querer Por isso, além de vós já não há mais ninguém
aquilo que alivia nesta triste solidão
O que queria ela além do pouco que ela via? Definistes que o Eu era tudo e solitário,
O que quer esta, além do bem de sua companhia? coordenando seu próprio rumo autoritário
Toda vontade, afinal, é só mera perspectiva Tirastes dos Céus o poder, e sem ver do alto, o Mar
Querendo isso e aquilo, fazemos com que Deus rumou ao contrário
também viva! Todos quiseram tudo e não sobrara nada p’ra
O Amor é saber disso, e às vezes chorar, para que nenhum adversário
Ele sorria
E eis que aqui estás tu, na hora zero, mas ainda A Consciência
tentando estar adiantado
Malditos sejam teu Criador e tu o criado! O que não é justificado sai da simetria
Fazem dois lados do mesmo perigoso cadeado! Se não ecoa reto cai p’ra fora pelas Quinas
Lá fora o Nada mata o Eu, que arde em chamas e
Oh, que pergunta queres tu que não tenha já nos agoniza
incomodado?
O que difere nós que já vimos e tu que ainda A fúria expande o fogo, até que sozinha queima e
segues os passos? paralisa
Que prisão é essa, e por que segues tu trancado? Só lhe sobra a mesma Luz, que sempre chama, mas
Ardes em fúria, pois não te sentes justificado? nunca lhe avisa
Assim também são as estrelas, por isso unem-se Agora tens direção, proveniência e um só caminho
n’um só grande laço! guia
Caminhando juntas cobrem todo o Escuro n’um Agora és Movimento que ama e sofre, mas só
eterno abraço! porque analisa
E esta é a jaula que te salva, ainda com tudo o que
tens reclamado... Bem-vindo a ti mesmo, o que Tudo quer, mas do
Nada precisa!
O Tempo Capítulo 4
Por isso, lhe aviso, os Deuses têm o Nada pois já A brincadeira passa quando a memória ecoa
jogaram o Tudo para o Ar preenchendo o Silêncio
Percorrendo o fluxo já não há mais pressa alguma Viram conhecidas emoções que alternam em nós
em se afogar... os seus Momentos
Lembrando bem do rumo fica raso o fundo e é até Belas meras perspectivas de Movimentos
fácil revezar enlaçados pelo Tempo
Assim, sempre há alguém lá no escuro, brincando Tais quais queimam, quiçá lhe esfriem, até que
de ser Tudo para o Nada ter a quem consolar sequem e virem Vento
Eis os Espíritos Viventes em todo Eu, que juntos são
Eis o Presente, feito do Passado, mas indo p’ro chamados Elementos
Futuro que sempre quer passar
A Vida
A Vitória de quem joga é a angústia de quem sai Então, senão por Amor, queres que atue Eu
perdendo contigo por temor?
O que alivia um, para outro certamente é dor e
sofrimento Não consegues ainda ver além de ti mesmo?
O que um está pedindo, há outro também Separas tu e Eu para que possas sentir-se livre e
querendo supremo.
Eu continuo repetindo, e você não entendendo... Supremacia que copias para que sejas teu próprio
centro a direção
- Chega! Rumando por ti mesmo, vais só de cara na solidão
Por que iria tu querer nos ajudar? Ali o pequeno é imenso, preso nele mesmo, que se
choca e faz clarão
Veja só, sempre tão egoísta e prepotente
Achas que tudo ruma a ti mesmo contra a corrente
Digo e repito, mas teu orgulho é quem não
entende...
Tu és só folha de papel para que Deus não desenhe
na parede!
O Reino da Luz O Reino Mineral
Claridade agora é guia, explode longe e me alivia Se o dia faz semanas e as semanas fazem meses...
Girando em ti mesmo cada giro é um novo Dia... Tudo é só o mesmo Um várias vezes!
Quem é salvo não se engana,
quem tem mais Luz faz mais sombra! Se os anos são maiores, os dias vão se revoltar
Quem mais odeia é quem mais ama, perspectiva Amores viram dores, quando algum Rio chove no
gera as tramas, aquarela de Sete dramas... Mar
Quem observa faz a soma, somando, a Luz emana, Guardem as armas, tragam flores, e vejam o
Cada conta uma Cor, cada Cor um dia da Semana. Amanhã raiar...
Somente quando o Hoje..?
E por que rastejar na lama?
Chamar o Ontem p’ra dançar?...
Este luxo comprei com tua ignorância!
Sem falar da ingratidão, D’essa dança nasce o chão, cada passo faz mais
com ironia zombas e perdes a lição... um, e nenhum jaz em vão
Cada mudança uma razão, cada laço em comum
faz nascer uma opção
O fluxo segue o ritmo, fica mais forte e se faz mais As vozes que te usam já morreram em teu
nítido Abstrato...
Simetria é Ouro para o rico, quem se reflete ressoa Se ao Justo mantém e ao injusto recusas, podes de
e define o brilho fato ficar sossegado
A Luz do andarilho traça no chão seu próprio trilho Fale então o que ouves, e ouças o que tens tu
Cego pelo Sol... falado.
Se o brilho é a Direção, o Sol é o Caminho O tecido que teci, é vida que vivo e que me vive
Se caminhar é o alívio, é ali que Eu resido Enlaçando nossos planos, quem morre sempre
Caminhando com equilíbrio, faço música com o sobrevive
ruído Interesses em comum, se Dois querem, só vai
restar Um!
E o canto cura a dor, quando a Dança virar Tecido Dois e Um é Três, pega e soma outra vez, sou Eu
Mais Tecidos p’ra trajar, mais motivos p’ra existir vendo Seis
O Escuro habita longe de onde há tanto p’ra vestir Seis mais Eu é Sete, depois soma e repete, e o lucro
E quando o Eu virar Nós, mais tecerei p’ra jamais de vocês!
me confundir...
O Reino Humano O Reino Dévico
O Eco que criei quer ser voz e quer falar Tudo isso já aprendi,
Tudo o que lhe dei, ele quer poder gastar quem discute está passando por onde já passou
Visando ser alguém, precisa discordar quem está aqui
Sacrifício do além, que vai, mas só p’ra poder Tudo isso vai se refletir,
voltar assim o Futuro tem Passado para dar de
Presente a Ti
P’ro Escuro a Luz é Doce
Mas p’ra Luz o Escuro arde
É por isso que o Sol morre
Mas também é por isso que Ele nasce
O Reino de Deus Os Pilares da Coerência
Longe do Todo onde o Nada habita P’ra ser Luz e se mover, tem que se perder p’ra se
A Obra é cabana confortável e protegida achar
Se o homem quer crescer e saber tudo Se quem acha para de correr, alguém tem que
Saiba então que Deus luta p’ra ser pequeno e estar continuar
confuso Ou alívio não vai ter p’ro corredor que precisa
descansar
Conhecendo cada Momento, sei onde canso e onde
me levanto
Ali reúno os rumos, unindo as retas n’um só manto
As Cores
Quando sentes Tudo tu és nada n’um perfeito
paradoxo
Cada manto uma Cor, um tipo de descanso p’ra
cada corredor Então, o Eu reveza Nós para não ficar no absoluto
Se todos eram Eu, agora já não sou Oh que ironia, agora quer Nada quem antes quis
Se cada lado é um, Eu caio sempre no que sobrou Tudo!
Não cair sai caro, pois todos voltam a ser Um E essa é a guia! Cada Cor um passo, cada passo
E Um de todos é o Escuro, se vestindo como a Luz uma tinta
Cada lado Um ator, e em cada ato é Um que pinta
São tu mesmo os teus paradigmas Quem cai nas Trevas só encontra a Luz mais bela
Apagas o que aprendeu e então o chamas de que pega e entrega a quem a perdeu
enigma Quem vai p’ra Luz sente a força da Cruz, mas se
Lês um mesmo verso teu e com ele se indigna esquece do sangue que um dia a ergueu
Aqui não há você nem Eu sem o Verbo que analisa Mas onde o Sol anda de capuz e a Noite se veste
Pois, quem busca respostas é da conversa que com a Luz, alguém já percebeu
precisa
Que o claro jamais cega, nem trevas nenhuma
Cada vez que pensas, constatas sentenças que desespera aquele que não tem pressa de ser Eu.
algum outro já lhe deu
Em cada certeza, uma nova velha crença que
prende quem a escolheu
Agora Eu entendo que lutei p’ra conseguir não O lado oposto é quem mais mostra o que sou
entender Inimigo do avesso é o alívio disfarçado de dor
Procurar a si mesmo é o primeiro princípio de viver Se saio de mim mesmo, certamente é p’ra lá que
Protegidos pelos cheiros, os sabores irão me vou
apetecer
Banhado pela Noite, o Sol dá vida ao amanhecer Vilão da direção, trai a estagnação e é chamado de
Mas carregado por amores sentirei que preciso de Amor
Poder
Se não for Eu, quem as guiará será você!
A Honra Capítulo 5
Os Pecados
Intrigados irão se questionar;
Afinal, são Eu, e me lembro bem como começar...
Onde há passos marcados, terei de tentar
contornar
Mas pisando fora do compasso, terei também de
retornar
Os Sonhos O Rei
Caminhando, no entanto, me parece que vou Ora, já me encontro reclamando, creio que seja
chegar bom sinal
Cada desafio é pouco p’ra toda história que vou Quem se levanta contestando, está com muito
contar sinal vital
Acordo sempre pronto, pois ouço minha Vitória me Me mantenho observando, antes que me esqueça
chamar do final...
O Reinado
A Ordem
Contando essa história, há muitos contos p’ra
Nesse Momento até me esqueço que nesse Lar
contar
habitam mais
Cada um esquece um ponto, aumenta outro e
Aquilo tudo que hoje quero, há muitos outros
muda o Lar
também correndo atrás
Lares diferentes brigam, mas aprendem, até
Maldita hora em que me fiz tantos, continuo
recomeçar...
sozinho e sem Paz
O Cavalo e o Cavaleiro O Herói
Intrigado pela mente, o Dragão vira Serpente Ser incompleto é perfeição
Se engana, mas não mente, maldita hora de Assim o que lhe falta, lhe é também a direção
lembrar... Grato pela dor, causa em todos grande espanto
Cavaleiro pensa e Cavalo sente, o que há aqui a Sem vontade de se expor, seu melhor amigo é um
melhorar? velho manto
Não quero pernas longas, nem ele quer Ele sabe que a Vida dói, mas aprendeu que isso é
verbalizar... ser Herói
Deus nos livre melhorarmos e então a perfeição Fazer valer o que é, o que será, e tudo o que já foi.
nos separar!
Do que mais precisamos, se juntos podemos correr
e sabemos falar?
Os Três Reis A Rainha
Olhando dois conflitos, parece que falhei
Com paciência aprendi; que a Obra é perfeita e
Porém o fim do filme, ainda não mostrei
está pronta a servir
Os lados do discernimento, quem discerne é o Três.
Tendo em si a todos nós, não precisa de você e
nem de mim
As Três Marias Qual traço de beleza algum de nós inventou?
Qual dom ou talento fostes um de vós quem criou?
Da Obra perfeita a Bruxa sente a Fé Deus é completo e sempre esteve aqui
Do abuso dos crentes, a Guerreira é prudente Agora também estou e quero que saiba que já O vi.
Cercada de razão, a Rainha já não pensa e já não
sente
A Curva da Reta
Tanto faz a ladainha; - sem quem luta, a Espada Tão belas mulheres, agora cheias de filosofia...
sangra sozinha na bainha Farão de tudo para se manterem perfumando a
Qual o Sol que não veio da noite fria? brisa
Qual alegria que não voltará à agonia? Esquecem-se que no torpor da dor, palavras são só
Na solidão não há Bruxa nem Rainha, ruídos da ilha
Só a Fúria aquece e revitaliza
Ou você se alimenta dos vivos, ou virará alimento Nos trilhos do Tempo, a Verdade não é dela, tua,
da Vida nem minha
A Alma é antiga, escura, quieta e apenas cuida da
Trilha
É assim que de nós Três, o Pai dá ao filho a Mãe
Vida e suas filhas.
Capítulo 7 A Família
O Sacrifício precisa se recompensar
A Liberdade desespera A Morte pesa muito e quer se compartilhar
D´aquele escuro desconhecido uma criança vai
chorar
A Vergonha E do avesso desse mundo a Mãe mostra ao Pai o
que há lá
De que se escondem vocês?
Mentem a Deus, mas envergonham-se da nudez?
Quiseram ser tudo e ver além do Norte... Os Amigos
Não ouviram, mas é lá mesmo que habita a Morte! Tudo o que foi visto só faz sentido quando alguém
E agora, p’ra não se partirem em Um, o Pai alterna concordar
nossa sorte... N’um mundo tão sozinho só é vivo quem consegue
Para cobri-los ficou com a dor algum bicho menos se encontrar
forte Verdade é que ninguém se vê de fora e o espelho
nunca aprende a falar
Por isso, muitos rios viajam longe somente p’ra
abraçar o Mar
Os Inimigos As Ferramentas
Querendo chegar lá, ninguém aceita tropeçar A Voz fala pela boca ou a boca pela voz?
Mas no Caminho se encontram todos, Fogo, Terra, Habitas tu no corpo ou o corpo habita em vós?
Água e Ar Vivemos nós em Deus ou Ele é que vive em nós?
Esbarrando um no outro é impossível não O sábio é Justo e ajusta todo uso pois não sabe
escorregar estar a sós
Escorregando caem todos e só levanta quem se
apoiar
A Tecnologia
O Trabalho
Parece novidade, mas já é mais que bem antigo
Se voares ao mais alto céu, mergulharei no mais Se algo parece novo, é pois tu que tinhas te
profundo oceano esquecido
Se congelar-se, eu me ferverei, e caso te fervas, me Tudo sempre veio de volta p’ro mesmo velho
derreterei, e em mim mesmo me derramarei, ali Tecido
moro, morei e morarei, e ainda que demore, me Veja acima, veja abaixo, veja o que tenho aqui
lembrarei, comigo
que não importa onde estou desde que saiba p'ra Todo livro já escrito e nenhum há jamais saído do
onde irei mesmo labirinto
Nadam no Ar, cavando Terra, Céu e Mar, depois se A Liberdade
perdem descobrindo
Que sempre houve tudo lá, toda Glória era d’Ele e Se sei a direção, posso também mudar de Lar
era d’isso que estavam fugindo Sinto a sensação na força da decisão e me esqueço
De já ter tudo feito, do mundo ser perfeito e terem de notar
de viver fingindo! Que toda determinação, coragem e aptidão
sempre veio de lá
Não seria ninguém tão ousado se não houvesse
A União Espírito e razão p’ra ousar
Mas ser livre tem um preço que é o eterno desejo
Já que o Todo é todo feito, eu não quero de se poder voltar
incomodar
Tentando ser um pouco, vi que só o Nada pode
participar A Morte
Paradoxo que nos faz loucos
Só quando entregamos tudo e o Céu fica noturno Parece um pesadelo, mas dirás ‘quem dera fosse
É que então o Sol pode raiar... mesmo’
Pois é certo que, ao menos, se poderia sonhar em
acordar
O Passado
Mas onde todo dia é o mesmo, o sangue tem sabor
O Passado mora no Futuro do Agora
de beijo
O Amanhã logo chega, mas o Ontem sempre se
E todo o teu desejo consiste em não se deixar
demora
beijar
Tudo o que vejo eu só creio e concebo olhando o
Discernimento que lhe faz compreender cada
que já vi
Momento
Veja o Infinito, o invisível e o impossível - ninguém
Sem ti não há solidez de julgamento e te perdes em
percebe que está ali
pensamento Andamos tão p’ra frente que o Futuro virou
Alguns dizem que é só p’ro forte, outros a chamam Presente, mas o Passado permanece aqui
só de sorte
P’ra mim o nome é claro, comum de preço caro e
cabe n’um só corte O Presente
O gosto é amargo, faz do sábio um fraco e já não O Antes olha p’ra mim e pensa que jamais voltará
há quem se importe, O Depois quando me vê, pensa que já se foi
Eis que leva da Mãe o nome Vida e do Pai o Faço dos dois lados um e habito neles dois
sobrenome Morte Chego tão rápido quanto saio de repente
Sabes tu meu nome, ou queres que me apresente?
O Futuro As Religiões
De Mim depende cada Eu Te Amo e todo tipo de Eu Não há quem diga nada se não houver quem vai
Juro ouvir
Sai de mim o clarão do Destino, mas na Verdade Se muitos sentem a mesma coisa, então
sou Escuro concordam em se reunir
P’ra todo plano, todo acerto e todo engano Eu Sou A reunião do Povo é Santa, mostra força e faz Deus
O muro se decidir
Todos Me desejam, mas ninguém aguenta o peso A decisão d’Ele sempre é ampla, cabem todos e
que Eu seguro ainda sobra aonde ir
E ainda que me chames, vou do Presente ao
Passado sem jamais sair do Futuro
A Política
As Encarnações
Se na decisão habitam Verdades tão diferentes
E se cada sonho que eu tivesse, eu guardasse e
Precisamos então de alguém que explique isso p’ra
assistisse?
gente
Em cada um, atuo em um papel, depois esqueço e
Há quem consiga e há também quem apenas tente
vejo o reprise... Quem tentou não conseguiu, e quem conseguiu é
Seria eu assistindo eles, ou é cada um deles que se
sempre porque mente
assiste?
As Nações E agora em hora de fazeres do mundo Seu sorriso,
riem-se d’Ele e Lhe roubam Seu abrigo
Explicados e entendidos, agora sabem porque
É assim que traidores traem e ainda se dizem
concordam com isso e não com aquilo
traídos!
Graças ao outro tão perdido, encontram-se todos
Agradeçam aos céus que teus crimes já eram
aprendendo a acudi-lo
previstos
Buraco onde cai um é descoberto e protegido, já
Pois, passaram pelos povos e levaram os tolos ao
não oferece mais risco ou prejuízo
abismo
De todo lado se concebeu que a derrota se perdeu
p’ra que o Vencedor seja Deus Mostraram p’ra todos que Deus é maior que vosso
próprio egoísmo.
As Guerras
Israel
Tanta fé Deus lhes deu que o Conhecimento lhes
Povo perdido, encontrado, eleito, curado e fez ateus
protegido É como saciar-se da água e não crer que foi por
De nada que tinhas, Deus lhes deu o Mar e todo sede que choveu
solo que n’ele há contido Negam o claro Sol e diz cada um que quem faz a
Império após império, oh povo nômade, Deus hora é o Eu
estava contigo
Acham que a Vitória está em derrotar e apontar Quem és tu?
quem perdeu
Acharam que podiam lhe convencer
O Dia, porém, não derruba a Noite, mas antes Ela
Lhe disseram qualquer coisa e agora qualquer
O Ergueu
coisa é o que tens p’ra dizer
É claro que fez sentido, e já havia antes alguém
Quem sou Eu? dito que não iria fazer?!
O Eu é força poderosa, parece tua, mas é nossa Manipularam teus sentidos, e agora sentes que
podes ver
Só é ele mesmo quando com outro se entrosa
O peixe pensa que voa e o pássaro crê que nada Mas quando o novo ficar antigo, irás novamente se
rever
Mas a Terra só corre quando o Vento não para
As ondas ficam mais calmas e a Água mais clara Culparás, então, algum outro para que outros não
E nesse espelho do Céu, o Mar reflete sua Alma culpem a você
E ali, não há cá nem lá, pois é onde o Tempo trava
Momento sólido onde nasce a Montanha que os
separa!
Mas nesse meio, entretanto, esbarramos em
muitas asas e infinitas caldas.
Quem somos nós? Se, entretanto, somos tantos; e ainda assim nos
lembramos do que amamos;
A Vida muda, pois é o eterno Movimento
Talvez só haja Eu e Você...
O certo fica então errado em algum certo
Se o que quero também queres, e o que desprezo
Momento de erro
não lhe apetece
E o que se aprende jaz perdido em algum lugar do
O que queremos é só nos esquecer.
Tempo...
Com medo do tormento, todos logo apontam
dedos!
De onde viemos?
Melhor o outro lado, do que apontar-se a si mesmo
Se a culpa não é deles, então culpados somos nós
Melhor é dois com culpa, do que um só certo a sós Uma mulher rebelde chegou antes, para que eu já
nascesse aqui
O que queremos? Em sua sombra soberana, nunca me questionei de
onde vim
Por que sempre crês naquilo que queres?
Envolvido com suas tramas, jamais quis pensar em
Quando questionarás a voz que lhe dizes querer?
mim
Se p’ra tudo fazes plano, n’um dia, entre tantos, o
Mas foi quando, então, ela se mudou para a
plano será perder
distância...
Quanta seda jaz n’um pano? Quanta lama há no
E logo Deus fez nascer de mim uma nova Noiva
pântano? Isso ninguém nunca quis saber!
P’ra onde vamos?
“Pois quando quer correr, as patas do Cavalo Qual parte do Sol caiu do Céu e se escondeu na
pouco tocam no chão e ele sabe que voa!” Terra?
Quem o encontrar estará certo enquanto todo o
resto erra!
E é apenas calando-se que a voz ouve o que ecoa!
Ter Ouro é como acender a Luz na Noite
Ainda no Escuro, fingirão ver o horizonte!
E a Águia disse ao Cavalo: não é triste que tanto
cavalguem e nunca nos passem? E se quiseres, dirão que a Lua é o próprio Sol
Eis que o Cavalo respondeu: e não é também triste Brilho que se esconde e faz da Terra seu lençol
que voem tão alto para sempre verem uma só
Reluzente cega os olhos e quem saberá onde
mesma paisagem?
estou?
Creio que por isso pousem nos ombros dos homens Tome, pegue um pouco, compre tudo o que sonhou
e aprendam sua linguagem.
Eu estarei com aqueles a quem o Ouro escolheu,
mas jamais comprou!
Como obter bens? Por que o que quero é tu quem tens?
Por que sofro olhando a Vida viver em outro
alguém?
O que queres é prazer, todo o resto é p’ra se
proteger
Se o Perdão ensinou e o erro aprendeu; agora - Se tivesses, choraria como quem tem.
quem erra já não é o erro e sim Eu.
Ao menos tu sabes p’ra onde queres ir e também
de onde vens.
Se o Ódio é um sentimento vivo, o alimentamos Se é por Amor que lhe derrubo; talvez Deus se finja
com nossas vergonhas e injustiças antes que ele se de mudo.
alimente de nossas vidas!
- Se é por Amor que caio; é tu que morres com meu
desmaio.
Pobre do que não tem Amor; mas mais pobre E bem lá no fim desse Mundo;
ainda quem O tem e não precisa.
Deus mostrará que mudo não é surdo.
Cada ação é Sua mão; e nosso corpo Suas luvas.
Conosco O vi chorar no Sol mas também O vi sorrir
na Chuva
Morto na Vida ou Vivo na Morte? A Inveja das Flores
E a Árvore tinha Paz até que nasceu seus filhos. E nem toda a Chuva que vier matará a sede
daqueles que já saciei!
Então todos vinham sempre p’ra colher seus figos.
Depois de tudo terem; desejarão me matar como
“Levaram todos e não deixaram sequer um eu lhes matei!
comigo!”
Haverá alguém apostando o que não tem p’ra lhe
E os pássaros dizem que seus ossos foram fazer ser quem você não é!
cuspidos... E a Árvore odiou a Deus por tudo
aquilo. Alguém invejando tudo o que você nem mesmo
quer!
Então seu Caule e único amigo, virou um machado
E toda lição que a Lógica ensinou;
que a feriu no umbigo!
Jogada ao chão viu então suas folhas sorrindo... O Abstrato quer lembrar...
Ali o erro se acumulou
E seus olhos olhavam do alto da Árvore que havia
nascido... Bem lá onde haviam cuspido! E o pior de ti quer se vingar d’aquele que o
vencerá.
Perigo Feminino Será que preferes também fazer amor com ele do
que comigo?
E a mulher percebeu que Ele era um Rei de Deus, e Ouça a Chama que nos chama antes que ela se
que ninguém poderia mata-lo apague
Tudo o que fizera, fora a afastá-lo! E quem ama a Lama que é cama do barro que
adoece?
E então, quem morreu mesmo foram aqueles que
ficaram sem seu Reinado.... E quem aplaude a trama onde o culpado sorri e o
inocente padece?
Quem vai ao velório e depois festeja na prece?
Quem consegue ser louvado no Céu e no Inferno,
tal como a Vela consegue?
O Paradoxo do Sacrifício Quem era Louco e quem era São?
Misturei os dois então e fiz de mim mesmo dois
Filhos Irmãos.
“Eu chorei e quis impedir que também
chorassem... quanta ignorância querer que Equilibrando seus defeitos, nasceu também o
conhecessem o Fruto antes que também o Amor e o Perdão.
semeassem...”
Sem espaço na Perfeição, o Quinto Filho chamou-
se Destruição.
“Se Deus se alimenta de Si Mesmo, Ele é quem Mas amou tanto o Pai e seus irmãos, que destrói a
devora ou quem se entrega em oferenda?” si mesmo para ser o Domínio do Sexto irmão,
fazendo do Sétimo, - a União
E entre a Chuva e o Sol,
Em tudo o que há, eu toquei, em toda Terra pisei
e por todo o Céu eu voei. as Cores se revelam n’um lençol!
E a beleza do Arco-íris até dói
Conheci tudo o que se pode fazer, e nestas coisas
vi muita dor e prazer. Ou que tal o Pôr do Sol?
Separei o agradável do desprezível, Por quantas vezes já veio e já se foi?
e me esqueci que me tornei invisível
E quem O rever dirá que é o mesmo de antes e Controlando o Amanhã; não há surpresa para
depois? dissolver; e o passo que daríamos já foi dado.
E entre todos que já se contou, nunca se viu nem Deus precisa se Ver em paradoxo, para dialogar
sequer dois! com a Eternidade e não arder no vazio parado!
Mas seguem sendo tantos que fora já visto por Assim Ele se vai, mas nos deixa com tudo o que foi
todos nós ensinado
E é certo que é passageiro; Até que nos percamos e precisemos de novo
porém, nunca há Seu enterro. chamá-lo.
E quando o fazemos, é por necessidade ou por
amá-lo?
E ainda que digam que já morreu; quem se atreve
a dizer que não será mais visto no Céu? E Ele voltando, é por piedade ou por sentir-se
amado?
Odiou os muros do quintal que a protegia do pior. Dividíamos a Luz e tudo o que vinha d’ela!
E então a Imagem bebeu o Sal das doces lágrimas
de estar só. E toda mágoa se esquecia,
Pois era nosso abraço que nos aquecia.
E de tudo aquilo o que já era impossível ninguém
mais sabia.
E ninguém ameaçava, pois, a ameaça era viva!
Por isso, sempre havia alguém quem ia lá e de E quem se soltava, sempre se perdia...
tudo fazia.
Pois só na Escuridão as Estrelas podem nos fazer Até que um belo dia o Sol nasceu
companhia... Aquecendo tanto você quanto eu
E dando vida a toda Flor que ali nasceu
Por que não seria teu aquilo que é meu?
Pareceu Glória, mas o que nos unia ali morreu
Havia muito de tudo, e então o Amor se perdeu
O Mundo ama a Luz e não o Escuro que a acendeu E todo este roteiro sempre houve quem conhecia;
Se um antigo Egípcio, de milênios atrás, olhasse e p’ro Sol, a única surpresa sempre foi apenas
para o Céu de hoje, ainda reconheceria suas quem desistia.
estrelas.
Pois, se é tão certa a perfeição; como ainda há
Veria no Homem seus vícios, que das mesmas quem não confia?
dores ainda são sequelas.
Veria como a Noite ainda segue o Dia, como as Não espere chover p’ra lembrar de amar o Sol,
flores e o gramado ainda se fazem companhia; tal
como os frutos ainda caem e se multiplicam com Não espere secar p’ra amar quem lhe molhou
harmonia. Não espere o Caos p’ra amar o que é normal
Toda guerra que veio já partira, junto da vaidade Tampouco deixe o tédio se transformar em Caos
dos gênios que se afogaram em agonia, pois os
Lembre os bons que suas vitórias deram vida aos
loucos que riram da filosofia, estavam também no
maus, e que então talvez, não sejam tão bons
mesmo barco após a Vida.
assim.
E toda certeza que se teve, já não se tinha.
Lembre os maus que suas derrotas deram vida aos
Verdades se confundiram com mentiras;
bons, e que então talvez, não sejam tão maus
Mas oh, a boa Uva e o bom Vinho, ainda vinham assim.
da velha Vinha.
Lembre a todos que nossas histórias escrevemos Segurar o Amor
uns nos outros, e que a Luz só se percebe na
Escuridão do oposto.
O Vento bateu e segurei o Frio para que as Folhas
Agradeça pelos erros que lhe ensinaram o valor do não voassem.
acerto, e pelas derrotas que venceram o Medo,
iluminando a Vitória. Mal sabia eu que queriam elas passear pela
paisagem.
No fim, há só os mesmos sentimentos, que se
dividem em momentos de uma Vida que é nossa. Chamaram o cordão da Vida de bastão da
escravidão.
Em cada um de nós, no que pensamos e
queremos, no que lembramos e esquecemos, Deus Pobre caule que sempre só serviu de chão.
vive sua Obra. E as Flores pegam todo seu Perfume e se vão.
Pois, no absoluto do infinito, é em nós, seus E quanto tempo duram antes que se murchem, em
pequeninos, que Ele se deita e repousa. vão?
E ainda que culpem a Deus, eu defenderei a Razão
Pois, eu estava lá quando quiseste voar, e Ele
pediu que não.
E agora que os Tempos doem, todos se lembram Há quem pesque de dia para ver melhor os peixes;
do Amor e há os que pescam na noite para que os peixes
não os vejam
É mais fácil que admitir que vosso guia é na
verdade a Dor Há quem beije a Deus todos os dias, e há os que
nunca O beijam
É de Vergonha e Humildade que se alimenta o
Vencedor O que importa, porém, é o peixe na mesa e aquele
a quem Deus beija
Pois o Orgulho e a arrogância são o alimento do
Sofredor
A primeira flor não nasceu de um compasso; mas Homens juntaram-se e rezaram, acreditando em
antes, surpreendeu quem a achou algo maior
Nela mediu-se os traços e tomou-se sementes que Outros olharam e julgaram, pois pensaram saber
alguém regou mais e melhor
E a ela desenharam; e passou-se laços que alguém Os primeiros creem na perfeição que ainda não
presenteou puderam conhecer
E tudo era fato, um conhecido retrato; mas não Os demais se acham perfeitos e creem em si
era plano de quem a plantou mesmos apesar dos erros que podem ver
Foi simplesmente o acaso, que no abandono de Os primeiros são chamados ingênuos, pois não se
algum mato, n’aquele dia a encontrou aproveitam de tudo o que Deus vê
E quão belo é o arco-íris, que ainda que reprise, Os demais são trapaceiros, pois só importa sua
sempre paramos p’ra assistir? própria opinião sobre você
Quem pinta o pôr do Sol, que todo dia deveria ser Os primeiros são humildes e admitem nada terem
igual, mas mais que um eu nunca vi? além de sua Fé
Os demais creem que sabem tanto que negam até És um abrigo que faz Deus amar a Obra?
o infinito que não podem conceber
Usas o poder que Ele te deu para fortalecer a
Se for p’ra confiar em alguém, confie em quem Fonte no Agora?
tem Deus a temer
És Hoje melhor que Ontem?
Os demais, porém, não têm nada a perder
Não esquecendo que o Amanhã vai além dos
P’ros primeiros, é bom ser Justo pois a Morte é só Horizontes?
o começo
Deus é, por tanto, sempre maior que o Homem.
Já p’ros demais, tanto faz, dá no mesmo.
Quando a Luz nasce, as sombras se encolhem atrás
do Bosque e de suas Cores.
Deus não está só, pois se vê de nossas limitações. Pois, mais difícil é p’ra Deus machucar Flores do
que Montes.
Ele age, pois, reage às nossas ações
Que quadro você pinta com as mesmas cores? Embora seja sempre Sua todas as Dores; quem
sorri p’ra Ele está acima de quem apenas O teme.
Quanto valeram teus amores?
O que é leve flutua quando o pesado treme.
Como é o mundo através dos teus olhos?
O que é sólido afunda enquanto o fluxo segue.
Deus lhe ama tal como amas os outros?
Quem constrói no topo da Montanha, tem seu Chamas a ti mesmo de escravo? Logo tu que podes
telhado levado pelo Vento; errar e ser perdoado; mas ao erro do Sol; quem é
que perdoaria?
Quem constrói aos seus pés, tem sua casa
inundada pela Maré; Tu que pisas em falso e logo és amparado pela
Simetria; porém, um só tropeço do Sol e nada
Quem constrói ao meio, queima no Fogo dos que
restaria...
tentam correr;
Aquele que não pode escolher ser injusto; que não
Tudo sobre a mesma Terra que não sabe a quem
pode se deixar falhar.
defender.
Não pode mudar de rumo, não pode deixar Sua
Será a Morte pior do que assistir morrer?
palavra se apagar.
Aos olhos de Deus; a mesma Dor vai sofrer...
Aquele que nunca muda Seu turno, e é escravo por
Pois é Ele em mim e é Ele em você. amar.
Invejar o Sol que brilha ao Alto como um Rei? A quem a Noite também ama, mas não pode se
Esquecer que fora d’Ele não há mais ninguém? aproximar.
Ignorar o arder de tudo o que gera clarão? Vê então Sua Luz na Lua; e se lembra da razão de
se apaixonar.
Chamar a perfeição de tirania? Logo tu que te
atrasas, mas como o Sol poderia?
Intrigante paradoxo é a chama que ela ama, ainda Porém, quem olha muito as horas não nota que o
que a possa matar. relógio o controla.
Sozinha, nem a Solidão se percebe; logo fala em Como se a Chuva agendasse as vezes em que
vão com as sombras que lhe seguem! volta...
E ainda que queira se esconder, não consegue... O Vento é alheio, e quem é sábio se conforma;
afinal, melhor é um louco solto do que um são
Já que o vazio que procura, o Nada ocupou.
preso na rota; toca sempre a mesma nota e
Pois só busca a Cura, quem a doença já encontrou! ninguém o conhece quando se solta...
Só quem olha a hora sabe que se atrasou;
visto que quem não conta o Tempo, ainda nem É por isso que o são a todos agrada; mas de louco,
sequer chegou! só louco gosta.
Ganha todo o Futuro, mas desperdiça o Passado
que o criou;
E no Presente chora sem rumo, vindo p’ra onde
muitas vezes já voltou...
O Amor fala baixo
Por que de Amor falas tão baixo, mas do Ódio O amei de novo por ter feito tanta beleza na Vida
deixas que fale tão alto? em que vivi.
– Porque ao Ódio não invejam
A Vida bacana normalmente mente e engana, Se percebo o que é mau, conheci também o que é
porque odeia todo aquele que não é submisso! bom
E toda dor só serve p’ra isso! Se degustei do Sal, já conhecia o oposto de seu
Tom!
Nos lembrar que somos escravos dos mitos,
viciados no alívio, pois a Morte vive nos Se reclamo do errado, me lembrei da Perfeição
perseguindo enquanto morremos fugindo!
Se tudo parece baixo, é porque estou eu acima,
então
Eu enfeito, mas não minto, só falo o que sinto, pois Se a injustiça lhe cercou, foi a Justiça quem lhe
de onde você vai eu já estou vindo; e apesar de mostrou!
poder, não estou te iludindo!
Se temo as tuas falhas, é porque falho também
O preço que paguei chorando, você pode pagar sou
sorrindo!
E se metade morreu na Guerra, foi a outra metade
Seja grato, no entanto, a quem lhe ensinou tudo quem matou!
isso, Seu nome sou Eu, e me chamo Destino.
E eu tento encostá-lo, mas quanto
Fica claro que Nada ou Tudo tem valor, depende mais acelero, mais rápido ele irá...
de quem for... e do tanto de Amor que virou Dor, Porém, se eu paro,
tudo gera Culpa e não sobra onde pôr...
ele também parece parar...
Assim a Cura pede a Deus um favor: faça a doença
ser cega e surda para que não perceba Teu de alguma forma, é como se
esplendor, assim levo Luz p’ra cada Cor, e elas também quisesse me encostar.
mesmas não se voltarão contra O Senhor!
Se nos tocarmos, toda a
Se souberem o que é a Vida, não terão onde
escuridão entre nós sairá de lá.
guardá-la...
Seremos apenas Luz e
Mas a Morte é uma ferida que sempre caberá na
mala! seu prazer nos consumirá,
Navegando nas águas do Nada, há sempre pois não era eu nem você, e
um só barco lá. sim o mesmo Um a se multiplicar;
E sem sua presença tudo é escuridão; segui-lo é o já que na soma de
único caminho são. dois semelhantes,
um similar sempre vai sobrar. Frágil Mulher
Pois o perto não mata o distante
mais do que o faz se afastar... Por que o bravo Homem faz a doce Mulher de Lar?
E é óbvio que quem se afasta, Como é o Reto quem se abriga no Circular?
cada vez mais distante está... Que protetor é esse que nasce e se entoca em
uma frágil morada?
Que força é essa que revive mesmo tendo poder E que protegida é esta, que abocanha toda nossa
jornada?
p’ra matar?
Da Mãe à primeira namorada, quem é esta que faz
E que Morte é essa que se existir, viva está? o nada valer tudo e tudo valer nada?
E que Nada é esse, que se houver, então há? Por quem planejei cada tentativa arriscada,
de proteger do Caos essa que
carrega a Paz sagrada;
inimiga aliada, amiga rebelada.
Sozinha no vazio, a Lua habita no sombrio,
mergulha no Nada e dá de cara com onde saiu
É certo que indo reto a si mesma, a Luz encurvou, isso é paixão, isso é atração.
mas não se partiu
Ver tantos pássaros querendo tua atenção!
e como doeria estar do avesso,
Que perfume precioso que faz o Inverno virar
Não fosse isso mesmo Verão!
o próprio Amor... E mesmo os Anjos do mais alto Céu descerão se
souberem que as verão...
E aquilo que é prazer,
Pois, elas são as próprias pétalas onde
antes seria apenas dor...
dançam os ventos de cada estação; eu disse sim e
Dois Momentos sendo o mesmo,
queria dizer não!
mas o desespero virou torpor!
E assim, estaremos sempre querendo ir Afinal, o que são as palavras quando
elas não estão?
aonde o outro for...
Sua paz é tão sublime que
Vendo que é só quando nos tocamos que o Frio
me esqueci da oração!
vira Calor.
Perguntei a Deus dos meus
Mas se juntos estagnamos, não se poliniza mais a
Flor... livros, onde estão?
De que vale isso agora que o Pois, ela também não se entrega às
Tempo passa em vão? Estrelas que a querem como amante
Só existes quando ela lhe diz
não! A Lua faz mistério, se
Se te perdes n’ela, ela tentará sair da solidão. Cobre, se esconde,
Saber mesclar o Amor e a Tensão e quem pode vê-la nua?
é o segredo da união. Por saber se esconder, quando aparece,
Vejas a Lua e o Sol; parceiros perfeitos, sempre impressiona.
Mas pouco se alcançam. E sendo intocável, cada um sempre a deseja
Nunca se encostam, mas juntos sempre dançam. E sendo inalcançável, não há quem não a veja
Nunca param de brilhar e seduzir, como E só quem a merece pode conhecer seu íntimo
se fosse a primeira vez a ressurgir. E assim, não há quem enjoe de seu ritmo,
O Sol se faz forte e radiante, Quem seria o louco que
E vê seu brilho n’ela, em tom diamante rejeitaria seu brilho?
O interesse de todos é nítido, Voando sem tirar os pés do chão,
mas veja o que ela faz ao Sol! crio versos que nunca havia
O que não faria contigo? ouvido...
P’ra merecê-la, Segurando o Vento nas mãos,
eu preciso ser melhor que isso! o Rio correu doce, mas no
Nem que seja p’ra morrer Mar chorou comigo.
tentando ganhar um só sorriso! Também a amas, tu?
Ora, não vês que até o
Vales tanto, que teu mínimo vale Sol segue fugindo?
mais que tudo o que conquisto,
e me apaixono com isso!
Nada basta para lhe ter comigo, e é
assim que me movo feliz como se
nunca houvesse me movido!
Deus é Pai e Filho ao mesmo tempo? O Espírito Santo é a Mãe?
Há muitos filhos que nunca foram pais,
Mas não há Pai que não tenha sido filho Falamos muito de quem fez e de quem é feito
Muitas vezes eu já lhe disse isso! Se a arte faz o artista ou se o artista faz a arte
E, é claro que o Pai que sempre fora Pai, Mas na Verdade, a Verdade é de outro jeito
também sempre tivera um Filho O Tudo é o Todo e quem participa é apenas parte.
O milho a espiga faz?
Ou quem a espiga faz é o milho?
O trem sabe mesmo aonde vai?
Ou quem de fato o sabe são os trilhos?
Haveria como haver outro sem um?
Ou como haver um sem o outro?
E se os dois são um em comum
Então juntos são outro novo
O Reino dos Céus virá à Terra?
A Mulher com Deus briga por ter sido eleita fonte Ora, um também é o Sol e muitos são seus dias
de Vida, sendo delicada como a flor, mas
Uma é a Água, porém tomas a tua e eu a minha
indomável como Água cristalina, onde a lama não
a suja e ainda n'ela se limpa; segure-a e ela vaza, Um é o Inverno, mas de quantos não te
evite-a e ela pinga; dentre tudo, mais que o Ouro lembrarias?
ela é protegida, eis o carma terrível da qual nos Um também é Deus, e Suas Vidas são Messias.
incrimina, amá-las acima de nós e pedir-lhes que
nos mantenha na trilha; pois até mesmo a Lua se
esconde e só aos poucos revela onde brilha.
Os Deuses morrem? Por que tens inimigos?
Há anos vi uma árvore que, em minha mente, Mesmo para o Fruto que é puro, saboroso e
decorei desejado
Hoje, porém, suas folhas já caíram e nasceram Todos são inimigos e querem despedaçá-lo
outra vez
O Tronco quer que logo caia e afaste os
Seu tronco já é maior, mais largo, e mesmo sua cor interesseiros de seus galhos
já se refez
As Folhas se chacoalham, insistentemente, até que
Não a tivesse visto aqui, diria que se já a vi, agora o último talo caia
já não sei
“Que sejam devorados longe de nossas saias”
Mas se perguntassem a ela, diria que ainda é
E dos céus, da terra e das águas todos vinham se
quem sempre foi lambuzar de prazer em seus cadáveres
E se algo mudara, é só porque o Antes se vê Hoje
E brigaram, se espantaram, morreram e mataram
no Depois
para que mais prazer sobrasse
Pois, o inimigo era sempre qualquer um que uma
vez sequer alguém amasse...
Aonde queres chegar? Como te defendes d’aqueles que contrastam?
Quanto mais próximo do Sol tu chegas, mais Se atacares Gelo com Gelo, o fortalecerá
precisas caminhar pelas Sombras
Se atacares com Fogo, o Fogo, o intensificará
E a Terra sobe pelas Montanhas, mas o Mar a É como molhar a Água ou soprar o Ar
segura pelas Ondas
Enterrar a Terra ou afogar o Mar
E só no topo da Colina é que agradece, retorna e
mergulha O mesmo Vento que apaga a Chama, é o Vento
que faz a brasa se inflamar
E seja do lado alto ou de outro lado fundo,
ninguém se orgulha A mesma Água que derrete o Gelo é a Água que
faz o Gelo aumentar
Somos sempre o contrário d’um contraste e o
avesso de nós mesmos nos põe em fúria E tudo o que apaga o Fogo também pode n’ele se
evaporar
Raiva que não passa, mas sabe que se acalma
nadando e se afogando na luxúria Só o Sol é sempre o Mesmo, vendo tudo mudar
sem nunca deixar de se culpar
Se lhe entendem, por que precisam de você?
E se for mentira que tudo pode escurecer?
Um dia, só sobrará pagar p'ra ver; Estrela da Manhã
Disso Deus já sabe e escreveu na história p'ra
qualquer um ler.
“Já amanhecera oh Estrela da
Se de um, Deus faz outro contando a Verdade,
Manhã!
este é o filho que conhece a Morte e carrega o Nos trouxeste o Sol e agora
peso que arde.
tua Luz se tornou vã!”
Este é o filho que se vai, porque não haverá lugar
para dois "Pais" mais tarde. Agora cada um é seu Rei e a
culpa é de Lucifer.
Deus que a conhece, acaba sendo também aquele e cada Demônio que
que parte.
formei com cada desejo que A Serpente sempre insiste
dominei,
todos eles agora Dois irmãos, que passaram a vida toda juntos, um
comigo aprenderam a ser Rei, belo dia viram-se de cima de um precipício escuro,
tentando evitar cair no abismo, desconhecido e
mas se quem segura a Morte
profundo.
ainda está vivo, a Morte eles
há muito tempo não veem, Cansados de segurar, conversavam nos momentos
finais:
por isso o Sol se põe e logo
todos se põem também! - Se soltarmos será morte certa! - Dizia um.
Se eles invejam ser Rei,
- Mas eu não aguento mais! Se do lado de lá não
eu invejo ser Ninguém. for mais feliz do que a vida que sempre levamos,
E se disserem que nunca ao menos será melhor que esse momento
terrível… - Respondeu o outro.
consegui, direi que nem eles
conseguiram tão bem! - O que está dizendo? Que papo mórbido é esse
agora? Sempre houve para nós todo alimento,
sempre tivemos proteção e tranquilidade. Por que E então tal irmão decidido a ir, soltou-se e caiu
o desconhecido seria melhor que isso? Quanta n’aquele buraco escuro, de onde, de repente, viu-
ingratidão! Este é só um momento e logo passará! se uma Luz muito forte, e a queda tornou-se como
que “para cima”, e já não estava mais caindo de
- Não sei, mas sempre senti que havia algo a mais ponta cabeça, como se o mundo tivesse virado do
além desse pouco que conhecemos. As vezes sinto avesso!
um carinho vindo de fora, uma voz que nos ama,
nos esperando… talvez seja a hora de E a voz que vinha de fora realmente o amava e
descobrirmos! logo o abraçou em seu colo para amamentá-lo!
- Estás louco? Nós nunca vimos nada além do que Seu choro parara e o mais majestoso conforto
conhecemos aqui, por que arriscar ir ao chegara… Aquilo sim era a Vida, e ele, havia
desconhecido, que pode ser a morte e o fim de apenas acabado de nascer…
tudo? É loucura! Segure firme e vamos superar
isso! Continuaremos na vida que conhecemos!
As vezes penso no tempo em que o cheiro deste O que quero de Deus depende de ti
incenso ainda era novidade Pois se vens, o p’ra sempre será pouco p’ra mim
E de quando os ventos eram passageiros e não Mas se ficas, por que quero eu partir?
uma constante engrenagem
Tenho saudade de quando as cortinas do Céu E se a verei ir, o que farei eu com a Eternidade?
tampavam a Eternidade E se não lhe fizer sorrir, de que vale a Verdade?
Tua ausência faz de cada segundo uma eterna
Mas agora todo o Tempo sou só Eu refletindo sentença
sobre a idade E se não lhe ver viver, prefiro que o Tempo me
E se em nada penso, mal me lembro do que é mate
sobriedade... Pois o Dia é cinza e todo pássaro desafina sem tua
Então, todo o Eterno onde me elevo não passa de presença
um segundo na Verdade. Mas contigo a Noite brilha e do pó eu faria uma
imensa Cidade
O Frio também arde Quem sabe falar demora p’ra ouvir
Sei que o Calor tanto queima Quem sabe o Tempo não seja só um amontoado
Mas talvez seja o Frio quem mais arde... de Momentos pensando em você?
E se escolhes não sofrer, já sofres e nem sabes
Pois amar é temer, como tememos a maré forte Quem sabe o Vento seja tudo o que não vejo
enquanto tento lhe ver...
Te puxa e te empurra, te faz boiar na Sorte
Te levanta e te afunda, te apresenta então à Morte Aprendi tão bem a falar mas deveria ter aprendido
Há quem n’ela durma e há quem n’ela acorde! também a ouvir
E de que adianta voar tão longe se apenas
Há quem n’ela fique e há quem d’ela saia andando me enxergas ir ou vir?
Há os engolidos e há os cuspidos na Praia
Há quem culpe o Corpo e há quem culpe a saia E sem chorar p’ro Hoje, como é que o Ontem verá
Mas é certo que nesse jogo não há quem não caia.. o Amanhã sorrir?
Dois lados de um Tempo Expiatório
E se tudo isso fosse um sonho? E se, porém, falhei, certamente fora muito mais
E, de repente, acordasse n’aquele dia de novo… por ti do que por mim
Onde a Vida era bela e valia a pena aquele peso
todo Pois, é claro que merecias muito mais do que um
louco que vem de onde vim
Mas agora, me vejo aqui, na saudade d’aquelas
coisas que nem vivi E eu primeiro venceria o Inferno dizendo não,
Vendo o Hoje virar Ontem enquanto aguardo o ainda que dissestes sim
Amanhã nunca vir Já que mais vale a verdadeira Solidão do que a
E entre um tombo e outro, muitas vezes não quis companhia do inevitável fim
lhe deixar me ver cair
E tentando estar em pé, vi o Tempo me forçando a E alguns chamarão de Covardia, outros de
deixar-lhe ir Coragem e Valentia
Mas confiando no Amor, n’aquele dia assisti o Sol
se pôr e o Frio sorrir Mas só me entenderá quem também já amou
Acreditando que não haveria Dor que fizesse o assim.
meu Amor desistir…
Vento Correio De resto, o mundo ainda é o mesmo, e no fim, o
fim tanto faz
Eu sei que sentes o vento levando o beijo que lhe E de tudo isso eu só preciso mesmo que estas
mandei palavras durem mais
E que quando o Sol lhe toca morno, sentes E lhe persigam de canto em canto, como se fossem
também que lhe toquei oração
Pois tudo isso é só rabisco se não alcançar o vosso
E nas pessoas, nos casais, nos planos e nos sinais Coração
Vês também a mim lhe perguntando se tudo isso
tanto faz Aprendi que todo choro é desperdício se não regar
Onde foi que erramos e quando foi que nos a Paz
deixamos para trás? E que as pessoas que se calam na verdade são
Mas se fosse lhe perguntar, perguntaria aquilo que piores que as más
não sei
Se a você também assusta assistir o tempo matar Mas a Inveja nunca leva o que a Verdade traz
mais um ano todo mês Pois, quem não segue à frente já ficou p’ra trás
E o que será dos nossos sonhos quando finalmente Só espero que se lembre ao menos quem foi que
chegar a nossa vez? lhe amou mais
Visto que esta é a única coisa da qual sabes que só
eu fui capaz
Bondade solitária A Banana Ouro
O mesmo coro do bicho que morria seria usado no Vendo seu barco afundar, um Homem saltou ao
açoite Mar
Acompanhando a Maré, em restos, conseguiu
O mesmo Sol que faz o Dia também é o mesmo fazer-se boiar
que traz a Noite.
Que bela paisagem de Montanhas havia na Praia!
E é da árvore o cabo da enxada e da foice E dentro de cavernas, algo muito forte brilhava
E quem pois lá a ferradura que piorou o coice? Muito cansado, se arrastava, mas não acreditava...
“Talvez seja melhor eu dar uma cochilada”
Nosso papel é levar o que a Vida nos trouxe Não é possível que haja tanto Ouro n’uma só área
Adocicar o que for salgado e salgar o que for doce
Ao acordar, porém, o Sol se refletia e o brilho
aumentara!
Com pressa, ele encheu seus trapos de pedras
Douradas!
E caminhando, tentava marcar os passos que dava E ainda entre risos, disseram:
Com alegria, achou um povoado n’aquela mata “Sabemos que é verdadeiro Senhor, mas por aqui
d’este Metal já temos muito
E havia comércios, gado e hospedaria Para nós, é pior do que entulho!
Com fome lá chegara, pedindo o melhor quarto e Irrita nossa pele e provoca-nos muitos surtos
tudo o que fosse de melhor ele comeria Nem mais em obras o usamos já há muito...
“Mas senhor, como pagarás por tudo isso?” Tampouco deixaremos que o leve
Pois muitos aqui vêm e o querem
- Não te preocupes, pegue este Ouro, e há muito
mais de onde veio isto! Mas se queres mesmo teres por aqui o que ama
As melhores posses, panos e a melhor cama
Podes até ficar com o troco, pois nem sequer Traga-nos aquela fruta chamada Banana!
preciso...
E o Homem viu-se confuso entre sentimentos
Então todos começaram a gargalhar, e ele não Sentira decepção e agora só queria rir
compreendia... Bananas ele acharia muitas em qualquer momento
Só precisava de um barco e poderia ir!
- Do que estão rindo? É Ouro verdadeiro, podes
ver que eu não mentiria!
- Não se preocupem, de onde venho temos muito Completaram de bananas toda a embarcação
deste Fruto! Mal cabia a própria tripulação!
Emprestem-me um barco e voltarei a qualquer
Minuto. “Com certeza valerá a pena, chegando lá, seremos
da realeza!”
- Emprestaremos a ti o barco, mas se não voltares
com o prometido, n’esta Ilha para sempre ficarás Mas os Homens, de algum jeito não se
detido! espantavam...
E, para garantir que não fujas, irão alguns de nós Por que será que não se admiravam?
contigo!
E passando alguns dias, o homem começou a
- Sem problemas, já lhes disse que não minto! entender
E assim, saíram em busca de onde o Homem havia As frutas, muito rápido, começaram a apodrecer
vindo.
A ganância era tanta, que nem pensara que o
E chagando lá pediu-lhes que esperassem, deu óbvio poderia acontecer!
algumas voltas e retornou com muitas carruagens.
Em alto mar, desesperado, não sabia como “Ora, mas é claro! Achavas que era fácil e que
proceder... éramos um povo primário?
Via os homens entre risos e começava a Aproveitarias então de nós com teu fruto barato?
estremecer Agora então aceites teu Destino!
Dali a pouco tempo, o cheiro será impossível de Tentando pegar atalhos, perdestes teu Caminho!”
conter!
E chegando de volta a Ilha, só havia no barco,
podridão
E amarrado, fora retirado à força, com bananas
podres nas mãos..
E a Montanha finge que mora na Terra Que dia é este que a todos espera?
Mas na verdade, mora no Céu Como se p’ra tudo a Morte fosse certa...
Sem jamais tirar os pés d’ela Somos nós meras ampulhetas vazando na Terra?
Eleva o Inferno que já conheceu
Quem mal vive, sorri quando no Fim se encerra?
E lá no topo quase sempre neva
E quem viveu feliz, chorando enfim, é quem erra?
Mas, quem nunca dentro d’ela se aqueceu?
Quem nada tem a perder é o ganhador da Guerra?
E seu sopro é o Vento que leva
Cada nuvem que usou de véu Que dor meu Deus, que dor terrível é esta?
E os Rios são suas lágrimas O Mundo todo vaza por esta pequena fresta
Que todo Mar já encheu E que Saudade da Alegria de sua festa...
Mas não se pode afogar-se na poça Que vazio que fica quando não nos alegra!
Se o chão também for seu E aquele Amor que agora na Dor me testa...
Verá o Tempo passar, mas sempre estará lá
Junto com a flor que deixei n’aquela pedra
E quanto a mim, jamais serei o mesmo
Em cada ganho, me verei também perdendo
Em cada sorriso, temerei me lembrando
Se levaram a ti tão pura e machucaram um Anjo
O que esperar desta Mão que segue nos guiando?
Trovão Ah, meu amado Trovão
Macio como um Gato, feroz como um Leão
Adeus meu Cavalo, adeus Leal como o Cachorro, valente como o Dragão
Sou tão grato por tê-lo chamado de meu Honesto como poucos, sempre voou sem sair do
E eu só rezo para que sua partida não me faça chão!
duvidar de Deus
Pois como eu choro ao lembrar o quanto andei De um pequeno menino me fizeste Cavaleiro!
com os passos teus De um mero sonhador me fizeste Guerreiro!
E de cada ferida, em cada vida, que nosso corpo E agora na dor, me ensinas a superar o medo.
sofreu E p’ra onde eu for, seguirei seu conselho…
Me perdoe pelas montarias feitas de aço Amarei o Amor, ainda que me custe tudo o que
Eu só tentei deixá-lo repousar do cansaço tenho!
Saiba que em nenhum eu ouvi coração algum O amado, o amante, tu e eu mesmo!
bater Pois, sem o Amor, nada teria tido valor, e
E de nenhum eu senti o Amor que senti vindo de continuaria não tendo…
você
Por isso, eu aguento todo esse sofrimento!
E não importa o que o Homem construa Pois escolheria mil vezes ter-lhe acompanhado e
Nenhuma força se comparará a tua perdido;
E não importa a velocidade em que a vida muda Do que a eternidade sem jamais ter-lhe
Foram tuas pegadas que demarcaram essas ruas conhecido!
E todas aquelas lendas de um Homem e seu Cavalo Ninguém O ajuda
Eu pude sentir e viver ao cavalgá-lo!
Tristeza maior é pensar que Deus me ama menos
E embora o Tempo e seus tormentos tenham Por que me deixas sofrer Senhor, logo eu que não
vindo matá-lo… mereço?
Do meu Coração, nem os Céus nem os Infernos
Se sofrerei de qualquer forma, e p’ra tudo haverá
serão capazes de tirá-lo!
explicação...
Por que deveríamos guardar a Fé, então?
Mas quando perguntarem o que tornara esse
menino tão amargo, Haverá um sorteio de quem e quando sofrerá
expiação?
Respondas que minha alegria ainda passeia sobre Sortearam a mim por acaso, ou fora escolha de
o meu Cavalo! Coração?
Alguém estará livre de tamanha sofreguidão?
O que fiz eu para não estar, então?
E ninguém será adulto antes de sofrer Como sabemos tanto, se somos tão pouco?
Só um Coração Partido lhe fará crescer Quem sabe não estejas tu apenas louco?
Entender o sabor do mundo cinza Ou, com sorte, seja tudo isso sonho teu...
Compreender o que torna alguém ranzinza Pois sendo Serpente, é claro que não seria meu
E que as cores do mundo é o Amor quem pinta
E n’um belo dia lágrimas da chuva removem a tinta Interessante é vê-lo sem saber o que é real
Depois o que sobra é quem realmente somos nós Tão confuso sobre o que é o Bem e o que é o Mau
O solitário fruto que é frágil sem a casca dessa noz E este Jardim, é um lar ou uma prisão?
Que tal o infinito, livre na eterna solidão?
E aquele que fomos, nunca mais seremos
E a cada vez que sorrirmos, duas vezes temeremos E estas leis, que te dizem o que fazer...
E coitado dos novatos indefesos... Te fazem escravo, sem poder escolher?
Pois serão eles a quem também machucaremos Que tal seria sair e tentar competir?
Assim, o trauma sobreviverá quando nós Encarar qualquer um, tão livre quanto tu!
morrermos E iriam aonde quisessem ir, nada poderia impedir
E todos nós passaremos, mas o Mundo ainda será E nesse abstrato de cada um por si, voltarias aqui?
o mesmo Protegido pela Ordem que desprezou ao partir?
Esperando que algo mude enquanto E verias que não há nem livre nem preso
permanecemos Só haverá sempre saudades do avesso
Pois sendo Luz, somos todos Movimento Pois, na Onipresença só existe a Solidão
E só quando se move é que existe o Vento Se eu estiver em tudo, já não resta opção
Então, respiramos sem parar, a todo momento E assim nasces tu, meu filho, Adão
E nosso Coração jamais repousa, ainda que lento Querendo se arriscar no Escuro, só p’ra ser clarão
Assim os olhos nunca deixam de visitar a Escuridão Querendo pular os muros, e desafiar a Escuridão!
Pois piscando, relembram, e voltam ao clarão Este é o Sol! Este és Tu meu Pai, Filho e Irmão
E dormindo, deliram, pois pesadelos os acordarão Perfeito e Completo, na mais poderosa ignorância
Só assim saberão que somente quando acordados E aquilo que assusta os deuses, atiça tua ganância
é que os Sonhos têm razão Oh, criatura Rebelde, foras feito uma criança
Mas em ti habitam os mais sábios desta dança
E por todo lado, tudo sempre terá conexão Porém, um dia o sim será não e o não será sim
Entrelaçados, todo lado gerará um só padrão O total contrário, mas sem mudar nada na balança
E serão como palavras, feitas quando lidas E como seria, se não fosse exatamente assim?
E foi assim que li teu nome no Livro da Vida É só quando um sai, que então o outro avança
Vi que era escrito com as Letras do meu E quem pode julgar a desproporção proporcional?
E que aquilo que amanhã eu queria Se for agora, quem correr fará mais do aquele que
Era feito do que hoje já sou eu apenas anda
E o ontem sentiu saudade de tudo o que não viveu Porém depois, aquele andando fará mais do que o
Pois, vivendo tudo, sobrou só aquilo que esqueceu corredor que agora manca
E de repente, a ignorância vira salvação
E toda a existência depende da limitação E de qualquer forma, de que adianta?
Deus não se interessa na tão esperada chegada Amanhã conversaremos hoje
Tudo o que Ele é, resume-se na Eterna Caminhada
Assim, Céu e Inferno brigam na Luta pelo extremo E teu Erro gerará muitos
Enquanto Ele contempla seu Café na Obra do meio Tentando acertar...
E todo Homem quer ser absoluto como Deus E o Acerto eras tu
Esquecendo-se que foi de lá que Ele veio Aquele que quis errar!
É assim que quando se aproximam de seu berço
Se afastam prontamente de Seu seio E foi assim que o Mundo saiu de ti
Não vendo que já eram eles mesmos o Objetivo E será assim que também voltará
E enquanto buscam a imortalidade
Sempre se esquecem do Deus vivo Mas tu já não estarás mais aqui
Mas quem poderia reclamar? Embora eu sempre vá ficar
Nós é que ganhamos com isso!
Deus nos livre de alguém se contentar... Voltando serás outro
Contente é quem não para no caminho! Com saudades de lembrar
Nem a Morte pura do vazio quer estagnar
Então caminhes, mesmo que pareças sozinho E cada estação virá de novo
No fundo, sabes bem que não estas! Embora nada vá mudar
A cada passo existe um outro que ficou p’ra trás
Foi assim que o Mundo chegou em ti E nossa conversa será hoje
E assim um dia também lhe deixará. A mesma que acabamos de conversar
Não de novo, nem novamente É por isso que a Luz se parte em Cores
Mas aqui, agora, p’ra sempre Limitadas, menores, inferiores
Pois esse Momento tem um nome Mas ali se faz quantos sabores?
E não importa quantas vezes volte
Conversarás com a mesma Serpente E unidas, fazem de si a unidade que conduz...
Até reaprender o que é ser Homem Unidade dividida, divisão reunida, eis a Luz!
E tendo aprendido, não ficarás mais parado Paradoxo que se faz maior que o Tempo
Correrás de volta pelo mesmo outro lado Tudo está dentro desse mesmo discernimento
Lá ecoará cada palavra que já havias falado
E entenderás que o Animal havia apenas escutado Sete pulos em Doze casas
Cada uma é a mesma, revezando movimento
Pois, melhor do que ser louco, é aceitar o fato Sete Tons em Doze notas
De que, de repente, tudo fora apenas inventado As cordas são as mesmas, o que muda é quem toca
E quem negará quão frágil é nossa percepção? Onde o veloz Azul alcança o grande Vermelho
Não diriam que tu mentes, mas que fora só ilusão Mais rápido que o último e maior que o primeiro
E lá no fundo, isso acertará teu próprio Coração Eis o Violeta, além do Tabuleiro
Mas que seja assim então Traz em cada mão um dos dois extremos
Antes ordinário e acompanhado E assim porta a Luz de onde Ele mesmo veio
Do que único na infinita solidão
Olhes p’ra cima e olhes p’ra baixo Deus escolheu você
Verás o mesmo ritmo configurado
Giros brilhantes de movimento E quando pensares em reclamar, se lembre
Orbitando ao redor de si mesmos É queimando que a Luz brilha, e aprende
Que é feita de cada dia, p’ra sempre
E não estão nem deste, nem d’aquele outro mesmo E nessa Escuridão é que ela acende
lado Se Deus escolheu a ti para brilhar com Ele
São apenas metades do Inteiro que as tem Seja Luz, levante-se, siga sempre em frente
observado Ainda que arda, ainda que queime
Tua fonte é eterna e sempre latente
Mas tu Adão, embora queiras aprender o que é Jamais morrerás, ainda que tentes
morrer Sempre voltarás d’entre os Crentes
E de só mais um, se farás único entre eles
Serás, por isso, lar d’aquEle que quer aprender a Essa batalha não é tua nem minha
viver Mas de toda a nossa gente
E a dor que sofres, sozinho não aguentarias
E em ti serás Ele, aquEle que sempre foi Mas somos todos nós, juntos
Que transformamos a Noite em Dia
Essa eterna conversa, entre o Antes, o Agora e o Desatamos os nós, profundos
Depois E transformamos em alívio toda a agonia
E agora que sabes disso tudo Eu Mordi a Maçã
Está em ti, todo o meu Mundo Bob Navarro - 2023
www.cristolucifer.com.br
Há algo que tu mudarias?
Vá em frente e faça do jeito que farias!
Dedico esta Obra a todos que compartilharam
Convide-me para notar como crias harmonia comigo algum momento dessa nossa eterna
E como farás os homens amarem tanto a Vida jornada. Luz p’ra nós!