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À G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’.

A.’. R.’. L.’. S.’. Obreiros de Santo Expedito – 706


V.’. M.’.
Ir.’. 1º Vig.’. e Ir.’. 2º Vig.’.
Ms.’. Iir.’.
S.’. S.’. S.’.

Segunda Instrução

Tema: O Painel da Loja

Introdução

A origem da palavra provém do espanhol, significando “pano”, no sentido


de “quadro”, ou seja: “quadro de pano”. Hoje, esses Painéis são
confeccionados com material rígido, em forma de quadro, medindo
aproximadamente 50 x 80 centímetros, sem medidas exatas e rigorosas.
Antigamente, nos primórdios das reuniões maçônicas, o Painel era desenhado
com giz ou carvão, diretamente sobre o piso da Loja. Eram desenhados os
principais símbolos do Grau e encerrados os trabalhos o painel era apagado.
Somente no final do século XVIII é que o painel passou a ser bordado no
formato de um tapete, que, conservado “enrolado”, só era desenrolado para a
abertura da Loja.
Desenvolvimento

O Painel da Loja

O Painel da Loja representa o escopo filosófico do ofício do Ap.’.. Nele


se resumem todos os símbolos necessários para o estudo de si mesmo e de
suas responsabilidades para com os seus semelhantes e principalmente para a
progressão no grau.

Em função da diversidade de símbolos e alegorias presente no Painel


da Loja, optou-se por escolher a Forma da Loja, o Pavimento Mosaico e a
Orla Dentada para serem analisados no presente trabalho.

A Forma da Loja é a de um paralelepípedo em comprimento do Oriente


para o Ocidente, em largura de norte a sul, em profundeza da superfície ao
centro da terra, e até tão elevada quanto ao céu, ao qual simboliza a
universalidade de nossa Instituição, da ciência e da natureza ilimitada da
caridade do Maçom, porém, sempre resguardando os limites da prudência.

A Orla Dentada mostra-nos o princípio da atração universal simbolizada


no Amor, a permanente união dos maçons. Retrata, com seus múltiplos
dentes, os planetas que gravitam em torno do Sol bem como os IIr.’. em que
com afeto estão ao redor do Pai. Pode-se representar os “dentes” das orlas
como equivalentes aos “elos” da Cadeia de União, em que cada maçom se
constitui em um “elo” e fora de sua formação fazem parte dos “elos em
expectativa”, para reunidos atuarem em conjunto e seu encadeamento
demonstra um sentido de “entrelaçamento secreto”. Demonstra, também, o
caminho a ser trilhado pelo maçom para dentro de si mesmo, para um
mergulho em seu interior, para chegar ao campo transcendental e se impregnar
da energia do Eu Supremo.

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O Piso Mosaico apresenta o dualismo em todos os aspectos
simbólicos. O dualismo impõe uma escolha; não se pode abarcar ao mesmo
tempo a presença e ausência, o dia e a noite, apontando a incerteza de todas
as coisas aqui na Terra. Hoje, nós podemos viajar em prosperidade, mas,
amanhã podemos cambalear no caminho acidentado da fraqueza, tentação e
adversidade.

Conclusão

A Forma da Loja; remete-me ao cérebro humano, onde a região dos


lobos frontais está para o Oriente, responsáveis por interpretar informações e
símbolos, por organizar nossa lógica, tomar decisões retas e justas associadas
à utilização de nossa Régua, por estabelecer objetivos e planos e monitorar
nosso progresso rumo a essas metas.

Observo em meu dia-a-dia quando enfrento decisões que necessitam de


organização e lógica, quando me concentro para buscar um objetivo, alcançar
uma meta.

O lado direito do cérebro ao Sul, atuando junto à caridade, a abstração,


a exatidão, demonstrada pela Pedra Cúbica. De acordo com Adoum, Jorge
(2010, p. 86) “O cérebro direito é o instrumento da Mente Divina; todo o
pensamento altruísta procede desta parte. O sol espiritual derrama nele seu
manancial de iluminação e nele manifesta o reino da espiritualidade”.

Percebo em minhas escolhas que necessitam de entrega, quando


mergulho na abstração de minhas ideias, utilizando a fé para guiar minhas
escolhas e decisões.

O lado esquerdo atua preponderantemente com os detalhes, o exercício


das palavras, o desenvolvimento da gramática, aspectos essenciais aos AAp.’.;
o Ocidente representa as regiões do tronco encefálico e do cerebelo.

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Em relação ao lado esquerdo percebo quando escrevo as pranchas de
meus trabalhos, quando me detenho nos detalhes, medito sobre eles, observo
suas nuances e desenvolvo minhas articulações retóricas.
O tronco encefálico representa o surgimento das expressões mais
básicas e os instintos mais primitivos, e o cerebelo responsável pela
manutenção do equilíbrio e controle do tônus muscular ao qual é diretamente
responsável pela aprendizagem motora, simbolicamente expressos na
aprendizagem de utilização do Maço e do Cinzel e com a condição que
adentramos ao templo vindos de nossa vida profana.

Identifico quando lido com meus aspectos mais primários, minhas


decisões impulsivas e que tanto necessitam do desbaste, da melhor utilização
do Maço e do Cinzel.

O córtex cerebral, representando a abóboda celeste, representa a


reunião das principais funções do pensamento, responsável pelas funções
mentais complexas, aos quais são infinitas devido a imensa capacidade mental
do ser humano.

Sinto minha abóboda celeste quando medito, quando percebo que estou
seguro em sua proteção para poder mergulhar em meus aspectos mais
profundos sabendo que ela me resgatará, que poderei do fundo de minha
meditação “olhar para cima” e observar sua vastidão e a esperança que ela
proporciona.

A Orla Dentada; identifico com a representação dos neurônios e suas


inúmeras conexões que podem ser observadas nos vértices da Orla Dentada;
são através dessas conexões, realizadas pelos neurônios, que construímos
nossas relações com as pessoas e com o mundo e desenvolvemos a
esperança na humanidade, quanto mais forte e plural, mais intensa e
complexa será; sua característica de circularidade e rotação remete-me às
múltiplas conexões que vamos fazendo durante a vida, entre escola e família,
família e trabalho, trabalho e amigos, dentre outras infinitas possibilidades.

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Vivencio minha Orla Dentada nos abraços que compartilho com os IIr.’.,
quando realizo um aperto de mão no trabalho e quando fortaleço o vínculo com
minha esposa através do olhar terno e comprometido que sustentamos em
todos os momentos de nossa relação.

O Piso Mosaico; representa para mim a função que a estrutura cerebral


do corpo caloso realiza na ligação entre os dois hemisférios do cérebro,
equilibrando suas interações, suas funções, ao qual se pode depreender dos
quadrados brancos e pretos, simbolizados pela dualidade das opiniões, das
escolhas, dos momentos de “fazer uma coisa e abrir mão de outra coisa”, das
situações em que “calamos o coração em função da razão ou vice-versa”, da
capacidade de sermos caridosos diante das contradições dos outros, enfim,
dos momentos dinâmicos que precisamos utilizar com equilíbrio as diversas
habilidades que nosso cérebro nos proporciona.

O aspecto de transitividade e profundidade se torna impactante para


mim, quando olho para o Piso Mosaico; quando caminho, me movimento pelo
mundo, pelas coisas do mundo, em suas diversas expressões, suas
características binárias, duais. Quando tenho que me aprofundar e sinto as
perspectivas do mosaico, ou quando não me aprofundei e sinto a
superficialidade do piso, seu significado e consequências de mudar de atitude e
encontrar novas perspectivas.

Por fim, o Painel da Loja, ao qual concebo em três momentos:

1. Internamente, construído como um raciocínio dedutivo, interpretando


do geral para o particular, como um significativo mapa mental, uma
expressiva imagem mnemônica, um profundo caminho evolutivo de
nossa consciência quando internalizamos seus caminhos, quando o
gravamos em nossa mente e coração;
2. Externamente percebido como um raciocínio indutivo, partindo do
particular para o geral, quando me imagino dentro do Painel, cercado
por seus símbolos, em que ele representa meu universo, tudo aquilo
que preciso em determinado tempo e espaço para minha evolução;

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3. Singularidade das Relações. O último e mais belo momento para
mim, quando interagimos em Loja e, ao estudar seus diversos
significados, transcendemos nossa individualidade, modificando-a e
ao mesmo tempo modificando as individualidades dos IIr.’.. Dessa
forma, seus símbolos representam conceitos e ideias que
produzimos e consolidamos em nossos caminhos e objetivos aos
quais se reorganizam constantemente e, de acordo com nosso
Ritual: “(...) representa o caminho que deveis trilhar para atingirdes,
pelo trabalho e pela observação, o domínio de vós mesmo”.

Bibliografias:

1. Adoum, Jorge, Grau do Aprendiz e Seus Mistérios, 1° Grau - 1ª


edição (21ª reimpressão), São Paulo: Pensamento, 2010.
2. Camino, Rizzardo da, A cadeia de união e seus elos – São Paulo:
Madras, 2006.
3. Camino, Rizzardo da, Breviário Maçônico - 5ª Edição, São Paulo:
Madras, 2010.
4. D´Elia Junior, Raymundo, Maçonaria: 100 instruções de aprendiz –
São Paulo: Madras, 2010.
5. Lomas, Robert, O poder secreto dos símbolos maçônicos, tradução
Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Madras, 2014.
6. Ritual do Aprendiz Maçom - 7ª Edição, São Paulo: GLESP, 2010

Que o G.’. A.’. D.’. U.’. nos ilumine, inspire e proteja.

Ir.’. Weder de Oliveira Junior

Or.´. de São Paulo ___ de ___________ de 2018 – E.´.V.´.

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