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O Aprendiz e a Pedra Bruta

Nome do Autor: Caio Andrade da Silva


C.I.M.: 4756/23
Apr.: M.: Caio Andrade da Silva
INTRODUÇÃO
O Grau do Aprendiz filosoficamente, vem consagrado ao desenvolvimento dos
princípios fundamentais de Sociedade (Maçônica e profana) e ao ensinamento de suas
leis e costumes compreendidos nas seguintes expressões: Deus, Beneficência e
Fraternidade. Deus, porque constitui um princípio consagrado; o Maçom deve crer na
existência de Deus, caracterizado historicamente através das Sagradas Escrituras.

Beneficência, porque o coração do Maçom não pode permitir que um Irmão (membro
de sociedade) padeça necessidades.

Fraternidade, porque todos os homens são filhos de Deus, portanto, simbólica, histórica
e filosoficamente, nossos Irmãos.
O Aprendiz e a Pedra Bruta

O Aprendiz cumpre esquadrejar a Pedra Bruta com trabalho, capacidade, persistência e


fé.

Sem preparar a Pedra Bruta, não poderá, o Maçom, entregar-se à construção do Edifício

moral, físico e espiritual; essas três fases resultam em construção de um edifício


material e espiritual que é o corpo humano, compreendida a razão e a vida.

A saída do estado de imperfeição somente é realizada através do trabalho.

Esse trabalho, quanto ao Aprendiz é auxiliado pelos seus Irmãos de idade maior (2º e 3º
Grau).

O Maçom trabalha em um Templo onde se encontra a Loja que por sua vez mantém
uma Oficina.

A primeira máxima lembra que o Maçom deve estar, sempre, pronto a acolher um
pedido baseado na Justiça; a segunda, que ele deve usar da maior perseverança na
procura de Verdade para

conseguir encontrá-la e a terceira, que o seu coração deve estar, sempre, aberto aos
Irmãos que peçam.
O Neófito (em qualquer Loja de Aprendizes) é denominado membro ativo da Grande
Loja de São João.
Segundo a tradição, vem do tempo das Cruzadas, dos Cavaleiros Maçons que se
reuniram aos Cavaleiros de São João de Jerusalém, mais conhecidos como Cavaleiros
Templários, para combater os infiéis; o nome de São João teria sido uma palavra de
ordem proposta pelos Templários e por esse motivo, toda Loja Maçônica passou a
denominar-se de Loja de São João.
Os trabalhos dos Aprendizes abrem-se ao "meio-dia" e encerram-se à "meia-noite".
Ragon afirma que essa proposição possui referência com os trabalhos de Zoroastro que
os exercitava em igual tempo. O Aprendiz possui três anos. Segundo Ragon, isso teria
relação com os antigos mistérios aos quais os aprendizes só eram admitidos três anos
após a apresentação. Segundo Vassal, tal frase encontraria a sua origem nos mistérios
egípcios, nos quais o iniciado no primeiro Grau, corresponderia ao nosso Aprendiz,
ficaria três anos afastado do mundo profano.
No sentido simbólico, a idade de três anos é atribuída ao novo Iniciado para indicar que
ele conhece o valor alegórico dos números, sendo o três consagrado ao Aprendiz.
Em razão disso, nesse Grau, idade, marcha, viagens, sinais, Toques, abraços, bateria e
aclamações, contam-se por três. A marcha do Aprendiz é com três passos que formam
um ângulo reto.
Cada passo indica a retidão do caminho que o Maçom deve seguir na jornada da vida; e
todos os três unidos indicam que essa reta deve ser conduzida até o Terceiro Grau, ou
seja, ao "superlativo".
O sinal do Grau compõe-se de três movimentos, sendo que o da "ordem" será o
primeiro. Esses três movimentos reunidos oferecem uma forma que lembra todas as
imagens simbólicas do Triângulo.
O sinal de ordem que por si só representa um ângulo reto, é símbolo da postura que
deve presidir o discurso do Maçom. O toque, que possui, também, três movimentos,
sendo que dois, precipitados e um lento, simboliza a atividade e a continuidade com os
quais deve ser orientado o trabalho.
A bateria por três representa, a atenção, o zelo e a perseverança necessários para
cumprir a obra maçônica.
O tríplice abraço é a imagem do afeto fraterno que une todos os Maçons.
Por fim, a aclamação, também essa, por três, exprime os votos formulados aos Maçons
por cada irmão, por cada Loja em particular e para a prosperidade maçônica em geral.
O que devemos entender pelas palavras: "Três governam a Loja"?
Se, no sentido literal, esses são o Venerável e os dois vigilantes, devemos recordar que
no sentido simbólico, o número três representa em especial a Deus, Inteligência e
Virtude. Por conseguinte, essa proposição significa que a loja, ou melhor, a Maçonaria
tem por Mestre, somente a Deus, por guia nos trabalhos, a Inteligência e por finalidade
de suas ações, a Virtude. ¹
É importante ressaltar que muitos símbolos maçônicos têm formas
de ferramentas de pedreiros, conotando a antiga “herança” dos
pedreiros medievais. A pedra bruta, refere-se à alma do maçom que, por meio do ato
simbólico, deve ser polida e transformada em uma pedra elaborada, como uma
expressão do resultado do trabalho alquímico.
A PEDRA BRUTA é o símbolo do Grau de Aprendiz Maçom. Ela representa a natureza
humana, ainda não trabalhada, rústica como o homem é encontrado na sociedade.

Simboliza a imperfeição espiritual do homem, independentemente de suas qualidades


profissionais e de sua posição social. Representa o começo, o início de todo o
ensinamento que a Maçonaria transmite a seus adeptos. Sua aparência grosseira, tal
como se encontra na natureza, passa forte imagem de algo que precisa ser desbastado,
lapidado, assim como o homem pode se tornar mais polido e útil. Os Aprendizes,
Profanos recém-Iniciados, trabalham a Pedra Bruta para transformá-la em Pedra Cúbica
que possa, ao lado de outras pedras, ser usada na construção do edifício social, do meio
de onde foi extraída.

No período da Maçonaria Operativa, entre as várias tarefas dos Aprendizes estava o


oficio de Cantaria, ou seja, o ofício de dividir, cortar, esquadrar as pedras para as
construções. Porém, com a transferência da Maçonaria Operativa para a Especulativa, o
primeiro grau de aprendiz foi alicerçado na filosofia simbólica. Até um passado recente
costumava-se dizer que fulano de tal parecia uma pedra bruta devido a sua ignorância.
A natureza desse tipo de pessoa se deve à falta de educação, visto que, nos primórdios
da civilização os homens não se entendiam a não ser pela força. À medida que foram
civilizados e educados, passou-se a ter entendimentos, acordos, formação de sociedades,
surgindo então, homens cultos, sábios e instrutores da formação. 3

A pedra bruta é a matéria prima do mundo. Forma os relevos, cerca os oceanos e


sustenta as casas. Os solos, que sustentam os vegetais, base de todas as cadeias
alimentares, são formados pelo desgaste das rochas; assim, não é exagero dizer que as
pedras estão na origem de tudo. Nas pedras estão contidas todas as formas e
possibilidades, desde as mais bizarras, imperfeitas e insignificantes, às mais sublimes,
harmoniosas e imponentes. Algumas já trazem em si marcas que irão interferir em seu
entalhe, ajudando ou atrapalhando; outras, pela sua sinuosidade, material e origem,
definirão melhor o seu acabamento; mas todas hão de ter, em seu íntimo, as formas úteis
ao grande projeto da humanidade. A quem se propõe desbastar a pedra bruta cabe o
trabalho de esculpir, descobrindo a perfeição escondida em sua forma primitiva.

Antes de iniciar o entalhe de sua obra, o escultor para em frente à pedra, analisa-lhe
cada detalhe, e, para compô-la, tem que enxerga-la dentro da pedra. O tamanho, a cor e
a forma, alongada, cuboide ou arredondada são importantes, mas tem muito mais. Ele
examina, calmamente, e nenhuma depressão ou aresta de sua superfície lhe passa
despercebida, mesmo aquelas escondidas sob a pedra podem aflorar como a
característica dominante de sua escultura. A solidez do material, assim como sua
maleabilidade e homogeneidade, também são pesquisadas, para então o trabalho ser
iniciado.

O termo desbastar é bem mais amplo do que se percebe ao primeiro exame, e é esta
abrangência que dá luzes sobre o trabalho da Ordem.
A Maçonaria não acrescenta nada à matéria prima. As Colunas estão contidas em cada
Maçom. A Ordem fornece as ferramentas necessárias para desnudá-las e, depois,
aproveitá-la para o bem da humanidade. Ao ser iniciado, então, devemos nos dedicar ao
trabalho, para que sejamos uma Coluna bela, forte e sábia, como esperam os Irmãos que
nos iniciaram.
As marcas, deixadas ao longo da vida, são infinitas e de infinitas características,
algumas evidentes, mas facilmente aparadas, outras, embora discretas, representam
passagens delicadas de nossa história exigindo, portanto, mais atenção do obreiro. Os
vícios são fissuras recorrentes que enfraquecem a Coluna e serão sempre obstáculos ao
entalhe perfeito.

Os caminhos que percorremos em nossa vida trazem as marcas de nossa caminhada, às


vezes, de nossas qualidades, mas, muitas destas, de nossos defeitos, pois estas marcas
são mais evidentes. Para desbastar a pedra é preciso rever e, se possível, reparar os
estragos e pagar os prejuízos, para que estes não voltem a nos marcar futuramente,
como se fosse uma prova de um crime que tentamos ocultar.

A solidez de algumas almas, por vezes, é sustentada por preconceitos e mentiras, que
formam um campo de força de difícil transposição, mas que, uma vez quebrado, revela
incrível fragilidade. A maleabilidade excessiva também é um risco, pois pode
demonstrar dificuldade de aglutinação, seleção e organização das informações
recebidas, não formando uma base confiável, mesmo com ferramenta e tecnologia
adequadas à disposição. O estudo, que é sempre fundamental, nestes casos, é
primordial, para não se correr os riscos de apenas trocar de preconceitos, ou, ainda,
impressionar erroneamente com falsos conceitos sobre a Ordem, jogando ao fogo todo o
método e o mérito desta milenar Instituição.

As lascas que se desprendem do trabalho do Aprendiz Maçom também são importantes,


e não devem ser abandonadas com desprezo, tornando-se pedras nos caminhos alheios.

Trabalhar a pedra bruta é permitir que, assim, como os homens da pré-história, o


Aprendiz crie em sua alma um ambiente propício à sua evolução, para compreender e
permitir os trabalhos nos sucessivos Graus de Companheiro (a idade da pedra polida) e
de Mestre (a idade dos metais).
BIBLIOGRAFIA

1 Aprendiz Grau 1º Rizzardo do Caminho – Retirado do livro R.’.E.’.A.’.A.’. Loja de


Perfeição.

2 Marcel Henrique Rodrigues – Maçonaria e Simbologia: Uma análise do preconceito


através da história e da psicologia

3 A pedra bruta https://www.maconaria.net/a-pedra-bruta/

4 A Pedra https://martinlutherking63.mvu.com.br/site/livro-aberto-10---a-pedra/oET10-
2POQTY-3/atr.aspx

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