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A.·. R.·. B.·. L.·. S.·.

EXCELSIOR Nº 2391
Oriente de São José dos Campos – SP

A PEDRA BRUTA
Para que possa expor sobre A Pedra Bruta, acredito ser necessário possuir esclarecimento sobre
virtude e vício, sendo que o primeiro devemos adotar como premissa, enquanto o segundo
rejeitar. Pois, seguindo o caminho das virtudes, nós aprendizes maçons seremos capazes de
conseguirmos nos transformar e nos regenerarmos, para adquirir novas qualidades, sem deixar
de ser o que éramos antes, mas que consigamos atingir uma progressão de caráter, uma
mudança para melhor, sem perder nossa essência, combatendo a ignorância em todas as suas
manifestações, de maneira que possamos garantir a liberdade e tolerância, além de praticar a
justiça, a beneficência e a fraternidade, e sempre levantando templos à virtude e cavando
masmorras ao vício.

Tamanha é a importância deste elemento, que logo após recebermos do Venerável Mestre o
tríplice e fraternal abraço, o Irmão Mestre de Cerimônia nos conduz ao Irmão 1º Vigilante para
que este nos ensine a trabalhar na Pedra Bruta, ou seja, pedem para que nos ajoelhe com o
joelho esquerdo, e nos orienta a dar três leves pancadas com o Malho sobre o Cinzel, que se
encontra apoiado na referida pedra.

A condição e estado de aprendiz referem-se de forma precisa a nossa capacidade de aprender;


somos aprendizes enquanto nos tornamos receptivos, abrindo-nos interiormente e colocando
todo o esforço necessário para aproveitarmos construtivamente todas as experiências da vida e
ensinamentos que de algum modo recebemos. Nossa mente aberta e a intensidade do desejo
de progredir determinam esta capacidade. Estas qualidades caracterizam o Aprendiz e
distinguem do profano, seja dentro ou fora da Ordem. No profano prevalecem a inércia e a
passividade e no maçom existe um desejo de progresso ou uma aspiração superior, onde
encontram-se como sepultados ou sufocados pela materialidade da vida, que converte os
homens em escravos completos de seus vícios, de suas necessidades e de suas paixões. A Pedra
Bruta representa o homem com seus defeitos e o esforço a ser realizado no aperfeiçoamento
interior. Enquanto o Maço e o Cinzel representados de forma unida simbolizam a associação da
vontade, e a inteligência da força e o talento.

A Pedra Bruta é a primeira alegoria com a qual o Aprendiz Maçom toma contato; trata-se da
imagem de um jovem pedreiro ou escultor olhando para um bloco de pedra bruta tendo nas
mãos um malho e um cinzel. A pedra bruta em estado natural simboliza a imperfeição espiritual
do homem, independentemente de suas qualidades profissionais e de sua posição social.
Representa o começo, o início de todo o ensinamento que a Maçonaria transmite a seus
adeptos. Sua aparência grosseira, tal como se encontra na natureza, passa forte imagem de algo
que precisa ser desbastado, lapidado, assim como o homem pode se tornar mais polido e útil.
Os caminhos que percorremos em nossa vida trazem as marcas de nossa caminhada, às vezes
das nossas qualidades, mas muitas vezes dos nossos defeitos, pois estas marcas são mais
evidentes. Para desbastar a pedra é preciso rever, ou melhor, concertar os estragos e pagar
pelos prejuízos, para que estes não voltem a nos marcar futuramente.

A Pedra Bruta representa o Obreiro (Aprendiz) cheio de imperfeições, que somente alcançará o
estágio de Pedra Polida quando se houver livre das paixões e dos vícios, praticando o bem a seu
semelhante, desprezando o materialismo consumista dos dias de hoje, e procurando participar
de uma sociedade mais justa e perfeita, através da prática da fraternidade, deixando
transparecer suas virtudes de homem íntegro.

O Malho simboliza à vontade, a energia e a decisão necessárias para vencer e superar


obstáculos. Não é uma massa metálica, pesada e bruta, pois a vontade não deve ser nem
obstinação, nem teimosia. A vontade deve ser firme e perseverante. Como o homem não pode
agir diretamente sobre a matéria, o Cinzel serve, então, de intermediário. Além disso, o Malho
age de forma descontínua, simbolizando que o esforço não pode ser perseguido sem
interrupção, e também que uma pressão contínua sobre o Cinzel tirar-lhe-ia a precisão.

O Cinzel representa o intelecto, o conhecimento e o discernimento indispensável para descobrir


as protuberâncias ou falhas da personalidade. Juntamente com o Malho, é utilizado pelo
Aprendiz para desbastar a Pedra Bruta e, para tanto, deve ser frequentemente amolado. Ou
seja, o Aprendiz deve rever sempre os conhecimentos adquiridos, para então o trabalho ser
iniciado.

Na natureza, a pedra traz em sua superfície as marcas que o tempo lhe imprimiu. Algumas
conservam as características de quando se separou da rocha, sua pedra mãe, outras já não se
percebem que outrora fizeram parte de um todo, de tão modificada que a superfície se encontra
pela ação do vento, das águas, dos microrganismos e da temperatura. Às vezes, é possível
rastrear todo o percurso percorrido por aquela pedra até chegar ao lugar em que a
encontramos, pois, ao rolar ela imprime as marcas de sua passagem no solo, ou ainda, deixa
lascas de sua superfície nos entes com quem tem contato. Em algumas pedras, de tão sólidas o
cinzel não lhe conseguirá penetrar, ou ainda ao penetrar-lhe poderá comprometer toda a
estrutura minando o projeto, ao contrário há aquelas, que de tão maleáveis, qualquer toque
pode deixar impressões profundas e aberrantes. Há ainda outras que apesar de sua aparente
solidez são ocas, contando com um vazio perigoso que pode inviabilizar a obra. O termo
desbastar é bem mais amplo do que se percebe ao primeiro exame, e é esta abrangência que
dá luzes sobre o trabalho da Ordem. A Maçonaria não acrescenta nada à matéria prima, as
colunas estão contidas em cada maçom, a Ordem fornece as ferramentas necessárias para
desnudá-las e depois aproveitá-las para o bem da humanidade. Ao ser iniciado então devemos
nos dedicar ao trabalho para que sejamos uma coluna bela, forte e sábia como esperam os
irmãos que nos iniciaram. As marcas deixadas ao longo da vida são infinitas e de infinitas
características, algumas evidentes, mas facilmente aparadas, outras embora discretas,
representam passagens delicadas de nossa história exigindo, portanto, mais atenção do obreiro.
Os vícios são fissuras recorrentes que enfraquecem a coluna e serão sempre obstáculo ao
entalhe perfeito.

Os caminhos que percorremos em nossa vida trazem as marcas de nossa caminhada, às vezes
de nossas qualidades, mas muitas destas de nossos defeitos, pois estas marcas são mais
evidentes. Para desbastar a pedra é preciso rever e se possível
reparar os estragos contidos no meu eu interior.

A solidez de algumas almas, por vezes é sustentada por preconceitos e mentiras que formam
um campo de força de difícil transposição, mas que uma vez quebrado revela incrível fragilidade.
A maleabilidade excessiva também é um risco, pois pode demonstrar dificuldade de aglutinação,
seleção e organização das informações recebidas, não formando uma base confiável, mesmo
com ferramenta e tecnologia adequadas à disposição. O estudo que é sempre fundamental,
nestes casos é primordial, para não se correr os riscos de apenas trocar de preconceitos, ou
ainda, impressionar erroneamente com falsos conceitos sobre a Ordem, jogando ao fogo todo
o método e o mérito desta milenar instituição. As arestas que se desprendem do trabalho do
Aprendiz Maçom também são importantes, e não deves ser abandonada com desprezo,
tornando-se pedras nos caminhos alheios. As britas são fundamentais ao concreto, e são os
erros os maiores professores da virtude, ignorá-los é arriscar-se a repeti-los. Se tomadas como
exemplos, as imperfeições (Arestas) que vão se desprendendo da rocha desbastada formarão o
solo de onde crescerão as virtudes, que são a base da cadeia alimentar da Maçonaria.
Trabalhar a pedra bruta é permitir que, assim como os hominídeos da pré-história, o aprendiz
crie em sua alma um ambiente propício à sua evolução, para compreender e permitir os
trabalhos nos sucessivos graus.

Portanto meus irmãos, somos pedras brutas, e está contida, em cada um de nós, a coluna que à
sublime obra maçônica irá: enfeitar com sua beleza, sustentar com sua força e ou, ensinar com
a sabedoria gravada em seus entalhes. Assim, o Grau I da maçonaria é dedicado ao aprendiz e
para nos tornarmos colunas confiáveis, devemos desbastar nossas imperfeições com
inteligência, firmeza e objetividade. Mas antes de desbastar devemos reconhecer as
imperfeições em nossa estrutura e antes ainda, para reconhecê-las devemos primeiro conhecê-
las à luz da Maçonaria.

Nilson de Andrade Candido A∴ M∴


CIM 326342

Bibliografia:

• https://www.freemason.pt/formacao-a-pedra-bruta

• Trabalhos pesquisados na internet no site do GOB-Brasil Dicionário


Maçônico.

• Ritual 1°- Grau – Aprendiz Maçom – Rito Escocês Antigo E Aceito - 2009

• Minhas percepções.

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