Você está na página 1de 4

Filipe Ferreira

CIM 303148
Ap. Maçom

1. Acordando

Muita coisa se passou na minha cabeça. Foi um dia de muita pressão e ansiedade pois
estava preocupado com as punições que poderiam acontecer caso não chegasse no horário, a
roupa não estivesse correta, quem eu encontraria quando chegasse à loja e se haveria trote.
Quanto ao trote, cheguei a ligar um dia antes da iniciação para o irmão Savi para me
certificar que não existisse um trote. Não gosto de provocar nenhum sentimento negativo a
qualquer pessoa e espero o mesmo dos outros.

2. Chegada à loja

Cheguei aliviado por não me atrasar mas não sabia ao certo onde era a loja. Não sabia
se eu tinha que esperar na frente da loja ou entrar em alguma porta e ser recebido por alguém.
Só vi algumas lojas abertas e outras portas fechadas.
Liguei para alguns irmãos, acho que para o Faústo, Savi e Wagner Zanini, para saber
se estava no local correto. Ninguém me atendeu.
De repente, um carro estaciona e saem alguns irmãos. Lembro que o Faústo me
cumprimentou rapidamente, muito sério e já subiu. Aquilo me deixou preocupado. No dia da
sindicância, o Faústo se mostrou mais leve.
O irmão Edson me cumprimentou, puxou um cigarro, perguntou se eu me importava
com o cigarro, respondi que eu recomendaria não fumar. Minha resposta não surtiu qualquer
efeito. Acendido o cigarro, tratou de me tranquilizar.
Fui vendado, meus pertences foram entregues e entrei à loja.

3. Preparação do candidato

Fui conduzido pelo irmão Edson para uma sala de espera e sentei-me à cadeira.
Percebi que músicas clássicas estavam tocando. Fiquei me perguntando o porquê das músicas
clássicas.
Irmão Edson disse que caso sentisse frio ou quisesse ir ao banheiro era só chamar.
Fiquei sozinho.
Num primeiro momento, fiquei agitado. Não sabia o que aconteceria em seguida e não
conseguia enxergar.
Aos poucos fui relaxando, prestando atenção à música.
Pessoas entravam e saiam da sala. Nesses momentos, ficava incomodado.
Textos foram lidos. Confesso que era muito difícil prestar atenção, até mesmo entender
a mensagem por trás da leitura.
Fiquei muito tranquilo com a chegada do irmão Savi.
Horas ou minutos se passaram, até que fui retirado da sala de espera e conduzido à
outra cadeira.
Começaram a me preparar. Retiraram meu paletó, abriram minha camisa para expor
meu peito esquerdo, levantaram a manga direita da camisa, substituíram o sapato direito e a
meia direita por um chinelo. Colocaram algo no meu pescoço. Tudo aquilo era estranho, não
estava entendendo o motivo da preparação.

4. Cerimônia de iniciação

4.1. Antes do juramento

Fui conduzido até a entrada do templo. Escutei muitas batidas na parede. Batidas
fortes. O som alto me incomodou.
Depois de um diálogo sou conduzido ao interior do templo. Sou impedido de entrar por
algo pontudo em meu peito. Não tive o mesmo reflexo que acontece ao tocarmos em algo
muito quente. Demorei para entender que a dor era no meu peito e que era devido a algum
objeto pontiagudo.
A partir daí foi difícil acompanhar os diálogos. Na minha opinião deveria ser lido com
mais calma.
Fui conduzido pelo Hismael. Me passou as instruções com firmeza. Fiquei pressionado.
Mais dúvidas surgiram:

● Por que sempre iniciar as caminhadas com o pé esquerdo?


● Por que caminhar no sentido horário?
● Onde eu estava?
● Quem estava lá?
● Quem era o Venerável Mestre? O que ele fará comigo? Por que venerá-lo?
● Estou em um mundo paralelo com outras leis?

Pode parecer besteira, mas são coisas que naquele momento pensei.
Algumas perguntas feitas pelo Venerável Mestre Marcel me deixaram em dúvida sobre
o que responder.
Quando me foi perguntado: “Garantis ainda sob vossa honra, que procurais participar
desses privilégios levado por favorável opinião preconcebida...”, fiquei em dúvida. Muito se fala
da maçonaria. Dentre elas que é coisa do diabo. Não tive apoio de todos os meus familiares.
Então, muitas dúvidas se passaram pela minha cabeça.
Além do mais, repetidas vezes se falou em “convenientemente preparado”. Não me
senti preparado. Como disse, eu tinha dúvidas.
Fui conduzido até o genuflexório para realizar o juramento. Ajoelhei, coloquei a mão
direita sobre o Livro das Escrituras Sagradas e o compasso no lado esquerdo do peito.
4.2. Juramento

Não consegui prestar atenção ao juramento pois uma das pernas começou a doer
bastante. Por vezes pedi que fosse repetido as frases que eram ditas pelo Venerável Mestre.
Com a dor só queria que o juramento acabasse. Não foi o que aconteceu.
Uma parte do juramento me deixou novamente confuso. Após o ensinamento do passo
e do sinal, foi dito que poderia ter a garganta cortada e a língua arrancada pois, um maçom
prefere ter a garganta cortada a indevidamente revelar os segredos da maçonaria. Isto
realmente poderia acontecer? Fiquei preocupado.
Ensinaram-me o toque ou senha seguido de palavra BOAZ que significa em S.. Não
saberia quando usar e se usarem comigo, não entendi se devo soletrar a palavra BOAZ.

5. Alocução

Lembro da pergunta feita pelo Venerável Mestre:

- Fostes despojado de todos os objetos de valor antes de entrar na loja? Se não tivésseis
sido assim despojado, daríeis espontaneamente?

Neste momento parei e pensei rapidamente: O que devo responder? Confesso que
pensei em responder não, pois não sabia qual a finalidade de dar todos os meus pertences de
valor e mesmo que soubesse a finalidade, aquele ato me prejudicaria.
Seguindo, o Venerável Mestre apresenta os três instrumentos de um Ap. maçom:

● Régua de 24 polegadas;
● Maço;
● Cinzel.

O que a régua de 24 polegadas representa ficou claro. São as 24 horas do dia que
devemos em parte dela orar, ajudar um amigo ou irmão sem nos prejudicar ou prejudicar a
família, e parte no trabalho ou descanso. Por que não cita o tempo com a família?
Já o maço e o cinzel não consegui relacionar o instrumento ao significado. Não entendi
o porquê de o maço representar a força da consciência e o cinzel representar a educação.

6. Preleção após iniciação

Nesta parte o Venerável Mestre passa uma série de recomendações:

● Estudo do Livro das Sagradas Escritura;


● Não mencionar o nome de Deus em vão;
● Agir no esquadro consigo e com o próximo;
● Ser fiel à Pátria;
● Obedecer as leis do país;
● Praticar as virtudes, …

Diante de tais aconselhamentos, pergunto:

● Por que não temos muito mais maçons?


● Por que a maçonaria não rebate as críticas feitas a ela?
● Por que tanta discrição se só existe o bem na maçonaria?

Atualmente, os valores estão distorcidos e a maçonaria poderia/deveria atuar


fortemente para corrigir as imperfeições da sociedade. Esta é a minha opinião. Seria muito
mais tranquilo viver se os ensinamentos da maçonaria fosse mais difundido, se os ideais da
maçonaria estivessem ao alcance de mais pessoas.

7. Conclusão

Me senti mal preparado para a iniciação. Muita ansiedade ao redor, por tudo o que é
falado sobre a maçonaria e sobre a iniciação.
Os textos poderiam ser lidos com mais calma e a perfeição exigida na cerimônia é
motivo de pressão e, no meu caso, me dispersava.
Precisamos de mais maçons. Teríamos mais paz e melhor convivência em sociedade.

Você também pode gostar