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Percepções de minha iniciação

Ao pensar nos sentimentos que me tomaram no momento da Iniciação Maçônica a


primeira palavra que me vem mente é confiança. Primeiramente, porque para seguir
completamente vendado duas pessoas no mínimo pouco conhecidas num primeiro momento
parece irracional. Naquele primeiro contato ao ingressar no veículo lembrei-me do conselho
de meu padrinho: “fique tranquilo que você estará entre irmãos. ” Foi com este sentimento
que iniciei aquela caminhada.

Ao ser levado de um lado para outro vendado pude experimentar algo que nunca tinha
sentido antes. Atentar meus outros sentidos, olhar um pouco mais para dentro de mim e
perceber o quanto cada momento de vida é importante. Contemplando a paisagem da morte,
mesmo que por um breve momento, complementou este sentimento da importância de
utilizarmos nossas forças, dons e sentidos nos dados por Deus para fazer valer a pena nossa
caminhada por este mundo, até que cheguemos até a grande certeza desta vida, que é a
morte de todo homem.

Continuando a caminhada pude perceber a preocupação e hospitalidade dos irmãos


que me guiavam e comecei a entender aquele conselho de meu padrinho. Talvez isto tenha
me levado a uma paz interessante ao ser introduzido na Câmara das Reflexões. Pude
vislumbrar em paz todos aqueles símbolos, tentando decifrar seus significados de acordo com
alguns estudos que tentei realizar antecipadamente. O principal pensamento que me tomou
naquele momento foi do quanto a liberdade de cada homem é importante. Ali, enclausurado,
com frio e vulnerável pensei no quão desesperador seria passar alguns anos sem liberdade,
cercado pela presença da morte. É interessante como certos valores da vida se tornam em
simples vaidades quando somos colocados em perspectivas diferentes.

Deste momento até o início do Cerimonial de Iniciação não sei ao certo o que dizer.
Talvez um misto de ansiedade e cansaço tenham me tomado por alguns momentos. Ao ser
levado até a entrada do templo, confesso que um turbilhão de sensações e a tentativa de
perceber o que se passava a minha volta, estando vendado, tenha dificultado a clareza do
pensamento. Não senti dúvidas, mas sim preocupação por estar apto para ser aprovado. Fiquei
feliz em começar com uma oração. Em momentos turbulentos a esperança do auxílio do G∴
A∴D∴ U∴ é imprescindível.

Durante o Ritual de Iniciação novamente a percepção da necessidade da confiança em


quem me guiava foi latente. Somente o sentimento de se estar entre irmãos pode saciar esta
necessidade, principalmente nos tempos atuais onde o amor entre as pessoas tem se esfriado
tanto. Como disse Marco Aurélio, Imperador Romano, “é loucura pensar que homens maus
não farão maldades”. Encontrar pessoas dispostas a exercitar a fraternidade é algo sublime.

Acredito que um dos momentos mais marcantes tenha sido o Juramento sobre a Taça
Sagrada. O entendimento sobre as consequências de nossas ações é importantíssimo.
Conforme o Senhor nos ensina no capítulo 11 do livro de Deuteronômio, estão sempre diante
de nós a benção e a maldição, dependendo de nossas escolhas a colheita dos frutos de nossas
ações. De sorte que a doçura ou o amargor serão as recompensas de nossos atos.

Com gosto realizei meu juramento para com esta Augusta e Respeitável Ordem. Sinto
a importância de minha decisão. Anseio o aprendizado e a lapidação de minha pedra bruta,
conforme o aperfeiçoamento do uso das ferramentas que me serão fornecidas. Espero manter
a energia da busca pelas respostas. Que eu possa estar sempre de pé e à ordem para com
meus irmãos, além de praticar a verdadeira religião, que é cuidar da viúva do órfão e do
necessitado.

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