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Painel da Loja de Aprendiz

BY ANTÓNIO JORGE · PUBLISHED 21/02/2009 · UPDATED 04/06/2018


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Painel de Aprendiz

Neste trabalho sobre o Painel de Aprendiz, apresentaremos


inicialmente o seu conceito simbólico e relacionaremos todos os
elementos que nele estão desenhados. Então iremos comparar o
desenho do Templo e as suas 2 Colunas, acrescidas das Romãs, Lírios,
e Correntes, ao Templo Maçónico e ao Templo de Salomão. Por fim,
apresentaremos breves informações sobre cada um dos símbolos ali
representados.

Por Painel entendemos o Quadro que a Loja apresenta por ocasião da


abertura dos trabalhos, existindo um por cada grau da denominada
Maçonaria Azul: o da Loja de Aprendiz, da Loja de Companheiro, e da
Loja Mestre. Nos graus filosóficos normalmente não se usa a
denominação Painel, mas sim, Emblema ou Escudo.
No Painel estão desenhados todos os símbolos maçónicos, necessários
ao desenvolvimento dos trabalhos do respectivo grau. A sua colocação
na Loja indica que continua viva toda a simbologia que orienta os
trabalhos; indica também que nenhum trabalho seja iniciado sem que
antes tenha havido um planeamento das actividades. Por outro lado,
todos os participantes, ao entrarem no Templo e ao olharem para o
Painel, estarão cientes do grau em que os trabalhos estão a ser
realizados.

No inicio, os símbolos hoje representados no Painel eram desenhados


com giz, no chão, de tal forma que pudessem ser apagados no final
dos trabalhos. Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados
sobre panos ou tapetes. Foi o maçon John Harris, quem desenhou os
Painéis em 1820 e que, salvo pequenas modificações, se encontram
em uso até hoje.

Todo o templo, incluindo o soalho, as paredes e o tecto, é


contemplado no Painel, sendo composto por:

 Duas Colunas sobre as quais estão plantadas Romãs;


 A Porta do Templo, antecedida por três degraus;
 O Delta Luminoso, em cima da porta;
 O Pavimento Mosaico, representado pela Orla Dentada que
circunda o quadro; os Painéis antigos apresentavam, entre a
porta e os degraus, um quadro mosaico em perspectiva
representando o Pavimento Mosaico.
 3 Janelas fechadas com malha de arame;
 Uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica;
 Uma corda que emoldura o quadro, representando a corda
de 81 nós;
 O Sol e a Lua.
Os instrumentos de trabalho dos pedreiros também estão
representados:

 O Esquadro e o Compasso;
 O Prumo e o Nível;
 O Malho e o Cinzel;
 A Prancha de Traçar.

O TEMPLO DE SALOMÃO
O Templo de Salomão foi construído com pedra, madeira de cedro e
ouro. A pedra representando a estabilidade; a madeira a vitalidade, e
o ouro a espiritualidade. Na Maçonaria, a Loja surge no Templo. O
vocábulo sugere local de habitação e seria onde os operários da
construção descansavam e debatiam seus problemas sociais e
espirituais. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o
Templo que cada um de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos
Maçons. o Templo de Salomão, símbolo de alcance magnífico. Como
simples confirmação disto, sabemos que o Templo foi edificado com
pedras lapidadas na pedreira, pois assim, durante a construção da
Casa de Deus, não seriam ouvidos nem o som do martelo nem de
qualquer outro instrumento de ferro. Ora, assim é o Templo do
Aprendiz, onde a pedra bruta será lapidada sem o barulho do martelo,
somente no silêncio dos estudos e das meditações.

AS DUAS COLUNAS (1º Livro dos


Reis, Cap.VII – Bíblia)
Para a construção do Templo, o Rei Salomão trouxe de Tiro, um
artesão de nome Hiran Abif, israelita por parte de pai e nephtali, por
parte de mãe. Foi esse homem quem executou todos os ornamentos
do Templo de Salomão, incluindo as 2 colunas construídas em bronze,
que simbolicamente representavam as 2 colunas de homens que
Moisés dirigiu quando da fuga dos Hebreus do Egipto.

No alto das duas colunas, Hiran colocou um capitel fundido em forma


de lírio. Ao redor deste, uma rede trançada de palmas em bronze, que
envolviam os lírios. Desta rede, pendiam em 2 fileiras, 200 romãs. À
coluna da direita foi dado o nome de Jachin (Yakin) e à da esquerda,
Booz. Atribui-se à coluna Jachin a cor vermelha – activo, Sol ; e à
coluna Booz a cor branca ou preta – passivo, Lua. O Vermelho
simboliza a inteligência, a força e a glória; o Branco simboliza a beleza,
a sabedoria e a vitória.

Há quem suponha que as colunas se destinariam à guarda dos


instrumentos e ferramentas dos operários, e que junto a elas estaria o
local onde os operários recebiam os seus salários. Nestas colunas,
estariam guardadas ainda as espécies e o ouro com que os operários
seriam pagos. No entanto, pelo tamanho das colunas fornecido pela
Bíblia, seria impossível, em tão pequeno espaço, caberem todas as
ferramentas e instrumentos, além do ouro e espécies. Essa suposição
nºao é sequer é suportada pela Bíblia, que em nenhum momento cita
as colunas como local possuidor de portas ou armários.

Na tradução latina dos nomes, Yakin significa “Ele firmará” e Booz ,


“nele está a força” , ou seja “Ele firmará a força”; ou ainda, “nele está
a força que firmará”, como quem quer dizer que Nele, em Deus, está a
força necessária à estabilidade, ao sucesso. Assim sendo, as 2 colunas
simbolizam a presença do Senhor no Templo.

As Romãs, os Lírios e as Correntes:


As romãs são frutos muito
interessantes. De sabor suave e agridoce, ela possui muitas sementes
avermelhadas e unidas. Crescem em árvores que mais se assemelham
a arbustos. Oval, tem na sua extremidade inferior um terminal
exactamente como uma pequena coroa. Conforme amadurece na
árvore, a romã passa do verde para o amarelo e para o vermelho,
inchando tanto, que em determinado momento ela racha e suas
sementes vão para o chão, dando origem a novas árvores.

Essa quantidade imensa de sementes e a forma como ela se propaga,


fez dela símbolo da virilidade masculina, da fecundidade e da riqueza.
Salomão, que a fez símbolo de seu reinado, dizia ter poderes
afrodisíacos, em especial o seu sumo e o vinho dela produzido,
consumido em Israel desde os seus primórdios.

Na Maçonaria, os grãos da Romã, mergulhados na sua polpa


transparente, simbolizam os maçons unidos com a energia e a força
necessárias para realizarem o trabalho.

Os Lírios, por sua vez, simbolizam a pureza e a virgindade: a beleza


feminina. Representam a chama pura e fecundante: o calor.

Além dos lírios e das romãs, sete voltas de correntes envolvem o


capitel das colunas. Entre os antigos, as correntes representavam o
cativeiro experimentado pelo povo judeu, mas, o verdadeiro
significado dessas correntes nas colunas é obscuro. Para a Maçonaria
representam, por um lado, os laços que acorrentam os profanos e,
pelo outro, os elos que unem os maçons.

OS TRÊS DEGRAUS
No Painel da Loja de Aprendiz, os degraus simbolizam os esforços que
os Aprendizes devem fazer para, primeiramente, se libertarem do
Plano Físico; em seguida, ultrapassarem o Plano Austral; e, finalmente,
terem ascensão aos Planos Superiores da espiritualidade.

Por outro lado, no grau de Aprendiz, o número 3 é tão encontrado,


que sua representação no quadro ainda poderia também significar:

 A idade do Aprendiz – 3 anos


 A sua marcha – 3 passos
 Sua Bateria – 3 golpes

O PISO MOSAICO
O Piso Mosaico é formado por lajes quadradas que se alternam nas
cores branco e preto, formando um tabuleiro de xadrez. Tem, como
significado, a união íntima que deve existir entre os Irmãos Maçons,
ligados pela verdade.

A alternância do branco com o preto, por sua vez, demonstra a


existência do contraste, representando aquilo que é contestável, uma
vez que, sem o contraste, tudo seria uniforme e perfeito, confundindo-
se com o nada. Se assim fosse, nada diferenciaria o Maçon do profano
e, portanto, não haveria nenhuma verdade a ser revelada ao Aprendiz.

Sendo a representação do contraste, dos opostos, o Piso Mosaico


simboliza a presença do Bem ao lado do Mal; o Corpo e o Espírito:
unidos, mas não confundidos.

AS TRÊS JANELAS
Mais uma tríade no Painel do Aprendiz. As 3 Janelas representam as 3
posições do Sol: o Oriente, o Meio-dia e o Ocidente. Nenhuma janela
se abre para o norte e as 3 são cobertas por uma rede de arame,
simbolizando que a luz ilumina o templo, mas o que está fora, fora
permanece; e o que está dentro, lá fica. Ou seja, as sessões não
devem ser perturbadas por eventos profanos e, o que dentro se
realiza, não deve ser divulgado no mundo profano. A janela do oriente
dá-nos, através da aurora, a renovação das actividades; a do meio-dia
dá-nos a força e o calor, iluminando constantemente os Aprendizes
colocados ao Norte do Templo; a do ocidente convida-nos ao repouso.

Nenhum Templo Maçónico é construído com janelas ou outras


aberturas, a não ser a sua entrada no Ocidente, que durante os
trabalhos permanece fechada.

A PEDRA BRUTA e a PEDRA


POLIDA
A Pedra Bruta simboliza as imperfeições do espírito e do coração que o
Maçon se deve esforçar para corrigir. No momento da sua iniciação
maçónica, o Aprendiz encontra-se com o seu estado bruto na
Natureza; encontra-se com a sua Liberdade de Pensamento e, com os
instrumentos que lhe são dados, ele próprio desbastará a sua Pedra
Bruta, tornando-a o mais perfeita possível, imprimindo-lhe uma
personalidade sua e única.

É, portanto, o próprio Maçon, orientado pelo seu Mestre, que se


desbasta transformando a Pedra Bruta num Cubo Perfeito, utilizando,
para isso os instrumentos que lhe são fornecidos: Esquadro,
Compasso, Prumo, Nível, Malho e Cinzel. A Pedra Polida, que
encontramos no Painel de Aprendiz servirá para que o Aprendiz a
tenha por exemplo, por inspiração, e por objectivo.

A ORLA DENTADA
A Orla Dentada simboliza a união dos Maçons. Os dentes representam
os planetas que giram no Cosmos. Cada dente tem o formato de um
triângulo. O Triângulo expressa a espiritualização dos Maçons que,
partindo da individualidade, se unem de forma indissolúvel, em torno
de um ideal.

A Orla Dentada é erradamente confundida com a Corda de 81 Nós e


com a Cadeia de União. A Corda de 81 Nós, colocada no Templo entre
a Abóbada Celeste e o cimo das 4 paredes, simboliza os 81 laços do
amor fraterno existente entre todos os membros da Loja. A Cadeia de
União expressa o Cerimonial que reúne todos os membros da Loja.
Envolve aspectos emocionais, filosóficos, esotéricos e espirituais. É
através da Cadeia de União que se transmite a Palavra Semestral ou
se invoca sobre algum Ir:. necessitado, forças vitais para afastar a
enfermidade ou a aflição.

A PRANCHA DE TRAÇAR
No Painel de Aprendiz, a Prancha de Traçar corresponde ao papel onde
o Mestre estabelece seus planos. A Prancha constitui um dos símbolos
da Maçonaria e significa que o Maçon deve traçar seus planos,
estabelecer seus objectivos e empenhar-se em conquistá-los com
habilidade e preparo.

OS INSTRUMENTOS
MAÇÓNICOS
O Esquadro e o Compasso:
O Esquadro simboliza a rectidão limitada por duas linhas: uma
horizontal que representa a trajectória que temos que percorrer na
Terra, ou seja, no mundo físico; a outra, vertical, representa o
caminho para cima, que por ser sem fim, nos leva ao Cosmos, ao
Infinito, e a Deus.

O Compasso simboliza o equilíbrio, a vida correcta e a justiça. Ensina


onde começam e terminam os direitos de cada um de nós. É a Jóia do
Mestre; O Esquadro, a do Companheiro; e a Régua a do Aprendiz. O
conjunto desses 3 instrumentos constitui o símbolo da Maçonaria. No
Altar essas 3 Jóias estão presentes. O L:. da L:. que tem o significado
de medir a nossa conduta no Lar, no Trabalho e na Sociedade,
substitui a Régua de 24″; sobre ele, são colocados o Esquadro e o
Compasso.

O Prumo e o Nível:
O Prumo, utilizado pelos pedreiros para conseguir o alinhamento
vertical representa, na simbologia maçónica, a rectidão, o acerto, a
justiça e a moral que cada Maçon deve desenvolver em si, através da
construção de seu próprio Templo Espiritual. É a Jóia do 2º Vig:.

O Nível, utilizado pelos pedreiros na busca da horizontalidade,


simboliza, na Maçonaria, a igualdade, pois coloca todos ao mesmo
nível. É a Jóia do 1º Vig:.

O Malho e o Cinzel:
O Malho é um instrumento de trabalho braçal e pesado, em que se
emprega a força. É um instrumento só utilizado na Sessão de
Iniciação. Já o seu diminutivo, o Malhete, é utilizado em todas as
Sessões pelas 3 Luzes: V:. M:., 1º e 2º VVig:..

Símbolo da força e da autoridade, o malhete é utilizado para dar inicio,


suspender ou cessar os trabalhos, bem como para dar ênfase a
trechos do ritual. Na sua forma esotérica destina-se a desbastar a
Pedra Bruta, retirando-lhe, através do Cinzel, as arestas. No inicio dos
trabalhos, o som do 1º golpe, produzido pelo V:. M:., encontra
continuidade nos golpes dados pelos VVig:., produzindo ondas sonoras
iniciadas no oriente (V:.M:.) e espalhadas pelo Norte (1ºVig:.) e Sul
(2ºVig:.) do Universo.

O Cinzel é o símbolo do trabalho inteligente. É um instrumento de


ferro endurecido (aço) que apresenta numa das suas extremidades a
forma pontiaguda, arredondada, ou achatada; na outra extremidade
situa-se a cabeça que sofrerá os golpes do Malho (desbaste da Pedra
Bruta) ou os retoques do Malhete (aperfeiçoamento).
AS DUAS LUMINÁRIAS: O SOL e
a LUA
O Sol é o vitalizador essencial, possuidor de uma generosa
fecundidade. Sem ele não existiríamos. É o princípio activo.

A Lua é o reflexo do Sol. Representa, tanto quanto o Sol, a saúde, pois


recebe e reflecte os raios do Sol. É o princípio passivo.

No Templo, o Sol e a Lua ficam no Oriente atrás do Venerável,


indicando a simbologia de que os trabalhos no grau de Aprendiz são
abertos ao meio-dia e fechados à meia-noite.

A PORTA DO TEMPLO e o
DELTA LUMINOSO
No centro do Painel do Aprendiz, vê-se uma Porta, situada entre as
Duas Colunas, representando a Porta do Templo. Este Templo, por ser
cópia do Templo de Salomão, é construído em formato rectangular e,
estando o Venerável sempre colocado no Oriente e em lado oposto à
entrada, conclui-se que a Porta do Templo se situará sempre no lado
do Ocidente. Por isso, é frequentemente denominada de Porta do
Ocidente, representando que no seu limiar não existe luz (o Sol põe-se
no Ocidente), mas somente trevas; ou seja, o mundo profano.

Em cima do desenho que representa a Porta do Templo, está


desenhado um triângulo representando o Delta Luminoso. No Templo,
este Delta está no Oriente, atrás e acima da cadeira do V:.M:..

O Delta Luminoso simboliza, no Plano Físico, o Sol de onde emana a


vida e a luz. No plano intermediário, ou astral, simboliza o Verbo, o
Princípio Criador. No plano espiritual, o Grande Arquitecto do Universo.

O Delta Luminoso é um dos principais símbolos maçónicos. Representa


a presença permanente de Deus, demonstrando sua omnisciência.
Simboliza a eterna e divina vigilância que observa e regista os actos do
ser Humano.

Adaptado de texto de Autor Desconhecido

Bibliografia:
 A Bíblia Sagrada – Antigo Testamento.
 António Montovani Filho – Primeiras Instruções – Jan. / 2000
– Editora A Trolha
 Grande Oriente do Brasil – 1º Grau Aprendiz – Ritual
 Jules Boucher – A Simbólica Maçónica – 7ª Ed. 2000 –
Editora Pensamento
 Carlos Alberto Baleeiro Beltrão – Abreviaturas na Maçonaria
– Editora Madras
 Rizzardo da Camino e Odéci Schilling da Camino – Vade –
Mécum do Simbolismo Maçónico – Editora Madras, 1999
 Rizzardo da Camino – Dicionário Maçónico – Editora Madras,
2001
 Alberto Victor Castelleti – O que é a Maçonaria – Editora
Madras

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