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Do Templo e seu Teto no Rito Escocês Antigo e Aceito 1/7

Do Templo e seu Teto no Rito Escocês Antigo e


Aceito

Charles Evaldo Boller

O ritual do grau de apren-


diz maçom da Muito Respeitá-
vel Grande Loja do Paraná verte
que "o teto do templo, de forma
abobadada, é pintado e repre-
senta o firmamento, cuja tonali-
dade, azul-claro no oriente, vai
gradativamente escurecendo
em direção ao ocidente, entre-
meado de nuvens. O Sol, com
raios dourados, aparece um
pouco à frente do trono. Sobre o
altar do primeiro vigilante, en-
contra-se a Lua prateada, em
quarto crescente, sobre o altar
do segundo vigilante uma es-
trela branca de cinco pontas".
Adicionalmente, fornece
detalhes de cada constelação e
estrelas num total de trinta e cinco figuras. Cada elemento deste céu tem
seu significado particular tratado em livros e rituais do Rito Escocês An-
tigo e Aceito. Inicialmente utilizado para demonstrar o interesse pela As-
tronomia dos maçons antigos, para o maçom moderno seu simbolismo
ficou restrito à definição do tamanho do templo espiritual que é erigido
por ocasião da abertura dos trabalhos, mesmo que cada elemento tenha
explicada sua presença de diversas formas. Referindo-se a tamanho físico
do templo e conforme o Ritual, "seu comprimento é do oriente ao
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ocidente; sua largura, do norte ao sul, sua profundidade, da superfície
ao centro da Terra, e sua altura, da Terra ao céu". E continua: "A Loja
é representada deste modo, numa vasta extensão para simbolizar a uni-
versalidade da instituição".
A abobada decorada com corpos celestes simboliza a abertura que
a consciência do espírito do homem deve tomar para alcançar o absoluto
de suas aspirações transcendentais. O céu decorado não está limitado ao
circunscrito pelos astros ali representados, mas tende a um finito plausí-
vel, limitado apenas pelo alcance da imaginação de cada um.
Para o maçom em sua
busca pela plenitude do espí-
rito, este céu é como se fosse
a união com o Espírito Uni-
versal. Eleva a mente dele a
um Ser Supremo, represen-
tado pelo conceito de Grande
Arquiteto do Universo. O maçom não discute detalhes do Criador porque
é aquilo que a nenhum ser vivente e mortal é possível definir. Se existem
tentativas, estas seriam vãs e conduziriam apenas a discussões vazias e
especulações infindas que certamente conduziriam a disputas e separa-
ções.
Este céu é símbolo da transcendência de cada um à sua maneira e
daquilo que lhe é sagrado e poderoso. A transcendência é colocada acima,
ao alto, porque é onde o homem normalmente, desde os primórdios de
sua história, dirige-se em busca de sua espiritualidade.
Entretanto, ao longo do
tempo e do crescimento do
maçom, ele descobre que
aquele céu sobre a sua cabeça
tem equivalente em seu inte-
rior: é o reconhecimento de
um universo interior, o mi-
crocosmo, de que é composto
o seu corpo físico à seme-
lhança do universo represen-
tado pelos desenhos. Ao contemplar o céu pela ilustração da abóbada

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pintada no teto do templo, em verdade, o maçom está olhando para dentro
de si mesmo.
Esta abobada celeste atende às necessidades básicas de introspec-
ção, sejam Deístas ou Teístas. Até o ateu a usa em seu materialismo para
reconhecer sua insignificância frente ao universo. A absoluta maioria dos
maçons tem nesta representação a dimensão do transcendental, de como
é finita, e, por isso, não a considera a representação total do homem, mas
parte importante, sem a qual ele é incompleto.
É dada para cada um a possibilidade de imaginar o Cosmo, cujo
significado original é colocar ordem em algo, de colocar beleza naquilo
que se considera importante para a sua construção interna e transcenden-
tal. É o local das coisas elevadas. Aquilo que o iniciado busca em lugares
baixos para que lhe seja possível encontrar coisas significativas em luga-
res altos.

Corpos Celestes e os Cargos em Loja

No teto das lojas que funcionam no Rito Escocês Antigo e Aceito


são representados diversos corpos celestes que obedecem a posições ló-
gicas e têm relação simbólica com os cargos dos oficiais em loja ritualis-
ticamente constituída.
O Sol é emblema da dignidade. Desenhado sobre o
oriente, no eixo oriente-ocidente da loja, de onde emana Sa-
bedoria, tem no venerável mestre sua representação princi-
pal. Entre os alquímicos, o Sol é o elemento químico ouro.
Representa intelectualidade, misticismo, Espírito de Luz. O maçom é
considerado simbolicamente satélite do Sol, do qual obtém luz suficiente
para refletir e iluminar aqueles que o cercam.
A Lua é emblema da esperança e representa o pri-
meiro vigilante. Representa o princípio aquoso, frio e
úmido. Simboliza constância, regularidade, afeição, obedi-
ência, evolução e luz emanada da moral.

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Stella Pitagoris é uma estrela imaginária, também de-
nominada Estrela virtual. Tem significado especial no se-
gundo grau. É a Estrela Flamejante de cinco pontas cujo
lugar habitual no teto da loja é sobre o trono e representa o
segundo vigilante.
Saturno é emblema da austeridade, paciência e fir-
meza. Os alquimistas, químicos do passado, usavam o
nome em conexão com o metal chumbo. Possui três anéis
na altura do Equador e diversos satélites, e, na época em
que desenvolveram os rituais da ordem maçônica, por limitação tecnoló-
gica, apenas nove deles eram observáveis. Sua cor muda de ano em ano.
Na Maçonaria são mantidas algumas tradições à semelhança das festas
saturninas romanas, vistas em ágapes festivas e brindes trocados. No teto
da loja este planeta é representado com três anéis e nove satélites, e é
desenhado ao centro do ocidente. Rege a Cadeia de União. Os três anéis
representam os aprendizes, companheiros e mestres. Os nove satélites re-
presentam nove cargos: venerável mestre, primeiro vigilante, segundo vi-
gilante, secretário, orador, Tesoureiro, chanceler, mestre de cerimônias e
guarda do templo.
Mercúrio é o símbolo da sabedoria e do equilíbrio. É
menor e mais rápido dos planetas, e, também, o primeiro e
o mais próximo do Sol e por isso representa o primeiro di-
ácono.
Júpiter é símbolo da força coesiva. O maior planeta
do sistema solar era o guardião do Direito, defensor do Es-
tado, protetor das fronteiras e do matrimônio. Seu atributo
é o raio, temido por todos os deuses e mortais. Júpiter é o
astro regente do ex-venerável imediato ou Past Master e fica no oriente.
Vênus, é o segundo planeta mais próximo da Terra.
Para os gregos era Afrodite, a deusa da beleza e do amor.
Surge sempre próximo à Lua, primeiro vigilante, e é o astro
regente do segundo diácono. Conhecido ainda hoje como Estrela Vésper,
a primeira a aparecer no céu, Vênus era o Mensageiro do Dia, anunciava
a hora de começar e de encerrar o período de trabalho.

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Arcturus, Estrela Alfa da constelação de Bootes em
grego significa guardiã de animais. Por sua posição junto à
Ursa Maior é conhecida como a guardiã do Urso. Corres-
ponde ao cargo de orador, guardião do oriente. Sua posição
é em cima da grade do oriente.
Aldebaran, Estrela Alfa da constelação de Touro, as
quais pertencem as Plêiades e as Hyades. O nome é Alde-
baran significa, em árabe, o "sequaz" ou "o adepto" por
causa da posição próxima às Plêiades e as Hyades. Na abó-
bada rege o cargo do Tesoureiro.
Fomalhaut, Alfa Piscis Austrinis, em latim significa
peixe do sul, representa a correlação com a coluna zodiacal
de peixes. Fomalhaut é palavra árabe que significa a boca
do peixe do sul, aplicada ao cargo do chanceler.
Regulus, Alfa Leonis é a estrela mais brilhante na
constelação de Leão. Na Astrologia, Regulus sempre man-
teve posição de comando. Ela dirige todos os trabalhos do
paraíso. Foi Nicolau Copérnico quem a batizou com o nome
Regulus, que significa "Regente". Correspondente ao cargo
de mestre de cerimônias.
Spica, Alfa Virginis, em latim, "a Espiga", é a estrela
gerente do cargo de secretário, além de estar nitidamente
associada à coluna da Beleza. Por outro lado, os primitivos
instrumentos de escrita usados pelos gregos e romanos não eram penas,
mas canetas feitas de caules ocos de vegetais chamadas de "Spícula".
Antares, Alfa Scorpii, a estrela vermelha gigante. Du-
rante muitos séculos, a maior estrela conhecida. Às vezes
confundida com Marte; Antares em grego significa "O Ri-
val de Marte". Tanto Antares como Marte, são vermelhas e
ocasionalmente aparecem próximas. Antares é o astro re-
gente do guarda do templo.

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As Constelações

Na abóbada da loja aparecem quatro grupos de estrelas pertencentes


a quatro constelações:

Orion

Constelação equatorial é formada por estrelas bri-


lhantes com uma linha de três estrelas que formam o "Cinto
de Orion" e são popularmente conhecidas como "as Três
Marias" ou "os Três Reis Magos". No teto do templo só são
representadas as três estrelas, porque representam a idade do aprendiz
maçom, que ainda não tem o domínio do espírito sobre a matéria. Na
tradição árabe mais antiga, Orion era chamada de "A Ovelha de Cinto
Branco" e o avental de aprendiz maçom era feito, na sua origem de pele
de carneiro, e ainda o é em alguns países, com fitas ou cinto branco. As
três estrelas de Orion são regentes dos aprendizes maçons.

Hyades ou Híadas

É o notável grupo de cinco estrelas formando a ponta


de uma flecha na constelação de Touro. As Híadas são as
regentes dos companheiros maçons.

Plêiades

É outro grupo de estrelas da constelação de Touro.


São também conhecidas como "As Sete Irmãs". Elas regem
os mestres maçons, a paz, plêiade de homens justos.

Ursa Maior

"O Grande Urso". É considerada a constelação mais


antiga. No teto da loja são representadas as sete estrelas
mais importantes que formam a "Charrua". A última

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estrela da cauda da Ursa Maior é Alkaid, também conhecida como Be-
netnasch; ambos os nomes fazem parte da frase árabe "quaid al banat ad
nasch", que significa "A Chefe dos Filhos do Ataúde Mario". Este nome
provém da concepção árabe mais antiga, que representava a Ursa Maior
como um caixão e três carpideiras. Esta interpretação interessa à Maço-
naria, pois a representação egípcia coincidia com a arábica, de um sarcó-
fago, de Osíris, e sua viúva, Isis, e o filho da viúva, Hórus, em procissão
fúnebre.
Do lado de dentro foi colocado Antares, do Cobridor
Interno, para garantir a fronteira entre o mundo iniciático e
o profano.
Contam-se trinta e cinco astros existentes na abóbada
da loja Maçônica do Rito Escocês Antigo e Aceito, faltando
um para completar os trinta e seis. O último astro não está dentro do Tem-
plo, é o planeta Marte, para os gregos, Ares. Era o deus da guerra e, como
tal, não poderia figurar entre aqueles que buscam a paz e a harmonia uni-
versal, por isso foi para o átrio, o reino profano dos tumultos e das lutas.
Assim, foi dado a Marte a incumbência de "cobrir o Templo", sendo o
astro do Cobridor externo.

Bibliografia

1. GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do


Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, 1ª edição, Madras Editora
limitada., 308 páginas, São Paulo, 2003;
2. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano, tradução:
Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, 1ª edição, Editora Nova
Cultural limitada., 320 páginas, São Paulo, 2005;
3. PARANÁ, Grande Loja do, Ritual do Grau 01, Aprendiz Maçom,
Rito Escocês Antigo e Aceito, 1ª edição, Grande Loja do Paraná,
126 páginas, Curitiba, 2013;
4. RODRIGUES, Raimundo, Templo de Salomão, As Origens
Históricas do Templo de Salomão e Outras Histórias Interessantes,
ISBN 85-7252-203-4, 1ª edição, Editora Maçônica a Trolha
limitada, 184 páginas, Londrina, 2005;

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