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REVOLUÇÃO CONSTUTUCIONALISTA DE 1932


EA

MAÇONARIA
Roberto Aguilar Machado Santos Silva
Loja Maçônica Renascença IV
Santo Ângelo, RS, Brasilç

A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 1932 ou Guerra


Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, Brasil, uma
resposta paulista à Revolução de 19301, a qual acabou com a autonomia de
que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. A
Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente (atualmente denomina-
se governador) do estado de São Paulo, Júlio Prestes, na presidência da
República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís
colocando fim à República Velha2, invalidando a Constituição de 18913 e

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A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais,
Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que
depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse
do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha. Em 1929, lideranças de São
Paulo romperam a aliança com os mineiros, conhecida como política do café-com-leite, e
indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação, o
Presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura
oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas. Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições
para presidente da República que deram a vitória ao candidato governista, que era o
presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude do
golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. Getúlio Vargas assumiu a
cacoal do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República
Velha. A política do café com leite foi uma política que visava a predominância do poder
nacional por parte das oligarquias paulista e mineira, executada na República Oligárquica entre
1894 e 1930, por presidentes civis fortemente influenciados pelo setor agrário dos estados de
São Paulo - com grande produção de café - e Minas Gerais - maior pólo eleitoral do país da
época e produtor de leite.
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A Primeira República Brasileira, normalmente chamada de República Velha (em oposição à
República Nova, período posterior, iniciado com o governo de Getúlio Vargas), foi o período da
história do Brasil que se estendeu da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889,
até a Revolução de 1930 que depôs o 13º e último presidente da República Velha Washington
Luís.
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A constituição de 1891 foi fortemente inspirada na constituição dos Estados Unidos da
América, fortemente descentralizadora dos poderes, dando grande autonomia aos municípios e
às antigas províncias, que passaram a ser denominadas "estados", cujos dirigentes passaram
a ser denominados "presidentes de estado". Foi inspirada no modelo federalista estadunidense,
permitindo que se organizassem de acordo com seus peculiares interesses, desde que não
contradissessem a Constituição. Exemplo: a constituição do estado do Rio Grande do Sul
permitia a reeleição do presidente do estado. Consagrou a existência de apenas três poderes
independentes entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O antigo Poder Moderador,
símbolo da monarquia, foi abolido. Os membros dos poderes Legislativo e Executivo seriam
eleitos pelo voto popular direto, caracterizando-os como representantes dos cidadãos na vida
política nacional.
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instaurando o Governo Provisório, chefiado pelo candidato derrotado das


eleições de 1930, Getúlio Vargas.
O dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais
importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram
a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.
Foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 - sendo os
últimos dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934
mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2200 mortos, sendo que
numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido
aos combates. São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado
por paulistas, e, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a
Constituição de 1934.

Primórdios da Revolução
No início de 1929, o governo do Maçom Washington Luís4, ao nomear o
paulista Júlio Prestes5, apoiado por 17 estados, preteriu a vez de Minas Gerais
no jogo da sucessão presidencial, rompendo a "política do café-com-leite", que
vinha sendo aplicada desde o governo de Afonso Pena (1906-1909) que
substituiu o paulista e tambem Maçom Rodrigues Alves na presidência da
República.
De acordo com este revezamento Minas Gerais - São Paulo na presidência da
república, o candidato oficial, em 1930, deveria ser um mineiro, que poderia ser
o presidente de Minas Gerais e Maçom Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ou o
vice-presidente da república Fernando de Melo Viana6 ou ainda o ex-presidente

4
Embora não se saiba a data e o local de sua iniciação maçônica, sabe-se que ele pertenceu à
Loja ―Filantropia II‖, de Batatais (SP), da qual foi fundador e primeiro Venerável Mestre. Em S.
Paulo, fez parte, desde 1921, do quadro da Loja ―União Paulista‖, do Grande Oriente do Brasil,
sendo, também, membro honorário da Loja ―Amizade‖.
5
Júlio Prestes de Albuquerque (Itapetininga, 15 de março de 1882 — São Paulo, 9 de fevereiro
de 1946) foi um poeta, advogado e político brasileiro. Filho do quarto presidente do estado de
São Paulo Fernando Prestes de Albuquerque e Olimpia de Santana, foi casado com Alice
Vieira. Foi o último presidente do Brasil na República Velha. Não assumiu o cargo de
presidente da república, impedido que foi pela Revolução de 1930. Júlio Prestes foi o único
político eleito presidente da república do Brasil pelo voto popular a ser impedido de tomar
posse. Foi o último paulista a ser eleito presidente do Brasil até 1961. Foi o décimo terceiro e
último presidente eleito do estado de São Paulo (1927–1930), apesar de que Heitor Penteado o
sucedeu como presidente interino devido à candidatura de Prestes à presidência da República.
Em 23 de junho de 1930 tornou-se o primeiro brasileiro a ser capa da revista Time.
6
Fernando de Melo Viana, (Sabará, 15 de março de 1878 — Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de
1954) foi um político brasileiro. Foi presidente de Minas Gerais entre 1924 e 1926 e vice-
presidente da república no governo de Washington Luís. Depois do mulato Nilo Peçanha, Melo
Viana foi o segundo mulato a ocupar a vice-presidência. Formou-se em ciências jurídicas pela
Faculdade de Direito de Ouro Preto (atual Faculdade de Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais). Foi advogado em Uberaba, no início da sua carreira, onde se declarou ateu. O
Fórum de Uberaba é nomeado em sua homenagem. Foi juiz de direito em Carangola de 1912 a
1919. Segundo o cientista político João Batista Damasceno, em 03 de agosto de 1914,
Fernando de Melo Viana proferiu sentença extintiva de punibilidade de Olympio Joventino
Machado, acusado juntamente com o João Baptista Martins pelo evento dos qual tinham sido
vítimas e denominado Mazorca, após eleição distrital em Orizânia, em 1899, perpetrados pelo
chefe político local de Carangola, Coronel Novaes, aliado do Governador Silviano Brandão. A
mudança na política mineira com a ascensão do grupo político de João Pinheiro levou João
Baptista Martins a ocupar o cargo de Procurador Geral do Estado, cargo criado para ele.
Fernando de Melo Viana exerceu a judicatura em Carangola, período no qual conviveu com
5

Maçom Artur Bernardes, entre outros próceres políticos mineiros. Porém,


Washington Luís, depois de consultar os 20 presidentes de estado, em julho de
1929, recebeu o apoio de 17 deles a Júlio Prestes, e o indicou como candidato
oficial à presidência da república nas eleições marcadas para 1 de março de
1930. Minas Gerais, então, rompe com São Paulo, une-se à bancada gaúcha
no Congresso Nacional e promete apoio a Getúlio Vargas, se este concorresse
à presidência..
Em setembro de 1929, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a
"Aliança Liberal" lançando Getúlio Vargas7 à presidência e João Pessoa8, da
Paraíba, à vice-presidência. Apoiavam Getúlio também o Partido Democrático
de São Paulo, parte das classes médias urbanas e os tenentes, que defendiam
reformas sociais e econômicas para o país. Os outros 17 estados da época
apoiaram Júlio Prestes.
No início de 1929, o governo do Ir Washington Luís, ao nomear o
paulista Júlio Prestes, apoiado por 17 estados, preteriu a vez de Minas Gerais
no jogo da sucessão presidencial, rompendo a "política do café-com-leite", que
vinha sendo aplicada desde o governo de Afonso Pena (1906-1909) que
substituiu o paulista Rodrigues Alves9 na presidência da República.
De acordo com este revezamento Minas Gerais - São Paulo na presidência da
república, o candidato oficial, em 1930, deveria ser um mineiro, que poderia ser
o presidente de Minas Gerais Ir Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ou o vice-
presidente da república Fernando de Melo Viana10 ou ainda o Maçom e ex-

Pedro Baptista Martins, filho do advogado João Baptista Martins, e que viria a redigir o CPC de
1939. Em agosto de 1924 assumiu o governo do estado de Minas Gerais, permanecendo no
cargo até setembro de 1926. Neste mesmo ano foi eleito vice-presidente da República, ao lado
de Washington Luís, que conquistou a chefia do governo.
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Getúlio Dornelles Vargas (São Borja, 19 de abril de 1882 — Rio de Janeiro, 24 de agosto de
1954) foi um advogado e político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, que pôs fim à
República Velha, depondo seu 13º e último presidente Washington Luís e impedindo a posse
do presidente eleito em 1 de março de 1930, Júlio Prestes.
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João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Umbuzeiro, 24 de janeiro de 1878 — Recife, 26 de
julho de 1930) foi um advogado e político brasileiro. Era sobrinho de Epitácio Pessoa,
presidente da República (1919-1922). Foi auditor-geral da Marinha, ministro da Junta de
Justiça Militar, ministro do Superior Tribunal Militar e governador do estado da Paraíba (1928-
1930). Foi candidato em 1930 à vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, mas perderam
para à chapa governista, encabeçada por Júlio Prestes. Seu assassinato, na Confeitaria Glória,
no Recife, por João Dantas, enquanto ainda era governador, é considerado uma das causas da
Revolução de 1930, que depôs o presidente Washington Luís e levou ao poder Getúlio Vargas.
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A carreira política de Rodrigues Alves começou apoiada em dois importantes e sólidos
pilares: primeiro, a influência que lhe passou o poderoso visconde, chefe conservador da
província, escolhido justamente por representar na época a região que, em razão da enorme
produção cafeeira, era a mais rica de São Paulo. Segundo, o fato de pertencer à
Burschenschaft ou Bucha como chamavam os estudantes, misteriosa sociedade secreta que
existiu por muitos anos no Largo de São Francisco. De seus quadros saíram um sem número
de estadistas com fortíssima influência na política brasileira do final do Império e na República
Velha.
10
Advogado e político brasileiro nascido em Sabará, Estado de Minas Gerais, que foi
presidente de Minas Gerais (1924-1926) e vice-presidente da república no governo do 14º
Presidente do Brasil, Washington Luís (15/11/1926-24/10/1930). Filho do Comendador Manuel
Fontes Pereira de Mello Viana e de Blandina Augusta de Araújo Viana, formou-se em ciências
jurídicas pela Faculdade de Direito de Ouro Preto (1900). Exerceu os cargos de Promotor
Público em Mar de Espanha, em Minas Gerais, foi Juiz de Direito em Serro, Stª Luzia de
Carangola e Uberaba (1912-1919), Procurador-Geral do Estado de Minas Gerais (1919-1922) e
6

presidente Artur Bernardes11, entre outros próceres políticos mineiros. Porém,


Washington Luís, depois de consultar os 20 presidentes de estado, em julho de
1929, recebeu o apoio de 17 deles a Júlio Prestes, e o indicou como candidato
oficial à presidência da república nas eleições marcadas para 1 de março de
1930. Minas Gerais, então, rompe com São Paulo, une-se à bancada gaúcha
no Congresso Nacional e promete apoio a Getúlio Vargas, se este concorresse
à presidência .
Em setembro de 1929, já era percebido, em São Paulo, que a Aliança
Liberal e uma eventual revolução visavam especificamente São Paulo. Nos
debates, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em 1929, se dizia
abertamente que se a Aliança Liberal não ganhasse a eleição haveria
revolução. Tendo o senador estadual de São Paulo Cândido Nazianzeno
Nogueira da Motta denunciado, profeticamente, na tribuna do Senado do
Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, em 24 de setembro de 1929,
que:

A guerra anunciada pela chamada Aliança Liberal não é


contra o sr. Júlio Prestes, é contra nosso estado de São
Paulo, e isso não é de hoje. A imperecível inveja contra o
nosso deslumbrante progresso que deveria ser motivo de
orgulho para todo o Brasil. Em vez de nos agradecerem e — Cândido
apertarem em fraternos amplexos, nos cobrem de injúrias Nogueira da
e nos ameaçam com ponta de lanças e patas de cavalo! Motta

foi nomeado Secretário do Interior de Minas Gerais (1922), no Governo de Raul Soares. Como
Secretário do Interior investiu significativamente na educação, fazendo notáveis inovações no
sistema educativo, com repercussão no Brasil inteiro, como a criação de caixas escolares e na
assistência médico- dentária escolar. Assumiu o governo do estado de Minas Gerais (1924)
onde investiu fortemente no desenvolvimento rodoviário e promoveu o desenvolvimento
econômico mineiro, não tampouco negligenciando os setores de educação, saúde, transporte e
siderurgia, setor em que combateu os interesses e abusos de grupos internacionais,
organizando empresas com a cooperação do capital nacional. Deixou o cargo dois anos
depois, quando foi eleito vice-presidente da República (1926), com Washington Luís na chefia
do governo, e como vice exercendo constitucionalmente a presidência do Senado. Aliou-se
(1929) à Concentração Conservadora, movimento incumbido de promover a campanha de Júlio
Prestes em Minas Gerais, candidato governista às eleições presidenciais a serem realizadas
no ano seguinte. Com a vitória da Revolução de 30 exilou-se por oito anos na Europa, voltando
anistiado e por causa da Guerra. Afastado da política partidária, exerceu a advocacia em Minas
e no Distrito Federal e foi eleito Presidente da Ordem dos Advogados por duas vezes. Com a
queda de Vargas, voltou à política e foi eleito Senador Constituinte na legenda pelo Partido
Social Democrático (1945) e logo depois tornou-se presidente da Assembléia, obtendo a
maioria dos votos junto aos constituintes. Durante a Assembléia Nacional Constituinte (1946)
foi colocada em votação a emenda 3165 de autoria de Miguel Couto Filho pedindo a proibição
da entrada no país de imigrantes orientais de qualquer idade e de qualquer procedência, sob a
alegação de serem aqueles de uma raça inferior Tal emenda obteve votação empatada de 99
votos contra e 99 votos a favor, cabendo a ele, como presidente da assembléia, dar o voto de
minerva e sabiamente a rejeitou. Após a promulgação da nova carta (1946) assumiu a vice-
presidência do Senado. Depois de exercer seu último mandato como senador (1946-1950),
morreu no Rio de Janeiro, a pouco mais de um mês para completar 76 anos.
11
Artur da Silva Bernardes - Advogado e político da cidade de Viçosa - Minas Gerais. Foi
deputado, governador e presidente da República (1922-1926). A cidade de Presidente
Bernardes, é em sua homenagem.
7

Cândido Nogueira da Motta citou ainda o senador fluminense Irineu Machado


que previra a reação de São Paulo:

A reação contra a candidatura do Dr. Júlio Prestes


representa não um gesto contra o presidente do estado,
mas uma reação contra São Paulo, que se levantará
porque isto significa um gesto de legítima defesa de seus — Irineu
próprios interesses"! Machado

Em meio à grave crise econômica, devido à Grande Depressão de 1929


que derrubara os preços do café, Júlio Prestes, que era membro do Partido
Republicano Paulista, foi eleito presidente em 1 de março de 1930, vencendo
em 17 estados e no Distrito Federal, mas não tomou posse. Apesar da grande
votação nos 3 estados aliancistas, Getúlio Vargas foi largamente derrotado.
Júlio Prestes, em São Paulo, teve 91% dos votos válidos. A ala mais radical da
Aliança Liberal resolve pegar em armas e usa o assassinato de João Pessoa,
em julho de 1930, como o estopim do movimento. O crime não teve motivos
políticos, mas foi usado como tal, cujo impacto emocional deu novo ânimo aos
oposicionistas derrotados. Cresce o apoio popular e os preparativos do golpe
foram levados adiante e com rapidez, pois se aproximava o momento da posse
de Júlio Prestes.
Em 3 de outubro de 1930 estoura a insurreição. Os rebeldes tomam os três
estados que irradiaram a revolução: (Rio Grande do Sul, Minas Gerais e
Paraíba) e rumam para a capital federal.

Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson12 durante sua
passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a Revolução de
1930.

12
Nascido na cidade de Hedemora, região da Dalarna, na Suécia Central, a cerca de duzentos
quilômetros de Estocolmo, foi criado no credo luterano e viveu em sua localidade natal até
1890 quando a família mudou-se para Sundsval, mais ao norte. Viveu tempos difíceis, quando
a Suécia era um dos mais pobres países da Europa. Em 1891 a família decide mudar-se para a
América, seguindo o mesmo caminho de muitos outros suecos de então. Porém a grande
maioria destes mudou-se para o Estados Unidos. Não se sabe exatamente o que teria
motivado cerca de dois mil suecos - talvez quinhentas famílias - a emigrar para ao Brasil. Entre
eles estavam os Jansson. Na Revolução Constitucionalista de 1932, além de Itararé onde
fotografou João Batista Luzardo (O Embaixador), esteve também em Buri, local onde
ocorreram os mais violentos combates da Frente Sul, em Itapeva (então Faxina) e Capão
8

Em 24 de outubro de 1930, um golpe militar liderado por comandantes


militares no Rio de Janeiro depõe Washington Luís e entrega, em 3 de
novembro de 1930, o poder a Getúlio Vargas. Vitoriosa a revolução de 1930,
Getúlio Vargas foi nomeado chefe do "Governo Provisório" e põe fim à
supremacia política de São Paulo e Minas Gerais no governo federal. Entre
outras ações, anistiou os rebeldes das revoluções de 1922 e 1924, modificou o
sistema eleitoral e criou o Ministério do Trabalho.
Vitoriosa a revolução de 1930, Getúlio Vargas foi nomeado chefe do "Governo
Provisório" e põe fim à supremacia política de São Paulo e Minas Gerais no
governo federal. Entre outras ações, anistiou os rebeldes das revoluções de
1922 e 1924, modificou o sistema eleitoral e criou o Ministério do Trabalho.
Getúlio tomou posse instalando no Brasil uma ditadura: suspendeu a
Constituição e nomeou interventores em todos os estados, com exceção de
Minas Gerais - reforçando o conflito com São Paulo; dissolveu o congresso
nacional, os congressos estaduais (câmaras e senados estaduais) e as
câmaras municipais. Além de medidas de centralização política, outras se
seguiram visando ao controle econômico pelo governo central: os estados
foram proibidos de contratar empréstimos externos sem aut orização do
governo federal; o monopólio de compra e venda de moeda estrangeira pelo
Banco do Brasil fá-lo controlar, assim, o comércio exterior. O governo impõe,
ainda, medidas para controlar os sindicatos e as relações trabalhistas e cria
instituições para intervir no setor agrícola como forma de enfraquecer os
estados.
Júlio Prestes, o presidente Washington Luís e vários outros apoiadores
de Júlio Prestes foram exilados na Europa, e os jornais que apoiavam Júlio
Prestes foram destruídos (na época se dizia empastelados), entre eles, os
jornais paulistanos Folha de S. Paulo, "A Plateia" e o Correio Paulistano e os
jornais cariocas A Noite e O Paiz.
Getúlio nomeou interventores para o governo dos estados, sendo que para São
Paulo foi designado o tenente, promovido a coronel pela Revolução de 1930,
João Alberto Lins de Barros, o qual a oligarquia paulista tratava
pejorativamente como um "forasteiro e plebeu" ou, ainda, por O
pernambucano, codinome também adotado e difundido entre o povo paulista .

O Partido Democrático, que apoiara Getúlio Vargas em São Paulo,


conseguindo para Getúlio 10% dos votos paulistas nas eleições de 1 de março,
não conseguiu indicar o interventor federal em São Paulo.

Após a derrota de São Paulo em 24 de outubro de 1930, quando triunfou a


Revolução de 1930, foi deposto o presidente em exercício de São Paulo Heitor
Penteado e o estado passou a ser governado pelo "Gabinete dos 40 dias",
tendo o Tenente João Alberto como Delegado Militar da Revolução, formado
por próceres do Partido Democrático. O Gabinete dos 40 dias renunciou devido
às pressões dos tenentes, rompendo com João Alberto.

Bonito, acompanhando e fotografando os acontecimentos. Falecendo no ano de 1954 em


Curitiba onde estava hospitalizado - e onde foi enterrado - deixou vasto material que é hoje
divulgado e utilizado pelos estudantes e interessados brasileiros.
9

A partir da renúncia do Gabinete dos 40 dias, São Paulo foi governado


por interventores federais:

 Tenente João Alberto Lins de Barros, de 25 de novembro de 1930 até 24


de julho de 1931.
 Laudo Ferreira de Camargo, de 25 de julho de 1931 até 13 de novembro
de 1931.
 Coronel Manuel Rabelo Mendes, de 13 de novembro de 1931 até 7 de
março de 1932.
 Pedro Manuel de Toledo, de 7 de março de 1932 até o fim da Revolução
de 1932, em 2 de outubro de 1932. Em 23 de maio de 1932, Pedro de
Toledo, foi aclamado pelos paulistas governador de São Paulo.

Logo depois de vitoriosa a Revolução de 1930, em 6 de novembro de


1930, Luís Carlos Prestes, que conhecia João Alberto do tempo da Coluna
Prestes, lançou um manifesto onde dizia textualmente:

Brasileiros: Livrai-vos da desonestidade de um


João Alberto ! — Luís Carlos
Prestes

E o tenente João Cabanas, um dos chefes da Revolução de 192413 e


revolucionário de 1930, no seu livro "Fariseus da Revolução", de 1932, assim
definiu o tenente João Alberto:

João Alberto serve como exemplo: se, como militar, merece


respeito, como homem público não faz jus ao menor elogio.
Colocado, por inexplicáveis manobras e por circunstâncias
ainda não esclarecidas, na chefia do mais importante estado
do Brasil, revelou-se de uma extraordinária, de uma admirável
incompetência, criando, em um só ano de governo, um dos
mais trágicos confusionismos de que há memória na vida
política do Brasil, dando também origem a um grave impasse
econômico (déficit de 100.000 contos), e a mais profunda
impopularidade contra a "Revolução de Outubro".. e ter — João
provocado no povo paulista, um estado de alma equívoco e Cabanas

13
A Revolta Paulista de 1924, também chamada de 'Revolução Esquecida', "Revolução do
Isidoro", "Revolução de 1924" e de "Segundo 5 de julho", foi a segunda revolta tenentista; foi o
maior conflito bélico já ocorrido na cidade de São Paulo. Comandada pelo general reformado
Isidoro Dias Lopes, contou com a participação de vários tenentes, dentre os quais Joaquim do
Nascimento Fernandes Távora (que faleceu na revolta), Juarez Távora, Miguel Costa, Eduardo
Gomes, Índio do Brasil e João Cabanas. Deflagrada na capital paulista em 5 de julho de 1924
(2º aniversário da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, primeira revolta tenentista), a
revolta ocupou a cidade por 23 dias, forçando o presidente do estado, Carlos de Campos, a
fugir para o interior de São Paulo, depois de ter sido bombardeado o Palácio dos Campos
Elísios, sede do governo paulista na época.
10

perigoso. Nossa história não registra outro período de


fracasso tão completo como o do "Tenentismo inexperiente"!.

Os paulistas consideravam que o seu estado estava sendo tratado pelo


Governo Federal, que se dizia um "Governo Provisório", como uma terra
conquistada, expressão de autoria de Leven Vanpré14, governada por tenentes
de outros estados e sentiam, segundo afirmavam, que a Revolução de 1930
fora feita "contra" São Paulo, pois Júlio Prestes havia tido 90% dos votos dos
paulistas em 1930.

O estopim da revolta foi a morte, em 23 de maio de 1932, de cinco


jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados a tiros por partidários
da ditadura, pertencentes à "Legião Revolucionária", criada por João Alberto
Lins de Barros e orientada pelo Major Miguel Costa. Pedro de Toledo tentara
formar um novo secretariado independente das pressões exercidas pelos
tenentes, quando chegou a São Paulo Osvaldo Aranha, representando a
ditadura, querendo interferir na formação do novo secretariado. O povo quando
ficou sabendo saiu às ruas, houve grandes comícios e passeatas, e no meio do
tumulto a multidão tenta invadir a sede da "Legião Revolucionária". Ao subirem
as escadarias do edifício, são recebidos a balas. Pedro de Toledo, com o apoio
do povo, conseguiu neste dia 23 de maio de 1932 montar um secretariado de
sua livre nomeação (que ficou conhecido como o Secretariado de 23 de maio)
e romper definitivamente com o Governo Provisório. O dia 23 de maio é
sagrado em São Paulo como o Dia do soldado constitucionalista.

Multidão reunida em protesto ao assassinato dos estudantes MMDC em São Paulo.

14
Leven Vampré foi o primeiro titular do 14° Tabelionato de Notas de São Paulo, nomeado pelo
governador Armando de Sales Oliveira, em 1937. Sua nomeação ocorreu logo após que voltou
do exílio a que fora condenado pelo presidente Getúlio Vargas, devido à sua oposição à
ditadura. Bacharel em direito, formado em 1912 pela Faculdade de Direito do Largo de São
Franscisco, foi escritor, jornalista e corretor de imóveis.
11

A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição que ficou


conhecido como MMDC, atualmente denominado oficialmente de MMDCA:
Contrários a isso, os paulistas começaram a se movimentar contra a ditadura
Vargas, e os estudantes prepararam uma série de manifestações contra
Getúlio Vargas, que eclodiram por toda a capital, num clima de crescente
revolta, no dia 23 de maio daquele ano. Um grupo tentou invadir a Liga
Revolucionária, uma célula da Revolução de 1930, organização favorável ao
regime de Getúlio Vargas situada nas proximidades da praça da República.
Os governistas da Liga resistiram com armas e quatro invasores acabaram
mortos:

 Mário Martins de Almeida,


 Euclides Miragaia,
 Dráusio Marcondes de Sousa e
 Antônio Camargo de Andrade.

Três pereceram durante o confronto. O quarto morreu algum tempo depois, em


virtude dos ferimentos. Um quinto ferido, o estudante Orlando de Oliveira
Alvarenga, morreu dali a três meses e, por esse motivo, não teve seu nome
associado ao movimento.
12

As iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo formaram a sigla


MMDC, que passou a representar uma organização civil clandestina que, entre
outras atividades, oferecia treinamento militar à guerrilha paulista. Seguiu-se ao
episódio da Praça da República uma intensa campanha de alistamento
voluntário, a 9 de julho, em diversos postos distribuídos pelo Estado, que
culminaram na Revolução Constitucionalista de 1932Atualmente, as iniciais
MMDC são o nome de uma rua no Butantã, ao lado da rua Miragaia, da rua
Martins, da rua Dráuzio e da rua Camargo (há também a rua Alvarenga), e
batizam um colégio situado na Rua Cuiabá, 667, no bairro paulistano da
Mooca.

M.M.D.C.A
Alguns historiadores utilizam a sigla MMDCA em homenagem a Orlando
de Oliveira Alvarenga, ferido juntamente com seus colegas Martins, Miragaia,
Dráusio e Camargo, mas que veio a falecer em agosto de 1932 em razão dos
ferimentos. Para homenageá-lo, o governo do Estado criou o "Colar Cruz de
Alvarenga e dos Heróis Anônimos"1 . Em 13 de janeiro de 2004, foi promulgada
a Lei Estadual 11.6582 , denominando o dia 23 de maio como "Dia dos Heróis
MMDCA", em homenagem a Orlando de Oliveira Alvarenga, alvejado também
13

em 23 de maio e que veio a falecer em 12 de agosto de 1932. A cidade de São


Paulo homenageia todos os nomes e datas da Revolução: as ruas Martins,
Miragaia, Dráusio, Camargo, Alvarenga e MMDC se intercruzam no bairro do
Butantã onde nas proximidades destas ruas existe na praça Waldemar Ortiz
um discreto monumento.Duas das vias arteriais da cidade homenageiam as
datas mais importantes do evento: 23 de Maio e 9 de Julho, que se iniciam na
Praça da Bandeira no centro da cidade de São Paulo, e também em São Paulo
existe uma escola no bairro da Mooca que faz uma homenagem e tem em seu
nome as iniciais dos quatro "heróis". Nas demais cidades do estado, há ruas
homenageando Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo nas cidades de
Campinas, Cotia, Franca, Itaquaquecetuba, Leme, Lorena, Piracicaba, São
Bernardo do Campo, precisamente no bairro Pauliceia, onde está localizado
um obelisco com as iniciais MMDC, São José dos Campos, São José do Rio
Preto, Sorocaba e Votorantim, além de praças nas cidades de Bauru, Jundiaí,
Lorena e São Carlos3 . Na cidade de São Vicente existe ainda a praça "Heróis
de 32", onde foi erigido um monumento e inscrições sobre o fato. Esta praça
está localizada na orla da praia do Gonzaguinha, entre a avenida Antonio
Rodrigues e a rua João Ramalho, altura do número 578.

Segundo Aspásia Camargo15, em artigo para o jornal "O Estado de S.


Paulo", em texto comemorativo dos 60 anos da Revolução Constitucionalista
de 1932, publicado em 9 de julho de 1992, o constitucionalismo paulista
resultou de um conflito entre duas concepções de democracia: Democracia
Social e Democracia Liberal. Para Getúlio Vargas e os tenentes, a democracia
liberal formal era um engodo, tanto quanto o liberalismo brasileiro. Já para os
paulistas, segundo Aspásia Camargo, principalmente para sua oligarquia, a
democracia social era caso de polícia. Essa acusação contra os paulistas de
que, em São Paulo, ―questão social é questão de polícia‖, se deve a uma
distorção de uma frase do presidente Washington Luís por parte de seus
adversários. A frase que realmente Washington Luís pronunciou foi

A agitação operária é uma questão que interessa mais à


ordem pública do que à ordem social, representa o estado

de espírito de alguns operários, mas não de toda a
Washington
sociedade!
Luís

Começou-se, então, a se tramar um movimento armado visando à derrubada


da ditadura de Getúlio Vargas, sob a bandeira da proclamação de uma nova
Constituição para o Brasil.

15
Aspásia Brasileiro Alcântara de Camargo (Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1946) é uma
socióloga, ambientalista, professora e política brasileira filiada ao Partido Verde. Atualmente é
deputada estadual pelo PV.
14

A Maçonaria e a Revolução
Desde seu início, a revolução de 1932 contou com o apoio decisivo da
Maçonaria Paulista, através de suas lideranças e de seus membros como
Pedro de Toledo, Júlio de Mesquita Filho, Armando de Sales Oliveira, Ibrahim
de Almeida Nobre e outros.

Segundo o GOSP (Grande Oriente de São Paulo) a Revolução


Constitucionalista de 1932 teve em suas lideranças diversos Maçons, entre os
quais se incluía o Governador do Estado.

Francisco Rangel Pestana


Jornalista, fundador e diretor do jornal O Estado de São Paulo,
pertencente ao Quadro da Loja América, de São Paulo.
- Ibrahim Nobre - Escritor, advogado e promotor público, foi chamado de o
Tribuno da Revolução. Iniciado em Santos.

Júlio Mesquita
Jornalista, fundador e presidente do jornal O Estado de São Paulo,
pertencente ao Quadro da Loja América, de São Paulo..

Júlio de Mesquita Filho


Jornalista, presidente do jornal O Estado de São Paulo, líder civil da
Revolução de 1932, do Quadro da Loja União Paulista II, de São Paulo. E um
dos fundadores da GLESP - Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.

Júlio Prestes
Político, presidente (governador) de São Paulo, eleito presidente do
Brasil, em 1930. Não tomou posse devido ao Golpe de Vargas. Pertencente à
Loja Piratininga, de São Paulo.

Pedro de Toledo
Embaixador do Brasil e Governador aclamado de São Paulo. Foi Grão
Mestre do GOSP.

Washington Luiz
Advogado foi presidente (governador) de São Paulo e presidente do
Brasil de 1926 a 1930 (destituído pelo golpe militar). Fundador e 1º Venerável
da Loja Filantropia II, de Batatais.

Os Maçons

Júlio de Mesquita Filho


Julio César Ferreira de Mesquita Filho (São Paulo, 14 de fevereiro de
1892 — São Paulo, 12 de julho de 1969) foi um jornalista brasileiro, seguiu os
passos de seu pai, Júlio de Mesquita, proprietário do jornal O Estado de S.
Paulo. Seus primeiros estudos se deram na Europa, voltando ao Brasil para
cursar a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São
15

Francisco. Estreia como jornalista na edição vespertina do "Estado"


(conhecida como "Estadinho"), editada no transcurso da Primeira Guerra
Mundial. Afilia-se em 1917 à Liga Nacionalista, organização liderada por
Frederico Steidel e Olavo Bilac, com vistas a democratizar os costumes
políticos de um Brasil ainda oligárquico. Torna-se um dos mais jovens
fundadores do Partido Democrático, em 1926, grupo formado por intelectuais e
membros de uma nova elite urbana e liberal que combatia as práticas do velho
Partido Republicano Paulista. Sucede a seu pai em 1927 e engaja-se ao
término do governo Washington Luís na candidatura de Getúlio Vargas, que em
sua Aliança Liberal apresenta um programa de reformas institucionais, tais
como o voto secreto e o fim da política dos governadores. Derrotado Vargas,
Mesquita Filho apoia a Revolução de 1930, mas decepciona-se com o
descumprimento das promessas iniciais de Getúlio Vargas. Organiza dois anos
depois o movimento conhecido por Revolução Constitucionalista de 1932 que
exigia do governo provisório o estabelecimento de uma nova Carta ao País e o
resgate das promessas perdidas de 1930. Exilado pela primeira vez após a
derrota da Revolução, Mesquita Filho volta a São Paulo ainda a tempo de
fundar, com seu cunhado Armando de Salles Oliveira, então interventor de São
Paulo, a Universidade de São Paulo, vista pelo jornalista como essencial para a
formação de uma nova elite política e cultural para o Brasil. A partir do golpe do
Estado Novo, em 1938, Julio de Mesquita Filho é preso 14 vezes e levado ao
exílio pela ditadura. "O Estado de S. Paulo" é expropriado da família em 1940
e, somente em 1945, ante uma decisão do Supremo Tribunal Federal, é
devolvido a seus legítimos proprietários. Nos anos da República Nova (1946-
1964), Mesquita Filho lidera seu diário nas lutas contra Vargas e seus
seguidores, perfilando-se, ainda que assumindo uma postura crítica, à União
Democrática Nacional. Em 1964 apoia o golpe militar que derrubou João
Goulart, mas rompe com o "partido fardado" logo após a edição do Ato
Institucional nº 2, de 1965. A partir desse momento, Mesquita e seu "Estado"
passam a uma crescente oposição ao regime dos generais. Ao tomar
conhecimento, em dezembro de 1968, que o presidente Costa e Silva editaria o
Ato Institucional nº 5, que terminaria por sepultar as liberdades públicas no
Brasil, Mesquita escreve seu último editorial, "Instituições em Frangalhos". Na
mesma noite, a edição do "Estado" era apreendida pela Polícia Federal, sob a
promessa de ser liberada se a direção do jornal retirasse o editorial. Mesquita
recusou-se. Desgostoso com a censura imposta ao diário, o velho jornalista
deixou de redigir as "Notas e Informações". Após submeter-se a uma cirurgia
no aparelho gástrico, faleceu em julho de 1969, aos 77 anos, em São Paulo.
Foi sucedido na direção do jornal por seu filho Júlio de Mesquita Neto.

Armando de Sales Oliveira


Armando de Sales Oliveira (São Paulo, 24 de dezembro de 1887 — São
Paulo, 17 de maio de 1945) foi um engenheiro e político brasileiro, graduado
pela Escola Politécnica de São Paulo, interventor federal em São Paulo entre
21 de agosto de 1933 a 11 de abril de 1935 e governador (eleito pela
Assembléia Constituinte) de 11 de abril de 1935 a 29 de dezembro de 1936.
Sales Oliveira apoiou a Revolução de 1930 juntamente com o jornal O Estado
de S. Paulo, do qual era sócio. Em 1937, Sales Oliveira deixou o governo de
São Paulo para ser candidato ao cargo de Presidente da República, nas
16

eleições marcadas para janeiro de 1938, eleições estas que não ocorreram
porque Getúlio Vargas deu um golpe de estado que implantou no Brasil o
Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. O Estado Novo tinha por modelo
os regimes totalitários então em voga na Itália, Alemanha, Espanha, dentre
outros países. Sales Oliveira foi exilado. Em 1940, o jornal O Estado de S.
Paulo foi confiscado. Sales Oliveira só voltou ao Brasil em 1945, falecendo logo
em seguida. O nome de Armando de Sales Oliveira está associado à criação
da Universidade de São Paulo, em 1934, cuja criação seu cunhado Júlio de
Mesquita Filho, diretor de O Estado de S. Paulo, defendera por anos.O campus
da USP na capital paulista e o Centro Acadêmico do campus da USP de São
Carlos receberam seu nome.

Ibrahim de Almeida Nobre


Ibrahim de Almeida Nobre (São Paulo, 19 de fevereiro de 1888 — 8 de
abril de 1970) foi um jurista e orador brasileiro, herói e o "tribuno" da Revolução
Constitucionalista de 1932.

As Reuniões Preparatárias do Movimento e a Revolução


As reuniões preparatárias do movimento foram levadas a efeito na sede
do jornal "O Estado de S. Paulo", fundado, em 1875, com idéias republicanas,
pelos Maçons Américo de Campos (Loja América), Francisco Rangel Pestana
(Loja América), Manoel Ferraz de Campos Salles (Loja Sete de Setembro) e
José Maria Lisboa (Loja Amizade). Nessa época, o jornal já era dirigido por
Júlio de Mesquita Filho (Loja União Paulista II), que era um dos principais
líderes do movimento. Júlio de Mesquita Filho, depois de ter conseguido
organizar uma frente única dos partidos de S. Paulo, entrou em entendimento
com líderes da Frente Única Sul-riograndense, nas pessoas de João Neves da
Fontoura e Glicério Alves. Pelo Rio Grande do Sul, com concordância do
interventor, Flores da Cunha, foi firmado um pacto entre paulistas e
riograndenses, o qual os obrigava a recorrer às armas, caso o interventor de
um dos dois Estados fosse destituído, ou se houvesse a substituição do gal.
Andrade Neves do comando da região militar do Rio Grande do Sul, ou do gal.
Bertholdo Klinger, da guarnição de Mato Grosso. O governo ditatorial reagia ao
movimento, tentando asfixiar o Estado de S. Paulo e, enquanto o governo
paulista prevenia-se, para não sofrer um golpe de surpresa, na Capital Federal,
vários fatos políticos e militares levavam à exoneração do ministro da Guerra, a
28 de junho, com a nomeação do general Espírito Santo Cardoso, há muito
tempo reformado e afastado da tropa. Isso suscitou a revolta de Klinger,
externada num agressivo ofício, datado de 1o. de junho, dando conhecimento
do que resolvera, a Pedro de Toledo. Exonerado, por isso, estava criado o
motivo suficiente, que fora exigido por Flores da Cunha, para que o Rio Grande
entrasse na luta. Ele, todavia, além de não cumprir o acordo, ainda enviaria
tropas contra São Paulo. Em reunião realizada no dia 7 de julho, com a
presença de Francisco Morato, Ataliba Leonel, Sílvio de Campos, coronel Júlio
Marcondes Salgado e general Isidoro Dias Lopes, ficou decidido que o levante
aconteceria no dia 20, sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides
Figueiredo. Pedro de Toledo ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro
ao Rio de Janeiro, no dia 8, para conferenciar com Vargas. Todavia, em nova
reunião, nesse dia, resolveu-se deflagrar o movimento no dia 10, antes que
17

chegasse a S. Paulo o gal. Pereira de Vasconcellos, para assumir o comando


da Região Militar. A 9 de julho, um sábado, a revolta constitucionalista estava
nas ruas. Embora algumas obras didáticas situem o início do movimento às 24
horas desse dia, ele eclodiu às 11,40 hs., sob o comando de Euclydes
Figueiredo, com a tomada do Q.G. da 2 a. Região Militar. No mesmo dia, às
23,15 hs., as sociedades de rádio eram tomadas por civis e, a partir das 24
horas --- daí a confusão de alguns autores --- começava a ser repetida a
seguinte mensagem. De acordo com a Frente Única Paulista e com a unànime
aspiração do povo de São Paulo e por determinação do general Izidoro Dias
Lopes, o coronel Euclydes Figueiredo acaba de assumir o comando da 2 a.
Região Militar tendo como Chefe do Estado Maior o coronel Palimercio de
Rezende. A oficialidade da Região assistiu incorporada no QG à posse do
coronel, nada havendo ocorrido de anormal. Reina em toda a cidade intenso
júbilo popular e o povo se dirige em massa aos quartéis, pedindo armas para a
defesa de São Paulo. No dia 10, o interventor Pedro de Toledo era aclamado,
pelo povo, pelo Exército e pela Força Pública, governador de S. Paulo. No dia
12, o general Bertholdo Klinger desembarcava na Estação da Luz e, no QG da
2a. R.M., na rua Conselheiro Crispiniano, diante do microfone da Rádio
Educadora Paulista, recebia o comando da região de S. Paulo, transmitido por
Euclydes, que, na tarde do mesmo dia, iria para Cruzeiro, onde assumiria o
comando da vanguarda das tropas constitucionalistas. Deixado sozinho, na luta
pela Constituição e pelo Brasil, os combatentes de S. Paulo, sem recursos,
iriam resistir durante três meses. Sem o esperado apoio de Minas Gerais e do
Rio Grande do Sul, as tropas paulistas, que ocuparam o vale do Paraíba, ao
longo da Estrada de Ferro Central do Brasil, não conseguiram avançar além da
divisa com o Estado do Rio. O bloqueio do porto de Santos e a grande
concentração de forças federais, vindas de todos os Estados, venceram a
resistência dos soldados paulistas, graças ao esgotamento de seus recursos. A
28 de setembro, a luta chegava ao fim. Sem que o governo civil fosse
consultado, Klinger enviou emissários aos adversários, com propostas de paz e
um telegrama a Vargas propondo suspensão do conflito. Fracassados os
entendimentos, porque os termos do armistício eram humilhantes para São
Paulo, elementos do comando geral da Força Pública --- seu comandante, Júlio
Marcondes Salgado, extraordinário defensor da causa paulista, havia falecido
num estúpido acidente com uma granada --- sob o comando do coronel
Herculano Silva, assinaram a vexatória rendição, na noite de 1o para 2o de
outubro, submetendo-se ao governo ditatorial, em troca de vantagens para os
seus oficiais. Herculano foi indicado --- prêmio? --- para assumir o governo e,
no dia 2, às 15,30 hs, mandava três oficiais seus, ao palácio dos Campos
Elíseos, para depor Pedro de Toledo. A voltar, a Piratininga, à atividade, a 3 de
novembro, o Venerável Mestre comunicava que, embora tivesse, a Loja,
deixado de funcionar por determinação superior --- do Grande Oriente de S.
Paulo, dirigida a todas as suas Lojas --- mas que a sua diretoria havia
continuado a se reunir, semanalmente, para tomar conhecimento do
expediente e para resolver os assuntos mais urgentes. E Vaz de Oliveira,
interpretando o pensamento da Piratininga e de todo o povo paulista, dizia que
"não pode deixar de saudar ao povo paulista pela dedicação, patriotismo e
heroísmo, que tão fortemente demonstrou na guerra em que se empenhou,
heroísmo que igual, quanto mais maior, em nenhuma guerra aponta a história,
18

mesmo na mundial, bem como não pode ser apontada maior traição do que a
sofrida pelos paulistas, para cujos traidores deve todo Maçom cônscio dos seus
deveres, evitar convívio, votando-lhes desprezo".

Referências Bibliográficas
GRANDE ORIENTE DE SÃO PAULO (GOSP). Liderança Maçônica na
Revolução de 1932. http://www.gosp.org.br/noticias/culturais/100-lideranca-
maconica-na-revolucao-de-1932

LOJA AMÉRICA, N° 139, A Maçonaria Paulista na Revolução de 1932


A Participação de Destaque da Loja América.
http://www.america.org.br/documentos/rev_const_1932.html

WIKIPÉDIA. Revolução Constitucionalista de 1932. http://pt.wikipedia.org/


wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Constitucionalista_de_1932

WORDPRESS.Presidentes Maçons – Washington Luíshttp://81nos.


wordpress.com/2012/10/19/presidentes-macons-washington-luis/

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