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Hugo de são Victor, grande teólogo e santo padre da igreja, nos diz
existir três dias de uma Luz Invisível: os dias do temor, da verdade e do amor.
A esses dias, em nosso carisma, chamamos de obediência, verdade e
liberdade. São três degraus que temos que subir para chegarmos à união com
Deus, mediante a geração materna de nossa Mãe de Misericórdia. Existe,
portanto, um paralelo entre esses três degraus do nosso carisma com as três
vias do progresso espiritual: via purgativa, iluminativa e unitiva. Assim,
chegamos ao conhecimento das coisas invisíveis partindo das visíveis.
A verdade, ademais, tem três níveis. No primeiro nível não temos uma
experiencia com verdade propriamente dita. No segundo e no terceiro nível
tem-se a experiência da verdade. São três fazes que acontecem na inteligência
humana quando quer conhecer alguma coisa e enxergar a verdade. Essas
fazes são chamadas de simples apreensão, julgamento e raciocínio. Na
simples apreensão não existe a experiência da verdade, por não se ter a
capacidade, ainda, de fazer um julgamento verdadeiro ou falso. No
Julgamento, pode-se encontrar uma verdade, pois, se distingue o falso do
verdadeiro. Se aprofundarmos nos julgamentos, chegaremos ao raciocínio, que
trabalha com as verdades encontradas pelo julgamento e busca colocá-las
numa verdade só. Em outras palavras, pode-se dizer, o raciocínio encontra
uma rede entrelaçadas de verdades e procura a verdade pela qual provém
todas as demais, procura a verdade primeira, ainda que de um modo natural.
Tem-se, ainda, um quarto nível de verdade que vem pela graça quando
fazemos um ato de fé, e por sua natureza mostra-se inteiramente sobrenatural.
É uma verdade viva do qual nosso senhor falou no Evangelho: “Eu Sou a
Verdade”; e também: “se conheceres a verdade, a verdade vos libertará”. A
verdade, nesse caso, é uma pessoa e podemos contemplá-la e amá-la porque
ele é a verdade pela qual toda verdade foi criada. É o verbo de Deus, a
segunda pessoa da Santíssima Trindade, que se fez carne no ventre da Virgem
Maria, assumiu a nossa miséria humana e a transformou em misericórdia. Por
isso, podemos, agora, no hoje da nossa vida, nos unirmos ao verbo mediante a
maternidade da Virgem Mãe. Assim, pois, se Jesus é o verbo, se é a sabedoria
de Deus, se por Jesus Cristo veio a verdade, conclui-se que a verdade provém
da sabedoria divina. Portanto onde o raciocínio natural chega, a verdade
sobrenatural repousa.
O dia da Sabedoria é a Verdade
A própria sabedoria falou deste dia aos judeus, dizendo: “vosso pai
Abraão exultou por ver o meu dia, viu-o e rejubilou” (Jo 8).
Isso significa, que assim como Cristo morreu por nós, também com Ele
morremos e no batismo somos sepultados. Quando Ele ressurgiu, também nós
ressurgimos com Ele, para uma vida nova. Dessa forma, um novo homem e
nova mulher literalmente nasceu pela graça do conhecimento dessa verdade.
Assim, portanto, se nos mantermos na obediência, sem nos desviarmos nem
para esquerda e nem para direita, chegaremos à verdade, e se conhecermos a
verdade a verdade nos libertará e seremos verdadeiramente livres.
Eis o que são os três dias: o dia temor, conhecido como obediência, que
manifesta o mal; o dia da verdade, aquela da graça, que remove o mal; o dia
da caridade, também conhecida como liberdade, que restitui o bem. Assim o
dia da verdade clarifica o dia do temor; o dia da caridade clarifica o dia do
temor e o dia da verdade; até que a caridade se torne perfeita e toda verdade
seja perfeitamente manifestada e o temor da pena se transforme no temor de
reverência.
“Muito tenho ainda para voz dizer, mas não o poderíeis suportar.
Quando vier o Espirito da verdade, vos ensinará toda verdade” (Jo 14).