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O APRENDIZ

De: Hemerson Fernandes Calgaro

I
Em essência, a Maçônica é composta por homens livres e de bons costumes que são
escolhidos do mundo profano, os quais têm o estudo e o trabalho como requisitos básicos para a
construção social. A Maçonaria é uma organização que tem por Base o G∴ A∴ D∴ U∴; como
Regra, a Lei Natural; por Causa, a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral; por Princípio, a Igualdade, a
Fraternidade e a Caridade; por Frutos, a Virtude, a Socialidade e o Progresso, e consequentemente,
a Felicidade dos povos. Tem ainda, no seu horizonte, o Amor a Pátria, à Família e ao Próximo e ao
mesmo tempo, combate e luta contra os flagelos causadores de todos os males que afligem a
Humanidade e entravam o progresso.
Para tanto, a Maçonaria utiliza-se de métodos e meios racionais auxiliados por Símbolos e
Alegorias que, somados às experiências e conhecimentos dos IIr∴ que a compõe, desvendam o
caminho para a consecução da Felicidade Geral e Paz Universal. Neste caminho, as Virtudes do
Maçom são colocadas à prova, a fim de que elas se expressem e ao mesmo tempo, sejam
submetidas ao aperfeiçoamento e devidos ajustes.
Muitas vezes a Virtude encontra-se numa condição embrionária, requerendo, portanto, a
devida depuração, trabalho e dedicação, justamente pela necessidade do Maçom em ter de

Traduzido e adaptado por: Ir∴ André Walzburger


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avançar, sendo um colaborador e até protagonista, na construção das estruturas e relações sociais
em que vive.
Quando os Maçons identificam um possível futuro Ir∴ no mundo profano, este é convidado
e, se possível, conduzido a Iniciação na Maçonaria; é como se ele fosse retirado da “massa”, da
“pedreira”, onde todos são iguais; onde ninguém tem forma, nem distinção, se confundem com
tudo e todos. Mas, algo nele, provocado pelo ensinamento Maçônico, o conduzirá para um caminho
profícuo. Será na Iniciação que a sua individualidade ganhará expressão, significado e importância,
proporcionando condições dele mesmo promover o progresso interior.
O progresso do Maçom ou, no caso, do Aprendiz Maçom, é sentido à medida em que avança
no processo do desbastar a Pedra Bruta, de se livrar das paixões, das amarras do instinto, da carne
e aprender a canalizar a sua energia espiritual. A Pedra Bruta é o emblema do Aprendiz Maçom e
de tudo que se encontra no estado ainda imperfeito da sua Natureza. Trata-se de uma tarefa ímpar,
individual e única, sendo cada um responsável por este labor, onde o ambiente que o circunda sente
e se beneficia das benesses do seu progresso. A sua idade é de ………, pois na antiguidade, este era
o tempo necessário ao seu preparo.
Este processo de melhoria é contínuo e ininterrupto, e com o tempo, aquela condição
simplista e igualitária a tudo e a todos acaba por desaparecer e dá a ele, Maçom, uma identidade e
função na construção da Sociedade Humana, considerada pela Maçonaria como o Templo de Deus.
Ainda, estará apto e ajustado, assim como um tijolo cujos vértices são formados por ângulos
retos, para assentar justa e corretamente na “fundação” desta importante construção, figurando
como um sólido alicerce para os demais IIr∴, para tanto, os seus conhecimentos precisam estar
sedimentados.
O profano passa por prova e viagens na sua Iniciação para se lembrar das dificuldades e
atribulações da vida, ao mesmo tempo que simboliza a conquista de novos conhecimentos. Passa
pela purificação e é conduzido ao Altar dos Juramentos, onde firmará o seu compromisso com a
Ordem. O Aprendiz Maçom apresenta-se ávido por Luz e Conhecimento, e mesmo sem saber “ler e
escrever”, depara-se a grandes desafios, entre eles, o da própria superação. A ele é oferecido,
simbolicamente, instrumentos antigos de construção, como o Maço, Cinzel e a Régua, que
acompanham a evolução da Humanidade e desta forma, o auxiliarão no entendimento dos
ensinamentos Maçônicos. No decorrer deste Grau são transmitidas instruções para a realização do
trabalho material, as quais referem-se a ações, vontades e necessidades do Aprendiz Maçom.

Traduzido e adaptado por: Ir∴ André Walzburger


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No Painel deste Grau, com os quatro pontos cardeais, nota-se que o Aprendiz Maçom
encontra-se fora do Templo, simbolizando não estar pronto ainda para a sua entrada na Oficina
Mística. Ao término da aprendizagem neste grau, findando as instruções, ele toma consciência da
sua materialidade e já pressente um Plano mais elevado e subtil.
Os três passos do Aprendiz Maçom são representados por signos do Zodíaco; o primeiro é
Aires, o carneiro (ardor e coragem), representa a luta pelo conhecimento (estar ávido), cuja
referência planetária é Marte, senhor da guerra e da luta. O segundo passo é representado por
Touro, que se traduz em força, trabalho e perseverança (ser aguerrido); tendo Vénus como planeta
reinante. Por fim, o terceiro passo é representado por Gémeos, símbolo da fraternidade, união,
amizade; tendo Mercúrio como referência planetária, o qual irradia luz e calor. Por este simbolismo
pode-se conhecer ou esperar um comportamento do Aprendiz Maçom que vem ao encontro a estas
relações e que se traduz naquele que é incansável, resiliente e fraternal.

II
Conta o historiador grego Plutarco (46 – 119), que Demóstenes (384 – 322 a.C.), um dos
grandes mestres da eloquência no mundo antigo, experimentava, quando jovem, sérias dificuldades
com a palavra. Não parecia destinado a brilhar na tribuna.
Teve que empregar grande força de vontade para superar limitações que no início da sua
carreira o submeteram ao vexame de ser vaiado pelos auditórios onde discursava como advogado.
Buscando corrigir graves defeitos de dicção, declarava, solitário, intermináveis discursos, retendo
seixos na boca.
Não raro o fazia à beira-mar, esforçando-se por elevar a potência da sua voz acima do
marulhar das ondas, habilitando-se a dominar clamores da multidão. Costumava encostar o peito à
ponta de uma espada, obrigando-se a corrigir certos movimentos desordenados do seu corpo,
quando falava.
Trancava-se em casa por meses, estudando, trabalhando, aprimorando-se
incessantemente. Com a sua persistência adquiriu as virtudes que fizeram dele o mais brilhante
orador da antiguidade.
Píteas um dos seus opositores, zombava dele, dizendo que os seus dons “cheiravam a
lamparina”, não eram naturais e exigiam esforços. Daí a expressão “queimar as pestanas” para
definir alguém que se dedica intensamente ao estudo.

Traduzido e adaptado por: Ir∴ André Walzburger


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Respondendo à observação mordaz que se bem usada, a lamparina era um poderoso
instrumento de aprimoramento intelectual, algo que pessoas como Píteas, não habituadas ao
estudo, havia uma grande diferença no trabalho de ambos. E o tempo mostrou isto, e Demóstenes
será sempre lembrado pela sua cultura e oratória que conquistou.

III
Assim como Demóstenes, o Aprendiz Maçom precisa persistir no seu caminho, ter a
habilidade e domínio de ser incansável, resiliente e ao mesmo tempo, fraternal. Ao Aprendiz Maçom
é indispensável o estudo constante e dedicado das instruções e do que mais poder ser lido,
observado e compartilhado com os IIr∴. A Maçonaria traz uma riqueza de conhecimento por meio
da sua simbologia, a qual serve para nos tirar a venda da ignorância, fazendo-nos ver e entender o
mundo profano e a vida como realmente devem ser vistos e encarados, de nos munir para os
embates da vida, das conquistas que pretendemos engendrar e pelas quais nos comprometemos
em família e sociedade.
Segundo o filósofo Buffon (1707 – 1788) que “O gênio não passa de uma longa paciência”;
Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier, diz que “O gênio é a paciência que não acaba”, e assim
é o Maçom, que imbuído de boa vontade, dedicação, persistência, e detentor das possibilidades de
aprendizagem que a Maçonaria oferece, consegue avançar para além dos restritos limites do mundo
profano. Ainda, enxerga e entende as situações além dos demais, colabora e contribui para a
melhoria da sociedade a partir de célula Mater que é a família (principal meio social humano) e
consequentemente, da Humanidade (Templo de Deus).
A sina do Aprendiz Maçom é a busca pelo conhecimento e o despertar para a sua condição
material, mas também se atentará para a existência de algo sutil e elevado, algo além do que os
cinco sentidos são capazes de perceber e mensurar. O caminho percorrido é eterno e sempre a
diante, assim como o movimento do pêndulo de um relógio que nunca volta, se considerar os
movimentos de Rotação e Translação da Terra, assim também como a água de um rio ou córrego
que nunca passará pelo mesmo local novamente. Mas, em ambos, sempre ascenderá ao novo, à
melhoria e ao progresso, à busca da perfeição, deixando a sua marca e exemplo indeléveis.
Meditemos.

Traduzido e adaptado por: Ir∴ André Walzburger


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