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CÓD: SL-055NV-21

7908433214083

IGP-SC
INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS DE SANTA CATARINA

Auxiliar Médico-Legal
EDITAL 001/2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Ortografia Oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Classes De Palavras: Flexões Nominais E Verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Análise Sintática: Relações E Sentidos Entre Orações, Períodos E Funções Sintáticas Dos Termos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Sintaxe De Regência: Verbos E Sua Predicação; Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
5. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Sintaxe De Concordância: Concordância Nominal E Verbal; Concordância Gramatical E Ideológica (Silepse) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
7. Colocação De Pronomes: Próclise, Mesóclise E Ênclise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
8. Significação Das Palavras: Homônimos E Parônimos. Estilística: Denotação E Conotação. Figuras De Linguagem: Metáfora, Metonímia,
Prosopopeia, Antítese E Pleonasmo. Semântica: Sinonímia E Antonímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
9. Pontuação: Vírgula, Ponto-E-Vírgula, Dois Pontos, Ponto De Exclamação, Ponto De Interrogação E Ponto Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10. Redação Oficial: Formas De Tratamento, Correspondência Oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
11. Compreensão E Interpretação De Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Inglês
1. Leitura, Compreensão E Interpretação De Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Vocabulário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Noções De Direito Constitucional


1. Dos Princípios Fundamentais: Artigos 01 A 04 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Dos Direitos E Garantias Fundamentais: Artigos 05 A 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Da Organização Do Estado: Artigos 18 E 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Da Administração Pública E Servidores Públicos: Artigos 37 A 41 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

Noções De Direito Penal


1. Infração Penal: Elementos, Espécies. Sujeito Ativo E Sujeito Passivo Da Infração Penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, Punibilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Crimes: Crimes Contra Pessoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Crimes Contra O Patrimônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Crimes Contra A Fé Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Crimes Contra A Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Concurso De Pessoas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Noções De Direito Processual Penal


1. Do Inquérito Policial: Artigos 06 E 07 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Do Exame De Corpo De Delito E Das Perícias Em Geral: Artigos 158 A 184 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Incompatibilidade, Impedimento E Suspeição: Artigos 112, 254 A 256 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Dos Peritos E Intérpretes: Artigos 275 A 281 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
ÍNDICE

Noções De Direito Administrativo


1. Princípios Básicos Da Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Atos Administrativos: Conceitos, Requisitos, Atos Ordinatórios E Invalidação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Servidores Públicos Civis: Deveres, Direitos E Responsabilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Legislação Especial
1. Lei 8.666/93 – Artigos 01 A 06 E 20 A 26 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei 10.826/03 (Estatuto Do Desarmamento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Lei 11.340/06 (Maria Da Penha) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4. Lei 11.343/06 (Drogas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Código De Trânsito Brasileiro (Art. 302 Ao 312‐A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6. Lei 8.069/90 (Estatuto Da Criança E Do Adolescente – Da Prática De Ato Infracional, Dos Crimes Em Espécie E Das Infrações Adminis-
trativas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
7. Constituição Do Estado De Santa Catarina: Artigos 105 E 109‐A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
8. Norma Que Dispõe Sobre O Quadro De Pessoal Dos Servidores Do Instituto Geral De Perícias (Lei Nº 15.156/10) . . . . . . . . . . . . . 39
9. Lei Complementar 610/13 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
10. Lei 16.772/15 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
11. Lei 12.737/12 (Lei Carolina Dieckmann) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
12. Lei 12.527/11 Lei De Acesso À Informação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
13. Lei 8.072/90 (Lei Dos Crimes Hediondos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

Raciocínio Lógico
1. Teoria De Conjuntos: Notações E Representações; Tipos De Conjuntos; Propriedades. Operações Entre Conjuntos; Relação Entre Teo-
ria De Conjuntos E Lógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lógica Proposicional: Proposições Simples E Compostas; Valoresverdade; Conectivos; Propriedades; Tautologia E Contradição;
Condição Suficiente E Condição Necessária; Equivalência E Implicação Lógica; Sentenças Fechadas. Lógica Dos Predicados: Sentenças
Abertas; Propriedades; Argumentos; Quantificadores; Cálculo Dos Predicados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

Noções De Informática
1. Conceitos Básicos De Computação E Microinformática. Principais Componentes De Um Computador (Hardware E Software) . . . 01
2. Conhecimentos Em Aplicativos E Funções Do Windows . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Conhecimentos Básicos Em Microsoft Office: Editor De Texto (Microsoft Word), Planilha De Cálculo (Microsoft Excel) . . . . . . . . . . 41
4. Conhecimentos Básicos De Banco De Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5. Conceitos De Internet E Intranet. Conhecimentos Básicos Para A Utilização Da Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6. Correio Eletrônico: Conceitos; Aplicativos; Envio E Recebimento De Mensagens; Arquivos Anexos; Utilização De Listas De Distribuição
De Mensagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Biologia
1. Conhecimentos Básicos De Fisiologia Do Corpo Humano: Níveis De Organização, Sistema Nervoso, Sistema Digestório, Sistema Loco-
motor, Sistema Circulatório, Sistema Respiratório, Sistema Excretor E Sistema Reprodutor, Sistema Endócrino, Órgãos Dos Sentidos,
Homeostasia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estrutura Do Dna: Código Genético E Síntese De Proteínas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3. Histologia Animal: Tecido Epitelial, Tecido Conjuntivo, Tecido Muscular E Tecido Nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
ÍNDICE

Noções De Medicina Legal


1. Documentos Médico Legais: Relatórios, Pareceres E Ates . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Traumatologia Forense. Conceitos. Estudo Das Lesões Causadas Por Instrumentos Perfurantes, Cortantes, Contundentes, Corto Con-
tundentes, Perfuro Contundentes, Perfurocortantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Agentes Físicos Não‐Mecânicos: Lesões Causadas Por Temperatura, Eletricidade, Pressão Atmosférica, Explosões, Energias Ionizantes
E Não‐Ionizantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4. Asfixiologia: Enforcamento, Estrangulamento, Esganadura, Sufocação, Soterramento, Afogamento, Confinamento E Gases Inertes32
5. Princípios Da Identificação Humana: Identificação E Identidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6. Tanatologia Forense. Conceitos. Necropsia Médico‐Legal: Indicações, Requisitos, Técnicas. Dinâmica, Fenômenos De Morte E Sinais De
Morte; Lesões Vitais E Pós‐Mortais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. Procedimentos Técnicos: Sinais Vitais, Higiene, Contaminação, Biossegurança, Transporte, Procedimentos Pós-Morte, Abertura Das
Cavidades, Preservação Do Cadáver . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Noções De Segurança No Trabalho


1. Procedimentos De Coleta De Materiais Biológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Prevenção De Acidentes E Cuidados De Ordem Pessoal E Geral; Uso De Equipamentos De Proteção Individual E Coletivo. Perigos No
Ambiente De Trabalho: Cuidados Gerais, Substâncias Tóxicas, Eminentes De Vapores Venenosos, Explosivos E Combustíveis, Manuseio
De Matéria Contaminada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Classes de palavras: flexões nominais e verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Análise sintática: relações e sentidos entre orações, períodos e funções sintáticas dos termos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Sintaxe de regência: verbos e sua predicação; regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
5. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Sintaxe de concordância: concordância nominal e verbal; concordância gramatical e ideológica (silepse) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
7. Colocação de pronomes: próclise, mesóclise e ênclise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
8. Significação das palavras: homônimos e parônimos. Estilística: denotação e conotação. Figuras de linguagem: metáfora, metonímia,
prosopopeia, antítese e pleonasmo. Semântica: sinonímia e antonímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
9. Pontuação: vírgula, ponto-e-vírgula, dois pontos, ponto de exclamação, ponto de interrogação e ponto final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10. Redação oficial: formas de tratamento, correspondência oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
11. Compreensão e interpretação de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
LÍNGUA PORTUGUESA
Uso de hífen
ORTOGRAFIA OFICIAL Regra básica:
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
ORTOGRAFIA OFICIAL mem.
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram
reintroduzidas as letras k, w e y. Outros casos
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N 1. Prefixo terminado em vogal:
OPQRSTUVWXYZ – Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaé-
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre reo.
a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos – Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: antepro-
gue, gui, que, qui. jeto, semicírculo.
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirra-
Regras de acentuação cismo, antissocial, ultrassom.
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das – Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúl- -ondas.
tima sílaba)
2. Prefixo terminado em consoante:
Como era Como fica – Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional,
sub-bibliotecário.
alcatéia alcateia – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal,
apóia apoia supersônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressan-
apóio apoio
te.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
Observações:
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de pa-
lavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e
h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subuma-
no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
nidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
Como era Como fica palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-ame-
baiúca baiuca ricano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemen-
bocaiúva bocaiuva to, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar,
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante.
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em • Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: -almirante.
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. • Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachu-
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem va, pontapé, paraquedas, paraquedista.
e ôo(s). • Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré,
pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar,
Como era Como fica aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-
-europeu.
abençôo abençoo
crêem creem Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está domi-
nando muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?!
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ Por isso vamos passar para mais um ponto importante.
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/
pera.
CLASSES DE PALAVRAS: FLEXÕES
Atenção: NOMINAIS E VERBAIS
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. CLASSES DE PALAVRAS
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do
plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (man- Substantivo
ter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima-
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações
as palavras forma/fôrma. e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 

1
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação dos substantivos c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma
tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ agente, o/a estudante, o/a colega.
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
sua estrutura. macaco/João/sabão – Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
são formados por mais de um porta-voz/ • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
radical em sua estrutura. pé-de-moleque diminutivo.
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
são os que dão origem a mundo/ – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
a primeira. /formiga – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
são formados por outros populacional/formigueiro Adjetivo
radicais da língua. É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substan-
tivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expres-
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo são composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro subs-
designa determinado ser /Brasil tantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da
espécie. São sempre iniciados Liberdade tarde (jornal vespertino).
por letra maiúscula.
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/ Flexão do Adjetivos
referem-se qualquer ser de cachorro/prima • Gênero:
uma mesma espécie. – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femi-
nino: homem feliz, mulher feliz.
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
própria. Esses seres podem /lobisomem
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
reais ou imaginários.
• Número:
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão
nomeiam ações, estados, bondade/ de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ na-
qualidades e sentimentos que confiança/ moradores, japonês/ japoneses.
não tem existência própria, ou lembrança/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
seja, só existem em função de amor/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
um ser. alegria
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ • Grau:
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/ – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vi-
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) torioso (do) que o seu.
mesmo quando empregado – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vi-
no singular e constituem um torioso (do) que o seu.
substantivo comum. – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS quanto o seu.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosís-
simo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito
Flexão dos Substantivos
famoso.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu-
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes
mais famoso de todos.
ou uniformes
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
menos famoso de todos.
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre-
sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina Artigo
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi- substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. • Classificação e Flexão do Artigos
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari- – Artigos Definidos: o, a, os, as.
áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal- O menino carregava o brinquedo em suas costas.
meira macho/palmeira fêmea. As meninas brincavam com as bonecas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con- – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o Um menino carregava um brinquedo.
criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Umas meninas brincavam com umas bonecas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem
ser variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

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LÍNGUA PORTUGUESA
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pou-
co, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é
determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e
a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

ANÁLISE SINTÁTICA: RELAÇÕES E SENTIDOS ENTRE ORAÇÕES, PERÍODOS E FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS TERMOS

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar
algumas questões importantes:

• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da
preposição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
preposição. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensi-
fica um verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
de um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
nado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou
equivalentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza,
moleza. Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra
para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para
construir sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam
da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante,  portanto  não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que vere-
mos agora por meio do quadro seguinte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do jantar.
Exercem a função de sujeito
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a refeição
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo no lugar.
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se aborrecesse
Exercem a função de aposto com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de quinta,


Explicam um termo dito anteriormente. SEMPRE serão terão aula de reforço.
Orações Subordinadas acompanhadas por vírgula.
Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo dito anteriormente. terão aula de reforço.
NUNCA serão acompanhadas por vírgula.

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de condição reunião.
Orações Subordinadas Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos previsto.
Adverbiais Assumem a função de advérbio de conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais tarde.
Assumem a função de advérbio de concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de finalidade tenham acesso aos benefícios.
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de tempo suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassifi-
cações das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SINTAXE DE REGÊNCIA: VERBOS E SUA PREDICAÇÃO; CRASE


REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
• Regência Nominal  é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs- demonstrativo.
tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com- a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu
complemento é estabelecida por uma preposição. • Devemos usar crase:
– Antes palavras femininas:
• Regência Verbal Iremos à festa amanhã
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre Mediante à situação.
o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  O Governo visa à resolução do problema.
Isto pertence a todos.
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Regência de algumas palavras Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado
nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Esta palavra combina com Esta preposição Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan-
Acessível a tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a
Apto a, para crase. Mas... há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
Atencioso com, para com
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
Coerente com
Conforme a, com – Expressões fixas
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso
Dúvida acerca de, de, em, sobre de crase:
Empenho de, em, por à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa,
Fácil a, de, para, à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às
vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à
Junto a, de esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à
Pendente de mão, às escondidas, à medida que, à proporção que.
• NUNCA devemos usar crase:
Preferível a
– Antes de substantivos masculinos:
Próximo a, de Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado
Respeito a, com, de, para com, por a pé.
Situado a, em, entre
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
Ajudar (a fazer algo) a plural) usado em sentido generalizador:
Aludir (referir-se) a Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a
Aspirar (desejar, pretender) a homem.
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
– Antes de artigo indefinido “uma”
Deparar (encontrar) com
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Implicar (consequência) Não usa preposição
Lembrar Não usa preposição – Antes de pronomes
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
Proceder (realizar) a A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
Responder a
Visar ( ter como objetivo a – Antes de verbos no infinitivo
pretender) A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!

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LÍNGUA PORTUGUESA

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA: CONCORDÂNCIA NOMI- COLOCAÇÃO DE PRONOMES: PRÓCLISE,


NAL E VERBAL; CONCORDÂNCIA GRAMATICAL E IDEO- MESÓCLISE E ÊNCLISE
LÓGICA (SILEPSE)
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia
Concordância Nominal da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os ar- pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que
tigos concordam em gênero e número com os substantivos aos a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio – me-
quais se referem. sóclise – ou após o verbo – ênclise.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amis- De acordo com a norma culta, no português escrito não se
tosa. inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lin-
guagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem
Casos Especiais de Concordância Nominal escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que
alerta. estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos
que prejudique a eufonia da frase.
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na for-
mação de palavras compostas: Próclise
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-pode- Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
roso.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero
de acordo com o substantivo a que se referem: pacientemente.
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a êncli-
se: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quan- Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
do pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
quando advérbios:
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Usou meia dúzia de ovos.
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plan-
tando, tudo dá.
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus
o substantivo estiver determinado por artigo:
intentos são para nos prejudicarem.
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Ênclise
Concordância Verbal Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
enormes. indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Concordância ideológica ou silepse Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gê- preposição em: Saí, deixando-a aflita.
nero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
no contexto. outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou prócli-
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. se: Apressei-me a convidá-los.
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o Mesóclise
número gramatical (singular ou plural) que está subentendido Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
no contexto.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou
aplausos. no futuro do pretérito que iniciam a oração.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a Dir-lhe-ei toda a verdade.
pessoa gramatical que está subentendida no contexto. Far-me-ias um favor?
O povo temos memória curta em relação às promessas dos
políticos. Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?

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LÍNGUA PORTUGUESA
Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono
deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade.

Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.

Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.

Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do auxiliar.


Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.

Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois do infinitivo.


Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade.

Observação
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS: HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS. ESTILÍSTICA: DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO. FIGURAS DE


LINGUAGEM: METÁFORA, METONÍMIA, PROSOPOPEIA, ANTÍTESE E PLEONASMO. SEMÂNTICA: SINONÍMIA E ANTO-
NÍMIA

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem
cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos con-
teúdos que compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signifi-
cado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
to importante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperô-
nimo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E
animais domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperô-
nimo com substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo,
não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, diciona-
rizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do
contexto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma
palavra, frase ou textos inteiros.

Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou
tornando-o poético.

As figuras de linguagem classificam-se em


- figuras de palavra;
- figuras de pensamento;
- figuras de construção ou sintaxe.

Figuras de palavra: emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir
um efeito mais expressivo na comunicação.

Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos conectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.

Exemplos
...a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)

Encarnado e azul são as cores do meu desejo.


(Carlos Drummond de Andrade)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, Exemplo:
ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes
tal como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a veladas.
comparação: parecer, assemelhar-se e outros. (Cruz e Sousa)

Exemplo: Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de


Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quan- um verso ou poesia.
do você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior) Exemplo:
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o Sou Ana, da cama,
qual não existe uma designação apropriada. da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.
Exemplos (Chico Buarque)
– folha de papel
– braço de poltrona Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma
– céu da boca ou na prosódia, mas diferentes no sentido.
– pé da montanha
Exemplo:
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
sentidos físicos. [erro
quero que você ganhe que
Exemplo: [você me apanhe
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) sou o seu bezerro gritando
mecânica. [mamãe.
(Carlos Drummond de Andrade) (Caetano Veloso)

A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sines- Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som
tesia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indi- produzido por seres animados e inanimados.
ferença gelada”.
Exemplo:
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualida- Vai o ouvido apurado
de, atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabili- na trama do rumor suas nervuras
za-o. inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
Exemplos circular opressivo
O filósofo de Genebra (= Calvino). zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
O águia de Haia (= Rui Barbosa). da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma
que a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omi- Observação: verbos que exprimem os sons são considera-
tida. dos onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

Exemplos: Figuras de sintaxe ou de construção: dizem respeito a des-


Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) vios em relação à concordância entre os termos da oração, sua
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) ordem, possíveis repetições ou omissões.
Tomei um Danone. (iogurte)
Podem ser formadas por:
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como si- omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
nédoque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plu- repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
ral. inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
Exemplo: concordância ideológica: silepse.
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistolei-
ro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um perío-
pelo plural) do, frase ou verso.
(José Cândido de Carvalho)
Exemplo:
Dentro do tempo o universo
Figuras Sonoras [na imensidão.
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- Dentro do sol o calor peculiar
mente em posição inicial da palavra. [do verão.
Dentro da vida uma vida me

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LÍNGUA PORTUGUESA
[conta uma estória que fala Exemplos:
[de mim. Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Fili-
Dentro de nós os mistérios pes.
[do espaço sem fim! (Camilo Castelo Branco)
(Toquinho/Mutinho)
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deve- (Machado de Assis)
riam vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem sepa-
radas por vírgulas. Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos ele-
mentos na frase.
Exemplo:
Não nos movemos, as mãos é Exemplos:
que se estenderam pouco a Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
pouco, todas quatro, pegando-se, (Carlos Drummond de Andrade)
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis) Paciência tenho eu tido...
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coor- (Antônio Nobre)
denativa mais vezes do que exige a norma gramatical.

Exemplo: Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia


Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, a frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção
nem tuge, nem muge. do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e
(Rubem Braga) sem função sintática definida.

Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um Exemplos:


termo já expresso. E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a ex-
pressão, dando ênfase à mensagem. Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas
botassem as mãos.
Exemplos: (José Lins do Rego)
Não os venci. Venceram-me
eles a mim. Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade
(Rui Barbosa) que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).

Morrerás morte vil na mão de um forte. Exemplo:


(Gonçalves Dias) ...em cada olho um grito castanho de ódio.
(Dalton Trevisan)
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, coti- ...em cada olho castanho um grito de ódio)
diana, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado.
Silepse:
Exemplos:
Ouvir com os ouvidos. Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjeti-
Rolar escadas abaixo. vo ou pronome com a pessoa a que se refere.
Colaborar juntos.
Hemorragia de sangue. Exemplos:
Repetir de novo. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
(Rachel de Queiroz)
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente su-
bentendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, V. Ex.a parece magoado...
conjunções, preposições e verbos. (Carlos Drummond de Andrade)

Exemplos: Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal


Compareci ao Congresso. (eu) com o sujeito da oração.
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante) Exemplos:
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver) Os dois ora estais reunidos...
(Camões) (Carlos Drummond de Andrade)

Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas an- Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pes-
teriormente. soas.
(Machado de Assis)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Silepse de número: Não há concordância do número verbal Ponto e vírgula ( ; )
com o sujeito da oração. Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que
o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír-
Exemplo: gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de
Corria gente de todos os lados, e gritavam. uma enumeração (frequente em leis), etc.
(Mário Barreto) Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi
também uma linda decoração e bebidas caras.

PONTUAÇÃO: VÍRGULA, PONTO-E-VÍRGULA, DOIS Travessão ( — )


PONTOS, PONTO DE EXCLAMAÇÃO, PONTO DE INTER- Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e
ROGAÇÃO E PONTO FINAL com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-
-lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode
Pontuação substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex-
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor, na
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados transcrição de um diálogo, com ou sem aspas.
a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de
todas as funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semân- Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
ticas”. (BECHARA, 2009, p. 514) Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân-
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer
a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por al- maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in-
guns sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial.
, ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva,
! ], reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os
pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão sim- parênteses, para introduzirem uma nova inserção.
ples [ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo
parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). governador)

Ponto ( . ) Aspas ( “ ” )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento-
tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto
e as reticências. ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É
Estaremos presentes na festa. utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação inter- Vírgula
rogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada re- São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi-
tórica. denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação.
Você vai à festa? Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re-
lação à vírgula:
Ponto de exclamação ( ! ) 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen-
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla- timos” o momento certo de fazer uso dela.
mativa. 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Ex: Que bela festa! alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgu-
la, o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra.
Reticências ( ... ) Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que
com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter- ela é menos importante e que pode ser colocada depois.
locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma
Ex: Essa festa... não sei não, viu. ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver-
bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Dois-pontos ( : ) Maria foi à padaria ontem.
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluí- Sujeito Verbo Objeto Adjunto
da. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma
citação (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enu- Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso
merativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva ocorre por alguns motivos:
apositiva. 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
verbo e o adjunto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem lidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula impessoalidade princípios fundamentais de toda administração
é necessária: pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração
Ontem, Maria foi à padaria. dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe que um ato
Maria, ontem, foi à padaria. normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura,
À padaria, Maria foi ontem. que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transparência
do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade,
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é ne- são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que
cessário: um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicida-
• Separa termos de mesma função sintática, numa enume- de implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Além de
ração. atender à disposição constitucional, a forma dos atos normati-
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades vos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração
a serem observadas na redação oficial. que remontam ao período de nossa história imperial, como, por
• Separa aposto. exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses
• Separa vocativo. atos, o número de anos transcorridos desde a Independência.
Brasileiros, é chegada a hora de votar. Essa prática foi mantida no período republicano. Esses mesmos
• Separa termos repetidos. princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e
Aquele aluno era esforçado, esforçado. uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais:
elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser es-
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exem- tritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de cer-
plificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizen- to nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também que as
do, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
com efeito, digo. sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem cla- dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
ra, ou seja, de fácil compreensão. expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos
cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o pú-
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus comple- blico).
mentos). Outros procedimentos rotineiros na redação de comunica-
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os parti- ções oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as
culares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) formas de tratamento e de cortesia, certos clichês de redação,
a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a
• Separa orações coordenadas assindéticas. fixação dos fechos para comunicações oficiais, regulados pela
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho
as ideias na cabeça... de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revoga-
do pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
• Isola o nome do lugar nas datas. Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. das características específicas da forma oficial de redigir não
deve ensejar o entendimento de que se proponha a criação –
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, ou se aceite a existência – de uma forma específica de lingua-
dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, gem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se
expressões conectivas, como: em primeiro lugar, como supraci- chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser
tado, essas informações comprovam, etc. a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção
amenizar o problema. de frases. A redação oficial não é, portanto, necessariamente
árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica
– comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe cer-
REDAÇÃO OFICIAL: FORMAS DE TRATAMENTO, COR- tos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa
RESPONDÊNCIA OFICIAL daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência
particular, etc. Apresentadas essas características fundamentais
O que é Redação Oficial1 da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira uma delas.
pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunica-
ções. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executi-
vo. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, A Impessoalidade
uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalida- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
de e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decor- escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
rem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração a) alguém que comunique,
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Pode- b) algo a ser comunicado, e
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios c) alguém que receba essa comunicação.
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

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LÍNGUA PORTUGUESA
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um pare-
Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Depar- cer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário
tamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de lin-
algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o guagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade
destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos com que a empregamos. O mesmo ocorre com os textos oficiais:
cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Po- por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o
deres da União. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão
que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em
oficiais decorre: que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se empre-
a) da ausência de impressões individuais de quem comuni- ga um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma.
ca: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão
por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima
Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma dese- das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
jável padronização, que permite que comunicações elaboradas modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitin-
em diferentes setores da Administração guardem entre si certa do, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por
uniformidade; todos os cidadãos.
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplici-
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre dade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois ca- de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto impli-
sos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e ca emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos
impessoal; sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária.
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “pa-
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões drão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa
na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de
assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão,
oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
a elabora. A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações
de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con- que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos
tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impesso- rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a
alidade. determinada área, são de difícil entendimento por quem não es-
teja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de
A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. Outras
nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e
caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de cará-
ter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cida- Formalidade e Padronização
dãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é,
só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja fi- exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de lingua-
nalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade. gem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais de- se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego
vem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade
Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes
restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à
marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua com- cuida a comunicação. A formalidade de tratamento vincula-se,
preensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente uma também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamen- a administração federal é una, é natural que as comunicações
te dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse
costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para
que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda,
etc. Para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por da apresentação dos textos. A clareza datilográfica, o uso de pa-
essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as péis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação
transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale- do texto são indispensáveis para a padronização. Consulte o Ca-
-se apenas de si mesma para comunicar. A língua escrita, como a pítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de normas especí-
falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que ficas para cada tipo de expediente.
dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos
nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore

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LÍNGUA PORTUGUESA
Concisão e Clareza As comunicações oficiais
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo,
do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais
máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que da Redação Oficial. Além disso, há características específicas de
se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, cada tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste
além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o capítulo. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros as-
necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa pectos comuns a quase todas as modalidades de comunicação
releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos fe-
ou repetições desnecessárias de ideias. O esforço de sermos chos e a identificação do signatário.
concisos atende, basicamente ao princípio de economia linguís-
tica, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de palavras Pronomes de Tratamento
para informar o máximo. Não se deve de forma alguma enten-
dê-la como economia de pensamento, isto é, não se devem eli- Breve História dos Pronomes de Tratamento
minar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, re- tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali,
dundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. após serem incorporados ao português os pronomes latinos tu
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem
texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias se- se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expediente
cundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas linguístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural
detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secun- no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o
dárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir
têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da
dispensadas. A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex- pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim apro-
to oficial, conforme já sublinhado na introdução deste capítulo. ximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa
Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal de
compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se vossa excelência e adotou-se na hierarquia eclesiástica vossa re-
atinja por si só: ela depende estritamente das demais caracterís- verência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.
ticas da redação oficial. Para ela concorrem: ” A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indi-
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpreta- reto já estava em voga também para os ocupantes de certos car-
ções que poderia decorrer de um tratamento personalista dado gos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o
ao texto; coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso.
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes de
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circula- tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida-
ção restrita, como a gíria e o jargão; des civis, militares e eclesiásticas.
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
prescindível uniformidade dos textos; Concordância com os Pronomes de Tratamento
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lin- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
guísticos que nada lhe acrescentam. reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância
verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pes-
É pela correta observação dessas características que se soa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige
redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitu- a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É
ra de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução
trechos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substi-
da falta da releitura que torna possível sua correção. Na revi- tuto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. Da mesma forma,
são de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento
compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu
ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre substituto” (e não “Vossa... vosso...”). Já quanto aos adjetivos
certos assuntos em decorrência de nossa experiência profissio- referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir
nal muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimen- com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo
to geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem,
esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria
abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dis- deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está ata-
pensados. A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A refada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
pressa com que são elaboradas certas comunicações quase sem-
pre compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de Emprego dos Pronomes de Tratamento
um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há assuntos Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obede-
urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o ce a secular tradição. São de uso consagrado:
atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

a) do Poder Executivo;
Presidente da República;
Vice-Presidente da República;

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ministros de Estado; Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito para particulares. O vocativo adequado é:
Federal; Senhor Fulano de Tal,
Oficiais-Generais das Forças Armadas; (...)
Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes No envelope, deve constar do endereçamento:
de cargos de natureza especial; Ao Senhor
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Fulano de Tal
Prefeitos Municipais. Rua ABC, nº 123
70.123 – Curitiba. PR
b) do Poder Legislativo:
Deputados Federais e Senadores; Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o
Ministro do Tribunal de Contas da União; emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que re-
Deputados Estaduais e Distritais; cebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É su-
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; ficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-
c) do Poder Judiciário: -o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham
Ministros dos Tribunais Superiores; tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado.
Membros de Tribunais; É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
Juízes; bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o trata-
Auditores da Justiça Militar. mento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo res- universidade. Corresponde-lhe o vocativo:
pectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Magnífico Reitor,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, (...)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fe-
deral. Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com
a hierarquia eclesiástica, são:
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Se-
nhor, seguido do cargo respectivo: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vo-
Senhor Senador, cativo correspondente é:
Senhor Juiz, Santíssimo Padre,
Senhor Ministro, (...)
Senhor Governador,
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte for- Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
ma: Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
(...)
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
Ministro de Estado da Justiça dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa
70.064-900 – Brasília. DF Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superio-
res religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes,
A Sua Excelência o Senhor clérigos e demais religiosos.
Senador Fulano de Tal
Senado Federal Fechos para Comunicações
70.165-900 – Brasília. DF O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os mode-
A Sua Excelência o Senhor los para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela
Fulano de Tal Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia
Juiz de Direito da 10a Vara Cível quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los,
Rua ABC, no 123 este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos dife-
01.010-000 – São Paulo. SP rentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento pública:
digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig- Respeitosamente,
nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia
sendo desnecessária sua repetida evocação. inferior:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Atenciosamente, – Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o tex-
to contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- exposição;
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Mi- – Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapre-
nistério das Relações Exteriores. sentada a posição recomendada sobre o assunto.

Identificação do Signatário Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos


Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Re- casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e
pública, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o subtítulos.
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local Já quando se tratar de mero encaminhamento de documen-
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte: tos a estrutura é a seguinte:
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
(espaço para assinatura) solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não
NOME tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo
Chefe da Secretária-geral da Presidência da República da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados
completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou
(espaço para assinatura) signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sen-
NOME do encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
Ministro de Estado da Justiça “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991,
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990,
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura do Departamento Geral de Administração, que trata da requi-
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao sição do servidor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame
menos a última frase anterior ao fecho. e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de
fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de
O Padrão Ofício Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela agrícolas na região Nordeste. ”
finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. – Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação algum comentário a respeito do documento que encaminha, po-
única, que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiari- derá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso con-
dades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as trário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício
suas semelhanças. de mero encaminhamento.

Partes do documento no Padrão Ofício f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
partes: g) assinatura do autor da comunicação; e
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
que o expede: h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Sig-
Exemplos: natário).
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
Forma de diagramação
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha- Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à se-
mento à direita: guinte forma de apresentação:
Exemplo: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
13 corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
Brasília, 15 de março de 1991. rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman
c) assunto: resumo do teor do documento poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
Exemplos: c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. da página;
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser im-
pressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens es-
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é diri- querda e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares
gida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também (“margem espelho”);
o endereço. e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
distância da margem esquerda;
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: mínimo, 3,0 cm de largura;
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertu- g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
ra, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. 5 O constante neste item aplica-se também à exposição de moti-
Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, vos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
“Cumpre-me informar que”, empregue a forma direta;

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LÍNGUA PORTUGUESA
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e permite formar uma espécie de processo simplificado, assegu-
de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utiliza- rando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo
do não comportar tal recurso, de uma linha em branco; que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinha-
do, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou — Forma e Estrutura
qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do pa-
sobriedade do documento; drão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em pa- mencionado pelo cargo que ocupa.
pel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para Exemplos:
gráficos e ilustrações; Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Sub-
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser chefe para Assuntos Jurídicos
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de ar- Exposição de Motivos
quivo Rich Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados de- — Definição e Finalidade
vem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente
ou aproveitamento de trechos para casos análogos; da República ou ao Vice-Presidente para:
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem a) informá-lo de determinado assunto;
ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número b) propor alguma medida; ou
do documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - re- c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
latório produtividade ano 2002”
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
Aviso e Ofício República por um Ministro de Estado.
— Definição e Finalidade Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pra- Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
ticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para auto- interministerial.
ridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido
para e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o
tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração
Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares. — Forma e Estrutura
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação
— Forma e Estrutura do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompa-
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do pa- nha a exposição de motivos que proponha alguma medida ou
drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatá- apresente projeto de ato normativo, segue o modelo descrito
rio (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula. adiante. A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade,
Exemplos: apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela
Excelentíssimo Senhor Presidente da República que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que
Senhora Ministra proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
Senhor Chefe de Gabinete No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples-
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as se- mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da
guintes informações do remetente: República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o
– Nome do órgão ou setor; padrão ofício.
– Endereço postal; Já a exposição de motivos que submeta à consideração do
– telefone E endereço de correio eletrônico. Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser ado-
tada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora
Memorando sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de outros
comentários julgados pertinentes por seu autor, devem, obriga-
— Definição e Finalidade toriamente, apontar:
O memorando é a modalidade de comunicação entre uni- a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção
dades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar da medida ou do ato normativo proposto;
hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Tra- b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
ta-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemen- aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e
te interna. Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
empregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada,
a serem adotados por determinado setor do serviço público. ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o pro-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do me- blema.
morando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desne- Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposi-
cessário aumento do número de comunicações, os despachos ao ção de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o se-
memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso guinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28
de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento de março de 2002.

21
LÍNGUA PORTUGUESA
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministé- tentes. O texto da exposição de motivos fica, assim, reservado à
rio ou órgão equivalente) nº de 200. demonstração da necessidade da providência proposta: por que
deve ser adotada e como resolverá o problema. Nos casos em
1. Síntese do problema ou da situação que reclama provi- que o ato proposto for questão de pessoal (nomeação, promo-
dências ção, ascensão, transferência, readaptação, reversão, aproveita-
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na mento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demis-
medida proposta são, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário
3. Alternativas existentes às medidas propostas o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de mo-
Mencionar: tivos.
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; Ressalte-se que:
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo; – A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
- Outras possibilidades de resolução do problema. não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
4. Custos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
Mencionar: comentários a serem ali incluídos.
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei or-
çamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la; Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordiná- a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, con-
rio, especial ou suplementar; cisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do pa-
- Valor a ser despendido em moeda corrente; drão culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de
motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido so- Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, em
mente se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou
que deva tramitar em regime de urgência) ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da
Mencionar: União, no todo ou em parte.
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata; Mensagem
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
tenham sido previstos; — Definição e Finalidade
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
já prevista. Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo
Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar so-
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou bre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por
medida proposta possa vir a tê-lo) ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congres-
7. Alterações propostas so Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Ca-
8. Síntese do parecer do órgão jurídico sas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro- tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.
posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa final. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congres-
Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se com- so Nacional têm as seguintes finalidades:
plete o exame ou se reformule a proposta. O preenchimento a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
obrigatório do anexo para as exposições de motivos que propo- tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar
nham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur-
tem como finalidade: gência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde
busca resolver; ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. Em
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Congres-
problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a so Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Ci-
edição do ato, em consonância com as questões que devem ser vil da Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara
analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito dos Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constitui-
do Poder Executivo (v. 10.4.3.). ção, art. 64, caput). Quanto aos projetos de lei financeira (que
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
mentos anuais e créditos adicionais), as mensagens de encami-
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser ana- nhamento dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional, e os
lisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário do
Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo comple- Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a
mentam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontramos deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão con-
uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a junta, mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E à
reclamar a adoção de certa providência ou a edição de um ato frente da Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Se-
normativo; o problema a ser enfrentado e suas causas; a solução nado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que comanda as ses-
que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas exis- sões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o processo

22
LÍNGUA PORTUGUESA
desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minu- h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
cioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das maté- Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Na-
rias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames cional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa
materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que
no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos
União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o
constam da exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. despacho de sanção.
3.1. Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por i) comunicação de veto.
cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso. Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art.
b) encaminhamento de medida provisória. 66, § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constitui- veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto.
ção, o Presidente da República encaminha mensagem ao Con- Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v.
gresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das demais mensagens,
Secretário do Senado Federal, juntando cópia da medida provi- cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Le-
sória, autenticada pela Coordenação de Documentação da Presi- gislativo. (v. 19.6.Veto)
dência da República. j) outras mensagens.
c) indicação de autoridades. Também são remetidas ao Legislativo com regular frequên-
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação cia mensagens com:
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados – Encaminhamento de atos internacionais que acarretam
dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Dire- encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
tores do Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes – Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às ope-
de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Constituição, rações e prestações interestaduais e de exportação
no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso (Constituição, art. 155, § 2o, IV);
Nacional competência privativa para aprovar a indicação. O cur- – Proposta de fixação de limites globais para o montante da
riculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
mensagem. – Pedido de autorização para operações financeiras externas
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presi- (Constituição, art. 52, V); e outros.
dente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e – Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti-
83), e a autorização é da competência privativa do Congresso tuição, art. 57, § 6o);
Nacional. O Presidente da República, tradicionalmente, por cor- – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral
da República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mo-
comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensa-
bilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
gens idênticas.
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
(Constituição, art. 84, XX);
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso
sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos le-
– Pedido de autorização para decretar o estado de sítio
gais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do
(Constituição, art. 137);
Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pe-
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de
dir na mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
porquanto o § 1o do art. 223 já define o prazo da tramitação. – Proposta de modificação de projetos de leis financeiras
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem (Constituição, art. 166, § 5o);
o correspondente processo administrativo. – Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício an- sem despesas correspondentes, em decorrência de veto, emen-
terior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias da ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constitui-
após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso ção, art. 166, § 8o);
Nacional as contas referentes ao exercício anterior (Constitui- – Pedido de autorização para alienar ou conceder terras pú-
ção, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista per- blicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, §
manente (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara 1o); etc.
dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art.
51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regi- — Forma e Estrutura
mento Interno. As mensagens contêm:
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, hori-
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situa- zontalmente, no início da margem esquerda:
ção do País e solicitação de providências que julgar necessárias Mensagem no
(Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem es-
das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os querda; Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
Congressistas em forma de livro. c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presiden- —Valor documental
te da República, não traz identificação de seu signatário. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa
Telegrama ser aceito como documento original, é necessário existir certi-
ficação digital que ateste a identidade do remetente, na forma
— Definição e Finalidade estabelecida em lei.
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra- Compreensão e interpretação de textos
ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo
eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam- o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habi-
bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação lidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização de
deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza). uma boa prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpre-
— Forma e Estrutura tação?
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estru- A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
tura dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
seu sítio na Internet. Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um
Fax tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
— Definição e Finalidade nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no tex-
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma
to ou que faça com que você realize inferências.
forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava,
mensagens urgentes e para o envio antecipado de documentos,
mas podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora
de cujo conhecimento há premência, quando não há condições
é feliz.
de envio do documento por meio eletrônico. Quando necessá-
Percebeu a diferença?
rio o original, ele segue posteriormente pela via e na forma de
praxe. Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia
Tipos de Linguagem
xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos mo-
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para
delos, se deteriora rapidamente.
que facilite a interpretação de textos.
— Forma e Estrutura • Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras.
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estru- Ela pode ser escrita ou oral.
tura que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente
com o documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno
formulário com os dados de identificação da mensagem a ser
enviada, conforme exemplo a seguir:

Correio Eletrônico

— Definição e finalidade
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeri-
dade, transformou-se na principal forma de comunicação para
transmissão de documentos.

— Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é
sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para
sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem in-
compatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos
Atos e Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário
de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a
facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto
do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser
utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas
sobre seu conteúdo. Sempre que disponível, deve-se utilizar re-
curso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve
constar na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente ima- - Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
gens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. polêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é ten-
tar compreender o sentido global do texto e identificar o seu
objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem principal e das ideias secundárias do texto.
verbal com a não-verbal. – Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objeti-
vo e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa
e mutável).
– Retorne ao texto sempre que necessário.
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção
os enunciados das questões.

– Reescreva o conteúdo lido.


Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos,
tópicos ou esquemas.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar


palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vo-
cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas
são uma distração, mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com-
Além de saber desses conceitos, é importante sabermos preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula
identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, me-
damos a este processo é intertextualidade. lhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensan-
tes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
Interpretação de Texto memória.
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se-
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela
ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu-
deduzir de um texto. são do texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determi- identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as
nado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido es- ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou
tabeleça uma relação com a informação já possuída, o que leva explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresen-
ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja tadas na prova.
uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteú- Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um sig-
do lido, afetando de alguma forma o leitor. nificado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura ana- algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao tex-
lítica e, por fim, uma leitura interpretativa. to, e nunca extrapole a visão dele.

É muito importante que você: IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
estado, país e mundo; principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de no- identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife-
tícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões); rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações or- seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem
tográficas, gramaticais e interpretativas; um todo significativo, que é o texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler Exemplo:
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título.
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se
atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen-
tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre-
ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro,
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida-
dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra-
ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é
condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex-
to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram
aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo.
Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as
pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perce-
beram que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto
deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram
que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e
a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um
Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
colaborava com o outro e a parceria deu certo.
dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou sa-
tírica).
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o
possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que
o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente Ironia verbal
o que ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informa- Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
ções ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a dissemi- intenção são diferentes.
nação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
cães e homens.
As informações que se relacionam com o tema chamamos Ironia de situação
de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte- A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja,
gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata- Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla-
mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa- neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado.
mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela- No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de
ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns! Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao
Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto! longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade
sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i- ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou
deias-secundarias/ famoso após a morte.

IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Ironia dramática (ou satírica)


TEXTOS VARIADOS A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos
textos literários quando o leitor, a audiência, tem mais informa-
Ironia ções do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que sobre intenções de outros personagens. É um recurso usado para
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações e que,
ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). quando captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ou mesmo comédia, visto que um personagem é posto em situ-
expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha ações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo
um novo sentido, gerando um efeito de humor. não tem ciência do todo da narrativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem
o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram expli-
história irão morrer em decorrência do seu amor. As persona- citadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conce-
gens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus der espaço para divagações ou hipóteses, supostamente conti-
objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-suce- das nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não
didos. quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto,
mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e
Humor inespecíficas.
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que
pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de Importância da interpretação
humor. A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e
tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
ocorrer algo fora do esperado numa situação. conteúdos específicos, aprimora a escrita.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros
as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes
cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre- presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se
quentemente acessadas como forma de gerar o riso. faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. surpreendentes que não foram observados previamente. Para
auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
Exemplo: dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa-
mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se
de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é
porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hie-
rárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas
ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço
para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entre-
linhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer
que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
damental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas
e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve ser
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
leitores proficientes.

Diferença entre compreensão e interpretação


ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
GÊNERO EM QUE SE INSCREVE texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre-
Compreender um texto trata da análise e decodificação do tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade.
que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. O leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che-
gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação Gêneros Discursivos
trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
texto. nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo.
principal. Compreender relações semânticas é uma competência No romance nós temos uma história central e várias histórias
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos. secundárias.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen- Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmen-
to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. te imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas
personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma
Busca de sentidos única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen- A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e são do que com a filha.
tem a história principal, mas também tem várias histórias secun-
dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e Opinião
local são definidos pelas histórias dos personagens. A história A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando
(enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter-
ter um texto mais curto. pretação que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe-
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter-
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a iro- pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato.
nia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores
o tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe- socioculturais.
quenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta-
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da ções anteriores:
linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
criação de imagens. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
são do que com a filha. Ela foi egoísta.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assun- Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
to que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
convencer o leitor a concordar com ele. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previ-
sões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação,
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de já estamos expressando nosso julgamento.
um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informa- É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
ções. Tem como principal característica transmitir a opinião de principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan-
pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. do analisamos um texto dissertativo.

Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia- Exemplo:


liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor-
as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, aju- tando com o sofrimento da filha.
dando os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje- ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento
tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar
certa liberdade para quem recebe a informação. as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no
texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen-
DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO samento e o do leitor.
Parágrafo
Fato O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis- é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser
tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável.
pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al- No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar
guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral-
registro. mente apresentada na introdução.
Exemplo de fato:
A mãe foi viajar. Embora existam diferentes formas de organização de pará-
grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros
Interpretação jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu-
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos ra consiste em três partes:  a ideia-núcleo,  as ideias secundá-
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir-
causas, previmos suas consequências. ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja Introdução:  faz uma rápida apresentação do assunto e já
plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que
ou diferenças sejam detectáveis. você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está
sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados
Exemplos de interpretação: pela própria prova.
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
outro país.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos Linguagem Popular ou Coloquial
e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se
possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatís- quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de ví-
ticos até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. cios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
Conclusão:  faz uma retomada breve de tudo que foi abor- cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV
suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
senvolvimento.
A Linguagem Culta ou Padrão
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conec- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en- soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela
tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na lin-
do período, e o tópico que o antecede. guagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente
to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunica-
bém para a clareza do texto. ções científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad-
vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, Gíria
muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais
obscuro, sem coerência. como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru-
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumen- pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para
tativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa- o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
mento mais direto. comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam
os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria
NÍVEIS DE LINGUAGEM
pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo-
cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Definição de linguagem
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale-
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ra”, “mina”, “tipo assim”.
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráfi-
cos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia depen-
Linguagem vulgar
dendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que comida”.
só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o
grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam Linguagem regional
na língua e caem em desuso. Regionalismos são variações geográficas do uso da língua
Língua escrita e língua falada padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer-
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran- amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona- Tipos e genêros textuais
ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e
falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura,
manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri-
de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re- ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da
gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco
da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo,
estilística do falante. expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo.
Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada
Linguagem popular e linguagem culta um deles.
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, Tipo textual descritivo
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela este- A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
ja presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro pro- objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma
curou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto,
em que o diálogo é usado para representar a língua falada. um movimento etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Características principais: • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre-
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- sente.
jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
ção caracterizadora. de ponto de vista.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa • Apresenta linguagem clara e imparcial.
enumeração.
• A noção temporal é normalmente estática. Exemplo:
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
finição. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, determinado tema.
anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser-
tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina-
Exemplo: tiva).
Era uma casa muito engraçada Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Não tinha teto, não tinha nada sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão Tipo textual dissertativo-argumentativo
Ninguém podia dormir na rede Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Porque na casa não tinha parede sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia fazer pipi apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetivida-
Porque penico não tinha ali de, clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência,
Mas era feita com muito esmero seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o in-
Na rua dos bobos, número zero terlocutor (leitor ou ouvinte).
(Vinícius de Moraes)
Características principais:
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es-
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes-
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato,
e comportamentos, nas leis jurídicas. exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi-
pais com sugestão/solução).
Características principais: • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (nor-
verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do malmente nas argumentações formais) para imprimir uma atem-
futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). poralidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas mo-
2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. dalizações discursivas (indicando noções de possibilidade, cer-
teza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos
Exemplo: exaltados.
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei- • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com
toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri- o desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária deios.
ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá-
veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, Exemplo:
subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili- A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
tares de ensino superior para formação de oficiais. vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
administração política (tese), porque a força governamental cer-
tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli-
Tipo textual expositivo gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio- metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do
cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição, RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for
discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A disserta- do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-es-
ção pode ser expositiva ou argumentativa. tar da população, isso é plenamente possível (estratégia argu-
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um mentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que
assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do
maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate. governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre
terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão).
Características principais:
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
• O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in-
formar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipo textual narrativo Dissertativo- Editorial Jornalístico
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta argumentativo Carta de opinião
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo Resenha
e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um Artigo
enredo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narra- Ensaio
tivo). Monografia, dissertação de
mestrado e tese de doutorado
Características principais:
Narrativo Romance
• O tempo verbal predominante é o passado.
Novela
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da
Crônica
história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história
Contos de Fada
– onisciente). Fábula
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Lendas
prosa, não em verso.
Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
Exemplo:
forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui-
Solidão
dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão
era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira,
INTERTEXTUALIDADE
só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão.
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro.
certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro-
Nelson S. Oliveira
dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur-
elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo,
reais/4835684
forma ou de ambos: forma e conteúdo.
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos,
GÊNEROS TEXTUAIS
de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro-
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferen-
duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual,
tes de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração
auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura,
de um texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do
escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
seu produtor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e
programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.
exercem funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ade-
mais, são passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo
Tipos de Intertextualidade
que preservando características preponderantes. Vejamos, ago-
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral-
ra, uma tabela que apresenta alguns gêneros textuais classifica-
mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do
dos com os tipos textuais que neles predominam.
grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe-
Tipo Textual Gêneros Textuais sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos
Predominante programas humorísticos.
Descritivo Diário • Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
Relatos (viagens, históricos, etc.) mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza-
Biografia e autobiografia ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para-
Notícia phrasis), significa a “repetição de uma sentença”.
Currículo • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos
Lista de compras científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo
Cardápio que tenha alguma relação com o que será discutido no texto.
Anúncios de classificados Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi”
Injuntivo Receita culinária (posição superior) e “graphé” (escrita).
Bula de remédio • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
Manual de instruções dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
Regulamento expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de
Textos prescritivos outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre-
sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”.
Expositivo Seminários Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
Palestras • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
Conferências
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por
Entrevistas
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Trabalhos acadêmicos
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Enciclopédia
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Verbetes de dicionários

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LÍNGUA PORTUGUESA
ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem -se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz -se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o -nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
texto diz e faça o que ele propõe. e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um ban-
tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- co. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo
dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às te-
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
ses e aos pontos de vista defendidos.
as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
entender bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o au-
disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o in- ditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fá-
terlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como ver- cil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
dadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
uso de recursos de linguagem. que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja
bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio-
a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria
quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado
desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu- ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Tipos de Argumento
Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a
desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig- argumento. Exemplo:
nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para
fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro- Argumento de Autoridade
vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconheci-
a outra, é preferível à outra. das pelo auditório como autoridades em certo domínio do sa-
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de ber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo.
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimen-
enunciador está propondo. to do produtor do texto a respeito do assunto de que está tratan-
do; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto,
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-
não fazer do texto um amontoado de citações. A citação precisa
ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre-
ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co-
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. nhecimento. Nunca o inverso.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamen- Alex José Periscinoto.
to: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im-
Então: C é igual a A. portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun-
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria- do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas
mente, que C é igual a A. devem acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
Logo, a vaca é um mamífero. número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem
maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun-
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi-
também será verdadeira. cidade faz largo uso do argumento de quantidade.

32
LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento do Consenso socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que
-se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente
de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta
aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com-
por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser petência do médico:
protegido e de que as condições de vida são piores nos países - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando
subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, houve por bem determinar o internamento do governador pelo
os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
Argumento de Existência alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil hospital por três dias.
aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que
é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
pássaro na mão do que dois voando”. ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica-
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen- ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda
tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falan-
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que te traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de
o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia- um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicu-
no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, larizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do-
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi-
cumentada pela comparação do número de canhões, de carros
sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade.
não outras, etc. Veja:
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
Argumento quase lógico
trocavam abraços afetuosos.”
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como
causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no-
ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos
ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi-
raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações ne-
do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o
cessárias entre os elementos, mas sim instituir relações prová- termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa
veis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual inesperada.
a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Ami- tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
go de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
lógica, mas uma identidade provável. amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen- contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen-
te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação
que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir- do meio ambiente, injustiça, corrupção).
mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex- - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas
trair generalizações indevidas. por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para
Argumento do Atributo destruir o argumento.
É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí- - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-
o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é -as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o
melhor que o que é mais grosseiro, etc. caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o con- visando a reduzir outros à sua dependência política e econômica”.
sumidor tende a associar o produto anunciado com atributos da
celebridade. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si-
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes
competência linguística. A utilização da variante culta e formal envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística comunicação, o assunto, etc).

33
LÍNGUA PORTUGUESA
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o
tam-se na ação. método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pare- te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
cer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar
pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa em partes, começando-se pelas proposições mais simples até
um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha
inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema,
suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela- dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu-
ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um
é um processo de convencimento, por meio da argumentação, no conjunto da dedução.
no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
seu pensamento e seu comportamento. argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs qua-
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá- tro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais,
lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em
proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra- busca da verdade:
ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida - evidência;
- divisão ou análise;
apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan-
- ordem ou dedução;
tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a in-
- enumeração.
flexão de voz, a mímica e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida-
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis-
des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra-
são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode
zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa-
quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro-
tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade,
cesso dedutivo.
a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto
A forma de argumentação mais empregada na redação aca-
já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e
argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi- a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con- premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental, alguns não caracteriza a universalidade.
mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si-
cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que
porquês da defesa de um ponto de vista. vai do particular para o geral. A expressão formal do método de-
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude ar- dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências,
gumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti-
de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se
evidencia. de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre-
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi- visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso
ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:
vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, mui-
tas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom Fulano é homem (premissa menor = particular)
exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar con- Logo, Fulano é mortal (conclusão)
siste em desenvolver as seguintes habilidades:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição to- se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
talmente contrária; caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre- dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
sentaria contra a argumentação proposta; O calor dilata o ferro (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação O calor dilata o bronze (particular)
oposta. O calor dilata o cobre (particular)
O ferro, o bronze, o cobre são metais
Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa- conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe podem ser assim relacionadas:
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha- Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-
-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da
criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante
- Lógico, concordo.
na escolha dos elementos que farão parte do texto.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Claro que não!
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
- Então você possui um brilhante de 40 quilates...
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e ex-
perimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em
Exemplos de sofismas: “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto
Dedução ou fenômeno.
Todo professor tem um diploma (geral, universal) A análise decompõe o todo em partes, a classificação es-
Fulano tem um diploma (particular) tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a
ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi-
Indução mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par- rarquisação.
ticular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe-
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências
lar) naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge- diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con-
ral – conclusão falsa) vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes,
ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi-
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras.
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Re- ou menos caótica é artificial.
dentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas
ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami-
análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subje- nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo,
tivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão. relógio, sabiá, torradeira.
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma Os elementos desta lista foram classificados por ordem al-
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri-
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé- importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o
todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
ideias visam sistematizar a pesquisa. crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga- decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impac-
dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes to do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex-
significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amon- pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
toado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem de justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão
relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria recons- e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas
truído. também os pontos de vista sobre ele.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- monstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de e racional do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado
uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento de uma fundamentação coerente e adequada.
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações;
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem
a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três ele- um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
mentos: verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui-
- o termo a ser definido; da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há
- o gênero ou espécie; coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra-
- a diferença específica. dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por
dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio-
O que distingue o termo definido de outros elementos da nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação
mesma espécie. Exemplo: entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir-
mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por
meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões co-
Elemento especie diferença muns nesse tipo de procedimento: mais importante que, supe-
a ser definido específica rior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados
estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os da-
É muito comum formular definições de maneira defeituo- dos; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação,
sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo ainda, pela apresentação de causas e consequências, usando-se
em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma
quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé- vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por
cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê- motivo de.
mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex-
recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se
definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen- alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela
tar os seguintes requisitos: interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex-
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramen- expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de,
ta ou instalação”; consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A ex-
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos plicitação se faz também pela interpretação, em que são comuns
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente res- as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de vista.
trito para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons- em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, por
titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente,
homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado,
- deve ser breve (contida num só período). Quando a de- sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de fatos em
finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expres-
de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também sões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de,
definição expandida;d no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no sul,
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) no leste...
+ cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun- Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
tos (as diferenças). se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís- Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais
tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência que, menos que, melhor que, pior que.
entre a palavra e seus significados. Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen-
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda-
deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser de-

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autorida- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis
de reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta-
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e,
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações li- em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado-
terais no corpo de um texto constituem argumentos de autorida- tados para a elaboração de um Plano de Redação.
de. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela
contidos na linha de raciocínio que ele considera mais adequada Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de lução tecnológica
argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório. - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res-
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como da resposta, justificar, criando um argumento básico;
válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio- - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
cultural. Nesse caso, incluem-se construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o ho- ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua-
mem, mortal, aspira à imortalidade); lificá-la (rever tipos de argumentação);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos- - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
tulados e axiomas); ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na- ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa
tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró- e consequência);
pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com
(gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas o argumento básico;
(creio, ainda que parece absurdo). - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as
que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor-
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados ideia do argumento básico;
concretos, estatísticos ou documentais. - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. ou menos a seguinte:
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara-
ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam Introdução
opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade com- - função social da ciência e da tecnologia;
provada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou - definições de ciência e tecnologia;
juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se fun- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
damentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de
provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contestada Desenvolvimento
por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os - apresentação de aspectos positivos e negativos do desen-
processos de contra-argumentação: volvimento tecnológico;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con- as condições de vida no mundo atual;
traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi-
cordeiro”; camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses subdesenvolvidos;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
verdadeira; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à passado; apontar semelhanças e diferenças;
opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
versalidade da afirmação; urbanos;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma-
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de nizar mais a sociedade.
autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em Conclusão
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in- quências maléficas;
consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen-
por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico tos apresentados.
produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon-
sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma relação redação: é um dos possíveis.
inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração
de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as EXERCÍCIOS
ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan-
çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor 1. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a
capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco
de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma palavras:
correta e adequada. (A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, in-
fra-vermelho.
Coerência (B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino,
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. infra-assinado.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação (C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiê-
semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. nico.
(Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa (D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo,
bate com outra”). contrarregra.
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que (E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra-
se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com- -mencionado.
preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual
cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em 2. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto,
conjunto dos elementos formativos de um texto. na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respei- trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos
to aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união sublinhados classificam-se, respectivamente, em
dos elementos textuais. (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa- (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên- (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falan- (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
te reconhecer de imediato a coerência de um discurso.
3. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
A coerência: a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fa-
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; zer exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con- duas orações.
ceitual; (A) Oração coordenada assindética e oração coordenada ad-
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, versativa.
com o aspecto global do texto; (B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. (C) Oração coordenada assindética e oração coordenada
aditiva.
Coesão (D) Oração principal e oração subordinada adverbial conse-
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex- cutiva.
to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um (E) Oração coordenada assindética e oração coordenada ad-
vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via verbial consecutiva.
gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
vocabulário, tem-se a coesão lexical. 4. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999)
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa- Analise sintaticamente a oração em destaque:
lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- “Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recom-
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre pensados” (Machado de Assis).
os componentes do texto. (A) oração subordinada substantiva completiva nominal.
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a le- (B) oração subordinada adverbial causal.
xical, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, (C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida.
nomes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é conse- (D) oração coordenada sindética conclusiva.
guida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjeti- (E) oração coordenada sindética explicativa.
vo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções
e numerais. 5. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
A coesão: des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequen- frase acima, na ordem dada, as expressões:
cial; (A) a que – de que;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes (B) de que – com que;
componentes do texto; (C) a cujas – de cujos;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das fra- (D) à que – em que;
ses. (E) em que – aos quais.

38
LÍNGUA PORTUGUESA
6. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração (A) Metáfora e pleonasmo.
“Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o (B) Metáfora e antítese.
ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, ob- (C) Metonímia e hipérbole.
serva-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa- (D) Metonímia e ironia.
-alta. Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que (E) Nenhuma das alternativas.
deve ser marcada com o acento, EXCETO em:
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o proble- 10. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO
ma. EXCELÊNCIA - 2019)
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia
do eleitorado pelo resultado final. Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de lingua-
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sis- gem, assinale a alternativa em que os termos destacados têm a
tema. classificação corretamente:
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema inso-
lúvel. ”Hoje o tempo voa, amor
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o escorre pelas mãos
sistema. ...Vamos viver tudo que há pra viver .
..eu vejo um novo começo de era
7. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – de gente fina, elegante, sincera
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está com habilidade para dizer mais sim do que não
correta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Pau- (A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese.
lo. (B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. (C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que (D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação.
35% deles fosse despejado em aterros. (E) Nenhuma das alternativas.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta 11. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
de lixo. ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
padrão na seguinte sentença:
8. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or- (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
dem, o seguinte par de palavras: (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(A) estrondo – ruído; (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(B) pescador – trabalhador; (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o dis-
(C) pista – aeroporto; curso.
(D) piloto – comissário;
(E) aeronave – jatinho. 12. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 )
Determinadas palavras são frequentes na redação oficial.
9. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO Conforme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vi-
EXCELÊNCIA - 2019) gor em 2009, assinale a opção CORRETA  que contém apenas
palavras grafadas conforme o Acordo.
Na tirinha abaixo, há dois exemplos de figura de linguagem, I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico,
identifique-os e assinale a alternativa CORRETA: capitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei,
diretor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente.
III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire-
tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário.
IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-gradu-
ação, pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Se-
cretaria-Geral.
V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário,
pró-ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secre-
taria-Executiva, tenente-coronel.

Assinale a alternativa CORRETA:
(A) As afirmações I, II, III e V estão corretas.
(B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas.
(C) As afirmações II, III e IV estão corretas.
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas.
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas.

39
LÍNGUA PORTUGUESA
13. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018) condições de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da lín- de aparelhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na di-
gua. Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que reção oposta
fundamentem esses usos. Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce-
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento
9ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor
crime. empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um rela- Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir-
cionamento difícil com a mãe e teria discutido com ela momen- reversíveis podem ocorrer.
tos antes de desferir os golpes. FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA
MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para
uso da vírgula em cada frase. 15. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
( ) Para destacar deslocamento de termos. I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
( ) Para separar adjuntos adverbiais. fato.
( ) Para indicar um aposto. II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence
ao gênero textual editorial.
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi-
(A) 1 – 2 – 3. vas, já que se trata de uma reportagem.
(B) 2 – 1 – 3. IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas,
(C) 3 – 1 – 2. já se trata de um editorial.
(D) 3 – 2 – 1.
Analise as assertivas e responda:
14. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualida- (A) Somente a I é correta.
de é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que (B) Somente a II é incorreta.
NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (C) Somente a III é correta
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor- (D) A III e IV são corretas.
rido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
mete onde não é chamada.” GABARITO
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a
gente mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, 1 D
tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” 2 B
3 C
Leia o texto abaixo para responder a questão.
4 E
A lama que ainda suja o Brasil
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) 5 A
6 D
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou
um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica 7 E
brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos 8 E
diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a 9 C
morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um
plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de 10 A
intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela 11 B
brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me-
12 E
dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sendo
que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito do 13 C
rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num 14 E
córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas
15 C
da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana,
Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló-
gio na região.”
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem ris-
cos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém.
Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo
menos 16 barragens de mineração em todo o País apresentam

40
INGLÊS
1. Leitura, compreensão e interpretação de textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Vocabulário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
INGLÊS
• Conhecimento prévio: para compreender um texto, o leitor
LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEX- depende do conhecimento que ele já tem e está armazenado em
TOS sua memória. É a partir desse conhecimento que o leitor terá o
entendimento do assunto tratado no texto e assimilará novas in-
Reading Comprehension formações. Trata-se de um recurso essencial para o leitor formular
Interpretar textos pode ser algo trabalhoso, dependendo do hipóteses e inferências a respeito do significado do texto.
assunto, ou da forma como é abordado. Tem as questões sobre o
texto. Mas, quando o texto é em outra língua? Tudo pode ser mais O leitor tem, portanto, um papel ativo no processo de leitura
assustador. e compreensão de textos, pois é ele que estabelecerá as relações
Se o leitor manter a calma, e se embasar nas estratégias do entre aquele conteúdo do texto e os conhecimentos de mundo que
Inglês Instrumental e ter certeza que ninguém é cem por cento leigo ele carrega consigo. Ou mesmo, será ele que poderá agregar mais
em nada, tudo pode ficar mais claro. profundidade ao conteúdo do texto a partir de sua capacidade de
Vejamos o que é e quais são suas estratégias de leitura: buscar mais conhecimentos acerca dos assuntos que o texto traz e
sugere.
Inglês Instrumental Não se esqueça que saber interpretar textos em inglês é muito
Também conhecido como Inglês para Fins Específicos - ESP, o importante para ter melhor acesso aos conteúdos escritos fora do
Inglês Instrumental fundamenta-se no treinamento instrumental país, ou para fazer provas de vestibular ou concursos.
dessa língua. Tem como objetivo essencial proporcionar ao aluno,
em curto prazo, a capacidade de ler e compreender aquilo que for
de extrema importância e fundamental para que este possa desem-
penhar a atividade de leitura em uma área específica. VOCABULÁRIO

Estratégias de leitura Vestimentas


• Skimming: trata-se de uma estratégia onde o leitor vai buscar
a ideia geral do texto através de uma leitura rápida, sem apegar-se
a ideias mínimas ou específicas, para dizer sobre o que o texto trata.
• Scanning: através do scanning, o leitor busca ideias específicas
no texto. Isso ocorre pela leitura do texto à procura de um detalhe es-
pecífico. Praticamos o scanning diariamente para encontrarmos um
número na lista telefônica, selecionar um e-mail para ler, etc.
• Cognatos: são palavras idênticas ou parecidas entre duas
línguas e que possuem o mesmo significado, como a palavra “ví-
rus” é escrita igualmente em português e inglês, a única diferença
é que em português a palavra recebe acentuação. Porém, é preciso
atentar para os chamados falsos cognatos, ou seja, palavras que são
escritas igual ou parecidas, mas com o significado diferente, como
“evaluation”, que pode ser confundida com “evolução” onde na ver-
dade, significa “avaliação”.
• Inferência contextual: o leitor lança mão da inferência, ou
seja, ele tenta adivinhar ou sugerir o assunto tratado pelo texto, e
durante a leitura ele pode confirmar ou descartar suas hipóteses.
• Reconhecimento de gêneros textuais: são tipo de textos que
se caracterizam por organização, estrutura gramatical, vocabulário
específico e contexto social em que ocorrem. Dependendo das mar-
cas textuais, podemos distinguir uma poesia de uma receita culiná-
ria, por exemplo.

• Informação não-verbal: é toda informação dada através de


figuras, gráficos, tabelas, mapas, etc. A informação não-verbal deve
ser considerada como parte da informação ou ideia que o texto de-
seja transmitir.
• Palavras-chave: são fundamentais para a compreensão do
texto, pois se trata de palavras relacionadas à área e ao assunto
abordado pelo texto. São de fácil compreensão, pois, geralmente,
aparecem repetidamente no texto e é possível obter sua ideia atra-
vés do contexto.
• Grupos nominais: formados por um núcleo (substantivo) e
um ou mais modificadores (adjetivos ou substantivos). Na língua
inglesa o modificador aparece antes do núcleo, diferente da língua
portuguesa.
• Afixos: são prefixos e/ou sufixos adicionados a uma raiz, que
modifica o significado da palavra. Assim, conhecendo o significado
de cada afixo pode-se compreender mais facilmente uma palavra
composta por um prefixo ou sufixo.

1
INGLÊS
Cash = em dinheiro
Note/bill = nota
Coin = moeda
Credit card = cartão de crédito

Materials
Acrylic = acrílico
Cotton = algodão
Denim = brim
Fleece/wool = lã
Gold = ouro
Leather = couro
Linen = linho
Plastic= plástico
Rubber = borracha
Silk = seda
Silver = prata

Educação
Nursery School = pré-escola
Elementary school ou Primary School = Ensino fundamental I
Secondary school = Ensino fundamental II
High school = Ensino médio
College/University = Faculdade/universidade

Subjects
Inglês: English
T-shirt = camiseta Matemática: Mathematics (Math)
Sweatshirt = Blusa de moletom História: History
Shirt = camisa Geografia: Geography
Suit = terno Química: Chemistry
Pants:calça Física: Physics
Tie = gravata Ciência: Science
Wedding dress = vestido de noiva Biologia: Biology
Jacket = jaqueta Educação Física: Physical Education (P.E.)
Skirt = saia Artes: Arts
Coat = casaco Música: Music
Shorts = Bermuda Literatura: Literature
Dress = vestido Redação: Writing
Underpants = cueca Português: Portuguese
Panties = calcinha Espanhol: Spanish
Bra = sutiã
Nightgown = camisola Diversão e mídia
Pajamas = pijama Movies/cinema = cnema
Robe = roupão Theater = teatro
Scarf = cachecol Bar/Pub = bar
Uniform = uniforme Restaurant = restaurante
Singlet = regata Café = lanchonete
Swimming Trunks = sunga Park = parque
Swimsuit = maiô Concert = show
Bikini = biquíni Play = peça de teatro

Cotidiano Tecnologia
Cellphone/mobile phone = celular
U.S. Money Laptop = notebook
US$ 1 Dollar = 100 cents Personal computer(PC) = Computador
bills - $1, $5, $10, $20, $50, $100 Printer = impressora
Coins – 1c, 5c, 10c, 25c, $1 Keyboard = teclado
Penny = 1 cent Mouse = mouse
Nickel = 5 cents Television = televisão
Dime = 10 cents
Quarter = 25 cents
Meio ambiente
Environment = meio ambiente
Ways to pay
Ozone layer = camada de ozônio
Check = cheque

2
INGLÊS
Water = água Grilled fish — Peixe grelhado
Tree = árvore Ground beef — Carne moída
Weather = clima Hamburger — Hambúrguer
Animals = animais Lobster — Lagosta
Air = ar Meatball — Almôndega
Wind = vento Mortadella — Mortadela
Rain = chuva Pork chops — Costeletas de porco
Snow = neve Pork legs — Pernas de porco
Fog = neblina Pork loin — Lombo de porco
Hurricane = furacão Rib cuts — Costela
Storm = tempestade Roast chicken — Frango assado
Lightning = relâmpago Salami — Salame
Thunder = trovão Salmon — Salmão
Sausage — Linguiça
Comida e bebida Shrimp — Camarão
Bread — Pão Sirloin — Lombo
Butter — Manteiga Smoked sausage — salsicha defumada
Cake — Bolo Squid — Lula
Cheese — Queijo Steak — Bife
Chicken — Frango Stew meat — Guisado de carne
Chips — Salgadinhos T-bone steak — Bife t-bone
Chocolate — Chocolate Tenderloin — Filé mignon
Corn flakes — Cereal Tuna — Atum
Egg — Ovo Turkey — Peru
Fish — Peixe Veal — Vitela
French fries — Batata-frita
Ham — Presunto Vegetables (vegetais)
Ice cream — Sorvete Anise — Anis
Jam — Geleia Asparagus — Espargos
Jello — Gelatina Beans — Feijão
Margarine — Margarina Beet — Beterraba
Mashed potatoes — Purê de batatas Broccoli — Brócolis
Meat — Carne Cabbage — Repolho
Pancacke — Panqueca Carrot — Cenoura
Pasta — Macarrão Cauliflower — Couve-flor
Peanut — Amendoim Celery — Aipo/Salsão
Peanut butter — pasta de amendoim Corn — Milho
Pepper — Pimenta Cucumbers — Pepinos
Pie — Torta Eggplant — Berinjela
Pizza — Pizza Garlic — Alho
Popsicle — Picolé Ginger — Gengibre
Potato chips — Batata-frita Green onion — Cebolinha verde
Rice — Arroz Heart of Palms — Palmito
Salt — Sal Leeks — Alho-poró
Sandwich — Sanduíche Lettuce — Alface
Sliced bread — Pão fatiado
Manioc — Mandioca
Soup — Sopa
Mushroom — Cogumelo
Sugar — Açúcar
Okra — Quiabo
Toast — Torrada
Olives — Azeitonas
Water cracker — Bolacha de água e sal
Onion — Cebola
Pepper — Pimenta
Meat (carne)
Pickles — Picles
Bacon — Bacon
Barbecue — Churrasco Potato — Batata
Beef — Carne de vaca Pumpkin — Abóbora
Beef Jerky — Carne seca Radish — Rabanete
Blood sausage —Chouriço Rucola — Rúcula
Carp — Carpa Snow pea — Ervilha
Chicken — Frango Spinach — Espinafre
Chicken legs — Pernas de Frango Sweet potato — Batata doce
Chicken wings — Asas de Frango Tomato — Tomate
Cod — Bacalhau Turnip — Nabo
Crab — Caranguejo Watercress — Agrião
Duck — Pato Yams — Inhame
Fish — Peixe

3
INGLÊS
Fruits (frutas)
Apple — Maçã
Apricots — Damascos
Avocado — Abacate
Banana — Banana
Blackberry — Amora
Blueberry — Mirtilo
Cashew nut — Castanha de Cajú
Cherry — Cereja
Coconut — Coco
Figs — Figos
Grapes — Uvas
Guava — Goiaba
Honeydew melon — Melão
Jackfruit — Jaca
Kiwi — Kiwi
Lemon — Limão
Mango — Manga
Orange — Laranja
Papaya — Mamão
Passion fruit — Maracujá
Peach — Pêssego
Pear — Pera
Pineapple — Abacaxi
Plum — Ameixa
Prune — Ameixa-seca
Start fruit — Carambola
Strawberry — Morango
Tamarind — Tamarindo
Tangerine — Tangerina
Watermelon — Melancia

Drinks (bebidas)
Beer — Cerveja
Brandy — Aguardente
Champagne — Champanhe
Chocolate — Chocolate
Cocktail — Coquetel
Coffee — Café
Coffee-and-milk — Café-com-leite
Draft beer — Chope
Gin — Gim
Hot chocolate — Chocolate quente
Juice — Suco
Lime juice — Limonada
Liqueur — Licor
Milk — Leite
Mineral water — Água mineral
Red wine — Vinho tinto
Rum — Rum
Soda — Refrigerante
Sparkling mineral water — Água mineral com gás
Still mineral water — Água mineral sem gás
Tonic water — Água tônica
Vodka — Vodca
Water — Água
Whiskey —Uísque
White wine —Vinho branco
Yogurt — Iogurte

Tempo livre, “hobbies” e lazer


Bowling = boliche
Camping = acampar
Canoeing = canoagem
Card games = jogos de baralho

4
INGLÊS
Chess = xadrez
Cooking = cozinhar
Crossword puzzl = palavras cruzadas
Dancing = dançar
Drawing = desenhar
Embroidery = bordado
Fishing = pesca
Gardening = jardinagem
Hiking = caminhar
Hunting = caçar
Jogging = corrida
Knitting = tricotar
Mountaineering = escalar montanhas
Painting = pintar
Photography = fotografia
Playing video games = jogar vídeo games
Reading = leitura
Riding a bike = andar de bicicleta
Sculpting = esculpir
Sewing = costurar
Singing = cantar
Skating = andar de patins ou skate
Skiing = esquiar
Stamp collecting = colecionar selos
Surfing = surfar
Working out = malhar

Saúde e exercícios

Health Problems and Diseases (problemas de saúde e doenças)

Skin occurrences (Ocorrências na pele)


Blemish – mancha
Bruise - contusão
Dandruff - caspa
Freckle – sarda
Itching – coceira
Pimple – espinha
Rasch – erupção da pele
Scar - cicatriz
Spot – sinal, marca
Wart – verruga
Wound - ferida
Wrinkle – ruga

5
INGLÊS
Aches (Dores)
Backache – dor nas costas
Earache – dor de ouvido
Headache – dor de cabeça
Heartache – dor no peito
stomachache – dor de estômago
Toothache – dor de dente

Cold and Flu (Resfriado e Gripe)


Cough – tosse
Fever – febre
Running nose – nariz entupido
Sneeze – espirro
Sore throat – garganta inflamada
Tonsilitis – amigdalitis

Other Diseases (Outras doenças)


Aneurism - aneurisma
Appendicitis - apendicite
Asthma – asma
Bronchitis – bronquite
Cancer – câncer
Cirrhosis - cirrose
Diabetes – diabetes
Hepatitis – hepatite
High Blood Pressure – hipertensão (pressão alta)
Pneumonia – pneumonia
Rheumatism – reumatismo
Tuberculosis – tuberculose
Moradia;

Povos e línguas

6
INGLÊS
Sentimentos, opiniões e experiências Address = Endereço
Happy = feliz City = Cidade
Afraid = com medo Country = País
Sad = triste Zip code/Post code = Código postal (CEP)
Hot = com calor Phone number = Número de telefone
Amused = divertido E-mail address = Endereço de e-mail
Bored = entediado
Anxious = ansioso Lugares e edificações
Confident = confiante Airport – Aeroporto
Cold = com frio Amusement park – Parque de diversões
Suspicious = suspeito Aquarium – Aquário
Surprised = surpreso Art gallery – Galeria de arte
Loving= amoroso ATM (Automatic Teller Machine) – Caixa eletrônico
Curious = curioso Auto repair shop ou Garage – Oficina mecânica
Envious = invejoso Avenue – Avenida
Jealous = ciumento Baby store – Loja infantil ou bebê
Miserable = miserável Barber shop – Barbearia
Confused = confuso Bakery – Padaria
Stupid = burro Bank – Banco
Angry = com raiva Beach – Praia
Sick = enjoado/doente Beauty salon/parlor/shop – Salão de beleza
Ashamed = envergonhado Block – Quarteirão
Indifferent = indiferente Bookstore ou Bookshop – Livraria
Determined = determinado Bridge – Ponte
Crazy = louco Building – Edifício ou Prédio
Depressed = depressivo Bus station – Rodoviária
Frightened = assustado Bus stop – Ponto de ônibus
Interested = interessado Butcher shop – Açougue
Shy = tímido Cabstand ou Taxi stand – Ponto de taxi
Hopeful = esperançoso Capital – Capital
Regretful = arrependido Cathedral – Catedral
Scared = assustado Cemetery – Cemitério
Stubborn = teimoso Chapel – Capela
Thirsty = com sede Church – Igreja
Guilty = culpado Circus – Circo
Nervous = nervoso City – Cidade
Embarrassed = envergonhado Clothing store – Loja de roupas
Disgusted = enojado Club – Clube
Proud = orgulhoso Coffee shop – Cafeteria
Lonely = solitário College – Faculdade
Frustrated = frustrado Computer store – Loja de informática
Hurt= magoado Concert hall – Casa de espetáculos ou Sala de concertos
Hungry = com fome Convenience store – Loja de conveniência
Tired= cansado Corner – Esquina
Thoughtful = pensativo Costume store – Loja de Fantasia
Optimistic = otimista Court – Quadra de esportes ou pode ser Tribunal ou comumen-
Relieved = aliviado te chamado de Fórum, depende do contexto.
Shocked = chocado Crosswalk/Pedestrian crossing/Zebra crossing – Faixa de pe-
Sleepy = com sono destres
Excited = animado Cul-de-sac ou Dead end street – Beco ou Rua sem saída
Bad = mal City hall – Prefeitura
Worried = preocupado Dental clinic – Clinica dentária ou Consultório Odontológico
Downtown – Centro da cidade
Identificação pessoal Driving school – Auto escola
First name = Primeiro nome Drugstore – Farmácia ou Drogaria
Middle name = Nome do meio Factory – Fábrica
Last name = Último nome Field – Campo
Full name = Nome completo Fire station – Posto ou Quartel de bombeiros
Date of Birth = Data de nascimento Fishmonger’s – Peixaria
Age = Idade Flower show – Floricultura
Sex = Sexo Food Truck – Food Truck ou Caminhão que vende comida
Place of Birth = Local de nascimento Gas station – Posto de gasolina
Nationality = Nacionalidade Glasses store ou Optical store – Loja de Ótica
Occupation = Ocupação/profissão Greengrocer – Quitanda

7
INGLÊS
Grocery store – Mercearia Travel agency – Agência de viagens
Gym – Academia de ginástica University – Universidade
Hair salon – Cabeleireiro Zoo – Zoológico
Hardware store – Loja de ferramentas
Health Clinic/Center – Clinica ou Posto de saúde Relacionamento com outras pessoas
Hospital – Hospital Parents – pais
Hotel – Hotel Father – pai
House – Casa Mother – mãe
Ice Cream Shop/Parlor – Sorveteria Son – filho
Intersection ou Crossroad – Cruzamento Daughter – filha
Jail ou Prison – Cadeia ou Prisão Siblings – irmãos
Jewelry store – Joalheria Brother – irmão
Kiosk – Quiosque Sister – irmã
Lake – Lago Halfbrother – meio-irmão
Laundromat ou Laundry – Lavanderia Halfsister – meia-irmã
Library – Biblioteca Only child – filho único
Lottery retailer ou Lottery kiosk – Casa lotérica Wife – esposa
Mall – Shopping center Husband – esposo
Metropolis – metrópole Fiancé – noivo
Monument – Monumento Bride – noiva
Mosque – Mesquita Uncle – tio
Movie theater – Cinema Aunt – tia
Museum – Museu Cousin – primo e prima
Neighborhood – Bairro Nephew – sobrinho
Newsstand – Banca de jornal Niece – sobrinha
Office – Escritório Grandparents – avós
One-way street – Rua de mão única ou sentido único Grandfather – avô
Outskirts ou Suburb – Periferia ou Subúrbio Grandmother – avó
Park – Parque Grandson – neto
Parking lot – Estacionamento Granddaughter – neta
Penitentiary – Presídio ou Penitenciária Great grandfather – bisavô
Perfume shop – Perfumaria Great grandmother – bisavó
Pet Shop – Pet Shop Great grandson – bisneto
Pizzeria – Pizzaria Great granddaughter – bisneta
Place – Lugar Father-in-law – sogro
Playground – Parque infantil Mother-in-law – sogra
Police station – Delegacia de polícia Brother-in-law – cunhado
Port – Porto Sister-in-law – cunhada
Post office – Agência de correios Stepfather – padrasto
Pub – Bar Stepmother – madrasta
Real estate agency – Imobiliária Stepson – enteado
Reference point ou Landmark – Ponto de referência Stepdaughter – enteada
Restaurant – Restaurante Foster parents – pais adotivos
River – Rio Foster father – pai adotivo
Road – Estrada Foster mother – mãe adotiva
Rotary ou Roundabout – Rotatória
School – Escola Transporte e serviços
Shoe store – Sapataria Airliner: Avião comercial (Aviões maiores geralmente chama-
Sidewalk – Calçada dos de boeing)
Snack bar – Lanchonete Airplane ou apenas plane: Avião
Square – Praça Bike: Bicicleta
Stadium – Estádio Boat: Barco ou bote
Station – Estação Bus: Ônibus
Stationery store – Papelaria Canoe: Canoa
Steak House – Churrascaria Car: Carro
Store – Loja Carriage: Carruagem
Street – Rua Cruiser: Cruzeiro
Subway station – Estação de metrô Ferry: Balsa
Supermarket – Supermercado Glider: Planador
Synagogue – Sinagoga Helicopter ou chopper (informal): Helicóptero
Temple – Templo Jet: Jato ou como falamos às vezes, jatinho
Town – Cidade pequena ou Município Moped ou scooter: Motocicleta ou mobilete (Patinete também
Toy store ou Toy shop – Loja de brinquedos pode ser chamado de scooter)
Train station – Estação de trem Motorbike: Motocicleta ou simplesmente moto

8
INGLÊS
Motorboat: Lancha Table tennis - Tênis de mesa/Pingue-pongue
Ocean liner: Transatlântico Taekwon-Do - Taekwon-Do
On foot: A pé Tennis - Tênis
Pickup truck: Caminhonete Triathlon - Triatlo
Raft: Jangada Weightlifting - Halterofilismo
Roller skates: Patins
Sailboat: Veleiro ou barco à vela Team Sports - Esportes Coletivos
School bus: Ônibus escolar Badminton – Badminton
Ship: Navio Baseball - Beisebol
Skateboard: Skate Basketball - Basquete
Streetcar ou trolley: Bonde Beach Soccer - Futebol de Areia
Subway ou metro (inglês americano) ou The underground ou Beach Volleyball - Vôlei de Praia
informalmente the tube (inglês britânico): Metrô Football – Futebol Americano
Taxi ou cab: Táxi Footvolley - Futevôlei
Train: Trem Futsal - Futsal
Truck: Caminhão Handball - Handebol
Van: Furgão ou van Hockey - Hóquei
Polo - Polo
Compras Rhythmic Gymnastics - Ginástica Rítmica
Rugby - Rúgbi
Algumas placas com informações importantes: Soccer - Futebol
Out to lunch – Horário de almoço Synchronized Swimming - Nado Sincronizado
Buy one get one free – Pague um, leve dois. Outras formas de Volleyball - Vôlei
passar essa mesma ideia são: BOGOF (sigla para a mesma expres- Water Polo - Polo Aquático
são) e two for one (dois por um).
Clearance sale/Reduced to clear/Closing down sale – Liquida- Mundo natural
ção
Animais em inglês: principais animais domésticos (pets)
Conversando com atendentes Bird: Pássaro;
Excuse me, I’m looking for… – Licença, eu estou procurando Bunny: Coelhinho;
por… Cat: Gato;
I’m just looking/browsing, thanks. – Estou só olhando, obri- Dog: Cachorro;
gado(a). GuineaPig: Porquinho da Índia;
Do you have this in… – Você tem isso em…Complete com o que Mouse: Rato/Camundongo;
você precisa que mude na peça: A bigger size (um tamanho maior)? Parrot: Papagaio;
/ Yellow (amarelo)? / Pink (rosa)? Rabbit: Coelho;
Could I return this? – Eu poderia devolver isso? Turtle: Tartaruga.
Could I try this on? – Posso provar?
What are the store’s opening hours? – Qual o horário em que Animais em inglês: principais nomes de aves
a loja abre? Chicken: Galinha;
Rooster: Galo;
Esporte Pigeon: Pomba;
Peacock: Pavão;
Individual Sports - Esportes Individuais Hawk: Falcão;
Athletics - Atletismo Swan: Cisne;
Automobilism - Automobilismo Sparrow: Pardal;
Artistic Gymnastics - Ginástica Artística Duck: Pato.
Boxing - Boxe
Bowling - Boliche Animais em inglês: principais animais selvagens
Canoeing - Canoagem Alligator: Jacaré;
Cycling - Ciclismo Bat: Morcego;
Equestrianism - Hipismo Bear: Urso;
Fencing - Esgrima Crocodile: Crocodilo;
Golf - Golfe Deer: Viado;
Jiujitsu - Jiu-Jítsu Elephant: Elefante;
Judo - Judô Eagle: Águia;
Karate - Caratê Giraffe: Girafa;
Motorcycling - Motociclismo Hippo: Hipopótamo;
Mountaineering - Alpinismo Kangaroo: Canguru;
Olympic Diving - Salto Ornamental Lion: Leão;
Skiing - Esqui Monkey: Macaco;
Sumo - Sumô Owl: curuja;
Surfing - Surfe Pig: Porco;
Swimming - Natação Snake: Cobra;

9
INGLÊS
Squirrel: Esquilo; alecrim rosemary
Stag: Cervo;
Tiger: Tigre; ameixieira plum tree
Zebra: Zebra; arbusto bush / shrub
Wolf: Lobo.
azaleia azalea
Animais em inglês: principais insetos azevinho holly
Ant: Formiga;
açafrão turmeric
Mite: Ácaro;
Bee: Abelha; bordo maple
Beetle: Besouro; bromélia bromeliads
Butterfly: Borboleta;
Caterpillar: Lagarta; bétula birch
Cockroach: Barata; canela cinnamon
Cricket: Grilo;
Fly: Mosca; carvalho oak
Flea: Pulga; castanheiro horse chestnut tree
Firefly: Vagalume;
caule stem
Grasshoper: Grilo;
Ladybug: Joaninha; cebola onion
Louseorlice: Piolho; cebolinha green onion
Mosquito: Pernilongo/Mosquito;
Snail: Caracol; cedro cedar
Spider: Aranha; cerejeira cherry tree
Tick: Carrapato;
coentro cilantro
Termite: Cupim.
colorau red spice mix
Animais em inglês: principais animais marítimos cominho cumin
Crab: Caranguejo;
Dolphin: Golfinho; coqueiro coconut tree
Fish: Peixe; cravo clove
Octopus: Polvo;
Penguin: Pinguim; erva herb
Seal: Foca; ervas finas fine herbs
Shark: Tubarão;
figueira fig tree
Whale: Baleia.
folha de louro bay leaves
Animais em inglês: principais tipos de peixes gengibre ginger
Carp: Carpa;
Dogfish: Cação; girassol sunflower
Dried Salted Cod: Bacalhau; grama grass
Flounder: Linguado;
Hake: Pescada; lírio lily
Scabbardfish: PeixeEspada; macieira apple tree
Tuna: Atum;
manjericão basil
Tilapia: Tilápia;
Trout: Truta. margarida daisy
melissa melissa
Animais brasileiros em inglês
Capivara: Capybara; musgo moss
Boto Cor-de-rosa: Pink Dolphin; noz moscada nutmeg
Lobo guará: Maned Wolf;
oliveira olive tree
Mico Leão Dourado: Golden Lion Tamarin;
Onça Pintada: Jaguar; orquídea orchid
Tamanduá Bandira: Giantanteater; orégano oregano
Tatu: Armadilo;
Tucano: Toucan; papoula poppy
Quati: Coati. pereira pear tree

Plantas em inglês pinheiro pine tree


planta plant
PORTUGUÊS INGLÊS páprica paprika
árvore tree rosa rose

10
INGLÊS
salgueiro willow Throw a bonfire party. — Dar uma festa com fogueira.
Threw a bonfire party. — Deu uma festa com fogueira.
salsa parsley Write messages in the sand. — Escrever mensagens na areia.
samambaia fern Wrote messages in the sand. — Escreveu mensagens na areia.
Walk on the boardwalk. — Caminhar no calçadão de madeira.
tulipa tulip Walked on the boardwalk. — Caminhou no calçadão de ma-
violeta violet deira.
atch free summer concerts. — Assistir shows de verão gratuito.
vitória-régia waterlily
Watched free summer concerts. — Assistiu shows de verão gra-
tuito.
Viagens e férias
Have a picnic. — Ter um piquenique.
Had a picnic. — Teve um piquenique.
Vocabulário
Play frisbee. — Jogar frisbee.
Time off. — Tempo fora do trabalho.
Played frisbee. — Jogou frisbee.
Day off. — Dia de folga.
Look for seashells. — Procurar por conchas do mar.
Vacation. — Férias.
Looked for seashells. — Procurou por conchas do mar.
Go away. — Ir viajar.
Watch the sunset. — Assistir o pôr-do-sol.
Travel. — Viajar.
Watched the sunset. — Assistiu o pôr-do-sol.
Take a trip. — Fazer uma viagem.
Search for historic sites. — Procurar por lugares históricos.
Take time off. — Tirar um tempo fora do trabalho.
Searched for historic sites. — Procurou por lugares históricos.
Go to the beach. — Ir para a praia.
Get a tan. — Pegar um bronzeado.
Go to the country. — Ir para o interior.
Got a tan. — Pegou um bronzeado.
Go sunbathing ou go tanning. — Ir tomar banho de sol, se bron-
Como foram suas férias
zear.
How was your vacation? — Como foram as suas férias?
Went sunbathing. — Foi se bronzear.
It was good. — Foram boas.
Get a sunburn. — Pegar uma queimadura do sol.
It was amazing. — Foram demais.
Got a sunburn. — Pegou uma queimadura do sol.
It was very relaxing. — Foi muito relaxante.
Get sunburn. — Se queimar, ser queimado pelo sol.
Got sunburn. — Se queimou do sol.
Para onde você foi
Wear sunscreen ou wear sunblock. — Usar protetor solar.
Where did you go? — Onde você foi?
Wore sunscreen. — Usou protetor solar.
We went to the beach. — Nós fomos para a praia.
Use tanning lotion. — Usar bronzeador.
I went to the country with my family. — Eu fui para o interior
Used tanning lotion. — Usou bronzeador.
com minha família.
We took a trip to Hawaii. — Nós fizemos uma viagem para o
Tempo
Hawaii.
As horas em inglês podem vir acompanhadas de algumas ex-
We went to visit our family in France. — Nós fomos visitar a
pressões de tempo como:
nossa família na França.
Day: dia
Who did you go with? — Com quem você foi?
Today: hoje
I went with my sister and brother. — Eu fui com a minha irmã
Yesterday: ontem
e meu irmão.
The day before yesterday: anteontem
I went with my husband and kids. — Eu fui com meu marido,
Tomorrow: amanhã
esposo e crianças.
The day after tomorrow: depois de amanhã
I went with my wife and kids. — Eu fui com a minha esposa e
Morning: manhã
crianças.
Afternoon: tarde
I went with my classmates. — Eu fui com os meus colegas de
Evening: noite
aula.
Night: noite
Tonight: esta noite
Como você viajou
Midday: meio-dia
How did you go? — Como que você foi?
At noon: ao meio-dia
We went by plane. — Nós fomos de avião.
Midnight: meia noite
We went by car. — Nós fomos de carro.
At midnight: à meia-noite
Coisas para fazer nas férias
Read. — Ler.
Read. — Leu. (Só muda a pronúncia)
Go swimming. — Ir nadar ou nadar.
Went swimming. — Fui ou foi nadar.
Play beach soccer. — Jogar futebol de areia ou de praia.
Played beach soccer. — Jogou futebol de areia.
Make a bonfire. — Fazer uma fogueira.
Made a bonfire. — Fez uma fogueira
Play the guitar. — Tocar violão.
Played the guitar. — Tocou violão.

11
INGLÊS
Bartender = barman
Bellhop, bellboy = mensageiro (em hotel)
Biologist = biólogo
Biomedical scientist = biomédico
Blacksmith = ferreiro
Bricklayer, mason = pedreiro
Broker = corretor (de seguros, de investimentos etc., menos de
imóveis)
Butcher = açougueiro
Butler, major-domo = mordomo
Buyer = comprador
Cabdriver, cab driver, taxi driver, cabby, cabbie = taxista
Cabinet-maker = marceneiro
Carpenter = carpinteiro
Cartoonist = cartunista
Cattle breeder, cattle raiser, cattle farmer, cattle rancher = pe-
cuarista
Para informar as horas em inglês usa-se o “it is” ou “it’s” e os Cashier = caixa
números correspondentes (da hora e dos minutos): Chef = chef
Exemplo: 4:35 – It is four thirty-five. Chemist (bre) = farmacêutico
Chemist (ame) = químico
A expressão “o’clock” é utilizada para indicar as horas exatas: Civil Servant = servidor público, funcionário público
Exemplo: 3:00 – It is three o’clock. Clerk = auxiliar de escritório
Coach = treinador, técnico esportivo
A expressão “past” é usada para indicar os minutos antes do Cobbler = sapateiro
30: Comedian = comediante
Exemplo: 6:20 – It is six twenty ou It is twenty past six. Commentator = comentarista (rádio e TV)
Composer = compositor
A expressão “a quarter” é usada para indicar um quarto de Computer programmer = programador
hora (15 minutos): Conference interpreter = intérprete de conferência
Exemplo: 3:15 – It is three fifteen ou It is a quarter past three. Contractor = empreiteiro
Consultant = consultor
A expressão “half past” é usada para indicar meia hora (30 mi- Cook = cozinheiro
nutos): Dancer = dançarino
Exemplo: 8:30 – It is eight thirty ou It is half past eight. Dentist = dentista
Designer = designer, projetista, desenhista
Note que depois dos 30 minutos, em vez da expressão “past”, Diplomat = diplomata
utilizamos o “to”: Doctor, medical doctor, physician = médico
Exemplo: 8.45 – It is eight forty-five ou It is a quarter to nine. Doorman = porteiro
Driver = motorista, piloto de automóvel
Utilizamos as expressões a.m. e p.m. para indicar quando o ho- Economist = economista
rário em inglês ocorre antes ou depois de meio-dia. Editor = editor; revisor
a.m. – antes do meio-dia Electrician = eletricista
p.m. – depois do meio-dia Engineer = engenheiro, maquinista
Farmer = fazendeiro; produtor rural; agricultor
Trabalho e empregos Filmmaker = cineasta, produtor de cinema, diretor de cinema
Accountant = contador Firefighter, fireman = bombeiro
Actor = ator Fisherman = pescador
Actress = atriz Flight attendant = comissário de bordo
Administrator = administrador Foreman = capataz; encarregado
Agronomist = agrônomo Garbageman (ame); dustman (bre) = lixeiro
Anthropologist = antropólogo Gardener = jardineiro
Archaeologist / archeologist = arqueólogo Geographer = geógrafo
Architect = arquiteto Geologist = geólogo Geographer Geógrafo(a)
Astronaut = astronauta Glazer = vidraceiro
Astronomer = astrônomo Graphic designer = designer gráfico
Athlete = atleta Gravedigger = coveiro
Babysitter, baby-sitter, sitter, nanny (ame) = babá Guide = guia
Baker = padeiro Hairdresser, hairstylist = cabeleireiro
Bank clerk = bancário Headmaster, principal (ame) = diretor (de escola)
Banker = banqueiro; bancário Historian = historiador
Bank teller = caixa de banco Housewife = dona de casa
Barber = barbeiro Illustrator = ilustrador
Barista = barista (quem tira café em casas especializadas) Interior designer = designer de interiores, decorador

12
INGLÊS
Interpreter = intérprete Shopkeeper (ame), storekeeper (bre), shop owner, merchant =
Jailer = carcereiro lojista, comerciante
Janitor, superintendent, custodian = zelador Singer, vocalist = cantor
Journalist = jornalista Social worker = assistente social
Jeweller (bre), Jeweler (ame) = joalheiro Speech therapist = fonoaudiólogo
Judge = juiz (de direito) Statistician = estatístico
Lawyer = advogado Systems analyst = analista de sistemas
Librarian = bibliotecário Tailor = alfaiate
Lifeguard = salva-vidas, guarda-vidas Teacher = professor
Locksmith = serralheiro; chaveiro Operator = operador
Maid = empregada doméstica Operator, telephone operator = telefonista
Male nurse = enfermeiro Teller = caixa (geralmente de banco)
Manager = gerente Trader = trader, operador (em bolsa de valores)
Mathematician = matemático Translator = tradutor
Mechanic = mecânico Travel agent = agente de viagens
Medic = militar do Serviço de Saúde; médico Treasurer = tesoureiro
Meteorologist = meteorologista Valet = manobrista
Midwife = parteira Vet, veterinarian = veterinário
Miner = mineiro Waiter* = garçom
Milkman = leiteiro Waitress* = garçonete
model = modelo Welder = soldador
Musician = músico Writer = escritor
Nanny (ame) = babá Zoologist = zoólogo
Nurse = enfermeiro, enfermeira
Occupational therapist = terapeuta ocupacional A Marinha
Optician, optometrist = oculista Proa = Bow
Painter = pintor Popa = Stern \ astern
Paleontologist = paleontólogo Bombordo = port
Paramedic = paramédico Boreste = starboard
Personal TRAINER = personal Convés = deck
Pharmacist = farmacêutico (ame) Cf. CHEMIST Linha d aqua = water line
Philosopher = filósofo Castelo de Proa = forecastle
Photographer = fotógrafo Boca = beans
Physicist = físico Comprimento (LOA) = length overall
Physiotherapist = fisioterapeuta Obras Vivas = botton
Pilot = piloto (menos de automóvel), prático Obras Mortas = topsides
Playwright = dramaturgo Pontal = depth
Plumber = encanador, bombeiro (RJ) Calado de Vante = Draught forward
Poet = poeta Tombadilho = Fanny
Police officer, officer, constable = policial Calado a ré = draught forward
Politician = político Costado = ribcage
Porter = porteiro Plano diametral = diametral plane
Postman, mailman = carteiro Bochecha = tack
Producer = produtor (em geral artístico) Alheta = wing \ quarter
Professor = professor (universitário) Passadisso = gangway \ bridge
Proofreader = revisor Casco = hull
Psychiatrist = psiquiatra Borda livre = free board
Psychologist = psicólogo Displacement = tonelagem
Publisher = editor Notice to marine = aviso aos navegantes
Real estate agent, realtor = corretor de imóveis List of Lights = lista de faróis
Receptionist = recepcionista Full Load = plena carga
Referee = árbitro, juiz (esportes), perito (responsável por análi- Fuel = combustível
se de artigos científicos) Cruising speed = velocidade de cruzeiro
Reporter = repórter Draft = projeto
Researcher = pesquisador Length = comprimento
Sailor, seaman = marinheiro Inland Waters = águas interiores
Salesman* = vendedor Bússula = compass
Sales representative, sales rep = vendedor Ship = navio
Saleswoman* = vendedora Ocean liner = navio transatlântico
Scientist = cientista Tug = rebocador
Screenwriter = roteirista Gross Tonnage = arqueação bruta
Sculptor = escultor Tanker Ship = Navio Petroleiro
Seamstress = costureira Plataform Ship = navio plataforma
Secretary = secretária Vessel = navio embarcação

13
INGLÊS
Broken = quebrado Watch Tower = posto de vigia
Rope = cabo Life Boat Station = Estação de Salva Vidas
Boom = pau de carga
Starboard = boreste Dependências a bordo
Port = bombordo Galley = cozinha
Speed = velocidade Crew Mess = refeitório da tripulação
Ahead = a frente Stateroom = cabine de dormir
Crew = tripulação
Stern = popa Amarração de cabos
Fire = fogo Rope = cabo \ corda
Fireman = bombeiro Dock line = cabo de amarração
Hose = mangueira Warp = lais de guia
Fire Hose = mangueira de incêndio Reef Knot = nó direito
Tonnage Length = comprimento tonelagem Volta do Fiel = clove hitch
Scend = Caturro Fisherman’s Bend = volta do Anete
Heel = adernar (mesmo que banda) Kink = coca (nó na mangueira)
Bulkhead = Antepara Yarn = fibra
Flush Deck = convés corrido Order = ordem
Hold = porão Anchor = ancora
Bollard = cabeço no cais
Bitt = cabeço no navio Estivagem de carga
Rope Sling = linga de cabo
Profissões a bordo no navio Bags Balles = bolsas de fardos
Captain of Long Haul = capitão de longo curso Steel plates = chapas de aço
Homem ao mar = man over board
Auxiliary Health = auxiliar de saúde
Merchant Ship = Navio mercante
Steward = taifeiro
Cook = cozinheiro
Chamadas e comunicações
Pumpman = bombeiro (trabalha com bombas)
Não especificado = unspecified
Nurse = enfermeiro
Explosion = explosão
Officer = oficial
Alagado = flooding
Skipper = patrão
Collision = colisão
Helmsman = timoneiro Grounding = encalhando
Bo’sun = mestre ou contra mestre Adernado = listing
Seaman = homem do mar Capsizing = emborcando
Sailor = marinheiro Sin King = naufragando
Engineer = chefe de máquinas Disabled = sem governo
Mid Ship = meio navio Adrift = a deriva
Ship’s Articles = rol de equipagem Abandonar o navio = abandoning ship
Ship’s Log = diário de bordo Piracy = pirataria
Insurance Certificate = certificado de seguro Ataque armado = armed attack
Customs Clearance = aduaneiro Grande = big
Charter Party = Fretamento
Bill of Health = certificado de saúde
Charts = cartas hidrográficas EXERCÍCIOS
International Convention for the Safety of Live at Sea = conven-
ção internacional de salvaguarda da vida humana no mar. (Solas) 1. (COLÉGIO PEDRO II - PROFESSOR – INGLÊS - COLÉGIO PE-
STCW = Standards of training certification and watchkeeping = DRO II – 2019)
convenção internacional sobre normas de formação certificação e
service de quarto para marinheiro. TEXT 6
EPP = personal projective equipament = EPI equipamento de
proteção individual. “Probably the best-known and most often cited dimension of
Fire Extinguisher = extintor de incêndio the WE (World Englishes) paradigm is the model of concentric cir-
Rudder = leme cles: the ‘norm-providing’ inner circle, where English is spoken as
Helm = timão a native language (ENL), the ‘norm-developing’ outer circle, where
Bosun’s Locker = paiol do mestre it is a second language (ESL), and the ‘norm-dependent’ expanding
Oars = remos circle, where it is a foreign language (EFL). Although only ‘tentati-
Buoy = boia vely labelled’ (Kachru, 1985, p.12) in earlier versions, it has been
Fire Alarm = alarme de incêndio claimed more recently that ‘the circles model is valid in the senses
Rope Ladder = escada de quebra peito of earlier historical and political contexts, the dynamic diachronic
Gangway = passadiço advance of English around the world, and the functions and stan-
Ports = portos dards to which its users relate English in its many current global
Port Captaincy = capitania dos portos incarnations’ (Kachru and Nelson, 1996, p. 78).”
Yacht Harbours = docas de recreio PENNYCOOK, A. Global Englishes and Transcultural Flows. New York:
Coast Guard = guarda costeira Routledge, 2007, p. 21.

14
INGLÊS
According to the text, it is possible to say that the “circles model” established by Kachru
(A) represents a standardization of the English language.
(B) helps to explain the historicity of the English language.
(C) establishes the current standards of the English language.
(D) contributes to the expansion of English as a foreign language.

2. (COLÉGIO PEDRO II - PROFESSOR – INGLÊS - COLÉGIO PEDRO II – 2019)

TEXT 5

“In other words, there are those among us who argue that the future of English is dependent on the likelihood or otherwise of the U.S.
continuing to play its hegemonic role in world affairs. Since that possibility seems uncertain to many, especially in view of the much-talked-
-of ascendancy of emergent economies, many are of the opinion that English will soon lose much of its current glitter and cease to be what
it is today, namely a world language. And there are those amongst us who further speculate that, in fifty or a hundred years’ time, we will
all have acquired fluency in, say, Mandarin, or, if we haven’t, will be longing to learn it. […] Consider the following argument: a language
such as English can only be claimed to have attained an international status to the very extent it has ceased to be national, i.e., the exclusive
property of this or that nation in particular (Widdowson). In other words, the U.K. or the U.S.A. or whosoever cannot have it both ways. If
they do concede that English is today a world language, then it only behooves them to also recognize that it is not their exclusive property,
as painful as this might indeed turn out to be. In other words, it is part of the price they have to pay for seeing their language elevated to
the status of a world language. Now, the key word here is “elevated”. It is precisely in the process of getting elevated to a world status that
English or what I insist on referring to as the “World English” goes through a process of metamorphosis.”
RAJAGOPALAN, K. The identity of “World English”. New Challenges in Language and Literature. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2009, p. 99-100.

The author’s main purpose in this paragraph is to


(A) talk about the growing role of some countries in the spread of English in world affairs.
(B) explain the process of changing which occurs when a language becomes international.
(C) raise questions about the consequences posed to a language when it becomes international.
(D) alert to the imminent rise of emergent countries and the replacement of English as a world language.

3. (PREFEITURA DE CUIABÁ - MT - PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL - LETRAS/ INGLÊS - SELECON – 2019)

Texto III

Warnock (2009) stated that the first reason to teach writing online is that the environment can be purely textual. Students are in a
rich, guided learning environment in which they express themselves to a varied audience with their written words. The electronic commu-
nication tools allow students to write to the teacher and to each other in ways that will open up teaching and learning opportunities for
everyone involved. Besides, writing teachers have a unique opportunity because writing-centered online courses allow instructors and
students to interact in ways beyond content delivery. They allow students to build a community through electronic means. For students
whose options are limited, these electronic communities can build the social and professional connections that constitute some of educa-
tion’s real value (Warnock, 2009).
Moreover, Melor (2007) pointed out that social interaction technologies have great benefits for lifelong education environments. The
social interaction can help enhancing the skills such as the ability to search, to evaluate, to interact meaningfully with tools, and so on.
Education activities can usually take place in the classroom which teacher and students will face to face, but now, it can be carried out
through the social network technologies including discussion and assessment. According to Kamarul Kabilan, Norlida Ahmad and Zainol
Abidin (2010), using Facebook affects learner motivation and strengthens students’ social networking practices. What is more, according
to Munoz and Towner (2009), Facebook also increases the level of web-based interaction among both teacher-student and student-stu-
dent. Facebook assists the teachers to connect with their students outside of the classroom and discuss about the assignments, classroom
events and useful links.
Hence, social networking services like Facebook can be chosen as the platform to teach ESL writing. Social networking services can
contribute to strengthen relationships among teachers as well as between teachers and students. Besides, they can be used for teachers
and students to share the ideas, to find the solutions and to hold an online forum when necessary. Using social networking services have
more options than when using communication tools which only have single function, such as instant messaging or e-mail. The people can
share interests, post, upload variety kinds of media to social networking services so that their friends could find useful information (Wiki-
pedia, 2010).
(Adapted from: YUNUS, M. D.; SALEHI, H.; CHENZI, C. English Language Teaching; Vol. 5, No. 8; 2012.)

Das opções a seguir, aquela que se configura como o melhor título para o Texto III é:
(A) Advantages of Integrating SNSs into ESL Writing Classroom
(B) Using Communication Tools Which Only Have Single Function
(C) Facebook Assists the Teachers to Connect with Their Students
(D) Using Social Networking Services to Communicate with Colleagues

15
INGLÊS
4. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - PROFESSOR II – INGLÊS - IBFC – 2019)

Leia a tira em quadrinhos e analise as afirmativas abaixo.

I. No primeiro quadrinho Hagar consultou o velho sábio para saber sobre o segredo da felicidade.
II. No segundo quadrinho as palavras that e me se referem, respectivamente, ao “velho sábio” e a “Hagar”.
III. As palavras do velho sábio no último quadrinho são de que é melhor dar que receber.

Assinale a alternativa correta.


(A) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
(B) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
(C) As afirmativas I, II e III estão corretas
(D) Apenas a afirmativa I está correta

5. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - PROFESSOR II – INGLÊS - IBFC – 2019)

THE ARAL: A DYING SEA

The Aral Sea was once the fourth biggest landlocked sea in the world – 66,100 square kilometers of surface. With abundant fishing
resources, the Sea provided a healthy life for thousands of people.
The Aral receives its waters from two rivers – the Amu Dar’ya and the Syr Dar’ya. In 1918, the Soviet government decided to divert the
two rivers and use their water to irrigate cotton plantations. These diversions dramatically reduced the volume of the Aral.
As a result, the concentration of salt has doubled and important changes have taken place: fishing industry and other enterprises have
ceased: salt concentration in the soil has reduced the area available for agriculture and pastures; unemployment has risen dramatically;
quality of drinking water has been declining because of increasing salinity, and bacteriological contamination; the health of the people,
animal and plant life have suffered as well.
In the past few decades, the Aral Sea volume has decreased by 75 percent. This is a drastic change and it is human induced. During
natural cycles, changes occur slowly, over hundreds of years.
The United Nations Environment Program has recently created the International Fund for Saving the Aral Sea. Even if all steps are
taken, a substantial recovery might be achieved only with 20 years.
(From: https://www.unenvironment.org/)

De acordo com o texto: The diversion of the rivers has reduced the volume of the Aral..., assinale a alternativa correta.
(A) by 60 percent
(B) by 70 percent
(C) by 75 percent
(D) by 66,100 kilometers

6. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - PROFESSOR II - INGLÊS - IBFC – 2019)


There are a lot of _____ in the field. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
(A) sheep
(B) sheeps
(C) ship
(D) ships

7. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - INGLÊS – MATUTINO- FURB – 2019)


What is the correct sequence for planning a practical writing class? Consider classroom actions (A through H below) with the correct
sequence of these actions:
A - The teacher provides students with a short newspaper article about a pool in their city that can close and tells them that they will
write a letter to the newspaper asking for the pool to be open.

16
INGLÊS
B - Students choose the top six reasons and the teacher writes 9. (SEDUC-AL - PROFESSOR – INGLÊS - CESPE – 2018)
them on the board.
C - Groups check each other’s letters for grammatical and spel-
ling errors and correct them.
D - Teacher asks students in groups to brainstorm reasons for
keeping pool open.
E - Teacher asks students in his or her groups to write a draft of
the letter using three of the reasons on the written list.
F - Teacher collects all letters to send to newspaper editor.
G - Groups tell their list of reasons for the whole class.
H - Groups write an improved draft letter.

Mark the correct sequence:


(A) D – G – B – A – E – C – H – F.
(B) A – D – G – B – E – C – H – F.
(C) C – D – G – E – B – A – H – F.
(D) A – D – C – B – E – G – H – F.
(E) C – D – G – B – E – H – A – F.
On the previous text and the vocabulary used in it, judge the
8. (SLU-DF - ANALISTA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – items below.
INFORMÁTICA - CESPE – 2019) In the last sentence of the text, “postie” (ℓ.12) is an informal
way to refer to the postman.
The solid-waste disposal company Daily Disposal services tens ( ) Certo
of thousands of residences, businesses and construction sites in San ( ) Errado
Diego. In the past, drivers with residential routes received two prin-
touts each morning: a 30-page document listing more than 1,000 10. (SEDUC-AL - PROFESSOR – INGLÊS - CESPE – 2018)
customers they needed to visit that day, and a separate five- or
six-page document listing customers with delinquent accounts. As
drivers made stops, they had to compare the two lists to determine
whether to pick up each customer’s containers. With more than 90
drivers in the field, Daily Disposal needed a more efficient way to
route trucks and document trash pickup. So, the company inves-
ted in a custom mobile app called eMobile, Samsung Galaxy tablets
with 10.1-inch screens and cellular service from Sprint. Rather than
receiving stacks of paper each morning, drivers simply download
the day’s route onto their tablets via the eMobile app. As they move
along, the mounted tablets tell them exactly where to stop. When
drivers arrive at customers’ homes, they push one of three buttons
on the touchscreen: “done,” “not out” or “skip.” Daily Disposal’s en-
tire fleet now has mounted tablets. All residential drivers are using
the solution, and drivers who pick up from commercial and cons-
truction sites will begin using it soon. And the company is looking
for other ways to automate operations. “What we’re doing may
seem simple, but it’s huge for us,” says Todd Ottonello, vice presi- On the previous text and the vocabulary used in it, judge the
dent of the company. “This also helps with our efforts to go green. items below.
The solution completely changes an industry.” There was less than half a ton of mail in the postman’s garage.
Taylor Mallory Holland. Tablets bring waste management techno- ( ) CERTO
logy into the digital age. Internet: : <https://insights.samsung.com> ( ) ERRADO
(adapted)

Judge the following item in relation the previous text.


In the following passage from the text, the word “trash” can be
substituted by the word garbage: “Daily Disposal needed a more
efficient way to route trucks and document trash pickup”
( ) CERTO
( ) ERRADO

17
INGLÊS

GABARITO ANOTAÇÕES

______________________________________________________
1 B
2 C ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 A
7 B ______________________________________________________
8 CERTO ______________________________________________________
9 CERTO
______________________________________________________
10 ERRADO
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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______________________________________________________ ______________________________________________________

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Dos Princípios Fundamentais: artigos 01 a 04 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Dos Direitos e Garantias Fundamentais: artigos 05 a 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Da Organização do Estado: Artigos 18 e 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Da Administração Pública e Servidores Públicos: Artigos 37 a 41 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Objetivos Fundamentais da República
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: ARTIGOS 01 A 04 Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no
Artigo 3º da CF/88. Vejamos:
Forma, Sistema e Fundamentos da República Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
rativa do Brasil:
Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária II - garantir o desenvolvimento nacional;
na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e ve- gualdades sociais e regionais;
tor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
normatividade. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Princípio Federativo Princípios de Direito Constitucional Internacional


Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão
e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determi- elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos:
nado grau de liberdade referente à sua organização, à sua adminis- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
tração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por ções internacionais pelos seguintes princípios:
certos princípios consagrados pela Constituição Federal. I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
Princípio Republicano III - autodeterminação dos povos;
É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre as IV - não-intervenção;
pessoas, em que os detentores do poder político exercem o coman- V - igualdade entre os Estados;
do do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário e com VI - defesa da paz;
responsabilidade. VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Princípio do Estado Democrático de Direito IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei. dade;
Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao X - concessão de asilo político.
princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo. tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
Princípio da Soberania Popular de nações.
O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve-
Referências Bibliográficas:
la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons-
tituição”.

Princípio da Separação dos Poderes DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: ARTI-


A visão moderna da separação dos Poderes não impede que GOS 05 A 11
cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de
sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po- Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais
der. Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi-
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden- no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são
tes ao tema supracitado: estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu-
TÍTULO I ratório.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- Direitos Fundamentais de Primeira Geração
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Possuem as seguintes características:
I - a soberania; a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução
II - a cidadania Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina-
III - a dignidade da pessoa humana; ram todo o século XIX;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição
V - o pluralismo político. ao Estado Absoluto;
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por c) estão ligados ao ideal de liberdade;
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado
Constituição. em favor das liberdades públicas;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en- e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro-
tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. teção em face da ação opressora do Estado;
f) são os direitos civis e políticos.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos Fundamentais de Segunda Geração Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
Possuem as seguintes características: Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
a) surgiram no início do século XX; destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao compatíveis com a sua natureza.
Estado Liberal;
c) estão ligados ao ideal de igualdade; Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
positiva do Estado; bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega-
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven-
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado.
Direitos Fundamentais de Terceira Geração
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu- Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração. ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons-
tituição (princípio da reserva legal).
Direitos Metaindividuais
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
Natureza Destinatários O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade-
Difusos Indivisível Indeterminados quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos
Coletivos Indivisível Determináveis ligados
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con-
por uma relação
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
jurídica
constitucionalmente consagrados.
Individuais Divisível Determinados ligados
Homogêneos por uma situação fática Os quatro status de Jellinek
a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo encontra-
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se- -se em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
guintes características: do-se como detentor de deveres para com o Estado;
a) surgiram no século XX; b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
bens da coletividade; víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes seu favor;
povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for-
interesse coletivo; mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi-
d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente, tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto.
de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
dade, do patrimônio histórico e cultural, etc. Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
Direitos Fundamentais de Quarta Geração cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo. Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º da CF. Ve-
Também são transindividuais. jamos:

Direitos Fundamentais de Quinta Geração TÍTULO II


Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen- DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
taria o direito fundamental de quinta geração.
CAPÍTULO I
Características dos Direitos e Garantias Fundamentais DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
índole evolutiva; natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen-
b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen- tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
dentemente de características pessoais; de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (....)
c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia; Direito à Vida
e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito
possuírem conteúdo econômico-patrimonial; de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
do pelo decurso do tempo. O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem-
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla-
rada).

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais CAPÍTULO II
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, DOS DIREITOS SOCIAIS
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
Direito à Liberdade o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
privada. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, outros que visem à melhoria de sua condição social:
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
expressão. indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
Direito à Igualdade III - fundo de garantia do tempo de serviço;
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui- IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
formal. higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce- que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
didos aos membros da coletividade por meio da norma. para qualquer fim;
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o trabalho;
jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e ou acordo coletivo;
desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam. VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover percebem remuneração variável;
a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com- ou no valor da aposentadoria;
pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
formação social. X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa;
Direito à Privacidade XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero, muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima- sa, conforme definido em lei;
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura- XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente dor de baixa renda nos termos da lei;
de sua violação. XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
Direito à Honra horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti- coletiva de trabalho;
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
tal motivo, são previstos no Código Penal. ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
Direito de Propriedade mingos;
É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri- XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
ções, como por exemplo, de que se atenda à função social da pro- mo, em cinquenta por cento à do normal;
priedade. Também se enquadram como espécies de restrição do XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco terço a mais do que o salário normal;
e o usucapião. XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu- com a duração de cento e vinte dias;
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
intelectual) e os direitos reativos à herança. XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
centivos específicos, nos termos da lei;
Referências Bibliográficas: XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
mas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
Os direitos sociais estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Ve- insalubres ou perigosas, na forma da lei;
jamos: XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
trabalho; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando deliberação.
incorrer em dolo ou culpa; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegu-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de rada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho; Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo:
a) (Revogada). → Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela im-
b) (Revogada). possibilidade de redução do grau de concretização dos direitos
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; determinado grau de concretização de um direito social, fica o le-
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário gislador proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; haja a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e compensatórias.
intelectual ou entre os profissionais respectivos; → Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis óbice do financeiramente possível.
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; → Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di-
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin-
empregatício permanente e o trabalhador avulso. secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana
previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
estrutura dos serviços púbicos essenciais.
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
Referências Bibliográficas:
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
integração à previdência social.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
o seguinte: DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: ARTIGOS 18 E 19
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação
de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa-
Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; ção
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco- A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po-
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba- der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes
área de um Município; autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- de Estado unitário ou um Estado Federado.
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas; Estado Unitário
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá-
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
dependentemente da contribuição prevista em lei; concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru-
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama-
sindicato;
ção da República, com a Constituição de 1891).
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
O Estado Unitário pode ser classificado em:
coletivas de trabalho;
a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
organizações sindicais;
diciário, exercido de forma central;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for-
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mação de entes regionais com autonomia para exercer questões
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con-
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva-
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas mente ao poder central.
as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- Estado Federativo – Federação
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- Também chamados de federados, complexos ou compostos,
resses que devam por meio dele defender. são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias).

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega- prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvi-
ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados, dos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apre-
mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada sentados e publicados na forma da lei.
de competências por ato voluntário do poder central.
O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos: Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político-
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a
FORMAS DE ESTADO União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô-
nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe-
Unitário
derativa de Estado.
Único centro de onde emana o poder estatal Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos-
Puro Descentralizado sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado
Não há delegação de compe- federal. Daí, têm-se os seguintes elementos:
Há delegação de competências
tências → Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem
Federado as Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma-
O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a rem suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF);
entes regionais autônomos → Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer
normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e
Confederação municipais (Artigos 22 e 24 da CF);
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera- → Auto governo: os Estados membros terão seus Governado-
nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per- res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre-
cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida- feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF;
de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram, → Auto administração: os membros da federação podem pres-
a partir de um juízo interno de conveniência. tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi-
Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23.
uma Confederação:
Vedação aos Entes Federados
Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos
FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações:
Formada por uma Formada por um trato Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
Constituição internacional aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em-
Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram
baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
autonomia mantêm sua soberania
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto da lei, a colaboração de interesse público;
federativo internacional II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
O Federalismo Brasileiro
Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF:
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SERVIDORES PÚBLI-
TÍTULO III COS: ARTIGOS 37 A 41
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

CAPÍTULO I Disposições gerais e servidores públicos


DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz
a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte-
resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe-
e pessoas que desempenham função pública.
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede-
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra-
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui-
ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de-
ção.
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou
§ 1º Brasília é a Capital Federal. seja, que estão a serviço da coletividade.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem se- Princípios da Administração Pública
rão reguladas em lei complementar. Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi-
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na- As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a
cional, por lei complementar. memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori-
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período deter- PE”. Observe o quadro abaixo:
minado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Princípio da Eficiência


Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
L Legalidade deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
I Impessoalidade evitando atuações amadorísticas.
Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
M Moralidade
com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
P Publicidade medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
E Eficiência o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
boa administração).
LIMPE Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
Passemos ao conceito de cada um deles: tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
Princípio da Legalidade for atingido.
De acordo com este princípio, o administrador não pode agir
ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. Disposições Gerais na Administração Pública
O quadro abaixo demonstra suas divisões. O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú-
blica:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A Administração Pública so- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em relação à Administração mente pode fazer o que a lei DIRETA INDIRETA
Pública permite → Princípio da Estrita
Legalidade Autarquias (podem ser qualifi-
cadas como agências regula-
O Particular pode fazer tudo que Federal doras)
Em relação ao Particular
a lei não proíbe Estadual Fundações (autarquias e fun-
Distrital dações podem ser qualificadas
Princípio da Impessoalidade Municipal como agências executivas)
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve Sociedades de economia mista
servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- Empresas públicas
rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de Entes Cooperados
sua função é sempre o interesse público. Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de
interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s
Princípio da Moralidade
Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen-
um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos:
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen- CAPÍTULO VII
tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi- SEÇÃO I
do a atos de improbidade administrativa: DISPOSIÇÕES GERAIS

SANÇÕES AO COMETIMENTO DE ATOS DE IMPROBIDADE Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
ADMINISTRATIVA dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política) lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Perda da função pública (responsabilidade disciplinar) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
como aos estrangeiros, na forma da lei;
Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
Princípio da Publicidade de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú- na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica, comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
salvo a hipótese de sigilo necessário. III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e anos, prorrogável uma vez, por igual período;
tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos- IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
sibilitar o controle por todos os interessados. cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- caso, definir as áreas de sua atuação;
ções de direção, chefia e assessoramento; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
ciação sindical; assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
definidos em lei específica; serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
sua admissão; de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
interesse público; obrigações.
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona-
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e
de índices; atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam-
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto-
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ridades ou servidores públicos.
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
da lei.
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite dos serviços;
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
sores Públicos; mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder e XXXIII;
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
tivo; ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
serviço público; bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
acréscimos ulteriores; ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
qualquer caso o disposto no inciso XI:
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi-
a) a de dois cargos de professor;
bilite o acesso a informações privilegiadas.
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
saúde, com profissões regulamentadas; ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta I - o prazo de duração do contrato;
ou indiretamente, pelo poder público; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te- tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência III - a remuneração do pessoal.”
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às Servidores Públicos
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
geral. rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- Distrito Federal ou aos Municípios.
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo- SEÇÃO II
neração. DOS SERVIDORES PÚBLICOS
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
caráter indenizatório previstas em lei. instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, planos de carreira para os servidores da administração pública dire-
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, ta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti- instituirão conselho de política de administração e remuneração de
vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo deres (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos (Vide ADIN nº 2.135-4)
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser re- nentes do sistema remuneratório observará:
adaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabili- I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
dades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua cargos componentes de cada carreira;
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, II - os requisitos para a investidura;
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos III - as peculiaridades dos cargos.
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
gem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- de convênios ou contratos entre os entes federados.
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis-
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX,
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de ad-
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
missão quando a natureza do cargo o exigir.
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prê-
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, indi-
mio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obe-
vidual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas
decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons- nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re-
titucional nº 109, de 2021) muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica o disposto no art. 37, XI.
e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
guintes disposições: anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, empregos públicos.
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, em- pios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
prego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, moder-
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não nização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclu-
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; sive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo-
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen-
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de da Constitucional nº 103, de 2019)
2019) Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência cional nº 103, de 2019)
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tra-
nº 103, de 2019) tar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be-
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta estabelecidos em lei.
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres-
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta-
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo gem de tempo de contribuição fictício.
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
de 2019) proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu-
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi-
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi-
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria exoneração, e de cargo eletivo.
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regi-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) me próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e cri-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados térios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
nº 103, de 2019)
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re-
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os 103, de 2019)
incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitu- § 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
cional nº 103, de 2019) 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui-
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos preju- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza- § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dispos-
ção por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda to nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressa-
Constitucional nº 103, de 2019) do no serviço público até a data da publicação do ato de instituição
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima re- do correspondente regime de previdência complementar.
duzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da apli- § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál-
cação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e na forma da lei.
no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do res- § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
pectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
nº 103, de 2019) superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do res- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
pectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de outro cargo.
permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compul- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
sória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) para essa finalidade.
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des- Estabilidade
se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros vado em estágio probatório.
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
§ 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
nº 103, de 2019) concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ- o transcurso de estágio probatório.
dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe-
já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, é o estágio probatório citado pela lei.
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- § 1º da CF.
tucional nº 103, de 2019) Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia-
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- dos concursos públicos, segue a tabela explicativa:
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído ESTABILIDADE DO SERVIDOR
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela Cargo de provimento efe-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tivo/ocupado em razão de
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- concurso público
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur- Requisitos para aquisição de
sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de 3 anos de efetivo exercício
Estabilidade
qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019) Avaliação de desempenho
VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu- por comissão instituída para
ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) esta finalidade
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- Em virtude de sentença judi-
servados os princípios relacionados com governança, controle inter- cial transitada em julgado
no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019) Mediante processo admi-
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles nistrativo em que lhe seja
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen- assegurada ampla defesa
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 103, de 2019) Hipóteses em que o servidor
Mediante procedimento
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela estável pode perder o cargo
de avaliação periódica de
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) desempenho, na forma de lei
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição complementar, assegurada
de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído ampla defesa
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- Em razão de excesso de
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de despesa
concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: Referências Bibliográficas:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU.
rada ampla defesa; Salvador: Editora JusPODIVM.
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. Resumo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
neração proporcional ao tempo de serviço.

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) são violáveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
EXERCÍCIOS gem das pessoas.
(D) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
1. (CÂMARA DE ITAMBÉ DO MATO DENTRO/MG – ASSISTEN- coisa senão por vontade própria.
TE LEGISLATIVO – FUNDEP/2019) São princípios constitucionais da
Administração Pública: 6. (CÂMARA DE CACOAL/RO – AGENTE ADMINISTRATIVO –
(A) Eficiência, Impessoalidade, Moralidade, Legalidade e Publi- IBADE/2018) De acordo com a Constituição Federal de 1988, uns
cidade. dos princípios fundamentais que consagra nosso Estado como uma
(B) Anterioridade, Não confisco, Legalidade, Isonomia e Capa- organização centrada no ser humano, tais como, dentre outros, o
cidade Contributiva. direito à vida, à intimidade e à honra, tem como fundamento a:
(C) Legalidade, Autonomia Privada, Publicidade, Eficiência e (A) liberdade de expressão.
Devido Processo Legal. (B) cidadania
(D) Responsabilidade, Equidade, Normatização, Moralidade e (C) livre iniciativa
Pessoalidade. (D) soberania.
(E) dignidade da pessoa humana.
2. (CRF/PR – ANALISTA DE RH – QUADRIX/2019) Com relação
às disposições gerais da Administração Pública conforme previsão 7. (TRE/PA – ANALISTA JUDICIÁRIO – IBFC/2020) A Constitui-
constante do texto da Constituição Federal de 1988, assinale a al- ção Federal (CF/88) traz algumas condições de elegibilidade. Assina-
ternativa correta. le a alternativa que não apresenta uma das condições de elegibili-
(A) A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos dade estabelecidas pela CF:
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios (A) Nacionalidade brasileira
de sua admissão. (B) Alistamento eleitoral
(B) Não é admitida contratação por tempo determinado para (C) Pleno exercício dos direitos políticos
atender necessidade temporária de excepcional interesse pú- (D) A idade mínima de dezoito anos para deputado estadual
blico.
(C) Será reservado por lei percentual de cargos públicos para 8. (PREFEITURA DE MAURITI/CE – ADVOGADO – CEV-UR-
pessoas portadoras de deficiência, mas essa regra não se aplica CA/2019) Em relação aos direitos políticos, o analfabeto:
a empregos públicos. (A) Vota facultativamente, mas é inelegível.
(D) É permitida a vinculação ou a equiparação de quaisquer es- (B) Vota obrigatoriamente e é elegível para cargos municipais.
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pesso- (C) Vota facultativamente e é elegível para cargos municipais.
al do serviço público. (D) Vota obrigatoriamente, mas é inelegível.
(E) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor públi- (E) Vota facultativamente e é elegível para quaisquer cargos.
co serão computados e acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores. 9. (SEDUC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP/2019)
São, entre outros, direitos sociais previstos na Constituição Federal:
3. (DPE/AM – DEFENSOR PÚBLICO – FCC/2018) Aquele que, (A) a segurança, a previdência social, a alimentação e a sindi-
dada a circunstância do nascimento, não se vincula a nenhum dos calização.
critérios que lhe demandariam uma nacionalidade, (B) a previdência social, o transporte, a moradia e a reunião.
(A) é considerado polipátrida. (C) a educação, a saúde, a alimentação e o trabalho.
(B) é considerado Heimatlos (D) a sindicalização, a greve, a reunião e o trabalho.
(C) tem nacionalidade difusa. (E) a greve, a segurança, a saúde e a reunião.
(D) tem nacionalidade alternativa.
(E) tem nacionalidade restritiva. 10. (SETRABES – CONTADOR – UERR/2018) São Direitos Sociais
expressamente previstos na Constituição Federal, exceto:
4. (PREFEITURA DE GLORINHA/RS – AGENTE FISCAL – LEGALLE (A) O livre exercício de qualquer trabalho.
CONCURSOS/2019) Acerca da nacionalidade, assinale a alternativa (B) A assistência aos desamparados.
CORRETA. (C) O transporte.
(D) A proteção à maternidade.
(A) A lei poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e
(E) A educação.
naturalizados.
(B) Não será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
11. (TCE/PB – AGENTE DE DOCUMENTAÇÃO – CESPE/2018) De
que adquirir outra nacionalidade.
acordo com os princípios fundamentais estabelecidos na CF, assina-
(C) A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federa-
le a opção que apresenta, respectivamente, as formas de Estado e
tiva do Brasil.
(D) São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, de governo adotadas no Brasil.
o hino e o selo nacionais, apenas. (A) Federação e República
(E) Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão (B) Federação e presidencialismo
ter símbolos próprios. (C) presidencialismo e República
(D) República e Federação
5. (UEPA – AGENTE ADMINISTRATIVO – FADESP/2019) Ao tra- (E) República e presidencialismo
tar dos direitos e garantias fundamentais, a Constituição Federal
Brasileira de 1988 estabelece que 12. (MPE/CE – PROMOTOR – CESPE/2020) Ao tratar dos princí-
(A) todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer pios fundamentais, a CF estabelece, em seu art. 1.º,
natureza. (A) a forma republicana de Estado, cláusula pétrea expressa,
(B) é livre a manifestação do pensamento, sendo violável o ano- caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsabili-
nimato. dade do governante.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(B) a forma republicana de governo, caracterizada pela eletivi-
dade, temporariedade e responsabilidade do governante.
ANOTAÇÕES
(C) a forma federativa de Estado, cláusula pétrea implícita, ca-
racterizada pela tripartição dos poderes da União. ______________________________________________________
(D) a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista
de governo. ______________________________________________________
(E) a forma republicana de governo e a forma federativa de Es-
tado, cláusulas pétreas expressas. ______________________________________________________

13. (PREFEITURA DE ITA/SC – FISCAL DE TRIBUTOS – ______________________________________________________


AMAUC/2019) Sobre os princípios fundamentais da República Fe- ______________________________________________________
derativa do Brasil, assinale a alternativa correta:
(A) São poderes da União, dependentes entre si, o Legislativo, ______________________________________________________
Executivo e judiciário.
(B) Tem como um dos fundamentos a cidadania. ______________________________________________________
(C) Tem como um dos fundamentos o pluralismo sindical.
(D) Tem como fundamentos os valores sociais do trabalho e da ______________________________________________________
iniciativa-controlada.
(E) É formada pela união dissolúvel dos Estados e Municípios. ______________________________________________________

______________________________________________________
14. (PREFEITURA DE JATAÍ/GO – AUDITOR DE CONTROLADO-
RIA – QUADRIX/2019) Com relação princípios fundamentais da ______________________________________________________
República na Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
correta. ______________________________________________________
(A) O princípio federativo define o regime de governo adotado
pelo Brasil. ______________________________________________________
(B) O princípio republicano define a forma de Estado adotada
pelo Brasil. ______________________________________________________
(C) O princípio da separação de poderes define uma tripartição
______________________________________________________
de funções Estatais, que, bem estabelecidas, definitivamente
não se misturam. ______________________________________________________
(D) O princípio do Estado Democrático de Direito define um
modelo submetido ao império da lei e à soberania popular. ______________________________________________________
(E) O princípio da soberania popular define que todo poder
emana do povo, que o exerce diretamente. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A
______________________________________________________
2 A
3 B ______________________________________________________
4 C _____________________________________________________
5 A
_____________________________________________________
6 E
______________________________________________________
7 D
8 A ______________________________________________________
9 C ______________________________________________________
10 A
______________________________________________________
11 A
12 B ______________________________________________________
13 B ______________________________________________________
14 D
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
1. Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Crimes: Crimes contra Pessoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Crimes Contra o Patrimônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Crimes contra a fé pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Crimes contra a administração pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Concurso de pessoas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941
INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES. SUJEITO Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina
ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alter-
nativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a
A infração penal pode ser conceituada como toda conduta pre- infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
viamente prevista em lei como ilícita, para qual se estabelece uma simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
pena. (Grifo nosso)
As infrações penais se subdividem em duas espécies: CRIMES e
CONTRAVENÇÕES PENAIS. Nota-se que o legislador diferenciou o crime e a contravenção
penal basicamente com relação a pena aplicada, sendo considerado
1) Crime: crime as infrações mais graves (punidas com reclusão ou detenção)
A Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 e contravenção as infrações mais leves (punidas com prisão simples
de dezembro de 1941), em seu artigo 1º, conceituou o crime da se- e multa).
guinte forma:“Considera-se crime a infração penal que a lei comina Outra diferença entre os dois institutos é que no crime pune-se
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alterna- a tentativa, já na contravenção a tentativa não é punível.
tiva ou cumulativamente com a pena de multa; (...) Por fim, nos crimes o tempo de cumprimento das penas priva-
Já a doutrina majoritária, que adota o conceito analítico de cri- tivas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos, já na
me, defende que crime étodo fato típico, antijurídico e culpável. contravenção penal a pena de prisão simples pode chegar no máxi-
Nota-se que o conceito analítico é majoritariamente tripartite, visto mo a 05 (cinco) anos e é cumprida sem rigor penitenciário.
que considera que o crime possui 3 elementos ou requisitos: o fato
típico, a ilicitude e a culpabilidade.
TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE,
Elementos do Crime PUNIBILIDADE
Sobre os elementos do crime, a doutrina destaca duas teorias:
Considerando o conceito analítico de crime, que defende que
a) Teoria Bipartida:para esta teoria crime é todo fato típico e crime é todo fato típico, antijurídico e culpável, podemos notar que
antijurídico (ilícito). Considera, portanto, como elementos do crime o conceito de crime possui 03 elementos: o Fato Típico, a Ilicitude
apenas o fato típico e a antijuridicidade/ilicitude. A culpabilidade e a Culpabilidade, sendo a tipicidade um dos elementos do fato tí-
para esta teoria é mero pressuposto para aplicação da pena e não pico.
elemento do crime. Para a doutrina majoritária, a punibilidade, que é a possibilida-
b) Teoria Tripartida (Corrente Majoritária):considera crime de jurídica que detém o Estado de punir o autor de um crime, não
todo fato típico, antijurídico e culpável (conceito analítico). Aqui, é considerada um elemento do crime por se tratar de algo exterior,
a culpabilidade também é considerada elemento do crime, junta- sendo apenas uma consequência da prática do crime e não con-
mente como fato típico e a antijuridicidade. Na falta de algum des- dição essencial para sua configuração. Nesse sentido, o direito de
ses elementos o fato não será considerado crime. punir do Estado (Ius puniendi) nasce com a prática do crime.

Análise dos Elementos do Crime: (Conceito Analítico) Tipicidade

- Fato Típico: toda conduta que se enquadra em um tipo penal, A tipicidade é o enquadramento/adequação de um fato prati-
ou seja, é o fato descrito pela lei penal como crime. Quando alguém cado pelo agente a um tipo penal incriminador. Trata-se de um dos
pratica um fato que não está descrito em nenhum tipo penal, ele elementos/requisitos do Fato Típico.
será atípico e, portanto, não será crime. O fato típico é composto
dos seguintes elementos:Conduta; Nexo Causal;Resultado e Tipici- Elementos do Fato Típico:
dade Um fato para ser típico depende de 04 elementos essenciais:
- Antijuridicidade (Ilicitude):o fato para ser antijurídico deve Conduta, Resultado, Nexo Causal e Tipicidade.
ser contrário às normas do direito penal. Existem situações, no en-
tanto, que alguns fatos são amparados por causas excludentes de a) Conduta: segundo a teoria finalista, adotada por nosso or-
ilicitude, como por exemplo na legítima defesa, no estado de ne- denamento jurídico, a conduta é toda ação humana (comissiva ou
cessidade, no estrito cumprimento de dever legal ou no exercício omissiva), voluntária, dirigida a uma finalidade.O dolo e a culpa
regular de direito. Nestes casos, o fato será típico, mas não será neste caso integram a conduta. Assim, são elementos da conduta a
antijurídico, logo não haverá crime. vontade (aspecto subjetivo) e a ação ou omissão (aspecto objetivo).
- Culpabilidade: diz respeito a possibilidade ou não de aplica- A vontade neste caso refere-se a vontade de praticar o ato que
ção de uma pena ao autor de um crime. Para que a pena possa ensejou o crime. Quando a vontade é livre e consciente de praticar
ser aplicada, alguns requisitos/elementos são essenciais: imputa- a infração, o crime será doloso. Já quando o agente não quer nem
bilidade penal, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de assume o risco de produzir o resultado, mas atua com imprudência,
conduta diversa. Ausente quaisquer destes requisitos, não haverá negligencia ou imperícia, o crime será culposo.
culpabilidade, logo não haverá crime. Ausente um dos elementos da conduta o fato não será típico.

2) Contravenção Penal: Excludentes da Conduta: nos casos em que a conduta não for
A Lei de Introdução ao Código Penal, em seu artigo 1º, além de orientada pela consciência e vontade do agente, ela poderá ser ex-
apresentar a conceituação de crime, trouxe também a definição de cluída. Sem conduta, inexiste o fato típico. Hipóteses:
contravenção penal da seguinte forma: - Caso Fortuito e Força Maior
- Movimentos Reflexos
- Sonambulismo e estados de inconsciência (hipnose)

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Coação Física Irresistível Ex. “A” atira em “B”que é prontamente socorrido por uma am-
bulância. No caminho do hospital esta ambulância sofre um aciden-
b) Resultado:o resultado nada mais é que a consequência da te de trânsito e “B” morre de traumatismo craniano sofrido exclusi-
pratica do crime ou a modificação do mundo exterior provocada vamente em decorrência do acidente de trânsito.
pela conduta do autor de um crime. O resultado pode ser naturalís- Neste caso uma causa superveniente, (ocorreu posteriormente
tico/material ou Normativo/Jurídico. a conduta do agente “A” - acidente de trânsito), relativamente in-
- Naturalístico ou Material: ocorre quando a conduta modifica dependente (pois a vítima só estava na ambulância porque levou o
o mundo exterior. Ex: no Homicídio o resultado naturalístico se dá tiro), foi o que provocou a morte de “B” e não efetivamente o tiro
com a morte da vítima. dado por “A”.
Vale lembrar que apenas os crimes materiais exigem o resul- Nesse sentido, nos termos do §1º do artigo 13 do CP, se a causa
tado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta ele não superveniente, relativamente independente, por si só provocou o
é exigido. resultado, “A” não responderá pelo evento morte, responsabilizan-
- Normativo ou Jurídico: ocorre com a violação ao bem jurídico do-se, apenas, pelos atos anteriormente praticados.
tutelado pela lei. É a modificação que o crime produz no mundo Assim, se a intenção de “A” era matar “B” responderá por ten-
jurídico. Ex.: No crime de invasão de domicílio, nada causa no ponto tativa de homicídio.
de vista naturalístico, porém no mundo jurídico, fere o direito à in- Podemos assim concluir que para a aplicação da exceção do
violabilidade de domicílio. §1º do artigo 13, três situações devem ser observadas: deve existir
Não há crime sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico uma causa superveniente, relativamente independente, e que por
tutelado, ou seja, não existe crime sem resultado jurídico. si só produza o resultado.

c) Nexo Causal (Nexo de Causalidade):trata-se da ligação entre Relevância da omissão


a conduta do agente e o resultado produzido. É através do nexo
causal que podemos concluir se o resultado foi ou não provocado O § 2º do artigo 13 do CP trata da relevância da omissão, ou
pela conduta do agente. seja, daqueles casos em que a pessoa deveria ou poderia evitar o
O nexo de causalidade só é exigido nos crimes matérias, já que resultado de um crime, mas não o faz.
nos crimes formas e nos crimes de mera conduta o resultado natu-
ralístico é dispensado. Relevância da omissão
CP - Art. 13 (...)
O artigo 13 do Código Penal (CP) assim dispõe sobre o Nexo de § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
Causalidade: devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe
a quem:
Relação de causalidade a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
CP - Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, cia;(Ex. Policiais; Pais; Bombeiros)
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re-
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. sultado; (Ex: enfermeiros; médicos; professores)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrên-
O Código Penal ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a cia do resultado.(Ex. Pessoa que acende uma fogueira para queimar
qual o resultado não teria ocorrido, adotou, a Teoria da Equivalên- seu lixo e esquece de apagá-la, ocasionando um incêndio e matan-
cia dos Antecedentes Causais ou Teoria da Equivalência das Con- do um vizinho)
dições, também conhecida como Teoria da Conditio SineQua Non.
Segundo esta teoria, tudo que concorre para o resultado é Para o Direito Penal uma omissão é relevante, quando o emi-
considerado como sua causa. Utiliza-se o processo de eliminação tente devia e podia agir para evitar o resultado (garantidor), mas
hipotético para identificar o que é causa, ou seja, retira-se o fato do não o faz. Neste caso a Lei penal pune a conduta de não agir, não
curso dos acontecimentos, se com isso o resultado desaparecer ele exigindo o resultado naturalístico.
será causa, se por outro lado, mesmo retirando o fato o resultado Exemplo: omissão de socorro (art.135, CP).
ainda assim acontecer, este fato não será considerado causa.
Omissão de socorro
Superveniência de causa independente CP - Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou
O §1º do artigo 13 do CP apresenta uma exceção à regra da Te- à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
oria da Conditio SineQua Non, adotando neste caso a Teoria da Cau- perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
salidade adequada, segundo a qual nem todos os acontecimentos Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
são considerados causa, mas sim, somente aqueles aptos a produzir Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis-
o resultado. são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
Quando várias causas contribuem para a produção do resulta- a morte.
do, estamos diante das concausas.
d) Tipicidade:A tipicidade é o enquadramento/adequação de
Superveniência de causa independente um fato praticado pelo agente a uma norma descrita na lei penal
CP - Art.13 (...) como crime. A tipicidade pode ser FORMAL ou MATERIAL.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos - Tipicidade Formal: é o enquadramento entre o fato e a norma
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. penal. Ex: Ofender a integridade corporal de outrem se enquadra
perfeitamente no crime de ameaça previsto no artigo 129 do Có-
digo Penal.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Tipicidade Material: ocorre quando há uma lesão ou amea- Tentativa
ça de lesão significativa a um bem jurídico tutelado pela lei. Desta II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
forma, quando, apesar de típica a conduta não afetar significativa- circunstâncias alheias à vontade do agente.
mente um bem jurídico protegido pela ela, não haverá tipicidade Pena de tentativa
material. Exemplo: nas hipóteses de aplicação do princípio da in- Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a ten-
significância. tativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída
Em virtude da inexpressividade da lesão causada ao patrimônio de um a dois terços
da vítima e pelo desvalor da conduta, o princípio da insignificância
exclui a tipicidade material. No crime tentado, o agente responde com a pena correspon-
dente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Teoria
A tipicidade como elemento do fato típico (tipicidade penal), objetiva da punibilidade da tentativa).
engloba tanto a tipicidade formal, quanto a material, ou seja, para Nesse sentido, quanto mais próximo do resultado chegar o ato
um fato ser considerado típico, necessariamente devem estar pre- criminoso, menor será a diminuição da pena.
sentes a tipicidade formal e a material. Não admitem tentativa, os crimes culposos, os preterdolosos,
os omissivos próprios, as contravenções penais, os crimes habitu-
Tipo Penal ais, os crimes unissubsistentes e os crimes de atentado.
O tipo penal não se confunde com a tipicidade. O tipo penal
descreve objetivamente um comportamento proibido pelo Direito Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz (art. 15, CP)
Penal. Já a tipicidade analisa a conduta e posteriormente o seu en-
quadramento ou não no tipo penal. a) Desistência Voluntária (art. 15, 1ª parte, CP): ocorre o agen-
te interrompe voluntariamente a execução do crime, antes da sua
Elementos do Tipo consumação. Difere da tentativa pois nesta o agente não consuma
O tipo penal é composto por elementos objetivos, subjetivos o crime por circunstancias alheias a sua vontade, já na desistência
e normativos. voluntária o agente não consuma o fato por vontade própria.
Ex: “A” desejando matar “B” começa a sufocá-lo, no entanto,
1) Elementos Objetivos:são elementos penais que independem quando “B” começa a ficar sem ar, “A” desiste da ação e vai embora.
de interpretação ou juízo de valor. Os tipos penais objetivos são fa-
cilmente interpretados e de simples constatação. Ex: Matar alguém b) Arrependimento Eficaz: (art. 15, 2ª parte, CP): ocorre quan-
(art.121, CP - Homicídio Simples); do o agente pratica todos os atos executórios do crime, mas se arre-
2) Elementos Subjetivos: são os elementos relacionados com pende e adota medidas que impedem a consumação do resultado.
a consciência e vontade do agente. Ex: art.319, CP- “(.....) para sa- Ex. “A” atira em “B” e depois o leva para o hospital a tempo de ele
tisfazer interesse ou sentimento pessoal”. O dolo e a culpa estão ser socorrido e sobreviver.
inseridos nos elementos subjetivos do tipo penal.
3) Elementos Normativos: são elementos que necessitam de Nos dois casos, a conduta deve impedir a consumação do re-
um juízo de valor e de interpretação para extrair o seu significado. sultado, para que o agente responda apenas pelos atos praticados,
Ex. tratam de probidade; honestidade; perigo de vida; caso contrários responderá pelo crime, podendo incidir atenuantes.

Crime Consumado, Tentado e Impossível Desistência voluntária e arrependimento eficaz


CP - Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosse-
1) Crime Consumado (art.14, I, CP) guir na execução ou impede que o resultado se produza, só respon-
Ocorre quando todos os elementos descritos no tipo penal fo- de pelos atos já praticados
ram realizados. Ex art.121, CP: “Matar águem”. O crime estará con- Arrependimento Eficaz x Arrependimento Posterior
sumado com a morte da vítima. No arrependimento eficaz o agente evita a consumação do cri-
me, já no arrependimento posterior,o arrependimento é posterior
CP- Art. 14 - Diz-se o crime: à consumação do delito (Ex. Autor que furta um veículo, e depois
Crime consumado o devolve, antes da instauração do inquérito, sem nenhum dano.
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de As penas nos dois casos são diferentes: no arrependimento efi-
sua definição legal; caz o agente só responde pelos atos já praticados, já no arrependi-
mento posterior a pena será reduzida de uma a dois terços, desde
Os crimes se consumam em momento diverso, de acordo com que o arrependimento ocorra até o recebimento da denúncia ou
sua natureza. Exemplo: crime material:com a ocorrência do resulta- da queixa e ainda se o crime tiver sido cometido sem violência ou
do naturalístico; Crime Forma: com a prática da conduta; Crime de grave ameaça.
Perigo: com a exposição do bem a um perigo de dano; etc.
Arrependimento posterior
2) Crime Tentado (Tentativa - art. 14, II, CP) CP - Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ame-
aça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi-
O crime será tentado quando, apesar de iniciada a execução, o mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
resultado não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do agen- pena será reduzida de um a dois terços.
te.

CP - Art. 14 - Diz-se o crime:


(...)

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
3) Crime Impossível (art.17, CP) Já na culpa inconsciente o autor nãoprevê o resultado que era
previsível. O autor neste caso não quer e não aceita o resultado.
Também chamado de tentativa inidônea. Neste caso o crime Ex: sujeito que atinge involuntariamente uma pessoa que passava
jamais se consumaria, ou porque o meio utilizado para a prática do pela rua ao atirar um objeto pela janela, por acreditar que ninguém
crime é ineficaz, ou por impropriedade absoluta do objeto material. estaria passando naquele horário.
Neste caso não haverá pena, o fato é atípico (Teoria objetiva da pu-
nibilidade da tentativa inidônea). Crime Preterdoloso
Observação: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto Ocorre quando o sujeito quer cometer um crime, mas acaba
devem ser absolutas. Se forem relativas, haverá crime tentado. por cometer crime mais grave, por imprudência, negligência ou
Ex: Tentar matar alguém com substância que não é venenosa imperícia, ou seja, por culpa. Ex: autor que utilizando uma arma
(meio absolutamente ineficaz); Atirar contra um cadáver (objeto apenas para promover um roubo, acaba atirando e matando a víti-
absolutamente impróprio). ma por imperícia ao manusear a arma. Neste exemplo o criminoso
tinha apenas a intenção de roubar, diferente do latrocínio, onde o
Crime impossível criminoso mata para concretizar seu roubo.
CP - Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é im- Agravação pelo resultado
possível consumar-se o crime. CP - Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena,
só responde o agente que o houver causado ao menos culposamen-
Crime Doloso e Crime Culposo (art. 18, CP) te

Antes de apresentarmos os conceitos de crimes dolosos e cul- Ilicitude (Antijuridicidade)


posos, importante ressaltar que o dolo e a culpa são elementos sub-
jetivos do tipo penal. Um fato é ilícito ou antijurídico quando contraria as normas do
direito penal.
1) Crime Doloso: ocorre quando o agente deseja o resultado
(dolo direto) ou quando assume o risco de produzi-lo (dolo even- Caráter Indiciário da Ilicitude: via de regra, presume-se que
tual). todo fato típico será ilícito, no entanto, esta presunção é relativa,
No dolo direto, a vontade do agente é livre e consciente. Já no haja vista que, um fato típico somente será efetivamente ilícito se-
dolo eventual o agente não tem vontade de produzir o resultado, não estiver amparado por uma causa de exclusão da ilicitude.
mas assume o risco da sua ocorrência. (Ex; motorista que anda em São causas que excluem a ilicitude: a legítima defesa, o estado
alta velocidade, assume o risco de atropelar uma pessoa). de necessidade, o estrito cumprimento de dever legal e o exercício
regular de direito.Nestes casos, o fato será típico, mas não será an-
CP - Art. 18 - Diz-se o crime: tijurídico, logo não haverá crime.
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco As excludentes de ilicitude podem ser:
de produzi-lo; - Legais (quando previstas em lei) - Ex. Legítima Defesa / Estado
de Necessidade.
2) Crime Culposo:ocorre quando o agente atua com imprudên- - Supralegais (não previstas em lei - decorrem de interpretação
cia, negligência ou imperícia. da doutrina e da jurisprudência) - Ex: Consentimento do Ofendido -
- Imprudência: ação descuidada ou perigosa. Ex. Passar o sinal quando o tatuador lesa a pele do tatuado não se trata do crime de
vermelho. lesão corporal, pois há o consentimento do ofendido.
- Negligência: deixar propositalmente de tomar os cuidados ne-
cessários. (Ex. médico usar utensílios não esterilizados). Exclusão de ilicitude
- Imperícia: falta de conhecimento ou habilidade específica CP - Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
para desenvolver uma atividade. Ex: Médico Neurologista que reali- I - em estado de necessidade;
za cirurgia de fratura, sem aptidão. II - em legítima defesa;
CP - Art. 18 - Diz-se o crime: III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício re-
(...) gular de direito.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por impru-
dência, negligência ou imperícia. EXCESSO PUNÍVEL
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pra- artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
tica dolosamente.
Culpabilidade
Culpa consciente x Culpa Inconsciente
Na culpa consciente o autor prevê o resultado, mas acredita Trata-se da possibilidade ou não de aplicação de uma pena ao
fielmente que ele não ocorrerá. O autor não assume o risco do re- autor de um crime ou do juízo de reprovação exercido sobre alguém
sultado, pois pensa que poderá evita-lo com suas habilidades. Ex. que praticou um fato típico e ilícito.
caçador que atira em um animal mesmo ele estando próximo de A culpabilidade é composta de 03 elementos:
seu companheiro acreditando que não vai acertá-lo, mas acaba por - Imputabilidade penal: possibilidade de se atribuir a uma pes-
atingi-lo. soa, responsabilidade penal pela pratica de um ato criminoso.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A capacidade mental, inerente ao ser humano, de, ao tempo da V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos
ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato e de determi- crimes de ação privada;
nar-se de acordo com esse entendimento. VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado)
- Potencial consciência da ilicitude: consciência do agente de VIII - (Revogado)
que está praticando um ato criminoso. IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
- Exigibilidade de conduta diversa: possibilidade de o agente
agir de maneira diversa da adotada, ou seja, de agir de acordo com
o ordenamento jurídico.
CRIMES: CRIMES CONTRA PESSOA
Ausente quaisquer destes requisitos, não haverá culpabilidade,
logo não haverá crime, já que crime é todo fato típico, antijurídico Os crimes contra a pessoa são aqueles que violam a vida, a in-
e culpável. A culpabilidade completa o conceito analítico de crime. tegridade física, a honra e a liberdade da pessoa humana, ou seja,
são crimes que atentam com a integridade da pessoa humana.
Excludentes da Culpabilidade: São causas que excluem a cul- No Código Penal (CP), estes crimes estão previstos no Título I
pabilidade: da Parte Especial, nos artigos 121 a 154-B e dividem-se em:
- Inimputabilidade (doença mental, menoridade, desenvol-
vimento mental retardado ou incompleto, embriaguez acidental - Dos Crimes contra a Vida (Arts. 121 a 128, CP): são aqueles
completa); que ameaça diretamente a vida das pessoas. São eles: Homicídio;
- Ausência de potencial consciência da ilicitude (erro de proibi- Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação;
ção inevitável); Infanticídio e Aborto.
- Inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresistível e Homicídio: morte injusta de uma pessoa, provocada por ou-
obediência hierárquica à ordem manifestamente ilegal). trem. O art. 121 do CP, aborda o homicídio da seguinte forma:
a) Homicídio Simples (artigo 121, caput, CP) -ocorre quando o
Punibilidade crime é cometido sem agravantes, sem elementos qualificadores e
sem a presença de causas de diminuição de pena -Pena: reclusão,
Trata-se da possibilidade jurídica que detém o Estado de punir de seis a vinte anos.
o autor de um crime. Não é considerada um elemento do crime
por se tratar de algo exterior, sendo apenas uma consequência da b) Homicídio Privilegiado (art. 121, § 1º, CP) -ocorre quando
prática do crime e não condição essencial para sua configuração. o agente pratica o crime instigado por motivo de relevante valor
Nesse sentido, o direito de punir do Estado (Ius puniendi) nasce social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após
com a prática do crime. a uma injusta provocação da vítima. Ex. Pai que mata estuprador
da filha.
Escusas absolutórias Trata-se de causa de diminuição de pena. A Redução pode ser
São circunstancias que afastam a aplicação da pena. Neste de um sexto a um terço.
caso, a punibilidade sequer nasce. O crime subsiste, no entanto,
punibilidadefica afastada pela renúncia do Estado. Ex. art. 181, CP c) Homicídio Qualificado (art. 121, § 2º, CP):crime cometido em
e 348, § 2º, CP. circunstâncias que promovem uma maior ofensividade ao bem jurí-
dico e consequentemente o tornam mais grave. Pena: Reclusão, de
CP - Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos cri- doze a trinta anos.
mes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; São exemplos de circunstancias qualificadoras:
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
ou ilegítimo, seja civil ou natural. motivo torpe;
- Por motivo fútil;
Favorecimento pessoal - Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
CP - Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade públi- outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo co-
ca autor de crime a que é cominada pena de reclusão: mum;
(...) - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou van-
tagem de outro crime:
Causas Extintivas da Punibilidade - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (fe-
Situações que fazem desaparecer o direito punitivo do Estado. minicídio). Considera-se que há razões de condição de sexo femini-
Aqui o crime também persiste, porém, o agente não será punido.O no quando o crime envolve:
artigo 107 do Código Penal apresenta algumas causas que extin- a) violência doméstica e familiar;
guem a punibilidade, vejamos: b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
- Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
CP - Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
I - pela morte do agente; Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
II - pela anistia, graça ou indulto; corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
d) Homicídio Culposo (art. 121, § 3º, CP):ocorre quando autor -A pena será duplicada se o crime for praticado por motivo ego-
não tinha a intenção de promover a morte da vítima, mas o faz por ístico, torpe ou fútil ou se a vítima for menor ou tiver diminuída, por
imprudência, imperícia ou negligência. Ex. Motorista que mata al- qualquer causa, a capacidade de resistência.
guém por dirigir de forma imprudente.Pena - detenção, de um a - A pena será aumentada até o dobro se a conduta for realizada
três anos. por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
e) Homicídio Culposo Qualificado (art. 121, § 4º, CP): acontece em tempo real.
quando o crime culposo tem um aumento de 1/3 na pena. O au- - Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coorde-
mento se dá quando: nador de grupo ou de rede virtual.
- O crime resulta de inobservância de regra técnica de profis-
são, arte ou ofício; Infanticídio: Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
- Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não prio filho, durante o parto ou logo após.Pena - detenção, de dois a
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar seis anos.
prisão em flagrante.
Aborto: interrupção provocada da gestação com consequente
f) Perdão Judicial (art. 121, § 5º, CP): extingue-se a punibilidade destruição do produto da concepção. Espécies:
do agente no homicídio culposo, quando as consequências da in- a) Aborto provocado pela gestante (autoaborto) ou com seu
fração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção consentimento(art. 124, CP): aborto praticado pela própria ges-
penal se torna desnecessária. Ex. pai que, acidentalmente, esquece tante ou por terceiro, com seu consentimento. A gestante aqui é a
seu filho bebê no carro e este morre razão do calor. agente do crime.
A sentença que conceder perdão judicial não será considerada b) Aborto consentido (art. 124, CP): quando a gestante consen-
para efeitos de reincidência. te que um terceiro lhe provoque o aborto.
c) Aborto provocado por terceiro, sem consentimento da ges-
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da ex-
tante (art. 125, CP): quando o aborto é realizado por terceiro, sem o
tinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenató-
consentimento da gestante, ou seja, contra a sua vontade.
rio. (Súmula 18, STJ)
d) Aborto provocado por terceiro(art.126, CP): nesse caso o
consentimento da gestante.
g) Aumento de pena quando praticado por grupo de extermí- e) Aborto qualificado (art. 127, CP): se, em consequência do
nio ou milícia privada (art. 121, § 6º, CP): apena do homicídio será aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado lesão corporal de natureza grave, a pena será aumentada de um
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- terço.Se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte, a pena
rança, ou por grupo de extermínio. será duplicada.
f) Aborto necessário (art.128, I, CP): Não se pune o aborto prati-
h) Aumento de pena quando se tratar de feminicídio(art. 121, cado por médico, se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
§ 7º, CP): a pena do feminicídio será aumentada de 1/3 (um terço) g) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro(art.128, II,
até a metade se o crime for praticado: CP):Não se pune o aborto praticado por médico, se a gravidez resul-
- Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par- ta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
to; ou, quando incapaz, de seu representante legal.
- Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (ses-
senta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerati- - Das Lesões Corporais (Art. 129):trata-se do delito que provo-
vas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ca danos a integridade física e saúde da vítima.
ou mental; - Lesão Corporal de natureza leve(art. 129, caput, CP)
- Na presença física ou virtual de descendente ou de ascenden-
te da vítima; - Lesão Corporal de natureza grave(art. 129, §1º, CP) -se resulta
- Em descumprimento das medidas protetivas de urgência pre- em:
vistas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 a) Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
de agosto de 2006. dias;
b) perigo de vida;
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio: c)debilidade permanente de membro, sentido ou função;
d)aceleração de parto:
Em dezembro de 2019, a Lei 13.968/2019 alterou o Código Pe-
- Lesão Corporal de natureza gravíssima - (art. 129, §2º, CP) -se
nal para modificar o crime de Induzimento, instigação ou auxílio a
resulta em:
suicídio. A principal modificação foi a inclusão no tipo penal da par-
a)Incapacidade permanente para o trabalho;
ticipação em automutilação.
b)enfermidade incurável;
A pena prevista no caput do artigo (“Induzir ou instigar alguém
c)perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio ma- d)deformidade permanente;
terial para que o faça”) é de reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) e) aborto:
anos.
A nova lei incluiu ainda disposições tais como: - Lesão Corporal seguida de morte - (art. 129, §3º CP)- crime
- Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão preterdoloso.
corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena será de reclusão,
de 1 (um) a 3 (três) anos.
- Se o suicídio se consumar ou se da automutilação resultar
morte, a pena será de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Lesão Corporal Privilegiada (artigo 129 § 4º, CP) - quando o b) Crimes Contra a Inviolabilidade do Domicílio:Violação de
agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor so- Domicílio.
cial ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em segui- Nos termos do artigo 5º, XI da CF/88,a casa é asilo inviolável
da a injusta provocação da vítima. Causa de Redução da pena de um do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
sexto a um terço. do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
-Lesão Corporal Culposa (art. 129, §6º, CP): se a lesão for culpo- Nesse sentido, dispõe o artigo 150 do CP que, entrar ou per-
sa (causada por negligência, imprudência ou imperícia), a pena será manecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade ex-
de detenção, de dois meses a um ano. pressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
- Lesão Corporal em caso de Violência Doméstica (art. 129, § dependências é crime, punível com detenção, de um a três meses,
9º, CP)- se a lesão leve for praticada contra ascendente, descenden- ou multa.
te, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha Se cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o em-
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- prego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas, a pena
ticas, de coabitação ou de hospitalidade, a pena será de detenção, será de detenção, de seis meses a dois anos, além da pena corres-
de 3 (três) meses a 3 (três) anos. pondente à violência.
A pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. A expressão “casa” compreende:
- Qualquer compartimento habitado;
- Da Periclitação da Vida e da Saúde (Arts. 130 a 136, CP):são - Aposento ocupado de habitação coletiva;
conhecidos como crimes de perigo. - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
São condutas presumidamente perigosas, que provocam um profissão ou atividade.
risco de dano à vida e a saúde da vítima.
São eles: Perigo de contágio venéreo; Perigo de contágio de Não se compreendem na expressão “casa”:
moléstia grave; Perigo para a vida ou saúde de outrem; Abando- - Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,
no de incapaz; Exposição ou abandono de recém-nascido; Omissão enquanto aberta;
de socorro; Condicionamento de atendimento médico-hospitalar - Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
emergencial; Maus-tratos.
- Da Rixa (Art. 137, CP):trata-se da briga entre três ou mais pes- c) Crimes Contra a Inviolabilidade de Correspondência: são
soas, que se agridem reciprocamente, de modo que os sujeitos ati- eles: Violação de correspondência; Sonegação ou destruição de
vos e passivos se confundem, não sendo possível diferenciar quem correspondência; Violação de comunicação telegráfica, radioelétri-
são os autores e quem são as vítimas. ca ou telefônica; Correspondência comercial.
O crime de rixa exige a conduta dolosa para se configurar, ou A inviolabilidade da correspondência está prevista no artigo 5º,
seja, a vontade de participar da rixa. Vale ressaltar que se a intenção XII da CF/88, inscrita entre os direitos e garantias individuais e busca
do autor for a de ferir ou matar alguém, não se trata de rixa, mas garantir a liberdade de correspondência pessoal ou jurídica, ou seja,
sim de lesão corporal ou homicídio. a liberdade de comunicação de pensamento transmitida por inter-
médio das correspondências.
- Dos Crimes Contra a Honra (Arts. 138 a 145, CP):são crimes
que violam a honra da pessoa ofendida. São eles: Calunia; Difama- CF - Art.5º (...)
ção e Injúria. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
a) Calúnia: imputar falsa acusação de crime a alguém. ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
b) Difamação: imputar fato ofensivo a reputação de alguém. no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
(Imputarfato e não crime) lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
c) Injúria: ofender a dignidade, honra ou o decoro de alguém cessual penal;

Retratação: O querelado que, antes da sentença, se retrata ca- Nesse sentido, nos termos da Lei nº. 6.538/1978 (art.10), que
balmente da calúnia ou da difamação, ficará isento de pena. Não dispõe sobre os serviços postais, não constitui violação de sigilo da
cabível na injuria. correspondência postal a abertura de carta:
- Endereçada a homônimo, no mesmo endereço;
- Dos Crimes Contra a Liberdade Individual (Arts. 146 a 154- - Que apresente indícios de conter objeto sujeito a pagamento
B, CP):são crimes que privam a liberdade pessoal do indivíduo e de tributos;
ferem direitos protegidos por lei, tais como direito de ir e vir e livre - Que apresente indícios de conter valor não declarado, objeto
arbítrio. ou substância de expedição, uso ou entrega proibidos;
Dividem-se em: - Que deva ser inutilizada, na forma prevista em regulamento,
a) Crimes contra a Liberdade Pessoal:violam a liberdade do em virtude de impossibilidade de sua entrega e restituição.
indivíduo, garantida pela Constituição. (“Ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei” - d) Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos: são eles: Di-
art.5º, II, CF/88) vulgação de segredo; Violação do segredo profissional; Invasão de
São eles:Constrangimento Ilegal; Ameaça; Sequestro e Cárcere dispositivo informático.
Privado; Redução a condição análoga à de escravo; Tráfico de Pes- Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
soas; particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatá-
rio ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem,
constitui crime de divulgação de segredo.

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Já a Violação de Segredo Profissional constitui-se na conduta Aumento de pena
de revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter-
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis-
possa produzir dano a outrem. são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
Por fim, a invasão de dispositivo informático consiste no fato de à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
o agente invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispo- § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de
sitivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
Para melhor compreensão, vamos a leitura dos artigos do CP, agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desneces-
que tratam do assunto: sária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
PARTE ESPECIAL crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
TÍTULO I § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
CAPÍTULO I 2015)
DOS CRIMES CONTRA A VIDA I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par-
to; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Homicídio simples II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (ses-
Art. 121. Matar alguém: senta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerati-
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. vas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física
Caso de diminuição de pena ou mental;(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascen-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, dente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
a pena de um sexto a um terço. previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de
7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido: Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutila-
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro ção (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
motivo torpe; Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
II - por motivo fútil; automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Re-
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
ou outro meio Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou ou- dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
tro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta le-
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou são corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º
vantagem de outro crime: e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 13.968, de 2019)
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For- § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa,
pela Lei nº 13.142, de 2015) a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo femini- em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
no quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou co-
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, ordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968,
de 2015) de 2019)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluí-
do pela Lei nº 13.104, de 2015)

Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão IV - aceleração de parto:
corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 Pena - reclusão, de um a cinco anos.
(quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência § 2° Se resulta:
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, I - Incapacidade permanente para o trabalho;
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, II - enfermidade incurável;
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) IV - deformidade permanente;
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido V - aborto:
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o ne- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
cessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo Lesão corporal seguida de morte
crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
pela Lei nº 13.968, de 2019) agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró- Diminuição de pena
prio filho, durante o parto ou logo após: § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
Pena - detenção, de dois a seis anos. vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção,
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou- a pena de um sexto a um terço.
trem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos. Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
Aborto provocado por terceiro pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: de réis:
Pena - reclusão, de três a dez anos. I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Lesão corporal culposa
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- § 6° Se a lesão é culposa:
tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, Pena - detenção, de dois meses a um ano.
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer
Forma qualificada das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos Violência Doméstica
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas cau- irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
sas, lhe sobrevém a morte. convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés-
ticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as cir-
Aborto necessário cunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de deficiência.
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu represen- § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
tante legal. descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
CAPÍTULO II exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
DAS LESÕES CORPORAIS companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.(Incluído
Lesão corporal pela Lei nº 13.142, de 2015)
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta: Perigo de contágio venéreo
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qual-
dias; quer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou
II - perigo de vida; deve saber que está contaminado:
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Maus-tratos
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
§ 2º - Somente se procede mediante representação. autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tra-
tamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
Perigo de contágio de moléstia grave indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia do, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Perigo para a vida ou saúde de outrem § 2º - Se resulta a morte:
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
iminente: § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
crime mais grave. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço DA RIXA
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabeleci- Rixa
mentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Abandono de incapaz Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu-
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen- detenção, de seis meses a dois anos.
der-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos. CAPÍTULO V
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte: Calúnia
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato de-
Aumento de pena
finido como crime:
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
terço:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa-
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
ção, a propala ou divulga.
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
tutor ou curador da vítima.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
Exceção da verdade
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar de- § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
sonra própria: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
Pena - detenção, de um a três anos. nº I do art. 141;
§ 2º - Se resulta a morte: III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
Pena - detenção, de dois a seis anos. foi absolvido por sentença irrecorrível.

Omissão de socorro Difamação


Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa reputação:
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Exceção da verdade
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
a morte. de suas funções.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer- Injúria


gencial Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer coro:
garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários admi- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
nistrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
emergencial: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. mente a injúria;
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega- II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
o triplo se resulta a morte. sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da CAPÍTULO VI
pena correspondente à violência. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes SEÇÃO I
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa. Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
Disposições comuns ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
um terço, se qualquer dos crimes é cometido: fazer o que ela não manda:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; Aumento de pena
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quan-
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. do, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de há emprego de armas.
deficiência, exceto no caso de injúria. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corresponden-
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de tes à violência.
recompensa, aplica-se a pena em dobro.(Redação dada pela Lei nº § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
13.964, de 2019) I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
§ 2º - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
Exclusão do crime II - a coação exercida para impedir suicídio.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte Ameaça
ou por seu procurador; Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cien- qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
tífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do
ofício. Perseguição
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer
ou pela difamação quem lhe dá publicidade. meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringin-
do-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadin-
Retratação do ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. (Incluído
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabal- pela Lei nº 14.132, de 2021)
mente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (In-
Parágrafo único.Nos casos em que o querelado tenha praticado cluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
meios em que se praticou a ofensa.(Incluído pela Lei nº 13.188, de I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº
2015) 14.132, de 2021)
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino,
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explica- nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código; (Incluído pela Lei nº
ções em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, 14.132, de 2021)
não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se pro- emprego de arma. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
cede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor-
violência resulta lesão corporal. respondentes à violência. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro § 3º Somente se procede mediante representação. (Incluído
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e pela Lei nº 14.132, de 2021)
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo
artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei nº
14.188, de 2021)
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique
e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou
a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, me-
diante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isola-
mento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e
autodeterminação: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a
conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 14.188,
de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Sequestro e cárcere privado SEÇÃO II
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos. Violação de domicílio
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamen-
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa- te, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em
nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; casa alheia ou em suas dependências:
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
casa de saúde ou hospital; § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo,
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; pessoas:
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor-
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu- respondente à violência.
reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: § 2º - Revogado pela Lei nº. 13.869/2019
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa
Redução a condição análoga à de escravo alheia ou em suas dependências:
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer I - durante o dia, com observância das formalidades legais,
submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer para efetuar prisão ou outra diligência;
sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin- II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime
do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
com o empregador ou preposto: § 4º - A expressão «casa» compreende:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena cor- I - qualquer compartimento habitado;
respondente à violência. II - aposento ocupado de habitação coletiva;
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do profissão ou atividade.
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apo- I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,
dera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
de retê-lo no local de trabalho. II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I - contra criança ou adolescente; SEÇÃO III
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou DOS CRIMES CONTRA A
origem. INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

Tráfico de Pessoas Violação de correspondência


Art. 149-A.Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspon-
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violên- dência fechada, dirigida a outrem:
cia, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
nº 13.344, de 2016)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; Sonegação ou destruição de correspondência
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; § 1º - Na mesma pena incorre:
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia,
IV - adoção ilegal; ou embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefô-
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se: nica
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
suas funções ou a pretexto de exercê-las; abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
idosa ou com deficiência; III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domés- número anterior;
ticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico,
de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício sem observância de disposição legal.
de emprego, cargo ou função; ou § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para ou-
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território na- trem.
cional. § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for pri- serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
mário e não integrar organização criminosa. Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos
casos do § 1º, IV, e do § 3º.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Correspondência comercial Ação penal
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de es- Art. 154-B.Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se pro-
tabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, cede mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a
desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes
estranho seu conteúdo: da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empre-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. sas concessionárias de serviços públicos.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

SEÇÃO IV CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
Crimes Contra o Patrimônio
Divulgação de segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de do- Em primeiro lugar, é importante conhecer as alterações que o
cumento particular ou de correspondência confidencial, de que é Pacote Anticrime fez nos crimes contra o patrimônio:
destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a • No crime de roubo, a pena passou a ser aumentada de 1/3
outrem: até 1/2 se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. ARMA BRANCA. Ademais, a pena aumenta-se de 2/3 se a violên-
§ 1º Somente se procede mediante representação. cia ou ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO. Por
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou re- fim, aplica-se a pena em DOBRO se a violência ou grave ameaça é
servadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU
informações ou banco de dados da Administração Pública: PROIBIDO.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. • O crime de estelionato passou a ter como regra de Ação Pe-
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a nal Pública Condicionada a Representação. Exceção: Será de Ação
ação penal será incondicionada. penal pública INCONDICIONADA quando a vítima for: I - a Admi-
nistração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III
Violação do segredo profissional - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 anos de idade
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que ou incapaz.
tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e • A pena do crime de concussão também mudou: De Reclusão,
cuja revelação possa produzir dano a outrem: de 2 a 8 anos, e multa, passou para Reclusão, de 2 a 12 anos, e mul-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. ta. Essa é uma novatio legis in pejus, logo, não retroage.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Furto
Invasão de dispositivo informático Consiste na subtração de bem alheio, sem violência nem grave
Art. 154-A.Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou ameaça.
não à rede de computadores, mediante violação indevida de meca-
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
nismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir da-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
dos ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
— Causa de aumento
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante
§1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui,
o repouso noturno. Ex. enquanto os moradores da casa estavam
vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o
dormindo o agente furta o lar.
intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão
— Qualificadoras
resulta prejuízo econômico. A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comu- cometido:
nicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto da coisa;
não autorizado do dispositivo invadido: II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a destreza;
conduta não constitui crime mais grave. III - com emprego de chave falsa;
§ 4º Na hipótese do §3º, aumenta-se a pena de um a dois ter- IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
ços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a tercei-
ro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa,
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
praticado contra: perigo comum.
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrô-
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, nico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Dis- com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização
trito Federal ou de Câmara Municipal; de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta fede- análogo.
ral, estadual, municipal ou do Distrito Federal. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância
do resultado gravoso:

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime Roubo
é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do ter- É a subtração de bens alheios violenta, com grave ameaça ou
ritório nacional reduzindo a possibilidade de resistência da vítima (ex. boa noite
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é prati- cinderela).
cado contra idoso ou vulnerável.
A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
ou para o exterior. -la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
dividido em partes no local da subtração. a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, ou para terceiro.
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego. — Causa de aumento
§ 2ºA pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
▪ Furto privilegiado II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminu- agente conhece tal circunstância.
í-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Obs. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
outros crimes patrimoniais sem violência/grave ameaça, também, transportado para outro Estado ou para o exterior;
recebem o benefício. V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade.
▪ Furto de Coisa Comum VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de aces-
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si sórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: montagem ou emprego.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
§ 1º - Somente se procede mediante representação. de arma branca;
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo § 2º-AA pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
valor não excede a quota a que tem direito o agente. I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma
de fogo;
Atente-se para a novidade legislativa de 2021: II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo co-
multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de disposi- mum.
tivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de compu-
tadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a — Qualificadora
utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio frau- § 2º-B.Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
dulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a
Ex. quando o furto mediante fraude ocorre em ambiente vir- pena prevista no caput deste artigo.
tual. § 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a re- (dezoito) anos, e multa;
levância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime e multa.
é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do terri-
tório nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) Extorsão e Extorsão mediante sequestro
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é pra- Os dois tipos penais não se confundem. Na extorsão, constran-
ticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de ge-se alguém, de forma violenta ou com grave ameaça, para obter
2021) vantagem econômica. Na extorsão, mediante sequestro, seques-
tra-se a pessoa para obter qualquer vantagem, como condição ou
Atente-se que são causas de aumento: servidor mantido fora preço do resgate.
do país; praticado contra idoso ou vulnerável.
A mudança legislativa teve como escopo reprimir os crimes de ▪ Extorsão
alta tecnologia, pois atualmente é muito comum que o furto (sub- Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
tração de dinheiro) ocorra por meio de dispositivo eletrônico ou ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
informático. vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
As causas de aumento se justificam por dois motivos: alguma coisa:
• É mais difícil de investigar e punir servidor mantido fora do Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
país; § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
• É mais repugnante quando cometido contra idoso ou vulne- emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
rável. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis-
posto no § 3º do artigo anterior.

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 3ºSe o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem (somente se procede mediante queixa)
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
▪ Extorsão mediante sequestro
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se ou histórico:
o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. Alteração de local especialmente protegido
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o as-
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. pecto de local especialmente protegido por lei:
§ 3º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que Apropriação indébita
O agente apropria-se de coisa alheia, valendo-se da posse ou
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
detenção que tem dela. Ex. o motoboy que ia levar a sua pizza por
terá sua pena reduzida de um a dois terços.
delivery, aproveita para apropriar-se dela. A pena é aumentada de
um terço, quando o agente recebeu a coisa: em depósito neces-
▪ Extorsão indireta
sário; na qualidade de tutor, curador, síndico (atual administrador
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando judicial), liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedi- judicial; em razão de ofício, emprego ou profissão.
mento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Atenção: O STF, já decidiu que ressarcimento em acordo homo-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. logado no juízo cível é fundamento válido para trancar a ação penal.
Obs. a apropriação indébita previdenciária (forma qualificada)
Usurpação caracteriza-se por deixar de repassar à previdência social as con-
Dentro do capítulo usurpação estão inseridos os seguintes cri- tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
mes: convencional, independente de dolo específico.
• Alteração de limites: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga-
• Usurpação de águas: desviar ou represar, em proveito próprio mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
ou de outrem, águas alheias. II – recolher contribuições devidas à previdência social que te-
• Esbulho possessório: invadir, com violência a pessoa ou grave nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno produtos ou à prestação de serviços;
ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Obs. Se a pro- III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
priedade é particular, e não há emprego de violência, somente se cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre-
procede mediante queixa. vidência social.
• Supressão ou alteração de marca em animais: Suprimir ou § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, impor-
indicativo de propriedade. tâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
Dano ação fiscal.
No crime de dano, os verbos núcleos do tipo são 3 - Destruir, § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
inutilizar ou deteriorar (coisa alheia). Ademais, em 4 situações o cri-
desde que:
me é qualificado:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de ofe-
• com violência à pessoa ou grave ameaça;
recida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciá-
• com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato
ria, inclusive acessórios; ou
não constitui crime mais grave; II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
• contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de servi- execuções fiscais.
ços públicos; § 4oA faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos
• por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a víti- casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos
ma (somente se procede mediante queixa). acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente,
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
No mesmo capítulo, o Código Penal traz mais algumas figuras
típicas:

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Apropriação de coisa A Fraude eletrônica consiste em crime digital, que ocorre com
havida por erro, caso Apropriação Apropriação a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro,
fortuito ou força de tesouro de coisa achada induzido a erro, por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou
da natureza envio de correio eletrônico fraudulento etc.
Essa novidade legislativa visa acompanhar a realidade virtual
II - quem acha coi- que vivemos atualmente, pois os crimes cibernéticos estão cada dia
sa alheia perdida mais comuns no Brasil. Todos os dias acompanhamos nos jornais
I - quem acha te- e dela se apropria, uma nova fraude (do WhatsApp, do e-mail, do aplicativo tal etc.).
Art. 169 - Apropriar- souro em prédio total ou parcial- Em razão da dificuldade causada na investigação, a pena sofre
-se alguém de coisa alheio e se apro- mente, deixando aumento se o crime é praticado com o uso de servidor mantido fora
alheia vinda ao seu pria, no todo ou de restituí-la ao do Brasil. Outra causa de aumento é o crime ser cometido contra as
poder por erro, caso em parte, da quo- dono ou legítimo seguintes pessoas:
fortuito ou força da ta a que tem direi- possuidor ou de  Entidade de direito público
natureza. to o proprietário entregá-la à autori-  Instituto de economia popular
do prédio. dade competente,  Instituto de assistência social ou beneficiária
dentro no prazo de
quinze dias. Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei
nº 14.155, de 2021)
Estelionato e outras fraudes § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime
O estelionato caracteriza-se por obter, para si ou para outrem, é cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo al- resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
guém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio O crime de estelionato contra idoso ou vulnerável, consiste, na
fraudulento. verdade, em uma derivação da fraude eletrônica. No entanto, neste
Após o Pacote Anticrime a ação passou a ser pública condicio- caso, considerada a relevância do resultado gravoso a pena sofre
nada à representação, salvo: se a vítima for a Administração Públi- aumento.
ca, criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental, maior Ex. um idoso ou pessoa com deficiência mental é induzido em
de 70 anos de idade ou incapaz. erro, por outrem, na rede social, a transferir montante em dinhei-
O Código Penal determina que deve incorrer na mesma pena ro.
do estelionato quem comete: A pena será aumentada de 1/3 até o dobro, a depender das
• Disposição de coisa alheia como própria; peculiaridades do caso concreto.
• Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria; O Código Penal, inclusive, se preocupa em tipificar algumas ou-
• Defraudação do penhor; tras fraudes, menos incidentes em prova:
• Fraude na entrega de coisa;
• Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro; Duplicata simulada
• Fraude no pagamento por meio de cheque. Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualida-
Estelionato contra idoso de, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
§ 4ºAplica-se a pena em dobro se o crime for cometido Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.(Reda-
contra idoso. ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsi-
se a vítima for: ficar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas.
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou Abuso de incapazes
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessida-
de, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade
A Lei nº 14.155/2021 introduziu os seguintes crimes no Código mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato susce-
Penal (art. 171): tível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Fraude eletrônica Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações for- Induzimento à especulação
necidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de re- Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiên-
des sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico frau- cia ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzin-
dulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído do-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
pela Lei nº 14.155, de 2021) mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a
2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de Fraude no comércio
servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adqui-
14.155, de 2021) rente ou consumidor:
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi-
em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de eco- cada ou deteriorada;
nomia popular, assistência social ou beneficência. II - entregando uma mercadoria por outra:

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Alguns pontos merecem atenção:
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou • Adulterar o sistema de medição de energia elétrica para pagar
o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por menos que o devido é estelionato (e não furto mediante fraude);
falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei- • Uso de processo judicial para obter lucro é figura atípica;
ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: • É justificável a exasperação da pena-base em caso de confian-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. ça da vítima no autor do crime de estelionato;
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. • O delito de estelionato não é absorvido pelo roubo de talão
de cheque.
Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel Receptação
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito
efetuar o pagamento: próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Perceba
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, que no crime de receptação, o agente tem contato com um bem
e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. obtido por meio de crime anterior, ex. objeto furtado.

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade ▪ Receptação Qualificada


por ações § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen- depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia, de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer-
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser
fraudulentamente fato a ela relativo: produto de crime:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
constitui crime contra a economia popular. § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará-
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandesti-
contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) no, inclusive o exercício em residência.
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao pú- desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
blico ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco- oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
parte, fato a elas relativo; penas.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o
usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais,
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
sem prévia autorização da assembleia geral;
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da
§ 6oTratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa conces-
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
sionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desa-
cordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou divi- caput deste artigo. Ex. receptação de bens do correio.
dendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ▪ Receptação de Animal
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa- Art. 180-A.Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
recer; em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comer-
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; cialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime:
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, Nos crimes patrimoniais existem causas de isenção de pena,
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para e causas que a ação deixa de ser pública incondicionada, para ser
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral. tratada como ação penal pública condicionada à representação:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou «warrant» previstos neste título, em prejuízo:
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em de- I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
sacordo com disposição legal: II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o
Fraude à execução crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
ou danificando bens, ou simulando dívidas: II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando - Tipo essencialmente doloso, não admite a modalidade culpo-
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; sa.
II - ao estranho que participa do crime. - A falsificação grosseira exclui o tipo, configurando crime im-
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou possível. A falsificação deve ser passível de iludir o homem médio,
superior a 60 (sessenta) anos. pois se não for, não há potencialidade lesiva na conduta, logo, não
há crime.
- Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé,
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA qualquer dos papéis falsificados ou alterados, depois de conhecer a
falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses
Os crimes contra a fé pública estão previstos no Título X da a dois anos, ou multa.
Parte Especial do Código Penal e dividem-se em: -Crime de petrechos de falsificação -princípio da consunção.
- Capítulo I - Da Moeda falsa (art. 289 a 292, CP); Este crime será absorvido quando, além de possuir ou guardar os
-Capítulo II - Da falsidade de títulos e outros papéis públicos petrechos, o agente efetivamente falsificar o papel público.
(art. 293 a 295, CP); -Forma equiparada: art. 293, §1º, CP.
-Capítulo III - Da falsidade documental (art.296 a 305, CP)
-Capítulo IV - De outras falsidades (art. 306 a 311, CP) Da falsidade documental
-Capítulo V - Das fraudes em certames de interesse público (art.
311-A, CP) Falsificação de documento público (art.297, CP)
O crime consiste em falsificar, no todo ou em parte, documento
A fé pública pode ser definida como o sentimento coletivo de público, ou alterar documento público verdadeiro.
crença na autenticidade e veracidade de determinadas informa- - Entende-se como documento público, todo documento produ-
ções. É a presunção de veracidade e autenticidade dada aos atos zido por autoridade ou oficial público no exercício de suas funções,
de um servidor. que por ser dotado de presunção de autenticidade e veracidade,
Nesse sentido, os crimes contra a fé pública violam este senti- podem ser utilizados como prova de atos juridicamente relevantes.
mento de veracidade de determinados atos e documentos, gerando Ex. certidões, cédulas de identidade, fotocópias autenticadas, etc.
como consequência, uma insegurança nas relações jurídicas. - Para fins penais, equiparam-se a documento público o ema-
Dentre os principais crimes contra a fé pública vamos analisar: nado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível
por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e
Da Moeda falsa o testamento particular.

Moeda falsa (art. 289) Falsificação de documento particular (art. 298, CP)
O crime de moeda falsa consiste em falsificar, fabricando-a ou O crime consiste em falsificar, no todo ou em parte, documento
alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país particular ou alterar documento particular verdadeiro.
ou no estrangeiro. - Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Equipara-se ao crime de moeda falsa quem, por conta própria - Não há previsão de modalidade culposa
ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empres- - Por exclusão, considera-se documento particular, todo docu-
ta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. mento que não reúne as condições de documentos público ou equi-
- A falsificação pode se dar por meio de fabricação ou alteração. parados. São os documentos que não são públicos / documentos
- A falsificação nestes casos deve ser bem feita -as falsificações que não forma emanados do poder público através de seus funcio-
grosseiras não configuram o crime de moeda falsa, mas podem con- nários, mas sim de particulares)
figurar estelionato, nos termos da Súmula 73, STJ, ou crime impos- - A clonagem de cartão de crédito constitui crime de falsidade
sível. de documento particular. (Cartão de crédito - documento particular
-A falsificação de uma moeda já é suficiente para caracterizar por equiparação / Cheque - equiparado a documento público)
o delito.
- Não se aplica o princípio da insignificância. Falsidade ideológica (art. 299, CP)
- Se o agente apenas possuir ou guardar instrumento ou qual- O crime consiste em omitir, em documento público ou particu-
quer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda, lar, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inse-
responderá apenas pelo crime de “Petrechos para falsificação de rir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim
moeda”. No entanto, se além de possuir os petrechos ele executar de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
a falsificação de fato, responderá somente pelo crime de moeda juridicamente relevante.
falsa, ficando o crime de petrechos para falsificação de moeda ab- - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevale-
sorvido pelo de moeda falsa (Princípio da consunção). cendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assenta-
- Incorre nas mesmas penas quem desvia e faz circular moeda, mento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
cuja circulação não estava ainda autorizada. - Neste caso o documento é verdadeiro (a estrutura do docu-
mento é verdadeira), o agente altera apenas o seu conteúdo. Ex.
Da falsidade de títulos e outros papéis públicos falsificação de documentos do Imposto de Renda (IR)
- A conduta deve ter a finalidade de prejudicar direito, criar obri-
Falsificação de papéis públicos (art. 293, CP) gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
- A falsificação pode se dar por meio de fabricação ou alteração. - A falsidade ideológica pode ocorrer em documentos públicos
- Os papéis públicos são aqueles previstos nos incisos do artigo e privados.
293, CP.
- Crime comum que pode se praticado por qualquer pessoa. No
entanto, se o agente é funcionário público, e comete o crime preva-
lecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- A falsidade ideológica não se confunde com a falsificação de Seguem os artigos do Código Penal:
documento público ou particular, tendo em vista que na falsidade
ideológica a estrutura do documento é verdadeira, e apenas seu PARTE ESPECIAL
conteúdo é falso. Já na falsidade de documento público ou privado,
o documento é estruturalmente falso. TÍTULO X
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Uso de documento falso (art. 304, CP) CAPÍTULO I
O crime consiste em fazer uso de qualquer dos papéis falsifica- DA MOEDA FALSA
dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302, CP.
- O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o autor da Moeda Falsa
falsificação. Quando o autor da falsificação também usar o docu- Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metáli-
mento falso, será caracterizado o crime de falsificação de documen- ca ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
to, ficando o crime de uso de documento absorvido (princípio da Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
consunção) § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
- O agente deve efetivamente usar o documento falso; alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
- No caso da carteira de habilitação, o simples porte caracteriza guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
o uso de documento falso. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moe-
- O agente deve ter a vontade de usar o documento falso e ter da falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a fal-
consciência da falsidade. sidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
- Não admite tentativa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emis-
De outras falsidades são que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
Falsa Identidade (art. 307, CP) II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
O crime consiste em atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden- § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular mo-
tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para eda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
causar dano a outrem.
- Pode ser cometido por qualquer pessoa.
Crimes assimilados ao de moeda falsa
- É crime subsidiário, ou seja, será aplicado apenas se o fato não
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
constituir elemento de crime mais grave. Nesse sentido, o crime
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros;
de falsa identidade consiste na simples atribuição de falsa identi-
suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de res-
dade (pode ser de forma oral, escrita, gestos), sem a utilização de
tituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à
documento falso. Caso ocorra o uso do documento falsificado, o
circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhi-
crime será de “uso de documento falso (art.304, CP” e não de falsa
dos para o fim de inutilização:
identidade.
- A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. (Sú- Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos
mula 522, STJ) e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na
repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
Das fraudes em certames de interesse público ingresso, em razão do cargo.

Fraudes em certames de interesse público (art. 311-A, CP) Petrechos para falsificação de moeda
Este crime foi incluído no Código Penal pela Lei nº. 12.550/2011 Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gra-
e estará configurado quando o agente utilizar ou divulgar, indevida- tuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou
mente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprome- qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
ter a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos; Emissão de título ao portador sem permissão legal
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei. ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
- A conduta deve ser praticada com a finalidade de beneficiar ser pago:
a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
- Pode ser praticada por qualquer pessoa. Aumenta-se a pena Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qual-
de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. quer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de de-
- O crime consuma-se com a simples utilização ou divulgação, tenção, de quinze dias a três meses, ou multa.
independentemente da efetiva obtenção de benefício próprio ou
de terceiros ou do comprometimento da credibilidade do certame. CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Falsificação de papéis públicos


Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer
papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo;

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logoti-
III - vale postal; pos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificado-
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econô- res de órgãos ou entidades da Administração Pública.
mica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime preva-
público; lecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento rela-
tivo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por Falsificação de documento público
que o poder público seja responsável; Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público,
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte ou alterar documento público verdadeiro:
administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime preva-
§1º Incorre na mesma pena quem: lecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público
a que se refere este artigo; o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou trans-
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, missível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a mercantis e o testamento particular.
controle tributário; §3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém I - na folha de pagamento ou em documento de informações
em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pes-
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência
tributário, falsificado; social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária de- III - em documento contábil ou em qualquer outro documento
termina a obrigatoriedade de sua aplicação. relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indi- §4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos
cativo de sua inutilização: mencionados no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, de serviços.
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa- Falsificação de documento particular
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular
-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem
ou alterar documento particular verdadeiro:
este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III
Falsificação de cartão
do §1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclu-
Parágrafo único.Para fins do disposto no caput, equipara-se a
sive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em
documento particular o cartão de crédito ou débito.
residências.
Falsidade ideológica
Petrechos de falsificação Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, decla-
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir de-
especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis refe- claração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
ridos no artigo anterior: prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. réis a cinco contos de réis, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete
CAPÍTULO III o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração
DA FALSIDADE DOCUMENTAL é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
parte.
Falsificação do selo ou sinal público
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: Falso reconhecimento de firma ou letra
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função
Estado ou de Município; pública, firma ou letra que o não seja:
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Certidão ou atestado ideologicamente falso Falsa identidade
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo pú- obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
blico, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer dano a outrem:
outra vantagem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
Pena - detenção, de dois meses a um ano. não constitui elemento de crime mais grave.

Falsidade material de atestado ou certidão Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, ca-
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou derneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natu-
de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, reza, próprio ou de terceiro:
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato
vantagem: não constitui elemento de crime mais grave.
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além Fraude de lei sobre estrangeiro
da pena privativa de liberdade, a de multa. Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no ter-
ritório nacional, nome que não é o seu:
Falsidade de atestado médico Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para pro-
falso: mover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - detenção, de um mês a um ano. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
aplica-se também multa. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de
ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está
visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. equipamento:)
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Uso de documento falso § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço.
rados, a que se referem os arts. 297 a 302: § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado
ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação
Supressão de documento oficial.
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou
de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular CAPÍTULO V
verdadeiro, de que não podia dispor: DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é
público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento Fraudes em certames de interesse público
é particular. Art. 311-A.Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de be-
neficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
CAPÍTULO IV certame, conteúdo sigiloso de:
DE OUTRAS FALSIDADES I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou §1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por
na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações
falsificado por outrem: mencionadas no caput.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. §2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração públi-
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a ca:
autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para au- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
tenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumpri- §3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido
mento de formalidade legal: por funcionário público.
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Peculato Mediante erro de outrem (art.313): ocorre quan-
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA do o funcionário público, no exercício do cargo, se aproveitando
do erro de outrem, apropria-se indevidamente de bem ou dinheiro
Os crimes contra as Administração Pública estão previstos na que não lhe pertence. Neste caso o funcionário público não induz
Parte Especial, no Título, XI, arts. 312 a 359-H, do Código Penal (CP) a vítima a erro, ela erra sozinha, sem influência dele, o funcionário
e dividem-se em 05 capítulos: apenas se aproveita do erro.
Capítulo I -Dos crimes praticados por funcionário público con- - Peculato eletrônico (art.313-A e 313-B): neste caso o funcio-
tra a administração em geral (arts. 312 a 327); nário insere dados falsos em um sistema da Administração Pública,
Capítulo II - Dos crimes praticados por particular contra a admi- ou modifica um sistema público de informática sem autorização,
nistração em geral (arts. 328 a 337-A); com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
Capítulo II-A- Dos crimes praticados por particular contra a ad- para causar dano.
ministração pública estrangeira (arts. 337-B a 337-D) - Concussão e Corrupção passiva: muitas pessoas confundem
Capítulo III - Dos crimes contra a administração da justiça (arts. estes dois tipos penais, tendo em vista que eles preveem vários ele-
338 a 359); mentos iguais, no entanto, os núcleos dos dois crimes são diferen-
Capítulo IV - Dos crimes contra as finanças públicas (arts. 359-A tes, vejamos:
a 359-H). -Concussão (art.316, CP): exigir, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
A finalidade destes dispositivos no Código Penal, é resguardar mas em razão dela, vantagem indevida. Pena - reclusão, de 2 (dois)
a probidade administrativa e os Princípios Administração Pública, a 12 (doze) anos, e multa.
bem como garantir o normal funcionamento e a manutenção da - Corrupção passiva (art.317, CP): solicitar ou receber, para si
dignidade da Administração Pública. O bem jurídico tutelado nestes ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
casos é interesse público. ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
O capítulo I, do Título XI, trata dos crimes funcionais, ou seja, aceitar promessa de tal vantagem. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12
devem ter como elemento o agente “ser funcionário público”. (doze) anos, e multa.
Nesse sentido, para fins penais, considera-se funcionário públi-
co, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce Na concussão, o verbo exigir presume um caráter intimidativo,
cargo, emprego ou função pública (ex. mesário; jurados; etc.) impositivo. Muitos doutrinadores afirmam ser a concussão na ver-
Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego dade, uma forma especial de extorsão, praticada por funcionário
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa público, com abuso de autoridade. Já na corrupção passiva o verbo
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de solicitar ou receber não pressupõe intimidação
atividade típica da Administração Pública. Ambos os crimes são formais, ou seja, independem da ocor-
rência do resultado naturalístico para sua consumação. Os crimes
Dentre os principais crimes contra a Administração Pública, po- se consumam com a simples prática da conduta (exigir, solicitar, re-
demos destacar: ceber), não sendo necessário o efetivo recebimento da vantagem
indevida pelo funcionário.
Crimes praticados por funcionário público contra a Adminis- Excesso de exação (excesso na cobrança de tributos) - (art.316,
tração em Geral §1º, CP): se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
- Peculato: o crime consiste em apropriar-se o funcionário pú- sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
blico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza, a pena
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em será de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
proveito próprio ou alheio. Já se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem,
O peculato pode ser culposo ou doloso. o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, a
pena será de reclusão, de dois a doze anos, e multa.
- Peculato culposo (art.312, §2º, CP) ocorre quando o funcio-
nário age com negligência, imprudência ou imperícia. Este é o único Corrupção Passiva Privilegiada (art. 317, §2º), CP): ocorre
crime contra a administração pública que admite a modalidade cul- quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
posa. Neste caso, se funcionário reparar o dano antes da sentença ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in-
irrecorrível, extingue-se a punibilidade. Já se a reparação for poste- fluência de outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
rior, reduz de metade a pena imposta. multa.

Já os peculatos dolosos se dividem em: - Prevaricação (art. 319, CP): o crime consiste em retardar ou
- Peculato Apropriação (art. 312, caput, 1ª parte): neste caso o deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
funcionário público toma para si (apropria-se) de bem que possui a disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
posse em virtude do seu cargo. pessoal. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
- Peculato Desvio (art. 312, caput, 2ª parte): neste caso o fun-
cionário público desvia um bem que possui a posse em virtude do A corrupção passiva privilegiada e a prevaricação também são
seu cargo e lhe dá uma finalidade diversa daquela que lhe foi deter- crime funcionais bem parecidos. O que os diferencia de fato é que
minada, em benefício próprio ou de terceiros. na prevaricação o funcionário público pratica a conduta para sa-
- Peculato Furto (art. 312, §1º): neste caso o agente aprovei- tisfazer interesse ou sentimento pessoal, já na corrupção passiva
ta-se da qualidade de funcionário público e subtrai dolosamente privilegiada, ele pratica o crime cedendo a pedido ou influência de
um bem que não possui a posse, para usar em proveito próprio ou outrem
alheio.

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Condescendência Criminosa (art.320, CP): ocorre quando o - Corrupção Ativa (art. 333, CP): Oferecer ou prometer vanta-
funcionário deixa, por indulgência (tolerância/clemência), de res- gem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do car- omitir ou retardar ato de ofício - Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12
go ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conheci- (doze) anos, e multa.
mento da autoridade competente. Pena - detenção, de quinze dias (Corrupção ativa: cometido por particular em face do funcio-
a um mês, ou multa. nário público. O particular oferece a vantagem indevida ao funcio-
Na condescendência criminosa o funcionário deixa de praticar nário / corrupção passiva: cometido por funcionário público, que
algo por indulgência, já na prevaricação, o funcionário o faz para solicita a vantagem indevida).
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
- Descaminho (art.334, CP) e Contrabando (art. 334-A, CP)
Todos os crimes mencionados acima são crimes próprios, que Descaminho: iludir, no todo ou em parte, o pagamento de di-
devem ser praticados por funcionário público e em regra todos são reito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo
dolosos, exceto o peculato culposo. A ação penal para estes crimes de mercadoria.
será pública incondicionada. O descaminho trata-se de crime formal, logo, não se exige o
efetivo prejuízo ao Erário. O pagamento do tributo não extingue a
Crimes praticados por particular contra a Administração em punibilidade deste crime.
Geral
Contrabando: importar ou exportar mercadoria proibida.
- Usurpação da Função Pública (art.328, CP): ocorre quando
o particular finge ser funcionário público e pratica atos inerentes a No descaminho ocorre a entrada e saída de mercadorias legais,
função, mesmo sem aprovação em concurso ou nomeação. Pena - mas que não recolheram os impostos devidos para a circulação no
detenção, de três meses a dois anos, e multa. Se do fato o agente país (sonegação de imposto). Já no contrabando, as mercadorias
aufere vantagem - Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. são ilegais (proibidas por lei).
Atenção: não confundir o crime de usurpação da função públi-
ca com o crime de Exercício funcional ilegalmente antecipado ou Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável
prolongado (art.324, CP), cuja conduta consiste em “entrar no exer- aos crimes contra a administração pública.
cício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou (Obs.: Apesar da Súmula 599 do STJ, a jurisprudência vem ad-
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmen- mitindo, como exceção, o Princípio da Insignificância ao crime de
te que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso”. descaminho.
Observe que o crime de exercício funcional ilegalmente ante-
cipado ou prolongado é crime funcional, que deve cometido por Crimes contra a Administração da Justiça
funcionário público, já usurpação de função pública é praticada por - Denunciação caluniosa (art.339, CP): dar causa à instaura-
particular. ção de investigação policial, de processo judicial, instauração de
- Resistência (art.329), Desobediência (art.330, CP) e Desaca- investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
to (art.331, CP) administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
Resistência: opor-se à execução de ato legal, mediante violên- inocente. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
cia ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem - Comunicação falsa de crime ou de contravenção (art. 340,
lhe esteja prestando auxílio - Pena - detenção, de dois meses a dois CP): provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência
anos. de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado - Pena
Opor-se aqui tem sentido de dificultar a execução. A conduta - detenção, de um a seis meses, ou multa.
deve do particular deve necessariamente ser praticada com vio-
lência ou grave ameaça ao funcionário. Se ordem for ilegal, não há No delito de denunciação caluniosa exige-se a falsa imputação
crime. de um crime contra pessoa determinada. Já no crime de comuni-
Desobediência: desobedecer a ordem legal de funcionário pú- cação falsa de crime ou contravenção, o agente limita-se a narrar à
blico- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. autoridade infração inexistente, sem, contudo, identificar seu autor.
É o não cumprimento de uma ordem legal, recebida de um fun-
cionário público. - Falso testemunho ou falsa perícia: fazer afirmação falsa, ou
Desacato: desacatar funcionário público no exercício da função negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradu-
ou em razão dela - Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou tor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
multa. policial, ou em juízo arbitral - Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (qua-
O crime consiste em desacatar o funcionário em razão a fun- tro) anos, e multa.
ção dele. O agente deve saber que a vítima é funcionário público,
pois, se não souber, o dolo será afastado. O desacato também deve Os demais Crimes contra a Administração Pública poderão ser
ocorrer pessoalmente. analisados através da leitura dos artigos do Código Penal, abaixo:

- Tráfico de Influência (art. 332, CP): solicitar, exigir, cobrar ou


obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função - Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
e multa.

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
PARTE ESPECIAL Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
TÍTULO XI te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA dela, vantagem indevida:
CAPÍTULO I Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Excesso de exação
Peculato §1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va- sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
alheio: §2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú-
§1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora blicos:
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Corrupção passiva
Peculato culposo Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
§2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
outrem: mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
Pena - detenção, de três meses a um ano. vantagem:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é §1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
posterior, reduz de metade a pena imposta. vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Peculato mediante erro de outrem §2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in-
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: fluência de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Inserção de dados falsos em sistema de informações Facilitação de contrabando ou descaminho


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser- Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- contrabando ou descaminho (art. 334):
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano: Prevaricação
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in- zer interesse ou sentimento pessoal:
formações Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor-
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação Art. 319-A.Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente públi-
de autoridade competente: co, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho tele-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. fônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a presos ou com o ambiente externo:
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi- Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
nistração Pública ou para o administrado. Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa-
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou autoridade competente:
parcialmente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
crime mais grave. Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas perante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun-
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da cionário:
estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Violência arbitrária Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretex- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
to de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor- Resistência
respondente à violência. Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
Abandono de função esteja prestando auxílio:
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
em lei: §1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - reclusão, de um a três anos.
§1º - Se do fato resulta prejuízo público: §2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. respondentes à violência.
§2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
teira: Desobediência
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- Desacato
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, ou em razão dela:
substituído ou suspenso: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Tráfico de Influência
Violação de sigilo funcional Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
não constitui crime mais grave. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
§1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcio-
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em- nário.
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Corrupção ativa
Administração Pública; Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
§2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Públi- de ofício:
ca ou a outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em ra-
zão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
Violação do sigilo de proposta de concorrência de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi-
ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Descaminho
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 334.Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mer-
Funcionário público cadoria
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce §1ºIncorre na mesma pena quem:
cargo, emprego ou função pública. I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
§1º- Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em- em lei;
prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
execução de atividade típica da Administração Pública. forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativida-
§2º- A pena será aumentada da terça parte quando os autores de comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulenta-
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da mente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no terri-
administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi- tório nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
ca ou fundação instituída pelo poder público. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de pro-
CAPÍTULO II cedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou
DOS CRIMES PRATICADOS POR acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL §2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mer-
Usurpação de função pública cadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: §3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é pra-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. ticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Contrabando §1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, de-
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: clara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. as informações devidas à previdência social, na forma definida em
§1º Incorre na mesma pena quem: lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; §2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- desde que:
tente; I - (VETADO)
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira desti- II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
nada à exportação; igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de execuções fiscais.
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- §3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
sileira; gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida aplicar apenas a de multa.
pela lei brasileira. §4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado
§2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos des- nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios
te artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de da previdência social.
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é CAPÍTULO II-A
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, Corrupção ativa em transação comercial internacional
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro- Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da cio relacionado à transação comercial internacional:
pena correspondente à violência. Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangei-
ro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
O artigo 335 foi revogado tacitamente pela os artigos 90, funcional.
93,95,96 e 98 da Lei de Licitação (Lei nº. 8.666/93)
Tráfico de influência em transação comercial internacional
Inutilização de edital ou de sinal Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur- trem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta-
car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti- gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: comercial internacional:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
Subtração ou inutilização de livro ou documento alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro ofi- estrangeiro.
cial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em
razão de ofício, ou de particular em serviço público: Funcionário público estrangeiro
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para
crime mais grave. os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remu-
neração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades es-
Sonegação de contribuição previdenciária tatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro.
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá- Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro
ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas,
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangei-
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados ro ou em organizações públicas internacionais.
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da conta-
bilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
contribuições sociais previdenciárias:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO II-B Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, lici-
DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATI- tação ou contrato dela decorrente, mediante: (Incluído pela Lei nº
VOS 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com quali-
dade ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos ins-
Contratação direta ilegal (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) trumentos contratuais; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação di- II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria
reta fora das hipóteses previstas em lei: (Incluído pela Lei nº 14.133, falsificada, deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de
de 2021) validade vencido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído III - entrega de uma mercadoria por outra; (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 14.133, de 2021) 14.133, de 2021)
Frustração do caráter competitivo de licitação (Incluído pela IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mer-
Lei nº 14.133, de 2021) cadoria ou do serviço fornecido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou 2021)
para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da li- V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais
citação, o caráter competitivo do processo licitatório: (Incluído pela onerosa para a Administração Pública a proposta ou a execução do
Lei nº 14.133, de 2021) contrato: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Patrocínio de contratação indevida (Incluído pela Lei nº
Contratação inidônea (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
14.133, de 2021)
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declara-
Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse priva-
do perante a Administração Pública, dando causa à instauração de do inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser de- Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
cretada pelo Poder Judiciário: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (In- § 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado
cluído pela Lei nº 14.133, de 2021) inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Modificação ou pagamento irregular em contrato administra- Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa. (Inclu-
tivo (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) ído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- § 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que,
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor declarado inidôneo, venha a participar de licitação e, na mesma
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a
Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licita- contratar com a Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 14.133,
ção ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar de 2021)
fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade: Impedimento indevido (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscri-
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. ção de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de re-
Perturbação de processo licitatório (Incluído pela Lei nº gistro do inscrito: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
14.133, de 2021) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (In-
Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qual- cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
quer ato de processo licitatório: (Incluído pela Lei nº 14.133, de Omissão grave de dado ou de informação por projetista (In-
2021) cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (In- Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pú-
cluído pela Lei nº 14.133, de 2021) blica levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante
Violação de sigilo em licitação (Incluído pela Lei nº 14.133, dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo
de 2021)
da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vanta-
Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em pro-
josa para a Administração Pública, em contratação para a elabora-
cesso licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
ção de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse: (In-
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa. (Inclu-
ído pela Lei nº 14.133, de 2021) cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Afastamento de licitante (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (In-
Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de vio- cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de § 1º Consideram-se condição de contorno as informações e os
qualquer tipo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) levantamentos suficientes e necessários para a definição da solu-
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além ção de projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos son-
da pena correspondente à violência. (Incluído pela Lei nº 14.133, dagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais e
de 2021) demais elementos ambientais impactantes, considerados requisitos
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a elabo-
desiste de licitar em razão de vantagem oferecida. (Incluído pela Lei ração de projetos. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
nº 14.133, de 2021) § 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto
Fraude em licitação ou contrato (Incluído pela Lei nº 14.133, ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em dobro a pena pre-
de 2021) vista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)

27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos nes- Coação no curso do processo
te Capítulo seguirá a metodologia de cálculo prevista neste Código Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
licitado ou celebrado com contratação direta. (Incluído pela Lei nº qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
14.133, de 2021) processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
CAPÍTULO III correspondente à violência.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Exercício arbitrário das próprias razões
Reingresso de estrangeiro expulso Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pre-
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que tensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
dele foi expulso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova pena correspondente à violência.
expulsão após o cumprimento da pena. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.
Denunciação caluniosa Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou conven-
processo judicial, instauração de investigação administrativa, in- ção:
quérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Fraude processual
§1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo ci-
de anonimato ou de nome suposto. vil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com
§2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prá- o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
tica de contravenção. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em
Comunicação falsa de crime ou de contravenção processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em do-
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a bro.
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter veri-
ficado: Favorecimento pessoal
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Auto-acusação falsa Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente §1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
ou praticado por outrem: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. §2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, côn-
juge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade Favorecimento real
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em pro- Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou
cesso judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo ar- de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do cri-
bitral: me:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime
é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter Art. 349-A.Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar
prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em proces- a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio
so civil em que for parte entidade da administração pública direta ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
ou indireta. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no proces-
so em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019)
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen- Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: presa ou submetida a medida de segurança detentiva:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um ter- §1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma
ço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois
produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for a seis anos.
parte entidade da administração pública direta ou indireta. §2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se tam-
bém a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou
o internado.

28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia CAPÍTULO IV
ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
ou multa.
Contratação de operação de crédito
Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito,
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo interno ou externo, sem prévia autorização legislativa:
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
contra a pessoa: Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena corres- ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
pondente à violência. I - com inobservância de limite, condição ou montante estabe-
lecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
Arrebatamento de preso II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limi-
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de te máximo autorizado por lei.
quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspon- Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar
dente à violência. Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar,
de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que ex-
Motim de presos ceda limite estabelecido em lei:
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
ciplina da prisão:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor- Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legis-
respondente à violência. latura
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
Patrocínio infiel dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatu-
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o de- ra, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
ver profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não te-
lhe é confiado: nha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Patrocínio simultâneo ou tergiversação Ordenação de despesa não autorizada


Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou
sucessivamente, partes contrárias.
Prestação de garantia graciosa
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir
valor da garantia prestada, na forma da lei:
autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
qualidade de advogado ou procurador:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Não cancelamento de restos a pagar
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o
Exploração de prestígio cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su-
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti- perior ao permitido em lei:
lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes-
temunha: Aumento de despesa total com pessoal no último ano do man-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. dato ou legislatura
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete au-
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se des- mento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias ante-
tina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. riores ao final do mandato ou da legislatura
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Violência ou fraude em arrematação judicial
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; Oferta pública ou colocação de títulos no mercado
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em
pena correspondente à violência. sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de
direito
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

29
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
3) Participação:partícipe é aquele que contribui para o crime
CONCURSO DE PESSOAS sem realizar, no entanto, os elementos do tipo penal. Trata-se de
uma atividade acessória da autoria. Ex: aquele que leva a vítima ao
O concurso de pessoas, também conhecido por concurso de local onde o autor vai matá-la, ou ainda quem ajuda o autor a fugir.
agentes, nada mais é que a união duas ou mais pessoas para o fim
específico de cometer o mesmo crime. Para a sua configuração bas- Teoria da Participação
ta que duas ou mais pessoas concorram para a prática delituosa,
não sendo necessária a identificação dos corréus. a)Teoria da acessoriedade mínima: defende que para a partici-
pação só será punível, se a conduta principal for típica.
Requisitos do Concurso de Pessoas b)Teoria da acessoriedade limitada: defende que para a par-
ticipação só será punível, se a conduta principal for típica e ilícita.
- Pluralidade de agentes e de condutas: necessário se faz a c)Teoria da acessoriedade máxima ou extrema:defende que
presença de mais de uma pessoa e consequentemente de mais de para a participação só será punível, se a conduta principal for típica,
uma conduta, visando o mesmo resultado. ilícita e culpável.
- Relevância causal da conduta: as várias condutas realizadas d)Teoria da hiperacessoriedade: defende que para a participa-
devem contribuir para a realização do crime. ção só será punível, se a conduta principal for típica, ilícita e culpá-
- Vínculo Subjetivo entre os agentes (Liame Subjetivo): deve vel e punível.
haver um vínculo psicológico entre os agentes, ou seja, os agentes
devem ter consciência e vontade de praticar o mesmo crime. Deve A doutrina majoritária defende a adoção da Teoria da Acesso-
haver unidade de propósitos entre os agentes. riedade Limitada, que dispõe que a participação só será punível se
- Identidade de Infração Penal: todos devem atuar para o co- a conduta principal for típica e ilícita.
metimento do mesmo crime. Ainda que sejam várias as condutas, Nesse sentido, considerando a conduta do partícipe como
todas devem visar o cometimento do mesmo crime. acessória, o partícipe deve responder pela conduta principal, na
medida de sua culpabilidade.
Ausente qualquer um dos requisitos, não há que se falar em
concurso de pessoas Participação Moral e Material

Espécies de Concursos de Pessoas: Na participação moral o partícipe motiva, instiga ou induz o


agente a praticar o crime. Ele não contribui materialmente para a
O concurso de pessoas pode ser eventual ou necessário. prática do delito, apenas promove uma intervenção moral na situ-
a) Eventual: a descrição do tipo penal não exige a pluralida- ação.
de de agentes. Os delitos de concurso eventual são aqueles que Já na participação material, o partícipe contribui prestando au-
podem ser praticados por apenas um agente, mas eventualmente xílio material para a prática do crime, como por exemplo, fornecen-
praticados por vários. (Crimes Unissubjetivos) do objetos, ajudando na fuga, etc.
b) Necessário: quando o tipo penal exige a pluralidade de
agentes. (Crimes plurissubjetivos). Ex. rixa; bigamia. Participação de menor importância

Autoria, Coautoria e Participação Ocorre quando o partícipe promove uma participação irrele-
vante na realização do delito. Embora concorra para o crime, sua
1) Autoria: autor é quem pratica a figura típica do delito. A au- participação é considerada secundária e não decisiva para a concre-
toria pode ser: tização do mesmo.
a) Direta ou Imediata:quando o sujeito da conduta, por si só, Ou seja, quando a participação contribui minimamente para a
realiza o tipo penal. Não há influência de terceiros. realização do resultado. Neste caso haverá uma redução de pena,
b) Indireta ou Mediata: quando o autor se utiliza de um tercei- sendo que a pena do partícipe poderá ser reduzida de um sexto a
ro, como instrumento para a prática do delito. Ex: médico que se um terço. (Art.29, §1º, CP).
utiliza da enfermeira para injetar medicamente letal em seu inimigo
que esta hospitalizado. Participação dolosamente diversa
c)Colateral: quando várias pessoas executam um fato, sem vín-
culo subjetivo entre elas. Não há que se falar em coautoria, visto Configura-se quando ocorre o chamado desvio subjetivo de
que ações são autônomas. Ex: policiais que atiram contra mesma conduta ou cooperação dolosamente distinta. Nada mais é que a
vítima, sem nenhuma combinação anterior. Neste caso, cada um divergência de vontades e condutas realizadas pelo autor e pelo
responderá por seu resultado. partícipe.
Quando não for possível a identificação da autoria, estaremos Ex.: Quando autor e partícipe combinam a realização do crime
diante da autoria incerta e todos responderão por tentativa de ho- de furto e chegando no local, um deles decide usar de violência,
micídio, ainda que a vítima tenha falecido. tornando o crime de furto um crime de roubo.
d) Ignorada: quando não é possível a identificação do autor. Di- Neste caso, quando o resultado mais grave não era previsível,
fere-se da autoria incerta pois nesta ao autores são conhecidos, não o concorrente que quis participar apenas do crime menos grave,
sendo possível apenas identificar qual produziu a conduta lesiva. receberá a pena deste. Já se o resultado mais grave era previsível, o
agente responderá pelo mais grave e ainda a pena será aumentada
2) Coautoria:coautor é aquele que, em conjunto com o autor, até a metade.(Art.29, §2º, CP).
executa a figura típica do delito. Neste caso há divisão de funções
para a execução do crime. Ex: ladrões que se reúnem para roubar
um banco.

30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Teorias do Concurso de Pessoas b)As circunstâncias objetivas (não pessoais) se comunicam,
desde que o outro autor delas tenha o prévio conhecimento. Ex:
a) Teoria Monista ou Unitária:o Código Penal, em seu artigo “A” contrata um pistoleiro para matar “B”. O pistoleiro avisa a “A”
29, caput, ao tratar do concurso de pessoas, adotou a Teoria Mo- que usará de meio cruel para praticar o delito. Neste caso, ambos
nista ou Unitária, que dispõe que todos os coautores e participes respondem pela qualificadora do art. 121, §2º, III do CP.
respondem por um único crime. c)As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou
b) Teoria Dualista:dispõe que os coautores respondem por um subjetivas.
crime e os partícipes respondem por outro.
c) Teoria Pluralista: dispõe que a pluralidade de agentes cor- O concurso de pessoas está regulamentado no Título IV, da Par-
responde a uma diversidade de condutas e por conseguinte, a uma te Geral do Código Penal, mais precisamente nos artigos 29 a 31,
pluralidade de delitos. Assim, cada participante comete um crime vejamos:
próprio e responderá por ele.
O §2ª do artigo 29 do Código Penal, adota esta teoria como PARTE GERAL
exceção à Teoria Monista ou Unitária. TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Comunicabilidade de circunstâncias e elementares
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
O art. 30 do CP dispõe que não se comunicam as circunstâncias nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
e condições de caráter pessoal, salvo se elementares. Para melhor § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode
compreensão, vamos aos conceitos: ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime me-
Circunstâncias e Elementares nos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumen-
tada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
As circunstâncias são os dados/fatos ou elementos acessórios grave.
do crime, que não interferem na caracterização e existência do tipo Circunstâncias incomunicáveis
penal, apenas influem na aplicação e graduação da pena que será Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
imposta. Ex. agravantes e atenuantes genéricas, causas de aumento caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
e diminuição de pena, etc.
Por sua vez, elementares são os fatos/elementos que interfe- Casos de impunibilidade
rem na caracterização do delito, ou seja, são características próprias Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
e fundamentais do delito, sem as quais não restaria a conduta in- salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
criminadora (atipicidade absoluta) ou haveria uma conduta diversa não chega, pelo menos, a ser tentado.
(desclassificação para outro tipo penal). Ex. a violência é elementar
do crime de roubo, sem ela a conduta seria furto.
EXERCICIOS
As circunstâncias e as elementares podem ser de caráter pesso-
al (subjetivas) ou objetivas: 1. (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP/2018) Prescreve
-Caráter pessoal (subjetivas): dizem respeito a pessoa do parti- o art. 327 do CP: “considera-se funcionário público, para os efei-
cipante e não a materialidade do delito. São as características pró- tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
prias e individuais dos agentes. Ex. Estado civil; parentesco, antece- exerce cargo, emprego ou função pública. ”
dentes etc. Tal norma traduz exemplo de interpretação
- Objetivas: dizem respeito aos aspectos objetivos do crime, ou (A) científica.
seja, dizem respeito aos fatos e não as condições pessoais do autor. (B) autêntica.
São elas: tempo, lugar, modo de execução (emboscada, emprego (C) extensiva.
de veneno). (D) doutrinária.
(E) analógica
Regras
Com relação a comunicabilidade das circunstâncias e das ele- 2. (PC/BA – Escrivão de Polícia – CESPE/2018) O Código Penal
mentares, as regras são as seguintes: estabelece como hipótese de qualificação do homicídio o come-
timento do ato com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
a)As circunstâncias subjetivas ou de caráter pessoal não se co- tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
municam. Ex: reincidência do autor não se comunica ao partícipe. perigo comum. Esse dispositivo legal é exemplo de interpretação
Exceção: quando a condição pessoal for elementar do crime, (A) analógica.
ou seja, integrar a descrição do tipo penal, ela poderá se comunicar. (B) teleológica.
Ex. a condição pessoal funcionário público, integra a descrição do (C) restritiva.
artigo 312 do CP, e é uma elementar do crime. (D) progressiva.
Neste caso, se o coautor ou partícipe de um delito de peculato (E) autêntica.
não for funcionário público, mas tiver ciência de que está em con-
curso de pessoas com um funcionário público, responderá também
pelo delito de peculato, pois a circunstância de caráter pessoal nes-
te caso irá se comunicar a ele.

31
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
3. (TJ/AL - Juiz Substituto - FCC/2019) Estão certos apenas os itens
No que toca à classificação doutrinária dos crimes, (A) I e II.
(A) é imprescindível a ocorrência de resultado naturalístico (B) I e IV.
para a consumação dos delitos materiais e formais. (C) II e V.
(B) é normativa a relação de causalidade nos crimes omissivos (D) III e IV.
impróprios ou comissivos por omissão, prescindindo de resul- (E) III e V.
tado naturalístico para a sua consumação.
(C) os crimes unissubsistentes são aqueles em que há iter crimi- 7. (PC/ES - Assistente Social - Instituto AOCP/2019) O crime de
nis e o comportamento criminoso pode ser cindido. homicídio, art. 121 do Código Penal, é classificado doutrinariamen-
(D) os crimes omissivos próprios dependem de resultado natu- te como um crime
ralístico para a sua consumação. (A) de dano, material e instantâneo de efeitos permanentes.
(E) os crimes comissivos são aqueles que requerem comporta- (B) vago, permanente e multitudinário.
mento positivo, independendo de resultado naturalístico para (C) próprio, de perigo e exaurido.
a sua consumação, se formais. (D) comum, forma livre e concurso necessário de agentes.
(E) de mão própria, habitual e de forma vinculada.
4. (PC/ES - Assistente Social - Instituto AOCP/2019)Em alguns
casos, o crime exige uma condição especial do sujeito ativo, poden- 8. (Polícia Científica/PR -Odontolegista - IBFC/2017)Considere
do ser classificado em crimes comuns, próprios, de mão própria, as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e ao Direito Processual
bi próprios, etc. Referente ao tema, assinale a alternativa correta. Penal para assinalar a alternativa correta sobre as espécies de in-
(A) Crime próprio pode ser praticado por qualquer pessoa, não fração penal.
sendo exigida uma condição ou qualidade especial do sujeito (A) Crime e contravenção penal são sinônimos
ativo. (B) No caso de contravenção penal, admitem-se penas de re-
(B) Crimes funcionais são crimes praticados por funcionários clusão e detenção, enquanto que, para os crimes, admite-se
públicos contra a administração. Esses crimes admitem a coau- prisão simples
toria e a participação de terceiros, podendo esse terceiro ser (C) No caso de crime, admitem-se penas de reclusão e deten-
funcionário público ou não. ção, enquanto que, para as contravenções penais, admite-se
(C) O crime de falso testemunho é considerado um crime pró- prisão simples.
prio, podendo ser praticado por qualquer pessoa, portanto a lei (D) No caso de contravenção penal, admite-se pena de reclu-
não exige uma qualidade especial do sujeito ativo. são, enquanto que, para os crimes, admite-se detenção
(D) O sujeito ativo pode ser tanto quem realiza o verbo típico (E) No caso de contravenção penal, admite-se pena de deten-
ou possui o domínio finalista do fato como quem, de qualquer ção, enquanto que, para os crimes, admite-se reclusão.
outra forma, concorre para o crime, sendo representado ape-
nas pelo autor e coautor. 9. (SEJUC/RN- Agente Penitenciário - IDECAN/2017)Majorita-
(E) O sujeito ativo, para poder ser responsabilizado, será pessoa riamente entende-se que, de acordo com o conceito analítico, cri-
física, não podendo ser pessoa jurídica conforme determina a me é um:
Constituição Federal. (A) Fato típico e antijurídico.
(B) Fato antijurídico e culpável.
5. (SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - CES- (C) Fato típico, antijurídico e culpável.
PE/2018)O único tipo de crime que se consuma com a ocorrência (D) Fato típico, antijurídico, culpável e punível.
do resultado naturalístico é o crime
(A) material. 10. (PC/SC - Escrivão de Polícia - FEPESE/2017) É correto afir-
(B) de mera conduta. mar sobre a infração penal:
(C) formal. (A) A infração penal somente poderá ser cometida por pessoa
(D) omissivo próprio. física.
(E) habitual. (B) O Estado sempre será sujeito passivo formal de um crime.
(C) Apenas os bens materiais poderão ser objeto de infração
6. (DPE/PE - Defensor Público - CESPE/2018) Com relação à penal.
classificação dos crimes, julgue os itens a seguir. (D) A infração penal não poderá ser praticada de forma isolada
I - Denomina-se crime plurissubsistente o crime cometido por por um agente.
vários agentes. (E) O sujeito ativo de uma infração penal é o titular do bem
II - Se o sujeito fizer tudo o que está ao seu alcance para a con- jurídico lesado.
sumação do crime, mas o resultado não ocorrer por circunstâncias
alheias à sua vontade, configura-se crime falho. 11. (CRO/DF - Fiscal I -Quadrix/2020) À luz do Código Penal
III - Havendo, em razão do tipo, dois sujeitos passivos, o crime brasileiro, julgue o item.
é denominado vago. O crime de lesão corporal só admite a modalidade dolosa.
IV - Crime habitual cometido com ânimo de lucro é denomina- ( ) Certo
do crime a prazo. ( ) Errado
V - Crime praticado por intermédio de automóvel é denomina-
do delito de circulação. 12. (CRO/DF - Fiscal I -Quadrix/2020)À luz do Código Penal bra-
sileiro, julgue o item.
A calúnia ocorre quando alguém imputa falsamente a outrem
fato definido como crime.
( ) Certo
( ) Errado

32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
13. (Pref. de Viana/ES - Guarda Municipal - CONSULPAM/2019) 19. (DPE/DF - Defensor Público - CESPE/2019)Acerca da ação
O homicídio (artigo 121 do Código Penal) será qualificado se come- penal, das causas extintivas da punibilidade e da prescrição, julgue
tido, EXCETO: o seguinte item.
(A) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injus- A concessão do perdão judicial nos casos previstos em lei é
ta provocação da vítima. causa extintiva da punibilidade do crime, não subsistindo qualquer
(B) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro efeito condenatório, salvo para fins de reincidência.
motivo torpe. ( ) Certo
(C) Por motivo fútil. ( ) Errado
(D) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime. 20. (PC/MA - Perito Criminal - CESPE/2018) Mário, ao envol-
ver-se em uma briga, lesionou Júlio.
14. (Pref. de Campinas/SP - Guarda Municipal - VUNESP/2019) Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal
Segundo o Código Penal, quando o crime de homicídio é culposo, de natureza grave se tiver
(A) a pena prevista é maior do que a do homicídio doloso. (A) provocado em Júlio debilidade permanente de função,
(B) não será admitido agravante de aumento de pena. como, por exemplo, a redução da capacidade mastigatória pela
(C) o agente ficará, necessariamente, sujeito à pena de reclu- perda dentária.
são. (B) ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe di-
(D) o agente poderá ficar isento de pena se agir para compen- versas escoriações no corpo.
sar os familiares da vítima. (C) causado a morte de Júlio, ainda que em circunstâncias que
(E) o juiz poderá deixar de aplicar a pena em hipótese deter- evidenciem que Mário não queria matá-lo.
minada. (D) causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem
que Mário assumiu o risco de produzir o resultado.
15. (DPE/DF - Defensor Público - CESPE/2019)Com relação aos (E) provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habitu-
delitos tipificados na parte especial do Código Penal, julgue o item ais, como, por exemplo, o trabalho e o estudo, por quinze dias.
subsecutivo.
A circunstância do descumprimento de medida protetiva de 21. (EBSERH - Advogado - VUNESP/2020) O crime de roubo
urgência imposta ao agressor, consistente na proibição de aproxi- tem pena aumentada (CP, art. 157, § 2° e 2° A) se
mação da vítima, constitui causa de aumento de pena no delito de (A) o bem subtraído é de propriedade de ente público Munici-
feminicídio. pal, Estadual ou Federal.
( ) Certo (B) a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
( )Errado conhece tal circunstância.
(C) praticado em transporte público ou coletivo.
16. (CRO/AM - Assistente Administrativo -Quadrix/2019) Con- (D) cometido por quem, embora transitoriamente ou sem re-
forme o Código Penal, julgue o item muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
É considerada como lesão de natureza média a que resultar em (E) cometido por quem for ocupante de cargos em comissão ou
debilidade permanente de membro, sentido ou função. de função de direção ou assessoramento de órgão de empresa
( ) Certo pública.
( ) Errado
22. (MPE/CE - Analista Ministerial - CESPE/2020) Acerca dos
17. (Pref. de São José do Rio Preto/SP - Procurador do Mu- princípios aplicáveis ao direito penal e das disposições gerais acerca
nicípio - VUNESP/2019)No que concerne à retratação nos crimes dos crimes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e contra
contra a honra, tema tratado no art. 143 do CP, assinale a alterna- a administração pública, julgue o item a seguir.
tiva correta. Situação hipotética: Maria, de sessenta e oito anos de idade, e
(A) Apenas a injúria admite-a. Teresa, de cinquenta e quatro anos de idade, são irmãs e residem
(B) Apenas a calúnia e a injúria admitem-na. no mesmo endereço. Na ocasião de uma festividade familiar, Teresa
(C) Apenas a calúnia e a difamação admitem-na. se aproveitou de um descuido de Maria e acabou por subtrair-lhe a
(D) Todos os crimes contra a honra admitem-na, mas apenas bolsa. Assertiva: Nos termos do Código Penal, o processamento do
até o oferecimento da denúncia. crime de furto praticado por Teresa dependerá de representação
(E) Nenhum dos crimes contra a honra admitem-na. de Maria.
( ) Certo
18. (PC/ES - Escrivão de Polícia - Instituto AOCP/2019)No to- ( ) Errado
cante aos crimes contra a vida, é circunstância qualificadora do cri-
me 23. (Pref. de Boa Vista/RR - Guarda Civil Municipal - SELE-
(A) a reincidência. CON/2020) Towarde Lennon é considerado culpado pela prática do
(B) ser contra mulher por razões da condição de sexo feminino. crime de roubo capitulado no Código Penal. Nos termos das normas
(C) o abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, aplicáveis, sua pena será acrescida de dois terços quando:
ofício, ministério ou profissão. (A) houver o concurso de duas pessoas
(D) ser contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. (B) a vítima permanecer em poder do acusado
(E) o estado de embriaguez preordenada. (C) a subtração for de explosivos
(D) a violência é exercida com arma de fogo

33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
24. (Pref. de Campinas/SP - Guarda Municipal - VUNESP/2019) 29. (PC/ES - Investigador- Instituto AOCP/2019) Em relação
O crime de subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, me- aos crimes contra o patrimônio, assinale a alternativa correta.
diante concurso de duas ou mais pessoas, é tipificado pelo Código (A) É isento de pena o agente que pratica o crime de roubo con-
Penal como tra seu cônjuge, na constância da sociedade conjugal.
(A) roubo qualificado. (B) É isento de pena o agente que pratica o crime de furto em
(B) furto qualificado. prejuízo de seu cônjuge, que possui 50 anos de idade, na cons-
(C) estelionato. tância da sociedade conjugal.
(D) furto simples. (C) A pena do delito de receptação é reduzida de um a dois
(E) roubo simples. terços se o crime for praticado contra descendente, seja o pa-
rentesco legítimo ou ilegítimo.
25. (SEAP/GO - Agente de Segurança Prisional - IADES/2019) (D) A pena do delito de furto é aumentada de um terço se o
E. L. P. pegou o carro de M. A. V., com devida anuência, para limpeza crime for praticado em prejuízo do cônjuge, na constância da
no lava a jato. Após a lavagem, E. L. P. decidiu não mais devolver o sociedade conjugal.
carro e sumiu. Com base nessa situação hipotética, assinale a alter- (E) É isento de pena quem pratica o crime de extorsão em pre-
nativa que indica o crime praticado por E. L. P. juízo do cônjuge judicialmente separado.
(A) Furto qualificado pela fraude
(B) Apropriação indébita 30. (PC/ES - Investigador -Instituto AOCP/2019) Considerando
(C) Estelionato o que dispõe o Código Penal, o crime de dano é qualificado se co-
(D) Furto simples metido
(E) Roubo simples (A) durante o repouso noturno.
(B) mediante concurso de duas ou mais pessoas.
26. (Pref. São José dos Campos/SP - Procurador - VU- (C) com destreza.
NESP/2019) É qualificado, se cometido contra o patrimônio do Mu- (D) com escalada.
nicípio, o crime de (E) por motivo egoístico.
(A) furto (CP, art. 155, § 4º ).
(B) usurpação de águas (CP, art. 161, I). 31. (Pref. de Linhares/ES - Monitor de Educação Infantil - IBA-
(C) esbulho possessório (CP, art. 161, II). DE/2020) O funcionário X deixou de praticar, indevidamente, um
(D) dano (CP, art. 163). ato de ofício, com o fim de satisfazer um sentimento pessoal. Com
(E) apropriação indébita (CP, art. 168). essa conduta, o funcionário X:
(A) não praticou nenhuma ilegalidade
27. (Pref. de Olímpia/SP - Guarda Civil Municipal - VU- (B) praticou ato ilícito ambiental.
NESP/2019) Considere o seguinte caso hipotético: “A” constrange (C) praticou crime de peculato.
alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de (D) praticou crime de prevaricação.
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, (E) praticou crime de furto.
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
Nos termos do Código Penal, “A” 32. (Pref. de Itajaí/SC - Assistente Jurídico - FEPESE/2020)
(A) responderá pelo crime de extorsão. De acordo com a legislação penal, caracteriza-se como crime de
(B) responderá pelo crime de furto qualificado. peculato:
(C) responderá pelo crime de apropriação indébita. (A) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,
(D) responderá pelo crime de roubo. ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer
(E) não responderá por qualquer crime. interesse ou sentimento pessoal.
(B) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado pe-
28. (Pref. de Salvador/BA - Guarda Civil - FGV/2019) Carlos, rante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun-
guarda municipal, durante seu horário de trabalho, verifica que Jo- cionário.
ana, declarando-se vendedora de roupas, aproxima-se de Marta e (C) Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ain-
passa a lhe mostrar as saias que teria para venda. da que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
Enquanto Marta analisava as roupas apresentadas, Joana, dela, vantagem indevida.
aproveitando-se da situação criada, pega o telefone celular de Mar- (D) Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
ta, que estava em cima do banco. Em seguida, Joana tenta deixar o qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
local dos fatos, levando o telefone e as saias, pois, na verdade, não a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
era vendedora, mas vem a ser presa em flagrante por Carlos. ou alheio.
Encaminhada à Delegacia e confirmados os fatos, Joana deverá (E) Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indire-
ser r esponsabilizada pelo crime de tamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
(A) furto simples. em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
(B) furto mediante fraude. vantagem.
(C) estelionato simples.
(D) apropriação indébita simples.
(E) apropriação indébita majorada pela fraude.

34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
33. (Pref. de Itajaí/SC - Assistente Jurídico - FEPESE/2020) 37. À luz do entendimento doutrinário dominante, assinale a
Conforme disposto na legislação penal brasileira, “oferecer ou pro- opção correta no que concerne ao concurso de pessoas.
meter vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo (A) Não há impedimento jurídico ao reconhecimento da co-au-
a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”, qualifica o crime de: toria em crime culposo, pois os que de qualquer modo cola-
(A) desacato. boram para a ocorrência do resultado praticam, sempre, ato
(B) prevaricação. de execução culposo, incidindo nas mesmas penas ao delito
(C) corrupção ativa. cominadas.
(D) corrupção passiva. (B) Para a existência do concurso de pessoas, é necessário o
(E) usurpação de função pública. ajuste prévio ou concomitante com o crime por parte dos agen-
tes. A simples consciência de estar contribuindo para a ação
34. (MPE/CE - Técnico Ministerial - CESPE/2020) Ana, servido- delituosa não cria o vínculo subjetivo que dá ao delito o caráter
ra do MP/CE, aproveitou-se do acesso que sua função pública lhe único.
permitia para se apropriar de valores do órgão. Durante o inqué- (C) Considere a seguinte situação hipotética. Abel e Bruno, me-
rito policial, preocupada com eventual condenação, Ana ofereceu diante prévio ajuste, adentraram em uma casa para a prática
vantagem pecuniária a uma amiga que não exerce função pública, de um furto, todavia, após serem surpreendidos pelo dono da
para prestar depoimento falso em seu favor, a qual assim o fez. casa, Abel foi preso em flagrante e Bruno evadiu-se levando
Nessa situação hipotética, consigo parte dos objetos subtraídos. Nessa situação, Abel res-
A conduta de Ana ao oferecer dinheiro para que a amiga men- ponderá por furto tentado, enquanto Bruno responderá por
tisse não caracteriza crime de corrupção ativa. furto consumado.
( ) Certo (D) Na autoria mediata, há concurso de pessoas entre o autor
( ) Errado mediato, responsável pelo crime, e o executor material do de-
lito, como no caso do inimputável por doença mental que é
35. (TJ/RS - Oficial de Justiça - FGV/2020) A respeito dos crimes induzido a cometer um fato descrito em lei como crime.
praticados por funcionário público contra a Administração Pública, (E) O ajuste, a determinação, a instigação ou o auxílio são sem-
é correto afirmar que: pre puníveis sob a forma de participação, mesmo que o delito
(A) no crime de concussão, o funcionário público solicita a van- não chegue à fase de execução.
tagem indevida à vítima;
(B) na corrupção passiva, o funcionário público sempre toma a 38. Antônio chama seu “capanga” Marcelo e determina que
iniciativa de propor o pagamento da vantagem ilícita; mate seu desafeto Mário. Marcelo se arma com uma clava, escon-
(C) no crime de advocacia administrativa, o funcionário públi- de-se atrás de uma árvore, mas, no momento em que Mário passa,
co patrocina interesse próprio e ilícito perante a administração não tem coragem de golpeá-lo e desiste. Diante disso, Antônio
pública; (A) responderá por tentativa de homicídio, em coautoria, com
(D) responde por prevaricação, e não corrupção passiva, o fun- pena atenuada pela ocorrência de arrependimento posterior.
cionário público que deixa de praticar ato de ofício sem ser re- (B) responderá por tentativa de homicídio, em coautoria.
munerado, atendendo a pedido de outra pessoa; (C) responderá por crime de favorecimento pessoal.
(E) no crime de inserção de dados falsos em sistema de infor- (D) não responderá por crime algum, pois Marcelo não chegou
mação, o funcionário público autorizado exclui ou altera dados a dar início à execução do homicídio.
corretos nos sistemas informatizados ou em banco de dados da (E) responderá, em co-autoria, por posse ilegal de arma branca.
Administração Pública.
39. No tema de falsidade documental, pode-se dizer que
36. (TJ/RS - Oficial de Justiça - FGV/2020) Ao receber a intima- (A) a lei veda a substituição da pena privativa de liberdade por
ção para efetuar pagamento decorrente de condenação judicial, o restritiva de direitos, no caso de condenação por falsificação de
réu, pessoa de baixa instrução, entrega o valor pertinente ao oficial documento público.
de justiça Roberto, que o utiliza para o pagamento de uma dívida (B) em se tratando de falsificação de assentamento do registro
própria. civil, a prescrição da pretensão punitiva começa a correr do dia
Sobre a conduta praticada por Roberto, é correto afirmar que: em que o crime se consumou.
(A) o fato é atípico porque o Código Penal não pune o chamado (C) configura falsificação de documento público, aquela que in-
peculato de uso; cide sobre nota promissória não vencida.
(B) foi cometido o crime de peculato mediante erro de outrem, (D) para a configuração do delito de uso de documento falso,
já que o oficial de justiça não colaborou para o erro do sujeito é indispensável verificar se houve proveito ao agente ou dano
passivo; efetivo.
(C) Roberto deve responder pelo crime de peculato na modali- (E) a falsificação grosseira não influi na caracterização do crime.
dade apropriação, definido no art. 312 do Código Penal;
(D) Roberto cometeu o crime de corrupção passiva porque re-
cebeu vantagem indevida em razão do cargo;
(E) não há crime devido ao exercício regular de um direito.

35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
40. Em relação aos crimes de falsificação de documento e falsi-
32 D
dade ideológica, é CORRETO afirmar que:
(A) pratica o delito de falsificação de documento particular, e 33 C
não público, aquele que falsifica nota fiscal, pois embora ela 34 CERTO
contenha requisitos exigidos pelo Poder Público, é documento
de uso particular de empresa privada. 35 E
(B) o crime de falsidade de documento estará caracterizado 36 B
mesmo se a falsificação for grosseira e sem potencialidade le-
37 A
siva.
(C) o crime de sonegação fiscal, por ser regido por lei especial, 38 D
sempre que concorrer com falsidade de qualquer espécie pre- 39 C
vista no Código Penal, não permite a absorção.
(D) pratica o crime de falsidade ideológica o acusado que, ao 40 A
ser ouvido por suspeita de crime, declara ser menor inimputá-
vel, alegação desmentida por sua certidão de nascimento.

ANOTAÇÕES
GABARITO
______________________________________________________

1 B ______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 B
5 A ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 C
9 C ______________________________________________________

10 B ______________________________________________________
11 ERRADO ______________________________________________________
12 CERTO
______________________________________________________
13 A
14 E ______________________________________________________
15 CERTO ______________________________________________________
16 ERRADI
______________________________________________________
17 C
______________________________________________________
18 B
19 ERRADO ______________________________________________________
20 A ______________________________________________________
21 B
______________________________________________________
22 ERRADO
23 D ______________________________________________________
24 B ______________________________________________________
25 B
______________________________________________________
26 D
______________________________________________________
27 A
28 B ______________________________________________________
29 B ______________________________________________________
30 E
______________________________________________________
31 D

36
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. Do inquérito policial: artigos 06 e 07 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Do exame de corpo de delito e das perícias em geral: artigos 158 a 184 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Incompatibilidade, impedimento e suspeição: artigos 112, 254 a 256 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Dos peritos e intérpretes: artigos 275 a 281 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

DO INQUÉRITO POLICIAL: ARTIGOS 06 E 07 DO EXAME DE CORPO DE DELITO E DAS PERÍCIAS EM


GERAL: ARTIGOS 158 A 184
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
TÍTULO VII
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL DA PROVA

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que Ihe CAPÍTULO II


confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓ-
DIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
LIVRO I (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.964, DE 2019)
DO PROCESSO EM GERAL
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável
TÍTULO II o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-
DO INQUÉRITO POLICIAL lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído
penal, a autoridade policial deverá: dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada
o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos pela Lei nº 13.721, de 2018)
criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos
8.862, de 28.3.1994) os procedimentos utilizados para manter e documentar a história
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes,
do fato e suas circunstâncias; para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento
IV - ouvir o ofendido; até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº
tenham ouvido a leitura; 13.964, de 2019)
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a § 2º O agente público que reconhecer um elemento como
acareações; de potencial interesse para a produção da prova pericial fica
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de delito e a quaisquer outras perícias; de 2019)
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.
antecedentes; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e 2019)
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de
seu temperamento e caráter. potencial interesse para a produção da prova pericial; (Incluído
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas pela Lei nº 13.964, de 2019)
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato
pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido 13.964, de 2019)
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição
contrarie a moralidade ou a ordem pública. na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens
ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial
produzido pelo perito responsável pelo atendimento; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido
à análise pericial, respeitando suas características e natureza;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada
vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo
com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior
análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a
coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de
o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de
temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação
suas características originais, bem como o controle de sua posse; e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) e apresentar condições ambientais que não interfiram nas
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio
referentes ao número de procedimento e unidade de polícia deverão ser protocoladas, consignando-se informações sobre a
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela
o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do Lei nº 13.964, de 2019)
vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) armazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas
características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o as ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do
resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação.
por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá
condições adequadas, do material a ser processado, guardado ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer.
para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço
Lei nº 13.964, de 2019) ou condições de armazenar determinado material, deverá a
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito
respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante do referido material em local diverso, mediante requerimento do
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão
necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.
a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
13.964, de 2019) § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
por detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
13.964, de 2019) § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela
de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte Lei nº 11.690, de 2008)
do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela
será determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº Lei nº 11.690, de 2008)
13.964, de 2019) § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo
numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
a idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
nº 13.964, de 2019) § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou
de resistência adequado e espaço para registro de informações para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e
sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar
proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) nº 11.690, de 2008)
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar
na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em
responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório
de 2019) que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma
e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação
perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente
de 2019) técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

2
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações
descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências
aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela
de 28.3.1994) Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre
excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas,
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento
qualquer dia e a qualquer hora. de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada,
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido
julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão o fato praticado.
no auto. Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do
simples exame externo do cadáver, quando não houver infração crime.
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos
a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos
a verificação de alguma circunstância relevante. autos e dos que resultarem de diligências.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e
autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu
circunstanciado. valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular fato.
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por
recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será
às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. intimada para o ato, se for encontrada;
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos
em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) houver dúvida;
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame,
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver retirados;
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em
de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória,
e indicações. em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e escrever.
autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
para a identificação do cadáver. para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por eficiência.
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos
suprir-lhe a falta. até o ato da diligência.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos
pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação
privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo
por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou
juiz deprecante.
a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado,
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão
ou de seu defensor.
transcritos na precatória.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela
de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito
laudo assinado pelos peritos.
no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o
decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela exame, também pela autoridade.
prova testemunhal. Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo,
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas
praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente folhas por todos os peritos.
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão
peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um
ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a

3
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem
autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der
peritos. motivo para criá-la.
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso
de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária
mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o
laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) DOS PERITOS E INTÉRPRETES: ARTIGOS 275 A 281
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se
proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. CAPÍTULO VI
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo DOS PERITOS E INTÉRPRETES
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar- Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à
se-á o disposto no art. 19. disciplina judiciária.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a
não for necessária ao esclarecimento da verdade. aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis,
salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem
justa causa, provada imediatamente:
INCOMPATIBILIDADE, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO: a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
ARTIGOS 112, 254 A 256 b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja
TÍTULO VI feita, nos prazos estabelecidos.
DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa
causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.
CAPÍTULO III Art. 279. Não poderão ser peritos:
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada
nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal;
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou
ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se- opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido disposto sobre suspeição dos juízes.
pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados
de suspeição. aos peritos.

TÍTULO VIII
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DE-
FENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA

CAPÍTULO I
DO JUIZ

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá


ser recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim,
até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a
processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das
partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade
interessada no processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de
parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que
Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda
que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará
como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de
quem for parte no processo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Princípios Básicos da Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Atos Administrativos: conceitos, requisitos, atos ordinatórios e invalidação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Servidores Públicos Civis: deveres, direitos e responsabilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A Administração Pública também possui elementos que a com-
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
Administração pública função administrativa estatal.

Conceito — Observação importante:


Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco-
de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
agentes públicos. a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
interesses coletivos”. trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
em sentido objetivo. pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções Municípios e Distrito Federal).
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. Princípios da administração pública
Em suma, temos: De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
SUBJETIVO órgãos administrativos}. jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
SUBJETIVO agentes públicos}. dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis- pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
OBJETIVO trativa}. Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por
OBJETIVO esses entes}.
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
Existem funções na Administração Pública que são exercidas legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
viço público. observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.
uma das funções. Vejamos:
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de- Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in-
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida- tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
de ou de interesse público. legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati- dando-lhe unicidade e coerência.
va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais
em prol do interesse coletivo. Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi- expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po-
nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis- sitivados e não escritos na lei de forma expressa.
fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime
jurídico e com predominância pública. O serviço público também — Observação importante:
regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con- Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci-
cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati- tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que
va de políticas de governo. dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
plícitos.
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de
governo e desempenhar a função administrativa em favor do in- Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin-
teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda- cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis-
mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios
atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú-
público. blico e a Indisponibilidade do Interesse Público.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO dade sobre os seus atos.
os individuais.
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
Sua principal função é orientar a luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
PÚBLICO
ses da Administração Pública. intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
ser afastado.
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
em concurso público para o provimento dos cargos públicos. exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
Princípios Administrativos namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad- EC n. 19/1998.
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. São decorrentes do princípio da eficiência:
Vejamos: a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo, art. 41, § 4º da CFB/88.
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITOS, REQUISITOS,
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo ATOS ORDINATÓRIOS E INVALIDAÇÃO
art. 59 da Constituição Federal.
Conceito
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo
óticas: “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res-
aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que obrigações aos administrados ou a si própria”.
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
na objetividade. declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe- jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’ regulamentos.
No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati- administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida- Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
na Administração Pública. públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen-
tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha legitimidade por órgão jurisdicional”.
conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe- anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for-
decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen- ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos-
te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por
nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade. exemplo, bem como os atos abstratos.
Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con- análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
está associada à prestação de satisfação e informação da atuação mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
De antemão, é importante observar que, embora o exercício Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú-
da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe- blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação
cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e
de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos. liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o
Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no- controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da
mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios Polícia Federal.
legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo
todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci- o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às
da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar
exclusiva do Poder Executivo. o desempenho de suas atividades.
Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício A competência possui como fundamento do seu instituto a di-
da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú- visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con-
meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado, junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri-
desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico buição de competências possibilita a organização administrativa
de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa
emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi- política, órgão ou agente.
dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito Relativo à competência com aplicação de multa por infração à
privado e não público. legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam-
praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em
o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que
como, os entes da Administração Indireta e particulares, como é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais
acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser- da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na-
viços públicos. cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre- penalidades.
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro- dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara- a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi- da pela lei ou pela Constituição Federal.
co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
judicial específico. normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
Em suma, temos: mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade agente que possui competência primária.
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am-
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con- aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
trole judicial específico. do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên-
Atos de Direito Privado cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF),
Atos materiais órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re-
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver-
dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos
Atos políticos
Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta
Contratos na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
Atos normativos A competência possui como características:
a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos vez que se trata de um poder-dever de ambos.
b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta-
Requisitos de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo:
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência, diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a
da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá
falta ou o defeito desses elementos pode resultar.
jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em
a crimes considerados menos graves.
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan-
c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra
Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está
rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in- poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa. delegação.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente, § 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar
quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de-
estas normas poderão alterá-la. legado.
e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que
não tenha sido utilizada por muito tempo. leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so-
f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável
em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de
mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente
tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e
prática. poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega-
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação.
Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
avocação, que podem ser definidas da seguinte forma: Importante ressaltar:
a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in- Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí-
termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu-
delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar rança ou a medida judicial.
parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen-
é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior. to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não
No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi- poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada.
cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie- Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada,
rárquica. todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve-
Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri- rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
buição da autoridade delegante, que continua competente para o
exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi Seguindo temos:
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos. se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode- te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen- res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
impedimentos legais vigentes. Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
gação:
É importante conhecer a respeito da delegação de competên- • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
pondo em seus arts. 11 a 14: autoridade avocante.
• Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega-
delegação e avocação legalmente admitidos. ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não cunho de mão própria.
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
presidentes. avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribuí-
I - a edição de atos de caráter normativo; das por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
II - a decisão de recursos administrativos; tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
dade. presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
cados no meio oficial. Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
de exercício da atribuição delegada. a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
autoridade delegante. das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po- a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da
derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo
que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso. de punição.
b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a
atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte-
atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa- resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse-
mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz. guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse
c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato público.
está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo Em resumo, temos:
de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento.
Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem Específica ou Imediata e
toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta
deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados Ato praticado com finalidade diver-
válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato. sa da prevista em Lei.
Em suma, temos: e
DESVIO DE FINALIDADE
Ato praticado formalmente com
OU DESVIO DE PODER
finalidade prevista em Lei, porém,
VÍCIOS DE COMPETÊNCIA visando a atender a fins pessoais
Em determinadas situações é de autoridade.
EXCESSO DE PODER
possível a convalidação
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis-
tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
Ato válido, se houver boa-fé do A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
FUNÇÃO DE FATO
administrado modo de exteriorização do ato administrativo.
ABUSO DE AUTORIDADE B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
EXCESSO DE PODER Vício de competência como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa-
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade das no seu curso de formação.

Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão, simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo
a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor- exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for-
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- mação do ato administrativo.
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo
de ato administrativo. Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
de finalidade pública. São elas: o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
co considerado de forma geral. escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
ato. verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- requisito primordial à validade do ato.
fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser ma, mas não vício de motivo.
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
de finalidade. elemento motivo.
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve-
rifica em duas hipóteses. São elas:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Motivo A motivação dos atos administrativos
O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res-
estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo. peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos
Quando a autoridade administrativa não tem margem para de- determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi-
cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá
administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao validade se os motivos declarados forem verdadeiros.
ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade
administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá- Exemplo
tica do ato. A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser-
vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida-
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o
empírico da situação prevista em lei. interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua-
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis- lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá
trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- ser anulada.
to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto
se integre à tal previsão. aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor- Em suma, temos:
rer nas seguintes situações:
a) quando o motivo é inexistente. • Motivo do ato administrativo
b) quando o motivo é falso. — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
c) quando o motivo é inadequado. edição do ato administrativo.
— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs-
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
motivação. Vejamos: — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati- racterizando o motivo de direito.
vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti-
mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo. VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen-
do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo- Inexistente
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos, Falso
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela
Inadequado
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
de forma, e não de motivo.
• Teoria dos motivos determinantes
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se- vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
guinte: — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; está adequado à realidade fática”.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção Objeto
pública; O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
tatório; vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
V - decidam recursos administrativos; da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
VI - decorram de reexame de ofício; a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão objeto é a punição do transgressor.
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
ção de ato administrativo. drões aceitos como éticos e justos.
Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen-
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen-
grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva- são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica.
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para
sendo admitida no direito brasileiro. evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente
dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua
nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au- expressa concordância.
toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro. Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida-
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes- de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem
soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato
de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem-
é tido como imoral. plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
Atributos do Ato Administrativo ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos • Autoexecutoriedade
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
vados. cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção
ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, prévia do Poder Judiciário.
bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos rapidez e eficiência.
atos administrativos são: No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
riedade somente é possível quando estiver expressamente previs-
• Presunção de legitimidade ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos interesse público.
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade, Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade Demolição de edifício em situação de risco
com a lei, até que se prove o contrário. Internação de pessoa com doença contagiosa
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que Dissolução de reunião que ameace a segurança
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida- tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi- considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
das pela administração são verdadeiras. livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos dos seus direitos.
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo Tipicidade
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo
fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis-
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub-
tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como
que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não
atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de-
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas,
veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos.
que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca-
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera-
bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos
ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl-
é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo,
maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
ser punido. ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
viamente definido na lei.
• Imperatividade Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar
impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o
concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien- atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da
te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda-
editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos
para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado inominados.

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se Exemplo:
que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran- Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for-
do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do
impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu- • Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im-
lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e
tanto ao interesse público como ao interesse particular. sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e
papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
Classificação dos Atos Administrativos
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada Exemplo:
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica- devidas análises”.
ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade
prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos
abordagem nas provas de concursos públicos. simples, complexos e compostos.
• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os um órgão da administração pública, pouco importando se esse órgão
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um servidor
minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de público pelo Prefeito de um Município, será considerada como ato sim-
uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que ples singular, ao passo que a decisão de um processo administrativo
correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula- por órgão colegiado será apenas ato simples colegiado.
mento do Imposto de Renda. • O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter-
minados em si. É importante não confundir ato complexo com procedimento
administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com-
Exemplo: plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra-
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti- de um ato final e principal”.
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS
f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
este também decorre do resultado da manifestação de vontade de
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem
dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de
ser atos vinculados e discricionários.
que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração
para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos,
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com-
um principal e outro acessório.
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória,
nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção
Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei-
de imóvel. relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em-
com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de- bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa-
cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú-
conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática. blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico
do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi- o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de
nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente. vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili-
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administração dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato
Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais usan- administrativo composto”.
do o poder de império para impô-los de modo unilateral e coerciti-
vo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabelecimen- Espécies
tos comerciais. O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e
a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove- atos punitivos.
nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os • Atos normativos
particulares. Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es-
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução
a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais,
não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas,
versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po- entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de
dem ser: informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú-
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação de.
geral ou individual prevista na legislação, englobando também de Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
Casas Legislativas. nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser nhas.
classificados em decreto geral e individual. Vejamos:
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras • Atos negociais
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli- Também chamados de atos receptícios, são atos administrati-
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com
Imposto de Renda”. o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi- utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração
ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte
produz de imediato, efeitos concretos. desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão.
Vejamos:
Exemplo: a) Licença: possui algumas características. São elas:
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos
para fim de desapropriação. legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li-
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re- cença;
gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi-
o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da- como um todo;
queles do que é permitido por Lei. — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon-
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do-
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas
Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001, pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú-
que predispõe a competência privativa do Presidente da República blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico.
para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen- A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada,
bem como da utilização de bem público por particulares;
• Atos ordinatórios — Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve-
ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis- niência e à oportunidade do ato administrativo;
ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare- — Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui
mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape-
circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e nas de direito subjetivo ao ato.
os despachos.
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela c) Autorização: é detentora de características iguais às da per-
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis-
atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru- sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou,
ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per-
na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni- missão, a autorização possui como características: o ato de consen-
camente por particular. timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo.
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan-
to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência. d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre- específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual
latos aos respectivos Ministérios. o particular preencha devidamente os requisitos legais
Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do • Atos enunciativos
Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de- São atos administrativos que expressam opiniões ou, ainda,
terminando a instauração de processo disciplinar específico. que certificam fatos no campo da Administração Pública. A doutri-
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena- na reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, as
dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais. certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos:
Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra pública. a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res- a opinião do agente público a respeito de determinada questão de
ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de
e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé- Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
cies de pareceres. São eles: multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não espécie:
vincula a autoridade competente; Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- aos administrados.
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen-
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade sivos do exercício de atividades diversas.
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa- Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
recer de forma motivada; aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de população em risco.
forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis- Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a
trativa com o dever de acatá-lo. autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à
coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si-
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo-
o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi-
administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po- da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita
rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas. de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé-
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior.
consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais, Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio-
no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen- nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos
dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação
situações de interesse pessoal”. ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi-
co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha
c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às cometido falta grave.
certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência *Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos
de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer- particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as
tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da
públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re- Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados.
tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior
Administração Pública. da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis-
ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as
denominadas sanções internas.
d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem
o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos
Extinção do ato administrativo
pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção
o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de
contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda
Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá
de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°,
ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos,
da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.
vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito,
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção
• Atos punitivos objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be-
Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos neficiário.
são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in-
teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por
a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos
forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi- ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu
ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes
Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te- situações:
nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio
da legalidade. Cassação
Podemos dividir as sanções em dois grupos: É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe- condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar
dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu- continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção
lares em geral. Exemplo: multa de trânsito. do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em- sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua
basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento
pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra- de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti-
ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa tuição.
contratada pela Administração.
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu-
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de- Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer-
monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi-
a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido nistrativo havendo pedido do interessado.
fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento, Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada
trativo. uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para
como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser o exercício da autotutela.
proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen-
tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên- Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no
cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria, âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os
acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
dados públicas. destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos,
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa- contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal
recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad- norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a
vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários estipulação de prazos diferentes em outras esferas.
para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo
que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato Revogação
ocorreu na formação do ato. É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró-
pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade,
Anulação sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de
É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento
de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per-
e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração
de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou pública poderá suprimi-lo por meio da revogação.
legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu-
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra-
ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse- ção que o editou.
guinte, revogá-lo, e não o anular. É fundamental compreender que a revogação somente pode
Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen- atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá-
discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não
de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida- lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
de. conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma-
Em relação à competência, a anulação do ato administrativo neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des-
Poder Judiciário. feito pela revogação.
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando
isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au- Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin-
totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF: cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual-
quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos
PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos:
A Administração Pública pode declarar
SÚMULA 346 a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná-
a nulidade dos seus próprios atos.
lise de conveniência e oportunidade;
A Administração pode anular seus pró- b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não
prios atos, quando eivados de vícios retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam
que os tornam ilegais, porque deles próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando
não se originam direitos; ou revogá- transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público,
SÚMULA 473 -los, por motivo de conveniência ou após o gozo do direito, não há como revogar o ato;
oportunidade, respeitados os direitos c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o
adquiridos, e ressalvada, em todos os praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori-
casos, a apreciação judicial. dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou
deixou de ser competente para revogá-lo;
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados,
Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in- votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela
vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade, lei;
bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni- e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
dade. novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito
provocação do interessado. adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Convalidação Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento
por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu- sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu:
sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora. “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente
que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração
os efeitos. tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca-
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético,
anuláveis. social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive,
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável
incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o o fato de que o Poder Público não se submente também a essa
art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi- consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de-
lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis, curso do tempo.”
levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes- Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe
se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux
à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e
aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de Administração Pública, suprimindo da administração o poder de
dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis-
esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná- trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes-
ria vigente. sadas.
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru- Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota-
dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina- do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo,
das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta-
princípio da segurança jurídica. gem do prazo decadencial.

Decadência Administrativa
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi- SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS: DEVERES, DIREITOS E
to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter- RESPONSABILIDADES
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda
no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que
Conceito
não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo,
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as
sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
concernentes à Administração Pública e seus agentes como um
previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a todo.
única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para
o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con- conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de
funde com o exercício da ação para manifestá-lo”. forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra-
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis- tiva, com investidura definitiva ou transitória.
posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú-
blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses Espécies (classificação)
vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos: Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca-
Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi- tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público.
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé. Vejamos cada classificação detalhadamente:
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. Agentes políticos
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên-
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos.
dade do ato.” Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal,
estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os
O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla-
no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati- tivo como Senadores, Deputados e Vereadores.
cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per- De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo,
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car-
que o beneficia. gos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad- Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de
ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida- forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpare-
das contando com a proteção da segurança jurídica. cer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono-

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão Cargo
constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público, O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei
da Magistratura e dos Tribunais de Contas. 8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui-
ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
Servidores Públicos Civis devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi-
De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional
que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público.
jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba- Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans-
lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co- formados e extinguidos por força de lei.
fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po-
jurídicas. der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de
Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi- cargos, empregos e funções públicas.
cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não
aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes-
militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do
de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú- chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis
blicos para se referir somente aos servidores públicos civis. sem sanção.
De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os ser-
vidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte maneira: A despeito da criação de cargos, vejamos:
a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
pelo regime estatutário. b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do
Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra- Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec-
tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos. tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação
Servidores temporários: são os contratados por determinado de cargos para o Ministério Público.
período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tempo- c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
rária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas, transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa. Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os mi- decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
litares eram tratados como “servidores militares”. Militares são ocupado, só poderá ser extinto por lei.
aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha,
o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios, jamos:
que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pe- Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
los cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submeti- razão do regime de progressão do servidor na carreira.
dos à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma titulares.
categoria propícia de agentes públicos.
Em relação às garantias e características especiais que lhe são
Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral, e comissionados. Vejamos:
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis- manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen- ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas. Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili- neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades. dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu- de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos, ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve nomeante.
e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políticos.
Emprego
Cargo, Emprego e Função Pública Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito
Para que haja melhor organização na Administração Pública, os de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que
servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua- também chamados de celetistas ou empregados públicos.
dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre- A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo
gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do
jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos. empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser-
vidor titular de cargo público é de natureza estatutária.

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au- tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei
tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta 8.112/90.
a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988 De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é
(ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta- de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro-
tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re- vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi-
gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio
à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei
contratações e admissões no regime de emprego público. No to- 8.112/90.
cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser-
as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para
públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis- iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1°
tência de empregados públicos, nos termos legais. do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo
Função Pública respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos:
Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
existem determinadas atribuições que também são exercidas por nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança,
servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob-
a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público, servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de
como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata- 10.12.97).
dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público,
com base no art. 37, IX, da CFB/88. Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para
Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe- posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração,
nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público. tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser-
Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo
para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação.
exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos
termos do art. 37, V, da CFB/88. Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a
um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra-
ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em
Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da
que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de-
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro-
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire-
vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento
ção, chefia e assessoramento.
originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
carreira.
Regimente Jurídico
Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
Provimento originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser- por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu-
funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa. lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de
cargos públicos em dois grupos. São eles: Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro-
vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
Provimento originário: é ato administrativo que designa um em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores não integra a carreira na qual anteriormente investido.
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública.
O provimento originário é a única forma de nomeação reco- Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
nhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressal- permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi-
te-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de cas específicas. Vejamos:
provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a or-
dem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense-
momento da nomeação configura discricionariedade do adminis- jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na
trador, na qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi- carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci-
co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado,
conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem
para a ocupação do cargo. como mediante assunção de cargo escalonado em carreira.
Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira
ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de
garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento.
público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten- Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível
do a todas as normas estatuárias da instituição. assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem-
plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal • Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car-
situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual
realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do
abolida pela Constituição Federal de 1988. serviço público.
• Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex-
Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis- posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da
posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste-
em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por riormente reintegrado.
este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo, Observação importante: A recondução não gera direito à per-
no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o
em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita- servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu-
ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta neração deste cargo.
médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos-
sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en-
trabalho. contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com-
Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven- patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o
cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo cargo que antes ocupava.
servidor em virtude da readaptação. Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex-
tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú-
Observação importante: esta modalidade de provimento deri- blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser
vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain- demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida-
da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap- de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma
tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente. temporária, mantendo o vínculo com a administração pública.
Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis, Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida-
o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea- de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo
daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento
do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen- será obrigatório.
te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado.
Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi- to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque
dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita-
específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor- mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser-
rer de quatro formas. São elas: vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu-
sar o aproveitamento.
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor-
no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. Vacância
A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez, As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú-
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi-
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram co não está provido e poderá preenchido por novo agente.
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser-
A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
vidor ao cargo.
a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado
pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati-
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de
vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a
forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos
aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou
em lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração
por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para
Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposenta-
que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes
doria tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tives-
se, antes, adquirido estabilidade quando no exercício da atividade, maneiras:
que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à so-
licitação e também que haja cargo vago, no momento da petição • Falecimento
de reversão. Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do
servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá-
b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o vel a ocupação do cargo.
retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior-
mente, em decorrência da anulação do ato de demissão. • Exoneração
Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis- Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder
são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon- público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan-
derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse.
que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal.
Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi-
c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra- dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se
ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente restará desfeito e o cargo vago.
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses:

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co- Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de
meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que
do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for- mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na
ma de sanção aplicada ao servidor que cometer. dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe
Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu- do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso-
radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos, luções.
definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela
a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de- denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos
vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais cargos públicos, nos termos da lei.
extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria,
ao serviço público. extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve-
A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo jamos:
disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla
defesa. Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos
inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór- Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de
gão competente. cargos para o Ministério Público.
O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
de outro, acopladas num só ato.
Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público,
por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
cargo mais elevado na carreira de ingresso. decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servidor ocupado, só poderá ser extinto por lei.
tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova, mediante Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, de jamos:
forma que o novo cargo não seja acumulável com o primeiro.
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen- razão do regime de progressão do servidor na carreira.
do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por
conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei, Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali- titulares.
dade de demissão do servidor.
Em relação às garantias e características especiais que lhe são
Efetividade conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo e comissionados. Vejamos:
que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14,
que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi- Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba- ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe-
nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
cargo de provimento efetivo. 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser
buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende
neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
explicitamente da aprovação em concurso público.
dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan-
to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên- ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí- nomeante.
cio, desde que seja aprovado no estágio probatório.
Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan-
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados, to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art.
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder 84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis- República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos decreto, quando estes se encontrarem vagos.
e funções públicas.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a A iniciativa é privativa do
consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme- CARGO DO PODER
Presidente da República
lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or- EXECUTIVO FEDERAL
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”);
gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios. CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa
Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú- DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV);
blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF,
ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo FEDERAL art. 52, XIII);
estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que
não se admite a edição de decreto com essa finalidade. Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le-
Remuneração gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e
A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art. dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio
37, a seguinte redação: de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores,
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ).
trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais,
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as- dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e
segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin- dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso
ção de índices; Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden-
te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão
Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo- constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali-
sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo
que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido do Congresso Nacional.
amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte- Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu-
ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral
edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto. anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve
ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men- Executivo de cada Federação.
ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final,
jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos
alguns cargos e facultativa para outros. “servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal, índices.
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci- A Constituição da República em seu texto original, usava os ter-
mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto,
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu- de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores
neração em sentido amplo. civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares,
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usa- apenas como “militares.
do o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe-
frequência para indicar a remuneração dos servidores estatutários deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de
que não percebem subsídio. revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e
Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo 18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu- da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o
niárias estabelecidas em lei. que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli-
Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter- cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como
minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está, espécie do gênero “servidores públicos”.
em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen- A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por
tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re- período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC
ceber. 19/1998.
Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita- O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa- fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba- de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos “aumento impróprio”.
recebem salário.
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege, Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re- o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implanta-
munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a da mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as
Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis reestruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais,
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode- pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
mos resumir das seguintes formas: com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral,
de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No
cada ano. entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos
para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre-
Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti- gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no
da aos valores mínimo e máximo. art. 37, XI, da CF.
Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser- Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen-
vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po-
em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este,
inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso,
da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base. referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos
Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
16. Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a
Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí-
foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF, dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra-
a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne- passar os limites a seguir:
cimento das condições materiais para a correta prestação do ser- Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador;
viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es-
que os militares são enquadrados em um sistema que não se con- taduais e Distritais;
funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado-
têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos
570177/MG). Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da
Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor- Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder
viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao Judiciário.
salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”. Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune- um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003. único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res-
Vejamos: pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos
Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não pode
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto municipal.
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici-
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios.
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e Direitos e deveres
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú-
nal nº 41, 19.12.2003). blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime
O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias
afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio e das fundações públicas federais, é importante explanar que além
dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da admi- do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re-
nistração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qual- ceber vantagens pecuniárias, sendo elas:
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agen- Indenizações
tes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remunera-
Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe-
tória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São
pessoais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de
previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza-
caráter indenizatório, estas não serão computadas para efeito de
ções a serem pagas ao servidor federal:
cálculo do teto remuneratório.
a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de
instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser-
Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena-
viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de
mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia
mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos domicílio em caráter permanente.

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a
com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi-
ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da
afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo. Lei 8.112/90).
O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune- b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida-
ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden- mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel
te a três meses de remuneração. de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen-
Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um
pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo, mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei-
ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor
segunda ajuda de custo. deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art.
Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as 60-B). Vejamos:
despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten-
arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem, didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
bagagem e bens pessoais. I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família, (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
do óbito. III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
dias. nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
Lei nº 11.355, de 2006).
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra- auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará- V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção
ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es-
de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em 11.355, de 2006).
caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção, VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re-
REsp 1.531.494/SC). lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela
Lei nº 11.355, de 2006).
Diárias VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio- em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº
a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação 11.355, de 2006).
e locomoção urbana. VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se 11.355, de 2006).
o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
(art. 58, § 2º). (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007).
Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes,
cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores Gratificações
brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti-
da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º). do servidor público.
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações
extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º). e adicionais:
Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
prazo de cinco dias. função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre- em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es-
excesso no prazo de cinco dias. pecífica.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí- trabalho.
cio será considerada como mês integral. No entanto, somente será permitido serviço extraordinário
c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74.
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
habitualmente colocam em risco a sua vida. cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será trinta segundos (art. 75).
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis-
trabalho. ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de
(art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor- solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um
dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res- adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das
peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74). férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra- que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e condições e limites fixados em regulamento (art. 71).
trinta segundos (art. 75).
f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida-
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º).
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta- podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).
gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito Férias
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal,
banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990.
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada
candidatos; participar da logística de preparação e de realização de ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com
nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves- Entretanto, o servidor que opera direta em permanência constante
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá direi-
Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem- to ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de atividade
plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto, profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumulação
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado. desses períodos (art. 79).
Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido-
res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri- Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta
do à sua percepção. de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º).

Adicionais É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de


Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir
dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi- daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício.
ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva-
resumi-los da seguinte forma: mente discricionária da administração, que só o fará se compreen-
a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas der que o pedido atende ao interesse público.
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores No condizente à remuneração das férias, depreende-se que
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois
habitualmente colocam em risco a sua vida. dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78).

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro remuneração do servidor;
período (art. 78, § 5º). II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis- neração.
são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro- partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º). 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
II do § 2º.
Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de condições:
serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu- remuneração do servidor;
neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min. II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008). neração.
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza- partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção, § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
8112/90: 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
a) calamidade pública; II do § 2º.
b) comoção interna; § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro
c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Po-
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi- deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
ma do órgão ou entidade. poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
Licenças exercício de atividade compatível com o seu cargo.
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
com o tipo de licença. cífica.
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas: Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
I - por motivo de doença em pessoa da família; go.
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
III - para o serviço militar; durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
IV - para atividade política; partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
V - para capacitação; de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
VI - para tratar de interesses particulares; § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
VII - para desempenho de mandato classista; desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
VIII - para tratamento de saúde; assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211); partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
X - Licença à Gestante (art. 207); Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
XI - Licença à Adotante (art. 210); § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
XII – Licença Paternidade (art. 208). guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla- Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
nação: poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- para participar de curso de capacitação profissional.
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está-
por perícia médica oficial. gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen- Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
na forma do disposto no inciso II do art. 44. Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
condições: sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti-
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei-
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser- ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
vados os seguintes limites: ou tutela e irmãos.
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de
servidores; horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es-
mil) associados, 4 (quatro) servidores; colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
8 (oito) servidores. de por junta médica oficial, independentemente de compensação
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des- deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
de que cadastradas no órgão competente. oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi-
§ 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad-
renovada, no caso de reeleição. ministração pública federal ou que participe de banca examinadora
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem no prazo de até um ano.
prejuízo da remuneração a que fizer jus. c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi-
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é
§ 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
partir do parto. cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
reassumirá o exercício. grafo único).
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. Direito de petição
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis to ou interesse legítimo.
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.
períodos de meia hora. Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto-
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente
de licença remunerada. (art. 105).
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi-
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe-
artigo será de 30 (trinta) dias.
rido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re-
acidentado em serviço.
curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re-
consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte
terpostos.
do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei
Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade
9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a
cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê-
mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto-
do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que
gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui-
de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí- da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de
cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres- data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni-
são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado co da Lei 8112/90.
tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon-
e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN). interessado, da decisão recorrida (art. 108).
Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em
Concessões cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen-
Três são as espécies de concessão: tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au- créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de-
sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei.
seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue;

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em relação à prescrição, merece também destaque: (C) Competência é um dos elementos do ato administrativo
Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re- que faculta ao agente a transferência de atribuições a outros
levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso, agentes públicos, as quais, uma vez delegadas, não poderão ser
quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de avocadas pelo delegante.
prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado (D) Os atos administrativos, quando editados, avocam para si a
ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi- presunção absoluta de legitimidade.
cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90). (E) O motivo do ato não se confunde com a motivação da auto-
ridade administrativa, pois a motivação diz respeito às forma-
lidades do ato.
EXERCÍCIOS 6. (CESPE- 2012-TRE-RJ- TÉCNICO JUDICIÁRIO) Para os efeitos
da Lei n° 8.112/1990, servidor público é o ocupante de cargo públi-
1. (CESPE- 2013-CNJ -ANALISTA JUDICIÁRIO -ÁREA JUDICIÁ- co, conceituação que abrange os ocupantes de cargo em comissão
RIA) A decisão do Tribunal de Contas da União que, dentro de suas e função de confiança.
atribuições constitucionais, julga ilegal a concessão de aposentado- ( ) CERTO.
ria, negando-lhe o registro, possui caráter impositivo e vinculante ( ) ERRADO.
para a administração.
( ) CERTO. 7. (CESPE- 2010-TRE-MT- TÉCNICO JUDICIÁRIO- ÁREA ADMI-
( ) ERRADO. NISTRATIVA) Acerca da classificação de agentes públicos, e tendo
em vista os cargos, os empregos e as funções na administração pú-
2. (CESPE- 2013 -INPI-ANALISTA- FORMAÇÃO: DIREITO) Os blica, assinale a opção correta.
requisitos dos atos administrativos são a competência, o objeto, a (A) Não podem ser considerados agentes públicos os detento-
forma, o motivo e a finalidade, sendo o motivo e o objeto requisitos res de mandatos eletivos, pois, além de serem investidos nos
discricionários; e a competência, a forma e a finalidade, vinculados. cargos mediante eleição, e não por nomeação, eles desempe-
( ) CERTO. nham funções por prazo determinado.
( ) ERRADO. (B) Os servidores contratados por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse
3. (CESPE- 2013-SEGER/ES -ANALISTA DO EXECUTIVO-TODAS público, precisamente por exercerem atividades temporárias,
AS ÁREAS) No que concerne a atos administrativos, assinale a op- estarão vinculados a emprego público, e não a cargo público.
ção correta. (C) Os particulares em colaboração com o poder público são
(A) Atos declaratórios são aqueles que criam, modificam ou ex- considerados agentes públicos, mesmo que prestem serviços
tinguem direitos. ao Estado sem vínculo empregatício e sem remuneração.
(B) Um ato administrativo com vício de finalidade poderá ser (D) Os servidores das fundações públicas, empresas públicas e
convalidado pela mesma autoridade de que emanou ou pelo sociedades de economia mista são contratados sob o regime
seu superior hierárquico. da legislação trabalhista e ocupam emprego público.
(C) Mesmo em casos de ilegalidade, os atos administrativos (E) Nos termos da CF, a investidura em cargo, emprego ou fun-
não podem ser invalidados pelo Poder judiciário, como postu- ção pública depende de aprovação prévia em concurso público
lado no princípio da separação dos poderes. de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
(D) São requisitos do ato administrativo: competência, objeto, complexidade do cargo, emprego ou função.
forma, validade e finalidade. ·
(E) Um ato emanado do administrador goza d presunção de le-
8. (FCC - 2009- MPE-SE-TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO)
gitimidade, independentemente de lei que expresse atributo.
A remuneração por meio subsídio em parcela única é obrigatória
para:
4. (CESPE- 2013-TJMA- JUIZ) Acerca dos atos administrativos,
(A) os Ministros dos Tribunais Superiores, os Desembargadores
assinale a opção correta.
do Tribunal de justiça e os juízes equivalentes em nível Muni-
(A) A administração pública pode revogar os atos por ela prati-
cipal.
cados por motivo de conveniência e oportunidade. ·
(B) o chefe do Poder Executivo c respectivos auxiliares, bem
(B) Os atos praticados por concessionários de serviço público,
no exercício da concessão, não podem ser considerados atos como os dirigentes superiores das entidades da administração
administrativos, dado que foram produzidos por entes que não indireta.
integram a estrutura da administração pública. (C) os detentores de mandato eletivo, os Ministros de Estado c
(C) O silêncio da administração pública importa consentimento os Secretários Estaduais e Municipais.
tácito. (D) o membro de Poder, os detentores de mandato eletivo e os
(D) É vedado o controle da legalidade dos atos administrativos ocupantes de cargo de chefia ou comissão.
pelo Poder Judiciário. (E) o Presidente da República, os Governadores de Estado e os
Prefeitos Municipais, apenas.
5. (CESPE-2013-TRE/MS-TÉCNICO JUDICIÁRIO-ÁREA ADMI-
NISTRATIVA) Com referência aos atos administrativos, assinale a 9. (FCC-201 - O-TRT- GREGJÃO/PR-TÉCNICO JUDICIÁRIO) No
opção correta. tocante aos cargos, empregos e funções públicos, é INCORRETO
(A) A União ao alugar um imóvel particular para instalar nova afirmar:
sede de um TRE, pratica ato administrativo. (A) Cargo em comissão é o que somente admite provimento
(B) Ato administrativo é a declaração do Estado que produz em caráter provisório, sendo declarados em lei de livre nomea-
efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime ção e exoneração, destinando-se apenas às atribuições de dire-
jurídico de direito público ou privado e sujeita a controle pelo ção, chefia e assessoramento.
Poder judiciário.

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
(B) Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. (D) O princípio da presunção de legitimidade dos atos adminis-
(C) Cargo isolado é aquele que não se escalona em classes, por trativos não impede que, diante de prova suficiente da nulida-
ser o único na sua categoria. de do ato, este seja invalidado, quer pelo Poder Judiciário, quer
(D) Classe consiste no agrupamento de carreiras de mesma pela própria administração.
profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e ven- (E) O princípio da continuidade do serviço público tem caráter
cimentos. absoluto.
(E) O cargo de chefia pode ser de carreira ou isolado, de pro-
vimento efetivo ou em comissão, tudo dependendo da lei que 14. Em face do princípio da legalidade, é correto afirmar que
o institui. (A) é obrigatória a edição de lei para disciplinar a organização e
funcionamento da Administração Direta.
10. (CESPE- 2008- MPE/RR -ANALISTA DE SISTEMAS) Na admi- (B) independe de lei a criação de órgão público, quando impli-
nistração pública, os cargos públicos podem ser classificados como car ou não aumento de despesa.
cargo em comissão, cargo efetivo e cargo vitalício. São exemplos de (C) a criação de cargos depende de lei, mas a sua extinção,
cargos vitalícios os de juiz e de promotor de justiça. quando vagos, poder ser feita por decreto.
( ) CERTO. (D) a remuneração dos servidores públicos, inclusive aqueles
( ) ERRADO. submetidos ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho,
somente pode ser fixada e alterada por lei.
11. Um dos traços mais característicos da Administração Pú- (E) todos os atos praticados pelo Poder Executivo devem contar
blica é com prévia autorização legislativa específica.
(A) a prevalência do interesse público sobre o interesse priva-
do. 15. O princípio que consagra a determinação de que a Adminis-
(B) o monopólio da prática dos atos administrativos pelo Poder tração pública somente pode atuar secundum legem é conhecido
Executivo. como princípio:
(C) a reserva constitucional de isonomia entre os interesses pú- (A) Da discricionariedade.
blicos e os privados. (B) Da moralidade.
(D) o uso legal da arbitrariedade pelo Administrador na prática (C) Da restritividade ou da legalidade restrita.
do ato administrativo. (D) Do condicionamento da Administração.
(E) a possibilidade de o Poder Judiciário rever qualquer ato ad-
ministrativo.
GABARITO
12. Tratando-se do regime jurídico-administrativo, assinale a
afirmativa falsa.
(A) Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se 1 CERTO
tolera que o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que
benéficos, sem a expressa autorização legislativa. 2 CERTO
(B) O regime jurídico-administrativo compreende um conjunto 3 E
de regras e princípios que baliza a atuação do Poder Público,
exclusivamente, no exercício de suas funções de realização do 4 A
interesse público primário. 5 E
(C) A aplicação do regime jurídico-administrativo autoriza que
6 C
o Poder Público execute ações de coerção sobre os administra-
dos sem a necessidade de autorização judicial. 7 C
(D) As relações entre entidades públicas estatais, ainda que de 8 C
mesmo nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-admi-
nistrativo, a despeito de sua horizontalidade. 9 D
(E) O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração 10 C
de atos normativos administrativos, bem como a execução de
atos administrativos e ainda a sua respectiva interpretação. 11 A
12 B
13. Quanto aos princípios e poderes da administração pública,
13 D
assinale a opção correta.
(A) A atuação da administração pública, assim como a dos par- 14 C
ticulares, precisa ser compatível com o ordenamento jurídico. 15 C
Uma das semelhanças entre ambas consiste no fato de que os
atos do poder público não podem interferir na esfera de direi-
tos dos cidadãos de maneira unilateral, pois, para isso, o estado
precisa de ordem judicial.
(B) O princípio da legalidade, um dos mais importantes para a
administração pública, é específico do direito administrativo.
(C) O princípio da supremacia do interesse público deriva de
que a administração pública representa não só o estado, mas
toda a sociedade, de modo que, no choque dos interesses da-
quela com os do particular, os primeiros devem sempre preva-
lecer.

24
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
1. Lei 8.666/93 – artigos 01 a 06 e 20 a 26 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Lei 11.340/06 (Maria da Penha) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4. Lei 11.343/06 (Drogas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Código de Trânsito Brasileiro (art. 302 ao 312‐A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6. Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – Da prática de ato infracional, dos crimes em espécie e das infrações administra‐
tivas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
7. Constituição do Estado de Santa Catarina: artigos 105 e 109‐A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
8. Norma que dispõe sobre o quadro de pessoal dos servidores do Instituto Geral de Perícias (Lei nº 15.156/10) . . . . . . . . . . . . . . . . 39
9. Lei Complementar 610/13 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
10. Lei 16.772/15 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
11. Lei 12.737/12 (Lei Carolina Dieckmann) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
12. Lei 12.527/11 Lei de Acesso à Informação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
13. Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate,
LEI 8.666/93 – ARTIGOS 01 A 06 E 20 A 26 será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em
institui normas para licitações e contratos da Administração pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluído pela
Pública e dá outras providências. Lei nº 11.196, de 2005)
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam
às regras de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei
CAPÍTULO I nº 13.146, de 2015) (Vigência)
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao
público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das
SEÇÃO I propostas, até a respectiva abertura.
DOS PRINCÍPIOS § 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e margem de preferência para: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de 2015) (Vigência)
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. atendam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos 13.146, de 2015)
órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que
as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para
de economia mista e demais entidades controladas direta ou pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
alienações, concessões, permissões e locações da Administração § 6o A margem de preferência de que trata o § 5o será
Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente estabelecida com base em estudos revistos periodicamente, em
precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em consideração:
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de
todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012) (Vide Decreto nº 7.713, de
Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a 2012) (Vide Decreto nº 7.756, de 2012)
formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº 12.349,
qual for a denominação utilizada. de 2010)
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País;
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído pela Lei
da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade nº 12.349, de 2010)
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
dada pela Lei nº 12.349, de 2010) (Regulamento) (Regulamento) § 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacionais
(Regulamento) resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
§ 1o É vedado aos agentes públicos: no País, poderá ser estabelecido margem de preferência adicional
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, àquela prevista no § 5o. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem Decreto nº 7.546, de 2011)
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades § 8o As margens de preferência por produto, serviço, grupo de
cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão produtos ou grupo de serviços, a que se referem os §§ 5o e 7o,
da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer serão definidas pelo Poder Executivo federal, não podendo a soma
outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento)
objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste sobre o preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de
(Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) 2011)
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, § 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo não
legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de produção
brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela Lei nº 12.349, de
modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (Incluído pela
no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro Lei nº 12.349, de 2010)
de 1991. II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do art. 23
desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § 5o poderá parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo de até 5 (cinco)
ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços originários dias úteis, contados da apresentação da fatura. (Incluído pela Lei nº
dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul - Mercosul. (Incluído 9.648, de 1998)
pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem privilegiar
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, serviços o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela Lei
competente, exigir que o contratado promova, em favor de órgão ou Complementar nº 147, de 2014)
entidade integrante da administração pública ou daqueles por ela
indicados a partir de processo isonômico, medidas de compensação SEÇÃO II
comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas DAS DEFINIÇÕES
de financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabelecida
pelo Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
(Vide Decreto nº 7.546, de 2011) I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção ampliação, realizada por execução direta ou indireta;
e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada
e comunicação, considerados estratégicos em ato do Poder utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição,
Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação,
com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade,
o processo produtivo básico de que trata a Lei no 10.176, de 11 seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
de janeiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para
Decreto nº 7.546, de 2011) fornecimento de uma só vez ou parceladamente;
§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício financeiro, a IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a
relação de empresas favorecidas em decorrência do disposto nos terceiros;
§§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação do volume de V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo
recursos destinados a cada uma delas. (Incluído pela Lei nº 12.349, valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite
de 2010) estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta Lei;
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas demais normas VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumprimento
de licitação e contratos devem privilegiar o tratamento diferenciado das obrigações assumidas por empresas em licitações e contratos;
e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entidades da
forma da lei. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) Administração, pelos próprios meios;
§ 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem sobre VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata
as demais preferências previstas na legislação quando estas forem com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: (Redação dada
aplicadas sobre produtos ou serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei pela Lei nº 8.883, de 1994)
Complementar nº 147, de 2014) a) empreitada por preço global - quando se contrata a execução
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida da obra ou do serviço por preço certo e total;
pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a
público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades
estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o determinadas;
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos
ou impedir a realização dos trabalhos.
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta
e) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento
lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em
em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras,
qualquer esfera da Administração Pública.
serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade
Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados nas
da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de
licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para
nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo cada
sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional
unidade da Administração, no pagamento das obrigações relativas e com as características adequadas às finalidades para que foi
ao fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação contratada;
de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e
estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar
quando presentes relevantes razões de interesse público e mediante a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da
prévia justificativa da autoridade competente, devidamente licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos
publicada. preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
§ 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e que lhes possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos
preservem o valor. e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:
§ 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer
pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta das visão global da obra e identificar todos os seus elementos
mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a que constitutivos com clareza;
se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente
§ 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo
de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe seu e de realização das obras e montagem;

2
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a
e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações habilitação de interessados residentes ou sediados em outros locais.
que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões,
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser
de métodos construtivos, instalações provisórias e condições publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
a sua execução; I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda,
da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com
suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários recursos federais ou garantidas por instituições federais; (Redação
em cada caso; dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando
em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade
avaliados; da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários e Federal; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também,
pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT; se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde
XI - Administração Pública - a administração direta e indireta será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto
abrangendo inclusive as entidades com personalidade jurídica de da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar
direito privado sob controle do poder público e das fundações por a área de competição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ele instituídas ou mantidas; § 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em que os
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade administrativa interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas
pela qual a Administração Pública opera e atua concretamente; as informações sobre a licitação.
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da § 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da
Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União, e, realização do evento será:
para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for definido I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883,
nas respectivas leis; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de 1994)
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
instrumento contratual; b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo
contrato com a Administração Pública; “melhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei nº 8.883,
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada de 1994)
pela Administração com a função de receber, examinar e julgar II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” do
cadastramento de licitantes. inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “melhor
manufaturados, produzidos no território nacional de acordo com o técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
processo produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; (Redação
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 12.349, de 2010) 8.883, de 1994)
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunicação § 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão
estratégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e comunicação contados a partir da última publicação do edital resumido ou da
cuja descontinuidade provoque dano significativo à administração expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital
pública e que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer
relacionados às informações críticas: disponibilidade, confiabilidade, mais tarde. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
segurança e confidencialidade. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) § 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação pela
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo
insumos, serviços e obras necessários para atividade de pesquisa inicialmente estabelecido, exceto quando, inqüestionavelmente, a
científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação alteração não afetar a formulação das propostas.
tecnológica, discriminados em projeto de pesquisa aprovado pela Art. 22. São modalidades de licitação:
instituição contratante. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
I - concorrência;
II - tomada de preços;
CAPÍTULO II
III - convite;
DA LICITAÇÃO
IV - concurso;
V - leilão.
SEÇÃO I
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer
DAS MODALIDADES, LIMITES E DISPENSA
interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situar comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos
a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, no edital para execução de seu objeto.
devidamente justificado.

3
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas cinqüenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência)
à data do recebimento das propostas, observada a necessária § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração
qualificação. serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao
do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na § 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens,
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder
propostas. licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer execução do objeto em licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883,
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, de 1994)
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível,
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou
oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais,
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo,
a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não
19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da houver fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação dada pela
avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Lei nº 8.883, de 1994)
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais § 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá
de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no § 5o É vedada a utilização da modalidade “convite” ou
mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não “tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma
convidados nas últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº 8.883, mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma
de 1994) natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores
desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”,
número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas
circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo,
de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou
sob pena de repetição do convite.
empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou
serviço. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
a combinação das referidas neste artigo.
§ 6o As organizações industriais da Administração Federal
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites
somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos
estabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras
previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível
e serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais
com o objeto da licitação, nos termos do edital. (Incluído pela Lei nº
8.883, de 1994) aplicados exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I meios operacionais bélicos pertencentes à União. (Incluído pela Lei
a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes nº 8.883, de 1994)
limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: § 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não
I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela Lei haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cotação
nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência) de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, mínimo para preservar a economia de escala. (Incluído pela Lei nº
de 2018) (Vigência) 9.648, de 1998)
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e § 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos
quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) valores mencionados no caput deste artigo quando formado por
(Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência) até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e maior número. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) Art. 24. É dispensável a licitação: (Vide Lei nº 12.188, de 2.010)
(Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência) Vigência
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior,
de 2018) (Vigência) desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
(Vigência) (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por
mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior
nº 9.412, de 2018) (Vigência) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se

4
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada padronizados de uso da administração, e de edições técnicas
pela Lei nº 9.648, de 1998) oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, que integrem a Administração Pública, criados para esse fim
quando caracterizada urgência de atendimento de situação específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de XVII - para a aquisição de componentes ou peças de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao
da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de
e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; (Incluído
(cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da pela Lei nº 8.883, de 1994)
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o
dos respectivos contratos; abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de
e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes
para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou
preestabelecidas; de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde
para regular preços ou normalizar o abastecimento; que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas,
ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando
competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. houver necessidade de manter a padronização requerida pela
48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do mediante parecer de comissão instituída por decreto; (Incluído pela
registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48) Lei nº 8.883, de 1994)
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público XX - na contratação de associação de portadores de deficiência
interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos
entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação de
criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço
Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído
no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) pela Lei nº 8.883, de 1994)
IX - quando houver possibilidade de comprometimento XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa
da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de
Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea
(Regulamento) “b” do inciso I do caput do art. 23; (Incluído pela Lei nº 13.243, de
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento 2016)
das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de
instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário
preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; (Incluído
prévia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) pela Lei nº 9.648, de 1998)
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou
fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas,
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de
as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o
quanto ao preço, devidamente corrigido; praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de
desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração
recuperação social do preso, desde que a contratada detenha de criação protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004)
inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da
lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de
as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Poder Público; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas
históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações
inerentes às finalidades do órgão ou entidade. ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação dada nacional do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
pela Lei nº 11.445, de 2007). (Vigência) § 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput,
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá
ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta procedimentos especiais instituídos em regulamentação específica.
complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do § 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do
órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007). art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. (Incluído pela Lei
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para nº 13.243, de 2016)
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente competição, em especial:
justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que
executante e ratificadas pelo Comandante da Força. (Incluído pela só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
Lei nº 11.783, de 2008). comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se
de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art.
pela Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, publicidade e divulgação;
observados os princípios gerais de contratação dela constantes. III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico,
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
XXXII - na contratação em que houver transferência de consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
- SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações,
por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros
absorção tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à
para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de plena satisfação do objeto do contrato.
acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos
para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
ou falta regular de água. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem
interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e
tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade
sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser
estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco)
envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos dias, como condição para a eficácia dos atos. (Redação dada pela
para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII Lei nº 11.107, de 2005)
deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade
data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que
seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº couber, com os seguintes elementos:
13.204, de 2015) I - caracterização da situação emergencial, calamitosa ou de
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o grave e iminente risco à segurança pública que justifique a dispensa,
quando for o caso; (Redação dada pela Lei nº 13.500, de 2017)
aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que configurada
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
situação de grave e iminente risco à segurança pública. (Incluído
III - justificativa do preço.
pela Lei nº 13.500, de 2017)
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste
quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista,
empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma
da lei, como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de
2012)
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que
integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput
deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser forneci‐
LEI 10.826/03 (ESTATUTO DO DESARMAMENTO) das por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
2008)
LEI N° 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003 II – apresentação de documento comprobatório de ocupação
lícita e de residência certa;
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló‐
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta
define crimes e dá outras providências. no regulamento desta Lei.
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na‐ fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível
esta autorização.
CAPÍTULO I § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no ca‐
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS libre correspondente à arma registrada e na quantidade estabele‐
cida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706,
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no de 2008)
Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscri‐ § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território
ção em todo o território nacional. nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente,
Art. 2o Ao Sinarm compete: como também a manter banco de dados com todas as característi‐
I – identificar as características e a propriedade de armas de cas da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
fogo, mediante cadastro; § 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e ven‐ munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re‐
didas no País; gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e muni‐
renovações expedidas pela Polícia Federal; ções entre pessoas físicas somente será efetivada mediante auto‐
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, rização do Sinarm.
roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadas‐ § 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será con‐
trais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segu‐ cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30
rança privada e de transporte de valores; (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
V – identificar as modificações que alterem as características § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do
ou o funcionamento de arma de fogo; cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; § 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar auto‐
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como rizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser
adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
conceder licença para exercer a atividade;
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com valida‐
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas,
de em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a man‐
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de
ter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
fogo, acessórios e munições;
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de traba‐
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características
lho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabe‐
das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil dis‐
lecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
parado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido
pelo fabricante; pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o
e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior
de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento
atualizado para consulta. desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as Fogo.
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as de‐ § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de regis‐
mais que constem dos seus registros próprios. tro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito Fe‐
deral até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega
CAPÍTULO II espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante
DO REGISTRO o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008,
ante a apresentação de documento de identificação pessoal e com‐
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão com‐ provante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de
petente. taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos in‐
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão regis‐ cisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
tradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei. 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes‐ § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti‐
sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento
seguintes requisitos: de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de cer‐ rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamen‐
tidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça to e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a nº 11.706, de 2008)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas
com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular
11.706, de 2008) ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe‐ fora de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993,
deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar de 2014)
como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído pela
de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Lei nº 12.993, de 2014)
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento;
caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a ex‐ e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
tensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle
2019) interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
§ 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
CAPÍTULO III § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integran‐
DO PORTE tes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste
artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refe‐
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território re o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabele‐
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: cidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706,
I – os integrantes das Forças Armadas; de 2008)
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas
do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional municipais está condicionada à formação funcional de seus integran‐
de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº 13.500, de tes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência
2017) de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Es‐ estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do
tados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habi‐ Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
tantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; (Vide § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III
mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cin‐
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên‐ co) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo
cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
Segurança Institucional da Presidência da República; (Vide Decreto Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para
nº 9.685, de 2019) subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessi‐
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas dade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes
prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por‐ documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
tuárias; I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va‐ 11.706, de 2008)
lores constituídas, nos termos desta Lei; II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente Lei nº 11.706, de 2008)
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº
de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que 11.706, de 2008)
couber, a legislação ambiental. § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do de fogo, independentemente de outras tipificações penais, respon‐
Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e derá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es‐ que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma
tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus‐ empresas de segurança privada e de transporte de valores, cons‐
tituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e
tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polí‐
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
cia Federal em nome da empresa.
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se‐
validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I,
gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime
II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das
§ 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor‐
rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni‐ § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela
horas depois de ocorrido o fato. seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deve‐ substâncias químicas ou alucinógenas.
rá apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constan‐
requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados tes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
que portarão arma de fogo. I – ao registro de arma de fogo;
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste II – à renovação de registro de arma de fogo;
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, V – à renovação de porte de arma de fogo;
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manu‐
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão tenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de por‐ do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades.
te expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo
pela Lei nº 12.694, de 2012) as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e o
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as con‐
12.694, de 2012) dições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal para
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público de‐ comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para
signará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções o manuseio de arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado
máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores que pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários
exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) profissionais para realização de avaliação psicológica constante do
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído
trata este artigo fica condicionado à apresentação de documenta‐ pela Lei nº 11.706, de 2008)
ção comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado
art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabeleci‐ pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00
(oitenta reais), acrescido do custo da munição. (Incluído pela Lei nº
mentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanis‐
11.706, de 2008)
mos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabeleci‐
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o e
das no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
2o deste artigo implicará o descredenciamento do profissional pela
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este
Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído
pela Lei nº 12.694, de 2012)
CAPÍTULO IV
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a
DOS CRIMES E DAS PENAS
registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, aces‐
24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determina‐
Lei nº 12.694, de 2012) ção legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen‐
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na
forma do regulamento desta Lei. Omissão de cautela
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impe‐
de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran‐ dir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de de‐
geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, ficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de posse ou que seja de sua propriedade:
porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
e caçadores e de representantes estrangeiros em competição inter‐ Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
nacional oficial de tiro realizada no território nacional. diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo‐
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso per‐ res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
mitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm. arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda,
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
regulamentares, e dependerá de o requerente: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati‐ Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó‐
vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, reme‐
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; ter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessó‐
III – apresentar documentação de propriedade de arma de rio ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. com determinação legal ou regulamentar:

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Tráfico internacional de arma de fogo
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter‐
salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou
(Vide Adin 3.112-1) munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Re‐
Disparo de arma de fogo dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou en‐
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a trega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de impor‐
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de tação, sem autorização da autoridade competente, a agente poli‐
outro crime: cial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. 2019)
(Vide Adin 3.112-1) Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen‐
tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito uso proibido ou restrito.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, de 2019)
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em de‐ I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas refe‐
sacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação dada ridas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964,
pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. II - o agente for reincidente específico em crimes dessa nature‐
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei za. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
nº 13.964, de 2019) Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetí‐
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de veis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a CAPÍTULO V
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou DISPOSIÇÕES GERAIS
para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autorida‐
de policial, perito ou juiz; Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto nes‐
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação ta Lei.
legal ou regulamentar; Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a defi‐
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de nição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica‐ proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico
ção raspado, suprimido ou adulterado; serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal,
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, mediante proposta do Comando do Exército. (Redação dada pela
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado‐ Lei nº 11.706, de 2008)
lescente; e § 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras,
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regula‐
envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de mento desta Lei.
4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedi‐
das autorizações de compra de munição com identificação do lote
Comércio ilegal de arma de fogo e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, desta Lei.
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, § 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de se‐
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de gurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
determinação legal ou regulamentar: § 4o As instituições de ensino policial e as guardas municipais
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta Lei e no seu
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante
deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação autorização concedida nos termos definidos em regulamento. (In‐
ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em resi‐ cluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
dência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a pro‐
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com dução, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o co‐
a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, mércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta cri‐ o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores,
minal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) atiradores e caçadores.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do to de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acom‐
laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessa‐ panhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita
rem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração
ao Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, firmada na qual constem as características da arma e a sua condição
para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e
Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III
pela Lei nº 13.886, de 2019) do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército 2008) (Prorrogação de prazo)
que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no
e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública, caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório,
da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em rela‐ expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº
tório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, 11.706, de 2008)
abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo ad‐
pela Lei nº 11.706, de 2008) quiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em decor‐ Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do re‐
rência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer forma utiliza‐ gulamento desta Lei.
das em atividades ilícitas de produção ou comercialização de dro‐ Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo pode‐
gas abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recursos rão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo‐
provenientes do tráfico de drogas de abuso, perdidas em favor da -se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando
União e encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser, extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.
após perícia ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
com prioridade para os órgãos de segurança pública e do sistema Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
penitenciário da unidade da federação responsável pela apreensão. Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o regula‐
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas mento desta Lei:
a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu per‐ I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, ma‐
dimento em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº rítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio,
11.706, de 2008) faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de respon‐ sem a devida autorização ou com inobservância das normas de se‐
sabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadas‐ gurança;
tramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que
2008) realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encami‐ Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com
nhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena
uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o in‐
armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o gresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo
local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos
e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros
fogo, que com estas se possam confundir. adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os si‐ passageiros armados.
mulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos
usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exér‐ serão armazenados no Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído
cito. pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcional‐ § 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo
mente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito. cadastrar armas de fogo e armazenar características de classe e in‐
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisi‐ dividualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados
ções dos Comandos Militares.
por arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pe‐
arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes
los registros de elementos de munição deflagrados por armas de
dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. (Reda‐
fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apu‐
ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
rações criminais federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei nº
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já conce‐
13.964, de 2019)
didas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela
(Vide Lei nº 10.884, de 2004)
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de va‐ unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
lidade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a 2019)
Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no § 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos
prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou promover sua uti‐
requerente. lização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão ju‐
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso dicial responderá civil, penal e administrativamente. (Incluído pela
permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o Lei nº 13.964, de 2019)
dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documen‐

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir
dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti‐
13.964, de 2019) cas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli‐
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder Executivo § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as con‐
federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) dições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados
no caput.
CAPÍTULO VI Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
DISPOSIÇÕES FINAIS sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu‐
liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e muni‐
ção em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas TÍTULO II
no art. 6o desta Lei. DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de apro‐
vação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de CAPÍTULO I
2005. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto
neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resulta‐ Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica
do pelo Tribunal Superior Eleitoral. e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997. gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi‐
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº
150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
LEI 11.340/06 (MARIA DA PENHA) familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de de coabitação.
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dis- independem de orientação sexual.
põe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher consti‐
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Pe- tui uma das formas de violação dos direitos humanos.
nal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
CAPÍTULO II
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na‐ DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: E FAMILIAR CONTRA A MULHER

TÍTULO I Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a


DISPOSIÇÕES PRELIMINARES mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio‐ ofenda sua integridade ou saúde corporal;
lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do II - a violência psicológica, entendida como qualquer condu‐
art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Re‐ e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma‐
pública Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de nipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi‐ insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, ex‐
das de assistência e proteção às mulheres em situação de violência ploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
doméstica e familiar. que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli‐ III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que
gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação se‐
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver xual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso
sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa‐ da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
mento moral, intelectual e social. modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimen‐ ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou mani‐
tação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es‐ pulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, e reprodutivos;
ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

12
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu‐ no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública,
ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergen‐
de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, cialmente quando for o caso.
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os desti‐ § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher
nados a satisfazer suas necessidades; em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro‐
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que gramas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
configure calúnia, difamação ou injúria. § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência do‐
méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló‐
TÍTULO III gica:
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte‐
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR grante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o
CAPÍTULO I afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o
caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução
e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti‐ de união estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº
culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 13.894, de 2019)
Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: § 3º A assistência à mulher em situação de violência domésti‐
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério ca e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do
Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de
assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos
etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da casos de violência sexual.
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza‐ § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência
ção de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação pe‐ física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher
riódica dos resultados das medidas adotadas; fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os
éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total trata‐
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica mento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar,
e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do
inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ; ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem
IV - a implementação de atendimento policial especializado os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso
Mulher; de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre‐ vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas
venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº
ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e 13.871, de 2019) (Vigência)
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da
outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover‐ mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou en‐
namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo sejar possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº
por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio‐ 13.871, de 2019) (Vigência)
lência doméstica e familiar contra a mulher; § 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais per‐ de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los
tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos
questões de gênero e de raça ou etnia; comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana 13.882, de 2019)
com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependen‐
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de tes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equida‐ artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Minis‐
de de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência domés‐ tério Público e aos órgãos competentes do poder público. (Incluído
tica e familiar contra a mulher. pela Lei nº 13.882, de 2019)

CAPÍTULO II CAPÍTULO III


DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do‐
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés‐ méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar
tica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os prin‐ conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
cípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, legais cabíveis.

13
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência do‐ medidas protetivas de urgência;
méstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, V - ouvir o agressor e as testemunhas;
de 2017) VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência domésti‐ sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de man‐
ca e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se dado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra
tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: ele;
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou pos‐
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da se de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos
depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situa‐ essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res‐
ção de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos
de 2017) termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em si‐ Desarmamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
tuação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao
terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles juiz e ao Ministério Público.
relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida‐
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquiri‐ de policial e deverá conter:
ções sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrati‐ I - qualificação da ofendida e do agressor;
vo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela II - nome e idade dos dependentes;
Lei nº 13.505, de 2017) III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicita‐
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência domés‐ das pela ofendida.
tica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com
adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agrava‐
pela Lei nº 13.505, de 2017) mento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado 2019)
para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequa‐ § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referi‐
dos à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar do no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos
ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluí‐ disponíveis em posse da ofendida.
do pela Lei nº 13.505, de 2017) § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron‐
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro‐ tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
fissional especializado em violência doméstica e familiar designado Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de
pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de
de 2017) violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Po‐
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag‐ lícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento
nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluí‐ à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de
do pela Lei nº 13.505, de 2017) equipes especializadas para o atendimento e a investigação das vio‐
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do‐ lências graves contra a mulher.
méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras provi‐ Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
dências: § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; § 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica
Instituto Médico Legal; e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes 2017)
para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de
retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
familiar; será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivên‐
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e cia com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de
eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa‐ 2019)
ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de disso‐ II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede
lução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (In‐
policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre‐ cluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas
representação a termo, se apresentada; e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público conco‐
do fato e de suas circunstâncias; mitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi‐
efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida dências cabíveis.
liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a
posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
TÍTULO IV Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce‐
DOS PROCEDIMENTOS didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido
da ofendida.
CAPÍTULO I § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi‐
DISPOSIÇÕES GERAIS das de imediato, independentemente de audiência das partes e de
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas comunicado.
cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada
familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo
Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos
à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o nesta Lei forem ameaçados ou violados.
estabelecido nesta Lei. § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên‐
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e crimi‐ cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote‐
nal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Terri‐ ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
tórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução Ministério Público.
das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
contra a mulher. criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização representação da autoridade policial.
judiciária. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se,
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista,
ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Domésti‐ bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi‐
ca e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) quem.
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Do‐ Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
méstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à parti‐ relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à
lha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ou do defensor público.
ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº notificação ao agressor .
13.894, de 2019)
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces‐ SEÇÃO II
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O
I - do seu domicílio ou de sua residência; AGRESSOR
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor. Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa‐ contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de ime‐
ção da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à diato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
representação perante o juiz, em audiência especialmente designa‐ medidas protetivas de urgência, entre outras:
da com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
o Ministério Público. comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826,
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica de 22 de dezembro de 2003 ;
e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli‐ a ofendida;
que o pagamento isolado de multa. III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu‐
CAPÍTULO II nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio de comunicação;
SEÇÃO I c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
DISPOSIÇÕES GERAIS integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno‐
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca‐ res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço si‐
berá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: milar;
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me‐ V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
didas protetivas de urgência; § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplica‐
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as‐ ção de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segu‐
sistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento rança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi‐
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamen‐ dência ser comunicada ao Ministério Público.
to ou de dissolução de união estável perante o juízo competente;
(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará
ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti‐ CAPÍTULO III
vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,
crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur‐ familiar contra a mulher.
gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
força policial. atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou‐ mulher, quando necessário:
ber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu‐
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). cação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de
SEÇÃO III atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami‐
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou‐ III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra
tras medidas: a mulher.
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi‐
cial ou comunitário de proteção ou de atendimento; CAPÍTULO IV
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen‐ DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
dentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompa‐
IV - determinar a separação de corpos. nhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência do‐
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou méstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de
a transferência deles para essa instituição, independentemente da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz TÍTULO V
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou‐ DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
tras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
à ofendida; Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex‐
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
pressa autorização judicial;
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar,
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
agressor;
local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial,
e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em au‐
por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência
diência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
doméstica e familiar contra a ofendida.
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
SEÇÃO IV aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissio‐
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) nal especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento
DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE multidisciplinar.
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or‐
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção
da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro‐ Diretrizes Orçamentárias.
tetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641,
de 2018) TÍTULO VI
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 1º A configuração do crime independe da competência ci‐ Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
vil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumula‐
13.641, de 2018) rão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau‐
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autorida‐ sas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra
de judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de a mulher, observadas as previsões do TÍTULO IV desta Lei, subsidia‐
2018) da pela legislação processual pertinente.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va‐ IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
ras criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das
no caput. medidas protetivas de urgência.” (NR)
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº 2.848,
TÍTULO VII de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a
DISPOSIÇÕES FINAIS seguinte redação:
“Art. 61. ..................................................
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa‐ .................................................................
miliar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação II - ............................................................
das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária. .................................................................
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
poderão criar e promover, no limite das respectivas competências: domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu‐ contra a mulher na forma da lei específica;
lheres e respectivos dependentes em situação de violência domés‐ ........................................................... ” (NR)
tica e familiar; Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me‐ de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
nores em situação de violência doméstica e familiar; “Art. 129. ..................................................
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú‐ ..................................................................
de e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
à mulher em situação de violência doméstica e familiar; irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do‐ convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés‐
méstica e familiar; ticas, de coabitação ou de hospitalidade:
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ..................................................................
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada
diretrizes e aos princípios desta Lei. de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre‐ deficiência.” (NR)
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi‐ Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
nistério Público e por associação de atuação na área, regularmente de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil. “Art. 152. ...................................................
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
coletiva. Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar sua publicação.
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi‐
ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Esta‐ LEI 11.343/06 (DROGAS)
dos e do Distrito Federal poderão remeter suas informações crimi‐
nais para a base de dados do Ministério da Justiça. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da me‐
dida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Dro-
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão regis‐ gas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
tradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da estabelece normas para repressão à produção não autorizada e
Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assis‐ ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
tência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas
protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na‐
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de
diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamen‐ TÍTULO I
tárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementa‐ DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ção das medidas estabelecidas nesta Lei.
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
decorrentes dos princípios por ela adotados. sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami‐ indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se drogas; estabelece normas para repressão à produção não autoriza‐
aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. da e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como dro‐
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do gas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência,
seguinte inciso IV: assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas pe‐
“Art. 313. ................................................. riodicamente pelo Poder Executivo da União.
................................................................

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as dro‐ X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção
gas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen‐
vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas dentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e
drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar
bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Uni‐ social;
das, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas XI - a observância às orientações e normas emanadas do Con‐
de uso estritamente ritualístico-religioso. selho Nacional Antidrogas - Conad.
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos:
colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a tor‐
para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, ná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o
mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
correlacionados;
TÍTULO II II - promover a construção e a socialização do conhecimento
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE sobre drogas no país;
DROGAS III - promover a integração entre as políticas de prevenção do
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependen‐
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar tes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao
e coordenar as atividades relacionadas com: tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;
de usuários e dependentes de drogas; IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito a articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei.
de drogas.
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, CAPÍTULO II
regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO D O SISTEMA NACIO-
políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluin‐ NAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS
do-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Dro‐
gas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº CAPÍTULO II
13.840, de 2019) (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social - SUAS. DROGAS
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
SEÇÃO I
CAPÍTULO I (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SIS TEMA NACIONAL DA COMPOSIÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚ-
DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS BLICAS SOBRE DROGAS
Art. 4º São princípios do Sisnad: Art. 6º (VETADO)
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, es‐ Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação central e
pecialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; a execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbi‐
II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais to, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se constitui
existentes; matéria definida no regulamento desta Lei.
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do
Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o
Art. 8º (VETADO)
uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação
SEÇÃO II
social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
Sisnad;
DAS COMPETÊNCIAS
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Esta‐
do e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social
nas atividades do Sisnad; Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores corre‐ 2019)
lacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não I - formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre
autorizada e o seu tráfico ilícito; Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade;
e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não auto‐ (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
rizada e ao seu tráfico ilícito; III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento
Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas do Sisnad e suas normas de referência; (Incluído pela Lei nº 13.840,
atividades do Sisnad; de 2019)
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades,
a interdependência e a natureza complementar das atividades de indicadores e definir formas de financiamento e gestão das políticas
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e VI – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
do tráfico ilícito de drogas; VII – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

18
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
VIII - promover a integração das políticas sobre drogas com IX - promover formas coletivas de organização para o trabalho,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº redes de economia solidária e o cooperativismo, como forma de
13.840, de 2019) promover autonomia ao usuário ou dependente de drogas egresso
IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a exe‐ de tratamento ou acolhimento, observando-se as especificidades
cução das políticas sobre drogas, observadas as obrigações dos in‐ regionais; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
tegrantes do Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) X - propor a formulação de políticas públicas que conduzam à
X - estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; (Incluído
Federal e Municípios para a execução das políticas sobre drogas; pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XI - articular as instâncias de saúde, assistência social e de jus‐
XI - garantir publicidade de dados e informações sobre repasses tiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (Incluído pela Lei nº
de recursos para financiamento das políticas sobre drogas; (Incluído 13.840, de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019) XII - promover estudos e avaliação dos resultados das políticas
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais de sobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica § 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5 (cinco) anos
e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, a contar de sua aprovação.
de 2019) § 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulgação ao
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes transfrontei‐ conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas.
riços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XIV - estabelecer uma política nacional de controle de frontei‐ SEÇÃO II
ras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (Incluído pela Lei (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
nº 13.840, de 2019) DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
Art. 8º-B . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas, constituídos
por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os seguintes obje‐
CAPÍTULO II-A tivos: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (Incluído
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - colaborar com os órgãos governamentais no planejamento
SEÇÃO I e na execução das políticas sobre drogas, visando à efetividade das
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
DO PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS III - propor a celebração de instrumentos de cooperação, vi‐
sando à elaboração de programas, ações, atividades e projetos
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre voltados à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e
Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei
I - promover a interdisciplinaridade e integração dos progra‐ nº 13.840, de 2019)
mas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas IV - promover a realização de estudos, com o objetivo de sub‐
e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência so‐ sidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei
cial, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visan‐ nº 13.840, de 2019)
do à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos V - propor políticas públicas que permitam a integração e a par‐
usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, ticipação do usuário ou dependente de drogas no processo social,
de 2019) econômico, político e cultural no respectivo ente federado; e (In‐
II - viabilizar a ampla participação social na formulação, imple‐ cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
mentação e avaliação das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei VI - desenvolver outras atividades relacionadas às políticas so‐
nº 13.840, de 2019) bre drogas em consonância com o Sisnad e com os respectivos pla‐
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articula‐
nos. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dos com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com
a família para a prevenção do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº
SEÇÃO III
13.840, de 2019)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do
DOS MEMBROS DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS SOBRE DRO-
usuário ou dependente de drogas, promovendo programas que
GAS
priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissio‐
nal; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - promover o acesso do usuário ou dependente de drogas a Art. 8º-F. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
todos os serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos pro‐ CAPÍTULO III
gramas, ações e projetos das políticas sobre drogas; (Incluído pela (VETADO)
Lei nº 13.840, de 2019)
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento telefônico Art. 9º (VETADO)
com orientações e informações para apoio aos usuários ou depen‐ Art. 10. (VETADO)
dentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 11. (VETADO)
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao em‐ Art. 12. (VETADO)
prego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de pro‐ Art. 13. (VETADO)
mover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o plano Art. 14. (VETADO)
individual de atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

19
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CAPÍTULO IV X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de
DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS educação nos 3 (três) níveis de ensino;
SOBRE DROGAS XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do
uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e pri‐
Art. 15. (VETADO) vado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conheci‐
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saú‐ mentos relacionados a drogas;
de e da assistência social que atendam usuários ou dependentes XII - a observância das orientações e normas emanadas do Co‐
de drogas devem comunicar ao órgão competente do respectivo nad;
sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorri‐ XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social
dos, preservando a identidade das pessoas, conforme orientações de políticas setoriais específicas.
emanadas da União. Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em
ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder Exe‐ consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional
cutivo. dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.

TÍTULO III SEÇÃO II


DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATEN- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
ÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DA SEMANA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
DROGAS
Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas sobre
CAPÍTULO I Drogas, comemorada anualmente, na quarta semana de junho. (In‐
DA PREVENÇÃO cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º No período de que trata o caput , serão intensificadas as
SEÇÃO I ações de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) I - difusão de informações sobre os problemas decorrentes do
DAS DIRETRIZES uso de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - promoção de eventos para o debate público sobre as políti‐
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido cas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redu‐ III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento, aco‐
ção dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o lhimento e reinserção social e econômica de usuários de drogas;
fortalecimento dos fatores de proteção. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de prevenção
devem observar os seguintes princípios e diretrizes: do uso indevido de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de V - mobilização da comunidade para a participação nas ações
interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação de prevenção e enfrentamento às drogas; (Incluído pela Lei nº
com a comunidade à qual pertence; 13.840, de 2019)
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação cien‐ VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei nº
tífica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comu‐ 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da
nitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das Educação Nacional , na realização de atividades de prevenção ao
pessoas e dos serviços que as atendam; uso de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade indi‐
vidual em relação ao uso indevido de drogas; CAPÍTULO II
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colabora‐ (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
ção mútua com as instituições do setor privado e com os diversos DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, ACOLHI-
segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e MENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DE USUÁ-
respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; RIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequa‐
das às especificidades socioculturais das diversas populações, bem SEÇÃO I
como das diferentes drogas utilizadas; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” DISPOSIÇÕES GERAIS
e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades
de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e de‐
alcançados; pendente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei,
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulnerá‐ aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos
veis da população, levando em consideração as suas necessidades riscos e dos danos associados ao uso de drogas.
específicas; Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito
em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração
atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familia‐ em redes sociais.
res; Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísti‐ usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem
cas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de observar os seguintes princípios e diretrizes:
melhoria da qualidade de vida;

20
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, indepen‐ III - preparar para a reinserção social e econômica, respeitando
dentemente de quaisquer condições, observados os direitos fun‐ as habilidades e projetos individuais por meio de programas que
damentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do Sistema articulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, cultura
Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência Social; e acompanhamento individualizado; e (Incluído pela Lei nº 13.840,
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinser‐ de 2019)
ção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos fa‐ IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de for‐
miliares que considerem as suas peculiaridades socioculturais; ma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado § 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de tra‐
para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais tamento, em âmbito nacional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
e à saúde; § 2º A internação de dependentes de drogas somente será rea‐
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respec‐ lizada em unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de equi‐
tivos familiares, sempre que possível, de forma multidisciplinar e pes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por
por equipes multiprofissionais; médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina
V - observância das orientações e normas emanadas do Conad; - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
políticas setoriais específicas. § 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (Incluído
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019) I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimen‐
VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas à to do dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
educação continuada e ao trabalho; (Incluído pela Lei nº 13.840, II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consenti‐
de 2019) mento do dependente, a pedido de familiar ou do responsável legal
IX - observância do plano individual de atendimento na forma ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da
do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com
X - orientação adequada ao usuário ou dependente de drogas exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a
quanto às consequências lesivas do uso de drogas, ainda que oca‐ existência de motivos que justifiquem a medida. (Incluído pela Lei
sional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) nº 13.840, de 2019)
§ 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
SEÇÃO II 2019)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solici‐
DA EDUCAÇÃO NA REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA tante de que optou por este regime de tratamento; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sis‐ II - seu término dar-se-á por determinação do médico respon‐
nad terão atendimento nos programas de educação profissional e sável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja interromper o
tecnológica, educação de jovens e adultos e alfabetização. (Incluído tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019) § 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
SEÇÃO III I - deve ser realizada após a formalização da decisão por médi‐
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) co responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
DO TRABALHO NA REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga uti‐
lizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibili‐
Art. 22-B. (VETADO). dade de utilização de outras alternativas terapêuticas previstas na
rede de atenção à saúde; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
SEÇÃO IV III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação,
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término deter‐
DO TRATAMENTO DO USUÁRIO OU DEPENDENTE DE DROGAS minado pelo médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tem‐
do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas de po, requerer ao médico a interrupção do tratamento. (Incluído pela
atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as dire‐ Lei nº 13.840, de 2019)
trizes do Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art. 22 § 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será
desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insu‐
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de drogas ficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, com prio‐ § 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei deverão
ridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo
ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao
excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e
Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fis‐
hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União e arti‐
calização, por meio de sistema informatizado único, na forma do
culadas com os serviços de assistência social e em etapas que per‐
regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
mitam: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema
I - articular a atenção com ações preventivas que atinjam toda
referido no § 7º e o acesso será permitido apenas às pessoas auto‐
a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
rizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, baseados
em evidências científicas, oferecendo atendimento individualizado Lei nº 13.840, de 2019)
ao usuário ou dependente de drogas com abordagem preventiva § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de interna‐
e, sempre que indicado, ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, ção nas comunidades terapêuticas acolhedoras. (Incluído pela Lei
de 2019) nº 13.840, de 2019)

21
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico indi‐ Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos,
vidual deverão observar, no que couber, o previsto na Lei nº 10.216, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social,
de 6 de abril de 2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos das que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão receber
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade orçamen‐
assistencial em saúde mental. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) tária e financeira.
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da
SEÇÃO V prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os
DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema
penitenciário.
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de dro‐
gas na rede de atenção à saúde dependerá de: (Incluído pela Lei nº SEÇÃO VI
13.840, de 2019) (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multis‐ DO ACOLHIMENTO EM COMUNIDADE TERAPÊUTICA ACOLHE-
setorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DORA
II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - PIA.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elabo‐ na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: (Incluído
ração e execução do projeto terapêutico individual a ser adotado, pela Lei nº 13.840, de 2019)
levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pela Lei nº de drogas que visam à abstinência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
13.840, de 2019) 2019)
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por escrito,
drogas ou das pessoas com as quais convive. (Incluído pela Lei nº entendida como uma etapa transitória para a reinserção social e
13.840, de 2019) econômica do usuário ou dependente de drogas; (Incluído pela Lei
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) nº 13.840, de 2019)
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares ou III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, com
a convivência entre os pares, atividades práticas de valor educativo
responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo,
e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para aco‐
sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de res‐
lhimento ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade
ponsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº
social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescen‐
IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
te . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019)
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade
V - elaboração de plano individual de atendimento na forma do
da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que atender o
art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das di‐ VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente de
versas fases do atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluído pela § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com com‐
Lei nº 13.840, de 2019) prometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que me‐
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluído pela Lei reçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso
nº 13.840, de 2019) em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde. (Incluído pela
II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pela Lei nº Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - a previsão de suas atividades de integração social ou capa‐ § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
citação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - atividades de integração e apoio à família; (Incluído pela Lei § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
nº 13.840, de 2019)
V - formas de participação da família para efetivo cumprimento CAPÍTULO III
do plano individual; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DOS CRIMES E DAS PENAS
VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o
cumprimento do previsto no plano; e (Incluído pela Lei nº 13.840, Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplica‐
de 2019) das isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual‐
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido. quer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
data do ingresso no atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
2019) submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as registradas no II - prestação de serviços à comunidade;
plano individual de atendimento são consideradas sigilosas. (Incluí‐ III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
do pela Lei nº 13.840, de 2019) educativo.
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
poderão conceder benefícios às instituições privadas que desenvol‐ pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação
verem programas de reinserção no mercado de trabalho, do usuá‐ de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
rio e do dependente de drogas encaminhados por órgão oficial. dependência física ou psíquica.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo CAPÍTULO II
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância DOS CRIMES
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos an‐ Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fa‐
tecedentes do agente. bricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar
serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem auto‐
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria‐
que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente -prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de dro‐
se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: gas;
I - admoestação verbal; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em de‐
II - multa. sacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à dispo‐ se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
sição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, prefe‐ III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a pro‐
rencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. priedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autori‐
inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da zação ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca in‐ para o tráfico ilícito de drogas.
ferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou
a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de produto químico destinado à preparação de drogas, sem autoriza‐
um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. ção ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar,
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probató‐
a que se refere o § 6º do art. 28 serão creditados à conta do Fundo rios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei
Nacional Antidrogas. nº 13.964, de 2019)
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de dro‐
das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o dispos‐ ga: (Vide ADI nº 4.274)
to nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem)
a 300 (trezentos) dias-multa.
TÍTULO IV § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFI- pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
CO ILÍCITO DE DROGAS Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento
de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem pre‐
CAPÍTULO I juízo das penas previstas no art. 28.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as
penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade compe‐ conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja
tente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades cri‐
manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, trans‐ minosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5,
portar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, de 2012)
para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua prepa‐ Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,
ração, observadas as demais exigências legais. distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer,
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruí‐ ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou
das pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou
quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com
de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do determinação legal ou regulamentar:
local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plan‐ arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
tação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700
meio ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do órgão pró‐ Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo in‐
prio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. corre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expro‐ art. 36 desta Lei.
priadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes
de acordo com a legislação em vigor. previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes
1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado,
ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem em restritivas de direitos.
que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois ter‐
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento ços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên‐
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de
Federal da categoria profissional a que pertença o agente. droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da entendimento.
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proi‐ Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por
bição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberda‐ força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste
de aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá deter‐
dias-multa. minar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumu‐ médico adequado.
lativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois ter‐
400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo refe‐ ços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o
rido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capa‐
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são au‐ cidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
mentadas de um sexto a dois terços, se: acordo com esse entendimento.
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avalia‐
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacio‐ ção que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para
nalidade do delito; tratamento, realizada por profissional de saúde com competência
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser‐
ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda vado o disposto no art. 26 desta Lei.
ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imedia‐ CAPÍTULO III
ções de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de DO PROCEDIMENTO PENAL
sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, espor‐
tivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes de‐
onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, finidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando‐
de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de rein‐ -se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e
serção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes da Lei de Execução Penal.
públicos; § 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos
emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts.
difusa ou coletiva; 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.
estes e o Distrito Federal; § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescen‐ se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser ime‐
te ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida diatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,
a capacidade de entendimento e determinação; assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente perícias necessários.
com a investigação policial e o processo criminal na identificação § 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas
dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação to‐ no § 2º deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade po‐
tal ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá licial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.
pena reduzida de um terço a dois terços. § 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com prepon‐ artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se o
derância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conve‐
e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a niente, e em seguida liberado.
conduta social do agente. § 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995,
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério Públi‐
desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, deter‐ co poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28
minará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as desta Lei, a ser especificada na proposta.
condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta
avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o re‐ crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
comendem, empregará os instrumentos protetivos de colaborado‐ lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
res e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999. seguintes procedimentos investigatórios:
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investiga‐
SEÇÃO I ção, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
DA INVESTIGAÇÃO II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus
precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produ‐
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia ção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de ope‐
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao rações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autori‐
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e zação será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário pro‐
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de vável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. SEÇÃO II
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º des‐ DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
te artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo
definitivo. Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se‐
prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo -á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar
de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, uma das seguintes providências:
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. I - requerer o arquivamento;
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) II - requisitar as diligências que entender necessárias;
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e re‐
polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do querer as demais provas que entender pertinentes.
Ministério Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do
12.961, de 2014) acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a des‐ (dez) dias.
truição das drogas referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstan‐ § 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções,
ciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de
total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrên‐ que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar teste‐
cia de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máxi‐ munhas.
mo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensão, guardando‐ § 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos
-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (Redação dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) - Código de Processo Penal.
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trin‐ § 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará
ta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos
solto. autos no ato de nomeação.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem § 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.
ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pe‐ § 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de
dido justificado da autoridade de polícia judiciária. 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a diligências, exames e perícias.
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a
ao juízo: audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o
as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quan‐ caso, e requisitará os laudos periciais.
tidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local § 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do dis‐
e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circuns‐ posto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao rece‐
tâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do ber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denun‐
agente; ou ciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando
II - requererá sua devolução para a realização de diligências ne‐ ao órgão respectivo.
cessárias. § 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será rea‐
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de lizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da de‐
diligências complementares: núncia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resul‐ dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.
tado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o inter‐
antes da audiência de instrução e julgamento; rogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e
de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) (vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a cri‐
dias antes da audiência de instrução e julgamento. tério do juiz.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indaga‐ a prática dos crimes definidos nesta Lei será imediatamente comu‐
rá das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando nicada pela autoridade de polícia judiciária responsável pela inves‐
as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevan‐ tigação ao juízo competente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
te. 2019)
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de § 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da comunicação
imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para de que trata o caput , determinará a alienação dos bens apreendi‐
isso lhe sejam conclusos. dos, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma da legisla‐
§ 1º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014) ção específica. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014) § 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos quais
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 constará a exposição sucinta do nexo de instrumentalidade entre o
a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, delito e os bens apreendidos, a descrição e especificação dos obje‐
salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na tos, as informações sobre quem os tiver sob custódia e o local em
sentença condenatória. que se encontrem. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendidos, que
CAPÍTULO IV será realizada por oficial de justiça, no prazo de 5 (cinco) dias a con‐
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE BENS DO tar da autuação, ou, caso sejam necessários conhecimentos espe‐
ACUSADO cializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior
a 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou do as‐ § 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do Funad,
sistente de acusação, ou mediante representação da autoridade de o Ministério Público e o interessado para se manifestarem no prazo
polícia judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais divergências, homologará o
penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias nos casos em valor atribuído aos bens. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
que haja suspeita de que os bens, direitos ou valores sejam produ‐ § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
to do crime ou constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei, § 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do Decreto-Lei nº § 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal . (Reda‐ § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
ção dada pela Lei nº 13.840, de 2019) § 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento da re‐
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) gra estipulada no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)
§ 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de § 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a regra
outubro de 1941 - Código de Processo Penal , o juiz poderá deter‐ estabelecida no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
minar a prática de atos necessários à conservação dos bens, direitos 2019)
ou valores. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) § 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos por meio
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos ou de hasta pública, preferencialmente por meio eletrônico, assegu‐
valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público, rada a venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50% (cin‐
quando a sua execução imediata puder comprometer as investiga‐ quenta por cento) do valor da avaliação judicial. (Incluído pela Lei
ções. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) nº 13.886, de 2019)
Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata o art. 60 § 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos órgãos de
desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira, títulos, valores mobi‐ registro e controle que efetuem as averbações necessárias, tão logo
liários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, será de‐ tenha conhecimento da apreensão. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
terminada, imediatamente, a sua conversão em moeda nacional. 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) § 13. Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve ser en‐ autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente para o re‐
caminhada a instituição financeira, ou equiparada, para alienação gistro, bem como as secretarias de fazenda, devem proceder à regu‐
na forma prevista pelo Conselho Monetário Nacional. (Incluído pela larização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, ficando o arrematan‐
Lei nº 13.886, de 2019) te isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores,
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a que se re‐ sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.
fere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será custodiada pela (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
instituição financeira até decisão sobre o seu destino. (Incluído pela
§ 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes de
Lei nº 13.886, de 2019)
pagamento não podem ser cobrados do arrematante ou do órgão
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda estrangeira a
público alienante como condição para regularização dos bens. (In‐
que se refere o § 2º deste artigo, caso seja verificada a inexistência
cluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
de valor de mercado, seus espécimes poderão ser destruídos ou
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a autorida‐
doados à representação diplomática do país de origem. (Incluído
de de trânsito ou o órgão congênere competente para o registro
pela Lei nº 13.886, de 2019)
poderá emitir novos identificadores dos bens. (Incluído pela Lei nº
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da data
de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885, de 17 de junho 13.886, de 2019)
de 2019, e que estejam custodiados nas dependências do Banco Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de quais‐
Central do Brasil devem ser transferidos à Caixa Econômica Federal, quer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos de polícia judiciária,
no prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias, para que se proceda à militar e rodoviária poderão deles fazer uso, sob sua responsabili‐
alienação ou custódia, de acordo com o previsto nesta Lei. (Incluído dade e com o objetivo de sua conservação, mediante autorização
pela Lei nº 13.886, de 2019) judicial, ouvido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e dos respectivos bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
quaisquer outros meios de transporte e dos maquinários, utensí‐ § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
lios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para

26
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do Funad para Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: (Redação
que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do interesse público men‐ dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
cionado no caput deste artigo e indique o órgão que deve receber o I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido
bem. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) ou objeto de medidas assecuratórias; e (Incluído pela Lei nº 13.840,
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste artigo, os de 2019)
órgãos de segurança pública que participaram das ações de investi‐ II - o levantamento dos valores depositados em conta remune‐
gação ou repressão ao crime que deu causa à medida. (Incluído pela rada e a liberação dos bens utilizados nos termos do art. 62. (Incluí‐
Lei nº 13.886, de 2019) do pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter a des‐ § 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorrência
crição do bem e a respectiva avaliação e indicar o órgão responsável dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de medidas assecurató‐
por sua utilização. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) rias, após decretado seu perdimento em favor da União, serão re‐
§ 3º O órgão responsável pela utilização do bem deverá enviar vertidos diretamente ao Funad. (Redação dada pela Lei nº 13.840,
ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento quando por este de 2019)
solicitado, informações sobre seu estado de conservação. (Redação § 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação dos bens,
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) direitos e valores declarados perdidos, indicando o local em que se
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos, em‐ encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam, para os
barcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou ao órgão fins de sua destinação nos termos da legislação vigente. (Redação
de registro e controle a expedição de certificado provisório de regis‐ dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
tro e licenciamento em favor do órgão ao qual tenha deferido o uso § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
ou custódia, ficando este livre do pagamento de multas, encargos § 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do
e tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o trânsito processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, reme‐
em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da terá à Senad relação dos bens, direitos e valores declarados perdi‐
União. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) dos em favor da União, indicando, quanto aos bens, o local em que
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação de que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam, para
os bens utilizados na forma deste artigo sofreram depreciação su‐ os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente.
perior àquela esperada em razão do transcurso do tempo e do uso, § 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor do Funad,
poderá o interessado requerer nova avaliação judicial. (Redação o juíz deve: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de registro e
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o ente fe‐ controle que efetuem as averbações necessárias, caso não tenham
derado ou a entidade que utilizou o bem indenizará o detentor ou sido realizadas quando da apreensão; e (Incluído pela Lei nº 13.886,
proprietário dos bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) de 2019)
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) II – determinar, no caso de imóveis, o registro de propriedade
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) em favor da União no cartório de registro de imóveis competente,
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) nos termos do caput e do parágrafo único do art. 243 da Constitui‐
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) ção Federal, afastada a responsabilidade de terceiros prevista no
§ 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) inciso VI do caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro
Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores referentes ao de 1966 (Código Tributário Nacional), bem como determinar à Se‐
produto da alienação ou a numerários apreendidos ou que tenham cretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União a
sido convertidos deve ser efetuado na Caixa Econômica Federal, por incorporação e entrega do imóvel, tornando-o livre e desembara‐
meio de documento de arrecadação destinado a essa finalidade. çado de quaisquer ônus para sua destinação. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) 13.886, de 2019)
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput deste artigo devem § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ser transferidos, pela Caixa Econômica Federal, para a conta única § 6º Na hipótese do inciso II do caput , decorridos 360 (tre‐
do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalida‐ zentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do conhecimento
de, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do momento da da sentença pelo interessado, os bens apreendidos, os que tenham
realização do depósito, onde ficarão à disposição do Funad. (Incluí‐ sido objeto de medidas assecuratórias ou os valores depositados
do pela Lei nº 13.886, de 2019) que não forem reclamados serão revertidos ao Funad. (Incluído
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão judicial, pela Lei nº 13.840, de 2019)
o valor do depósito será devolvido a ele pela Caixa Econômica Fede‐ Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhecido sem
ral no prazo de até 3 (três) dias úteis, acrescido de juros, na forma o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar
estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou
de 1995. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) valores. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em favor da Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou parcial dos
União, o valor do depósito será transformado em pagamento defi‐ bens, direitos e objeto de medidas assecuratórias quando compro‐
nitivo, respeitados os direitos de eventuais lesados e de terceiros de vada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens,
boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal, por ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorren‐
decisão judicial, devem ser efetuados como anulação de receita do tes da infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Funad no exercício em que ocorrer a devolução. (Incluído pela Lei Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça e Segu‐
nº 13.886, de 2019) rança Pública, proceder à destinação dos bens apreendidos e não
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o controle dos leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento seja decretado em
valores depositados ou devolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.886, de favor da União, por meio das seguintes modalidades: (Incluído pela
2019) Lei nº 13.886, de 2019)

27
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
I – alienação, mediante: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às quais
a) licitação; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão,
b) doação com encargo a entidades ou órgãos públicos, bem poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime,
como a comunidades terapêuticas acolhedoras que contribuam dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio
para o alcance das finalidades do Funad; ou (Incluído pela Lei nº do condenado e aquele compatível com o seu rendimento lícito.
13.886, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
c) venda direta, observado o disposto no inciso II do caput do § 1º A decretação da perda prevista no caput deste artigo fica con‐
art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; (Incluído pela Lei dicionada à existência de elementos probatórios que indiquem conduta
nº 13.886, de 2019) criminosa habitual, reiterada ou profissional do condenado ou sua vin‐
II – incorporação ao patrimônio de órgão da administração culação a organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
pública, observadas as finalidades do Funad; (Incluído pela Lei nº § 2º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, enten‐
13.886, de 2019) de-se por patrimônio do condenado todos os bens: (Incluído pela
III – destruição; ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Lei nº 13.886, de 2019)
IV – inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha domínio e be‐
§ 1º A alienação por meio de licitação deve ser realizada na nefício direto ou indireto, na data da infração penal, ou recebidos
modalidade leilão, para bens móveis e imóveis, independentemen‐ posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
te do valor de avaliação, isolado ou global, de bem ou de lotes, as‐ II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante con‐
segurada a venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50% traprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. (Incluí‐
(cinquenta por cento) do valor da avaliação. (Incluído pela Lei nº do pela Lei nº 13.886, de 2019)
13.886, de 2019) § 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incom‐
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste artigo será patibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. (Incluído pela Lei
amplamente divulgado em jornais de grande circulação e em sítios nº 13.886, de 2019)
eletrônicos oficiais, principalmente no Município em que será rea‐ Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar con‐
lizado, dispensada a publicação em diário oficial. (Incluído pela Lei vênio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos orienta‐
nº 13.886, de 2019) dos para a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e a reinserção
§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema eletrônico social de usuários ou dependentes e a atuação na repressão à produção
da administração pública, a publicidade dada pelo sistema substi‐ não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na liberação de
tuirá a publicação em diário oficial e em jornais de grande circula‐ equipamentos e de recursos por ela arrecadados, para a implantação e
ção. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) execução de programas relacionados à questão das drogas.
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre do pa‐
gamento de encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de exe‐ TÍTULO V
cução fiscal em relação ao antigo proprietário. (Incluído pela Lei nº DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
13.886, de 2019)
Art. 65. De conformidade com os princípios da não-intervenção
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves de‐
em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito à integrida‐
verão ser observadas as disposições dos §§ 13 e 15 do art. 61 desta
de territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos nacionais em
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
vigor, e observado o espírito das Convenções das Nações Unidas e ou‐
§ 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a proibição
tros instrumentos jurídicos internacionais relacionados à questão das
relativa à cobrança de multas, encargos ou tributos prevista no § 14
drogas, de que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quando
do art. 61 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
solicitado, cooperação a outros países e organismos internacionais e,
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, quando necessário, deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
pode celebrar convênios ou instrumentos congêneres com órgãos e I - intercâmbio de informações sobre legislações, experiências,
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí‐ projetos e programas voltados para atividades de prevenção do uso
pios, bem como com comunidades terapêuticas acolhedoras, a fim indevido, de atenção e de reinserção social de usuários e depen‐
de dar imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo. (Incluí‐ dentes de drogas;
do pela Lei nº 13.886, de 2019) II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e tráfico
§ 8º Observados os procedimentos licitatórios previstos em lei, de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de armas, a lava‐
fica autorizada a contratação da iniciativa privada para a execução gem de dinheiro e o desvio de precursores químicos;
das ações de avaliação, de administração e de alienação dos bens a III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre pro‐
que se refere esta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) dutores e traficantes de drogas e seus precursores químicos.
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segurança Públi‐
ca regulamentar os procedimentos relativos à administração, à pre‐ TÍTULO V-A
servação e à destinação dos recursos provenientes de delitos e atos (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
ilícitos e estabelecer os valores abaixo dos quais se deve proceder à DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
sua destruição ou inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens apreendidos ou Art. 65-A . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
confiscados será revertido integralmente ao Funad, nos termos do
parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal, vedada a sub‐ TÍTULO VI
-rogação sobre o valor da arrematação para saldar eventuais mul‐ DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
tas, encargos ou tributos pendentes de pagamento. (Incluído pela
Lei nº 13.886, de 2019) Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º des‐
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não prejudica ta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada
o ajuizamento de execução fiscal em relação aos antigos devedores. no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psi‐
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) cotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria
SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.

28
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560, de
19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito Federal, CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (ART. 302 AO
dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas contidas 312‐A)
nos convênios firmados e do fornecimento de dados necessários à
atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas respecti‐ LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997
vas polícias judiciárias.
Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam recursos pú‐ Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
blicos para execução das políticas sobre drogas deverão garantir o
acesso às suas instalações, à documentação e a todos os elementos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na‐
necessários à efetiva fiscalização pelos órgãos competentes. (Incluí‐ cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
do pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios CAPÍTULO XIX
poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas fí‐ DOS CRIMES DE TRÂNSITO
sicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso indevido de
drogas, atenção e reinserção social de usuários e dependentes e na SEÇÃO II
repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de em‐
presas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino, Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo au‐
ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que produzirem, tomotor:
venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornecerem Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proi‐
drogas ou de qualquer outro em que existam essas substâncias ou bição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito: automotor.
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou liquida‐ § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo au‐
ção, sejam lacradas suas instalações; tomotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente ado‐ agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
ção das medidas necessárias ao recebimento e guarda, em depósi‐ I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita‐
to, das drogas arrecadadas; ção; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para acompa‐ II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído
nhar o feito. pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou produtos não III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco
proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só podem par‐ pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
ticipar pessoas jurídicas regularmente habilitadas na área de saúde (Vigência)
ou de pesquisa científica que comprovem a destinação lícita a ser IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver condu‐
dada ao produto a ser arrematado. zindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º deste artigo, o 12.971, de 2014) (Vigência)
produto não arrematado será, ato contínuo à hasta pública, destruí‐ V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
do pela autoridade sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais § 2o (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
sobre Drogas e do Ministério Público. § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas especiali‐ álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dades farmacêuticas em condições de emprego terapêutico, ficarão dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde, que as desti‐ Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibi‐
nará à rede pública de saúde. ção do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
competência da Justiça Federal. automotor:
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou
sejam sede de vara federal serão processados e julgados na vara proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veí‐
federal da circunscrição respectiva. culo automotor.
Art. 71. (VETADO) § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o inquéri‐ qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (Renumerado do pará‐
to policial, o juiz, de ofício, mediante representação da autoridade grafo único pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
de polícia judiciária, ou a requerimento do Ministério Público, de‐ § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cin‐
terminará a destruição das amostras guardadas para contraprova, co anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o
certificando nos autos. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os Estados razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que
e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e repressão do trá‐ determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de
fico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios, com o natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)
objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção (Vigência)
e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. (Redação Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente,
dada pela Lei nº 12.219, de 2010) de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo dire‐
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após tamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
a sua publicação. pública:
Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato
e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002. não constituir elemento de crime mais grave.

29
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condu‐ Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a de‐
tor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou vida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o
que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo au‐
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. tomotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psico‐ o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra subs‐ saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condi‐
tância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela ções de conduzi-lo com segurança:
Lei nº 12.760, de 2012) Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012) (Vi‐
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir gência)
veículo automotor. Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (In‐ nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e de‐
cluído pela Lei nº 12.760, de 2012) sembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente auto‐
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, mobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento
alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado
de 2012) de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida policial, o perito, ou juiz:
mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perí‐ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
cia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) inquérito ou o processo aos quais se refere.
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 des‐
testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização te Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena
do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá
de 2014) (Vigência) ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas,
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado em uma das seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - IN‐ 2016) (Vigência)
METRO - para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos
nº 13.840, de 2019) corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a per‐ no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281,
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com de 2016) (Vigência)
fundamento neste Código: II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e poli‐
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. traumatizados; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recu‐
deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Per‐ peração de acidentados de trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de
missão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 2016) (Vigência)
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e
pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ain‐ recuperação de vítimas de acidentes de trânsito. (Incluído pela Lei
da de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo nº 13.281, de 2016) (Vigência)
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando
situação de risco à incolumidade pública ou privada: (Redação dada
pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e LEI 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLES-
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação CENTE – DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL, DOS
para dirigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, CRIMES EM ESPÉCIE E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRA-
de 2014) (Vigência) TIVAS)
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão
corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que LEI FEDERAL Nº 8.069/90 – DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DA
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a CRIANÇA E DO ADOLESCENTE;
pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos,
sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) (8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par‐
nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica‐
de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute‐
(Vigência) lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.

30
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem mercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e
distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de
como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes.
em desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Es‐ Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar
tado. composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, re‐
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, gularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade de
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competen‐
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. tes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me‐ legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten‐ Tutelares:
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre 1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro‐
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados teção.
à Constituição da República de 1988. 2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi‐
Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
anos de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida 3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar
entre doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, excep‐ serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada‐
cionalmente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade, mente, descumprir suas decisões.
em situações que serão aqui demonstradas. 4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será ob‐ Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.
jeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, 5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, de‐ 6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas
vendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que a 7. Expedir notificações em casos de sua competência.
criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam adolescentes, quando necessário.
o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condi‐ 9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro‐
ções dignas de existência. posta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos
As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguar‐ direitos da criança e do adolescente.
dar a família natural ou a família substituta, sendo está ultima pela 10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para
guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de assis‐ que estas se defendam de programas de rádio e televisão que con‐
tência material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos os trariem princípios constitucionais bem como de propaganda de
deveres da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao
incompletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos meio ambiente.
direito e deveres, inclusive sucessórios. 11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações ju‐
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensá‐ diciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
vel à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. 12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamen‐
Não sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando tais que executem programas de proteção e socioeducativos.
fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas.
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos fi‐ Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade
lhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata‐
recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constran‐
poder. gedor, havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou alguma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunica‐
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas dos ao Conselho Tutelar para providências cabíveis.
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a de‐
substituta mediante guarda, tutela ou adoção. linquência é uma realidade social, principalmente nas grandes cida‐
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado des, sem previsão de término, fazendo com que tenha tratamento
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, diferenciado dos crimes praticados por agentes imputáveis.
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecen‐ incompletos são denominados atos infracionais passíveis de apli‐
tes. cação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto da
Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no de‐ Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o
senvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao má‐ responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem
ximo a estabilidade emocional, econômica e social. atitudes, definindo sanções para os casos mais graves.
A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fa‐ Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta
tores que interferem diretamente no desenvolvimento das crianças sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os
e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseri‐ imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas
dos na entidade familiar. no estatuto como medidas socioeducativas.
Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas res‐
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que pondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde a
cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e co‐ adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou res‐

31
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ponsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e fre‐ Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medi‐
quência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de das aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a pro‐
auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológi‐ grama de proteção a família, inclusão em programa de orientação
co ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, coloca‐ a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a tratamento psi‐
ção em família substituta. cológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis) de orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveita‐
que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas já mento escolar do menor, advertência, perda da guarda, destituição
descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida socioe‐ da tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
ducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do O importante é observar que as crianças e os adolescentes não
fato e a gravidade da infração, são elas: podem ser considerados autênticas propriedades de seus genito‐
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assi‐ res, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pes‐
nada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento soas, dotados de direitos e deveres como demonstrado.
em atos infracionais e sua reiteração, A implantação integral do ECA sofre grande resistência de par‐
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja te da sociedade brasileira, que o considera excessivamente pater‐
passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví‐ nalista em relação aos atos infracionais cometidos por crianças e
tima, adolescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada
3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo vez mais violentos e reiterados.
conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social, Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e
4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en‐ educar a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os
fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua sem nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como
juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólogos é utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilida‐
e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude, des criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa.
5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se
que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo duran‐ desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade
te o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal res‐
recolhimento em entidade especializada ponsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto
6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extre‐ da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do
ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm
da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excep‐ importância fundamental no comportamento dos mesmos.1
cional.
Últimas alterações no ECA
Antes da sentença, a internação somente pode ser determina‐
da pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada As mais recentes:
baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato infra‐ São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual ad‐
cional. ministração:
Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de - A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
internação têm a obrigação de: na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019;
1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os ado‐ - A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na
lescentes; lei nº 13.812, de 16 de março 2019;
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de - A mudança na idade mínima para que uma criança ou adoles‐
restrição na decisão de internação, cente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem autorização
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei nº 13.812;
dignidade ao adolescente, - A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares,
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos,
dos vínculos familiares, em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019.
5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda
infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 al‐
de lazer e atividades culturais e desportivas. tera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o
6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses
de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade compe‐ de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e dis‐
tente. ciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.

Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser im‐ Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida
plementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contu‐ Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de crianças
do, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, e que frequen‐
internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA. temente são expostos a condutas profissionais não qualificadas, sendo
Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas obrigados a relatar por várias vezes, ou para pessoas diferentes, violên‐
no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação cias sofridas, revivendo desnecessariamente seu drama.
com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores. Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como ob‐
Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infra‐ jetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da
cional, o representante do Ministério Público poderá conceder o violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de
perdão (remissão), como forma de exclusão do processo, se atendi‐ atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adota‐
do às circunstâncias e consequências do fato, contexto social, per‐ do por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.
sonalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no
ato infracional. 1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia Mara de Al-
meida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo

32
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a acom- Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção
panhamento e orientação à mãe com relação à amamentação (Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro
Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade II, capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também
adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção dos crimes cometidos contra crianças e adolescentes.
à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante eles O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
estão obrigados a acompanhar a prática do processo de amamen‐ proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
tação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquan‐ social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
to a mãe permanecer na unidade hospitalar. da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à
Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me‐
Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten‐
obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de ida‐ outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados
de. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam à Constituição da República de 1988.
acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de
detecção de risco. Esse acompanhamento se dará em consulta pe‐ Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente
diátrica. Por meio de exames poderá ser detectado precocemente, será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, ex‐
por exemplo, o transtorno do espectro autista, o que permitirá um ploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que
melhor acompanhamento no desenvolvimento futuro da criança. seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos
seus direitos fundamentais.
Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penali-
zação de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa
nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou‐
o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos tras providências.
dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos
da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na‐
Distrito Federal) em que foi cometido o crime. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de TÍTULO III


agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes con- DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
tra a dignidade sexual de criança e de adolescente
Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos crimes CAPÍTULO I
contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescentou ao DISPOSIÇÕES GERAIS
ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em meio
cibernético. Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
crime ou contravenção penal.
Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho domés- Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
tico de adolescentes anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a regu‐ Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considera‐
larização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico. A da a idade do adolescente à data do fato.
Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde‐
estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo rão as medidas previstas no art. 101.
guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca
o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço CAPÍTULO II
doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resul‐ DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
tou na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do
trabalho infantil ilegal. Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fun‐
Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o Es- damentada da autoridade judiciária competente.
tatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a idade Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
máxima para o atendimento na educação infantil.2 responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal seus direitos.
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par‐ judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica‐ ele indicada.
ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res‐
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute‐ ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina‐
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com

33
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear‐ SEÇÃO III
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
a necessidade imperiosa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub‐ Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa‐
metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote‐ trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
fundada. por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
CAPÍTULO III poderá ser substituída por outra adequada.
DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
SEÇÃO IV
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
sem o devido processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se‐ Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
guintes garantias: realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio‐ excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
nal, mediante citação ou meio equivalente; escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro‐
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se gramas comunitários ou governamentais.
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti‐
à sua defesa; dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má‐
III - defesa técnica por advogado; xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à
na forma da lei; jornada normal de trabalho.
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com‐
petente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável SEÇÃO V
em qualquer fase do procedimento. DA LIBERDADE ASSISTIDA

CAPÍTULO IV Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi‐
DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar
e orientar o adolescente.
SEÇÃO I § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa‐
DISPOSIÇÕES GERAIS nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro‐
grama de atendimento.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
I - advertência; ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
II - obrigação de reparar o dano; Público e o defensor.
III - prestação de serviços à comunidade; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
IV - liberdade assistida; autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre
V - inserção em regime de semi-liberdade; outros:
VI - internação em estabelecimento educacional; I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne‐
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra‐ II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
ção. adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
prestação de trabalho forçado. e de sua inserção no mercado de trabalho;
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência IV - apresentar relatório do caso.
mental receberão tratamento individual e especializado, em local
adequado às suas condições. SEÇÃO VI
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado
e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto,
nos termos do art. 127. possibilitada a realização de atividades externas, independente‐
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre mente de autorização judicial.
que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de‐
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes
SEÇÃO II na comunidade.
DA ADVERTÊNCIA § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
no que couber, as disposições relativas à internação.
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
será reduzida a termo e assinada.

34
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
SEÇÃO VII XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
DA INTERNAÇÃO seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven‐
tura depositados em poder da entidade;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri‐ § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen‐
tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
judicial em contrário. sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado‐
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua lescente.
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men‐
máximo a cada seis meses. tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con‐
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação tenção e segurança.
excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o CAPÍTULO V
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-li‐ DA REMISSÃO
berdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apu‐
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de ração de ato infracional, o representante do Ministério Público po‐
autorização judicial, ouvido o Ministério Público. derá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) menor participação no ato infracional.
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan‐ Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re‐
do: missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin‐
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave amea‐ ção do processo.
ça ou violência a pessoa; Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe‐
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
anteriormente imposta. de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo regime de semi-liberdade e a internação.
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres‐
nº 12.594, de 2012) (Vide) so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven‐ Público.
do outra medida adequada.
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex‐ TÍTULO VII
clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com‐
pleição física e gravidade da infração. SEÇÃO II
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive DOS CRIMES EM ESPÉCIE
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en‐ Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es‐
tre outros, os seguintes: tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis‐ das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10
tério Público; desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsá‐
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; vel, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neo‐
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so‐ nato:
licitada; Pena - detenção de seis meses a dois anos.
V - ser tratado com respeito e dignidade; Parágrafo único. Se o crime é culposo:
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabe‐
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; lecimento de atenção à saúde de gestante de identificar correta‐
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; mente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes‐ deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
soal; Pena - detenção de seis meses a dois anos.
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e Parágrafo único. Se o crime é culposo:
salubridade; Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
XI - receber escolarização e profissionalização; Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra‐
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária com‐
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des‐ petente:
de que assim o deseje; Pena - detenção de seis meses a dois anos.

35
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda‐
apreensão sem observância das formalidades legais. ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreen‐ Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distri‐
são de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à buir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
pessoa por ele indicada: registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica en‐
Pena - detenção de seis meses a dois anos. volvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, 2008)
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997: § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de 11.829, de 2008)
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
Pena - detenção de seis meses a dois anos. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu‐
Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Pena - detenção de seis meses a dois anos. artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciá‐ § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste
ria, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do
Público no exercício de função prevista nesta Lei: serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao
Pena - detenção de seis meses a dois anos. conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
de colocação em lar substituto: fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pe‐
efetiva a paga ou recompensa. quena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi‐
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829,
fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
de 2008)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres‐
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela
pondente à violência.
Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou re‐
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
gistrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfi‐
entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processa‐
ca, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
mento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste
11.829, de 2008)
parágrafo;(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda‐
III – representante legal e funcionários responsáveis de prove‐
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado‐
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autori‐
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança
dade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
pela Lei nº 11.829, de 2008)
quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
2008)
sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
2008)
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera‐
exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829,
de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
de 2008)
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, pre‐
pela Lei nº 11.829, de 2008)
ceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex‐
tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual‐
pela Lei nº 11.829, de 2008)
quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou ou‐
forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual‐
envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
11.829, de 2008)
ato libidinoso:(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

36
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído CAPÍTULO II
pela Lei nº 11.829, de 2008) DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por esta‐
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo belecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-es‐
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati‐ cola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de
car ato libidinoso;(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o maus-tratos contra criança ou adolescente:
fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual‐ Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
mente explícita.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) o dobro em caso de reincidência.
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres‐ Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais(In‐ o dobro em caso de reincidência.
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização de‐
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre‐ vida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a crian‐
ou explosivo: ça ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) o dobro em caso de reincidência.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmen‐
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, te, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracio‐
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com‐ nal, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos
ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, di‐
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) reta ou indiretamente.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a auto‐
de 2015) ridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre‐ a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi‐ como da publicação do periódico até por dois números. (Expressão
do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, declara inconstitucional pela ADIN 869-2).
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de uti‐ Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
lização indevida: Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ine‐
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. rentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi‐ assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da per‐ o dobro em caso de reincidência.
da de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Fe‐ dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da
deração (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:(Re‐
ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei dação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
nº 13.440, de 2017) Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa,
o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do esta‐
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído belecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038,
pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) de 2009).
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (In‐ (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá
cluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
praticá-la:(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei o dobro em caso de reincidência.
nº 12.015, de 2009) Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo pú‐
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem blico de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classifica‐
Lei nº 12.015, de 2009) ção:
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumenta‐ Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
das de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar o dobro em caso de reincidência.
incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer repre‐
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) sentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não
se recomendem:

37
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espe‐ CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA: AR-
táculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. TIGOS 105 E 109‐A
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo
em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA DE 1989
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar PREÂMBULO
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. O povo catarinense, integrado à nação brasileira, sob a
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere clas‐ proteção de Deus e no exercício do poder constituinte, por seus
sificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou representantes, livre e democraticamente eleitos, promulga esta
adolescentes admitidos ao espetáculo: Constituição do Estado de Santa Catarina.
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci‐
dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo TÍTULO V
ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. DA SEGURANÇA PÚBLICA
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro‐
gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída CAPÍTULO I
pelo órgão competente: DISPOSIÇAO GERAL
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha‐ Art. 105. A segurança pública, dever do Estado, direito e
mento do estabelecimento por até quinze dias. responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 des‐ pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
ta Lei: seguintes órgãos:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando‐ I - Policia Civil;
-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da II - Policia Militar;
revista ou publicação. III – Corpo de Bombeiros Militar, e (Redação do inciso III,
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em‐ incluída pela EC/33, de 2003).
presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de crian‐ IV – Instituto Geral de Perícia. (NR) (Redação do inciso IV,
ça ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação incluída pela EC/39,de 2005).
no espetáculo: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V – Polícia Penal. (Redação do inciso V, incluída pela EC/80, de
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso 2020)
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha‐ § 1º A lei disciplinará a organização, a competência, o
mento do estabelecimento por até quinze dias. funcionamento e os efetivos dos órgãos responsáveis pela
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a segurança pública do Estado, de maneira a garantir a eficiência de
instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e suas atividades. (Redação do Parágrafo único passa a denominar-se
no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º, pela EC/33, de 2003).
Vigência § 2º O regulamento disciplinar dos militares estaduais será
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil revisto periodicamente, com intervalo de no máximo cinco anos,
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência visando o seu aprimoramento e atualização. (Redação do § 2º,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que incluída pela EC/33, de 2003).
deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes ADI STF 3469/05 (arts. 1º ao 5º) - parcialmente procedente para
em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados declarar a inconstitucionalidade do art. 1º, ficando reconhecida,
à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento consequentemente, a constitucionalidade dos arts. 2º a 5º. DJE
institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi‐ 28/02/2011 - ATA Nº 20/2011. DJE nº 39, divulgado em 25/02/2011.
gência
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta‐ CAPÍTULO IV-A
belecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIA
encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co‐
nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho Art. 109-A. O Instituto Geral de Perícia é o órgão permanente
para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de perícia oficial, competindo-lhe a realização de perícias criminais,
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil os serviços de identificação civil e criminal, e a pesquisa e
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência desenvolvimento de estudos nesta área de atuação.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de pro‐ § 1º A direção do Instituto e das suas diversas áreas de
grama oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à con‐ especialização serão exercidas por perito oficial de carreira,
vivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no nomeado pelo Governador do Estado.
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º A lei disciplinará a organização, o funcionamento e o
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do quadro de pessoal do Instituto, de maneira a garantir a eficiência de
art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) suas atividades. (NR) (Redação do Capítulo IV-A e do artigo 109-A,
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez inserida pela EC/39, de 2005).
mil reais);(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comer‐
cial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei
nº 13.106, de 2015)

38
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
X - Desempenho: contribuição do servidor para o alcance dos
NORMA QUE DISPÕE SOBRE O QUADRO DE PESSOAL objetivos e metas do local em que estiver em exercício, bem como
DOS SERVIDORES DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS a valorização de sua formação e sua atuação; e
(LEI Nº 15.156/10) XI - Enquadramento: adequação do cargo de provimento
efetivo anterior para a situação estabelecida nesta Lei.
LEI Nº 15.156, DE 11 DE MAIO DE 2010
CAPÍTULO II
Institui o Plano de Carreiras e Vencimentos do Grupo DA ESTRUTURA DO PLANO DE CARREIRAS E VENCIMEN-
Segurança Pública - Perícia Oficial e adota outras providências. TOS

Faço saber que o Governador do Estado de Santa Catarina, de SEÇÃO I


acordo com o art. 51 da Constituição Estadual, adotou a Medida DA ESTRUTURA
Provisória nº 175, de 30 de março de 2010, e eu, Deputado Gelson
Merisio, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, para Art. 3º Integram a estrutura do Plano de Carreiras e Vencimentos
os efeitos do disposto no § 8º do art. 315 do Regimento Interno, dos servidores efetivos do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de
promulgo a seguinte Lei: Perícias - IGP:
I - Quadro de Pessoal (Anexo I): quantitativo de cargos em
CAPÍTULO I carreiras e níveis;
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS II - Descrição e Especificação dos Cargos (Anexo II): descrição
das atribuições, especificação funcional e requisitos de investidura;
Art. 1º Fica instituído, nos termos desta Lei, o Plano de Carreiras III - Quadro de Correlação (Anexo III): correlação dos cargos da
e Vencimentos para o Grupo Segurança Pública - Perícia Oficial, situação anterior para a situação nova prevista nesta Lei; e
denominado Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP, IV - Tabela de Vencimentos (Anexo IV): valor do vencimento dos
destinado a organizar os cargos de provimento efetivo, permitindo cargos por nível; e
a evolução na carreira com o objetivo de: V - Funções Gratificadas (Anexos V e VI ): quantitativo de
I - valorizar o potencial profissional e o nível de desempenho funções e valor das gratificações por função.
exigido no exercício das funções de perícia e identificação;
II - incentivar o desenvolvimento funcional com base na SEÇÃO II
igualdade de oportunidades, no mérito profissional, no esforço DA COMPOSIÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL
pessoal e na contribuição para o alcance dos objetivos do Instituto
Geral de Perícias - IGP; Art. 4º Os cargos que compõem o Quadro de Pessoal do
III - proporcionar transparência às práticas de remuneração, Instituto Geral de Perícias - IGP, são organizados nas seguintes
bem como adoção de remuneração compatível com a complexidade, carreiras:
responsabilidade e escolaridade para o desempenho e o I - Perito Oficial: autoridade que desempenha atividades de
desenvolvimento no respectivo cargo; e nível superior, de natureza técnica, científica e especializada, de
IV - racionalizar e melhorar continuamente a qualidade dos maior complexidade quanto à observação, constatação, registro,
serviços prestados à Segurança Pública Estadual. coleta, interpretação, análise e avaliação prospectiva, nos ditames
Art. 2º Para os efeitos desta Lei considera-se: da criminalística, de vestígios relacionados ao fato delituoso e
I - Plano de Carreiras e Vencimentos: sistema de diretrizes à emissão de um juízo, realizando exames periciais criminais e
e normas que estabelecem a estrutura de carreiras, cargos, elaborando estudos, pesquisas, laudos e pareceres que exigem
remuneração e desenvolvimento funcional; formação ou habilitação específica, fundamentais para a decisão
II - Quadro de Pessoal: quantitativo de cargos de provimento judicial, nos termos das normas constitucionais e legais em
efetivo definido de acordo com as necessidades do Instituto Geral vigor, bem como presidir as atividades de perícia criminal e de
de Perícias - IGP; identificação civil e criminal no Estado de Santa Catarina;
III - Cargo Efetivo: conjunto de atribuições, deveres e II - Técnico Pericial: desempenha atividades de nível superior,
responsabilidades específicas, definidas na legislação estadual, de natureza técnica e científica, que têm por objeto realizar exames
cometidas a servidor aprovado em concurso público; papiloscópicos referentes à identificação civil e criminal, elaborando
IV - Carreira: estrutura de desenvolvimento funcional do laudos e pareceres que exigem habilitação específica, fundamentais
servidor dentro do cargo para o qual prestou concurso público, para a decisão judicial, nos termos das normas constitucionais e
composta por níveis; legais em vigor; e
V - Desenvolvimento Funcional: evolução na carreira, mediante III - Auxiliar Pericial: desempenha atividades de nível médio, de
promoção por antiguidade, promoção por merecimento e natureza operacional, administrativa e de apoio, relacionadas ao
promoção extraordinária; suporte na execução das atividades afetas à instituição.
VI - Promoção: deslocamento funcional do servidor ocupante § 1º As atividades desempenhadas pelos servidores efetivos do
de cargo efetivo, para o nível subsequente dentro do mesmo cargo; Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP, envolvem
VII - Nível: graduação vertical ascendente existente no cargo; atividades sujeitas a regime especial de trabalho e a regime de
VIII - Avaliação Funcional: processo contínuo e sistemático plantão.
de descrição, análise e avaliação das competências do servidor § 2º Os cargos de provimento em comissão de Diretores,
no desempenho das atribuições do seu cargo, oportunizando o Gerentes e Corregedor serão ocupados exclusivamente por
crescimento profissional, bem como possibilitando o alcance das servidores efetivos, ativos e estáveis da carreira de Perito Oficial do
metas e dos objetivos institucionais; IGP.
IX - Competências: conjunto de conhecimentos, habilidades
e atitudes mobilizados pelo servidor na entrega de resultados
institucionais e individuais necessários à realização das atividades
e atribuições do cargo efetivo;

39
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
SEÇÃO III CAPÍTULO IV
DO ENQUADRAMENTO DA CARREIRA

Art. 5º Os servidores efetivos ocupantes dos cargos SEÇÃO I


pertencentes às carreiras do Quadro de Pessoal do Instituto Geral DO INGRESSO
de Perícias - IGP serão enquadrados conforme linha de correlação
estabelecida no Anexo III desta Lei. Art. 11. A habilitação dos candidatos aos cargos das carreiras
do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP, será
CAPÍTULO III verificada em concurso público de provimento efetivo, obedecidas
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA às especificações contidas no edital, por meio das seguintes fases:
I - prova escrita objetiva e/ou dissertativa;
Art. 6º A função pericial do Instituto Geral de Perícias – IGP, II - avaliação de títulos específica para o cargo à qual concorre
está fundamentada nos princípios da impessoalidade, moralidade, o candidato;
eficiência, hierarquia e disciplina. III - avaliação da aptidão psicológica vocacionada;
Art. 7º A estrutura hierárquica constitui valor moral e técnico- IV - prova de capacidade física, exclusiva para o cargo de
administrativo, sendo instrumento de controle e eficácia dos Auxiliar Médico Legal;
atos operacionais e administrativos e, subsidiariamente, indutora V - exame toxicológico; e
da boa convivência profissional na diversidade de carreiras e VI - investigação social.
níveis que compõem o quadro de servidores efetivos do Instituto Parágrafo único. Os requisitos para classificação ou aprovação
Geral de Perícias - IGP, visando assegurar a disciplina, a ética e o em cada uma das fases descritas neste artigo, as modalidades das
desenvolvimento do espírito de equipe e de mútua cooperação, em provas, seus conteúdos e formas de avaliação, serão estabelecidos
ambiente de estima, confiança, lealdade e respeito recíproco. no edital do concurso público, de acordo com as exigências definidas
§ 1º A hierarquia pericial é a ordenação da autoridade dentro nesta Lei.
da estrutura do Instituto Geral de Perícias - IGP. Art. 12. A prova escrita, de caráter eliminatório e classificatório,
§ 2º A ordenação da autoridade se dá por cargo ou função de visa revelar, teoricamente, os conhecimentos indispensáveis ao
chefia, por carreiras e por níveis dentro do cargo, nesta ordem. exercício das atribuições do cargo pretendido, e versará sobre
§ 3º A autoridade e a responsabilidade são proporcionais ao conteúdos programáticos indicados no edital.
grau hierárquico. Art. 13. A avaliação de títulos, de caráter classificatório, levará
§ 4º O regime hierárquico não autoriza ingerência na emissão em conta a realização de cursos de aperfeiçoamento ou exercício de
do juízo de convencimento pericial, desde que, ao ser questionado, atividades afins que habilitem o candidato para o melhor exercício
este juízo esteja devidamente fundamentado pelos procedimentos das atribuições do cargo, obedecidos os critérios fixados no edital.
corretamente executados. Art. 14. A avaliação da aptidão psicológica vocacionada,
Art. 8º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento de caráter eliminatório, visa verificar, tecnicamente, dados da
integral das leis, regulamentos, normas, determinações e personalidade do candidato e se o mesmo possui o perfil e a
disposições que fundamentam a organização pericial e coordenam capacidade mental e psicomotora específicos para o exercício das
seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se no atribuições do cargo a que estiver concorrendo.
cumprimento do dever pelos servidores do Instituto Geral de Art. 15. A avaliação da capacidade física, de caráter eliminatório,
Perícias - IGP. visa verificar se o candidato ao cargo de Auxiliar Médico Legal tem
Parágrafo único. A disciplina agrega atitude de fidelidade condições para suportar determinadas atividades inerentes ao
profissional às disposições legais e às determinações técnicas e cargo.
científicas fundamentadas e emanadas da autoridade competente. Parágrafo único. Para participar da prova de capacidade física,
Art. 9º São manifestações essenciais de disciplina: o candidato deverá apresentar atestado médico no qual comprove
I - a correção de atitudes, de modo a preservar o respeito e o o gozo de boa saúde e a aptidão para submeter-se aos exercícios
decoro da função pericial; discriminados no edital do concurso público.
II - a obediência pronta às ordens não manifestamente ilegais; Art. 16. O exame toxicológico e a investigação social, de caráter
III - a consciência das responsabilidades e dos deveres; eliminatório, obedecerão aos critérios fixados no edital.
IV - o tratamento ao cidadão com eficiência, presteza e respeito; Art. 17. São requisitos básicos para o ingresso nas carreiras do
V - a discrição de atitudes e maneiras, na linguagem escrita e Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP:
falada; I - ser brasileiro;
VI - a colaboração espontânea para a eficácia e eficiência do II - ter no mínimo dezoito anos de idade;
Instituto Geral de Perícias - IGP; III - estar quite com as obrigações eleitoral e militar;
VII - a atuação solidária para a disciplina coletiva; IV - não registrar sentença penal condenatória transitada em
VIII - o acatamento dos valores e princípios éticos e morais; julgado;
IX - o respeito às leis, aos usos e aos costumes das localidades V - estar em gozo dos direitos políticos;
onde atuar, observadas as práticas técnicas nacionais e VI - ter conduta social ilibada;
internacionais; e VII - ter capacidade física e aptidão psicológica compatíveis
X - a manutenção de comportamento correto e de decoro na com o cargo pretendido;
vida pública e privada. VIII - possuir carteira nacional de habilitação, mínimo categoria
Art. 10. O servidor que exorbitar no cumprimento de ordem “B”; e
superior, desde que legais, responderá pelos excessos que tenha IX - ser portador de diploma ou certificado de nível
cometido. correspondente ao exigido para o cargo.
Parágrafo único. Cabe ao servidor, ao receber uma
determinação, solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total
entendimento e compreensão.

40
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
SEÇÃO II IV - relacionamento interpessoal: capacidade de se comunicar
DA NOMEAÇÃO, POSSE E EXERCÍCIO e de interagir com a equipe de trabalho e com terceiros;
V - eficiência: capacidade de atingir resultados no trabalho com
Art. 18. O concurso público, que será homologado pelo qualidade e rapidez, considerando as condições oferecidas pelo
Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão, Instituto para tanto;
compõe-se de procedimento seletivo que permitirá ao candidato VI - iniciativa: ações espontâneas e apresentação de ideias em
aprovado, obedecida a ordem de classificação, ser nomeado e prol da solução de problemas da unidade de trabalho, visando seu
posteriormente, de forma obrigatória, matriculado no curso de bom funcionamento, qualidade do trabalho e produtividade;
formação profissional respectivo. VII - conduta ética: postura de honestidade, responsabilidade
Art. 19. A nomeação para os cargos de provimento efetivo e respeito à Instituição e ao sigilo das informações, às quais tem
do Instituto Geral de Perícias - IGP obedecerá, obrigatoriamente, acesso em decorrência do trabalho e observância a regras, normas
à ordem de classificação dos candidatos no concurso público para e instruções regulamentares; e
ingresso na carreira. VIII - produtividade: capacidade de atingir as metas atribuídas
Parágrafo único. A nomeação, deferida pelo Chefe do Poder nos prazos previstos.
Executivo, será feita conforme a necessidade do serviço público, Art. 24. A apuração do atendimento aos requisitos durante
obedecendo as regras dispostas no edital relativas às vagas. o estágio probatório far-se-á no formulário de Acompanhamento
Art. 20. A posse é o ato que completa a investidura no cargo, de Desempenho Funcional, elaborada pela chefia imediata e
podendo ser efetivada no ato da matrícula do curso de formação encaminhada, reservadamente, à Comissão Permanente de
profissional. Avaliação Especial.
Art. 21. Concluído o curso de formação profissional, será Parágrafo único. A avaliação do desempenho funcional poderá
atribuído exercício aos servidores nomeados nas unidades do ser feita, ainda, em funcionalidade técnica com acesso restrito à
Instituto Geral de Perícias - IGP. chefia imediata e membros da Comissão Permanente de Avaliação
§ 1º Feita a nomeação e cumprida a formação profissional, sob Especial.
pena de exoneração, o servidor deverá entrar em exercício no prazo Art. 25. Será constituída Comissão Permanente de Avaliação
máximo de 15 (quinze) dias. Especial para cada carreira, integrada por no mínimo 3 (três)
§ 2º O curso de formação profissional é requisito fundamental membros, composta, obrigatoriamente, por servidores de cargo
do estágio probatório, sendo que a reprovação acarretará a imediata efetivo em exercício no Instituto Geral de Perícias - IGP.
exoneração do nomeado. Art. 26. Compete à Comissão Permanente de Avaliação Especial:
§ 3º O servidor que abandonar os quadros do Instituto Geral I - coordenar e orientar a aplicação do formulário de
de Perícias – IGP, antes de concluído o estágio probatório, deverá Acompanhamento de Desempenho Funcional;
ressarcir o Estado pelas despesas decorrentes do curso de formação. II - elaborar em conjunto com o Setor de Recursos Humanos
§ 4º No edital do concurso público deverá constar o valor do Instituto Geral de Perícias o formulário de Acompanhamento de
aproximado referente às despesas do curso de formação. Desempenho Funcional;
III - fixar cronograma de trabalho para cada período de
SEÇÃO III avaliação;
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO IV - dar conhecimento prévio aos avaliados das normas,
critérios e conceitos a serem utilizados nas avaliações;
Art. 22. Os três primeiros anos de exercício nas carreiras do V - analisar recurso interposto pelos servidores, em razão da
Instituto Geral de Perícias - IGP, serão considerados como período avaliação realizada pela chefia imediata;
de estágio probatório, durante os quais o servidor será avaliado VI - avaliar e decidir sobre questões que tenham comprometido
quanto à aptidão e a capacidade para o desempenho do cargo, como ou dificultado a aplicação das avaliações pelos avaliadores e
condição para a aquisição de sua estabilidade e ao preenchimento avaliados, sugerindo medidas às unidades competentes;
dos demais requisitos legais. VII - sugerir a exoneração do servidor em processo sumário
Art. 23. O servidor das carreiras do Quadro de Pessoal do específico, quando o mesmo não for considerado apto para o cargo
Instituto Geral de Perícias – IGP, em estágio probatório, será avaliado ou apresentar comportamento criminoso ou ilegal; e
pelo seu chefe imediato, que deverá informar, em formulário de VIII - formular e encaminhar relatório conclusivo sobre o
Acompanhamento de Desempenho Funcional, a cada seis meses, desempenho dos servidores ao Diretor-Geral e à Secretaria de
sua aptidão e seu desempenho, levando em conta os seguintes Estado da Administração, cujo teor deverá contemplar a assinatura
fatores: da maioria dos integrantes da Comissão.
I - assiduidade; Art. 27. O resultado obtido no Acompanhamento de
II - pontualidade; Desempenho Funcional será utilizado:
III - comprometimento com a instituição; I - a fim de conferir estabilidade ao servidor considerado apto;
IV - relacionamento interpessoal; e
V - eficiência; II - para o fim de exoneração do servidor considerado inapto.
VI - iniciativa; Parágrafo único. Será assegurado ao avaliado o conhecimento
VII - conduta ética; e dos conceitos estabelecidos no Acompanhamento de Desempenho
VIII - produtividade. Funcional.
Parágrafo único. Para fins deste artigo considera-se:
Art. 28. É vedado ao servidor em estágio probatório:
I - assiduidade: frequência diária na unidade de trabalho com o
I - disposição ou convocação para atuar em outro órgão ou
cumprimento integral da jornada de trabalho;
entidade estadual ou da federação;
II - pontualidade: cumprimento dos horários de chegada e
II - remoção, designação ou redistribuição para outro órgão ou
saída e saídas nos intervalos da unidade de trabalho, inclusive nas
entidade;
convocações para serviços periciais;
III - afastamento para cursar pós-graduação;
III - comprometimento com a instituição: fiel cumprimento dos
IV - licença para tratar de assuntos de interesses particulares;
deveres de servidor público;

41
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
V - desenvolvimento funcional através de promoção; CAPÍTULO V
VI - licença por mudança de domicílio; DO DESENVOLVIMENTO FUNCIONAL
VII - licença especial para exercer cargo de direção em SEÇÃO I
organizações sindicais; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
VIII - exercício de cargo em comissão ou função em órgão ou
entidade não pertencente ao Poder Executivo Estadual; e Art. 33. O desenvolvimento funcional dos integrantes do
IX - usufruto de licença-prêmio. Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP será efetuado
Art. 29. Fica suspensa e prorrogada a contagem de tempo, mediante promoção na respectiva carreira.
para efeito de homologação do estágio probatório, ao servidor que Art. 34. A promoção na carreira dos servidores efetivos do
estiver em: Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP consiste na
I - exercício de cargo em comissão e função técnica ou movimentação do nível atual para o nível imediatamente superior,
gratificada no Poder Executivo Estadual, salvo se compatível com as dentro do respectivo cargo.
atribuições do cargo efetivo; § 1º Verificada a abertura de vaga no nível imediatamente
II - licença para tratamento de saúde; superior ao do servidor, a promoção realizar-se-á, alternadamente
III - licença por motivo de doença em pessoa da família; pelos critérios de antiguidade e merecimento, seguindo a ordem
IV - licença para repouso à gestante; sequencial da última promoção.
V - licença para concorrer e exercer cargo eletivo; § 2º A promoção na carreira dos integrantes do Quadro de
VI - licença especial para atender menor adotado; Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP não dependerá de prévia
VII - readaptação funcional; habilitação e ocorrerá após a realização dos procedimentos de
VIII - afastamento do cargo para responder processo avaliação da promoção e demais requisitos constantes desta Lei.
administrativo disciplinar; Art. 35. Em benefício daquele a quem de direito caiba a promoção, é
IX - licença por acidente de serviço; e declarado sem efeito o ato que a houver decretado indevidamente.
X - licença para o serviço militar obrigatório. Parágrafo único. O servidor a quem caiba a promoção, é
Parágrafo único. Os afastamentos tratados nos incisos II a indenizado da diferença da remuneração a que tiver direito.
VIII deste artigo, não poderão exceder o prazo estabelecido na Art. 36. Não poderá ser promovido por antiguidade ou
legislação específica. merecimento o servidor que:
Art. 30. O servidor em estágio probatório só poderá ser I - estiver preso, em virtude de decisão judicial transitada em
movimentado no âmbito do Instituto Geral de Perícias - IGP, desde julgado;
que seja para atender a imperiosa necessidade do serviço público II - tiver sofrido pena de suspensão disciplinar, superior a 30
e para continuar exercendo as atribuições do cargo para qual foi (trinta) dias, nos últimos 3 (três) anos, com trânsito em julgado;
nomeado. III - for condenado, enquanto durar o cumprimento integral
da pena, mesmo com a concessão da suspensão ou livramento
SEÇÃO IV condicional, nos termos do Código de Processo Penal;
DA LOTAÇÃO IV - estiver em estágio probatório;
V - estiver licenciado para tratar de interesses particulares; e
VI - estiver em disponibilidade, salvo interesse da Secretaria de
Art. 31. O servidor efetivo do Quadro de Pessoal do Instituto
Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão.
Geral de Perícias - IGP será lotado em unidades do Instituto Geral
Art. 37. Não poderá, ainda, ser promovido por merecimento,
de Perícias - IGP.
o servidor que:
§ 1º O servidor terá exercício na unidade em que for lotado,
I - estiver em gozo de licença para tratamento de saúde de
exceto nos casos de interesse público com expressa e fundamentada
pessoa da família, por mais de 3 (três) meses;
autorização do Diretor-Geral.
II - estiver em exercício de mandato eletivo, cuja carga horária
§ 2º O afastamento do servidor de sua lotação só se verificará de trabalho seja incompatível com o exercício da função pericial;
com expressa autorização do chefe imediato, verificado o interesse III - estiver no exercício de cargo ou função pública civil
do serviço público, e com anuência do Diretor-Geral. temporária não eletiva, inclusive da administração indireta,
§ 3º Considera-se requisito obrigatório para movimentação a fundações, autarquias, economia mista e empresas públicas; e
permanência mínima de 2 (dois) anos na lotação em que estiver IV - estiver licenciado para realizar quaisquer cursos em nível
vinculado, exceto por imperiosa necessidade do serviço. de doutorado, mestrado, especialização ou similares, na forma da
Art. 32. A escolha da unidade lotacional para o efetivo exercício legislação específica e desde que não tenha relação direta com a
do cargo, dentre as vagas disponibilizadas em concurso público, atividade pericial.
será realizada após o término do Curso de Formação Profissional, Art. 38. A análise do curso e registro no Sistema Integrado
respeitando a ordem de classificação obtida pelos alunos, ao final do de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH, para efeito de
respectivo curso, ressalvados os casos em que a escolha da unidade desenvolvimento funcional, será procedida pelo Setor de Recursos
de lotação seja feita no ato da inscrição do concurso público. Humanos do Instituto Geral de Perícias - IGP.
Parágrafo único. Concluído o curso de formação, o servidor do § 1º O certificado do curso deverá ser acompanhado do
IGP terá direito a ajuda de custo correspondente à metade do valor conteúdo programático e sua respectiva carga horária.
estabelecido no inciso I do art. 65 desta Lei, por ocasião da primeira § 2º Os cursos deverão estar relacionados com a função ou
lotação após deixar os quadros da Academia de Perícia, desde que área de atuação, sendo necessária carga horária mínima de 8 (oito)
esta ocorra em sede diversa da localidade de sua residência de horas para efeito de homologação e validação.
origem. (NR) (Redação do parágrafo único, dada pela Lei 16.772, § 3º Somente serão considerados os cursos finalizados no prazo
de 2015). de 3 (três) anos anteriores a data da última promoção.
Art. 39. Cumpridos os critérios exigidos por esta Lei o
desenvolvimento funcional ocorrerá por processamento automático
das informações constantes do Sistema Integrado de Gestão de
Recursos Humanos - SIGRH.

42
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Compete ao Setor de Recursos Humanos do a) comprometimento com a Instituição: fiel cumprimento dos
Instituto Geral de Perícias - IGP, gerir os procedimentos necessários deveres de servidor público;
ao desenvolvimento funcional, sob a supervisão e orientação do b) iniciativa: ações espontâneas e apresentação de ideias em
órgão normativo do Sistema Administrativo de Gestão de Recursos prol da solução de problemas da unidade de trabalho, visando seu
Humanos - SAGRH, na área de capacitação. bom funcionamento;
c) conduta ética: postura de honestidade, responsabilidade,
SEÇÃO II respeito à instituição e ao sigilo das informações, às quais tem
DA PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE acesso em decorrência ao trabalho e observância a regras, normas
e instruções regulamentares;
Art. 40. Concorrerão à promoção por antiguidade os integrantes d) relacionamento interpessoal: capacidade de se comunicar e
das carreiras do Instituto Geral de Perícias do Estado de Santa de interagir com a equipe de trabalho e com o público em função da
Catarina que tiverem maior tempo de efetivo exercício no cargo e boa execução do serviço;
nível, o qual será contado nos casos de: e) eficiência: capacidade de atingir resultados no trabalho com
I - nomeação, a partir da data do efetivo exercício no cargo qualidade e rapidez, considerando as condições oferecidas para
devidamente aprovado no estágio probatório; tanto;
II - reversão ou retorno, a partir da data em que reverteu ou f) produtividade no trabalho: a comprovação, a partir da
retornou ao exercício do cargo; comparação da produção desejada com o trabalho realizado
III - promoção a partir da publicação do ato de movimentação. que será aferido, sempre que possível, com base em relatórios
§ 1º Será computado como de efetivo exercício o tempo em estatísticos de desempenho quantificado;
que o servidor estiver à disposição de outros órgãos, desde que no g) qualidade do trabalho: demonstração do grau de exatidão,
interesse da Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Cidadão. precisão e apresentação, quando possível, mediante apreciação
§ 2º Havendo empate na contagem do tempo de serviço no de amostras, do trabalho executado, bem como pela capacidade
nível, a classificação obedecerá, sucessivamente, aos seguintes demonstrada pelo servidor no desempenho das atribuições do seu
critérios: cargo; e
I - maior tempo de serviço em caráter efetivo, na carreira; h) disciplina e zelo funcional: observância dos preceitos e
II - maior tempo de serviço público no Estado; normas, com a compreensão dos deveres, da responsabilidade,
III - maior tempo de serviço em atividades da Perícia Oficial; do respeito e seriedade com os quais o servidor desempenha suas
IV - maior idade; e atribuições e a execução de suas atividades com cuidado, dedicação
V - maior número de dependentes.
e compreensão dos deveres e responsabilidade;
II - até 60 (sessenta) pontos, atribuídos em Formulário de
SEÇÃO III
Aperfeiçoamento, para o critério cumprimento de carga horária
DA PROMOÇÃO POR MERECIMENTO
dos cursos de aperfeiçoamento e/ou qualificação ministrados pela
Academia de Perícia e/ou outras instituições públicas ou privadas,
Art. 41. A promoção por merecimento, com o objetivo de aferir
observada a seguinte carga horária:
o desempenho do servidor efetivo do Quadro de Pessoal do Instituto
Geral de Perícias - IGP no exercício de suas atribuições, condiciona-
se ao preenchimento dos requisitos considerados indispensáveis ao a) Perito Oficial
exercício do cargo, por meio da Avaliação Funcional.
Art. 42. A Avaliação Funcional do servidor efetivo tem por NÍVEL Nº DE HORAS
finalidade avaliar as competências no desempenho das atribuições
1 160
do cargo de cada carreira, para efeito de:
I - levantar as necessidades de treinamentos e capacitações 2 180
para o alinhamento do desempenho individual ao desempenho 3 200
institucional;
II - identificar competências que necessitem de aprimoramento
b) Técnico Pericial
visando o aperfeiçoamento da força de trabalho do Quadro de
Pessoal do IGP; e
III - valorizar e estimular o servidor a investir em desenvolvimento NÍVEL Nº DE HORAS
profissional e melhoria do desempenho. 1 120
§ 1º Excepcionalmente, havendo impedimento do avaliador
ou situação que indique incompatibilidade técnico-funcional com 2 140
o avaliado e, consequentemente, comprometimento do resultado, 3 160
a avaliação funcional deverá ser realizada pelo substituto formal
do seu superior imediato, ou por outro indicado pela Comissão 4 180
Permanente de Promoção, mediante justificativa circunstanciada.
§ 2º O servidor que, durante o período de referência da c) Auxiliar Pericial
avaliação, tiver exercido suas atribuições sob a liderança de mais
de um superior hierárquico, será avaliado por aquele ao qual esteve NÍVEL Nº DE HORAS
subordinado por mais tempo.
Art. 43. A Avaliação Funcional do servidor efetivo será efetuada 1 40
mediante a atribuição de até 200 (duzentos) pontos e ocorrerá a 2 60
cada 2 (dois) anos, assim distribuída:
I - até 140 (cento e quarenta) pontos, atribuídos em Formulário 3 80
Individual de Desempenho, mediante avaliação dos seguintes 4 100
critérios:

43
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
XI - 6 (seis) pontos por atividade correicional, até o limite de 36
5 120
(trinta e seis) pontos por ano, quando da participação nesta, desde
6 140 que não seja membro efetivo em exercício regular na Corregedoria,
7 160 quando designado pelo Corregedor do Instituto Geral de Perícias -
IGP;
§ 1º Entende-se por cursos de qualificação e/ou XII - 20 (vinte) pontos por processo de promoção, até o limite de
aperfeiçoamento, para efeitos do disposto no inciso II, participação 80 (oitenta) pontos por ano, quando da participação em Comissão
em cursos de atualização, reciclagem ou aprimoramento, bem de Promoção dos membros das carreiras do Instituto Geral de
como, congressos, seminários ou palestras, realizados por órgãos Perícias - IGP;
públicos e privados de elevado reconhecimento ou realizados por XIII - 50 (cinquenta) pontos por concurso, até o limite de 100
instituições afetas à Perícia Oficial. (cem) pontos por ano, quando da participação como integrante da
§ 2º Recebido o formulário individual de desempenho, será o Comissão de Concurso para ingresso nas carreiras do Instituto Geral
mesmo preenchido pela chefia imediata e devolvido no prazo de de Perícias - IGP.
até 5 (cinco) dias, impreterivelmente, às Comissões Permanentes Parágrafo único. Para efeitos do disposto no inciso I, não serão
de Promoção. considerados para fins de pontuação, os cursos de graduação
exigidos para o provimento originário dos cargos do Instituto Geral
§ 3º Compete ao Diretor-Geral e ao Corregedor do Instituto
de Perícias - IGP.
Geral de Perícias homologar a pontuação constante no formulário
Art. 45. O servidor efetivo pertencente à carreira de Perito
individual de desempenho disposta no inciso I, procedendo as
Oficial atenderá aos seguintes pré-requisitos para promoção por
alterações, desde que justificadas, visando à aplicação homogênea
merecimento:
dos critérios estabelecidos nesta Lei.
I - atingir um número mínimo de 250 (duzentos e cinquenta)
§ 4º A avaliação funcional do Diretor-Geral será realizada pelo
pontos e contabilizar 6 (seis) anos de efetivo exercício na carreira,
Secretário de Segurança Pública e Defesa do Cidadão e a avaliação para ser promovido ao nível II;
do Corregedor do Instituto Geral de Perícias - IGP, será realizada II - atingir um número mínimo de 270 (duzentos e setenta)
pelo Corregedor-Geral da Secretaria de Segurança Pública e Defesa pontos e contabilizar 12 (doze) anos de efetivo exercício na carreira,
do Cidadão. para ser promovido ao nível III; e
Art. 44. As Comissões Permanentes de Promoção, além da III - atingir um número mínimo de 290 (duzentos e noventa)
Avaliação Funcional, utilizarão para compor o total de pontos da pontos e contabilizar 18 (dezoito) anos de efetivo exercício na
promoção por merecimento, a participação, a conclusão ou a carreira, para ser promovido ao nível IV.
produção de atividades relacionadas diretamente com as áreas Art. 46. O servidor efetivo pertencente à carreira de Técnico
técnicas da perícia forense, áreas administrativas, jurídicas e/ Pericial atenderá aos seguintes pré-requisitos para promoção por
ou de interesses institucionais do Instituto Geral de Perícias - IGP, merecimento:
atribuindo-se a eles a seguinte pontuação: I - atingir um número mínimo de 200 (duzentos) pontos e
I - 200 (duzentos) pontos para outro curso de graduação; desde contabilizar 4 (quatro) anos de efetivo exercício na carreira, para ser
que inerentes ao cargo ou à respectiva área de atuação, autorizados promovido ao nível 2;
e reconhecidos pelo Ministério da Educação - MEC; II - atingir número mínimo de 220 (duzentos e vinte) pontos e
II - 200 (duzentos) pontos para livro publicado; contabilizar 8 (oito) anos de efetivo exercício na carreira, para ser
III - 50 (cinquenta) pontos para autoria parcial de livro publicado; promovido ao nível 3;
IV - 2 (dois) pontos para cada 4 (quatro) horas/aula ministradas III - atingir um número mínimo de 240 (duzentos e quarenta)
em eventos científicos ou culturais promovidos pelo Instituto pontos e contabilizar 12 (doze) anos de efetivo exercício na carreira,
Geral de Perícias - IGP ou outras entidades ou instituições oficiais, para ser promovido ao nível 4;
devidamente certificados, observado o limite máximo de 60 IV - atingir um número mínimo de 260 (duzentos e sessenta)
(sessenta) pontos por ano; pontos e contabilizar 18 (dezoito) anos de efetivo exercício na
V - 20 (vinte) pontos para conferências ou palestras proferidas carreira, para ser promovido ao nível 5.
em eventos científicos promovidos pelo Instituto Geral de Perícias Art. 47. O servidor efetivo pertencente à carreira de Auxiliar
- IGP ou outras entidades ou instituições oficiais, devidamente Pericial atenderá aos seguintes pré-requisitos para promoção por
certificadas, observado o limite máximo de 60 (sessenta) pontos merecimento:
por ano; I - atingir um número mínimo de 100 (cem) pontos e contabilizar
VI - 20 (vinte) pontos para trabalho publicado em anais de 4 (quatro) anos de efetivo exercício na carreira, para ser promovido
congressos e em outros eventos semelhantes; ao nível 2;
VII - 100 (cem) pontos para autoria de artigo científico publicado II - atingir um número mínimo de 120 (cento e vinte) pontos e
em periódico internacional e 50 (cinquenta) pontos em periódico contabilizar 6 (seis) anos de efetivo exercício na carreira, para ser
nacional, reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de promovido ao nível 3;
Pessoal de Nível Superior – CAPES, do Ministério da Educação; III - atingir um número mínimo de 140 (cento e quarenta)
VIII - 20 (vinte) pontos para colaboração nos artigos de que pontos e contabilizar 8 (oito) anos de efetivo exercício na carreira,
trata o inciso anterior; para ser promovido ao nível 4;
IX - 10 (dez) pontos por participação, até o limite de 40 IV - atingir um número mínimo de 160 (cento e sessenta)
(quarenta) pontos por ano, enquanto membro de Grupo de pontos e contabilizar 12 (doze) anos de efetivo exercício na carreira,
Trabalho que estabeleça normas e diretrizes a serem observadas para ser promovido ao nível 5;
pelos servidores do Instituto Geral de Perícias - IGP; V - atingir um número mínimo de 180 (cento e oitenta) pontos
X - 10 (dez) pontos por participação, até o limite de 60 e contabilizar 14 (quatorze) anos de efetivo exercício na carreira,
(sessenta) pontos por ano, enquanto membro de comissão de para ser promovido ao nível 6;
Processo Administrativo Disciplinar ou Presidente de Sindicância; VI - atingir um número mínimo de 200 (duzentos) pontos e
contabilizar 16 (dezesseis) anos de efetivo exercício na carreira,
para ser promovido ao nível 7; e

44
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
VII - atingir um total de 220 (duzentos e vinte) pontos e a) apresenta perfil de alta performance: igual ou superior a
contabilizar 18 (dezoito) anos de efetivo exercício na carreira, para 90% (noventa por cento) da pontuação máxima;
ser promovido ao nível 8. b) demonstra perfil esperado: igual ou superior a 70% (setenta
Art. 48. O resultado final da pontuação para a promoção por por cento) e inferior a 90% (noventa por cento) da pontuação
merecimento do servidor efetivo do Quadro de Pessoal do Instituto máxima;
Geral de Perícias – IGP, será o somatório dos pontos englobando c) pratica as competências, mas necessita de aprimoramento:
todos os critérios da avaliação de promoção. igual ou superior a 50% (cinquenta por cento) e inferior a 70%
§ 1º Os pontos não utilizados para a promoção por merecimento (setenta por cento) da pontuação máxima; e
gerarão saldo para a promoção subsequente, limitado em 50% d) necessita desenvolver: inferior a 50% (cinquenta por cento)
(cinquenta por cento) do número total de pontos. da pontuação máxima.
§ 2º O saldo restante será zerado. Art. 52. Havendo empate na contagem dos pontos dos
Art. 49. Haverá uma Comissão Permanente de Promoção para servidores de mesmo nível, a classificação para fins promocionais
cada carreira do Instituto Geral de Perícias – IGP, que será responsável obedecerá, sucessivamente, aos seguintes critérios:
pela condução, pela elaboração das normas e procedimentos I - maior pontuação na Avaliação Funcional imediatamente
pertinentes à avaliação funcional, a ser regulamentada em ato do anterior ao processo de promoção;
Chefe do Poder Executivo. II - maior tempo de serviço na carreira, observados os critérios
§ 1º As Comissões Permanentes de Promoção serão para fins de promoção;
constituídas por 3 (três) servidores efetivos de cada carreira do III - maior tempo de serviço em atividades ligadas à Perícia
Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP, por indicação Oficial;
do Diretor-Geral, e seus membros terão mandato de 2 (dois) anos, IV - maior idade; e
permitida a recondução. V - maior número de dependentes.
§ 2º A contagem preliminar dos pontos, para os atos de
promoção, deverão ser de conhecimento dos servidores, 30 (trinta) SEÇÃO IV
dias antes da data de efetivação daquela concessão. DA PROMOÇÃO EXTRAORDINÁRIA
§ 3º Os pedidos de revisão dos pontos poderão ser interpostos
pelos servidores, no prazo de 10 (dez) dias, a contar da publicação Art. 53. São consideradas modalidades de promoção
da contagem preliminar de pontos no Diário Oficial do Estado. extraordinárias as realizadas por Ato de Bravura e Post Mortem.
§ 4º As comissões apreciarão os pedidos de revisão no prazo de Art. 54. A promoção extraordinária ocorrerá, em caráter
5 (cinco) dias, findo o prazo recursal. excepcional, quando integrante de carreira do Quadro de Pessoal
Art. 50. Das decisões das comissões de promoção caberá recurso do Instituto Geral de Perícias - IGP ficar permanentemente inválido,
ao Diretor-Geral, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias em virtude de ferimento sofrido em ação ou pela prática de ato de
úteis, a contar da publicação do ato da decisão denegatória de bravura.
recursos, e sucessivamente, em igual prazo ao Secretário de Estado Parágrafo único. A promoção extraordinária dar-se-á para o
da Segurança Pública e Defesa do Cidadão. nível imediatamente superior em que o servidor se encontrar.
Art. 51. Compete às comissões de promoção: Art. 55. A promoção por bravura, não condicionada à existência
I - elaborar e revisar as normas, procedimento e os formulários de vaga, se efetivará pela prática de ato considerado muito
da Avaliação Funcional, propondo alterações quando necessário;
meritório e terá as circunstâncias para a sua ocorrência apuradas
sob a orientação do Setor de Recursos Humanos do Instituto Geral
em investigação conduzida por membros da Comissão Permanente
de Perícias - IGP;
de Avaliação de Promoção.
II - acompanhar e avaliar os processos e resultados das
§ 1º Para fins deste artigo, ato de bravura em serviço
avaliações funcionais, com base nos instrumentos a serem definidos
corresponde à conduta do servidor que, no desempenho de suas
em decreto do Chefe do Poder Executivo;
atribuições e para a preservação de vida de outrem, coloque em
III - fixar cronograma de trabalho para cada período de
risco incomum a sua própria vida, demonstrando coragem e
avaliação;
IV - dar conhecimento prévio das normas, critérios e conceitos audácia.
a serem utilizados nas avaliações; § 2º Na promoção por ato de bravura não é exigido o
V - julgar recurso interposto pelo servidor, em razão da atendimento de requisitos para a promoção, estabelecidos nesta
avaliação realizada pelo seu superior imediato; Lei.
VI - publicar a contagem dos pontos e ordem de classificação Art. 56. A promoção Post Mortem tem por objetivo expressar o
dos servidores, no site do Instituto Geral de Perícias - IGP; reconhecimento do Estado ao servidor falecido, quando:
VII - manter atualizado, por meio do Setor de Recursos I - no cumprimento do dever;
Humanos, o registro de vagas existentes de todas as carreiras do II - em consequência de ferimento recebido no exercício da
Instituto Geral de Perícias - IGP, obedecendo ao critério de que atividade pericial, ou por enfermidade contraída em razão do
toda e qualquer informação funcional deverá constar do Sistema desempenho da função.
Integrado de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH, sendo vedada § 1º A superveniência do evento morte, em decorrência dos
a utilização de outro meio tecnológico; mesmos fatos e circunstâncias que tenham justificado promoção
VIII - avaliar e decidir sobre questões que tenham comprometido anterior por ato de bravura, excluirá a de caráter Post Mortem.
ou dificultado a aplicação das avaliações pelos avaliadores e § 2º A promoção de que trata o caput deste artigo e seus
avaliados, sugerindo medidas às unidades competentes; e incisos terá as circunstâncias para a sua ocorrência apuradas em
IX - formular parecer conclusivo sobre o desempenho dos investigação conduzida por membros da Comissão Permanente de
servidores para o Setor de Recursos Humanos do Instituto Geral de Avaliação de Promoção.
Perícias - IGP, cujo teor deverá contemplar a assinatura da maioria
dos integrantes da Comissão, observado o resultado efetivo da
pontuação obtida na Avaliação Funcional por ele obtido, com a
correspondência de conceitos de desempenho conforme segue:

45
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CAPÍTULO VI § 1º Devem ser observados os seguintes critérios para decisão
DA REMOÇÃO do servidor a ser removido, sucessivamente:
I - o com melhor qualificação específica e que se dispuser a ser
Art. 57. Remoção é o deslocamento do servidor efetivo de uma removido;
para outra unidade do Instituto Geral de Perícias - IGP, no âmbito da II - o que se dispuser a ser removido;
mesma carreira e cargo, com ou sem mudança de cidade. III - o de menor tempo de serviço;
Art. 58. O servidor efetivo do Instituto Geral de Perícias - IGP, IV - o residente em localidade mais próxima; e
pode ser removido: V - o menos idoso.
I - a pedido, a critério da administração; § 2º O levantamento e a análise da documentação comprobatória
II - por permuta, a critério da administração; relacionada a melhor qualificação específica, disposta no inciso I do
III - ex officio, no interesse da administração; e parágrafo anterior, é competência da Academia de Perícia.
IV - ex officio, por conveniência da disciplina. Art. 64. A remoção ex officio, por conveniência da disciplina,
Parágrafo único. As remoções são autorizadas ou determinadas será precedida de sindicância ou processo administrativo disciplinar,
pelo Diretor-Geral, após pronúncia do superior imediato do servidor. assegurados o contraditório e a ampla defesa, com manifestação
Art. 59. A remoção a pedido ou por permuta só pode ser motivada do Corregedor do Instituto Geral de Perícias - IGP, sobre a
concedida ao servidor após 5 (cinco) anos de efetivo exercício no conveniência da remoção.
local de sua lotação. Art. 65. No caso de remoção ex officio, que implicar mudança
Parágrafo único. O prazo deste artigo pode ser reduzido se de lotação ou sede funcional, o servidor do Instituto Geral de
comprovada a necessidade de remoção por motivo de saúde. Perícias - IGP, terá direito a 15 (quinze) dias de trânsito, prorrogável
Art. 60. A remoção, por motivo de saúde, restringe-se à por igual período, em caso de justificada necessidade, bem como
necessidade do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que ao pagamento de verba indenizatória, a título de ajuda de custo,
viva às suas custas e conste do seu assentamento funcional. para compensar as despesas de transporte e novas instalações,
Parágrafo único. São condições indispensáveis à remoção equivalente:
disposta no caput deste artigo: I – ao valor correspondente a 50% (cinquenta por cento) do
I - não haver condições de tratamento médico na cidade atual respectivo subsídio, quando não possuir dependentes;
em que o servidor estiver lotado; II – ao valor correspondente a 75% (setenta e cinco por cento)
II - necessidade imprescindível da assistência pessoal do do respectivo subsídio, quando possuir até 2 (dois) dependentes
servidor às demais pessoas relacionadas no caput; e expressamente declarados; e
III - impossibilidade do tratamento ou da assistência ser III – ao valor correspondente ao respectivo subsídio, quando
prestada de forma simultânea com o exercício do cargo em sua possuir mais de 2 (dois) dependentes expressamente declarados.
atual lotação. (NR) (Redação dada pela Lei 16.772, de 2015).
Art. 61. Nos pedidos de remoção, por motivo de saúde, a junta Art. 66. O servidor, quando removido, deve entrar em exercício
médica oficial deve manifestar-se quanto à existência da moléstia, no órgão para o qual foi designado dentro de 15 (quinze) dias,
sua gravidade, condições de tratamento e necessidade terapêutica contados da data da publicação do ato.
de movimentação do servidor para o local da nova lotação. Parágrafo único. Quando a remoção se der para novo local,
§ 1º A junta médica oficial deve, ainda, relacionar as cidades, sediado no mesmo município ou limítrofe ao da lotação anterior, o
dentre as quais constem unidades do Instituto Geral de Perícias - servidor deve entrar em exercício na data da publicação do ato que
IGP, que detenham igualdade de condições para o tratamento da o removeu e não tem direito à ajuda de custo.
doença, devendo a instituição, neste caso, determinar a remoção, Art. 67. Não se consideram remoção as operações especiais
dentre as cidades relacionadas, para a que melhor atenda o que exijam o deslocamento temporário do exercício do servidor
interesse institucional. para outro município ou comarca diversos da sua sede lotacional,
§ 2º Na situação disposta no parágrafo anterior é facultado ao assegurada a percepção dos benefícios financeiros previstos em lei.
servidor permanecer no local de sua atual lotação. Art. 68. No caso de remoção, o cônjuge, se integrante do
§ 3º Quando autorizada a remoção por motivo de saúde, esta Instituto Geral de Perícias - IGP, poderá acompanhar o servidor
será concedida independentemente de vaga na unidade do Instituto removido para a nova sede e não tem direito à ajuda de custo.
Geral de Perícias - IGP.
§ 4º Cessando as razões que deram origem à remoção por CAPÍTULO VII
motivo de saúde, o servidor poderá ser removido para sua unidade DA VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
anterior.
Art. 62. A remoção por permuta se processa a pedido de ambos Art. 69. Aos integrantes do Quadro de Pessoal do Instituto
os interessados, desde que sejam ocupantes do mesmo cargo. Geral de Perícias - IGP, nos termos desta Lei, que apresentarem
Parágrafo único. A permuta não se pode verificar quando certificado ou diploma de conclusão de cursos de pós-graduação,
uma das partes interessadas tiver condições de aposentadoria por inerentes ao cargo ou à respectiva área de atuação, desde que
tempo de serviço dentro de 1 (um) ano, a contar da data do pedido. autorizados e reconhecidos pelo Ministério da Educação - MEC, fica
Art. 63. A remoção ex officio, no interesse da administração, instituído o Adicional de Pós-Graduação, incidente sobre o valor do
ocorrerá observando-se os seguintes motivos: vencimento básico de cada cargo, correspondente a:
I - pela necessidade de servidor com qualificação específica I - 13% (treze por cento) para especialização;
para atender relevante interesse institucional; II - 16% (dezesseis por cento) para mestrado; e
II - pela necessidade premente de aumentar o efetivo da III - 19% (dezenove por cento) para doutorado.
unidade pericial, em decorrência do incremento da incidência de
exames periciais na região;
III - para substituir servidor nos impedimentos legais; e
IV - em decorrência de causa emergencial devidamente
justificada.

46
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CAPÍTULO VIII SEÇÃO II
DA POLÍTICA REMUNERATÓRIA DAS GARANTIAS E DAS PRERROGATIVAS DO CARGO

SEÇÃO I Art. 76. O servidor do Instituto Geral de Perícias - IGP, gozará


DOS VENCIMENTOS E DOS ADICIONAIS das seguintes garantias:
I - receber tratamento e vencimento compatíveis com a
Art. 70. Os valores dos vencimentos básicos dos servidores importância do cargo desempenhado;
do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP são os II - matrícula, em estabelecimento oficial de ensino, na cidade
estabelecidos no Anexo IV desta Lei. em que esteja lotado, para si e seus dependentes, em qualquer fase
Art. 71. (LC 567, de 2012, revogada pela LC 675, de 2016) do ano letivo, independentemente de vaga, quando removido no
interesse do serviço pericial;
SEÇÃO II III - indenização de auxílio a saúde, nos termos do art. 2º da Lei
DA REMUNERAÇÃO POR CHEFIA nº 12.568, de 17 de fevereiro de 2003.
Art. 77. Constituem prerrogativas funcionais dos servidores do
Art. 72. Os servidores efetivos do Instituto Geral de Perícias - Instituto Geral de Perícias - IGP, dentre outras estabelecidas em lei:
IGP, quando no exercício de suas funções em órgãos do IGP ou outros I - ter, em virtude do cargo de Perito, autonomia e independência
órgãos vinculados à Secretaria de Estado da Segurança Pública e no exercício das funções;
Defesa do Cidadão - SSP, exercendo cargo ou função de chefe de II - ter fé pública nos documentos, pareceres, laudos e demais
setor ou de serviço, farão jus à Indenização de Representação de atos emanados em razão do cargo;
Chefia, no percentual instituído no art. 18 da Lei Complementar nº III - usar títulos decorrentes do exercício do cargo ou função;
254, de 15 de dezembro de 2003. IV - possuir insígnia e carteira de identificação funcional, com
§ 1º O beneficiário fará jus à indenização de que trata o caput fé pública, expedida pelo Diretor-Geral, válida em todo o Território
deste artigo desde o dia em que iniciar o exercício do cargo ou Nacional como documento de identidade civil.
função e cessará quando se afastar em caráter definitivo ou por V - ter ingresso e trânsito livres em qualquer recinto público ou
prazo superior a 30 (trinta) dias, excetuadas as férias. privado, em razão de serviço, devendo as autoridades e seus agentes
§ 2º Fica vedada a acumulação da indenização de que trata o prestar-lhes todo o apoio e auxílio necessários ao desempenho de
caput deste artigo em razão de nomeação ou designação para mais suas funções;
de 1 (um) cargo ou função, ressalvado o direito de opção. VI - ter prioridade nos serviços de transporte e comunicação,
§ 3º Para fins desta Lei, são consideradas funções de chefia de públicos e privados, em razão de serviço especial de caráter urgente;
órgão, setor ou serviço, aquelas em que o servidor do Instituto Geral VII - ser acompanhado e auxiliado por bombeiros e policiais
de Perícias - IGP exerce nos órgãos do IGP ou dos demais órgãos da estaduais quando necessário ao exercício de suas atribuições e para
Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão, a proteção de sua integridade física;
responsabilidade pelos seguintes setores ou serviços: VIII - empregar a força para defesa da integridade física própria
I - setor de identificação civil; ou de terceiros, proporcional ao exigido nas circunstâncias;
II - setor de identificação criminal; IX - realizar nos locais de crimes buscas por evidências e colher
III - setor de medicina legal; informações necessárias às atividades de investigação pericial.
IV - setor de criminalística; § 1º Constarão na carteira funcional dos servidores da ativa as
V - setor de análises laboratoriais; prerrogativas dos incisos III, IV, V e VI, deste artigo.
VI - setor de administração; § 2º Aplicam-se ao servidor do Instituto Geral de Perícias – IGP
VII - setor de assessoramento; aposentado as prerrogativas do inciso III deste artigo.
VIII - setor de materiais; e Art. 78. Os servidores efetivos do Instituto Geral de Perícias -
IX - setor de informática. IGP, órgão integrante da Secretaria de Segurança Pública e Defesa
do Cidadão do Estado de Santa Catarina, terão direito ao porte de
CAPÍTULO IX arma de fogo de uso permitido, observadas as condições de uso,
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS armazenagem e trânsito estabelecidas pelo Diretor-Geral, conforme
regulamentação federal.
SEÇÃO I § 1º As armas de fogo utilizadas pelos servidores serão
DO REGIME DE TRABALHO de responsabilidade e guarda do servidor, que não gozará de
prerrogativa funcional quando em desacordo com a norma própria.
Art. 73. A jornada de trabalho dos servidores do Quadro de § 2º A autorização de porte de arma de fogo constará na
Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP é de 40 (quarenta) horas carteira funcional do servidor.
semanais, devendo ser cumprida em regime de expediente diário § 3º O porte de arma poderá ser cassado, mediante processo
ou em escalas ou turnos ininterruptos de sobreaviso, de acordo com administrativo, quando o servidor do Instituto Geral de Perícias –
a necessidade de serviço, a ser determinada pela administração de IGP, se utilizar da prerrogativa em circunstâncias que acarretem
cada unidade. prejuízo ao prestígio ou à dignidade do Instituto.
Art. 74. Ao servidor do Instituto Geral de Perícias - IGP é Art. 79. Ao servidor que tiver exercido, a partir do ano de 2000,
vedado exercer qualquer outra atividade remunerada, pública ou pelo período mínimo de 12 (doze) meses, função de Diretor-Geral,
privada, salvo os casos previstos na Constituição Federal e, havendo Diretor-Adjunto, Corregedor, Diretor ou Gerente do Instituto Geral
compatibilidade de horário, o exercício do magistério e da medicina. de Perícias - IGP ou da Diretoria de Polícia Técnica-Científica, é
Parágrafo único. Não se aplica ao aposentado a proibição de assegurada a prerrogativa de, ao deixar a referida função, exercer
acumular proventos quanto ao exercício de mandato eletivo, cargo as atribuições do seu cargo no setor pericial em que atuava antes do
de provimento em comissão ou contrato para prestação de serviço exercício da função comissionada ou no setor pericial em que tenha
técnico ou especializado. proficiência comprovada para atuar.
Art. 75. (Redação revogada pela Lei 16.772, de 2015).

47
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Paragrafo único. É vedada a remoção ex offício do servidor de que trata o caput deste artigo, nos 2 (dois) anos subsequentes à
destituição da função.
Art. 80. O titular de cargo integrante do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP será aposentado voluntariamente com
proventos integrais, nos termos do art. 40, § 4º, II e III, da Constituição da República, desde que comprove 30 (trinta) anos de contribuição,
contando com pelo menos 20 (vinte) anos de exercício em atividade privativa da carreira no Estado de Santa Catarina, se homem, e 25
(vinte e cinco) anos de contribuição, contando com pelo menos 15 (quinze) anos de exercício em atividade privativa da carreira no Estado
de Santa Catarina, se mulher.

CAPÍTULO X
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 81. Aplicar-se-ão, no que couber, aos servidores efetivos do Instituto Geral de Perícias - IGP, as disposições do Estatuto da Polícia
Civil do Estado de Santa Catarina, Lei nº 6.843, de 28 de julho de 1986, de forma subsidiária ao disposto nesta Lei.
Art. 82. Compete ao Diretor-Geral aplicar as penas de advertência e suspensão aos servidores do Quadro de Pessoal do Instituto Geral
de Perícias - IGP.
Art. 83. Fica criada a Academia de Perícia, destinada a formar e qualificar os servidores das carreiras do Instituto Geral de Perícias - IGP,
bem como ao aperfeiçoamento e desenvolvimento de técnicas e competências necessárias às atribuições do cargo.
Parágrafo único. A Academia de Perícia fica autorizada a estabelecer convênios com entidades de ensino públicas e privadas para a
formatação total ou parcial do curso de formação e demais demandas que houver.
Art. 84. O Instituto Geral de Perícias - IGP, instalará seus órgãos de administração, de criminalística, de medicina legal, de identificação
civil e de serviços auxiliares em prédios sob sua administração, ou através de convênios, além de contar com todas as dependências e
acessos que já utiliza ou têm à disposição nos prédios destinados ao funcionamento dos demais órgãos integrantes da Secretaria de
Segurança Pública e Defesa do Cidadão, administrando-os em igualdade de condições.
Art. 85. A primeira avaliação funcional, bem como a primeira promoção por antiguidade ou merecimento dos servidores do Quadro
de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP deverá respeitar o prazo mínimo de 2 (dois) anos a contar da data de publicação desta Lei.
Art. 86. Para efeitos de desenvolvimento funcional, com a entrada em vigor desta Lei, toda a pontuação dos servidores do Instituto
Geral de Perícias – IGP, zera.
Art. 87. Ficam criadas as Funções Gratificadas necessárias para o funcionamento do Instituto Geral de Perícias - IGP, conforme Anexo
V integrante da presente Lei e, incluídas no Anexo XIV da Lei Complementar nº 381, de 07 de maio de 2007.
Art. 88. Ficam criados os Cargos em Comissão necessários para o funcionamento do Instituto Geral de Perícias - IGP, conforme Anexo
VI integrante da presente Lei e, incluídos no Anexo VII-D da Lei Complementar nº 381, de 2007.
Art. 89. Fica assegurado o adicional vintenário previsto no art. 13 e seus parágrafos da Lei Complementar nº 254, de 2003, aos
integrantes do Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP.
Art. 90. As demais vantagens pecuniárias, direitos, licenças, garantias, e prerrogativas não citadas nesta Lei, concedidas a qualquer
título, percebidas regularmente pelos servidores ativos, inativos e pensionistas do Instituto Geral de Perícias - IGP permanecem inalteradas
e mantêm os mesmos critérios de concessão previstos na legislação vigente.
Parágrafo único. O determinado no caput deste artigo aplicar-se-á às disposições comuns, omissas e não colidentes com a presente
Lei.
Art. 91. Fica extinto e seu valor incorporado e absorvido para o Quadro de Pessoal do Instituto Geral de Perícias - IGP, o adicional de
atividade, código de vantagem 1160 da folha de pagamento.
Art. 92. A aplicação desta Lei não poderá gerar redução da remuneração dos servidores ativos, inativos e pensionistas atingidos por
suas disposições.
Art. 93. Serão regulamentadas em decreto pelo Chefe do Poder Executivo, no prazo máximo de 90 (noventa) dias a contar da data de
publicação desta Lei, as normas relacionadas ao Instituto Geral de Perícias - IGP, referentes:
I - a estrutura organizacional;
II - ao estágio probatório;
III - ao Regimento Interno da Academia de Perícia;
IV - aos sistemas e critérios do curso de formação;
V - ao quadro lotacional;
VI - ao Adicional de Pós-Graduação; e
VII - ao desenvolvimento funcional.
Art. 94. O enquadramento dos servidores do Instituto Geral de Perícias - IGP será efetuado por meio de portaria emitida pelo Secretário
de Estado da Administração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação desta Lei.
Parágrafo único. O enquadramento disposto no caput deste artigo será efetuado independente das regras sobre desenvolvimento
funcional de que trata esta Lei.
Art. 95. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei correrão à conta das dotações próprias do orçamento vigente do Estado.
Art. 96. O aumento das despesas decorrentes da aplicação desta Lei será suportado de forma progressiva na proporção de 50%
(cinquenta por cento) em julho de 2010 e 50% (cinquenta por cento) em novembro de 2010.
Art. 97. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 98. Ficam revogados os arts. 2º, 3º, 5º, 6º, 7º, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 19 e 20 da Lei Complementar nº 374, de 30 de janeiro de 2007.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ANEXO I
QUADRO DE PESSOAL DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS - IGP

ANEXO II
DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DOS CARGOS

DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO


CARGO: PERITO CRIMINAL
CARREIRA: PERITO OFICIAL
NÍVEL: I a IV

REQUISITOS DE INVESTIDURA:
1 - conclusão de curso superior em área específica, estipulada em edital, e em faculdade reconhecida pelo Ministério da Educação,
com currículo mínimo de quatro anos.
2 - conclusão de curso de formação profissional, mínimo 480 (quatrocentos e oitenta) horas aula.

JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.

DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:


1 - atividade de grande complexidade, de natureza técnica, científica e especializada que tem por objeto executar os exames de corpo
de delito e todas as perícias criminais necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor,
exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Balística Forense, Documentoscopia e Grafotecnia, Merceologia, Informática Forense,

49
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Perícias Especiais, Fonética Forense, Contabilidade Forense, Local 17 - realizar exames periciais de engenharia legal, verificando
de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, a existência de fraudes, falhas, erros, defeitos, nas diversas áreas
Acidentes de Trânsito, Engenharia Legal, Perícias Veiculares, Crimes de engenharia, bem como as que se relacionam a desabamento,
Ambientais, Papiloscopia, Odontologia, entre outros. desmoronamento, explosão, acidentes de trabalho, danos em
2 - presidir e coordenar as atividades de perícia criminal e de imóveis, superfaturamento em obras, alteração de limites, incêndio,
identificação civil e criminal no Estado de Santa Catarina. furto de energia elétrica, de água, sinal, entre outros.
18 - realizar exames periciais veiculares, de identificação nos
DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES: veículos automotores suspeitos de furto e adulteração, buscando
1 - comparecer, a qualquer hora do dia ou da noite, ao Instituto possíveis alterações em seus elementos identificadores, numeração,
Geral de Perícias, aos locais onde haja suspeita ou efetivamente chassi, plaquetas, entre outros;
tenha ocorrido delito, procedendo aos exames necessários, bem 19 - realizar exames periciais em crimes ambientais,
como coletar e acondicionar os materiais que achar indispensáveis relacionados a fauna e flora, principalmente extrativismo,
para exames complementares, inclusive em qualquer dos setores e assoreamento, desmatamento, queimadas, poluição do solo, água
laboratórios do Instituto Geral de Perícias; e ar, incêndios, alteração irregular do solo, caça e pesca proibidas,
2 - coordenar os serviços técnicos, administrativos e entre outros;
criminalísticos sob sua responsabilidade, supervisionando e 20 - realizar exames periciais papiloscópicos,
orientando os técnicos e auxiliares nos procedimentos relacionados necropapiloscópicos e iconográficos, efetuando atividades de
aos mesmos; pesquisa, coleta, análise, classificação, confronto e arquivamento
3 - requisitar auxílio a bombeiros e policiais estaduais quando de material papiloscópico, de imagens e gravuras, entre outros;
necessário para execução dos exames periciais em locais de delito; 21 - presidir os serviços de identificação civil e criminal,
4 - presidir e atuar em sindicâncias administrativas, disciplinares assinando as respectivas Cédulas de Identidade Civil e demais
e processos disciplinares; documentos oficiais;
5 - realizar exames periciais de balística forense, em armas 22 - realizar, subsidiariamente e por determinação superior,
de fogo, munições, estojos, projéteis, visando sua identificação, exames periciais cometidos ao Perito Criminal Bioquímico, Perito
funcionamento, eficiência, bem como, efetuar a comparação Médico-Legista e Perito Odontolegista, desde que possua a
microscópica das marcas deixadas nos projéteis e estojos, entre habilitação técnica necessária;
outros; 23 - redigir, digitar e instruir os respectivos laudos dos trabalhos
6 - realizar exames periciais de documentos cópia e grafotecnia, periciais com objetividade e clareza, evitando a linguagem
excessivamente técnica e facilitando o seu entendimento e
para determinação de autenticidade, falsidade, adulteração,
interpretação no interesse da justiça;
alteração ou autoria gráfica em documentos, papéis de segurança,
24 - pesquisar e desenvolver estudos em áreas de atuação do
selos, cartões de credito, moedas, cheques, papel moeda e
Instituto Geral de Perícias;
publicações em geral, entre outros;
25 - propor a edição de normas internas ou a alteração de
7 - realizar exames periciais de merceologia, para determinação
procedimentos que visem à melhoria dos serviços e controles,
da autenticidade, classificação e especificação de mercadorias,
tornando-os mais eficazes;
entre outros;
26 - conduzir viaturas;
8 - realizar exames periciais de informática forense, em 27 - executar outras atribuições correlatas que lhe forem
computadores, periféricos, sistemas, internet, aparelhos que atribuídas pela direção ou decorrentes de lei.
armazenem dados ou informações, entre outros;
9 - realizar exames de perícias especiais, em arma branca, DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO
objetos, instrumentos, equipamentos, máquinas, dispositivos CARGO: PERITO CRIMINAL BIOQUÍMICO
mecânicos, elétricos, eletroeletrônicos, eletromecânicos, CARREIRA: PERITO OFICIAL
reprodução simulada, entre outros; NÍVEL: I a IV
10 - realizar exames periciais de fonética forense, através da
identificação, análise, autenticação e comparação dos sons da fala, REQUISITOS DE INVESTIDURA:
bem como a identificação de pessoas em dados audiovisuais, entre 1- conclusão de curso superior em área específica, estipulada
outros; em edital, e em faculdade reconhecida pelo Ministério da Educação,
11 - realizar exames periciais de contabilidade forense, em com currículo mínimo de quatro anos.
registros administrativos e contábeis, entre outros. 2- conclusão de curso de formação profissional, mínimo 480
12 - realizar exames periciais em locais de crime contra a pessoa, (quatrocentos e oitenta) horas aula.
que envolvam tentativa ou execução de homicídio, latrocínio,
infanticídio, suicídio, estupro, atentado violento ao pudor, entre JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.
outros;
13 - realizar o exame perinecroscópico e posteriormente DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:
acompanhar o exame necroscópico, entre outros; 1- atividade de grande complexidade, de natureza técnica,
14 - realizar exames periciais em locais de crime contra o científica e especializada que tem por objeto executar com
patrimônio, que envolvam tentativa ou execução de furto, roubo, exclusividade os exames de corpo de delito que necessitem
dano material à pessoas ou estabelecimentos, incêndios, entre de análises laboratoriais requisitadas no campo da química,
outros; bioquímica, toxicologia, anatomopatologia, DNA forense e todas as
15 - realizar exames preliminares em drogas, entorpecentes, perícias criminais referentes a sua área de atuação necessárias à
entre outros; instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais
16 - realizar exames periciais de acidente de trânsito, em locais e legais em vigor, exercendo suas atribuições nos setores periciais
que envolvam veículos oficiais e nos acidentes de trânsito com de Análises de Materiais, Análises de Micro Vestígios, DNA Forense,
vítimas fatais, entre outros; Química Forense, Toxicologia Forense, Bioquímica, Biologia Forense,
entre outros.

50
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
2- presidir e coordenar as atividades de química legal no Estado JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.
de Santa Catarina.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:
DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES: 1- atividade de grande complexidade, de natureza técnica,
1- comparecer, a qualquer hora do dia ou da noite, ao Instituto científica e especializada que tem por objeto executar com
Geral de Perícias, aos locais onde haja suspeita ou efetivamente exclusividade os exames de corpo de delito em vítimas de lesão
tenha ocorrido delito, procedendo aos exames necessários e corporal ou morte violenta e todas as perícias referentes a sua área
providenciando ou realizando a orientação e normatização da de atuação necessárias à instrução processual penal, nos termos
coleta e acondicionamento dos materiais que achar indispensáveis das normas constitucionais e legais em vigor, exercendo suas
para exames complementares, inclusive em qualquer dos setores e atribuições nos setores periciais de Tanatologia Forense, Psiquiatria
laboratórios do Instituto Geral de Perícias; Forense, Traumatologia Forense, Sexologia Forense, Antropologia
2- coordenar os serviços criminalísticos sob sua Forense, Patologia Forense, entre outros.
responsabilidade, supervisionando e orientando os técnicos e 2- presidir e coordenar as atividades de odonto e medicina
auxiliares nos procedimentos relacionados aos referidos serviços; legal no Estado de Santa Catarina.
3- presidir e atuar em sindicâncias administrativas, disciplinares
e processos disciplinares; DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES:
4- proceder aos exames laboratoriais requisitados pela 1. comparecer, a qualquer hora do dia ou da noite, ao Instituto
autoridade competente; Geral de Perícias, hospital ou onde a vítima se encontrar, procedendo
5- proceder aos exames laboratoriais toxicológicos requisitados aos exames necessários e providenciando ou realizando a coleta
por órgão público ou particular, desde que haja risco efetivo de e acondicionamento dos materiais que achar indispensáveis para
morte; exames complementares, inclusive em qualquer dos setores e
6- proceder a orientação para a coleta de materiais para análise laboratórios do Instituto Geral de Perícias;
laboratorial necessários à fundamentação dos laudos periciais dos 2. coordenar os serviços criminalísticos sob sua
demais setores do Instituto Geral de Perícias; responsabilidade, supervisionando e orientando os auxiliares
7- proceder, quando necessário, a coleta e acondicionamento médicos nos procedimentos relacionados aos seus serviços;
de materiais para análises laboratoriais; 3. presidir e atuar em sindicâncias administrativas, disciplinares
8- proceder exames periciais em material biológico proveniente e processos disciplinares;
dos órgãos da segurança, em necropsias ou em complementação 4. realizar exame perinecroscópico nos locais de morte violenta,
de outros exames; junto com o Perito Criminal;
9- proceder exames em manchas, sangue, colostro e urina; 5. realizar o exame cadavérico (necropsia) nos casos de morte
10- proceder exames de venenos em material biológico violenta;
proveniente de necropsias e de exumações; 6. realizar o exame de corpo de delito nas vítimas de lesões por
11- proceder exames laboratoriais para pesquisas de agentes agressões e acidentes;
tóxicos orgânicos, inorgânicos, gasosos, voláteis, inclusive cáusticos 7. providenciar ou orientar para que as lesões sejam
e corrosivos, em laboratórios, hospitais ou outros locais; fotografadas, quando necessário;
12- preparar reagentes e demais materiais utilizados em 8. coletar os materiais dos cadáveres necropsiados (vísceras,
exames nos diversos setores do Instituto Geral de Perícias; sangue, secreções vaginais, uretais, projétil, entre outros)
13- realizar, subsidiariamente e por determinação superior, fiscalizando o acondicionamento e solicitando os exames
exames periciais cometidos ao Perito Criminal; complementares que julgar necessários para fundamentar o laudo
14- redigir, digitar e instruir os respectivos laudos dos trabalhos pericial;
periciais com objetividade e clareza, evitando a linguagem 9. realizar a avaliação da sanidade mental do acusado quando
excessivamente técnica e facilitando o seu entendimento e da prática da infração penal;
interpretação no interesse da justiça; 10. proceder ao exame de dependência toxicológica no acusado
15- pesquisar e desenvolver estudos em áreas de atuação do de tráfico de entorpecente, que se declarar como tal;
Instituto Geral de Perícias; 11. realizar ou solicitar a realização dos exames
16- propor a edição de normas internas ou a alteração de anatomopatológicos se julgar necessário para fundamentar seu
procedimentos que visem à melhoria dos serviços e controles, laudo pericial;
tornando-os mais eficazes; 12. providenciar ou realizar a coleta da individual dactiloscópica
17- conduzir viaturas; ou de outros elementos de identificação dos cadáveres examinados;
18- executar outras atribuições correlatas que lhe forem 13. coletar material vaginal, anal e oral em decorrência de
atribuídas pela direção ou decorrentes de lei. crimes sexuais;
14. solicitar exames toxicológicos;
DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO 15. solicitar a realização de exames de DNA;
CARGO: PERITO MÉDICO-LEGISTA 16. solicitar à Direção o encaminhamento dos materiais
CARREIRA: PERITO OFICIAL coletados para os exames complementares;
NÍVEL: I a IV 19- realizar, subsidiariamente e por determinação superior,
exames periciais cometidos ao Perito Criminal;
REQUISITOS DE INVESTIDURA: 17. redigir, digitar e instruir os respectivos laudos dos trabalhos
1- conclusão de curso superior em Medicina, com registro no periciais com objetividade e clareza, evitando a linguagem
respectivo conselho regional da profissão, com currículo mínimo de excessivamente técnica e facilitando o seu entendimento e
seis anos. interpretação no interesse da justiça;
2- conclusão de curso de formação profissional, mínimo 480 18. pesquisar e desenvolver estudos em áreas de atuação do
(quatrocentos e oitenta) horas aula. Instituto Geral de Perícias;

51
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
19. propor a edição de normas internas ou a alteração de 12- pesquisar e desenvolver estudos em áreas de atuação do
procedimentos que visem à melhoria dos serviços e controles, Instituto Geral de Perícias;
tornando-os mais eficazes; 13- propor a edição de normas internas ou a alteração de
20. conduzir viaturas; procedimentos que visem à melhoria dos serviços e controles,
21. executar outras atribuições correlatas que lhe forem tornando-os mais eficazes;
atribuídas pela direção ou decorrentes de lei. 14- conduzir viaturas;
15- executar outras atribuições correlatas que lhe forem
DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO atribuídas pela direção ou decorrentes de lei.
CARGO: PERITO ODONTOLEGISTA
CARREIRA: PERITO OFICIAL DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO
NÍVEL: I a IV CARGO: PAPILOSCOPISTA
CARREIRA: TÉCNICO PERICIAL
REQUISITOS DE INVESTIDURA: NÍVEL: 1 a 5
1- conclusão de curso superior em Odontologia, com registro
no respectivo conselho regional da profissão, com currículo mínimo REQUISITOS DE INVESTIDURA:
de quatro anos. 1- conclusão de curso superior em faculdade reconhecida pelo
2- conclusão de curso de formação profissional, mínimo 480 Ministério da Educação, com currículo mínimo de quatro anos.
(quatrocentos e oitenta) horas aula. 2- conclusão de curso de formação profissional, mínimo 360
(trezentas e sessenta) horas aula.
JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.
JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:
1. atividade de grande complexidade, de natureza técnica, DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:
científica e especializada que tem por objeto executar com 1- atividade de natureza técnica científica que tem por objeto
exclusividade os exames de corpo de delito pertinentes à área executar exames papiloscópicos referentes à identificação civil e
de odontologia em vítimas de lesão corporal ou morte violenta e criminal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor,
todas as perícias referentes a sua área de atuação necessárias à exercendo suas atribuições nos setores de identificação civil e
instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais criminal, setores afetos à papiloscopia, entre outros.
e legais em vigor, exercendo suas atribuições nos setores periciais 2- coordenar as atividades de identificação civil e criminal no
de Traumatologia Forense, Identificação por Arcada Dentária, Estado de Santa Catarina.
Antropologia Forense, Sexologia Forense, entre outros.
DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES:
1. comparecer, a qualquer hora do dia ou da noite, aos
DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES:
locais onde haja suspeita ou efetivamente tenha ocorrido delito,
1- comparecer, a qualquer hora do dia ou da noite, ao Instituto
auxiliando ou procedendo à coleta de impressões digitais e
Geral de Perícias ou onde a vítima se encontrar, procedendo aos
materiais necessários a exames complementares;
exames necessários e providenciando a coleta e acondicionamento
2. coordenar e executar os trabalhos de identificação civil e
dos materiais que achar indispensáveis para exames criminal;
complementares, inclusive em qualquer dos setores e laboratórios 3. supervisionar atividades técnicas e administrativas afetas as
do Instituto Geral de Perícias; suas atribuições;
2- coordenar os serviços criminalísticos sob sua 4. atuar em sindicâncias administrativas, disciplinares e
responsabilidade, supervisionando e orientando os técnicos e processos disciplinares;
auxiliares nos procedimentos relacionados aos referidos serviços; 5. responder pelos postos e setores de identificação no Estado
3- presidir e atuar em sindicâncias administrativas, disciplinares de Santa Catarina;
e processos disciplinares; 6. proceder à revelação de impressões digitais em materiais
4- realizar o exame de identificação por arcada dentária em coletados em locais de crime, utilizando os reagentes e
vivos, mortos e crânio esqueletizado; equipamentos necessários;
5- realizar exames das características, através da estimativa de 7. orientar e exercer as atividades de análise, pesquisa e
sexo, idade, estatura ou biotipo; arquivamento de impressões digitais provenientes da identificação
6- realizar exames em casos de diagnóstico diferencial entre civil e criminal;
manchas de saliva, esperma e mucosidade vaginal, bem como em 8. produzir as demais informações necessárias a esclarecimentos
objetos. relacionados a assuntos de identificação civil e criminal;
7- realizar subsidiariamente exames periciais cometidos ao 9. manter atualizados os arquivos com as fichas datiloscópicas
Perito Criminal; e prontuários de identificação;
8- providenciar ou orientar para que as lesões sejam 10. proceder à classificação das impressões digitais nas fichas
fotografadas; individuais;
9- solicitar à Direção o encaminhamento dos materiais 11. realizar e orientar as pesquisas para a expedição de
coletados para os exames complementares; antecedentes criminais requisitados formalmente por autoridade
10- realizar, subsidiariamente e por determinação superior, competente;
exames periciais cometidos ao Perito Criminal; 12. realizar e orientar as pesquisas necessárias para a expedição
de certidão de prontuário, obedecidas as normas pertinentes;
11- redigir, digitar e instruir os respectivos laudos dos trabalhos
13. proceder a coleta de impressões digitais, palmares e
periciais com objetividade e clareza, evitando a linguagem
plantares;
excessivamente técnica e facilitando o seu entendimento e
14. orientar e executar a coleta de impressões digitais para a
interpretação no interesse da justiça;
identificação funcional dos servidores do Estado;

52
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
15. realizar exames periciais papiloscópicos, necropapiloscópicos 8- realizar, subsidiariamente e por determinação superior,
e iconográficos; a coleta de impressões digitais em vivos e mortos, desde que
16. redigir, digitar e instruir os respectivos laudos com instruído para esta função;
objetividade e clareza; 9- auxiliar as demais carreiras nas atividades enumeradas na
17. elaborar retrato falado; descrição de atribuições das mesmas;
18. operar equipamentos de leitura, pesquisa e confronto de 10- executar outras atribuições correlatas que lhe forem
impressões digitais; atribuídas pela direção ou decorrentes de lei.
19. executar o controle de qualidade das impressões digitais
coletadas nos postos de identificação; DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO
20. operar os equipamentos, instrumentos e utensílios de CARGO: AUXILIAR MÉDICO-LEGAL
uso nos trabalhos periciais papiloscópicos, necropapiloscópicos e CARREIRA: AUXILIAR PERICIAL
iconográficos; NÍVEL: 1 a 8
21. operar os sistemas computacionais de identificação civil e
criminal; REQUISITOS DE INVESTIDURA:
22. assistir ao Perito Oficial em outras tarefas afins quando lhe 1- conclusão do ensino médio;
for solicitado; 2- conclusão de curso de formação profissional, mínimo 120
23. realizar pesquisas e estudos de novas técnicas e métodos (cento e vinte) horas aula.
de trabalho relacionados à papiloscopia, buscando constante
atualização e aprimoramento; JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.
24. propor a edição de normas internas ou a alteração de
procedimentos que visem à melhoria dos serviços e controles, DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:
tornando-os mais eficazes; 1- atividade que tem por objeto executar o recolhimento e o
25. conduzir viaturas; transporte de cadáveres das vítimas de morte violenta, preparando-
26. executar outras atribuições correlatas que lhe forem os para necropsia, bem como executar serviços operacionais e
atribuídas pela direção ou decorrentes de lei. administrativos, nos termos das normas constitucionais e legais
em vigor, exercendo suas atribuições, sob orientação superior, nos
DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO setores do Instituto Médico Legal, entre outros.
CARGO: AUXILIAR CRIMINALÍSTICO
CARREIRA: AUXILIAR PERICIAL DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES:
NÍVEL: 1 a 8 1. sempre que solicitado por autoridade competente, realizar
o recolhimento dos cadáveres das vítimas de morte violenta,
REQUISITOS DE INVESTIDURA: em qualquer local, a qualquer hora e em qualquer estado de
1- conclusão do ensino médio. conservação ou configuração;
2- conclusão de curso de formação profissional, mínimo 120 2. preparar os cadáveres para necropsia através da realização
(cento e vinte) horas aula. dos procedimentos de retirada de vestes, limpeza, abertura do
crânio, cavidade torácica e abdominal;
JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais. 3. proceder e auxiliar na coleta de materiais dos cadáveres
necropsiados, dentre eles, vísceras, sangue, secreções, projéteis,
DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES: entre outros, acondicionando-os adequadamente;
1- atividade que tem por objeto executar serviços operacionais 4. encerrar os procedimentos de necropsia através da sutura e
e administrativos, auxiliar na execução de exames periciais e na guarda dos cadáveres;
identificação civil e criminal, nos termos das normas constitucionais 5. observar as normas de procedimento sobre identificação,
e legais em vigor, exercendo suas atribuições, sob orientação remoção ou sepultamento de cadáveres;
superior, nos setores do Instituto de Criminalística, nos setores do 6. guardar os valores, documentos e pertences dos cadáveres
Instituto de Identificação Civil e Criminal, entre outros. recolhidos para necropsia, registrando e entregando-os à autoridade
competente;
DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES: 7. executar os trabalhos solicitados, na presença do Perito
1- atender ao público; Médico-Legista, de necropsia e exumação, onde ocorrerem, e na
2- executar a remoção, o recebimento e a entrega de objetos, preparação de arcadas dentárias para identificação cadavérica;
materiais e mobiliários; 8. realizar, sob orientação do Perito Médico-Legista, os
3- executar o cadastramento e alimentação dos programas e trabalhos de captura de imagens das vítimas fatais necropsiadas
aplicativos informatizados do IGP; e das respectivas lesões, sendo responsável pela reprodução das
4- redigir, preencher, digitar, protocolar, entregar, arquivar, mesmas junto ao setor competente;
receber e enviar: correspondências, relatórios, documentos em 9. providenciar e realizar a manutenção da assepsia nas
geral e materiais, conforme normas internas; instalações e materiais do Instituto Médico Legal;
5- desempenhar as funções inerentes aos serviços dos setores 10. atender ao público;
de plantão, protocolo, expediente, almoxarifado, entre outros; 11. executar a remoção, o recebimento e a entrega de objetos,
6- operar equipamentos, instrumentos e utensílios de uso nos materiais e mobiliários;
trabalhos periciais, zelando pelo bom funcionamento, conservação 12. executar o cadastramento e alimentação dos programas e
e limpeza dos mesmos, bem como, providenciar o destino adequado aplicativos informatizados do IGP;
ao material remanescente de exames; 13. redigir, preencher, digitar, protocolar, entregar, arquivar,
7- conduzir viaturas oficiais, sendo responsável diretamente receber e enviar: correspondências, relatórios, documentos em
pela manutenção e conservação das mesmas; geral e materiais, conforme normas internas;

53
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
14. desempenhar as funções inerentes aos serviços dos setores de plantão, protocolo, expediente, almoxarifado, entre outros;
15. operar equipamentos, instrumentos e utensílios de uso nos trabalhos periciais, zelando pelo bom funcionamento, conservação e
limpeza dos mesmos, bem como, providenciar o destino adequado ao material remanescente de exames;
16. conduzir viaturas oficiais, sendo responsável diretamente pela manutenção e conservação das mesmas;
17. realizar, subsidiariamente e por determinação superior, a coleta de impressões digitais em vivos e mortos, desde que instruído
para esta função;
18. auxiliar as demais carreiras nas atividades enumeradas na descrição de atribuições das mesmas;
19. executar outras atribuições correlatas que lhe forem atribuídas pela direção ou decorrentes de lei.

DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO CARGO


CARGO: AUXILIAR DE LABORATÓRIO
CARREIRA: AUXILIAR PERICIAL
NÍVEL: 1 a 8

REQUISITOS DE INVESTIDURA:
1. conclusão do ensino médio;
2. conclusão de curso de formação profissional, mínimo 120 (cento e vinte) horas aula.
JORNADA DE TRABALHO: 40 horas semanais.

DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES:


1- atividade que tem por objeto executar a preparação de reagentes e materiais, bem como executar serviços operacionais e
administrativos, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor, exercendo suas atribuições, sob orientação superior, nos setores
do Instituto de Análise Forenses, entre outros.

DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATRIBUIÇÕES:


1. proceder a preparação inicial dos reagentes e dos materiais a serem examinados pelos Peritos;
2. atender ao público;
3. executar a remoção, o recebimento e a entrega de objetos, materiais e mobiliários;
4. executar o cadastramento e alimentação dos programas e aplicativos informatizados do IGP;
5. redigir, preencher, digitar, protocolar, entregar, arquivar, receber e enviar: correspondências, relatórios, documentos em geral e
materiais, conforme normas internas;
6. desempenhar as funções inerentes aos serviços dos setores de plantão, protocolo, expediente, almoxarifado, entre outros;
7. operar equipamentos, instrumentos e utensílios de uso nos trabalhos periciais, zelando pelo bom funcionamento, conservação e
limpeza dos mesmos, bem como, providenciar o destino adequado ao material remanescente de exames;
8. conduzir viaturas oficiais, sendo responsável diretamente pela manutenção e conservação das mesmas;
9. auxiliar as demais carreiras nas atividades enumeradas na descrição de atribuições das mesmas;
10. executar outras atribuições correlatas que lhe forem atribuídas pela direção ou decorrentes de lei.

ANEXO III
LINHA DE CORRELAÇÃO

54
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ANEXO IV
TABELA DE VENCIMENTO

55
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ANEXO V
“ANEXO XIV
FUNÇÕES GRATIFICADAS DA ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL (LEI COMPLE-
MENTAR Nº 381, DE 2007)

ANEXO VI
“ANEXO VII-D
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA DO CIDADÃO (LEI COMPLEMENTAR Nº 381, DE 2007)

56
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
XII – retribuição financeira transitória pela participação em
LEI COMPLEMENTAR 610/13 grupos de trabalho ou estudo, em comissões legais e em órgãos
de deliberação coletiva, nos termos do inciso II do art. 85 da Lei nº
LEI COMPLEMENTAR Nº 610, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2013 6.745, de 1985;
XIII – auxílio-alimentação; e
Fixa o subsídio mensal dos integrantes do Quadro de XIV – outras parcelas indenizatórias previstas em lei.
Pessoal do Instituto Geral de Perícias (IGP) e estabelece outras Parágrafo único. Aplica-se o disposto no § 11 do art. 37 da
providências. Constituição da República às vantagens previstas nos incisos I, II, III,
IV, VIII, IX, X, XI, XIII e XIV do caput deste artigo. (NR) (Redação dada
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA pela Lei 16.772, de 2015).
Faço saber a todos os habitantes deste Estado que a Assembleia Art. 4º Estão compreendidas no subsídio, e por ele extintas,
Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: todas as espécies remuneratórias do regime remuneratório anterior,
de qualquer origem e natureza, que não estejam explicitamente
Art. 1º O sistema remuneratório dos integrantes do Quadro mencionadas no art. 3º desta Lei Complementar, em especial:
de Pessoal do Instituto Geral de Perícias (IGP) fica estabelecido por I – vantagens pessoais e vantagens pessoais nominalmente
meio de subsídio, fixado na forma dos Anexos I, II e III desta Lei identificadas (VPNI), de qualquer origem e natureza;
Complementar. II – diferenças individuais e resíduos, de qualquer origem e
Parágrafo único. O subsídio fica fixado em parcela única, vedado natureza;
o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio ou III – valores incorporados à remuneração decorrentes do
outra espécie remuneratória, salvo as verbas estabelecidas no art. exercício de função de direção, chefia ou assessoramento ou de
3º desta Lei Complementar. cargo de provimento em comissão;
Art. 2º A aplicação das disposições previstas nesta Lei IV – valores incorporados à remuneração a título de adicional
Complementar aos integrantes do Quadro de Pessoal do IGP ativos, por tempo de serviço, triênios ou quinquênios;
inativos e instituidores de pensão não poderá implicar redução de V – abonos;
remuneração, de proventos nem de pensão. VI – valores pagos a título de representação;
§ 1º Na hipótese de redução de remuneração, de proventos VII – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
ou de pensão em decorrência da aplicação do disposto nesta Lei ou penosas;
Complementar, eventual diferença será paga a título de parcela VIII – adicional noturno;
complementar de subsídio, de natureza provisória, que será IX – Indenização de Estímulo Operacional, instituída pela Lei
gradativamente absorvida por ocasião do desenvolvimento na Complementar nº 137, de 22 de junho de 1995;
carreira, bem como da concessão de reajuste ou vantagem de X – Indenização de Estímulo Operacional - Sobreaviso, instituída
qualquer natureza e da implantação dos valores constantes dos pela Lei nº 15.156, de 11 de maio de 2010;
Anexos I, II e III desta Lei Complementar. XI – adicional vintenário;
§ 2º A parcela complementar de subsídio estará sujeita XII – adicional de pós-graduação; e
exclusivamente à atualização decorrente da revisão geral da XIII – Indenização de Representação de Chefia, instituída pelo
remuneração dos servidores públicos estaduais, a partir da art. 18 da Lei Complementar nº 254, de 15 de dezembro de 2003.
integralização do subsídio, na forma do Anexo III desta Lei Parágrafo único. Não poderão ser concedidas, a qualquer
Complementar. tempo e a qualquer título, quaisquer outras vantagens com o
Art. 3º O subsídio dos integrantes do Quadro de Pessoal a que mesmo título e fundamento das verbas extintas quando da adoção
se refere o art. 1º desta Lei Complementar não exclui o direito à do regime de remuneração por subsídio.
percepção, nos termos da legislação e regulamentação específica, Art. 5º Os servidores integrantes do Quadro de Pessoal de
de: que trata o art. 1º desta Lei Complementar não poderão perceber,
I – décimo terceiro vencimento, na forma do inciso IV do art. 27 cumulativamente com o subsídio, quaisquer valores ou vantagens
da Constituição do Estado; incorporados à remuneração por decisão administrativa, judicial ou
II – terço de férias, na forma do inciso XII do art. 27 da extensão administrativa de decisão judicial, de natureza geral ou
Constituição do Estado; individual, ainda que decorrentes de sentença judicial transitada
III – diárias e ajuda de custo, na forma da legislação em vigor; em julgado.
IV – abono de permanência, de que tratam o § 19 do art. 40 da Art. 6º (Redação revogada pela LC 765, de 2020)
Constituição da República, o § 5º do art. 2º e o § 1º do art. 3º da Art. 7º (Redação do art. 7º, revogada pela Lei 16.772, de 2015).
Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003; Art. 8º Fica criada a Função Gratificada de responsável
V – retribuição financeira transitória pelo exercício de função por Núcleo Regional de Perícia, na forma do Anexo IV desta Lei
de direção, chefia ou assessoramento; Complementar.
VI – vantagem de que trata o § 1º do art. 92 da Lei nº 6.745, de Art. 9º Aplica-se aos integrantes do Quadro de Pessoal a que se
28 de dezembro de 1985; refere o art. 1º desta Lei Complementar o disposto no art. 7º e seus
VII – parcela complementar de subsídio, na forma do § 1º do parágrafos da Lei nº 9.764, de 12 de dezembro de 1994.
art. 2º desta Lei Complementar; Art. 10. Os valores fixados nesta Lei Complementar absorvem
VIII – (Redação revogada pela LC 765, de 2020) eventuais reajustes concedidos em cumprimento ao disposto no
IX – indenização por aula ministrada devida aos professores da art. 1º da Lei nº 15.695, de 21 de dezembro de 2011.
Academia de Perícia; Art. 11. A alteração dos valores nominais do subsídio, fixados
X – retribuição financeira transitória pelo exercício de atividades no Anexo III desta Lei Complementar, dependerá de lei específica,
no Corpo Temporário de Inativos da Segurança Pública (CTISP), na de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, nos termos dos
forma do art. 8º da Lei Complementar nº 380, de 3 de maio de 2007; incisos X e XI do art. 37 da Constituição da República e dos incisos II
XI – Indenização por Invalidez Permanente, na forma da Lei nº e IV do art. 50 da Constituição do Estado.
14.825, de 5 de agosto de 2009;

57
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 12. O subsídio de que trata esta Lei Complementar estará
Técnico Pericial - II 5.735,03
sujeito ao teto remuneratório aplicado aos servidores públicos, na
forma do inciso III do art. 23 da Constituição do Estado. Técnico Pericial - I 4.874,78
Art. 13. Aplicam-se as disposições desta Lei Complementar aos Auxiliar Pericial - VIII 10.037,76
integrantes do Quadro de Pessoal do IGP inativos e aos pensionistas
respectivos com direito à paridade em seus benefícios, nos termos Auxiliar Pericial - VII 7.937,77
da Constituição da República. Auxiliar Pericial - VI 6.747,10
Art. 14. As despesas decorrentes da execução desta Lei
Auxiliar Pericial - V 5.735,03
Complementar correrão à conta das dotações próprias do
Orçamento Geral do Estado. Auxiliar Pericial - IV 4.874,78
Art. 15. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua Auxiliar Pericial - III 4.143,56
publicação.
Parágrafo único. O Anexo I desta Lei Complementar surtirá Auxiliar Pericial - II 3.729,20
efeitos a contar de 1º de agosto de 2014, o Anexo II, a partir de 1º Auxiliar Pericial - I 3.522,02
de agosto de 2015 e o Anexo III, a partir de 1º de dezembro de 2015.
Art. 16. Ficam revogados os arts. 11, 14, 18, 19 e 29 da Lei ANEXO III
Complementar nº 254, de 15 de dezembro de 2003. QUADRO DE PESSOAL DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS
(VIGÊNCIA A CONTAR DE 1º DE DEZEMBRO DE 2015)
ANEXO I
QUADRO DE PESSOAL DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS
(VIGÊNCIA A CONTAR DE 1º DE AGOSTO DE 2014) CARREIRA - NÍVEL VALOR (R$)
Perito Oficial - IV 22.601,22
CARREIRA - NÍVEL VALOR (R$) Perito Oficial - III 20.341,09
Perito Oficial - IV 18.834,36 Perito Oficial - II 18.080,97
Perito Oficial - III 16.950,92 Perito Oficial - I 15.820,84
Perito Oficial - II 15.067,49 Técnico Pericial - V 10.950,28
Perito Oficial - I 13.184,05 Técnico Pericial - IV 8.659,38
Técnico Pericial - V 9.125,23 Técnico Pericial - III 7.360,47
Técnico Pericial - IV 7.216,15 Técnico Pericial - II 6.256,40
Técnico Pericial - III 6.133,73 Técnico Pericial - I 5.317,94
Técnico Pericial - II 5.213,67 Auxiliar Pericial - VIII 10.950,28
Técnico Pericial - I 4.431,62 Auxiliar Pericial - VII 8.659,38
Auxiliar Pericial - VIII 9.125,23 Auxiliar Pericial - VI 7.360,47
Auxiliar Pericial - VII 7.216,15 Auxiliar Pericial - V 6.256,40
Auxiliar Pericial - VI 6.133,73 Auxiliar Pericial - IV 5.317,94
Auxiliar Pericial - V 5.213,67 Auxiliar Pericial - III 4.520,24
Auxiliar Pericial - IV 4.431,62 Auxiliar Pericial - II 4.068,21
Auxiliar Pericial - III 3.766,87 Auxiliar Pericial - I 3.842,20
Auxiliar Pericial - II 3.390,18
ANEXO IV
Auxiliar Pericial - I 3.201,84 FUNÇÕES GRATIFICADAS
ANEXO II
QUADRO DE PESSOAL DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS NOMENCLATURA QUANTIDADE GRATIFICAÇÃO
(VIGÊNCIA A CONTAR DE 1º DE AGOSTO DE 2015) Responsável por 21 3% (três por cento)
Núcleo Regional de do subsídio da
CARREIRA - NÍVEL VALOR (R$) Perícia carreira de Perito
Oficial
Perito Oficial - IV 20.717,79
Gerente 9 5% (cinco por
Perito Oficial - III 18.646,01 Mesorregional de cento) do subsídio
Perito Oficial - II 16.574,23 Perícias do Instituto da carreira de
Geral de Perícia Perito Oficial
Perito Oficial - I 14.502,45
Técnico Pericial - V 10.037,76 (NR) (Redação dada pela LC 741, de 2019)
Técnico Pericial - IV 7.937,77
Técnico Pericial - III 6.747,10

58
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 3º O Diretor-Geral do IGP, mediante autorização do titular da
LEI 16.772/15 Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), poderá instituir
outras escalas de plantão para evento específico e por tempo
LEI Nº 16.772, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2015 determinado.
§ 4º A falta do servidor do IGP ao plantão, justificada ou não,
Dispõe sobre as formas de cumprimento da jornada de implicará na não fruição das horas de descanso subsequentes.
trabalho e o banco de horas no âmbito do Instituto Geral de § 5º Fica vedado à chefia imediata do servidor do IGP autorizar
Perícias (IGP) e estabelece outras providências. a dobra da escala, exceto para atender situações excepcionais que
exijam dedicação contínua ao trabalho.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Faço saber a todos os habitantes deste Estado que a Assembleia SEÇÃO II
Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: DO EXPEDIENTE ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO I Art. 4º O horário de expediente administrativo nas unidades


DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES do IGP bem como o cumprimento da jornada de trabalho na forma
prevista no inciso II do art. 2º desta Lei serão regulamentados por
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as formas de cumprimento da ato do Chefe do Poder Executivo.
jornada de trabalho e o banco de horas no âmbito do Instituto Geral
de Perícias (IGP), observados os seguintes princípios: SEÇÃO III
I – disponibilidade para atendimento em caráter permanente; DO REGIME DE SOBREAVISO
II – compatibilidade entre a carga horária e o tipo de atividade
executada; e Art. 5º Fica instituído o regime de sobreaviso, que consiste na
III – direito ao repouso necessário para o restabelecimento das permanência do servidor do IGP fora de seu ambiente de trabalho
condições físicas e psíquicas do servidor do IGP. em estado de expectativa constante, aguardando convocação para
o trabalho.
CAPÍTULO II § 1º A hora de trabalho em regime de sobreaviso é contada à
DAS FORMAS DE CUMPRIMENTO DA JORNADA DE TRABA- razão de 1/4 (um quarto) da hora normal de trabalho.
LHO § 2º O servidor do IGP designado para cumprir jornada de
trabalho em regime de sobreaviso deverá atender prontamente ao
Art. 2º A jornada de trabalho do servidor do IGP será cumprida chamado e não poderá praticar atividades que o impeçam de prestar
sob a forma de: o atendimento ou que possam retardar o seu comparecimento
I – escalas de plantão; quando convocado.
II – expediente administrativo; e § 3º Na hipótese de convocação do servidor do IGP durante o
III – regime de sobreaviso. cumprimento da jornada de trabalho em regime de sobreaviso, o
período de convocação será registrado no banco de horas na forma
SEÇÃO I do disposto no art. 8º desta Lei.
DAS ESCALAS DE PLANTÃO
SEÇÃO IV
Art. 3º Ficam instituídas as seguintes escalas de plantão: DA JORNADA DE TRABALHO INDIVIDUAL
I – 12 (doze) horas de serviço por 12 (doze) horas de descanso,
combinada com 12 (doze) horas de serviço por 60 (sessenta) horas Art. 6º Compete ao responsável titular da unidade pericial, com
de descanso; a anuência do Gerente Mesorregional ou do respectivo Diretor,
II – 12 (doze) horas de serviço por 24 (vinte e quatro) horas definir a forma de cumprimento da jornada de trabalho individual
de descanso, combinada com 12 (doze) horas de serviço por 48 do servidor do IGP, de acordo com o disposto no art. 2º desta Lei.
(quarenta e oito) horas de descanso; § 1º Para fins do disposto no caput deste artigo, poderá ser
III – 12 (doze) horas de serviço por 36 (trinta e seis) horas de autorizada pela chefia imediata a conversão das horas de trabalho
descanso; previstas para o expediente administrativo em horas de trabalho
IV – 12 (doze) horas de serviço por 60 (sessenta) horas de em regime de sobreaviso, observado o disposto no § 1º do art. 5º
descanso, sendo aos finais de semana e feriados 24 (vinte e quatro) desta Lei, desde que presente o interesse da Administração ou a
horas de serviço por 60 (sessenta) horas de descanso; necessidade do serviço.
V – 14 (quatorze) horas de serviço por 58 (cinquenta e oito) § 2º A conversão de que trata o § 1º deste artigo fica limitada,
horas de descanso, sendo aos finais de semana e feriados 24 (vinte mensalmente, a 100 (cem) horas normais de trabalho, equivalentes
e quatro) horas de serviço por 58 (cinquenta e oito) horas de a 400 (quatrocentas) horas de sobreaviso.
descanso; e § 3º Fica vedada a conversão das horas de trabalho previstas
VI – 24 (vinte e quatro) horas de serviço por 72 (setenta e duas) na forma do inciso I do art. 2º desta Lei em horas de trabalho em
horas de descanso. regime de sobreaviso.
§ 1º O servidor do IGP somente poderá ser utilizado em escala § 4º Deverá ser encaminhado à Direção-Geral do IGP relatório
de plantão diversa daquela que está cumprindo após a sua folga mensal discriminado da jornada de trabalho individual a ser
regulamentar. cumprida pelos servidores do IGP de cada unidade na forma
§ 2º A utilização do servidor do IGP em quaisquer das escalas estabelecida neste artigo.
de plantão previstas neste artigo deverá proporcionar ao menos 1 § 5º Durante os cursos de formação profissional, de
especialização e/ou profissionalizantes internos, a jornada de
(um) fim de semana de folga por mês.
trabalho dos servidores do IGP será definida pelo Diretor-Geral do
IGP.

59
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 6º Observado o interesse da Administração e a necessidade § 2º Fica vedado o registro, como hora excedente, do período
do serviço, o cumprimento da jornada de trabalho do servidor do utilizado nas seguintes situações:
IGP poderá, eventualmente, ser realizado em localidade diversa da I – participação em cursos de formação profissional para
sua lotação. ingresso na carreira;
§ 7º A jornada de trabalho individual do servidor do IGP deve II – exercício de cargo em comissão;
ser definida de modo a assegurar a distribuição adequada da força III – exercício da atividade de docência, com percepção de
de trabalho, a fim de garantir o pleno funcionamento de todas as indenização por aula ministrada;
unidades do IGP. IV – em deslocamento durante o turno de serviço, com direito
à percepção de diária de viagem;
CAPÍTULO III V – folga durante operações especiais realizadas em localidade
DO BANCO DE HORAS diversa da lotação;
VI – à disposição, no âmbito estadual, dos órgãos e entidades
Art. 7º Fica instituído o regime de compensação de horas, do Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário, Ministério
denominado banco de horas, no âmbito do IGP, que consiste no Público e Tribunal de Contas, bem como de quaisquer dos Poderes
registro do quantitativo de horas, excedentes ou insuficientes, em da União, dos demais Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
relação ao quantitativo estabelecido para a jornada de trabalho ressalvados os casos em que houver interesse da segurança pública;
individual do servidor do IGP, na forma do disposto nesta Lei. e
§ 1º Consideram-se horas excedentes as horas efetivamente VII – nas hipóteses do art. 17 desta Lei.
trabalhadas pelo servidor do IGP que superem:
I – o quantitativo de horas estabelecido para as escalas de SEÇÃO II
plantão previstas no art. 3º desta Lei; e DA COMPENSAÇÃO DE SALDO POSITIVO DE HORAS
II – o quantitativo de horas estabelecido para o expediente
administrativo, nos termos do regulamento, observado o disposto Art. 9º O saldo positivo decorrente do registro de horas
no § 1º do art. 6º desta Lei. excedentes será compensado em folga, que deverá ser concedida
§ 2º Consideram-se horas insuficientes o quantitativo de horas até o término do terceiro mês subsequente ao da apuração do
não cumpridas pelo servidor do IGP em relação ao quantitativo saldo, de acordo com o cronograma estabelecido pela chefia
previsto para a sua jornada de trabalho individual, nas hipóteses do imediata, ressalvadas as seguintes situações:
art. 10 desta Lei. I – a ocorrência das hipóteses previstas no art. 17 desta Lei ou
§ 3º O registro no banco de horas será realizado em frações de outra situação extraordinária decretada por ato do Chefe do Poder
15 (quinze) minutos, desprezados os períodos que não alcançarem Executivo, caso em que poderá ser suspensa a fruição da folga
esse espaço de tempo. enquanto perdurar a situação excepcional; e
§ 4º As horas registradas no banco de horas, excedentes ou II – os afastamentos decorrentes de licenças, cursos e outras
insuficientes, serão compensadas na proporção de 1 (um) para 1 situações impeditivas, caso em que o prazo para a concessão da
(um). folga recomeçará a contar da data do término do impedimento.
§ 5º Na apuração mensal do saldo de horas serão compensadas § 1º Findo o prazo previsto no caput deste artigo e não
entre si as horas excedentes e insuficientes. concedida a folga, o servidor do IGP fica dispensado do serviço, até
§ 6º Para fins de compensação, a apuração do saldo de horas, o limite de 50% (cinquenta por cento) da sua jornada de trabalho
positivo ou negativo, será realizada no último dia do mês. normal, a fim de compensar o saldo de horas acumulado, observado
§ 7º A compensação de eventual saldo de horas, positivo ou o disposto no inciso I deste artigo.
negativo, observará a ordem cronológica. § 2º Para fins do disposto no § 1º deste artigo, o servidor do IGP
§ 8º Havendo saldo remanescente, positivo ou negativo, no deverá comunicar o seu afastamento parcial à chefia imediata com
mês seguinte ao da apuração, o prazo previsto para a compensação antecedência mínima de 3 (três) dias.
não será renovado. § 3º Eventual saldo positivo de horas será compensado com
§ 9º Não se aplica o disposto neste Capítulo ao ocupante o período não trabalhado em decorrência de ponto facultativo ou
de cargo em comissão ou função gratificada, que tem regime de recesso de fim de ano, desde que haja previsão para compensação
dedicação integral, podendo ser convocado sempre que presente o em ato do Chefe do Poder Executivo.
interesse da Administração ou a necessidade do serviço. § 4º Fica vedada a compensação de faltas, atrasos ou saídas
antecipadas com eventual saldo positivo existente no banco de
SEÇÃO I horas do servidor do IGP.
DO REGISTRO DE HORAS EXCEDENTES
SEÇÃO III
Art. 8º Serão registradas no banco de horas as horas excedentes: DO REGISTRO DE HORAS INSUFICIENTES
I – previamente autorizadas pela chefia imediata, anotadas no
ponto do servidor do IGP e homologadas pela respectiva direção; Art. 10. Serão registradas no banco de horas as horas
II – decorrentes do atendimento a situações em que as insuficientes nas seguintes hipóteses, observado o disposto no § 1º
circunstâncias exijam a prorrogação da jornada de trabalho; e do art. 6º desta Lei:
III – decorrentes da convocação do servidor do IGP durante I – desconto antecipado de horas da jornada de trabalho
o cumprimento da jornada de trabalho em regime de sobreaviso, para aplicação de pessoal em evento futuro e certo, devidamente
hipótese em que será registrada no banco de horas a proporção de autorizado pelo Diretor-Geral do IGP; e
3/4 (três quartos) do período de efetivo atendimento à ocorrência. II – redução da jornada de trabalho em expediente
(Redação do inciso III, dada pela LC 712, de 2017). administrativo, na forma do regulamento.
§ 1º Nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, deverá
ser justificada a necessidade do atendimento mediante relatório
circunstanciado devidamente homologado pela respectiva direção.

60
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
SEÇÃO IV § 4º Para fins do disposto no caput deste artigo, não se
DA COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DE HORAS considera como de efetivo exercício o período em que o servidor
se encontrar afastado a qualquer título, notadamente nas seguintes
Art. 11. O saldo negativo decorrente do registro de horas situações:
insuficientes deverá ser compensado em horas trabalhadas até o I – licenciado, nos casos previstos no art. 62 da Lei nº 6.745,
término do terceiro mês subsequente ao da apuração do saldo, de 1985;
sob pena da perda proporcional da remuneração, nos termos da II – afastado, nos termos do art. 18 da Lei nº 6.745, de 1985;
legislação em vigor. III – ausente, nos termos do art. 59 da Lei nº 6.745, de 1985;
§ 1º No caso de afastamento decorrente de licença, curso ou IV – convocado, nos casos previstos no inciso III do art. 39 da
outra situação impeditiva, o prazo disposto no caput deste artigo Lei nº 6.843, de 28 de julho de 1986, incluindo as folgas decorrentes
para compensação fica suspenso, recomeçando a contar da data do da convocação;
término do impedimento. V – afastado, em decorrência das situações previstas na Lei
§ 2º A compensação de que trata o caput deste artigo poderá Complementar nº 447, de 7 de julho de 2009;
ser realizada em localidade diversa da lotação do servidor do IGP, VI – afastado, na hipótese do art. 65 da Lei nº 15.156, de 2010;
de acordo com o interesse da Administração e a necessidade do VII – afastado, na forma do disposto no art. 1º da Lei
serviço. Complementar nº 470, de 9 de dezembro de 2009;
§ 3º A compensação de eventual saldo negativo no banco de VIII – afastado para o exercício de mandato eletivo federal,
horas não poderá exceder a 24 (vinte e quatro) horas consecutivas estadual ou municipal, ainda que opte pela remuneração do cargo
por período de compensação e não será considerada acréscimo de efetivo;
jornada. IX – afastado para o exercício de mandato classista, observada
§ 4º No caso de compensação de eventual saldo negativo no a proporcionalidade do afastamento;
banco de horas em período acima de 12 (doze) horas consecutivas, X – à disposição, no âmbito estadual, dos órgãos e entidades
será observado o intervalo de 6 (seis) horas de repouso entre a do Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário, Ministério
compensação e a jornada normal de trabalho individual do servidor Público e Tribunal de Contas, bem como de quaisquer dos Poderes
do IGP, não sendo o referido intervalo computado para efeito de da União, dos demais Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
cumprimento de carga horária. ressalvados os casos em que houver interesse da segurança pública;
XI – ausente do serviço nos termos do inciso I do art. 89 da Lei
CAPÍTULO IV nº 6.843, de 1986, independentemente de qualquer ressalva;
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS XII – afastado, nos termos do § 2º do art. 224 da Lei nº 6.843,
de 1986;
Art. 12. O art. 3º da Lei Complementar nº 610, de 20 de XIII – preso preventivamente ou em flagrante delito; e
dezembro de 2013, passa a vigorar com a seguinte redação: XIV – preso ou afastado em virtude de decisão judicial.
“Art. 3º ....................................................................................... § 5º Não faz jus à indenização de que trata o caput deste artigo
.................... o servidor que não tenha concluído o curso de formação profissional
.................................................................................................... para ingresso na carreira.
................... § 6º Nas hipóteses, legalmente admitidas, em que o servidor
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no § 11 do art. 37 da obtém o direito de ausentar-se de parte da sua jornada diária de
Constituição da República às vantagens previstas nos incisos I, II, III, trabalho, o pagamento da indenização de que trata o caput deste
IV, VIII, IX, X, XI, XIII e XIV do caput deste artigo.” (NR) artigo será proporcional a jornada efetivamente trabalhada.” (NR)
Art. 13. O art. 6º da Lei Complementar nº 610, de 2013, passa a Art. 14. O art. 32 da Lei nº 15.156, de 11 de maio de 2010,
vigorar com a seguinte redação: passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 6º Poderá ser atribuída aos servidores referidos no art. 1º “Art. 32. ......................................................................................
desta Lei Complementar, que se encontrarem em efetivo exercício, .......................
nos termos do regulamento, Indenização por Regime Especial de Parágrafo único. Concluído o curso de formação, o servidor do
Trabalho Pericial, no percentual de 17,6471% (dezessete inteiros IGP terá direito a ajuda de custo correspondente à metade do valor
e seis mil, quatrocentos e setenta e um décimos de milésimo por estabelecido no inciso I do art. 65 desta Lei, por ocasião da primeira
cento) do valor do subsídio da respectiva carreira e nível, fixado lotação após deixar os quadros da Academia de Perícia, desde que
na forma do Anexo III desta Lei Complementar, a contar de 1º de esta ocorra em sede diversa da localidade de sua residência de
agosto de 2014. origem.” (NR)
§ 1º A Indenização por Regime Especial de Trabalho Pericial Art. 15. O art. 65 da Lei nº 15.156, de 2010, passa a vigorar com
visa compensar o desgaste físico e mental a que estão sujeitos os a seguinte redação:
titulares dos cargos de que trata esta Lei Complementar em razão da “Art. 65. ......................................................................................
eventual prestação de serviço em condições adversas de segurança, .......................
com risco à vida, disponibilidade para cumprimento de escalas I – ao valor correspondente a 50% (cinquenta por cento) do
de plantão, horários irregulares, horário noturno e chamados a respectivo subsídio, quando não possuir dependentes;
qualquer hora e dia. II – ao valor correspondente a 75% (setenta e cinco por cento)
§ 2º A Indenização por Regime Especial de Trabalho Pericial do respectivo subsídio, quando possuir até 2 (dois) dependentes
constitui-se em verba de natureza indenizatória e não se incorpora expressamente declarados; e
ao subsídio, aos proventos de aposentadoria de qualquer III – ao valor correspondente ao respectivo subsídio, quando
modalidade nem à pensão por morte, sendo isenta da incidência de possuir mais de 2 (dois) dependentes expressamente declarados.”
contribuição previdenciária. (NR)
§ 3º O valor da Indenização por Regime Especial de Trabalho Art. 16. Estão compreendidos no regime de subsídio instituído
pela Lei Complementar nº 610, de 2013, os acréscimos de
Pericial não constitui base de cálculo de qualquer vantagem.
remuneração decorrentes das situações previstas nos incisos IX,

61
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
XV, XVI e XXIII do art. 7º da Constituição da República, inerentes às § 4º Na hipótese do § 3º , aumenta-se a pena de um a dois
atividades dos cargos que integram o Quadro de Pessoal do IGP, até terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a
os limites estabelecidos nesta Lei. terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
Art. 17. Durante a ocorrência de estado de calamidade pública, § 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
situação de emergência ou extraordinária perturbação da ordem, praticado contra:
poderá o servidor do IGP ser convocado para prestar o atendimento I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
necessário, independentemente das formas de cumprimento da II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
jornada de trabalho previstas nesta Lei. III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
Art. 18. (Redação revogada pela LC 765, de 2020) de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do
Art. 19. (Redação revogada pela LC 765, de 2020) Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
Art. 20. Compete ao órgão setorial do Sistema Administrativo IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal,
de Gestão de Pessoas do IGP promover, em conjunto com a Diretoria estadual, municipal ou do Distrito Federal.”
de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da Secretaria de Estado
da Administração (SEA), a implementação de sistema informatizado “Ação penal
para fins de aplicação do disposto nesta Lei. Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se
Art. 21. A aplicação das disposições desta Lei está submetida procede mediante representação, salvo se o crime é cometido
ao controle da SEA e da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF), contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos
órgãos centrais do Sistema Administrativo de Gestão de Pessoas e Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
do Sistema Administrativo de Controle Interno, respectivamente. empresas concessionárias de serviços públicos.”
Art. 22. Ato do Chefe do Poder Executivo baixará instruções Art. 3º Os arts. 266 e 298 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
complementares necessárias à fiel execução do disposto nesta Lei. dezembro de 1940 - Código Penal, passam a vigorar com a seguinte
Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, redação:
produzindo efeitos a partir de 1º de agosto de 2015.
Art. 24. Ficam revogados: “Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico,
I – o art. 7º da Lei Complementar nº 610, de 20 de dezembro informático, telemático ou de informação de utilidade pública
de 2013; e Art. 266.. .......................................................................
II – o art. 75 da Lei nº 15.156, de 11 de maio de 2010. § 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço
telemático ou de informação de utilidade pública, ou impede ou
dificulta-lhe o restabelecimento.
§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por
LEI 12.737/12 (LEI CAROLINA DIECKMANN)
ocasião de calamidade pública.” (NR)

LEI Nº 12.737, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2012 “Falsificação de documento particular


Art. 298.. .......................................................................
Dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos;
altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Falsificação de cartão
Penal; e dá outras providências. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput , equipara-se a
documento particular o cartão de crédito ou débito.” (NR)
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Art. 4º Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: vinte) dias de sua publicação oficial.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a tipificação criminal de delitos
informáticos e dá outras providências.
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - LEI 12.527/11 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO)
Código Penal, fica acrescido dos seguintes arts. 154-A e 154-B:
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.
“Invasão de dispositivo informático
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
ou não à rede de computadores, mediante violação indevida
art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita
do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos
vantagem ilícita: da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na‐
vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
intuito de permitir a prática da conduta definida no caput .
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão CAPÍTULO I
resulta prejuízo econômico. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser‐
industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim
controle remoto não autorizado do dispositivo invadido: de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constitui‐
conduta não constitui crime mais grave. ção Federal.

62
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: CAPÍTULO II
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju‐
diciário e do Ministério Público; Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa‐
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas I - gestão transparente da informação, propiciando amplo
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu‐ acesso a ela e sua divulgação;
nicípios. II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às autenticidade e integridade; e
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza‐ III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even‐
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, tual restrição de acesso.
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen‐ Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen‐
tos congêneres. de, entre outros, os direitos de obter:
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en‐ I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de con‐ obtida a informação almejada;
tas a que estejam legalmente obrigadas. II - informação contida em registros ou documentos, produzi‐
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as‐ dos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser não a arquivos públicos;
executados em conformidade com os princípios básicos da admi‐ III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
nistração pública e com as seguintes diretrizes: entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
como exceção; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
II - divulgação de informações de interesse público, indepen‐ V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti‐
dentemente de solicitações; dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec‐ VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú‐
nologia da informação; blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis‐
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência trativos; e
na administração pública; VII - informação relativa:
V - desenvolvimento do controle social da administração pú‐ a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro‐
blica. gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: como metas e indicadores propostos;
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utili‐ b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
zados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo,
qualquer meio, suporte ou formato; incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer § 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende
que seja o suporte ou formato; as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen‐
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu‐
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade rança da sociedade e do Estado.
para a segurança da sociedade e do Estado; § 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não
identificada ou identificável; sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à parte sob sigilo.
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações
transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena‐ neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa‐ e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato deci‐
ção; sório respectivo.
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co‐ § 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for‐
nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au‐ mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não
torizados; fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido termos do art. 32 desta Lei.
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in‐ § 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá
divíduo, equipamento ou sistema; o interessado requerer à autoridade competente a imediata aber‐
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in‐ tura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
clusive quanto à origem, trânsito e destino; documentação.
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o res‐
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações. ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor‐ de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que com‐
mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e provem sua alegação.
ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com‐ Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in‐
preensão. dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte‐
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.

63
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, CAPÍTULO III
deverão constar, no mínimo: DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
I - registro das competências e estrutura organizacional, en‐
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi‐ SEÇÃO I
mento ao público; DO PEDIDO DE ACESSO
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur‐
sos financeiros; Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
III - registros das despesas; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os identificação do requerente e a especificação da informação reque‐
contratos celebrados; rida.
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, § 1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi‐
projetos e obras de órgãos e entidades; e ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. a solicitação.
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti‐ § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí‐ alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios seus sítios oficiais na internet.
oficiais da rede mundial de computadores (internet). § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regula‐ determinantes da solicitação de informações de interesse público.
mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou con‐
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o ceder o acesso imediato à informação disponível.
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em § 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
linguagem de fácil compreensão; disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve‐
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani‐ I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta,
lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; efetuar a reprodução ou obter a certidão;
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; parcial, do acesso pretendido; ou
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutu‐ III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
ração da informação; seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
disponíveis para acesso; interessado da remessa de seu pedido de informação.
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso; § 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co‐ 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientifi‐
municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou enti‐ cado o requerente.
dade detentora do sítio; e § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili‐ e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po‐
dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar
17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da a informação de que necessitar.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprova‐ § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de in‐
da pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008. formação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha‐ informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições
bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autorida‐
que se refere o § 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em de competente para sua apreciação.
tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e § 5º A informação armazenada em formato digital será forneci‐
financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com‐ da nesse formato, caso haja anuência do requerente.
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade § 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público
Fiscal). em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de
Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me‐ acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o
diante: lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão
entidades do poder público, em local com condições apropriadas ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo
para: se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa‐ mesmo tais procedimentos.
ções; Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res‐ é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência)
pectivas unidades; § 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a in‐ valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma‐
formações; e teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela
participação popular ou a outras formas de divulgação. entidade pública consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021)
(Vigência)

64
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no § 1º deste Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica‐
prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró‐
Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129, pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em
de 2021) (Vigência) seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de‐ Art. 19. (VETADO).
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta § 1º (VETADO).
confere com o original. § 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público in‐
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o formarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional
interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão do Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau
de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não de recurso, negarem acesso a informações de interesse público.
ponha em risco a conservação do documento original. Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este
de negativa de acesso, por certidão ou cópia. Capítulo.

SEÇÃO II CAPÍTULO IV
DOS RECURSOS DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO

Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às SEÇÃO I


razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso DISPOSIÇÕES GERAIS
contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierar‐ Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária
quicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deve‐ à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
rá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. As informações ou documentos que versem
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti‐ sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos pra‐
dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à ticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) não poderão ser objeto de restrição de acesso.
dias se: Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne‐ legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo
gado; industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi‐
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par‐ ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi‐ qualquer vínculo com o poder público.
ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
pedido de acesso ou desclassificação; SEÇÃO II
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO
estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
AO GRAU E PRAZOS DE SIGILO
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi‐
mentos previstos nesta Lei.
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie‐
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri‐
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor‐
gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre‐
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida‐
àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo
de 5 (cinco) dias. de do território nacional;
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Contro‐ II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as
ladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que ado‐ relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas
te as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
nesta Lei. III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
§ 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica
da União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Rea‐ ou monetária do País;
valiação de Informações, a que se refere o art. 35. V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi‐
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica‐ cos das Forças Armadas;
ção de informação protocolado em órgão da administração públi‐ VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen‐
ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens,
área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava‐ instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori‐
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri‐ dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia‐ VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de
ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a
autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças prevenção ou repressão de infrações.
Armadas, ao respectivo Comando. Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi‐
§ 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como
caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações ultrassecreta, secreta ou reservada.
prevista no art. 35.

65
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
de sua produção e são os seguintes: no exterior;
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos
II - secreta: 15 (quinze) anos; e titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda‐
III - reservada: 5 (cinco) anos. des de economia mista; e
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju‐ I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia,
ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si‐ nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula‐
em caso de reeleição. mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis‐
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º , poderá ser posto nesta Lei.
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada
do prazo máximo de classificação. pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o no exterior, vedada a subdelegação.
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au‐ § 2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre‐
tomaticamente, de acesso público. to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de‐
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e previsto em regulamento.
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: § 3º A autoridade ou outro agente público que classificar in‐
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do formação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que
Estado; e trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento.
defina seu termo final. Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si‐
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os
SEÇÃO III seguintes elementos:
DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS I - assunto sobre o qual versa a informação;
II - fundamento da classificação, observados os critérios esta‐
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação belecidos no art. 24;
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
assegurando a sua proteção. (Regulamento) dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas‐ previstos no art. 24; e
sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne‐ IV - identificação da autoridade que a classificou.
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no
forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes mesmo grau de sigilo da informação classificada.
públicos autorizados por lei. Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela
§ 2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à
a serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24. (Re‐
modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, trans‐ gulamento)
missão e divulgação não autorizados. § 1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne‐ as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto‐
cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente ridades ou agentes públicos.
conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu‐ § 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa‐
rança para tratamento de informações sigilosas. minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades § 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação,
de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne‐
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua
cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes
produção.
observem as medidas e procedimentos de segurança das informa‐
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publi‐
ções resultantes da aplicação desta Lei.
cará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à
veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de
SEÇÃO IV
regulamento:
DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos
RECLASSIFICAÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO
últimos 12 (doze) meses;
Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com
administração pública federal é de competência: (Regulamento) identificação para referência futura;
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de
a) Presidente da República; informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa‐
b) Vice-Presidente da República; ções genéricas sobre os solicitantes.
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro‐ § 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi‐
gativas; cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes.

66
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con‐
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de
e dos fundamentos da classificação. agentes do Estado.
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa
SEÇÃO V e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão
DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS consideradas:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Arma‐
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito das, transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios
de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias ou contravenção penal; ou
individuais. II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, rela‐ de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão
tivas à intimidade, vida privada, honra e imagem: ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica‐ estabelecidos.
ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da § 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e agente público responder, também, por improbidade administrati‐
à pessoa a que elas se referirem; e va, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950,
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei‐ e 8.429, de 2 de junho de 1992.
ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor‐
a que elas se referirem. mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. seguintes sanções:
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será I - advertência;
exigido quando as informações forem necessárias: II - multa;
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver III - rescisão do vínculo com o poder público;
física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusiva‐ IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe‐
mente para o tratamento médico; dimento de contratar com a administração pública por prazo não
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi‐ superior a 2 (dois) anos; e
dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
identificação da pessoa a que as informações se referirem; administração pública, até que seja promovida a reabilitação pe‐
III - ao cumprimento de ordem judicial; rante a própria autoridade que aplicou a penalidade.
IV - à defesa de direitos humanos; ou § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli‐
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa
§ 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito § 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somen‐
de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o te quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti‐
titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol‐ dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção
tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância. aplicada com base no inciso IV.
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata‐ § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên‐
mento de informação pessoal. cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública,
facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo
CAPÍTULO V de 10 (dez) dias da abertura de vista.
DAS RESPONSABILIDADES Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente
pelos danos causados em decorrência da divulgação não autorizada
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili‐ ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações pes‐
dade do agente público ou militar: soais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des‐ de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi‐
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na‐
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inu‐ tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa
tilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, infor‐ ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.
mação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou
conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo, em‐ CAPÍTULO VI
prego ou função pública; DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de aces‐
so à informação; Art. 35. (VETADO).
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir § 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa‐
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so‐
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá
terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou competência para:
por outrem; I - requisitar da autoridade que classificar informação como
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in‐ ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou in‐
formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo tegral da informação;
de terceiros; e

67
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se‐ I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;
observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre‐
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação
acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao
nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum‐
do art. 24. primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno‐ Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis‐
vação. tração pública federal responsável:
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1º deve‐ I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo‐
rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação mento à cultura da transparência na administração pública e cons‐
prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos cientização do direito fundamental de acesso à informação;
ou secretos. II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi‐
Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3º implicará nistração pública;
a desclassificação automática das informações. III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da admi‐
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e nistração pública federal, concentrando e consolidando a publica‐
funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, ção de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de‐ IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório
mais disposições desta Lei. (Regulamento) anual com informações atinentes à implementação desta Lei.
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra‐ Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei
tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco‐ no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu‐
mendações constantes desses instrumentos. blicação.
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Insti‐ Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem‐
tucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Cre‐ bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
denciamento (NSC), que tem por objetivos: (Regulamento) “Art. 116. ...................................................................
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento ............................................................................................
de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
tratamento de informações sigilosas; e cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori‐
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com dade competente para apuração;
os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, .................................................................................” (NR)
acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990,
das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
órgãos competentes. “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci‐
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or‐ vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su‐
ganização e funcionamento do NSC. perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no‐ autoridade competente para apuração de informação concernente
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí‐ à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover‐ ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun‐
namentais ou de caráter público. ção pública.”
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea‐ Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre‐ em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas
tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis‐
vigência desta Lei. posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia‐ Art. 46. Revogam-se:
ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre‐ I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e
vistos nesta Lei. II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
§ 2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Comis‐ a data de sua publicação.
são Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos
desta Lei.
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da LEI 8.072/90 (LEI DOS CRIMES HEDIONDOS)
legislação precedente.
§ 4º As informações classificadas como secretas e ultrassecre‐
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
tas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas,
automaticamente, de acesso público.
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.
desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi‐
nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso
lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
órgão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:

68
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº (Vide Súmula Vinculaste)
8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) I - anistia, graça e indulto;
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464,
VIII); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2007)
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
pela Lei nº 13.142, de 2015) extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464,
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2007)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança
157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 4º (Vetado).
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso:
(art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) “Art. 83. ..............................................................
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ........................................................................
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de reincidente específico em crimes dessa natureza.”
1994) Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213;
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput,
Lei nº 12.015, de 2009) todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e “Art. 157. .............................................................
4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) ........................................................................
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de Art. 159. ...............................................................
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 § 1º .................................................................
de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de § 2º .................................................................
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014) § 3º .................................................................
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela ........................................................................
Lei nº 13.964, de 2019) Art. 213. ...............................................................
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados Pena - reclusão, de seis a dez anos.
ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 214. ...............................................................
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº Pena - reclusão, de seis a dez anos.
2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de ........................................................................
2019) Art. 223. ...............................................................
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso Pena - reclusão, de oito a doze anos.
proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro Parágrafo único. ........................................................
de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no ........................................................................
art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Art. 267. ...............................................................
Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ........................................................................
ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro Art. 270. ...............................................................
de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à .......................................................................”
prática de crime hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte
13.964, de 2019) parágrafo:

69
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
“Art. 159. .............................................................. (C) O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou
........................................................................ munição foi abrangido pela abolitio criminis temporária previs‐
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co- ta na referida lei.
autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do (D) A inaptidão de arma de fogo para efetuar disparos, ainda que
seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.” comprovada por laudo pericial, não é excludente de tipicidade.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no (E) O princípio da consunção aplica-se no caso de haver apreen‐
art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, são de armas de fogo e munições de uso permitido e restrito
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou em um mesmo contexto fático.
terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar 4. Conforme dispõe a Lei n° 10.826, de 2003, a posse irregular
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu de arma de fogo de uso permitido (possuir ou manter sob sua guar‐
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. da arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desa‐
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados cordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho,
caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos empresa) constitui crime sancionável com a seguinte pena:
do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite (A) detenção, de 1 a 2 anos, e multa.
superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer (B) reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal. (C) detenção, de 1 a 3 anos, e multa.
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, (D) reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte (E) reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.
redação:
“Art. 35. ................................................................ 5. De acordo com o Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826,
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão de 2003), compete ao Sistema Nacional de Armas – Sinarm:
contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos arts. 1. cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como con‐
12, 13 e 14.” ceder licença para exercer a atividade.
Art. 11. (Vetado). 2. identificar as características e a propriedade de armas de
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. fogo, mediante cadastro.
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. 3. cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vincu‐
ladas a procedimentos policiais e judiciais.
4. cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendi‐
das no País e no exterior.
EXERCÍCIOS
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
1. Nos moldes da Lei Federal n° 10.826/2003, a comercialização (A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas so‐ (B­) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
mente será efetivada mediante autorização (C) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
(A) do Sinarm. (D) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
(B) da Polícia Militar. (E) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
(C) da Polícia Federal.
(D) do Exército. 6. São medidas protetivas de urgência (i) expressamente pre‐
(E) da Guarda Municipal. vistas na Lei nº 11.340/06 em favor da mulher vítima de violência
doméstica e (ii) que obrigam o agressor, EXCETO:
2. Considere que Flora é ocupante de cargo de Guarda Muni‐ (A) prestação de alimentos provisionais ou provisórios;
cipal Feminino de um Município com 90 mil habitantes, que não (B) suspensão da posse ou restrição do porte de armas;
integra nenhuma região metropolitana. Nessa situação hipotética,
(C) restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno‐
a Lei Federal n° 10.826/2003 estabelece, expressamente, que Flora
res;
(A) não tem direito a usar arma de fogo em serviço.
(D) proibição de contato com a ofendida, seus familiares e tes‐
(B) tem direito a usar arma de fogo em serviço e fora dele.
temunhas por qualquer meio de comunicação;
(C) não pode usar arma de fogo por ocupar cargo de Guarda
(E) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmen‐
Feminino.
te, para informar e justificar suas atividades.
(D) tem direito a usar arma de fogo em serviço.
(E) deve usar a sua arma de fogo particular quando em serviço.
7. Maria da Penha protagonizou um caso simbólico de violência
3. Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência doméstica e familiar contra a mulher. Em 1983, por duas vezes, seu
do STJ acerca da interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe marido tentou assassiná-la. Na primeira vez, por meio de uma arma
sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e de fogo e, na segunda, por eletrocussão e afogamento. As tentativas
munição, assinale a opção correta. de homicídio resultaram em lesões irreversíveis à sua saúde, como pa‐
(A) Para a configuração do tráfico internacional de arma de raplegia e outras seqüelas. Maria da Penha transformou dor em luta,
fogo, acessório ou munição, não basta apenas a procedência tragédia em solidariedade. A Lei n.º 11.340/2006, que cria mecanismos
estrangeira do artefato, sendo necessária a comprovação da para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, leva o seu
internacionalidade da ação. nome. Acerca dos dispositivos dessa lei, assinale a opção incorreta.
(B) Em razão do princípio da mínima lesividade, aquele que de‐ (A) Em casos de violência contra a mulher, o juiz poderá deter‐
tém o porte legal não responderá pelo crime de importar arma minar que o agressor compareça obrigatoriamente a progra‐
de fogo sem autorização da autoridade competente. ma de recuperação e reeducação.

70
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
(B) Permite a criação de juizados especiais de violência domés‐
tica e familiar contra a mulher com competência cível e crimi‐
nal para abranger as questões de família decorrentes da violên‐
cia contra a mulher.
(C) Foram reforçadas e ampliadas as penas pecuniárias, como
pagamento de multa ou cestas básicas, em alguns casos mais
graves de violência doméstica e familiar contra a mulher.
(D) Em 48 horas, o juiz poderá conceder algumas medidas pro‐
tetivas de urgência, como suspender o porte de arma do agres‐
sor, afastá-lo do lar e distanciá-lo.

8. Nas licitações, sempre que possível, deve ser atendido o


princípio pelo qual à entidade compradora cumpre observar as re‐
gras que levam à adoção de um standard que, vantajosamente, pos‐
sa satisfazer às necessidades que estão a seu cargo. Esse princípio
é conhecido como da
(A) padronização.
(B) competitividade.
(C) vinculação ao instrumento convocatório.
(D) imparcialidade ou impessoalidade.
(E) fiscalização da licitação por terceiros.
Todas as afirmações corretas estão em:
9. Nas licitações para a contratação de compras destinadas à (A) I - II - III.
Administração Pública, como critério de desempate, em igualdade (B) I - III - IV.
de condições, será assegurada preferência, prevista em lei, quanto (C) II - III - IV.
aos bens produzidos (D) III - IV - V.
(A) por empresas brasileiras. (E) IV - V.
(B) por empresas de capital nacional.
(C) por empresas sediadas no respectivo estado da licitação. 11. Em caso de adolescente apreendido em flagrante pela prá‐
(D) por empresa sediada no respectivo município da licitação. tica de ato infracional cometido mediante violência ou grave amea‐
(E) no território nacional. ça, deverá a autoridade policial, entre outras medidas,
(A) elaborar o auto de apreensão ou de flagrante, de acordo
10. Quanto às modalidades, limites e dispensa de Licitação, com a sua convicção e o que for melhor para o adolescente.
analise as afirmações a seguir. (B) lavrar o auto de prisão em flagrante com assistência do Con‐
selho Tutelar.
(C) elaborar boletim de ocorrência circunstanciado, levando
em consideração que adolescente não comete crime.
(D) lavrar o auto de prisão em flagrante, somente no caso em
que se verificar a reincidência.
(E) lavrar o auto de apreensão, ouvindo as testemunhas e o
adolescente.

12. Em processo por ato infracional, é incorreto afirmar que:


(A) O adolescente poderá ser beneficiado por remissão con‐
cedida pela autoridade judicial, que possui finalidade distinta
da remissão que é concedida pelo representante do Ministério
Público antes de oferecida a representação por ato infracional.
(B) Em caso de flagrante de ato infracional, não tendo sido o
adolescente liberado, deverá ser ele conduzido, desde logo, à
presença do representante do Ministério Público
(C) Ao adolescente que oferecer risco à ordem pública, ou que
estiver destruindo provas ou perturbando a instrução criminal,
poderá ser decretada a prisão preventiva
(D) O adolescente infrator goza, no processo por ato infracio‐
nal, de direitos e garantias decorrentes do devido processo le‐
gal, entre os quais o de solicitar a presença de seus pais ou
responsável em qualquer fase processual.
(E) A representação por ato infracional tem estrutura seme‐
lhante à da denúncia, podendo ser deduzida oralmente peran‐
te a autoridade judiciária.

13. Nos termos do ECA, assinale a opção incorreta.


(A) No crime de submeter criança à exploração sexual, constitui
efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de fun‐
cionamento do estabelecimento em que ocorreu o fato.

71
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
(B) Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública (D) praticar lesão corporal culposa na direção de veículo auto‐
incondicionada. motor.
(C) A conduta de divulgar pela Internet fotografias ou imagens (E) dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Per‐
com pornografia infantil é crime material, ou seja, de resultado. missão para Dirigir ou Habilitação, gerando perigo de dano.
(D) É atípica a conduta de fornecer fogos de estampido ou de
artifício que, pelo reduzido potencial, sejam incapazes de pro‐ 18. Assinale a alternativa correta:
vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. (A) O fato de alguém, sendo casado, contrair novo casamento,
(E) O ator que, em representação televisiva, contracena com não constitui infração penal.
criança ou adolescente em cena vexatória pratica crime (B) De acordo com a Lei n.º 11.705/08, aplica-se aos crimes de
trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76
14. O procedimento de apuração de infração administrativa e 88 da Lei n.o 9.099/95, exceto em algumas hipóteses, como
previsto no ECA pode ser iniciado por exemplo se o agente estiver transitando em velocidade su‐
(A) exclusivamente por representação do Ministério Público. perior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
(B) por representação do Ministério Público ou do Conselho quilômetros por hora).
Tutelar. (C) Na hipótese de condenação por homicídio culposo na dire‐
(C) por representação do Ministério Público ou portaria judi‐ ção de veículo automotor, o autor do crime poderá ter a pena
cial. aumentada até o dobro se o fato ocorrer na faixa de pedestres
(D) por representação do Ministério Público, ou do Conselho ou na calçada.
Tutelar, ou portaria judicial. (D) Uma vez condenado o agente pela prática de homicídio cul‐
(E) por representação do Ministério Público, ou do Conselho poso na direção de veículo automotor, faculta-se ao magistra‐
Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo ou do incrementar a reprimenda com a suspensão ou proibição da
credenciado. obtenção de permissão ou habilitação para dirigir.
(E) A direção de veículo automotor, em via pública, sem a devi‐
15. Quando conduzia veículo automotor, sem culpa, Fulano da permissão para dirigir ou habilitação, ou, ainda, se cassado
atropela um pedestre, deixando de prestar-lhe socorro, constituin‐ o direito de dirigir, é crime punido com detenção, independen‐
do tal conduta, em tese, a prática de: temente de gerar perigo de dano.
(A) omissão de socorro, prevista no art. 135 do Código Penal;
(B) lesão corporal culposa, com o aumento de pena previsto no
artigo 129, § 7º, do Código Penal;
(C) expor a vida de outrem a perigo, previsto no artigo 132, do GABARITO
Código Penal;
(D) omissão de socorro, prevista no artigo 304, da Lei n.
9.503/97; 1 A
(E) lesão corporal culposa na condução de veículo automotor, 2 D
com o aumento de pena previsto no artigo 303, § único, da Lei
n. 9.503/97. 3 A
4 C
16. Assinale a alternativa correta.
(A) No que diz respeito ao crime de perigo de dano, previsto no 5 A
art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, houve derrogação do 6 E
art. 32 da Lei das Contravenções Penais.
7 C
(B) Constitui crime de moeda falsa a utilização de papel-moeda
grosseiramente falsificado. 8 A
(C) Para obtenção do benefício de saída temporária, e somente 9 E
neste caso, considera-se o tempo de cumprimento da pena no
regime fechado. 10 C
(D) Não se aplica o § 3º do art. 171 do CP em hipótese de crime 11 E
contra entidade autárquica, por ausência de previsão expressa.
(E) Crime contra o patrimônio de ascendente praticado sem 12 C
violência e grave ameaça, quando praticado contra ascenden‐ 13 C
te, sempre isenta o agente de pena.
14 E
17. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), não 15 D
constitui crime o seguinte procedimento:
16 A
(A) conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor sem usar ca‐
pacete de segurança com viseira ou óculos de proteção e vestu‐ 17 A
ário de acordo com as normas e especificações aprovadas pelo 18 B
Contran.
(B) afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para
fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atri‐
buída.
(C) deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de
prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo di‐
retamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da auto‐
ridade pública.

72
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Teoria de Conjuntos: Notações e Representações; Tipos de Conjuntos; Propriedades. Operações entre Conjuntos; Relação entre Teoria
de Conjuntos e Lógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lógica Proposicional: Proposições Simples e Compostas; ValoresVerdade; Conectivos; Propriedades; Tautologia e Contradição; Con-
dição Suficiente e Condição Necessária; Equivalência e Implicação Lógica; Sentenças Fechadas. Lógica dos Predicados: Sentenças
Abertas; Propriedades; Argumentos; Quantificadores; Cálculo dos Predicados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
RACIOCÍNIO LÓGICO

TEORIA DE CONJUNTOS: NOTAÇÕES E


REPRESENTAÇÕES; TIPOS DE CONJUNTOS;
PROPRIEDADES. OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS;
RELAÇÃO ENTRE TEORIA DE CONJUNTOS E LÓGICA

Um conjunto é uma coleção de objetos, chamados elementos,


que possuem uma propriedade comum ou que satisfazem
determinada condição. Igualdade de conjuntos
Dois conjuntos A e B são IGUAIS, indicamos A = B, quando
Representação de um conjunto possuem os mesmos elementos.
Podemos representar um conjunto de várias maneiras. Dois conjuntos A e B são DIFERENTES, indicamos por A ≠ B, se
pelo menos UM dos elementos de um dos conjuntos NÃO pertence
ATENÇÃO: Indicamos os conjuntos utilizando as letras ao outro.
maiúsculas e os elementos destes conjuntos por letras minúsculas.
Subconjuntos
Vejamos: Quando todos os elementos de um conjunto A são também
1) os elementos do conjunto são colocados entre chaves elementos de um outro conjunto B, dizemos que A é subconjunto
separados por vírgula, ou ponto e vírgula. de B. Exemplo: A = {1,3,7} e B = {1,2,3,5,6,7,8}.
A = {a, e, i, o, u}

2) os elementos do conjunto são representados por uma ou


mais propriedades que os caracterize.

3) os elementos do conjunto são representados por meio de


um esquema denominado diagrama de Venn.

Os elementos do conjunto A estão contidos no conjunto B.

ATENÇÃO:
1) Todo conjunto A é subconjunto dele próprio;
2) O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de qualquer
conjunto;
3) O conjunto das partes é o conjunto formado por todos os
subconjuntos de A.
4) O número de seu subconjunto é dado por: 2n; onde n é o
Relação de pertinência número de elementos desse conjunto.
Usamos os símbolos ∈ (pertence) e ∉ (não pertence) para
relacionar se um elemento faz parte ou não do conjunto. Operações com Conjuntos
Tomando os conjuntos: A = {0,2,4,6} e B = {0,1,2,3,4}, como
Tipos de Conjuntos exemplo, vejamos:
• Conjunto Universo: reunião de todos os conjuntos que • União de conjuntos: é o conjunto formado por todos os
estamos trabalhando. elementos que pertencem a A ou a B. Representa-se por A ∪ B.
• Conjunto Vazio: é aquele que não possui elementos. Simbolicamente: A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}. Exemplo:
Representa-se por 0/ ou, simplesmente { }.
• Conjunto Unitário: possui apenas um único elemento.
• Conjunto Finito: quando podemos enumerar todos os seus
elementos.
• Conjunto Infinito: contrário do finito.

Relação de inclusão
É usada para estabelecer relação entre conjuntos com
conjuntos, verificando se um conjunto é subconjunto ou não de
outro conjunto. Usamos os seguintes símbolos de inclusão:

1
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Intersecção de conjuntos: é o conjunto formado por todos os Exemplo:
elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a B. Representa- (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B} FCC) Dos 43 vereadores de uma cidade, 13 dele não se inscreveram
nas comissões de Educação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos
vereadores se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles
se inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e oito
deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e Saneamento
Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu em apenas uma
dessas comissões. O número de vereadores inscritos na comissão
de Saneamento Básico é igual a
(A) 15.
(B) 21.
(C) 18.
(D) 27.
(E) 16.

Resolução:
De acordo com os dados temos:
OBSERVAÇÃO: Se A ∩ B = φ , dizemos que A e B são conjuntos 7 vereadores se inscreveram nas 3.
disjuntos. APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 não
deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, pois ele já
Propriedades da união e da intersecção de conjuntos desconsidera os que se inscreveram nos três)
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
1ª) Propriedade comutativa São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comissões, pois
A U B = B U A (comutativa da união) 13 dos 43 não se inscreveram.
A ∩ B = B ∩ A (comutativa da intersecção) Portanto, 30 – 7 – 12 – 8 = 3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores.
2ª) Propriedade associativa
(A U B) U C = A U (B U C) (associativa da união)
(A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (associativa da intersecção)

3ª) Propriedade associativa


A ∩ (B U C) = (A ∩ B) U (A ∩ C) (distributiva da intersecção em
relação à união)
A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C) (distributiva da união em relação
à intersecção)

4ª) Propriedade
Se A ⊂ B, então A U B = B e A ∩ B = A, então A ⊂ B
Em saneamento se inscreveram: 3 + 7 + 8 = 18
Número de Elementos da União e da Intersecção de Conjuntos Resposta: C
E dado pela fórmula abaixo:
• Diferença: é o conjunto formado por todos os elementos que
pertencem a A e não pertencem a B. Representa-se por A – B. Para
determinar a diferença entre conjuntos, basta observamos o que
o conjunto A tem de diferente de B. Tomemos os conjuntos: A =
{1,2,3,4,5} e B = {2,4,6,8}

Note que: A – B ≠ B - A

2
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO
(PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM SAÚDE NM Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
– AOCP) Considere dois conjuntos A e B, sabendo que assinale a Argumentação.
alternativa que apresenta o conjunto B.
(A) {1;2;3} ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL
(B) {0;3} O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
(C) {0;1;2;3;5} figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
(D) {3;5} temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
(E) {0;3;5} O mais importante é praticar o máximo de questões que
envolvam os conteúdos:
Resolução: - Lógica sequencial
A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é elemento de - Calendários
B.
A – B são os elementos que tem em A e não em B. RACIOCÍNIO VERBAL
Então de A ∪ B, tiramos que B = {0; 3; 5}. Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
conclusões lógicas.
Resposta: E Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de
habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a
• Complementar: chama-se complementar de B (B é uma vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou
subconjunto de A) em relação a A o conjunto A - B, isto é, o conjunto inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação
dos elementos de A que não pertencem a B. Exemplo: A = {0,1,2,3,4} do conhecimento por meio da linguagem.
e B = {2,3} Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe
um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de
afirmações, selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das
informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as
informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico
LÓGICA PROPOSICIONAL: PROPOSIÇÕES SIMPLES verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
E COMPOSTAS; VALORESVERDADE; CONECTIVOS; não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
PROPRIEDADES; TAUTOLOGIA E CONTRADIÇÃO; - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
CONDIÇÃO SUFICIENTE E CONDIÇÃO NECESSÁRIA; – Fez Sol ontem?
EQUIVALÊNCIA E IMPLICAÇÃO LÓGICA; SENTENÇAS - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
FECHADAS. LÓGICA DOS PREDICADOS: SENTENÇAS - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
ABERTAS; PROPRIEDADES; ARGUMENTOS; televisão.
QUANTIFICADORES; CÁLCULO DOS PREDICADOS - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais,
ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO cachorro do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver
problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das • Sentença fechada: quando a proposição admitir um
diferentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será
leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa considerada uma frase, proposição ou sentença lógica.
parte consiste nos seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos. Proposições simples e compostas
- Cálculos com porcentagens. • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
geométricos e matriciais. proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
- Geometria básica. p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários. • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas
- Numeração. lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais
- Razões Especiais. proposições simples. As proposições compostas são designadas
- Análise Combinatória e Probabilidade. pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R,S,......., também chamadas
- Progressões Aritmética e Geométrica. letras proposicionais.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
podemos ver na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F
correspondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

5
RACIOCÍNIO LÓGICO
Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposição
é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a compõe.
O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes, ficando
por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
(CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da proposição
(A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

CONCEITOS DE TAUTOLOGIA , CONTRADIÇÃO E CONTIGÊNCIA


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da
Tautologia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
(DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))

6
RACIOCÍNIO LÓGICO
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
(VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

7
RACIOCÍNIO LÓGICO
CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumentos
lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

8
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

9
RACIOCÍNIO LÓGICO
ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos
(da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que
apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é representada
pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma proposição
composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

10
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição


Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...). • Silogismo Disjuntivo

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente


distintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um
conectivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação
lógica que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva: Tautologias e Implicação Lógica
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma. • Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)
• Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em
outras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de
proposições verdadeiras já existentes.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que: • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das Teremos duas possibilidades.
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido


no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é
também elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente
Princípio da inconsistência de “Todo B é A”.
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒ q • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o
proposição q. mesmo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a diagrama (A ∩ B = ø):
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam
proposições com quantificadores. Numa proposição categórica, é
importante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa.
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
Vejamos algumas formas: Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta
- Todo A é B. proposição:
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios
fundamentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica uma
proposição categórica em universal ou particular. A classificação
dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto
“A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”.
Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem
todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

12
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Resolução:
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
representações possíveis: do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”.
Descartamos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a


Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo (A) Todos os não psicólogos são professores.
que Algum B não é A. (B) Nenhum professor é psicólogo.
(C) Nenhum psicólogo é professor.
• Negação das Proposições Categóricas (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos Resolução:
uma proposição categórica particular. Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição negação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. através de um quantificador existencial negativo. Logo teremos:
Pelo menos um professor não é psicólogo.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, Resposta: E
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, • Equivalência entre as proposições
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
uma proposição de natureza afirmativa. resolução de questões.
Em síntese:

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
Exemplos: a cinco”?
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não (A) Todo número natural é menor do que cinco.
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da (C) Todo número natural é diferente de cinco.
afirmação anterior é: (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são pardos. (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos Resolução:
não miam alto. Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos. se a sua negação.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
pardo. esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com
Todos e Nenhum, que também são universais.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Existe pelo menos um elemento co-


mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem I
AéB
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as
alternativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários
problemas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que
envolvam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste
argumento podem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

ALGUM
O
TODO A NÃO é B
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A, Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


então pertence também a B. ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
NENHUM junto A - B
E
AéB
Exemplo:
Existe pelo menos um elemento que (GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
pertence a A, então não pertence a B, e – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
vice-versa. cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
Vamos chamar de: a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
Cinema = C afirma isso
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a


justificativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. –
Correta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
- Existem teatros que não são cinemas todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura
também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura


Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de
proposições iniciais redunda em outra proposição final, que será
consequência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que
associa um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas
premissas do argumento, a uma proposição Q, chamada de
conclusão do argumento.

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC


Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
menos um dos cinemas é considerado teatro.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados
em verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo entender o que significa um argumento válido e um argumento
mesmo princípio acima. inválido.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO
Argumentos Válidos Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença “Nenhum
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em comum.
bem construído), quando a sua conclusão é uma consequência Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
obrigatória do seu conjunto de premissas. vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:

Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU


CONTEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento
é válido, independentemente do conteúdo das premissas ou da Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
conclusão! NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
• Como saber se um determinado argumento é mesmo válido? necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando conjunto dos homens está totalmente separado (total dissociação!)
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um do conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
método muito útil e que será usado com frequência em questões
que pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos Argumentos Inválidos
como funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
premissa P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
representar essa frase da seguinte maneira: das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois as


premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão. Patrícia
pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois a primeira
premissa não afirmou que somente as crianças gostam de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo
artifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela
primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.

Observem que todos os elementos do conjunto menor


(homens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior
(dos pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a
palavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime
é de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não


é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima
(da primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a
Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
diagrama:

16
RACIOCÍNIO LÓGICO
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumento
é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento

Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!

1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.

2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre
quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se na
construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem
de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.

3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.


Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

Em síntese:

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos
de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é
ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Teremos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verdadeiro!
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas verdadeiras! Teremos:
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são verdadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi!

Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no 4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência
simultânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!

Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio.

Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o item subsecutivo.


Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as premissas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
A = Chove
B = Maria vai ao cinema
C = Cláudio fica em casa
D = Faz frio
E = Fernando está estudando
F = É noite
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional:

A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, utilizando isso temos:


O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. // B → ~E
Iniciando temos:
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove tem
que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria vai
ao cinema tem que ser V.
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio sai
de casa tem que ser F.
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode ser
V ou F.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V

Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Resposta: Errado

(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, então
Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma bruxa.
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão o
valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F) → V
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro (F) → V
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F) → V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

19
RACIOCÍNIO LÓGICO
Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles
trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir
o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclusões,
que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não
vamos fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples.
Vamos continuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o
advogado, podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia

Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, todos
para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba;
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza.

É correto concluir que, em janeiro,


(A) Paulo viajou para Fortaleza.
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.

Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é
homem.
Luiz N N A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Arnaldo N N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Mariana N N S N
Paulo N N A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
− Luiz não viajou para Fortaleza. (x) (A (x) → B).
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.

Luiz N N N Aplicando temos:


Arnaldo N N x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da
forma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos
Mariana N N S N
x + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?
Paulo N N A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
Agora, completando o restante: julgar, logo, é uma proposição lógica.
Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou.
Então, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia • Quantificador existencial (∃)
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N S N N
Arnaldo S N N N
Mariana N N S N
Paulo N N N S
Exemplo:
Resposta: B “Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase
é:
Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os
quantificadores são utilizados para transformar uma sentença
aberta ou proposição aberta em uma proposição lógica.

QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA

Tipos de quantificadores O quantificador existencial tem a função de elemento comum.


A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos
• Quantificador universal (∀) comuns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica:
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas: (∃ (x)) (A (x) ∧ B).

Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira?
Exemplo: A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
Todo homem é mortal. a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será julgar, logo, é uma proposição lógica.
mortal.
Na representação do diagrama lógico, seria: ATENÇÃO:
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).

23
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
Todo cavalo é um animal. Logo,
ANOTAÇÕES
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal. ______________________________________________________
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo. ______________________________________________________
Resolução:
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes ______________________________________________________
conclusões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal. ______________________________________________________
– Se é cavalo, então é um animal.
______________________________________________________
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma ______________________________________________________
de conclusão).
Resposta: B ______________________________________________________

(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposição ______________________________________________________


(∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
______________________________________________________
Resolução:
______________________________________________________
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R) ______________________________________________________
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores. ______________________________________________________
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade. ______________________________________________________
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é
necessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade. ______________________________________________________
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y. ______________________________________________________
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
______________________________________________________
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x). ______________________________________________________
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0. ______________________________________________________
X + 0 = X.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de x ______________________________________________________
somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está correto.
Resposta: CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________
______________________________________________________ _____________________________________________________
______________________________________________________ _____________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Conceitos básicos de computação e microinformática. Principais componentes de um computador (hardware e software) . . . . . 01
2. Conhecimentos em aplicativos e funções do Windows . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Conhecimentos Básicos em Microsoft Office: editor de texto (Microsoft Word), planilha de cálculo (Microsoft Excel) . . . . . . . . . . 41
4. Conhecimentos básicos de banco de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5. Conceitos de Internet e Intranet. Conhecimentos básicos para a utilização da Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6. Correio eletrônico: conceitos; aplicativos; envio e recebimento de mensagens; arquivos anexos; utilização de listas de distribuição de
mensagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS BÁSICOS DE COMPUTAÇÃO E MICROIN-


FORMÁTICA. PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM
COMPUTADOR (HARDWARE E SOFTWARE)

Hardware
O hardware são as partes físicas de um computador. Isso inclui
a Unidade Central de Processamento (CPU), unidades de armazena-
mento, placas mãe, placas de vídeo, memória, etc.1. Outras partes
extras chamados componentes ou dispositivos periféricos incluem
o mouse, impressoras, modems, scanners, câmeras, etc.
Para que todos esses componentes sejam usados apropriada-
mente dentro de um computador, é necessário que a funcionalida- CPU.3
de de cada um dos componentes seja traduzida para algo prático.
Surge então a função do sistema operacional, que faz o intermédio Coolers
desses componentes até sua função final, como, por exemplo, pro- Quando cada parte de um computador realiza uma tarefa, elas
cessar os cálculos na CPU que resultam em uma imagem no moni- usam eletricidade. Essa eletricidade usada tem como uma conse-
tor, processar os sons de um arquivo MP3 e mandar para a placa de quência a geração de calor, que deve ser dissipado para que o com-
som do seu computador, etc. Dentro do sistema operacional você putador continue funcionando sem problemas e sem engasgos no
ainda terá os programas, que dão funcionalidades diferentes ao desempenho. Os coolers e ventoinhas são responsáveis por promo-
computador. ver uma circulação de ar dentro da case do CPU. Essa circulação de
ar provoca uma troca de temperatura entre o processador e o ar
Gabinete que ali está passando. Essa troca de temperatura provoca o resfria-
O gabinete abriga os componentes internos de um computa- mento dos componentes do computador, mantendo seu funciona-
dor, incluindo a placa mãe, processador, fonte, discos de armaze- mento intacto e prolongando a vida útil das peças.
namento, leitores de discos, etc. Um gabinete pode ter diversos
tamanhos e designs.

Cooler.4
Gabinete.2 Placa-mãe
Se o CPU é o cérebro de um computador, a placa-mãe é o es-
Processador ou CPU (Unidade de Processamento Central) queleto. A placa mãe é responsável por organizar a distribuição dos
É o cérebro de um computador. É a base sobre a qual é cons- cálculos para o CPU, conectando todos os outros componentes ex-
truída a estrutura de um computador. Uma CPU funciona, basica- ternos e internos ao processador. Ela também é responsável por
mente, como uma calculadora. Os programas enviam cálculos para enviar os resultados dos cálculos para seus devidos destinos. Uma
o CPU, que tem um sistema próprio de “fila” para fazer os cálculos placa mãe pode ser on-board, ou seja, com componentes como pla-
mais importantes primeiro, e separar também os cálculos entre os cas de som e placas de vídeo fazendo parte da própria placa mãe,
núcleos de um computador. O resultado desses cálculos é traduzido ou off-board, com todos os componentes sendo conectados a ela.
em uma ação concreta, como por exemplo, aplicar uma edição em
uma imagem, escrever um texto e as letras aparecerem no monitor
do PC, etc. A velocidade de um processador está relacionada à velo-
cidade com que a CPU é capaz de fazer os cálculos.

1 https://www.palpitedigital.com/principais-componentes-internos-pc-periferi-
cos-hardware-software/#:~:text=O%20hardware%20s%C3%A3o%20as%20par- 3 https://www.showmetech.com.br/porque-o-processador-e-uma-peca-impor-
tes,%2C%20scanners%2C%20c%C3%A2meras%2C%20etc. tante
2 https://www.chipart.com.br/gabinete/gabinete-gamer-gamemax-shine-g- 4 https://www.terabyteshop.com.br/produto/10546/cooler-deepcool-
517-mid-tower-com-1-fan-vidro-temperado-preto/2546 -gammaxx-c40-dp-mch4-gmx-c40p-intelam4-ryzen

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Placa de vídeo 7

Periféricos de entrada, saída e armazenamento


São placas ou aparelhos que recebem ou enviam informações
para o computador. São classificados em:
– Periféricos de entrada: são aqueles que enviam informações
para o computador. Ex.: teclado, mouse, scanner, microfone, etc.

Placa-mãe.5

Fonte
É responsável por fornecer energia às partes que compõe um
computador, de forma eficiente e protegendo as peças de surtos
de energia.

Periféricos de entrada.8

– Periféricos de saída: São aqueles que recebem informações


do computador. Ex.: monitor, impressora, caixas de som.
Fonte 6

Placas de vídeo
Permitem que os resultados numéricos dos cálculos de um pro-
cessador sejam traduzidos em imagens e gráficos para aparecer em
um monitor.

Periféricos de saída.9
5 https://www.terabyteshop.com.br/produto/9640/placa-mae-biostar-b- 7https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/12/conheca-melhores-placas-de-video-lancadas-
360mhd-pro-ddr4-lga-1151 -em-2012.html
6 https://www.magazineluiza.com.br/fonte-atx-alimentacao-pc-230w- 8https://mind42.com/public/970058ba-a8f4-451b-b121-3ba35c51e1e7
-01001-xway/p/dh97g572hc/in/ftpc 9 https://aprendafazer.net/o-que-sao-os-perifericos-de-saida-para-que-servem-

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Periféricos de entrada e saída: são aqueles que enviam e recebem informações para/do computador. Ex.: monitor touchscreen,
drive de CD – DVD, HD externo, pen drive, impressora multifuncional, etc.

Periféricos de entrada e saída.10

– Periféricos de armazenamento: são aqueles que armazenam informações. Ex.: pen drive, cartão de memória, HD externo, etc.

Periféricos de armazenamento.11

Software
Software é um agrupamento de comandos escritos em uma linguagem de programação12. Estes comandos, ou instruções, criam as
ações dentro do programa, e permitem seu funcionamento.
Um software, ou programa, consiste em informações que podem ser lidas pelo computador, assim como seu conteúdo audiovisual,
dados e componentes em geral. Para proteger os direitos do criador do programa, foi criada a licença de uso. Todos estes componentes
do programa fazem parte da licença.
A licença é o que garante o direito autoral do criador ou distribuidor do programa. A licença é um grupo de regras estipuladas pelo
criador/distribuidor do programa, definindo tudo que é ou não é permitido no uso do software em questão.
Os softwares podem ser classificados em:
– Software de Sistema: o software de sistema é constituído pelos sistemas operacionais (S.O). Estes S.O que auxiliam o usuário, para
passar os comandos para o computador. Ele interpreta nossas ações e transforma os dados em códigos binários, que podem ser proces-
sados

– Software Aplicativo: este tipo de software é, basicamente, os programas utilizados para aplicações dentro do S.O., que não estejam
ligados com o funcionamento do mesmo. Exemplos: Word, Excel, Paint, Bloco de notas, Calculadora.
– Software de Programação: são softwares usados para criar outros programas, a parir de uma linguagem de programação, como
Java, PHP, Pascal, C+, C++, entre outras.
– Software de Tutorial: são programas que auxiliam o usuário de outro programa, ou ensine a fazer algo sobre determinado assunto.
– Software de Jogos: são softwares usados para o lazer, com vários tipos de recursos.
– Software Aberto: é qualquer dos softwares acima, que tenha o código fonte disponível para qualquer pessoa.

Todos estes tipos de software evoluem muito todos os dias. Sempre estão sendo lançados novos sistemas operacionais, novos games,
e novos aplicativos para facilitar ou entreter a vida das pessoas que utilizam o computador.

-e-que-tipos-existem
10 https://almeida3.webnode.pt/trabalhos-de-tic/dispositivos-de-entrada-e-saida
11 https://www.slideshare.net/contatoharpa/perifricos-4041411
12 http://www.itvale.com.br

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONHECIMENTOS EM APLICATIVOS E FUNÇÕES DO WINDOWS

O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares desenvolvido pela Microsoft13.


Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva.
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos do
Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do computador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os elementos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
– Windows 7 Ultimate.

Área de Trabalho

Área de Trabalho do Windows 7.14

A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em que ficam dispostos alguns ícones. Uma das novidades do Windows
7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta uma área de
trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior também sofreu mudanças significativas.

Barra de tarefas
– Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão) ati-
vo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas
ou entre programas.

13 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/AulaDemo-4147.pdf
14 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.html

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alternar entre janelas.15

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um único botão.
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra de ta-
refas.

Pré-visualização de janela.16

Botão Iniciar

Botão Iniciar17

O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros menus que,
por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

15 Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d
16 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar-do-windows-7.html
17 Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-windows-vista-acaba-em-11-de-abril

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Iniciar.18

Desligando o computador
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador, Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar, Sus-
pender ou Hibernar.

Ícones
Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir.
Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.

Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o Windows
e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows 7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão organiza-
da do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas, movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-los e tam-
bém renomeá-los. Em suma, é este o programa que disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus dados gravados.

18 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

19

Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus arquivos
e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca para que
você organize da forma como desejar.

Bibliotecas no Windows 7.20

Aplicativos de Windows 7
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar o desempenho do computador, calculadora e etc.
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e no
submenu, que aparece, escolha Acessórios.

Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto. Utilizado
normalmente para editar arquivos que podem ser usados pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria arquivos
com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto somente no formato ASCII (somente texto).

19 Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-explorer-clover-2.html
20 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-windows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bloco de Notas.

WordPad
Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se comparado
com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo com a extensão
DOC entre outras.

WordPad.21

Paint
Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões: JPG
ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

21 Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-new-life

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Paint.22

• Calculadora
Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, programador e estatística.

Painel de Controle
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas administrativas com finalidades especiais que podem ser usadas para confi-
gurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O Painel de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para tarefas comuns
(por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Adicionar hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo usuário também podem
inserir ícones no Painel de controle.

22 Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsoft-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Painel de Controle.23

Novidades do Windows 7
Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento rápido e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para as bordas
pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as janelas que
ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do que está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item minimizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação de
ícones em determinado local, a reorganização de ícones para facilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o usuário
redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do suporte a
TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas locais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração, o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite a
restauração de documentos e arquivos pessoais, não somente os programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do toque na
tela, o que inclui o acesso a pastas, redimensionamento de janelas e a interação com aplicativos.
Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas virtuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo e mais
simples de ser configurado e usado.
Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com configuração de
perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes variados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele ficou com
realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento de screens atualizadas.

Novidades no Windows 8
Lançado em 2012, o Windows 8 passou por sua transformação mais radical. Ele trouxe uma interface totalmente nova, projetada
principalmente para uso em telas sensíveis ao toque.

• Tela Inicial
A tela de início é uma das características mais marcantes do Windows 824. Trata-se de um espaço que reúne em um único lugar blocos
retangulares ou quadrados que dão acesso a aplicativos, à lista de contatos, a informações sobre o clima, aos próximos compromissos da
agenda, entre outros. Na prática, este é o recurso que substitui o tradicional menu Iniciar do Windows, que por padrão não está disponível
na versão 8. É por este motivo que é possível alternar entre a tela inicial e a área de trabalho (bastante semelhante ao desktop do Windows
7, por sinal) utilizando os botões Windows do teclado.
Obs.: gerou uma certa insatisfação por parte dos usuários que sentiram falta do botão Iniciar, na versão. No Windows 8.1 e Windows
10, o botão Iniciar volta.
Se o espaço na tela não for suficiente para exibir todos eles, ela pode ser rolada horizontalmente. A nova interface era inicialmente
chamada de Metro, mas a Microsoft abandonou esse nome e, agora, se refere a ela como Modern (moderna).

23 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/06/como-mudar-o-idioma-do-windows-7.html
24 https://www.infowester.com/

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Interface Metro do Windows 8.25

• Tempo de Inicialização
Uma das vantagens que mais marcou o Windows 8 foi o tempo de inicialização de apenas 18 segundos, mostrando uma boa diferença
se comparado com o Windows 7, que leva 10 segundos a mais para iniciar26.
O encerramento também ficou mais rápido, tudo isso por conta da otimização de recursos do sistema operacional e também do baixo
consumo que o Windows 8 utiliza do processador.

• Os botões de acesso da lateral direita (Charms Bar)


Outra característica marcante do Windows 8 é a barra com botões de acesso rápido que a Microsoft chamada de Charms Bar. Eles
ficam ocultos, na verdade, mas é possível visualizá-los facilmente. Se estiver usando um mouse, basta mover o cursor até o canto direito
superior ou inferior. Em um tablet ou outro dispositivo com tela sensível ao toque, basta mover o dedo à mesma região. Com o teclado,
pressione Windows + C simultaneamente.
Em todas as formas, você verá uma barra surgir à direita com cinco botões:
– Busca: nesta opção, você pode localizar facilmente aplicativos ou arquivos presentes em seu computador, assim como conteúdo
armazenado nas nuvens, como fotos, notícias, etc. Para isso, basta escolher uma das opções mostradas abaixo do campo de busca para
filtrar a sua pesquisa;
– Compartilhar: neste botão, é possível compartilhar informações em redes sociais, transferir arquivos para outros computadores,
entre outros;
– Iniciar: outra forma de acessar a tela inicial. Pode parecer irrelevante se você estiver usando um teclado que tenha botões Windows,
mas em tablets é uma importante forma de acesso;
– Dispositivos: com este botão, você pode configurar ou ter acesso rápido aos dispositivos conectados, como HDs externos, impres-
soras e outros;
– Configuração: é por aqui que você pode personalizar o sistema, gerenciar usuários, mudar a sua senha, verificar atualizações, ajustar
conexões Wi-Fi, entrar no Painel de Controle e até mesmo acessar opções de configuração de outros programas.

25 https://www.tecwhite.net/2015/01/tutorial-visualizador-de-fotos-do.html
26 https://www.professordeodatoneto.com.br/

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Login com Microsoft Account


O Windows 8 é a versão da família Windows que mais se integra às nuvens, razão pela qual agora o usuário precisa informar sua
Microsoft Account (ou Windows Live ID) para se logar no sistema. Com isso, a pessoa conseguirá acessar facilmente seus arquivos no
SkyDrive e compartilhar dados com seus contatos, por exemplo. É claro que esta característica não é uma exigência: o usuário que preferir
poderá utilizar o esquema tradicional de login, onde seu nome e senha existem só no computador, não havendo integração com as nuvens.
Também é importante frisar que, quem preferir o login com Microsoft Account, poderá acessar o computador mesmo quando não houver
acesso à internet.

• Senha com imagem


Outra novidade do Windows 8 em relação à autenticação de usuários é a funcionalidade de senha com imagem. A ideia é simples: em
vez de digitar uma combinação de caracteres, o usuário deve escolher uma imagem – uma foto, por exemplo – e fazer um desenho com
três gestos em uma parte dela. A partir daí, toda vez que for necessário realizar login, a imagem em questão será exibida e o usuário terá
que repetir o movimento que criou.
É possível utilizar esta opção com mouse, mas ela é particularmente interessante para login rápido em tablets, por causa da ausência
de teclado para digitação de senha.

• Windows Store (Loja)


Seguindo o exemplo de plataformas como Android e iOS, o Windows 8 passou a contar com uma loja oficial de aplicativos. A maioria
dos programas existentes ali são gratuitos, mas o usuário também poderá adquirir softwares pagos também.

É válido destacar que o Windows 8 é compatível com programas feitos para os Windows XP, Vista e 7 – pelo menos a maioria deles.
Além disso, o usuário não é obrigado a utilizar a loja para obter softwares, já que o velho esquema de instalar programas distribuídos dire-
tamente pelo desenvolvedor ou por sites de download, por exemplo, continua valendo.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Notificações
A Microsoft também deu especial atenção às notificações no Windows 8. E não só notificações do sistema, que avisam, por exemplo,
quando há atualizações disponíveis: também há notificações de aplicativos, de forma que você possa saber da chegada de e-mails ou de
um compromisso em sua agenda por meio de uma pequena nota que aparece mesmo quando outro programa estiver ocupando toda a
tela.

• Gestos e atalhos
Apesar de diferente, o Windows 8 não é um sistema operacional de difícil utilização. Você pode levar algum tempo para se acostumar
a ele, mas muito provavelmente chegará lá. Um jeito de acelerar este processo e ao mesmo tempo aproveitar melhor o sistema é apren-
dendo a utilizar gestos (para telas sensíveis ao toque), movimentos para o mouse ou mesmo atalhos para teclado. Eis alguns:
– Para voltar à janela anterior: leve o cursor do mouse até o canto superior esquerdo (bem no canto mesmo). Uma miniatura da janela
será exibida. Clique nela. No caso de toques, arraste o seu dedo do canto esquerdo superior até o centro da janela;
– Para fechar um aplicativo sem o botão de encerramento: com mouse ou com toque, clique na barra superior do programa e a
arraste até a parte inferior da tela;
– Para desinstalar um aplicativo: na tela inicial, clique com o botão direito do mouse no bloco de um aplicativo. Aparecerão ali várias
opções, sendo uma delas a que permite desinstalar o software. No caso de telas sensíveis ao toque, posicione o dedo bloco e o mova para
cima;
– Para alternar entre as janelas abertas usando teclado: a velha e boa combinação – pressione as teclas Alt e Tab ao mesmo tempo;

– Para ativar a pesquisa automaticamente na tela inicial: se você estiver na tela inicial e quiser iniciar um aplicativo ou abrir um ar-
quivo, por exemplo, basta simplesmente começar a digitar o seu nome. Ao fazer isso, o sistema operacional automaticamente iniciará a
busca para localizá-lo.

Versões do Windows 8
– Windows RT: versão para dispositivos baseados na arquitetura ARM. Pode ocorrer incompatibilidade com determinados aplicativos
criados para a plataforma x86. Somente será possível encontrar esta versão de maneira pré-instalada em tablets e afins;
– Windows 8: trata-se da versão mais comum, direcionada aos usuários domésticos, a ambientes de escritório e assim por diante.
Pode ser encontrada tanto em 32-bit quanto em 64-bit;
– Windows 8 Pro: é a versão mais completa, consistindo, essencialmente, no Windows 8 acrescido de determinados recursos, es-
pecialmente para o segmento corporativo, como virtualização e gerenciamento de domínios. Também permite a instalação gratuita do
Windows Media Center.

Área de Trabalho
A Microsoft optou por deixar a famosa área de trabalho no novo Windows, possuindo as mesmas funções das versões anteriores, mas
com uma pequena diferença, o botão iniciar não existe mais, pois, como dito anteriormente, foi substituído pela nova interface Metro.

Área de trabalho do Windows 8.27

Para acessar a área de trabalho no Windows 8, basta entrar na tela inicial e procurar pelo ícone correspondente.

27 https://www.crn.com.au/news/windows-8-show-us-your-real-face-289865

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Extrair arquivos mais rápidos
O Windows 8 possui uma vantagem significativa na compactação e extração de arquivos, assim como também na transferência de
dados e no tempo para abrir algum software.

Windows Store
Outra novidade do Windows 8, é a nova ferramenta de compras de aplicativos, chamada de Windows Store.
Podemos dizer de que se trata de uma loja virtual criada pela Microsoft em busca de aproximar o usuário de novas descobertas de
aplicativos criados exclusivamente para o sistema operacional.
A ferramenta pode ser acessada da mesma maneira que as outras. Ela é encontrada na tela inicial (Interface Metro) e basta dar apenas
um clique para abrir a página com os aplicativos em destaques.

Nuvem e vínculo fácil com as redes sociais


Mais uma novidade, entre diversas outras do novo sistema operacional da Microsoft, é o armazenamento na nuvem, ou seja, o Win-
dows 8 também utiliza computação em nuvem para guardar seus dados, podendo o usuário acessá-los em outros computadores.
As integrações sociais também foi outro diferencial. Todas as redes favoritas podem ser usadas, como Twitter, Facebook, Google Plus,
entre outras, sem precisar acessá-las, tudo é mostrado na tela inicial, na forma de notificações.

Tela Sensível – Touch


Por últimos, mas não menos importante, é a tecnologia touch que o Windows 8 suporta. Essa tecnologia faz com que o usuário possa
usar as ferramentas do sistema operacional apenas com as mãos, sem o uso de mouse.

Acessórios do Windows
O Windows traz consigo alguns acessórios (pequenos programas) muito úteis para executar algumas tarefas básicas do dia-a-dia,
vejamos alguns desses acessórios:

Calculadora
A calculadora do Windows vem em dois formatos distintos (a Padrão e a Científica). Ela permite colar seus resultados em outros pro-
gramas ou copiar no seu visor (display) um número copiado de outro aplicativo.

Bloco de Notas
É um pequeno editor de textos que acompanha o Windows porque permite uma forma bem simples de edição. Os tipos de formata-
ção existentes no bloco de notas são: fontes, estilo e tamanho. É muito utilizado por programadores para criar programas de computador.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WordPad
É como se fosse um Word reduzido. Pode ser classificado como um editor de textos, porque possui recursos de formatação.

Paint
Programa muito utilizado por iniciantes em informática. O Paint é um pequeno programa criado para desenhar e cria arquivos no
formato bitmap que são imagens formadas para pequenos pontos. Ele não trabalha com imagens vetoriais (desenhos feitos através de
cálculos matemáticos), ele apenas permite a pintura de pequenos pontos para formar a imagem que se quer. Seus arquivos normalmente
são salvos no formato BMP, mas o programa também permite salvar os desenhos com os formatos JPG e GIF.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Lixeira
Lixeira na área de trabalho é um local de armazenamento temporário para arquivos excluídos. Quando você exclui um arquivo ou
pasta em seu computador (HD ou SSD), ele não é excluído imediatamente, mas vai para a Lixeira.

Cotas do Usuário
Recurso que foi herdado do Windows Vista é o gerenciamento de cotas de espaço em disco para usuários, algo muito interessante em
um PC usado por várias pessoas. Assim é possível delimitar quanto do disco rígido pode ser utilizado no máximo por cada um que utiliza
o computador.
Se você possui status de administrador do Windows pode realizar essa ação de modo rápido e simples seguindo as instruções.

Restauração do Sistema
É um recurso do Windows em que o computador literalmente volta para um estado (hora e data) no passado. É útil quando programas
que o usuário instalou comprometem o funcionamento do sistema e o usuário deseja que o computador volte para um estado anterior à
instalação do programa.

Windows Explorer
É o programa que acompanha o Windows e tem por função gerenciar os objetos gravados nas unidades de disco, ou seja, todo e qual-
quer arquivo que esteja gravado em seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.,

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Painel de Controle

É o programa que acompanha o Windows e permite ajustar todas as configurações do sistema operacional, desde ajustar a hora do
computador, até coisas mais técnicas como ajustar o endereço virtual das interrupções utilizadas pela porta do mouse.
O painel de controle é, na verdade, uma janela que possui vários ícones, e cada um desses ícones é responsável por um ajuste dife-
rente no Windows.

Bitlocker
É um dos recursos Windows, aprimorado nas versões Ultimate e Enterprise do Windows 7, 8 e 10.
Este recurso tem como vocação a proteção de seus dados. Qualquer arquivo é protegido, salvo em uma unidade criptografada pelo
recurso. A operação se desenvolve automaticamente após a ativação.

Windows 10
Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens28.
28 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Versões do Windows 10
– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.29

Aero Glass (Efeito Vidro)


Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

29 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Efeito Aero Glass.30

Aero Flip (Alt+Tab)


Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

30 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Shake (Win+Home)
Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)


Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)
O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.31


31 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Nova Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.32

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso do
Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O as-
sistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicitado,
por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

32 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cortana no Windows 10.33

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visua-
lizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por Hello
ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

33 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.34

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
34 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está dis-
ponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.35

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de ar-
quivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

35 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Central de Segurança do Windows Defender
A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.36

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na área de trabalho do Windows 10.

Outros Acessórios do Windows 10


Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados, mas os relacionados a seguir são os mais populares:
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário.
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes físicos).
– Ferramenta de Captura.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer.
– Mapas.
– Mapa de Caracteres.
– Paint.
36 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Windows Explorer.
– WordPad.
– Xbox.

Principais teclas de atalho


CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos.
WIN + H: compartilhar.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.

Windows Vista
O Windows Vista é uma versão do sistema operacional da Microsoft, lançada em 2007, que se destina a computadores pessoais, lap-
tops, tablets e empresariais37. Entre os recursos apresentados, destaca-se a reformulação da interface gráfica, mudando drasticamente o
padrão das versões anteriores.
Novas ferramentas são apresentadas, como o Windows DVD Maker, destinado à criação multimídia, e outras tantas remodeladas,
como as redes de comunicação, áudio, impressão e exibição.
Além disso, a interface do Windows Vista foi completamente remodelada em comparação ao Windows XP, com destaque para as
transparências das telas, que podem ser personalizadas, e os Widgets, com diversas funções que podem ser instaladas pela tela.
Outro destaque do Vista é o trabalho de melhoria de segurança do sistema operacional, que, em comparação com o antecessor Win-
dows XP, é realmente muito melhor, apesar de algumas falhas continuarem.

Edições do Windows Vista


– Windows Vista Home Basic;
– Windows Vista Home Premium;
– Windows Vista Business;
– Windows Vista Ultimate.

37 https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/windows-vista.html

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A Área de Trabalho
A área de trabalho é a primeira tela exibida após o Windows ser iniciado.

Área de trabalho do Windows Vista.38

Barra de Tarefas
Está localizada na parte inferior da Área de Trabalho, tem como finalidade o controle dos aplicativos abertos.
Ela é dividida em quatro seções:
1- Botão do menu Iniciar;
2- Barra de ferramentas de início rápido;
3- Seção intermediária;
4- Área de notificação.

Barra de tarefas do Windows Vista.

O Menu Iniciar
É através dele que iniciamos a execução dos programas que estão instalados no Windows.
Na parte superior do Menu Iniciar é exibido o nome do usuário que está conectado.
Além disso, ele adiciona automaticamente os atalhos dos programas mais utilizados.
Ele também possui várias pastas: a com o nome do usuário, a pasta Documentos, a Imagens, a Músicas e a pasta Jogos.

38Fonte: http://www.linhadecodigo.com.br/artigo/1133/criando-mini-aplicativos-para-o-windows-vista.aspx

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Iniciar do Windows Vista.

Computador
Exibe as unidades de disco e outros itens de hardware conectados ao computador.

Tela Computador no Windows Vista.

Painel de Controle
Permite configurar o Windows, personalizar a aparência e a funcionalidade do computador, configurar contas de usuários, adicionar
ou remover programas e configurar conexões de rede.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela Painel de Controle no Windows Vista.39

Desligar o Computador
A opção Desligar agora está disponível no menu do botão Bloquear. Para ver a opção, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique na
seta ao lado do botão Bloquear.

Todos os programas
Exibe uma lista com os atalhos de todos os programas instalados no Windows.

39 Fonte: http://www.dieblinkenlights.com/artigos_pt/painel-de-controle-vista.png/image_view_fullscreen

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela Todos os programas no Windows Vista.

Organização da Área de Trabalho


Para mover um ícone na área de trabalho, basta posicionar o ponteiro do mouse sobre o ícone, clicar com o botão esquerdo e man-
tê-lo pressionado e arrastá-lo pela tela.
Alinhar ícones: basta clicar com o botão direito na Área de Trabalho e escolher a opção Classificar por no menu de atalho. Os ícones
podem ser organizados por nome, tamanho, tipo e modificado em.
Exibição dos ícones: basta clicar com o botão direito na área de trabalho e escolher a opção Exibir no menu de atalho. Os ícones po-
dem ser exibidos como ícones grandes, ícones médios e ícones clássicos.
• Mover janelas: clicar na barra de título (barra que fica na parte superior da janela) e arrastar com o mouse.
• Dimensionar janelas: posicionar o ponteiro do mouse sobre a borda da janela, o ponteiro se transformará em uma seta de duas
pontas, então basta arrastar o mouse, até a janela obter o tamanho desejado.
• Alinhar janelas: clicar com o botão direito sobre a barra de tarefas e escolher uma das opções: Janela em Cascatas, Mostrar Janelas
Empilhadas ou Mostrar Janelas Lado a Lado.
• Alternar entre janelas: pode-se trabalhar com várias janelas abertas. Para alternar entre elas utilizam-se os seguintes métodos:
– Se as janelas estiverem lado a lado, basta clicar dentro da janela que deseja ativar.
– Manter pressionado ALT e depois pressionar Esc.
– Manter pressionado ALT e depois pressionar TAB.
– Clicar com o ponteiro do mouse, apontando o botão na Barra de Tarefas.
– Clicar no botão Alternar entre janelas para alternar entre as janelas abertas usando Windows Flip 3D.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alternando entre janelas no Windows Vista.40

Manipular arquivos e pastas


É necessário selecionar primeiro os arquivos e pasta, antes de aplicar um comando. E selecionar é destacar visualmente o arquivo ou
pasta em relação aos outros.
Contínuos: clicar no primeiro arquivo, manter pressionada a tecla SHIFT, clicar no último arquivo.
• Contínuos: clicar no primeiro arquivo, manter pressionada a tecla SHIFT, clicar no último arquivo.

• Descontínuos: clicar no primeiro arquivo, manter pressionada a tecla CTRL enquanto clica nos outros arquivos.

40 Fonte: https://tecnoblog.net/210813/fim-proximo-windows-vista/

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Gadgets e a barra lateral


A Barra Lateral é uma barra longa, vertical, exibida ao lado da área de trabalho. Ela contém miniprogramas chamados gadgets, que
oferecem informações rápidas e acesso fácil a ferramentas usadas com frequência. Por exemplo, pode-se usar gadgets para exibir uma
apresentação de slides, exibir manchetes atualizadas continuamente ou pesquisar contatos.

O Windows vem com uma pequena coleção de gadgets, mas somente alguns deles aparecem na Barra Lateral por padrão quando o
Windows é iniciado pela primeira vez, são eles:
– Relógio;
– Apresentação de Slides;
– Gadget Manchetes.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows XP
O Windows XP é um sistema operacional desenvolvido pela Microsoft. Sua primeira versão foi lançada em 2001, podendo ser encon-
trado na versão Home (para uso doméstico) ou Professional (mais recursos voltados ao ambiente corporativo).
A função do XP consiste em comandar todo o trabalho do computador através de vários aplicativos que ele traz consigo, oferecendo
uma interface de interação com o usuário bastante rica e eficiente.
O XP embute uma porção de acessórios muito úteis como: editor de textos, programas para desenho, programas de entretenimento
(jogos, música e vídeos), acesso â internet e gerenciamento de arquivos.

Inicialização do Windows XP.

Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador41.

Tela de Logon.

Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho

41 https://docente.ifrn.edu.br/moisessouto/disciplinas/informatica-basica-1/apostilas/apostila-windows-xp/view

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de Trabalho

Área de trabalho do Windows XP.

Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:

Ícones
Figuras que representam recursos do computador, um ícone pode representar um texto, música, programa, fotos e etc. você pode adi-
cionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir. Alguns ícones são padrão do Windows: Meu Computador, Meus Documentos,
Meus Locais de Rede, Internet Explorer.

Alguns ícones de aplicativos no Windows XP.

Barra de tarefas
A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob
outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas ou entre programas com rapidez e facilidade.
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você esteja criando um texto em um editor de texto e um de seus colegas lhe
pede para você imprimir uma determinada planilha que está em seu micro. Você não precisa fechar o editor de textos.
Apenas salve o arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, enquanto imprime você não precisa esperar que a pla-
nilha seja totalmente impressa, deixe a impressora trabalhando e volte para o editor de textos, dando um clique no botão correspondente
na Barra de tarefas e volte a trabalhar.

Barra de tarefas do Windows XP.

Botão Iniciar
É o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus que, por sua vez,
acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Botão Iniciar.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Alguns comandos do menu Iniciar têm uma seta para a direita, significando que há opções adicionais disponíveis em um menu secun-
dário. Se você posicionar o ponteiro sobre um item com uma seta, será exibido outro menu.
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um programa que estiver instalado no computador, ou fazer alterações nas configura-
ções do computador, localizar um arquivo, abrir um documento.

Menu Iniciar

Menu Iniciar.

O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se preferir, confi-
gurar o menu Iniciar para que tenha a aparência das versões anteriores do Windows (95/98/Me). Clique na barra de tarefas com o botão
direito do mouse e selecione propriedades e então clique na guia menu Iniciar.
Esta guia tem duas opções:
• Menu iniciar: oferece a você acesso mais rápido a e-mail e Internet, seus documentos, imagens e música e aos programas usados
recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar no botão Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows XP
• Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a aparência das versões antigas do Windows, como o Windows ME, 98 e 95.

Propriedades de Barra de tarefas e do Menu Iniciar.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Todos os programas
O menu Todos os Programas, ativa automaticamente outro submenu, no qual aparecem todas as opções de programas. Para entrar
neste submenu, arraste o mouse em linha reta para a direção em que o submenu foi aberto. Assim, você poderá selecionar o aplicativo
desejado. Para executar, por exemplo, o desfragmentador de disco, basta posicionar o ponteiro do mouse sobre a opção Acessórios. O
submenu Acessórios será aberto. Então aponte para Ferramentas de Sistemas e depois para Desfragmentador de disco.

Todos os programas.

Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: clicando neste botão, o Windows salvará o estado da área de trabalho no disco rígido e depois desligará o computador.
Desta forma, quando ele for ligado novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente como você deixou, com os programas e
arquivos que você estava usando, abertos.
• Desativar: desliga o Windows, fechando todos os programas abertos para que você possa desligar o computador com segurança.
- Reiniciar: encerra o Windows e o reinicia.

Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar a performance do computador, calculadora e etc.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acessórios Windows XP.

Meu Computador
No Windows XP, tudo o que você tem dentro do computador – programas, documentos, arquivos de dados e unidades de disco, por
exemplo – torna-se acessível em um só local chamado Meu Computador.
O Meu computador é a porta de entrada para o usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis e CD-ROM).

Tela exibida ao clicar no ícone Meu Computador.

Windows Explorer
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Computador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos fazendo,
por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos arquivos.
Podemos criar pastas para organizar o disco de uma empresa ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indesejáveis e
muito mais.
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em cada
pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mover arquivos.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra todas
as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe o conteúdo do
item selecionado à esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz
a janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas).

Tela do Windows Explorer.

Para abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção Todos os Programas/Acessórios e clique sobre Windows Explorer ou
clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione a opção Explorar.
Na figura, o painel da esquerda todas as pastas com um sinal de + (mais) indicam que contêm outras pastas. As pastas que contêm um
sinal de – (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as subpastas).

Lixeira
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra na Área de trabalho, mas pode ser acessada através do Windows Explorer.

Ícone Lixeira.

WordPad
O Windows traz junto dele um programa para edição de textos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar textos, deixando-os
com uma boa aparência.
O WordPad é um editor de textos que nos auxiliará na criação de vários tipos de documentos. Mas poderíamos dizer que o Wordpad
é uma versão muito simplificada do Word, pois tem um número menor de recursos.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Janela do WordPad.

Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos tra-
balhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em docu-
mentos de textos.
Para abrir o Paint, siga até os Acessórios do Windows. A seguinte janela será apresentada:

Janela do Paint.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no Sha-
CONHECIMENTOS BÁSICOS EM MICROSOFT OFFICE: rePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou
EDITOR DE TEXTO (MICROSOFT WORD), PLANILHA DE Word On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no
CÁLCULO (MICROSOFT EXCEL) documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, cli-
que em Compartilhar para gerar um link ou enviar um convite por
WORD e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em
Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e compartilhar automaticamente as alterações, você vê o trabalho
novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu- em tempo real.
mentos de maneira fácil e prática42.
O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pou-
quíssimas novidades, seguiu as tendências atuais da computação,
permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo inte-
gração direta com vários outros serviços da web, como Facebook,
Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.

Novidades no Word 2016


– Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que
procurar.

– Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da


Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre
qualquer palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função
Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela
do programa e lista todas as entradas na internet relacionadas com
a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível
ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o
dedo ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhe-
cer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários


usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico


para conferir uma lista completa de alterações feitas a um docu-
mento e para acessar versões anteriores.
– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar
para compartilhar seu documento com outras pessoas no Share-
Point, no OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um
PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

42 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.
– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout43.

Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.44

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201645.

Área de trabalho do Word 2016.


43 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.
44 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
45 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido
Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto pode
haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista ou
que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda
em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda
em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está em
uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente estiver
sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar um
uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por outro
de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados diferentes
estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em tabela e
vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

EXCEL
O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.
A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como46:
- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

46 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela Inicial do Excel 2016.

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas47.

47 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As cinco principais funções do Excel são48:
– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

48 http://www.prolinfo.com.br

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).

Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE BANCO DE DADOS

Banco de Dados ou Base de Dados é a organização de um determinado assunto, isto é, a separação das entidades e seus relaciona-
mentos. Dentro deste conceito temos os SGBD (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados), que permitem o controle total do Banco
(Segurança, armazenamento, gestão, etc.)
Vejamos um exemplo do banco de dados NorthWind, que foi disponibilizado pela Microsoft para fins de estudo. Este banco de dados
trata de uma loja comercial.
De acordo com a análise do banco, foram separadas as tabelas (entidades) abaixo:

Essas entidades são chamadas “tabelas” (Categorias, Clientes, Produtos, Pedidos, etc.)
Perceba que este banco de dados é focado na gestão de vendas, portanto através de ferramentas de análise podemos extrair infor-
mações operacionais e gerenciais.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos um exemplo da tabela de produtos:

Perceba que dentro desta tabela temos várias colunas (campos), isso nos indica que podemos aplicar a mesma analogia do EXCEL para
montagem das tabelas de um banco de dados.

Diagrama MER
O diagrama MER (Modelo entidade relacionamento) nada mais é que a relação entre as entidades. Por exemplo: Percebemos que N
produtos podem pertencer a 1 categoria, segundo a figura do modelo “MER” abaixo:

Exemplo:

COMPUTADOR INFORMÁTICA
Mouse Informática
Teclado Dell Informática

Neste contexto foi feita uma análise funcional e administrativa para a construção deste modelo (MER).

Dados estruturados e não estruturados


Vimos acima que a diagramação “ER” depende dos dados estruturados. Por exemplo: A tabela de produtos foi definida de acordo
com a documentação prévia.
• No caso dos bancos de dados estruturados, temos a tabela e suas colunas definidas conforme a documentação.
• Agora, no caso do banco de dados não estruturados, existe uma certa flexibilidade, visto que não sabemos o teor dos dados, pois
eles são obtidos de fontes distintas.

Atualmente é muito comum empresas que coletam dados da internet de vários entes. Elas trabalham com banco de dados não estru-
turados (MONGODB, CASSANDRA), desta forma dados de fontes diversas são armazenados.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Banco de dados relacionais No caso das regras, temos uma regra (Constraint) quanto a co-
Bancos de dados Relacionais são bancos de dados estruturados luna “Preço Unitário”, a mesma tem que ser maior ou igual a zero,
conforme planejamento prévio. O banco de dados relacional é pro- conforme a figura abaixo:
jetado seguindo o modelo conceitual estabelecido.
Desta forma percebemos que teremos a tabela produto, a ta-
bela categoria e seu relacionamento. Estas tabelas terão colunas,
índices e regras para a sua implementação.
Através do diagrama “DER” (diagrama de entidade relaciona-
mento), podemos visualizar o relacionamento entre as tabelas:

Podemos nos referir as regras como “Constraint” ou “Restri-


cões”.

CONCEITOS DE INTERNET E INTRANET. CONHECIMEN-


Chaves e relacionamentos TOS BÁSICOS PARA A UTILIZAÇÃO DA INTERNET
Como vimos acima, existe um relacionamento entre a tabela
“produto” e a tabela “categoria”, isto se dá por meio de uma “Pri- Internet
mary Key” (PK) e uma Foreign key (FK) segundo a figura acima. A Internet é uma rede mundial de computadores interligados
• Primary Key (FK) é chamada chave primária. através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, ca-
• Foreign Key (PK) é chamada chave estrangeira bos submarinos, canais de satélite, etc49. Ela nasceu em 1969, nos
Esta Primary key (PK) deverá ser única para a linha (Registro). Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa
Ela é um identificador único e não pode ser nula. e se chamava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency).
Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o nú-
CPF NOME mero de adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época,
o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas
90980980808080 José instituições possuíam internet.
90897979799999 João No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada
vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a
Além disso uma tabela pode conter mais regras e outros índi- participar da rede. O grande atrativo da internet era a possibilida-
ces, vamos olhar as figuras abaixo: de de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com
outras pessoas que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.

Conectando-se à Internet
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma
rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de
acesso à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computa-
dor à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio
de um conjunto como modem, roteadores e redes de acesso (linha
telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).

World Wide Web


A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu
criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lin-
guagem que serviria para interligar computadores do laboratório e
outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de
forma simples e fácil de acessar.
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da
World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli-
No Caso na figura acima, temos um índice pelo nome do produto. gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples
A finalidade de um índice é agilizar a busca da informação. e agradável.
Igualmente um índice de um livro; desta forma ele busca rapida- 49 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
mente uma informação específica. Avan%E7ado.pdf

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Protocolo de comunicação Hipertexto
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os
computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi- Navegadores
mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como Um navegador de internet é um programa que mostra informa-
Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de- ções da internet na tela do computador do usuário.
finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti- Além de também serem conhecidos como browser ou web bro-
no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo wser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositivos
computador de origem. móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conectados
Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das à internet.
redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site
Internet. e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo
O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive internauta.
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor.
externo. Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
página ou site na rede.
TCP / IP Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro- servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet). tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave-
nas literaturas como sendo: gador e os servidores.
- O protocolo principal da Internet;
- O protocolo padrão da Internet; Funcionalidades de um Navegador de Internet
- O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o
ao funcionamento da Internet e seus serviços. usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador.
Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que: códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon- Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada
sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans- através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela
porte dos pacotes). do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
site na internet.
Domínio O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en- pretado pelos navegadores.
dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP imagens e outros tipos de dados.
– 74.125.234.180. Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos- meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede. parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada
O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como página.
http://www.empresa.com.br, em que: Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende- – Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza-
reço pertence à web. do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser- a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer
viço. página na web.
com: indica que é comercial. – Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos
br: indica que o endereço é no Brasil. que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do
navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.
URL – Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do
Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali- usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en-
zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui- dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite
vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet, de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais
ou uma rede corporativa, uma intranet. recorrentes da sua rotina diária de tarefas.
Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca- – Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque-
minho/recurso. le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura
HTTP no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache
É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res- para mostrar as atualizações.
postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços – Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do
web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe-
Protocol, Protocolo de transferência hipertexto). rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser
apagado, caso o usuário queira.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os down-
loads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pau-
sar por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade
do navegador de internet.
– Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
outros. Outras características do Edge são:
– Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do – Experiência de navegação com alto desempenho.
navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis- – Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas quer lugar conectado à internet.
no navegador. – Funciona com a assistente de navegação Cortana.
– Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são – Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co-
nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na- Firefox
vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
virtual da Internet. conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
Internet Explorer mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como talado no PC, ele poderá ser instalado.
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de
algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram
atualizadas no Edge.
Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.

Algumas características de destaque do Firefox são:


– Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
– Não exige um hardware poderoso para rodar.
– Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur-
Principais recursos do Internet Explorer: sos.
– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho, – Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos – Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri-
instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas vacidade.
manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente – Disponível em desktop e mobile.
através de ícones.
– Gerenciador de downloads integrado. Google Chorme
– Mais estabilidade e segurança. É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do
– Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
implementados nos sites mais modernos. É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
– Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega- compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é convidativo à navegação simplificada.
possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e
oferecem funcionalidades adicionais.
– One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
vra-chave digitando-a na barra de endereços.

Microsoft Edge
Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer50.
O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber Principais recursos do Google Chrome:
aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo. – Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur-
Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con- sos RAM suficientes.
vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura. – Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas
funcionalidades.
50 https://bit.ly/2WITu4N

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar con- Intranet
teúdos otimizados. A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT- sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
TPS). um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa,
– Disponível em desktop e mobile. que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
internos51.
Opera Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo- intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para
luindo como um dos melhores navegadores de internet. tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar. situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida- Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
de da experiência do usuário. alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area
Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em corpo-
rações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos, formu-
lários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo reduzir os
custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição de informações.
Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos,
a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
Outros pontos de destaques do Opera são: nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este-
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener- jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre
gia. a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a significativo em termos de segurança.
velocidade de conexões de baixo desempenho.
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis
(3G ou 4G). CORREIO ELETRÔNICO: CONCEITOS; APLICATIVOS;
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em ENVIO E RECEBIMENTO DE MENSAGENS; ARQUIVOS
páginas bancárias e de vendas on-line. ANEXOS; UTILIZAÇÃO DE LISTAS DE DISTRIBUIÇÃO DE
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas MENSAGENS
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado.
– Disponível em desktop e mobile. E-mail
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
Safari sagem atualmente52. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele e-mail, não importando a distância ou a localização.
é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
confiáveis para usar. tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
O resultado é algo como:

maria@apostilassolucao.com.br

Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio


eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun-
to de regras para o uso desses serviços.

O Safari também se destaca em: Correio Eletrônico


– Sincronização de dados e informações em qualquer disposi- Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor-
tivo Apple (iOS). reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio- protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio
namento de anúncios com base no comportamento do usuário. e recebimento de mensagens53. Estas mensagens são armazenadas
– Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas
visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam- por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos
pos de informação. e extração de cópias das mensagens.
– Compatível também com sistemas operacionais que não seja
51 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-ferramen-
da Apple (Windows e Linux).
tas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/
– Disponível em desktops e mobile.
52 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
Avan%E7ado.pdf
53 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-
-e-mozilla-thunderbird/

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Funcionamento básico de correio eletrônico
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois programas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de transferência de correio simples, responsável pelo envio de mensa-
gens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de cor-
reio internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber e-mails
conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever sua mensagem
de forma textual no editor oferecido pelo cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui o formato “nome@
dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comunicando-se com o pro-
grama SMTP, entregando a mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do destinatário (nome antes do @)
e o domínio, i.e., a máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio, o servidor SMTP resolve o DNS,
obtendo o endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa SMTP deste servidor, perguntando se o
nome do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena
a mensagem na caixa de e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

54

54 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Respondendo uma mensagem
Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

55

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

55 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. (PREFEITURA DE SANTO ANTÔNIO DO SUDOESTE/PR - PRO-
EXERCÍCIOS FESSOR - INSTITUTO UNIFIL/2018) Assinale a alternativa que repre-
senta um Software.
1. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI- (A) Windows.
NISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e compo- (B) Mouse.
nentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, presente (C)Hard Disk – HD.
na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna. (D) Memória Ram.
Item
1- Spam 5. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -
2- IMAP GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet:
3- Cabeçalho (A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
4- Gmail (B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras.
(C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados.
Definição (D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito.
( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico.
( ) Um serviço gratuito de webmail. 6. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI-
( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa NISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide Web
para múltiplas pessoas. (WWW) são frequentemente usados como sinônimos na linguagem
( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail. corrente, e não são porque
(A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pági-
A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é: nas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
(A) 1, 2, 3, 4. acesso a um computador.
(B) 3, 1, 2, 4. (B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a co-
(C) 2, 1, 4, 3. nexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço
(D) 2, 4, 1, 3. especial de acesso ao Google.
(E) 1, 3, 4, 2. (C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que fun-
2. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO cionam dentro da internet.
AMBIENTAL - COTEC/2020) LEIA as afirmações a seguir: (D) a internet possibilita uma comunicação entre vários compu-
I - É registrada a data e a hora de envio da mensagem. tadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
II - As mensagens devem ser lidas periodicamente para não (E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
acumular. to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso
III - Não indicado para assuntos confidenciais. especial ao Google.
IV - Utilizada para comunicações internacionais e regionais,
economizando despesas com telefone e evitando problemas com 7. (PREFEITURA DE CANANÉIA/SP - ORIENTADOR SOCIAL - VU-
fuso horário. NESP/2020) Em um computador com Microsoft Windows 7 insta-
V - As mensagens podem ser arquivadas e armazenadas, per- lado, em sua configuração original, um usuário clicou com o botão
mitindo-se fazer consultas posteriores. invertido do mouse sobre um ponto vazio da Área de Trabalho e
obteve o seguinte menu de contexto, exibido parcialmente na ima-
São vantagens do correio eletrônico aquelas dispostas em ape- gem a seguir.
nas:
(A) I, IV e V.
(B) I, III e IV.
(C) II, III e V.
(D) II, IV e V.
(E) III, IV e V.

3. (PREFEITURA DE CARLOS BARBOSA/RS - AGENTE ADMINIS-


TRATIVO (LEGISLATIVO) - OBJETIVA/2019) Sobre as classificações
de software, analisar a sentença abaixo:
Software de sistema são programas que permitem a interação
do usuário com a máquina, como exemplo pode-se citar o Windows
(1ª parte). A opção Novo permite que se crie um(a) novo(a)
Software de aplicativo são programas de uso cotidiano do (A) Usuário
usuário, permitindo a realização de tarefas, como editores de texto, (B) Atalho
planilhas, navegador de internet, etc. (2ª parte). (C) Papel de parede
A sentença está: (D) Barra de ferramentas
(A) Totalmente correta. (E) Pesquisa por arquivos
(B) Correta somente em sua 1ª parte.
(C) Correta somente em sua 2ª parte.
(D) Totalmente incorreta.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
8. (IDAF/AC - ENGENHEIRO AGRÔNOMO - IBADE/2020) No
8 C
Windows 8, além das diversas funções e recursos existentes para
facilitar o seu dia a dia, é possível utilizar teclas de atalhos no tecla- 9 B
do para ajudar você a fazer o que quiser mais rápido. Qual a combi- 10 E
nação de teclas de atalho para minimizar todas as janelas abertas e
ir direto para sua área de trabalho? 11 D
(A) Tecla do logotipo do Windows + L
(B) Tecla do logotipo do Windows + F
(C) Tecla do logotipo do Windows + M
(D) Tecla do logotipo do Windows + E ANOTAÇÕES
(E) Tecla do logotipo do Windows + F1

9. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJETI- ______________________________________________________


VA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, analisar
os itens abaixo: ______________________________________________________
I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela.
II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por ______________________________________________________
ano. ______________________________________________________
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários.
IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall ______________________________________________________
e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware
e ransomware. ______________________________________________________
Estão CORRETOS:
(A) Somente os itens I, II e III. ______________________________________________________
(B) Somente os itens I, III e IV.
(C) Somente os itens II, III e IV ______________________________________________________
(D) Todos os itens.
______________________________________________________
10. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP - MÉDICO - INSTITUTO ______________________________________________________
EXCELÊNCIA/2018) Tendo por base o programa Microsoft Excel na
sua configuração padrão e versão mais recente, responda: Qual ______________________________________________________
operador aritmético é utilizado quando for preciso inserir uma po-
tenciação? ______________________________________________________
(A) !
(B) $ ______________________________________________________
(C) *
(D) @ ______________________________________________________
(E) ^ ______________________________________________________
11. (PREFEITURA DE TIBAGI/PR - AGENTE DE DEFESA CIVIL - ______________________________________________________
FAFIPA/2019) O Microsoft Word Pt-Br versão 2016 possui guias que
facilitam e organizam a utilização do Software. Por padrão, as guias ______________________________________________________
que vêm disponíveis no programa são exatamente essas apresenta-
das abaixo, com exceção da: ______________________________________________________
(A) Exibir.
(B) Layout. ______________________________________________________
(C) Design.
______________________________________________________
(D) Corrigir.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 D _____________________________________________________
2 A
_____________________________________________________
3 A
4 A ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 B
______________________________________________________

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

64
BIOLOGIA
1. Conhecimentos básicos de fisiologia do corpo humano: níveis de organização, sistema nervoso, sistema digestório, sistema locomotor,
sistema circulatório, sistema respiratório, sistema excretor e sistema reprodutor, sistema endócrino, órgãos dos sentidos, homeosta-
sia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estrutura do DNA: código genético e síntese de proteínas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3. Histologia animal: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
BIOLOGIA
Anatomia da Pele
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA DO CORPO
HUMANO: NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO, SISTEMA NER- Epiderme
VOSO, SISTEMA DIGESTÓRIO, SISTEMA LOCOMOTOR,
SISTEMA CIRCULATÓRIO, SISTEMA RESPIRATÓRIO,
SISTEMA EXCRETOR E SISTEMA REPRODUTOR, SISTE-
MA ENDÓCRINO, ÓRGÃOS DOS SENTIDOS, HOMEOS-
TASIA

CORPO HUMANO - ÓRGÃOS E SISTEMAS.


TECIDOS E PELE - CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS. PELE E
ANEXOS

Sistema Tegumentar
- Formado pela pele humana (epiderme, derme e hipoderme).
- Principais funções: proteção do corpo, trocas entre o meio
externo e interno do organismo e manutenção da temperatura do
corpo.

O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos (glân-


dulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sensoriais) e tem impor-
tantes funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo o
corpo da invasão de microrganismos e evitando o ressecamento e
perda de água para o meio externo.
Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a
mais externa, a epiderme é formada por tecido epitelial, a camada
subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um teci- A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas células apresen-
do subcutâneo, também conhecida como hipoderme. Há também tam diferentes formatos e funções. Elas são originadas na camada ba-
uma cobertura impermeável, a cutícula. Há uma variedade de ane- sal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas à medida que
xos, tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas. sobem. Quando chegam na camada mais superficial (camada córnea)
as células estão mortas (e sem núcleo) e são compostas em grande
parte por queratina. Entre a camada basal (mais interna) e a córnea
(mais externa), há a camada granulosa, onde as células estão repletas
de grânulos de queratina e a espinhosa, na qual as células possuem
prolongamentos que as mantêm juntas, dando-lhe esse aspecto.
Nos vertebrados terrestres, as células da camada córnea são
eliminadas periodicamente, tal como em répteis que trocam a pele,
ou continuamente em placas ou escamas, como acontece nos ma-
míferos assim como nos humanos.

Derme
Observe na figura a seguir um corte transversal da pele visto ao
microscópio. A parte superior (mais escura) é a epiderme e a parte
mais clara representa a derme, com as papilas dérmicas em contato
com as reentrâncias epidérmicas.

Funções do Tegumento
• Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo;
• Protege contra a entrada de agentes infecciosos;
• Evita que o organismo desidrate;
• Controla a temperatura corporal, protegendo contra mudan-
ças bruscas de temperatura;
• Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema A derme é constituída de tecido conjuntivo fibroso, vasos san-
excretor também; guíneos e linfáticos, terminações nervosas e fibras musculares li-
• Atua na relação do corpo com o meio externo através dos sas. É uma camada de espessura variável que une a epiderme ao
sentidos, trabalhando em conjunto com o sistema nervoso; tecido subcutâneo, ou hipoderme. Sua superfície é irregular com
• Armazena água e gordura nas suas células. saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias
da epiderme.

1
BIOLOGIA
Apêndices da Pele

Unhas, Cabelos e Pelos


As unhas são placas de queratina localizadas nas pontas dos dedos que ajudam a agarrar os objetos.​Os pelos estão espalhados pelo
corpo todo, com exceção das palmas das mãos, das solas dos pés e de certas áreas da região genital. Eles são formados de queratina e res-
tos de células epidérmicas mortas compactadas e se formam dentro do folículo piloso. Os cabelos, espalhados pela cabeça crescem graças
às células mortas queratinizadas produzidas no fundo do folículo; elas produzem queratina, morrem e são achatadas formando o cabelo.
A cor dos pelos e cabelos é determinada pela quantidade de melanina produzida, quanto mais pigmento houver mais escuro será o cabelo.

Receptores Sensoriais
São ramificações de fibras nervosas, algumas se encontram encapsuladas formando corpúsculos, outras estão soltas como as que se
enrolam em torno do folículo piloso. Possuem função sensorial, sendo capazes de receber estímulos mecânicos, de pressão, de tempe-
ratura ou de dor. São eles: Corpúsculos de Ruffini, Corpúsculos de Paccini, Bulbos de Krause, Corpúsculos de Meissner, Discos de Merkel,
Terminais do Folículo Piloso e Terminações Nervosas Livres. Veja a figura a seguir:

Glândulas
São exócrinas já que liberam suas secreções para fora do corpo. As glândulas sebáceas são bolsas que secretam o sebo (substância
oleosa) junto aos folículos pilosos para lubrifica-los. Já as glândulas sudoríparas têm forma tubular enovelada e secretam o suor (fluido
corporal constituído de água e íons de sódio, potássio e cloreto, entre outros elementos) através de poros na superfície da pele.
O suor ajuda a controlar a temperatura corporal.

SISTEMA ESQUELÉTICO - Esqueleto Axial. ESQUELETO APENDICULAR. ARTICULAÇÕES


- Formado pelos ossos do corpo.
- Principais funções: sustentação, proteção e movimentação do corpo humano.

O sistema esquelético tem como função proteger, produzir células sanguíneas, armazenar os minerais, sustentar e locomover. Ele
também é conhecido pelo nome de sistema ósseo e é formado por duzentos e seis ossos e estão assim divididos: ossos da cabeça, ossos
do pescoço, ossos do ouvido, ossos do tórax, ossos do abdômen, ossos dos membros inferiores e ossos dos membros superiores.
A ciência que estuda os ossos é a osteologia. O crânio e a coluna vertebral são estruturas ósseas complexas e extremamente impor-
tantes, que ajudam e evoluem ao ponto em que o homem se desenvolve. A coluna vertebral tem como objetivo dar maior flexibilidade
ao corpo humano.
Os ossos do corpo humano são ligados através das articulações. E eles são os responsáveis por darem um apoio para o sistema muscular, fazen-
do com que o homem possa executar diversos movimentos.

As principais funções do sistema esquelético são:


• Sustentar o organismo;

2
BIOLOGIA
• Proteger os órgãos vitais; O esqueleto apendicular é formado:
• Armazenar os sais, principalmente o cálcio e o fósforo, que Cintura torácica ou escapular, que é uma estrutura também
são fundamentais para o funcionamento das células e devem es- conhecida como cintura superior. É formada pelas escápulas e cla-
tar presentes no sangue. Uma vez que o nível de cálcio diminui no vículas;
sangue, os sais de cálcio são levados para os ossos para suprir a sua • Cintura pélvica ou inferior, também chamada de bacia, tem
ausência; na sua constituição o sacro, um par de ossos ilíacos e pelo cóccix.
• Ajudar no movimento do corpo;
• Hematopoiética; O esqueleto dos membros também é composto pelas juntas,
• Alguns ossos possuem medula amarela, mais conhecida ou seja, uma ligação existente entre dois ou mais ossos. Outras es-
como tutano. Essa medula é constituída, em sua maioria, por cé- truturas que fazem parte do esqueleto são as articulações. E essas,
lulas adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva; possuem os ligamentos, que são os responsáveis por tornar os os-
• No interior de alguns ossos, como o crânio, a coluna, a bacia, sos conectados a uma articulação.
o esterno, as costelas e as cabeças dos ossos do braço e da coxa, Os ossos começam a se formar desde o segundo mês de vida
existem cavidades que são preenchidas por um tecido macio, cha- intrauterina. Quando nasce, a criança já apresenta um esqueleto
mado de medula óssea vermelha, onde são produzidas as células bastante ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda
do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. possuem regiões cartilaginosas que permitem o crescimento.
Entre os 18 e 20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam
e deixam de crescer.
Já o esqueleto axial é formado pela:
• Pela caixa craniana, que possui diversos ossos importantes
do crânio;
• Pela coluna vertebral, que são pequenos ossos sobrepostos
que dão sustentação ao corpo, e onde existe um canal que se co-
necta à medula nervosa ou espinhal. A sua principal função é a mo-
vimentação;
• Pela caixa torácica, que é formada pelo osso esterno e as cos-
telas. É ela a responsável por proteger os pulmões e o coração.

SISTEMA MUSCULAR - Estrutura dos Músculos Esqueléticos


- Formado pelos músculos do corpo humano.
- Principais funções: atua na sustentação do corpo, movimen-
tação e equilíbrio da temperatura corporal.

O conjunto de músculos do nosso corpo forma o sistema mus-


cular. O corpo humano tem aproximadamente 600 músculos dife-
rentes, isso significa que os músculos somam cerca de 50% do peso
total de uma pessoa.
Os músculos, aliados aos ossos e articulações, são as estrutu-
ras responsáveis por todos os movimentos corporais. Andar, correr,
pular, comer, piscar e até mesmo respirar seriam atividades impos-
síveis sem a ação do sistema muscular.
Os músculos são classificados em 3 categorias:
• Músculo não estriado (músculo liso)
• Músculo estriado esquelético
• Músculo estriado cardíaco

Quais são as principais partes do esqueleto?


O sistema esquelético possui duas partes que podem ser con-
sideradas principais: o esqueleto apendicular e o esqueleto axial.

3
BIOLOGIA
Características do sistema nervoso
O principal órgão do sistema nervoso é o cérebro, responsável
por controlar todas as funções, atividades, movimentos, memórias
e pensamentos dos seres humanos. O cérebro é a chave do sistema
nervoso e atua para controlar a maioria das funções do organismo.
Já o neurônio é considerado a unidade funcional do sistema
nervoso. Os neurônios se comunicam por meio de sinapses e pro-
pagam impulsos nervosos.
Como é possível perceber, o sistema nervoso é uma grande
rede de comunicações, movimentos e sensações. Este sistema está
dividido em duas partes: o sistema nervoso central e o sistema ner-
voso periférico.
Sistema Nervoso Central – Formado por encéfalo e medula
espinhal.
Sistema Nervoso Periférico – Formado por nervos e gânglios
nervosos.
Conheça melhor os órgãos e estruturas do sistema nervoso:
Cérebro – Órgão volumoso, dividido em duas partes simétricas,
chamadas de hemisfério direito e hemisfério esquerdo. É o órgão
de maior importância no corpo humano.
Cerebelo – Responsável por coordenar os movimentos do cor-
po e o equilíbrio.
Os músculos não estriados apresentam contração lenta e in- Tronco Encefálico – Conduz impulsos nervosos entre o cérebro
voluntária, ou seja, são responsáveis por aqueles movimentos que e a medula espinhal.
ocorrem independentemente da nossa vontade, como os movi-
mentos peristálticos. Medula Espinhal – Cordão de tecido nervoso que fica localiza-
Os músculos estriados esqueléticos são aqueles que se fixam do na coluna vertebral. É responsável por conduzir impulsos nervo-
nos ossos através dos tendões (cordões fibrosos), caracterizam-se sos do corpo para o cérebro.
por contrações fortes e voluntárias. Isso quer dizer que são respon- As estruturas do sistema nervoso são essenciais para uma vida
sáveis pelas ações conscientes do nosso corpo, como andar e fazer saudável. Por isso, é recomendável manter uma rotina equilibrada
e passar por consultas regulares com especialistas.
exercícios.
O músculo estriado cardíaco, como o próprio nome diz, é o
SISTEMA CIRCULATÓRIO - Sangue. Anatomia do Coração e
músculo do coração. É ele o responsável pelos batimentos cardía-
dos Vasos Sangüíneos
cos, suas contrações são fortes e involuntárias.
- Formado por coração, veias e artérias.
A principal característica do sistema muscular é a capacidade
- Principais funções: circulação do sangue pelo corpo humano.
de se contrair e relaxar. Aliás, é o equilíbrio entre esses dois estados
Neste processo, os nutrientes e o oxigênio são transportados para
o responsável pelo movimento do corpo como um todo. Durante
as células.
a respiração, por exemplo, o diafragma precisa contrair e relaxar
para receber o oxigênio nos pulmões e expelir em seguida o gás O sistema circulatório humano é formado pelo coração, pelo
carbônico. sangue e os vasos sanguíneos. Também conhecido como sistema
cardiovascular, essa rede de circulação do corpo é extremamente
SISTEMA NERVOSO - ENCÉFALO E NERVOS CRANIANOS. importante para o funcionamento dos órgãos e para a distribuição
MEDULA ESPINHAL E NERVOS ESPINHAIS de nutrientes, hormônios e oxigênio pelo organismo.
- Composto pelo cérebro, medula espinal e diversos nervos. O principal órgão do sistema circulatório é o coração, respon-
- Principais funções: processamento de informações do am- sável por bombear o sangue para o corpo. O coração está localizado
biente (cérebro) e transmissão de impulsos nervosos pelo corpo. na cavidade torácica e pesa cerca de 300 gramas. O órgão é forma-
O cérebro, principal órgão do sistema nervoso, também possui a do por átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo
capacidade de armazenar informações, elaborar pensamentos e esquerdo; e apresenta três camadas fundamentais: o pericárdio, o
produzir conhecimentos a partir das informações obtidas. O cére- endocárdio e o miocárdio.
bro também é muito importante no controle de diversas funções Em relação aos vasos, o sistema circulatório tem basicamente
vitais do corpo e no processo da fala. três tipos: as artérias, as veias e os capilares. As artérias são consi-
deradas vasos de paredes que ajudam a transportar o sangue do
O sistema nervoso é um dos mais importantes do corpo hu- coração para os tecidos do corpo.
mano. Ele é o responsável por controlar diversos processos vitais, As veias são vasos de paredes que transportam sangue dos te-
como as atividades dos músculos, o movimento dos órgãos, os estí- cidos para o coração. Já os capilares arteriais e capilares venosos
mulos e os sentidos humanos. são ramificações que colaboram com o transporte do sangue pelo
Este sistema é formado por estruturas essenciais, como os organismo.
neurônios e os nervos, dois elementos responsáveis pela coordena-
ção motora dos seres humanos. Graças ao sistema nervoso, somos SISTEMA RESPIRATÓRIO - Parede Torácica e Pulmões. Me-
capazes de perceber estímulos externos. diastino
- Composto por dois pulmões, duas cavidades nasais, faringe,
laringe, traqueia e brônquios pulmonares.
- Principais funções: processo de respiração (obtenção de oxi-
gênio e retirada de gás carbônico).

4
BIOLOGIA
O sistema respiratório dos seres humanos é responsável por bastante complexa, formada por diversos órgãos importantes para
fornecer oxigênio ao nosso corpo. Ele também atua para retirar o a nutrição do nosso organismo. Estes órgãos transformam os ali-
gás carbônico do organismo. mentos que ingerimos.
Os principais órgãos do sistema respiratório são os pulmões,
que desempenham papel estratégico no processo de respiração. Características do sistema digestivo
Este sistema também é composto por cavidades nasais, boca, O sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por seus
faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. órgãos anexos.
As principais estruturas presentes neste sistema são: boca, fa-
Características do sistema respiratório ringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glân-
O processo de respiração controlado pelo sistema respiratório dulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar.
começa pelas narinas. As cavidades nasais recebem o ar e filtram as Todo processo de digestão começa pela boca, que recebe os
partículas sólidas e as bactérias. Essas mesmas cavidades também alimentos no tubo digestivo. Nossa mastigação é um processo de
são as responsáveis pela percepção dos odores. digestão mecânica. Em seguida, o alimento já mastigado segue pela
Depois de passar pelas cavidades nasais, o ar segue para a faringe até chegar ao esôfago.
faringe. Em seguida, vai para a laringe, traqueia, brônquios, bron- O próximo destino do alimento é o estômago, órgão responsá-
quíolos e pulmões. vel pela digestão das proteínas. Depois de processado, o alimento
Outro elemento fundamental no processo de respiração é o se transforma em quimo e vai para o intestino delgado.
diafragma, um músculo que fica localizado logo abaixo do pulmão O caminho final das sobras de alimentos sem valor nutricional
e que desempenha papel relevante nos movimentos da respiração. passa pelo intestino grosso e segue até a eliminação dos resíduos
digestivos por meio do bolo fecal.
A importância dos pulmões
Os pulmões são órgãos com perfil esponjoso. Eles são reves-
tidos por uma membrana dupla, que recebe o nome de pleura. Os
seres humanos possuem dois pulmões, separados pelo mediastino,
região onde está o coração e outros órgãos e estruturas do orga-
nismo.
Os pulmões contribuem de forma significativa para a troca de
gases do organismo com o meio externo por meio da respiração.
Eles também ajudam a controlar o nível de oxigênio no sangue.
Estes órgãos medem cerca de 25 cm e têm um peso aproxima-
do de 700 gramas. O ar que passa pelos pulmões é renovado a todo
momento, em um processo denominado ventilação pulmonar.
É fundamental que as pessoas cuidem da saúde dos pulmões
para que possam ter uma respiração adequada e para prevenir
doenças como o câncer de pulmão. Para cuidar bem desses órgãos,
os médicos recomendam que os pacientes evitem ou deixem o vício
do cigarro e de outras drogas, como maconha e charutos; e evitem
se expor à poluição externa intensa e à condição de fumante pas-
sivo. Além disso, é recomendado respirar profundamente, praticar
exercícios aeróbicos, ter uma dieta saudável, beber bastante água e
fazer a limpeza regular do nariz para prevenir alergias.

Sobre o mediastino veremos mais detalhadamente mais adian-


te.

OUTROS SISTEMAS - ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTIVO.


ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO. ANATOMIA DO SISTEMA Enzimas Digestivas
REPRODUTOR. O processo de digestão é facilitado pelas enzimas digestivas,
como as amilases, que agem sobre o amido; as proteases, que
Sistema Digestivo atuam sobre as proteínas; e as lípases, que trabalham nos lipídios.
- Composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos
(grosso e delgado). Há também outros órgãos que atuam de forma Digestão Saudável
auxiliar no processo de digestão dos alimentos: glândulas salivares, Para o funcionamento correto do sistema digestivo é preciso
dentes, fígado e pâncreas. que as pessoas mantenham uma alimentação saudável, rica prin-
- Principal função: processo de digestão dos alimentos. cipalmente em fibras e água. Isso ajuda a evitar problemas como o
velho conhecido intestino preso, por exemplo.
Nós, seres humanos, nos alimentamos diariamente para ob-
termos energia para realizarmos nossas funções vitais e atividades Sistema Urinário
cotidianas. Nesse processo de captação de energia e nutrientes um - Formado por dois rins e vias urinárias (bexiga urinária, uretra
sistema faz toda a diferença: estamos falando do sistema digestivo, e dois ureteres).
ou sistema digestório, como é chamado atualmente. - Principais funções: filtração das impurezas. Para tanto, ocorre
O sistema digestivo é responsável por conduzir processos quí- a produção da urina, armazenamento e sua eliminação, pelo apa-
micos e mecânicos que retiram os nutrientes dos alimentos para relho urinário. Junto com a urina, são eliminadas as impurezas, que
serem usados em nosso corpo. A estrutura do sistema digestório é foram filtradas (retiradas do sangue) pelos rins.

5
BIOLOGIA
O sistema urinário é responsável por manter nosso organismo O sistema reprodutor masculino é formado por 6 órgãos:
livre de toxinas. Isso é possível porque é composto por um conjunto Pênis - funciona como órgão reprodutor e excretor. A uretra
de órgãos responsáveis por filtrar, armazenar e eliminar as substân- é o canal responsável por eliminar a urina e também transportar
cias nocivas ou desnecessárias ao nosso corpo. o sêmen. Por ser extremamente vascularizado, esse órgão tende à
Os órgãos constitutivos do sistema urinário são divididos em ereção quando estimulado.
dois grupos, os secretores (responsáveis por produzir a urina) e os Testículos - são as glândulas que produzem os gametas mas-
excretores (responsáveis por eliminar a urina). Esses órgãos são os culinos (espermatozoides) e sintetizam a testosterona (hormônio
rins, que produzem a urina, os ureteres, que transportam a urina sexual).
dos rins à bexiga, e a uretra, por onde é excretada a urina. Bolsa escrotal - é responsável por manter a temperatura e pro-
As substancias mais comumente encontradas na urina são: áci- teger os testículos de agentes externos.
do úrico, ureia, sódio, potássio e bicarbonato. Quando o corpo so- Epidídimo - é um ducto formado por um canal, ele recebe os
fre alguma disfunção, a urina pode revelar a raiz do problema, por espermatozoides e os reserva até a maturidade.
isso é tão comum que médicos peçam um exame de urina antes de Canal deferente - responsável por transportar os espermato-
diagnosticar o paciente. zoides do epidídimo até o complexo de glândulas anexas.
Glândulas anexas - próstata, vesículas seminais e glândulas
Os rins são órgãos principais do sistema urinário, além de pro-
bulbo uretrais. São responsáveis pela produção da secreção que
duzir a urina eles são responsáveis pela regulação da composição
forma o sêmen, trata-se de um fluido que nutri e permite um meio
iônica do sangue, pela manutenção da osmolaridade, o equilíbrio
de sobrevivência aos espermatozoides, por exemplo, neutralizando
da pressão arterial, o ph sanguíneo e a liberação de hormônios.
o pH levemente ácido da uretra.
O sistema reprodutor feminino também é formado por 6 ór-
Outras estruturas importantes são as glândulas supra renais,
gãos:
que ficam localizadas entre os rins e o diafragma. Cada glândula é
Lábios vaginais - dobras de tecido adiposo, responsável por
envolvida por fibras e gordura, são elas as responsáveis pela produ-
proteger o interior da vagina.
ção dos hormônios essenciais ao organismo.
Clitóris - órgão relacionado ao prazer sexual.
Vagina - também funciona como órgão reprodutor e excretor.
A cavidade vaginal recebe o pênis durante o ato sexual e a uretra
elimina a urina.
Útero - é o órgão receptor do óvulo, onde o embrião irá se
desenvolver durante os 9 meses de gestação.
Trompas de falópio - são os órgãos responsáveis pelo transpor-
te dos óvulos do ovário até o útero.
Ovários - glândulas que formam os óvulos de acordo com o
ciclo menstrual, também produz os hormônios sexuais: estrógeno
e progesterona.

B - PARTE ESPECIAL

CABEÇA E PESCOÇO - CAVIDADE CRANIANA. FACE E COU-


RO CABELUDO. ÓRBITA E OLHOS. ESTRUTURA DO PESCOÇO.
CAVIDADE NASAL. CAVIDADE ORAL. LARINGE E FARINGE.
Excreção da Urina
Cavidade Craniana

O Crânio
Dividi-se, para estudo, em ossos da face e ossos do crânio pro-
Os rins funcionam como um filtro que retém as impurezas do
priamente dito. Ele pode ser dividido em calota craniana ou calvária
sangue e o deixa em condições de circular pelo organismo.
e base do crânio. A calvária é a parte superior do crânio e é formada
Eles participam do controle das concentrações plásmicas de
pelos ossos: Frontal, Occipital, e Parietais. A base do crânio forma
íons, como sódio, potássio, bicarbonato, cálcio e cloretos.
o assoalho da cavidade craniana e pode ser dividida em três fossas
De acordo com as concentrações no sangue, esses íons podem
ou andares:
ser eliminados em maior ou menor quantidade na urina, através do
Os ossos que o compõe são: Frontal, Occipital, Esfenóide, Et-
sistema urinário. As principais substâncias que formam a urina são
móide (ímpares)*, Parietal e Temporal (pares)*.
uréia, ácido úrico e amônia.
A fossa anterior, também chamada de andar superior da base
do crânio, é formada pelas lâminas orbitais do frontal, pela lâmina
Sistema Reprodutor
crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do esfe-
- Formado por:
nóide.
- Sistema reprodutor masculino: dois testículos, epidídimos,
A fossa média, também chamada de andar médio da base do
canais deferentes, vesículas seminais, próstata, uretra e pênis.
crânio, é formada anteriormente pelas asas menores do esfenói-
- Sistema reprodutor feminino: trompas de Falópio, dois ová-
de, posteriormente pela porção petrosa do osso temporal e late-
rios, útero, cérvice (colo do útero) e vagina.
ralmente pelas escamas do temporal, osso parietal e asa maior do
- Principais funções: responsável pelo processo reprodutivo
esfenóide.
dos seres humanos.
A fossa posterior, também chamada de andar inferior, é consti-
tuída pelo dorso da sela e clivo do esfenóide, pelo occipital e parte
Também chamado de sistema genital, o sistema reprodutor hu-
petrosa e mastóidea do temporal. Essa é a maior fossa do crânio e
mano é constituído por um conjunto de órgãos que formam tanto
também abriga o maior forame do crânio, o forame magno.
o aparelho genital masculino, quanto o aparelho genital feminino.

6
BIOLOGIA
Os ossos que compõe a face são: Mandíbula, Vômer, Hióde
(ímpares), Maxilar, Palatino, Zigomática, Concha nasal inferior, La-
crimal e Nasal (pares).

*Ossos ímpares são ossos situados na linha média e que não


possuem outro semelhante no corpo. Ossos pares são ossos situa-
dos lateralmente e que possuem outro semelhante do lado oposto.

Crânio – vista posterior

* Em antropologia são empregados como pontos de mensura-


ção. Obs: nem todos os indivíduos possuem os ossos suturais.

Crânio – vista anterior

Crânio – vista anterior

Calvária – vista superior

* Em antropologia são empregados como pontos de mensu-


ração.

Crânio–vista lateral esquerda

* Em antropologia são empregados como pontos de mensu-


ração.

7
BIOLOGIA

Calvária – vista inferior ou interna.

Base do crânio, sem a mandíbula – vista inferior.

Crânio – corte sagital


* Em antropologia são empregados
Base do crânio, face interna – vista superior como pontos de mensuração

8
BIOLOGIA

Calvária de recém-nascido – vista superior.

OSSOS DO CRÂNIO

- Frontal
É um osso pneumático, ímpar, que constitui o limite anterior da calota craniana e o assoalho do andar superior da base do crânio.

Posição anatômica:
Anteriormente: borda supra-orbitária
Inferiormente: espinha nasal

Frontal – vista anterior.

Frontal – vista inferior

* Fossa da glândula lacrimal, onde está situada a glândula lacrimal.

9
BIOLOGIA
- Parietal
É um osso par. Os dois ossos parietais formam os lados e teto da calota craniana. É aplanado, quadrangular e apresenta uma superfí-
cie externa convexa e uma interna côncava.

Posição anatômica:
Anteriormente: borda frontal
Inferiormente e lateralmente: borda escamosa


Parietal direito – vista lateral Parietal direito, face interna – vista medial

- Occipital
É um osso ímpar que constitui o limite posterior e dorsocaudal do crânio. Tem uma forma trapezóide e conformação de uma taça.
Possui uma grande abertura, o forame magno, que se continua com o canal vertebral.
Posição anatômica:
Dorsalmente: protuberância occipital externa
Inferiormente: forame magno


Occipital – vista inferior Occipital – vista superior

- Esfenóide
É um osso ímpar que se encontra no andar médio da base do crânio. Assemelha-se a um morcego de asas abertas.
Posição anatômica:
Anteriormente: face orbitária
Lateralmente: asa maior

10
BIOLOGIA

Esfenóide – vista anterior

Esfenóide – vista posterior

- Temporal
É um osso par situado entre o occipital e o esfenóide, formando a base do crânio e sua parede lateral.
Posição anatômica:
Lateralmente, dorsalmente e inferiormente: processo mastóide

Superiormente: porção escamosa

Temporal direito – vista lateral

11
BIOLOGIA

Temporal direito, face interna – vista medial

Temporal direito – vista inferior

- Etmóide
É um osso ímpar, pneumático, excessivamente leve e esponjoso que forma parte do assoalho do andar superior da base do crânio.
Situa-se entre as duas órbitas, forma a maior parte da parede superior da cavidade nasal e constitui parte do septo nasal.

Posição anatômica:
Anteriormente: processos alares
Superiormente: crista gali

12
BIOLOGIA

Etmóide – vista postero-superior (esquerda) e vista lateral (direita)

Músculos da cabeça - da face ou da mímica facial


Os músculos da face (músculos da expressão facial) estão na tela subcutânea da parte anterior e posterior do couro cabeludo, face
e pescoço.
Eles movimentam a pele e modificam as expressões faciais para exprimir humor.
A maioria dos músculos se fixam ao osso ou fáscia e atuam mediante tração da pele.

Importante lembrar que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial, via ramos:
- Auricular posterior;
- Ramos temporais;
- Zigomático;
- Bucal;
- Marginal da mandíbula;

- E cervical do plexo parotídeo.

MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

COURO CABELUDO

Galea aponeurótica
A galea aponeurótica (aponeurose epicraniana) cobre a parte superior do crânio.
Em sua região posterior junta-se entre o intervalo de sua união com os músculos occipitais, especificamente na protuberância occipi-
tal externa e nas linhas mais altas do osso occipital do pescoço.

13
BIOLOGIA
Na fronte, ele forma uma extensão curta e pequena entre a A margem posterior da placa do etmoide se articula com as
união com o músculo frontal. asas maior e menor do osso esfenóide, como também faz a maxila
inferiormente (mas somente com a asa maior).

Parede posterior
O osso esfenóide forma a totalidade da parede posterior da
cavidade orbitária. Uma pequena projeção da placa vertical do osso
palatino, conhecida como processo orbital, pode ser vista entre a
maxila, o osso etmoide e o osso esfenoide.

Articulações da órbita
Dentro da órbita as articulações não são nomeadas, e não se
espera isso como conhecimento comum de estudantes de medi-
cina em um teste. Por agora, apenas as principais suturas que são
mencionadas nos livros de anatomia serão listadas aqui. Como
mencionado anteriormente, a ordem será o sentido horário utili-
zando a órbita direita como referência.
• A sutura frontomaxilar articula o osso frontal e a maxila na
margem superior e anterior da borda da órbita.
• A sutura zigomaticomaxilar pode ser vista logo lateralmente
ao forame infraorbital, e possui uma orientação diagonal. Ela liga a
Imagem: Niel Asher Healthcare maxila à porção facial do osso zigomático.
• Finalmente, a sutura frontozigomática une o aspecto mais
Órbita e olhos superior do zigoma ao osso frontal na margem superior lateral da
abertura orbitária anterior.
A cavidade orbitária é a cavidade esquelética que é constituída
por várias estruturas cranianas e cerca o tecido mole que compõe o
Marcos anatômicos e fissuras
olho. Sua função é fornecer um ambiente estável e protegido para
Os marcos anatômicos da órbita consistem de três aberturas
o globo ocular e suas estruturas adjacentes, bem como proteger
externas e seis internas, com a abertura do olho não sendo incluída
uma grande parte do olho que não é utilizada diretamente na visão.
devido ao seu tamanho.
Primeiro, iremos discutir os ossos individuais que formam a
órbita, bem como as articulações entre eles. Em segundo lugar,
Aberturas externas
iremos descrever em detalhe os marcos anatómicos e fissuras dos
Os três marcos externos são forames (buracos):
ossos, incluindo os que se devem às suas articulações, dando espe-
• o forame (buraco) supraorbital, na margem superior do anel
cial atenção àquelas em que passam estruturas. Por último, iremos
orbitário no osso frontal;
mencionar a patologia mais importante relacionada com este tema.
• o forame (buraco) infraorbital, na margem inferior do anel
Apesar de parecer uma cavidade esférica, a cavidade orbitá-
orbitário na maxila;
ria na verdade é mais como um canal piramidal, com uma grande
• e o forame (buraco) zigomaticofacial, levemente lateral ao
abertura anteriormente, na parte superior da face, de onde uma
forame infraorbital, na porção facial do osso zigomático.
parte do olho que é diretamente utilizada na visão emerge, e mais
duas fissuras e um canal menores posteriormente, que conectam a
Esses forames (buracos) contêm os nervos orbitais superior e
parte interna do crânio à sua parte externa, e permitem que várias
estruturas anatômicas passem de dentro para fora. inferior e vasos, e o nervo zigomaticofacial e vasos, respectivamente.

Ossos e articulações Aberturas internas


As seis aberturas internas estão situadas nas paredes poste-
Parede anterior rior e medial da órbita. As aberturas posteriores são limitadas pelas
No sentido horário (utilizando a órbita direita, que está à es- asas maior e menor do osso esfenóide e pelo osso etmoide. A fis-
querda do leitor), os ossos que contribuem para a margem ante- sura orbital inferior é uma exceção, e possui somente a asa maior
rior e as paredes anteriores da cavidade orbitária incluem o osso do osso esfenóide e a maxila definindo suas margens, e não o osso
frontal, que fornece a borda anterior e superior da órbita e a maior etmoide. As fissuras orbitais superior e inferior e o canal óptico são
parte do teto da cavidade orbitária. marcos que atualmente estão sendo revisados.
Em seguida é a maxila, que contribui com as suas porções fron- O canal óptico é muito menor que os outros dois marcos, e é
tal e nasal para a margem ântero-medial e a margem ântero-infe- considerado o mais superior dos três. Ele contém:
rior medial da borda orbitária, bem como para a maioria do assoa- • o nervo óptico;
lho da cavidade orbitária. • e a artéria oftálmica.

O último osso que contribui para as paredes ântero-lateral in- O próximo abaixo é a fissura orbital superior, que é a segunda
terna e externa da cavidade orbitária é o zigoma, ou a porção facial maior das fissuras, entretanto a que possui mais conteúdo, incluin-
do osso zigomático. do:
• os ramos oftálmicos do nervo trigêmeo (nasociliar, frontal e
Parede medial lacrimal),
A parede medial interna continua posteriormente e superior- • o nervo oculomotor,
mente da maxila, subindo até o osso frontal, e consiste primeira- • o nervo troclear,
mente do osso lacrimal e logo atrás dele, da placa vertical do osso • o nervo abducente,
etmoide. • e as veias oftálmicas superior e inferior.

14
BIOLOGIA
Finalmente, a fissura orbital inferior, que é a maior e mais in-
ferior estrutura na parede posterior da cavidade orbitária, contém:
• o ramo maxilar do nervo trigêmeo,
• o nervo zigomático,
• e os vasos infraorbitais.

Os marcos da parede medial incluem o canal e a fossa naso-


lacrimais, que podem ser vistos no aspecto mais anterior do osso
lacrimal, em sua fronteira com a maxila. Ele contém o saco lacrimal,
que se continua com o canal nasolacrimal.
As estruturas finais são os forames (buracos) etmoidais ante- Músculos supra-hióideos
rior e posterior, que se encontram na sutura entre o osso etmoide
e o osso frontal, e contém os nervos etmoidais anterior e posterior
e os respectivos vasos.

Estrutura do pescoço

Anatomia do pescoço
Se você pensa que as estruturas anteriores eram complexas,
aguarde até você ver o pescoço. Esta estrutura é suficientemen-
te forte para suportar a cabeça, mas também móvel o suficiente
para girar em várias direções. Por fora, o pescoço é dividido em
triângulos, cada um contendo músculos específicos, vasos e nervos. Osso hioide
Por outro lado, o pescoço também possui uma divisão interna na
forma de compartimentos, que são delimitados por várias camadas O pescoço abriga ainda quatro grandes estruturas profundas;
da fáscia cervical. dois órgãos e dois tubos ou passagens. Eles são nomeados assim:
O ponto de ancoragem do pescoço é o osso hioide, que situa-se • Glândula tireoide
no nível do ‘pomo de Adão’ (maçã da Adão ou proeminência larín- • Glândulas parótidas
gea), nos homens. A maioria dos músculos do pescoço se insere no • Faringe
hioide, separando-os em dois grupos: os músculos supra-hióideos • Laringe
e os músculos infra-hióideos. Entretanto, outros músculos também
fazem parte do pescoço. As duas glândulas são responsáveis pela homeostase endócri-
na normal do corpo.
A faringe é uma passagem muscular para alimentos e ar, co-
nectando as cavidades nasais e oral com o esôfago e a laringe. A
última é mais comumente conhecida como caixa vocal, e consiste
em várias cartilagens, membranas, ligamentos e músculos. Ela é
responsável pela fala.
As quatro principais artérias que cursam através do pescoço
e/ou o suprem são as artérias carótida comum, carótida externa,
carótida interna e facial, juntamente com o tronco tireocervical. O
plexo cervical é a principal estrutura nervosa que cursa e inerva o
pescoço.Por fim, responda ao teste global em baixo, criado para tes-
tar os seus conhecimentos sobre a anatomia da cabeça e do pescoço.
Músculos da parte anterior do pescoço Este teste centra-se especificamente nos ossos, músculos (incluindo
as suas origens, inserções, inervação e função), artérias, veias e ner-
vos da mão, de forma a consolidar os temas abordados anteriormen-
te nesta página sobre a anatomia da cabeça e do pescoço.

Cavidade nasal e cavidade oral

Porção lateral externa do nariz e terço


anterior da cavidade nasal: linfonodos
submaxilares
Cavidade nasal Dois terços posteriores da cavidade nasal e
seios etmoidais: linfonodos retrofaríngeos
Músculos infra-hióideos e parcialmente para os linfonodos cervicais
profundos superiores
Linfonodos regionais: parotídeos, bucais,
submandibulares, submentonianos, cervicais
Cavidade oral superficiais
Linfonodos cervicais profundos:
jugulodigástrico, júgulo-omo-hióideo

15
BIOLOGIA
A cavidade nasal na realidade são duas cavidades paralelas que
se estendem das narinas até à faringe e estão separadas uma da
outra por uma parede cartilaginosa. Em seu interior existem dobras
chamadas conchas nasais, que têm a função de fazer o ar rotacio-
nar. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsá-
veis pelo sentido do olfato.

Normalmente, estas cavidades são preenchidas de ar. Quando


você tem um resfriado ou sinusite a cavidade óssea pode ser preen-
chida de muco e pus, muitas vezes ficando obstruídas e causando
sintomas.
A cavidade nasal e os seios paranasais têm várias funções:
- Ajudar a filtrar o ar que respiramos
- Aquecer e umidificar o ar que chegará aos pulmões.
- Dar ressonância à voz.
- Aliviar o peso do crânio.
- Fornecer a estrutura óssea para o rosto e os olhos.

A cavidade nasal e os seios paranasais são revestidos por uma


camada de muco denominada mucosa. A mucosa tem vários tipos
Os seios paranasais são cavidades ou túneis pequenos. Eles são de células:
denominados paranasais, porque estão localizados em torno ou - Células epiteliais escamosas, células achatadas que revestem
próximos do nariz. A cavidade nasal se abre para uma rede de seios: os seios e formam a maior parte da mucosa.
- Seios maxilares que estão na área de face, abaixo dos olhos e - Células glandulares, similares às células das glândulas saliva-
de cada lado do nariz. res, que produzem muco e outras secreções.
- Seios frontais localizados acima da parte interna da cavidade - Células nervosas, que são responsáveis pelo olfato.
ocular e a área das sobrancelhas. - Células que combatem as infecções, que são parte do sistema
- Seios esfenoidais situados atrás do nariz e entre os olhos. imunológico.
- Seios etmoidais compostos por muitos seios similares a uma - Células do sistema vascular.
peneira formados de ossos finos e mucosa - Células de suporte.
- Estão localizados acima do nariz, entre os olhos. - Células da cavidade nasal e seios paranasais, incluindo osso
e células cartilaginosas, que também podem se tornar cancerosas.
A cavidade oral se estende, superiormente, dos lábios à junção
do palato duro e mole e, inferiormente, dos lábios à linha das pa-
pilas circunvaladas. É revestida por mucosa malpighiana, havendo
pequenas variações histológicas de acordo com a topografia. A mu-
cosa oral apresenta cinco tipos histológicos diferentes:
- Semimucosa (zona de Klein - vermelhão dos lábios): o epitélio
é delgado com uma camada bem fina queratinizada, o córion bem
vascularizado, desprovido de anexos dérmicos, que pode ter pou-
cas glândulas sebáceas.
- Mucosa livre (zona interna inferior dos lábios, região vestibu-
lar, véu, pilares, assoalho, região ventral da língua e mucosa jugal).
- Mucosa aderente ou mastigatória (gengiva e palato duro):
epitélio pouco queratinizado com um córion provido de glândulas
salivares acessórias, fixado pelo periósteo ao plano ósseo subjacen-
te.
- Gengiva marginal ou borda livre gengival (parte da gengiva
que suporta os dentes e papilas interdentárias), epitélio não que-
ratinizado com fibras colágenas em continuidade com o ligamento
alveolar dentário, que une o cimento que recobre a raiz dentária ao
osso alveolar.

16
BIOLOGIA
- Mucosa lingual (face dorsal, lateral e grande parte da face inferior da língua); mucosa do dorso lingual contém as papilas gustatórias,
o córion é fibroso, inserindo-se diretamente sobre o plano muscular.

Jugal: compartimento parotídeo e jugular superior.


Palato: linfonodos jugulares profundos, faríngeos laterais, submandibulares, região de fusão dos processos palatinos da maxila.
Língua: linfonodos jugulodigástricos superiores e retrofaríngeos laterais, Trígono retromolar: jugulodigástricos.
Lábios: pré-auriculares, infraparotídeos, submandibulares e submentoneanos.
Orofaringe: base de língua, palato mole, área tonsilar (fossa amigdaliana, pilares anterior e posterior e amígdala) e parede faríngea
posterior.
Limita-se, superiormente pelo palato duro, inferiormente pelo osso hioide, anteriormente pelo “v” lingual, posteriormente pela pa-
rede faríngea posterior e lateralmente pelas amígdalas palatinas e pilares amigdalianos posteriores. A parede posterior é composta por
mucosa, submucosa, fáscia faringobasilar, músculo constritor superior, fibras superiores do músculo constritor médio da faringe e fáscia
bucofaríngea.

Laringe e Faringe
A faringe é um órgão que faz parte tanto do sistema respiratório quanto do sistema digestório. É um canal muscular membranoso,
que se comunica com o nariz e a boca, ligando-os à laringe e ao esôfago.

Anatomia da Faringe

Representação das regiões nasofaríngea, orofaríngea e laringofaríngea e outras estruturas

A faringe é um tubo, cujas paredes são musculosas e revestidas de mucosa. Ela está localizada na altura da garganta, à frente de vér-
tebras cervicais, fixada na base do crânio. Pode ser dividida em três regiões: orofaringe, nasofaringe e laringofaringe.

Nasofaringe
A parte superior da faringe se comunica com as cavidades do nariz, através das coanas, e com as orelhas médias, pela tuba auditiva
de cada lado.

Orofaringe
A região orofaríngea é intermediária entre as outras regiões. Comunica-se com a abertura da boca através de uma região denominada
istmo das fauces.

Laringofaringe
Mais inferior é a região laringofaríngea, que se comunica com a entrada da laringe (no sistema respiratório) e mais abaixo com a
abertura do esôfago (no sistema digestório).

Função
A faringe tem a função de fazer a passagem do ar inalado e dos alimentos ingeridos até os outros órgãos dos sistemas respiratório e
digestório, respectivamente. Durante o percurso, o ar e o alimento nunca se encontram, devido a mecanismos que bloqueiam a entrada
de cada um nas vias erradas.

17
BIOLOGIA

Esquema mostra como ocorre a deglutição sem mistura de ar e alimento

Para impedir que o alimento vá para as vias respiratórias, durante a deglutição, a epiglote fecha o orifício de comunicação com a
laringe. Juntamente com isso, o palato mole bloqueia a parte superior da faringe evitando também a entrada do alimento.
Durante o processo de digestão o alimento segue para a faringe depois de ser mastigado e engolido. O bolo alimentar formado per-
corre toda a faringe através de contrações voluntárias e é levado em seguida para o esôfago.
A faringe recebe o ar vindo das cavidades nasais por meio das cóanas e passa pela laringe, até atingir a traqueia.

Laringe
A laringe é um órgão do sistema respiratório, também responsável pela fala (fonação). Permite a passagem do ar entre a faringe e a
traqueia, mas impede que alimentos entrem nas vias aéreas.

Diferença entre a laringe saudável e inflamada

É composta por cartilagens, membranas, músculos e ligamentos que atuam em conjunto na fonação. O consumo excessivo de subs-
tâncias irritantes (fumo e álcool) e o uso inadequado da voz pode levar à inflamação da laringe, cujo principal sintoma é a rouquidão.

Anatomia da Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à traqueia. Sua estrutura permite o fluxo constante de ar, que está rela-
cionado com suas funções de respiração e fonação.
Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens são capazes de produzir diferentes sons. A forma da laringe muda nos
homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de voz.

18
BIOLOGIA

Anatomia da laringe e cordas vocais

As cartilagens que constituem a laringe são:


• Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui a laringe. Nela há uma proeminência popularmente chamada de po-
mo-de-adão. Protege as cordas vocais.
• Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hialina que fica na parte inferior da laringe, ligando-a à traqueia.
• Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se fixam as cordas vocais.
• Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a comunicação da laringe com a traqueia durante a deglutição, impedindo
que o alimento entre nas vias aéreas.

As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre si por ligamentos e articulações, desse modo as cartilagens podem
deslizar, uma sobre a outra, realizando movimentos comandados pelos músculos da laringe.
Os músculos do laringe são de três tipos:
• Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e oblíquo, eles aproximam as cordas vocais, ou seja, fazem com que
ela feche. São também chamados de constritores da glote (esse é o nome da abertura entre as pregas) e atuam principalmente na fona-
ção.
• Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afastam as cordas vocais, abrindo-a. Também são conhecidos como dilata-
dores da glote e participam da respiração.
• Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que fazem a distensão das cordas vocais, sendo atuantes na fonação.

Funções da Laringe
A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o principal órgão responsável pela fonação. Na respiração, a laringe recebe
o ar vindo da faringe (também participa do sistema digestório, portanto transporta ar e alimentos) e evita que alimentos passem para a
traqueia, por meio da epiglote, que se fecha durante a deglutição.

Fonação

As pregas vocais abrem e fecham para a respiração e fonação, respectivamente

A emissão de sons é uma característica de diversos animais que possuem respiração pulmonar. No ser humano, a fala é produzida
através da modulação do fluxo de ar vindo dos pulmões. Esse ar encontra as pregas vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo pulsos
sonoros.

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BIOLOGIA
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e 3. Órgãos
nas cavidades nasal e oral, pois sem isso, esse som não seria perce- - Timo: trata-se de um aglomerado de tecido linfoide, que ten-
bido. Além disso, os diferentes movimentos realizados pelos mús- de a regredir na adolescência.
culos permitem que diferentes sons sejam produzidos. - Pulmões: estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Loca-
lizados nas cavidades pleurais.
Laringite
A laringite é uma inflamação da laringe, que pode ser causada Os pulmões são revestidos por uma fina membrana chamada
por vírus, bactérias, fungos ou por agentes químicos e físicos. Pode pleura visceral, que passa de cada pulmão na sua raiz (i.e. onde pe-
se apresentar na forma aguda, de curta duração, ou crônica, ge- netram as principais passagens aéreas e vasos sanguíneos) para as
ralmente caracterizada por um período mais longo de rouquidão, faces mais internas da parede torácica, onde ela é chamada pleura
além dos outros sintomas. parietal.
A laringite aguda pode ser provocada por vírus, bactérias ou Desta maneira são formados dois sacos membranáceos cha-
fungos. A causa mais comum da laringite crônica é o consumo ex- mados cavidades pleurais; uma de cada lado do tórax, entre os pul-
cessivo de cigarro e bebidas alcoólicas ou exposição a substâncias mões e as paredes torácicas.
irritantes (poluição, substâncias alergênicas). O pulmão direito, localizado no hemitórax direito, possui três
Os sintomas são: rouquidão, dificuldade para engolir ou respi- lobos (o lobo superior direito, o lobo médio direito e o lobo inferior
rar, tosse seca, falta de ar, dor e/ou coceira na garganta e febre. O direito).
tratamento inclui repouso, hidratação e ingestão de medicamentos O pulmão esquerdo divide-se em lobo superior, que inclui a
para controlar os sintomas. língula, o lobo homólogo do lobo médio direito, e o lobo inferior
esquerdo.
TÓRAX - CAVIDADES PLEURAIS. PULMÕES. TRAQUÉIA. Os pulmões direito e esquerdo são recobertos pela pleura vis-
BRÔNQUIOS. CORAÇÃO. VASOS SANGÜÍNEOS. ceral, enquanto a pleura parietal recobre a parede de cada hemitó-
rax, o diafragma e o mediastino.
MEDIASTINO ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR₢ A interface destas duas pleuras permite o deslizamento suave
O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos do pulmão à medida que se expande dentro do tórax, produzindo
e diversas outras estruturas, localizadas entre o pescoço e o dia- um espaço em potencial.
fragma. Trata-se de uma região de grande importância, pois abriga O ar pode penetrar entre as pleuras, visceral e parietal, seja
órgãos vitais. por trauma, cirurgia, ou ruptura de um grupo de alvéolos criando
um pneumotórax.
Limites anatômicos Como os pulmões direito e esquerdos e suas pleuras são sepa-
Detalhadamente, consideram-se como limites anatômicos do rados, um pneumotórax envolverá apenas o hemitórax direito ou
tórax as seguintes estruturas: esquerdo.
- Superiormente: primeira costela e osso esterno.
- Inferiormente: músculo diafragma. Traqueias
É composta de músculo liso com anéis cartilaginosos em forma
O que compõe: de C a intervalos regulares. Os anéis cartilaginosos são incompletos
É essencial conhecer detalhadamente os principais componen- na superfície posterior e proporcionam firmeza para a parede da
tes do tórax, para então, reconhecer sua importância e as doenças traqueia, impedindo que ela se colabe. A traqueia serve como pas-
associadas. sagem entre a laringe e os brônquios.
A traqueia bifurca-se em dois brônquios principais, que entram
1. Estruturas ósseas nos pulmões, e são subdivididos em fissuras, formando divisões in-
Têm como função a formação da “caixa torácica”, para garantir completas.
proteção aos órgãos internos.
- Costelas: são 12 pares, que podem ser divididas em típicas/ Epitélio da traqueia e brônquios
verdadeiras (se articulam com o esterno) e atípicas/falsas (não se
articulam com o esterno). Pode-se dizer que estas estruturas “con- Árvore Brônquica
tornam” o tórax. O sistema traqueobronquial (também denominado de árvore
- Vértebras: em número de 12 também, elas fixam através da traqueobronquial) consiste de todas as vias aéreas a partir da tra-
fóvea as costelas. queia.
- Esterno: já descrito anteriormente, trata-se de um osso divi- O ar flui para os pulmões por meio das traqueias e vias aéreas.
dido em 3 porções (manúbrio, corpo e apêndice xifoide), localizado À medida que as vias aéreas se dividem e penetram mais profunda-
anteriormente. mente nos pulmões, tornam-se mais estreitas, curtas e numerosas.
A traqueia divide-se na Carina (assim denominada devido ao
2. Músculos seu aspecto parecido com uma quilha de barco) em brônquios prin-
O tecido muscular envolve o tórax, e, seus principais represen- cipais direito e esquerdo, e estes se dividem em brônquios lobares,
tantes são: que formam os brônquios segmentares.
- Peitorais maior e menor. As vias aéreas continuam a se dividir segundo um padrão de
- Intercostal: resulta da junção de 3 outros músculos (intercos- divisão assimétrico ou dicotômico, até formarem os bronquíolos
tal interno, externo e íntimo). terminais, que se caracterizam por serem as menores vias aéreas
- Subcostais. sem alvéolos.
- Levantadores das costelas. O segmento broncopulmonar, a região do pulmão suprida por
- Serrátil anterior. um brônquio segmentar, constitui a unidade anatomofuncional do
- Transverso do tórax. pulmão.
- Diafragma.

20
BIOLOGIA
Os brônquios são os condutores de ar entre o meio externo e
os sítios mais distais, onde se processa a troca de gases. A quan-
tidade de cartilagem diminui na medida em que as vias aéreas se
tornam cada vez menores, e desaparecem por completo nas vias
aéreas com diâmetro aproximado de um mm.
As vias aéreas da traqueia até os bronquíolos terminais não
contêm alvéolos, e desta forma, não participa na troca de gases. Es-
tas vias aéreas formam o espaço morto anatômico, que nos adultos
têm o volume de 150 ml.
Os bronquíolos têm menos de 1 mm de diâmetro, não pos-
suem cartilagem, e apresentam um epitélio cuboidal simples. Os
bronquíolos estão embebidos em uma rede de tecido conjuntivo
pulmonar e desta forma o seu diâmetro aumenta e diminui confor-
me o volume pulmonar.
Os bronquíolos se dividem ainda, dependendo de sua função.
Os bronquíolos não respiratórios compreendem os bronquíolos
terminais, que servem como condutores das correntes de gás, en-
quanto os bronquíolos respiratórios contêm alvéolos que funcio- Mediastino – Vista Lateral Esquerda
nam como locais de troca de gases.
A aérea entre o bronquíolo terminal e os alvéolos é ocasional- O Mediastino Superior é o espaço interpleural que localiza-se
mente denominada de lóbulos ou ácino secundário. A característica entre o manúbrio do esterno e as vértebras torácicas superiores.
anatômica mais impressionante é a questão da região anatômica É limitado inferiormente por um plano oblíquo que passa da jun-
que tem apenas 5 mm de comprimento, porém o volume total dos ção munibrio-esternal até a borda inferior do corpo da 4º vértebra
ácinos compreende o maior volume pulmonar isolado, cerca de torácica, e lateralmente pelas pleuras. Contém a crossa da aorta,
2500ml. tronco braquiocefálico, a porção torácica da artéria carótida co-
- Coração: localiza-se no mediastino, e está ligeiramente locali- mum esquerda e artéria subclávia esquerda, a veia braquiocefálica
zado após a linha média, com predomínio no lado esquerdo. e a metade superior da veia cava superior, o nervo vago, nervo frê-
- Esôfago: estrutura integrante do sistema digestório. nico e os nervos laríngeos recorrentes, a traquéia, esôfago, ducto
torácico, o remanescente do Timo e alguns linfonodos.
4. Pleuras
São duas membranas extremamente finas que revestem os O Mediastino Anterior existe apenas do lado esquerdo, onde
pulmões: a pleura esquerda diverge da Lina média. É limitado anteriormente
- Pleura visceral: está em íntimo contato com os pulmões. pelo esterno, lateralmente pela pleura e posteriormente pelo peri-
- Pleura parietal: mais externa. cárdio. É estreito na sua parte superior mas expande-se um pouco
Entre elas, há líquido pleural, com a função de lubrificar e per- inferiormente. Sua parede anterior é formada pela 5º, 6º e 7º carti-
mitir o deslizamento de uma sobre a outra, durante a expansão e lagens costais. Contém uma pequena quantidade de tecido areolar
retração pulmonar. frouxo, alguns linfáticos que ascendem da superfície convexa dão
Cavidade pleural é uma cavidade virtual existente entre as fígado, 2 ou 3 linfonodos mediastinais e pequenos ramos mediasti-
pleuras visceral e parietal, que contém apenas uma pequena quan- nais da artéria mamária interna.
tidade de líquido lubrificante. A pressão negativa existente na cavi-
dade pleural é um fator importante na mecânica respiratória. O Mediastino Médio é a maior porção do espaço interpleural.
Contém o coração envolvido por sua serosa, a aorta ascendente, a
5. Mediastino metade inferior da veia cava superior com a veia ázigos se unindo à
É uma das três cavidades do tórax (além das duas cavidades ela, a bifurcação da traquéia e os dois brônquios, a artéria pulmo-
pleurais), e abriga diversas estruturas, sendo a mais importante, o nar e os seus dois ramos, as veias pulmonares direita e esquerda, os
coração. nervos frênicos e alguns linfonodos brônquicos.
O mediastino está situado entre a pleura pulmonar esquerda e
direita, na linha média do plano sagital no tórax. Estende-se ante-
riormente do esterno à coluna vertebral, posteriormente. Contém
todas as estruturas do tórax, exceto os pulmões e também é conhe-
cido com espaço interpleural Pode ser dividido para fins descritivos
em duas partes: uma porção superior, acima do limite superior do
pericárdio, chamada de mediastino superior; e a porção inferior,
abaixo do limite superior do pericárdio. Esta porção inferior subdi-
vide-se em outras três partes, uma parte anterior ao pericárdio, o
mediastino anterior; a porção que contém o pericárdio e suas as
estruturas, o mediastino médio; e a porção posterior ao pericárdio,
o mediastino posterior.

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BIOLOGIA

O Mediastino Posterior é um espaço triangular irregular que corre paralelo a coluna vertebral. Está limitado anteriormente pelo pe-
ricárdio, pelo diafragma inferiormente, posteriormente pela coluna vertebral desde a 4º à 12º vértebra torácica de cada lado pela pleura
pulmonar. Contém a porção torácica da aorta descendente, a veias ázigos e as duas hemiazigos, os nervos vagos e esplâncnicos, o esôfago,
ducto torácico e alguns linfonodos.

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BIOLOGIA

Mediastino

Mediastino – Vista lateral esquerda.

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BIOLOGIA

Mediastino – Vista anterior após remoção do coração

6. Vasos sanguíneos
Esta região abriga importantes estruturas vasculares, como:
- Veias braquiocefálicas
- Veia cava superior
- Arco da aorta
- Tronco braquicefáclico.

7. Nervos e vasos linfáticos


Também participam da composição do tórax e possuem estrita relação com as funções.

Funções principais
Como se trata de uma série de estruturas, resumem-se as funções em:
- Caixa torácica possui a finalidade de proteger e sustentar todos os componentes internos.
- Coração possui a função de distribuir o sangue por todo o organismo.
- Pulmões permitem a troca gasosa.
- Diafragma realiza a passagem de estruturas para o abdome, através do hiato esofágico.
- Esôfago transporta o alimento até o estômago.

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BIOLOGIA
Curiosidade:
As pneumonias podem complicar para o derrame pleural, que seria o acúmulo de material infeccioso (principalmente líquido) entre
as pleuras.
O paciente sentirá dores e falta de ar, e precisará drenar o líquido tanto para fins diagnósticos, como também para o alívio dos sin-
tomas.

ABDOME - CAVIDADE ABDOMINAL. ESTÔMAGO E INTESTINOS. FÍGADO. PÂNCREAS. BAÇO. RINS. ADRENAL E RETROPERI-
TÔNIO. VÍSCERAS PÉLVICAS. PERÍNE
A cavidade abdominal é uma grande cavidade encontrada no torso de mamíferos entre a cavidade torácica, da qual é separada pelo
diafragma torácico, e a cavidade pélvica. Uma camada protetora que é chamada de peritônio, que desempenha um papel na imunidade,
órgãos de suporte e armazenamento de gordura e reveste a cavidade abdominal. Como mostrado no diagrama abaixo à esquerda, a ca-
vidade abdominal foi dividida em nove áreas diferentes, onde cada órgão não necessariamente ocupa apenas um dos quadrantes. Esta
divisão ajuda no diagnóstico de doenças com base no local onde a pessoa está sentindo dor abdominal.

Regiões do Quadrante Abdominal

Órgãos da cavidade abdominal


Nosso abdômen contém órgãos digestivos, reprodutivos e excreção. Você pode encontrar alguns deles no diagrama a seguir. Tenha
em mente que o reto é considerado parte da cavidade pélvica.

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BIOLOGIA
Estômago São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cerca de 5 cm.
Órgão digestivo de paredes espessas encontrado no lado es- Fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes:
querdo do abdome que é dividido em quatro regiões: cárdia, fundo, córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de
corpo e piloro. É contínuo com o esôfago acima dele, que transpor- colesterol) e medula (parte central).
ta comida da boca e passa através do diafragma e no estômago,
e é seguido pela primeira porção do intestino delgado, chamada Função
duodeno. O estômago é o segundo local de digestão em seres hu- As glândulas adrenais secretam hormônios extremamente im-
manos após a boca, e serve para movimentar a comida dentro de portantes para o bom funcionamento do organismo, a saber:
si, misturá-lo com sucos gástricos e iniciar a digestão de proteínas.
1. Córtex
Fígado O córtex é dividido em três zonas funcionais que produzem
Este é o maior órgão do abdômen. Encontra-se no lado supe- hormônios diferentes:
rior direito, logo abaixo do diafragma. Tem dois lóbulos separados • Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o o balanço
por um ligamento. O fígado desempenha um papel crucial em nos- entre o sódio e o potássio;
sos corpos, pois mantém níveis normais de glicose no sangue, pro- • Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticosteroi-
duz bile e desintoxica o sangue. de envolvido na resposta ao estresse e que regula o metabolismo
da glicose e da gordura, entre outras funções;
Vesícula biliar • Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial a
A vesícula biliar encontra-se abaixo do fígado e está conectada testosterona.
a ela. Ele armazena e concentra a bile que é enviada para o duode-
no quando necessário para digestão e absorção de gordura. 2. Medula
Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a adrenalina
Baço e a noradrenalina. Esses hormônios regulam o sistema nervoso au-
O baço faz parte do sistema imunológico. Suas funções incluem tônomo, que controla importantes funções do corpo humano como
a participação na produção de glóbulos brancos, o armazenamento frequência cardíaca, respiração, digestão, entre outras.
de plaquetas e a destruição de glóbulos vermelhos mortos e subs-
tâncias nocivas. Peritônio e Retroperitônio
O peritônio é uma extensa membrana serosa, formada essen-
Pâncreas cialmente por tecido conjuntivo, que reveste o interior das pare-
Parte do sistema digestório, o pâncreas produz importantes des da cavidade abdominal e expande-se para cobrir a maior parte
enzimas digestivas, assim como insulina e glucagon, que são cru- dos órgãos que contém. Deste modo, considera-se que, embora a
ciais para o metabolismo dos carboidratos em nossos corpos. membrana seja ininterrupta, é composta por duas camadas ou fo-
lhas - o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal
Intestino delgado é a folha que cobre totalmente por dentro as paredes anteriores e
O intestino delgado é encontrado entre o estômago e o intesti- laterais do abdómen, enquanto que na parte posterior é formado
no grosso e é composto de três partes: o duodeno, o jejuno e o íleo. um limite por trás do denominado espaço retroperitoneal, onde fi-
É um longo órgão digestivo em forma de tubo onde ocorre a cam situados parte do pâncreas e do duodeno, os rins e grandes va-
digestão e a maior absorção de nutrientes sos como a artéria aorta e a veia cava inferior. O peritônio visceral
é a folha que cobre completamente a superfície externa da maior
parte das vísceras contidas no abdómen, exceto as que estão situa-
Intestino grosso
das no já referido espaço retroperitoneal. Entre as duas camadas
O intestino grosso é o órgão para o qual o material não digeri-
do peritônio fica acomodado um espaço denominado espaço ou
do é enviado. É em forma de U e é composto de ceco, cólon, reto,
cavidade peritoneal. Na realidade, trata-se de um espaço virtual,
canal anal e apêndice. Absorção de água e eletrólitos e a formação
uma vez que apenas contém uma fina película de um líquido lubri-
de fezes, todos ocorrem aqui.
ficante composto por água, algumas células e substâncias minerais,
cuja função primordial é permitir a deslocação das folhas sem que
Rins se produzam fricções entre ambas e, indiretamente, entre os ór-
Os dois rins são encontrados em ambos os lados do abdômen. gãos abdominais e a parede abdominal. Este líquido peritoneal é
Eles desempenham papéis essenciais no corpo, como a desintoxi- constantemente segregado para o interior do espaço peritoneal e
cação do sangue, a criação de urina e a manutenção do equilíbrio paralelamente reabsorvido na mesma proporção, de tal modo que,
da água e do ácido no corpo. Anexados a cada rim estão os tubos, em condições normais, não tem mais do que 200 ml dentro do es-
chamados de ureteres, que os conectam à bexiga urinária. Além paço peritoneal.
das funções dos rins, as glândulas supra renais encontradas nos rins
produzem hormônios importantes, como a noradrenalina e o ADH. Vísceras pélvicas e períneo
Na anatomia humana, o períneo é a região do corpo humano
Adrenal que começa, para as mulheres na parte de baixo da vulva e esten-
As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em de-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o
duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à ânus.
presença de colesterol) e medula (parte central). O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeu-
As adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas roses que encerram o estreito inferior da escavação pélvica, sendo
glândulas endócrinas situadas na cavidade abdominal, acima de atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante.
ambos os rins. A adrenal direita tem formato triangular, enquanto
a esquerda assemelha-se a uma meia-lua (na foto, as partes em Vísceras pélvicas
amarelo). Incluem parte do sistema gastrointestinal, do sistema urinário
e do sistema reprodutor.

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BIOLOGIA
- Sistema Gastrointestinal Colo Vesical
Consistem principalmente no reto e no canal anal, porém a O colo vesical, ou da bexiga, cerca a origem da uretra. É a parte
parte final do colo sigmoide também s e encontra na pelve. mais inferior da bexiga e também a mais fixa. Está ancorado por
duas faixas de ligamentos rígidos que conectam o colo e a parte
Reto pélvica da uretra a cada osso púbico:
O reto é continuo acima com o colo sigmoide, ao nível da vér- - Nas mulheres chamam-se ligamentos pubovesicais, que, jun-
tebra S3, e abaixo com o canal anal. Se localiza imediatamente an- tamente com a membrana perineal profunda, os músculos levan-
terior ao sacro e segue a sua curvatura, sendo o elemento m ais tadores do anus e os ossos púbicos , ajudam a sustentar a bexiga.
posterior da cavidade. - Nos homens chamam-se ligamentos puboprostáticos, porque
A junção anorretal é puxada para frente pelo músculo pubor- se misturam com a cápsula fibrosa da próstata, ou seja, cercam a
retal (componente do levantador do anus) formando a flexura pe- próstata junto à uretra.
rineal, de m odo que o canal anal se dirige na direção posterior
conforme entra no assoalho pélvico. No nascimento a bexiga se encontra na região abdominal e
Além de apresentar a curvatura que segue o sacro, o reto apre- a uretra se localiza na margem superior da sínfise púbica. Com a
senta três curvaturas laterais: as curvaturas superior e inferior di- idade a bexiga desce e na puberdade já se encontra na cavidade
rigidas para a direita e a curvatura média dirigida para a esquerda. pélvica.
A parte final do reto expande-se e forma a ampola retal. O reto
não apresenta tênias, apêndices omentais e saculações (haustrações). Uretra
Começa no colo vesical e termina na abertura externa no perí-
Canal Anal neo, difere entra mulheres e homens.
Começa na extremidade inferior da ampola reta l no assoalho
pélvico e termina com o anus depois de atravessar o períneo. De- MULHERES – é curta e apresenta um trajeto mais curvo ao
pois de atravessar o assoalho pélvico, é cercado pelos esfíncteres passar por baixo do assoalho pélvico e penetrar no períneo, onde
interno (intrínseco – músculo liso) e externo do anus ( extrínseco atravessa a membrana perineal e a região perineal profunda antes
– M . íleococcígeo e M. puborretal) , que mantém fechado o canal. de se abrir no vestíbulo localizado entre os pequenos lábios da ge-
Apresenta características que indicam a posição da membrana nitália externa. A parte inferior da uretra está ligada a superfície
anococcígea no feto (fecha o canal anal para não haver defecação). anterior da vagina. Apresenta duas glândulas mucosas parauretrais
- A parte superior do canal anal é revestida por uma mucosa (paralelas a ela), as glândulas de Skene, que associam-se na porção
que apresenta algum as pregas, chamadas colunas anais, que se inferior da uretra.
unem inferiormente formando as válvulas anais. HOMENS - é longa e faz duas curvas em seu trajeto. Inicia no
colo vesical e passa pela próstata, atravessa a região perineal pro-
Superiormente a cada válvula est á um a depressão, chamada funda e a membrana perineal e entra na extremidade proximal do
seio anal. As válvulas anais formam a linha pectínea que é a locali- pênis. Faz a primeira curva para frente ao sair da membrana peri-
zação da antiga membrana anococcígea. neal e adentrar ao pênis e então faz a segunda curva para baixo
- A p arte inferior a linha pectínea é chamada de pécten anal quando o pênis está flácido (quando há ereção a segunda curva de-
que termina na linha anocutanea ou linha branca onde o revesti- saparece). Nos homens a uretra divide-se em:
mento mucoso se torna pele verdadeira com pelos. Pré-prostática – tem cerca de 1 cm e estende-se do colo vesical
até a próstata, onde apresenta o esfíncter interno da uretra, que
- Sistema Urinário composto por músculo liso impede a ida de sêmen para a bexiga
Formado pelas partes terminais dos ureteres, pela bexiga e durante a ejaculação.
parte proximal da uretra. Prostática - é a parte cercada pela próstata, apresenta de 3 - 4
cm de comprimento. A luz da uretra é marcada por uma prega na
Ureteres linha média, chamada crista uretral. A depressão a cada lado da
Penetram na cavidade pélvica anteriormente a bifurcação da crista é o seio uretral, onde os ductos prostáticos desembocam. Na
artéria ilíaca comum e então continuam ao longo da parede e do parte medial da crista uretral forma-se uma elevação, o colículo se-
assoalho pélvico até unirem -se a base da bexiga. minal, que apresenta uma pequena bolsa de fundo cego chamado
utrículo prostático (acredita-se ser análogo ao útero feminino). A
Bexiga cada lado do utrículo prostático, mais inferiormente, localizam-se
É a víscera mais anterior da parede pélvica. Quando vazia lo- os ductos ejaculatórios do sistema reprodutor masculino. Os tratos
caliza-se inteiramente na cavidade pélvica, porém quando tugida urinario e reprodutor masculino encontram-se na parte prostática
expande-se para o abdome. A bexiga vazia tem forma de um te- da uretra.
traedro ou de uma pirâmide tombada. Possui um ápice dirigido Membranácea – é estreita e localiza-se posterior a próstata,
anteriormente, uma base posteriormente e duas superfícies ínfero atravessa a membrana perineal profunda.
-laterais. O ápice se dirige para o topo da sínfise púbica, então o Durante este trajeto, tanto em homens quanto em mulheres, é
ligamento umbilical mediano (resquício fetal) continua a partir daí, envolvida pelo esfíncter externo da uretra.
ascendendo até o abdome até a cicatriz umbilical. A base recepcio- Uretra esponjosa – é cercada por um tecido erétil (corpo es-
na os dois ureteres em seus dois lados superiores e possui a uretra ponjoso) do pênis. Aumenta de volume na base do pênis e forma
inferiormente que drena a urina, apresenta ainda o chamado trí- um bulbo, o mesmo acontece na extremidade (cabeça) do pênis
gono, formado pela entrada dos dois ureteres e pela uretra, onde onde forma a fossa navicular. As duas glândulas bulbouretrais loca-
apresenta uma mucosa lisa diferente de todo o resto rugoso da be- lizam-se na região perineal profunda e abrem-se no bulbo da uretra
xiga. As superfícies ínfero-laterais ficam entre o s músculos levan- esponjosa na base do pênis.
tadores do anus e o s músculos obturadores internos adjacentes,
a superfície superior apresenta uma cúpula quando a bexiga está Fonte:
vazia e um abaulamento quando a mesma está cheia. www.todabiologia.com/www.portaleducacao.com.br/www.anato-

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BIOLOGIA
miaonline.com/www.oncoguia.org.br/www.portaleducacao.com.br/ dois anos. Se durante essas gerações as plantas originassem indiví-
www.todamateria.com.br/www.kenhub.com//www.anatomiaonline. duos diferentes da planta inicial, elas não eram consideradas puras,
com/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.pt.wikipedia.org/ mas se ocorresse o contrário e elas só originassem descendentes
www.passeidireto.com/www.anatomia-papel-e-caneta.com/www. com as mesmas características da planta inicial, eram consideradas
planetabiologia.com/ www.drauziovarella.uol.com.br puras.
Primeira Lei de Mendel ou Princípio da Segregação ou Lei da
pureza dos gametas:
Mendel concluiu que os padrões hereditários são determina-
ESTRUTURA DO DNA: CÓDIGO GENÉTICO E SÍNTESE dos por fatores (genes) que ocorrem em pares em um indivíduo,
DE PROTEÍNAS mas que segregam um do outro na formação das células sexuais
(gametas) de modo que qualquer gameta recebe apenas um ou ou-
A Genética nasceu das pesquisas de Gregor Johann Mendel. tro alelo pareado. O número duplo de genes é então estabelecido
Monge agostiniano, professor de Física e História Natural desen- na prole.
volveu seu trabalho durante os anos de 1845 a 1865 com alunos Mendel observou que as diferentes linhagens de um ances-
secundaristas em Brunn, hoje Brno, maior cidade da República tral comum para os diferentes caracteres escolhidos, eram sempre
Tcheca, cultivando ervilhas de jardim (Lathyrus odoratus) tentando puras, isto é, não apresentavam variações ao longo das gerações.
esclarecer o comportamento de algumas das características. Por exemplo, a linhagem que apresentava sementes da cor ama-
Mendel não foi o primeiro a se dedicar ao estudo da heredi- rela produziam descendentes que apresentavam exclusivamente a
tariedade, mas foi o que obteve resultados positivos, devido sua semente amarela. O mesmo caso ocorre com as ervilhas com se-
capacidade de interpretar corretamente os resultados dos cruza- mentes verdes. Essas duas linhagens eram, assim, linhagens puras.
mentos feitos. Seu trabalho assíduo e paciencioso foi o de cultivar Mendel resolveu então estudar esse caso em especifico.
e analisar cerca de 10.000 plantas de ervilhas, para elaborar suas A flor de ervilha é uma flor típica da família das Leguminosae.
duas leis que formaram as bases da Genética, até então. Apresenta cinco pétalas, duas das quais estão opostas formando a
As Leis de Mendel publicadas em 8 de fevereiro de 1865 no carena, em cujo interior ficam os órgãos reprodutores masculinos
Proceedings of Natural History Society of Brunn podem ser assim e femininos. Por isso, nessa família, há autofecundação, ou seja, o
resumidas: 1º - Os caracteres herdados são produzidos por “fato- grão de pólen da antera de uma flor cair no pistilo da própria flor,
res” independentes que se transmitem inalterados, de geração a não ocorrendo fecundação cruzada. Logo, para cruzar uma linha-
geração; e 2º - Estes fatores se apresentam aos pares nos indiví- gem com a outra era necessário evitar a autofecundação.
duos, cada um deles originário de cada um dos pais; geralmente Mendel escolheu alguns pés de ervilha de semente amarela e
um domina o outro, e é chamado dominante, ao passo que o outro, outros de semente verde, emasculou as flores ainda jovens, ain-
mais fraco, cujos efeitos desaparecem numa geração é chamado re- da não-maduras. Para isso, retirou das flores as anteras imaturas,
cessivo. Na formação de gametas, os dois fatores de cada par em tornando-as, desse modo, completamente femininas. Depois de
cada um dos pais, se separam ou segregam, e apenas um de cada algum tempo, quando as flores se desenvolveram e estavam ma-
par vai para o descendente. Qualquer gene de um determinado par duras, polinizou as flores de ervilha amarela com o pólen das flores
que vai para um dado gameta, independe de qualquer outro par verdes, e vice-versa. Essas plantas constituem portanto as linhagens
que vai para o mesmo gameta. parentais. Os descendentes desses cruzamentos constituem a pri-
Os trabalhos de Mendel ficaram obscurecidos por cerca de 35 meira geração em estudo designada por geração F1, assim como as
anos sendo então descobertos por três pesquisadores independen- seguintes são designadas por F2.
tes, em 1900. Foram eles Correns, na Alemanha; Tchesmak, na Áus- A Primeira Lei de Mendel também recebe o nome de Lei da Se-
tria e De Vries, na Holanda. gregação dos Fatores ou Moibridismo. Ela possui o seguinte enun-
Mendel, de posse dos trabalhos anteriores a ele que não tive- ciado:
ram sucesso, abordou a questão da hereditariedade com visão mo- “Cada caráter é determinado por um par de fatores que se se-
derna para a época. Escolheu sete características facilmente identi- param na formação dos gametas, indo um fator do par para cada
ficáveis e que não se modificavam com o ambiente, autocruzou as gameta, que é, portanto, puro”.
plantas e obteve estabilidade das características a serem analisa-
das. Eram elas: forma da semente, cor dos cotilédones, cor da casca
da semente, forma da vagem, cor da vagem imatura, posição das
flores e comprimento do caule.
Os resultados de Mendel foram tão bem sucedidos que até
hoje se estuda características governadas por um ou dois genes em
todas as plantas, principalmente as cultivadas.
As Leis de Mendel são um conjunto de fundamentos que expli-
cam o mecanismo da transmissão hereditária durante as gerações.
Os estudos do monge Gregor Mendel foram à base para expli-
car os mecanismos de hereditariedade. Ainda hoje, são reconheci-
dos como uma das maiores descobertas da Biologia. Isso fez com
que Mendel fosse considerado o “Pai da Genética”.
Em seus experimentos, Mendel teve o cuidado de utilizar ape-
nas plantas de linhagens puras, por exemplo, plantas de sementes ▪ Geração F1:
verdes que só originassem sementes verdes e plantas de sementes Todas as sementes obtidas em F1, foram amarelas, portanto
amarelas que só originassem sementes amarelas. Você deve estar iguais a um dos pais. Uma vez que todas as sementes eram iguais,
se perguntando, como Mendel sabia que as plantas eram puras? Mendel plantou-as e deixou que as plantas quando florescessem,
Pois bem, para que ele tivesse certeza de qual planta era pura, ele autofecundassem-se, produzindo assim a geração F2.
as observava durante seis gerações, período de aproximadamente

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BIOLOGIA
▪ Geração F2: III) Codominância: Condição de heterozigotos na qual os dois
As sementes obtidas na geração F2 foram amarelas e verdes, membros de um par de alelos contribuem para o fenótipo, o qual
sempre na proporção de 3 para 1. é então uma mistura das características fenotípicas produzidas por
ambas as condições homozigotas. Em outras palavras, o indivíduo
Interpretação dos resultados: heterozigoto que apresenta dois genes funcionais, produz os dois
Para explicar a ocorrência de somente sementes amarelas em fenótipos, isto é, ambos os alelos do gene em um indivíduo diplóide
F1 os dois tipos em F2, Mendel admitiu a existência de fatores que se expressam, produzindo proteínas distintas, que são detectadas
passassem dos pais para os filhos por meio dos gametas, que são isoladamente. Nessa interação entre alelos de um gene não há re-
haplóides em relação ao conjunto cromossômico. Cada fator seria lação de dominância.
responsável pelo aparecimento de um caráter. Assim, existiria um
fator que condiciona o caráter amarelo e que podemos representar Cor da pelagem de bovinos da raça Shorthorn:
por A, e um fator que condiciona o caráter verde e que podemos A raça possui genes para as pelagens vermelha e branca. O
representar por v. Quando a ervilha amarela pura é cruzada com cruzamento entre indivíduos homozigotos para as características
uma ervilha verde pura, o híbrido F1, recebe o fator A e o fator v, vermelha (R1R1) e branca (R2R2) produz uma prole (R1R2) cuja
sendo portanto, portador de ambos os fatores. As ervilhas obtidas pelagem a distância parece cinzaavermelhada ou cor ruão. Superfi-
em F1 eram todas amarelas, isso quer dizer que, embora tendo o cialmente, esse caso parece ser de dominância incompleta, porém
fator v para verde, esse não se manifestou. Mendel chamou de do- o exame minucioso revela que os ruões apresentam uma mistura
minante o fator que se manifesta em F1, e de recessivo o que não de pêlos vermelhos e brancos, em vez de pêlos de tonalidade in-
aparece. Já os indivíduos em F2 ocorrem sempre na proporção de 3 termediária.
dominantes para 1 recessivo. -Proporção fenotípica: 1:2:1
Mendel chegou à conclusão de que o fator para verde só se -Proporção genotípica: 1:2:1
manifesta em indivíduos puros, ou seja com ambos os fatores iguais
a v. Em F1 as plantas possuiam tanto os fatores A quanto o fator Tipos sangüíneos:
v sendo, assim, necessariamente amarelas. Podemos representar O tipo sanguíneo humano, apresenta 3 alelos IA, IB e i. Portan-
os indivíduos da geração F1 como Av. Logo, para poder formar in- to, existem 6 genótipos diferentes que originam 4 fenótipos dife-
divíduos vv na geração F2 os gametas formados na fecundação só rentes: A, B, AB e O.
poderiam ser vv. IA IA / IA i → Tipo A
O fenômeno só seria possível se ao ocorrer a fecundação hou- IB IB / IB i → Tipo B
vesse uma segregação dos fatores A e v presentes na geração F1, IA IB → Tipo AB, no qual são expressos os dois antígenos de
esse fatores seriam misturados entre os fatores A e v provenientes membrana.
do pai e os fatores A e v provenientes da mãe, tendo como possíveis i i → Tipo O
resultados AA, Av, Av e vv.
Esse fato foi posteriormente explicado pela meiose, que ocorre Uma vez constatado que as plantas eram puras, Mendel esco-
durante a formação dos gametas. Mendel havia criado então sua lheu uma característica, por exemplo, plantas puras de sementes
teoria sobre a hereditariedade e da segregação dos fatores. amarelas com plantas puras de sementes verdes, e realizou o cruza-
mento. Essa primeira geração foi chamada de geração parental ou
→ Cruzamento monoíbrido: Aquele no qual apenas um cará- geração P. Como resultado desse cruzamento, Mendel obteve todas
ter está sendo considerado. as sementes de cor amarela e a essa geração denominou de gera-
I) Dominância completa: Situação na qual um dos alelos de um ção F1. Os indivíduos obtidos nesse cruzamento foram chamados
gene se expressa totalmente em relação ao outro alelo também por Mendel de híbridos, pois eles descendiam de pais com caracte-
presente. Ao realizar o cruzamento monoíbrido entre dois indiví- rísticas diferentes.
duos homozigotos, um verde e outro amarelo, todos os filhos nas- Em seguida, Mendel realizou uma autofecundação entre os in-
cem amarelos, como um dos genitores. O caráter expresso é deno- divíduos da geração F1, chamando essa segunda geração de geração
minado dominante e outro, recessivo. F2. Como resultado dessa autofecundação, Mendel obteve três se-
II) Dominância incompleta: Situação na qual um dos alelos de mentes amarelas e uma semente verde (3:1). A partir dos resultados
um gene se expressa parcialmente em relação ao outro alelo tam- obtidos, Mendel concluiu que como a cor verde não apareceu na ge-
bém presente. Ocorre em indivíduos heterozigóticos que apresen- ração F1, mas reapareceu na geração F2, as sementes verdes tinham
tam fenótipos intermédios entre os seus progenitores de linhagens um fator que era recessivo, enquanto as sementes amarelas tinham
puras, isto acontece porque uma única copia do gene funcional um fator dominante. Por esse motivo, Mendel chamou as sementes
não ser suficiente para assegurar o fenótipo, em outras palavras, a verdes de recessivas e as sementes amarelas de dominantes.
expressão gênica de um único gene não é suficiente para produzir Em diversos outros experimentos, Mendel observou caracterís-
uma quantidade mínima de enzima, por exemplo. ticas diferentes na planta, como altura da planta, cor da flor, cor da
casca da semente, e notou que em todas elas algumas característi-
Cor das pétalas da flor “maravilha”: cas sempre se sobressaíam às outras.
A cor das pétalas pode ser, quando em homozigose, vermelha
ou branca. O cruzamento de linhagens puras dos dois tipos origi- Diante desses resultados, Mendel pôde concluir que:
na uma flor rosa, ou seja, com características intermédias às dos - Cada ser vivo é único e possui um par de genes para cada
progenitores. Isto acontece porque a expressão gênica de um único característica;
alelo para pétalas vermelhas, não é capaz de produzir uma dada - As características hereditárias são herdadas metade do pai e
quantidade de enzima e, conseqüentemente, pigmento vermelho metade da mãe;
suficiente para dar à pétala a cor vermelha. Assim, a pouca quanti- - Os genes são transmitidos através dos genes;
dade de pigmento vermelho origina a cor rosa. - Os descendentes herdarão apenas um gene de cada caracte-
-Proporção fenotípica: 1:2:1 rística de seus pais, ou seja, para uma determinada característica,
-Proporção genotípica: 1:2:1 haverá apenas um gene do par, tanto da mãe quanto do pai.

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BIOLOGIA
Dessa forma, podemos enunciar a primeira lei de Mendel, também chamada de lei da segregação dos fatores da seguinte forma: To-
das as características de um indivíduo são determinadas por genes que se segregam, separam-se, durante a formação dos gametas, sendo
que, assim, pai e mãe transmitem apenas um gene para seus descendentes. Texto adaptado de BURNS. G. W; BOTTINO. P. J.

Probabilidade genética
Acredita-se que um dos motivos para as idéias de Mendel permanecerem incompreendidas durante mais de 3 décadas foi o raciocínio
matemático que continham. Mendel partiu do princípio que a formação dos gametas seguia as leis da probabilidade, no tocante a distri-
buição dos fatores.

Para que Mendel pudesse chegar aos seus resultados, ele utilizou muitos métodos estatísticos para sua interpretação, calculando as
probabilidades de ocorrer os eventos. A probabilidade serve para estimar matematicamente a possibilidade de ocorrer eventos que acon-
tecem ao acaso, ou seja, por questão de sorte. Pode ser definida pela seguinte fórmula:

Onde P é a probabilidade de um evento ocorrer, A é o número de eventos desejados e S é o número total de eventos possíveis.
Exemplo: Quando jogamos uma moeda para cima, temos duas possibilidades de resultado: ela cair com a face “cara” voltada para
cima, ou com a face “coroa” voltada para cima. Portanto temos duas possibilidades. A possibilidade de sair cara é de 1/2 ou 50%, pois
temos uma chance (sair cara) em duas possibilidades (cara ou coroa).

A probabilidade é um evento esperado, uma possibilidade, portanto, não é certeza que vá ocorrer. Quanto mais repetições ocorrerem,
mais chances a previsões terão de dar certo.
Quando utiliza-se cálculos de probabilidades em genética, não pode-se dizer que os indivíduos que irão nascer terão obrigatoriamente
os genótipos calculados, pois é questão de sorte. Quanto mais indivíduos nascerem, mais chances dos resultados práticos se aproximarem
dos cálculos.

Eventos independentes
Quando a ocorrência de um evento não afeta a probabilidade de ocorrência de um outro, fala-se em eventos independentes. Por
exemplo, ao lançar várias moedas ao mesmo tempo, ou uma mesma moeda várias vezes consecutivas, um resultado não interfere nos
outros. Por isso, cada resultado é um evento independente do outro.
Da mesma maneira, o nascimento de uma criança com um determinado fenótipo é um evento independente em relação ao nasci-
mento de outros filhos do mesmo casal. Por exemplo, imagine uma casal que já teve dois filhos homens; qual a probabilidade que uma
terceira criança seja do sexo feminino? Uma vez que a formação de cada filho é um evento independente, a chance de nascer uma menina,
supondo que homens e mulheres nasçam com a mesma frequência, é 1/2 ou 50%, como em qualquer nascimento.

A regra do “e”
A teoria das probabilidades diz que a probabilidade de dois ou mais eventos independentes ocorrerem conjuntamente é igual ao
produto das probabilidades de ocorrerem separadamente. Esse princípio é conhecido popularmente como regra do “e”, pois corresponde
a pergunta: qual a probabilidade de ocorrer um evento E outro, simultaneamente?
Suponha que você jogue uma moeda duas vezes. Qual a probabilidade de obter duas caras, ou seja, cara no primeiro lançamento e
cara no segundo? A chance de ocorrer cara na primeira jogada é, como já vimos, igual a 1/2; a chance de ocorrer cara na segunda jogada
também é igual a1/2. Assim a probabilidade desses dois eventos ocorrer conjuntamente é 1/2 X 1/2 = 1/4.
No lançamento simultâneo de três dados, qual a probabilidade de sortear face 6 em todos? A chance de ocorrer face 6 em cada dado
é igual a 1/6. Portanto a probabilidade de ocorrer face 6 nos três dados é 1/6 X 1/6 X 1/6 = 1/216. Isso quer dizer que a obtenção de três
faces 6 simultâneas se repetirá, em média, 1 a cada 216 jogadas.

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BIOLOGIA
Um casal quer ter dois filhos e deseja saber a probabilidade de soma. Segundo a regra da soma, a probabilidade de que qualquer
que ambos sejam do sexo masculino. Admitindo que a probabili- um de vários eventos mutuamente excludentes ocorra é igual a
dade de ser homem ou mulher é igual a 1/2, a probabilidade de o soma das probabilidades individuais dos eventos.
casal ter dois meninos é 1/2 X 1/2, ou seja, 1/4. Por exemplo, se você jogar um dado de seis lados, você terá
1/6 de chance de tirar qualquer um dos números, mas você pode
A regra do “ou” tirar apenas um número em cada jogada. Você nunca pode tirar 1
Outro princípio de probabilidade diz que a ocorrência de dois e 6 ao mesmo tempo; os resultados são mutuamente excludentes.
eventos que se excluem mutuamente é igual à soma das probabili- Assim, a probabilidade de tirar ou 1 or 6 é: (probabilidade de tirar
dades com que cada evento ocorre. Esse princípio é conhecido po- 1) + (probabilidade de tirar 6) = (1/6) +(1/6) = 1/3.
pularmente como regra do “ou”, pois corresponde à pergunta: qual Você pode pensar na regra da soma como a regra do “ou”: se
é a probabilidade de ocorrer um evento OU outro? um resultado requer que ou o evento X ou o evento Y ocorra, e se
Por exemplo, a probabilidade de obter cara ou coroa, ao lan- X e Y são mutuamente excludentes (se apenas um dos dois eventos
çarmos uma moeda, é igual a 1, porque representa a probabilidade podem ocorrem em uma dada situação), então a probabilidade do
de ocorrer cara somada à probabilidade de ocorrer coroa (1/2 + resultado pode ser calculada somando-se as probabilidades de X e
1/2 =1). Para calcular a probabilidade de obter face 1 ou face 6 no Y.
lançamento de um dado, basta somar as probabilidades de cada Como exemplo, vamos usar a regra da soma para prever a fra-
evento: 1/6 + 1/6 = 2/6. ção da prole de um cruzamento Aa x Aa que terá o fenótipo domi-
Em certos casos precisamos aplicar tanto a regra do “e” como nante (genótipo AA ou Aa). Nesse cruzamento, há três eventos que
a regra do “ou” em nossos cálculos de probabilidade. Por exemplo, podem gerar um fenótipo dominante:
no lançamento de duas moedas, qual a probabilidade de se obter Dois gametas A se encontram (formando um genótipo AA), ou
cara em uma delas e coroa na outra? Para ocorrer cara na primeira o gameta;
moeda E coroa na segunda, OU coroa na primeira e cara na segun- A da mãe encontra o gameta a do pai (formando um genótipo
da. Assim nesse caso se aplica a regra do “e” combinada a regra do Aa), ou;
“ou”. A probabilidade de ocorrer cara E coroa (1/2 X 1/2 = 1/4) OU O gameta a da mãe encontra o gameta A do pai (formando um
coroa e cara (1/2 X 1/2 = 1/4) é igual a 1/2 (1/4 + 1/4). genótipo Aa).
O mesmo raciocínio se aplica aos problemas da genética. Por Em cada evento de fertilização, apenas uma dessas três possibi-
exemplo, qual a probabilidade de uma casal ter dois filhos, um do lidades pode acontecer (eles são mutuamente excludentes).
sexo masculino e outro do sexo feminino? Como já vimos, a pro- Como essa é uma situação “ou” em que os eventos são mu-
babilidade de uma criança ser do sexo masculino é ½ e de ser do tuamente excludentes, podemos aplicar a regra da soma. Usando
sexo feminino também é de ½. Há duas maneiras de um casal ter a regra do produto, como fizemos acima, podemos determinar que
um menino e uma menina: o primeiro filho ser menino E o segundo cada evento individual tem a probabilidade de 1/4. Então, a proba-
filho ser menina (1/2 X 1/2 = 1/4) OU o primeiro ser menina e o bilidade de uma prole com fenótipo dominante é: (probabilidade
segundo ser menino (1/2 X 1/2 = 1/4). A probabilidade final é 1/4 + de A da Mãe e A do Pai) + (probabilidade de Ada Mãe e a do Pai) +
1/4 = 2/4, ou 1/2. (probabilidade de a da Mãe e A do Pai) = (1/4) + (1/4) + (1/4)= 3/4.
A regra do produto Texto adaptado de MENDONÇA. A.

Uma regra de probabilidade que é muito útil na genética é a Árvore genealógica


regra do produto, a qual afirma que a probabilidade de dois (ou Temos mais em comum do que aparentamos. A matemática
mais) eventos independentes ocorrerem juntos pode ser calcula- assim como muitas religiões afirma, com grande propriedade, que
da multiplicando-se as probabilidades individuais dos eventos. Por somos todos irmãos. Se não fôssemos todos parentes, cada habi-
exemplo, se você rolar um dado de seis lados de uma vez, você tem tante da Terra hoje teria um número astronômico de antepassados
uma chance de 1/6 de conseguir um seis. Se você rolar dois dados contabilizados até o ano 1 do calendário cristão.
ao mesmo tempo, sua chance de conseguir duas vezes o seis é: (a Ao refletir sobre a árvore genealógica de cada indivíduo, po-
probabilidade de um seis no dado 1) x (a probabilidade de um seis demos notar facilmente que qualquer pessoa foi gerada por outras
no dado 2) = (1/6). (1/6) = 1/36. duas: o pai e a mãe. Para gerar esse pai e essa mãe, foram necessá-
Em geral, você pode pensar na regra do produto como a regra rias mais quatro pessoas (quatro avós). Considerando uma duração
do “e”: se ambos evento X e evento Y devem acontecer para que aproximada de 25 anos para cada geração já que, segundo o físico
ocorra um determinado resultado, e se X e Y são independentes um australiano John Pattison, a idade média em que as mulheres têm
do outro (um não afeta a probabilidade do outro), então você pode engravidado nos últimos séculos em várias civilizações é de 26 ± 2
usar a regra do produto para calcular a probabilidade do resultado anos, verificamos que, do ano 1 d.C até agora, já se passaram 80 ge-
multiplicando as probabilidades de X e Y. rações. Em contagem retroativa, cada indivíduo deveria ter, em um
Podemos usar a regra do produto para prever a frequência de século, dois pais, quatro avós, oito bisavós e 16 trisavós. No século
eventos de fertilização. Por exemplo, considere o cruzamento entre anterior, seriam 32 tetravós, 64 pentavós, 128 hexavós e 256 hepta-
dois indivíduos heterozigotos (Aa). Quais são as chances de se ter vós; um verdadeiro crescimento exponencial. Isso nos leva à conclu-
um indivíduo aa na próxima geração? A única forma de se ter um são, improvável, de que a existência de uma única pessoa no início
indivíduo aa é se a mãe contribui com um gameta a e o pai contribui do século 21 exigiu o incrível número de 279 (ou 604 sextilhões) de
com um gameta a. Cada progenitor tem 1/2 das chances de fazer pessoas no ano 1. Apenas para comparação, os astrônomos Pieter
um gameta a. Logo, a chance de uma prole aa é: (probabilidade da von Dokkum (holandês) e Charlie Conroy (norte-americano) esti-
mãe contribuir a) x (probabilidade do pai contribuir a) = (1/2). (1/2) mam existirem por volta de 300 sextilhões de estrelas no universo.
= 1/4. Embora o raciocínio matemático da árvore genealógica esteja cor-
reto, é evidente que tal resultado é impossível.
A regra da adição de probabilidades
Trata-se de um aparente paradoxo ou colapso genealógico, já
Em alguns problemas genéticos, você pode precisar calcular a
que o número de ancestrais em qualquer geração não pode ser su-
probabilidade de que qualquer um de vários eventos ocorra. Nesse
perior à população da referida época.
caso, você precisará usar outra regra de probabilidade: a regra da

31
BIOLOGIA
Se as contas estão coerentes, o que estaria errado? Uma das razões para essa contradição seria a existência de casamentos entre
parentes próximos, consanguíneos.
Embora seja uma situação difícil de admitir nos dias atuais por questões culturais com algumas exceções, é bastante plausível que
casamentos entre parentes tenham acontecido em um passado não tão remoto assim.
Provavelmente a prática tenha sido mais comum do que imaginamos, sobretudo se considerarmos cidades com pequenas popula-
ções, vilarejos e povoados há mais de 100 anos, com pessoas se deslocando por enormes distâncias e sem facilidade de comunicação. E
o que poderíamos esperar de pequenas vilas e aldeias, com apenas dezenas ou centenas de moradores há cinco séculos, no início da co-
lonização brasileira? Nesse contexto, os parentes mais próximos deviam ser considerados na formação de uma família, pois fortaleceriam
laços, seriam de classes sociais semelhantes, teriam a mesma religião, cultura e tradições, pertenceriam ao mesmo grupo étnico e falariam
a mesma língua, além de fazerem parte do mesmo círculo social.

Esquema da árvore genealógica de qualquer pessoa, evidenciando o rápido crescimento de antepassados em aproximadamente 175
anos, considerando que toda nova geração surja a cada 25 anos. Caso não houvesse casamentos consanguíneos, um número muito grande
de ancestrais seria necessário para a existência de cada um de nós no presente.

Portanto, provavelmente temos em cada árvore genealógica alguns ramos ausentes por estarem sendo preenchidos pelas mesmas
pessoas. Exemplo disso foi observado em algumas tribos da Amazônia, em que os índios se casavam com suas primas tradição que foi
cunhada como ‘teoria da aliança’ por grandes pesquisadores como o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009).

Em geral, nossos ancestrais casavam-se com pessoas próximas da família, frequentemente sem conhecimento, mas em outras si-
tuações de forma intencional. Basta lembrar que casamentos reais entre parentes foram uma prática costumeira entre nobres famílias
européias, em particular a Dinastia dos Habsburgo. Casos clássicos também foram os casamentos do naturalista inglês Charles Darwin
(1809-1882), que era neto de dois primos e casou-se com sua prima em primeiro grau, Emma. O mesmo fez o físico de origem alemã Al-
bert Einstein (1879-1955) em seu segundo casamento, com sua prima Elsa, ou ainda o poeta e dramaturgo norte-americano Edgar Allan
Poe (1809-1849), com sua prima Virginia. Por sinal, um dos primeiros a tratar da questão do paradoxo genealógico foi o próprio filho de
Darwin, o astrônomo e matemático inglês George Howard (1845-1912), em 1875. Ao chamar a atenção para o assunto, os geneticistas de
populações passaram a perceber e estudar esse problema.
As migrações, que têm modificado o povoamento de alguns países de tempos em tempos, como o Brasil, poderiam ser apontadas
como um fator relevante para essa questão e que aparentemente evitaria a consanguinidade, mantendo intactos grandes ramos da árvore
genealógica e diversificando a carga genética nas famílias. No entanto, observando a história mundial, o número de imigrantes e emigran-
tes representa apenas uma pequena parcela da população de um país (caso da Grã-Bretanha, por exemplo) e, mesmo nos locais onde as le-
vas migratórias não são desprezíveis, nada impede que a consanguinidade tenha se estabelecido em gerações anteriores às que migraram.
É um grande alento, portanto, perceber que os pouco mais de 7,3 bilhões de seres humanos que vivem hoje na Terra têm muito mais
em comum do que se pensa. Mensagens como as de paz e igualdade entre os homens poderiam também ser apresentadas em termos
matemáticos, seguindo esse raciocínio sobre a árvore genealógica de cada um. Esse argumento poderia ser aprendido desde a mais tenra
idade nas escolas, associando, quem diria, matemática e fraternidade.

Somos de fato mais aparentados uns com os outros do que pensamos, apesar das visíveis diferenças de crença, ideologia, cor da pele,
traços culturais, língua e perfil econômico. Nesse contexto, parece ingênuo o homem que procura se convencer de que, não sendo galho
da mesma árvore, não é, também, árvore da mesma floresta. Somos realmente frutos de uma mesma árvore, a da vida.

Normalmente coloca-se o nome do ancestral mais antigo de que se conseguiu dados e, a partir desse, seus descendentes até chegar
ao membro mais novo da família ou então até na pessoa que se tem interesse.

32
BIOLOGIA
Para montar a árvore genealógica é preciso primeiramente Podemos citar ainda a fibrose cística, que é causada por um
descobrir de onde vieram os ancestrais de uma família, o que pode gene autossômico recessivo. O gene causador dessa doença afeta
ser feito buscando a origem dos sobrenomes do pai e da mãe de um as glândulas exócrinas, o que desencadeia problemas na produção
indivíduo. Posteriormente devem ser anotados os seguintes dados: de secreções, que se tornam espessas e apresentam-se em maior
Nome completo de todas as pessoas pesquisadas; quantidade, afetando o desenvolvimento de alguns órgãos, como
Data e local do nascimento das mesmas; os pulmões.
Certidão de casamento, constando data e local; Podemos citar ainda casos de genes letais que ocorrem em ou-
Certidão de óbito, constando data e local; tros organismos, como é o caso de plantas. No milho, por exemplo,
Informações gerais sobre cada indivíduo, como profissão, es- podem nascer plantas homozigóticas recessivas completamente
colaridade, títulos especiais, história da família no Brasil, origem do desprovidas de clorofila. Sem esse pigmento, as plantas não reali-
nome, do sobrenome e mais. zam fotossíntese e, consequentemente, morrem.
Em camundongos um gene dominante A determina pigmenta-
Normalmente quando se estrutura a árvore genealógica de ção amarela dos pêlos, e seu alelorecessivo a determina um padrão
uma família com poucas informações ela é representada por uma de pigmentação acinzentada denominada aguti. Observou-se que
pequena árvore, quando os elementos são de maior proporção a ocruzamento de ratos amarelos entre si sempre resulta em uma
sua feição torna-se mais complexa, pois os dados passam a ficar prole na qual há 2 indivíduos amarelospara cada um aguti (2:1).
mais desarranjados; quando isso acontece a visualização melhora A presença dos descendentes aguti indica que os pais amare-
através de uma representação gráfica. los são heterozigotos. E neste caso, aproporção fenotípica esperada
Uma árvore genealógica é de extrema importância para as fa- entre descendentes dominantes (amarelos) e recessivos (agutis)
mílias, pois por meio delas é possível ter conhecimento da ascen- seriade3:1. A explicação para o aparecimento da inesperada pro-
dência familiar, da existência de títulos até então desconhecidos, porção 2:1 é o fato de que indivíduoshomozigotos dominantes (A
sem dizer que futuramente, ela pode ser útil nos tratamentos de A) morrem ainda no estágio embrionário.
diversas anomalias e doenças genéticas. Texto adaptado de NASCI-
MENTO. M. L. F.

Genes letais
Alguns alelos, formas alternativas de um mesmo gene, causam
a morte de seus portadores e, por isso, são chamados de letais. Os
alelos letais podem ser completos, quando matam seus portadores
antes da idade reprodutiva, ou semiletais, quando os portadores
sobrevivem além da idade reprodutiva.

Como os alelos letais foram descobertos?


Os alelos letais, como muitas informações importantes das
ciências, foram descobertos ao acaso. Um geneticista, Lucien Cue-
not, estudava a cor da pelagem em camundongos em 1905 quando
percebeu que era impossível conseguir linhagem pura desses ani-
mais com fenótipo amarelo.
Diante desses resultados, o geneticista resolveu realizar alguns
cruzamentos-teste. Nesses cruzamentos, ele utilizou dois indivíduos Posteriormente descubriu-se que camundongos homozigotos
amarelos, e o resultado sempre era 2/3 de camundongos amarelos não chegavam a nascer, morrendo no útero materno na fase em-
e 1/3 de camundongos cinza. brionária. Concluiu-se então que os genes para pelagem amarela
Ao observar a proporção de 2:1, Cuenot percebeu que indiví- em dose dupla são letais ao indivíduo, já que provocam sua morte.
duos homozigóticos para a pelagem amarela não se desenvolviam Textos adaptado de SANTOS. V. D.
e que o alelo condicionante provavelmente era letal. Sendo assim,
todo camundongo amarelo deveria ser obrigatoriamente heterozi- Herança semdominância
goto. O gene dominante bloqueia totalmente a atividade do seu ale-
Para ter certeza de sua descoberta, o geneticista resolveu testar lo recessivo, de maneira que apenas o caráter condicionado pelo
sua hipótese. Para isso, cruzou um camundongo amarelo com um gene dominante se manifesta.Nesses casos, portanto, um indivíduo
camundongo cinza e obteve metade dos descendentes amarelos e heterozigoto(Aa) exibirá o mesmo fenótipo do homozigoto(AA). Tal
a outra metade cinza. Esse resultado confirmou, então, sua teoria. fenômeno é chamado de dominância completa.
Mas existem casos em que o gene interage com seu alelo, de
Exemplos de alelos letais maneira que o híbrido ou o heterozigoto apresenta um fenótipo di-
Existem diversos casos de alelos que, em homozigose, causam ferente e intermediário em relação aos pais homozigotos ou então
a morte do indivíduo, inclusive na espécie humana. Um desses ale- expressa simultaneamente os dois fenótipos paternos.Fala-se, en-
los é responsável pela Tay-Sachs, isto é, uma doença neurodegene- tão, de ausência de dominância.
rativa que provoca degeneração física e mental intensa e normal- Podemos identificar dois tipos básicos de ausência de domi-
mente ocasiona a morte do indivíduo antes dos cinco anos de vida. nância, cujos os estudos foram desenvolvidos em épocas posterio-
Além da doença de Tay-Sachs, a acondroplasia também é um res á de Mendel:a herança intermediária e co-dominância.
exemplo de problema desencadeado por um alelo letal. Se os alelos
para acondroplasia, que são dominantes, aparecerem em homozi- Herança intermediária
gose, o embrião morrerá antes mesmo do nascimento. Se o alelo Aherança intermediária é o tipo de dominância em que o indí-
aparecer em dose simples, ocorrerá o nanismo. viduo heterozigoto exibe um fenótipo diferente e intermediário em
relação aos genitores homozigotos.Vejamos os seguintes exemplos:

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BIOLOGIA
Exemplo 1.A planta Maravilha (Mirabilis jalapa) apresenta duas Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas (flores cor-de-ro-
variedades básicas para a coloração das flores: a variedade alba(- sa), teríamos:
com flores brancas) e a variedade rubra (com flores vermelhas).
chamando o gene que condiciona flores brancas de B e o gene para
flores vermelhas de V, o genótipo de uma planta com flores brancas
é BB, e o genótipo de uma planta com flores rubras é VV. Cruzan-
do-se esses dois tipos de plantas (VV X BB), os descendentes serão
todos VB; as flores dessas plantas (VB) serão rosas, isto é, exibirão
um fenótipo intermediário em relação aos fenótipos paternais(flo-
res vermelhas e brancas).

Plantas que produzem flores cor-de-rosa são heterozigotas, en-


quanto os outros dois fenótipos são devidos à condição homozigo-
ta. Supondo que o gene V determine a cor vermelha e o gene B, cor
branca, teríamos:

VV = flor vermelha
BB = flor branca
VB = flor cor-de-rosa

Apesar de anteriormente usarmos letras maiúsculas para indi-


car, respectivamente, os genes dominantes e recessivos, quando se
trata de dominância incompleta muitos autores preferem utilizar
apenas diferentes letras maiúsculas.
Fazendo o cruzamento de uma planta de maravilha que produz
flores vermelhas com outra que produz flores brancas e analisando
os resultados fenotípicos da geração F1eF2, teríamos: Exemplo 2. Nas galinhas de raça andaluza, o cruzamento de um
galo de plumagem preta(PP) com uma galinha de plumagem bran-
ca(BB) produz descendentes com plumagem azulada (PB). Percebe-
-se então que a interação do gene para a plumagem preta(P) com
o gene para plumagem branca(B) determina o surgimento de um
fenótipo intermediário(plumagem azulada).

Co-dominância
A co-dominância é o tipo de ausência de dominância em que o
indivíduo heterozigoto expressa simultaneamente os dois fenótipos
paternos.Como exemplo podemos considerar da cor da pelagem
em bovinos da raça Shorthon: os indivíduos homozigotos AA tem
pelagem vermelha; os homozigotos BB tem pelagem branca;e os
heterozigotos AB têm pêlos brancos e pêlos vermelhos alternada-
mente distribuídos. Texto adaptado de SANTOS. V. D.

Segunda lei de Mendel


A segunda lei de Mendel ou também enunciada por diibridis-
mo, refere-se à segregação independente dos fatores, isto é, a sepa-
ração de dois ou mais pares de genes alelos localizados em diferen-
Agora, analisando os resultados genotípicos da geração F1e F2, tes pares de cromossomos homólogos, para formação dos gametas.
teríamos: O princípio para essa segregação tem suporte na anáfase I da
divisão meiótica, instante em que ocorre o afastamento dos cro-
mossomos homólogos (duplicados), paralelamente dispostos ao
longo do fuso meiótico celular.
Mendel, ao obter o mesmo resultado para todas as caracterís-
ticas estudadas em separado, decidiu verificar qual era o comporta-
mento se seu estudo fosse dirigido para duas características juntas.
O cruzamento realizado foi entre plantas que produziam sementes
amarelas com tegumento liso cruzadas com sementes verdes com
tegumento rugoso.
Dessa forma, a proposição da segunda lei de Mendel, tem como
fundamento a análise dos resultados decorrentes às possibilidades
que envolvem não mais o estudo de uma característica isolada (Pri-
meira Lei de Mendel), mas o comportamento fenotípico envolven-
do duas ou mais características, em consequência da probabilidade
(combinação) de agrupamentos distintos quanto à separação dos
fatores (genes alelos / genótipo) na formação dos gametas.

34
BIOLOGIA
Após o estudo detalhado de cada um dos sete pares de caracteres em ervilhas, Gregor Mendel passou a estudar dois pares de ca-
racteres de cada vez. Para realizar estas experiências, Mendel usou ervilhas de linhagens puras com sementes amarelas e lisas e ervilhas
também puras com sementes verdes e rugosas. Portanto, os cruzamentos que realizou envolveram os caracteres cor (amarela e verde) e
forma (lisas e rugosas) das sementes, que já haviam sido estudados, individualmente, concluindo que o amarelo e o liso eram caracteres
dominantes. Mendel então cruzou a geração parental (P) de sementes amarelas e lisas com as ervilhas de sementes verdes (vv) e rugosas
(rr), obtendo, em F1, todos os indivíduos com sementes amarelas e lisas, como os pais dominantes. O resultado de F1 já era esperado por
Mendel, uma vez que os caracteres amarelo e liso (LL ou Lr) eram dominantes. Posteriormente, realizou a autofecundação dos indivíduos
F1, obtendo na geração F2 indivíduos com quatro fenótipos diferentes, incluindo duas combinações inéditas.
Os números obtidos aproximam-se da proporção 9:3:3:1 Observando-se as duas características, simultaneamente, verifica-se que
obedecem à Primeira Lei de Mendel. Em F2, se considerarmos cor e forma, de modo isolado, a proporção de três dominantes para um
recessivo permanece. Analisando os resultados da geração F2, percebe-se que a característica cor da semente segrega-se de modo inde-
pendente da característica forma da semente e vice-versa. Essa geração dos genes, independente e ao acaso, constituiu-se no fundamento
básico da Segunda lei de Mendel ou Lei da segregação independente.
→ Cruzamento diíbrido:
Aquele entre indivíduos que diferem em dois pares de genes.
P: LL AA x rr vv → F1: Lr Av
F1 x F1: Lr Av x Lr Av → F2:

Mendel concluiu que as características analisadas não dependiam uma das outras, portanto, são consideradas características inde-
pendentes. Texto adaptado de MORAES. P. L.

Alelosmúltiplos: grupos sanguíneos dos sistemas ABO, Rh e MN

Polialelia, ou alelos múltiplos, é o nome dado ao fenômeno em que os genes possuem mais de duas formas alélicas, ou seja, uma
mesma característica pode ser determinada por três ou mais alelos (formas alternativas de um gene).
A explicação para a coexistência polialélica, deriva dos processos mutagênicos produzindo séries alélicas selecionadas e adaptadas ao
ambiente.
Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene, ocupando um dado locus num cromossomo. Consiste em uma
sequência de núcleotídeos de um gene específico.
Um alelo pode ser mutante, resultando em um fenótipo alterado, ou selvagem, caracterizado por um produto gênico ativo e um fe-
nótipo “normal”.
Indivíduos diplóides → cromossomos homólogos → 2 alelos do mesmo gene

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BIOLOGIA
Alelos múltiplos ou polialelia:
Quando existe mais de dois alelos para um dado gene em uma espécie. Assim, um locus específico pode ser ocupado por uma série
de alelos múltiplos, de forma que um indivíduo diplóide possa apresentar quaisquer dois alelos de um gene. Eles produzem variabilidade
genética na população.

Exemplos de polialelia:
- Alelos sanguíneos ABO em seres humanos:

O locus ABO tem 3 alelos comuns: IA, IB e i. O locus controla o tipo de glicosídeo encontrado na superfície do eritrócito. Um determi-
nado glicolipídeo fornece determinantes antigênicos que reagem com anticorpos específicos presentes no soro sanguíneo.
Os tipos sanguíneos são determinados por três alelos diferentes para um único gene: IA, IB e i. O alelo IA é responsável pela presença
do antígeno A na hemácia; o alelo IB é responsável pela presença do antígeno B, e o alelo i é responsável pela ausência desse antígeno. Os
alelos IA e IB exercem dominância sobre o alelo i, mas entre IA e IB existe um caso de codominância.

Os três alelos existentes nos grupos sanguíneos permitem a existência de seis diferentes genótipos para os quatro fenótipos encontra-
dos na população. Veja abaixo os genótipos e fenótipos dos grupos sanguíneos:
IAIA, IAi – Sangue A
IBIB, IBi – Sangue B
IAIB – Sangue AB
ii – Sangue O

O alelo i é recessivo.

Os alelos IA e IB são co-dominantes, ou seja, indivíduos heterozigotos IAIB têm tanto antígeno A como B nas hemáceas, sendo essas
proteínas detectadas isoladamente na corrente sanguínea. Porém, indivíduos AB não apresentam anticorpos anti-A e anti-B. Assim:

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BIOLOGIA
Em coelhos
Um exemplo disso ocorre em coelhos, onde podem ser distinguidos quatro fenótipos distintos para a cor da pelagem: selvagem (cin-
za-escuro, quase negro), chinchila (cinza-claro homogêneo), himalaia (branco, com focinho, orelhas e extremidades das patas e da cauda
negras) e albino (inteiramente branco).
Esses quatro fenótipos originam-se a existência de quatro alelos distintos de um mesmo lócus. O gene C determina a manifestação sel-
vagem e é dominante sobre todos os outros alelos. O gene cchcondiciona o fenótipo chinchila e é recessivo para selvagem, mesmo sendo
dominante para os outros. O gene ch é determinante da manifestação da pelagem Himalaia, sendo dominante apenas sobre o albino. O
gene c produz o fenótipo albino e é recessivo para todos os demais alelos.

O interessante de observar nos coelhos, é que esses quatro fenótipos diferentes, estão na dependência de 10 genótipos distintos,
conforme o quadro a seguir:

A diferença na cor da pelagem do coelho em relação à cor da semente das ervilhas é que agora temos mais genes diferentes atuando
(4), em relação aos dois genes clássicos. No entanto, é fundamental saber a 1ª lei de Mendel continua sendo obedecida, isto é, para a de-
terminação da cor da pelagem, o coelho terá dois dos quatro genes. A novidade é que o número de genótipos e fenótipos é maior quando
comparado, por exemplo, com a cor da semente de ervilha.
O surgimento dos alelos múltiplos (polialelia) deve-se a uma das propriedades do material genético, que é a de sofrer mutações.
Assim, acredita-se que a partir do gene C (aguti), por um erro acidental na duplicação do DNA, originou-se o gene Cch (chinchila). A exis-
tência de alelos múltiplos é interessante para a espécie, pois haverá maior variabilidade genética, possibilitando mais oportunidade para
adaptação ao ambiente (seleção natural).
A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo clássico de alelos múltiplos e também de codominância na
espécie humana.
Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de sangue de determinadas
pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados semelhantes a coágulos.
Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis.
E, de fato, pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos sanguíneos nos diferentes indivíduos da população.

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BIOLOGIA
Aglutinogênios e aglutininas

No sistema ABO existem quatro tipos de sangue: A, B, AB e O.


Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de certas substâncias na membrana das hemácias: os aglutinogênios.
E pela presença ou ausência de outras substâncias – as aglutininas – no plasma sanguíneo.
Existem dois tipos de aglutinogênio ou antígeno – A e B – e dois tipos de aglutinina ou anticorpo – anti-A e anti-B.
Pessoas do grupo A possuem aglutinogênio A nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma.
As do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma.
Pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma.
E pessoas do grupo O não têm aglutinogênios nas hemácias, mas possuem os dois anticorpos anti-A e anti-B no plasma.
O que acontece quando você recebe um sangue diferente do seu
Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemácias transferidas vão se agluti-
nando assim que penetram na circulação.
Ocorre então a formação de aglomerados compactos que podem obstruir os capilares prejudicando a circulação do sangue.
Essas aglutinações, que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema, acontecem quando uma pessoa possuidora de
determinada aglutinina (anticorpo) recebe sangue com o aglutinogênio correspondente (antígeno).

Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B.


Isso porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea do receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele pre-
sente.

A recíproca é verdadeira.

Indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A.


Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O.
Uma vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de aglutinogênios A e B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de aglutinogênio (antígeno) da hemácia do doador e o tipo de aglutinina
(anticorpo) do plasma do receptor.
Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa.

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BIOLOGIA
Isso porque não possuem aglutinogênios A e B em suas hemá- O Fator Rh do sangue
cias.
Esses indivíduos são chamados doadores universais.
Já os indivíduos AB, por outro lado, podem receber qualquer
tipo de sangue, porque não possuem aglutininas no plasma.
Por isso, pessoas do grupo AB são chamadas receptores uni-
versais.
Devemos ressaltar que indivíduos com o tipo sanguíneo O po-
dem doar seu sangue para qualquer indivíduo.
Entretanto, só podem receber sangue de pessoas do mesmo
grupo sanguíneo O.

Herança dos Grupos Sanguíneos no Sistema ABO

O fator Rh é um dos dois grupos de antígenos eritrocitários


(encontrados nas hemácias) de maior importância clínica, estando
envolvido nas reações de transfusão de sangue, juntamente com os
antígenos pertencentes ao sistema ABO.
O fator Rh foi descoberto em 1940 por Landesteiner e Wiene
em experimentos realizados com coelhos e macacos.
Nesses experimentos, foi injetado sangue de um macaco do
gênero Rhesus em cobaias, onde se obteve como resposta a forma-
A produção de aglutinogênios A e B é determinada, respectiva- ção de anticorpos capazes de aglutinar as hemácias provenientes
mente, pelos alelos IA e IB. do macaco.
Um terceiro alelo, chamado i, condiciona a não produção de O anticorpo produzido no sangue da cobaia foi denominado
aglutinogênios. anti-Rh e usado para testar sangue humano.
Trata-se, portanto, de um caso de alelos múltiplos. Os indivíduos cujo sangue aglutinava com o anticorpo produ-
Entre os alelos IA e IB há codominância (IA = IB), uma vez que o zido pela cobaia apresentavam o fator Rh e passaram a ser desig-
heterozigoto AB produz os dois tipos de proteínas (aglutinogênio). nados Rh+, o que geneticamente se acreditava corresponder aos
Entretanto, cada um deles é dominante em relação ao alelo i genótipos RR ou Rr.
(IA > i e IB> i). Os indivíduos que não apresentavam o fator Rh foram designa-
dos Rh- e apresentavam o genótipo rr, sendo considerados geneti-
camente recessivos.
Herança do fator Rh na população humana
Os anticorpos extraídos das cobaias foram testados na popula-
ção humana.
Nesses testes, verificou-se que parte da população humana
apresentava reação de aglutinação enquanto outra se mostrava in-
sensível.
Os indivíduos que apresentavam reação de aglutinação com
anticorpos foram considerados pertencentes ao grupo Rh+.
Os demais, que não apresentavam aglutinação, pertenciam ao
grupo Rh-.
Em estudos genéticos, ficou comprovado que a herança do fa-
tor Rh é monogênica com apenas 2 alelos.

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BIOLOGIA
Sendo que a presença do antígeno Rh é condicionada pela presença de um alelo dominante (R) e a ausência do antígeno Rh, pelo alelo
recessivo (r).
Doença Hemolítica do Recém-nascido (Dhr) – Eritroblastose Fetal: um problema genético

Mulheres Rh- (rr) que se casam com homens Rh+ (RR ou Rr) podem dar origem a crianças Rh+.
Como existe a possibilidade de o sangue materno ser transferido para o feto, em razão de um defeito na placenta ou hemorragias
durante a gestação e o parto, é possível que se formem, no organismo materno, anticorpos anti-Rh na primeira gestação.
Com isso, as crianças de partos subsequentes, que forem do grupo Rh+ podem apresentar sérios problemas.
Os anticorpos produzidos pela mãe na gestação anterior poderão atingir o sangue do feto e provocar a destruição de suas hemácias.
Isso resulta em problemas para o bebê. Tais como: morte intrauterina; morte logo após o parto; anemia grave; crianças surdas ou
deficientes mentais; icterícia (coloração amarela anormal devido ao derrame da bile no corpo e no sangue, devido às bilirrubinas) e insu-
ficiência hepática.
Essa doença que resulta da incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto é chamada Eritroblastose Fetal.

O que se faz nesses casos


Nos dias atuais, já existem algumas alternativas para contornar ou amenizar o problema decorrente do risco da Eritroblastose fetal.
Como, por exemplo, utilizar anticorpos incompletos após a primeira gestação de uma criança Rh+ por uma mãe Rh-.
Isso é feito injetando-se na mãe uma quantidade de anticorpos anti-Rh, que é uma imunoglobulina, cuja função é destruir rapidamen-
te as hemácias fetais Rh+ que penetram na circulação da mãe durante o parto, antes que elas sensibilizem a mulher, para que não haja
problemas nas seguintes gestações.

A vacina injetada é chamada Rhogan.


Este tipo de anticorpo não aglutina os glóbulos vermelhos do sangue Rh+.
Em vez disso, os anticorpos anexam-se aos antígenos receptores, nas suas superfícies, e os revestem.
Esses anticorpos incompletos podem ser injetados na mãe Rh- imediatamente após o parto e são destruídos dentro de poucos meses,
não apresentando qualquer perigo para a mãe ou suas gerações posteriores. Esse é o procedimento padrão atualmente.
Nos casos em que a mãe é do grupo Rh+ e o filho é Rh-, não há problemas para a mãe, pois a produção de anticorpos pela criança só
se inicia cerca de seis meses após o seu nascimento.
Em um processo de doação de sangue, devemos considerar o sistema ABO juntamente com o fator Rh para prever a compatibilidade
sanguínea entre o doador e o receptor.

Interação Gênica
A interação gênica ocorre quando dois ou mais pares de genes, com distribuição independente, determinam conjuntamente um único
caráter. Esses pares de genes interagem entre si.
É possível explicar a interação gênica através de um exemplo clássico na genética: a forma da crista nas galinhas. Existem quatro tipos
distintos de cristas na galinha; a crista simples, a crista rosa, a crista ervilha e a crista noz. Cada forma distinta de crista é condicionada pela
interação de dois pares de genes, resultando nos seguintes genótipos:
- Crista simples: eerr
- Crista rosa: eeR_ (eeRr/eeRR)
- Crista ervilha: E_rr (EErr/Eerr)
- Crista noz: E_R_ (EeRr/EERR)

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BIOLOGIA
No caso dos genótipos acima apresentados, note que nas cris- cor da pelagem depende dos dois pares de genes: Aa e Cc. Sendo
tas em forma de ervilha, noz e rosa os genes vêm acompanhados que, (A) determina a pelagem amarela, (C) determina a pelagem
de um traço. Esse traço significa um gene desconhecido. Portanto, preta, (a) não produz pigmento, e (c) em homozigose condiciona
tomando como exemplo a crista rosa, é possível afirmar que essa a ausência total de pigmento, ou seja, o albinismo. Sempre que
crista irá se manifestar toda vez que aparecerem, ao mesmo tempo, o gene (a) aparecer a coloração dos pelos será determinada pelo
os genes (e) em dose dupla e o (R) em dose simples, ou seja, os ge- gene dominante (A ou C). Quando os genes A e C aparecem juntos
nótipos eeRr e eeRR manifestam a forma da crista rosa. a coloração produzida é pardo-acinzentada. E quando o gene (c)
Da mesma maneira, a crista em forma de ervilha irá se mani- surge em homozigose junto ao gene (A) os ratos serão albinos, já
festar sempre que aparecerem, ao mesmo tempo, os genes (E) em que o par cc é epistático sobre o locus (A).
dose simples e o (r) em dose dupla. A crista em forma de noz surgirá
com os genes (E) e (R) em dose simples e juntos. Já a crista simples Herança Quantitativa
sempre será determinada pela dose dupla dos genes (e) e (r), mani- A herança quantitativa ou herança poligênica também é uma
festando sempre com o mesmo genótipo: eerr. modalidade da interação gênica, na qual se avalia variações de ca-
Portanto, ao cruzar galinhas de crista ervilha, puras, com ga- racteres, ao contrário dos caracteres que apresentam fenótipo sim
linhas de crista simples obtêm-se uma F1 com 100% de seus des- ou não, como no caso do daltonismo, onde o indivíduo é daltônico
cendentes de crista ervilha. Cruzando as galinhas de F1 entre si, ou apresenta visão normal.
obtêm-se uma F2 com galinhas de crista ervilha e de crista simples, Caracteres com variações apresentam gradação contínua do
na proporção de 3:1. fenótipo entre os extremos. Como por exemplo, o tom de pele.
Proporção: 3:1 (três galinhas de crista ervilha e uma galinha de Não existe apenas pele branca ou escura. Existem peles alvas, bran-
crista simples) cas, morenas, amarelas, pardas, mulatas, negras. Assim, a herança
Quando galinhas de crista em forma de ervilha são cruzadas quantitativa irá estudar todos esses fenótipos intermediários entre
com galinhas com crista rosa obtêm-se uma F1 com 100% de seus os extremos.
descendentes de crista em forma de noz. Ao cruzar as galinhas de Essas variações contínuas ocorrem de maneira suave, como no
F1 entre si, obtêm-se uma F2 com galinhas de crista noz, crista ervi- caso da estatura. Existem indivíduos com altura de 1,50m, 1,51m,
lha, crista rosa e crista simples, na proporção de 9:3:3:1. 1,52m, 1,53m, e assim por diante.
Proporção: 9:3:3:1 (nove galinhas de crista noz, três galinhas A herança quantitativa não apresenta dominância. Um gene
de crista ervilha, três galinhas de crista rosa e uma galinha de crista não apresenta dominância sobre o outro. Nessa herança, conside-
simples). ra-se o número de genes aditivos. Voltando ao exemplo da tona-
Como é possível galinhas de crista ervilha cruzarem com gali- lidade de pele, consideram-se os genes (A) e (B) como genes que
nhas de crista rosa e gerarem descendentes de crista noz? E ainda, acrescentam melanina ao fenótipo básico, já os genes (a) e (b) não
como é possível esses descendentes de crista noz cruzarem entre si acrescentam melanina. Os genes (A) e (B) são chamado de genes
e gerarem quatro fenótipos distintos? acrescentadores ou aditivos.
Isso acontece porque a forma da crista é definida por dois pa- Portanto, a tonalidade da pele será determinada pela quanti-
res de genes, (E) e (e) no caso da crista ervilha e (R) e (r) no caso da dade de genes aditivos no fenótipo. No caso da pele negra os dois
crista rosa. Esses pares de genes possuem segregação independen- genes aditivos são encontrados (AABB), na pele mulata escura são
te, porém não se manifestam de forma independente. encontrados 3 genes aditivos (AaBB ; AABb), na pele mulata mé-
dia dois genes aditivos (aaBB; AaBb ; AAbb), na pele mulata clara
Epistasia
apenas um gene(aaBb ; Aabb) e na branca, nenhum gene aditivo é
A epistasia é uma modalidade da interação gênica na qual, ge-
encontrado (aabb). Esse exemplo foi dado de maneira simplificada,
nes de um lócus inibem a manifestação de genes de outro lócus. O
apenas para facilitar o entendimento, já que existe uma variação
efeito epistático manifesta-se entre genes não alelos. Genes epistá-
muito maior na tonalidade da pele e portanto, mais genes aditivos.
ticos são os que impedem a atuação de outros, e hipostáticos são
Logo, a herança quantitativa é determinada por dois ou mais
os genes inibidos.
pares de genes que apresentam seus efeitos somados, em relação
Portanto consideraremos dois pares de genes:
a um mesmo caráter, de maneira a ocasionar a manifestação de um
O gene (A) é dominante sobre o alelo recessivo (a), assim como
o gene (B) é dominante sobre o alelo recessivo (b). Porém, o gene fenótipo em diferentes intensidades.
(A) não é dominante sobre o par Bb, pois são genes diferentes em Na herança quantitativa o número de fenótipos é determinado
lócus diferentes. Nesse caso, o gene (A) é epistático sobre o par Bb, por:
já que inibe seu efeito. E os genes (B) e (b) são hipostáticos, pois são
inibidos pelo gene (A). Número de genes +1
A epistasia pode ser dominante ou recessiva. Será dominan- Diante disso, se considerarmos os fenótipos da cor da pele do
te quando uma característica determinada por um par de genes exemplo citado acima, quatro genes são atuantes. Assim, 4 genes
depende, em parte, da ação de outro par de genes. Galinhas da +1 = 5 fenótipos. Os cinco fenótipos são representados por peles
raça Leghorn apresentam plumagem colorida condicionada pelo branca, mulata clara, mulata média, mulata escura e negra.
gene dominante (C), assim galinhas coloridas terão os genótipos: Outro exemplo é o da flor maravilha que apresenta como genes
CC ou Cc. O gene recessivo (c) condiciona plumagem branca, assim atuantes o (V) e o (B), mas apresenta três fenótipos, já que 2 genes
galinhas brancas terão o genótipo cc. E o gene (I) é epistático em +1 = 3 fenótipos. Sendo assim, os três fenótipos das cores das flores
relação a (C), inibindo a manifestação de cor. Seu alelo recessivo (i) são cor-de-rosa, vermelha e branca.
permite que a cor se manifeste. Assim, sempre que os genótipos
forem CCii ou Ccii as galinhas terão plumagem colorida, e quando Pleiotropia
os genótipos forem CCII, CcII, CcIi, ccII, ccIi e ccii as galinhas terão A Pleiotropia é a denominação utilizada para definir o estado
plumagem branca. de um gene, quando esse possui mais de uma atuação sobre o fe-
A epistasia recessiva ocorre quando o alelo recessivo em ho- nótipo, ou seja, é um mecanismo genético controlador de várias
mozigose funciona como epistático de um gene em outro lócus. É características a partir da expressão de um único gene.
possível exemplificar através da cor da pelagem de certos ratos. A

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BIOLOGIA
Os processos pleiotrópicos ocorrem com frequência nas espé- As funções desempenhadas pelas células de Sertoli são diver-
cies. Contudo para facilitar a compreensão, não é mencionado dida- sas. Dentre elas, auxiliam na troca de nutrientes e metabólitos dos
ticamente, sendo cada genótipo estudado de forma isolada. espermatócitos, espermátides e espermatozóides. A barreira for-
mada pelas células de Sertoli também protege os espermatozóides
Um bom exemplo da influência gênica envolvendo esse fenô- em desenvolvimento de ataque imunológico. Outra função desem-
meno é a manifestação condicionante de um gene em ervilhas, as penhada pelas células em questão é a fagocitose de excessos de
mesmas estudadas por Mendel. Tanto a cor do tegumento da se- fragmentos de citoplasma liberados durante a espermiogênese.
mente (a casca), a coloração das flores e a presença de manchas na Também secretam continuamente nos túbulos seminíferos um
base das folhas, são codificadas por um único gene. fluído que étransportado na direção dos ductos genitais e é usado
Em organismos homozigóticos dominantes e heterozigóticos, para transporte de espermatozóides. A secreção de uma proteína-
são produzidas ervilhas com tegumento acinzentado da semen- ligante de andrógeno pelas células de Sertoli é controlada por hor-
te, as flores são púrpuras e as folhas são caracterizadas por uma mônio folículo-estimulante e testosterona e serve para concentrar
mancha roxa nas proximidades da inserção ao ramo. O contrário é testosterona nos túbulos seminíferos, onde ela é necessária para a
observado nas espécimes homozigóticas recessivas: a cor das flo- espermatogênese. Células de Sertoli podem converter testosterona
res é branca, a casca da semente também é branca e as folhas não em estradiol e também secretam um peptídeo denominado inibina,
possuem manchas. que suprime a síntese e a liberação de FSH pela hipófise.
Na espécie humana um exemplo típico de pleiotropia bem ob- A partir da sétima semana, se o embrião é geneticamente do
servado é a fenilcetonúria. Condicionada por uma falha cromossô- sexo masculino, observa-se que os cordões sexuais desenvolvem-se
mica responsável pela tradução de uma enzima que metaboliza o e invadem a medula da gônada.
aminoácido fenilalanina presente no fígado, provoca diversos danos O mesênquima intertubular, origina-se e dá origem a um me-
ao organismo: diminuição da quantidade de pêlos, efeito sobre a sênquima intertubular diferenciado, com células potencializadas
pigmentação da pele e redução da capacidade intelectual. para formação de um grupo de células endócrinas (as células inters-
Outro aspecto está relacionado à dominância gênica em algu- ticiais de Leydig, que na 8ª semana começam a secretar testostero-
mas síndromes (síndrome de Marfan), causando deformidades ós- na) e as células conjuntivas. As células germinativas primordiais ori-
seas, deformidades nos olhos e afecções pulmonares e cardíacas. ginam espermatogônias no interior dos túbulos seminíferos e são
Texto adaptado de MELDAU. D. C. de grande importância para o desenvolvimento gonadal, uma vez
que o desenvolvimento das gônadas depende da chegada destas
Determinação do sexo células às saliências.
O sexo genético é estabelecido na fertilização, mas a genitália Os cordões testiculares separam-se da superfície que lhes deu
externa não adquire características masculinas ou femininas distin- origem e abaixo desta aparece uma cápsula de tecido conjuntivo
tas até a décima segunda semana. Os órgãos reprodutores se de- denso, a albugínea.
senvolvem a partir de primórdios, que são idênticos em ambos os O desenvolvimento de uma túnica albugínea densa é a indi-
sexos. Durante o estágio indiferenciado, um embrião tem potencial cação característica do desenvolvimento testicular no feto. Gra-
para se desenvolver tanto como no macho quanto como na fêmea. dualmente, o testículo em crescimento se separa do mesonefro em
O desenvolvimento do sistema genital é conseguido através degeneração e torna-se suspenso pelo seu próprio mesentério, o
da produção de gametas e de hormônios. A produção de gametas mesorquidio.
(espermatozóides e óvulos) se dá através das células da linhagem Os cordões testiculares permanecem sólidos até o sexto mês
germinativa, as quais são mantidas por células de natureza epitelial quando também formam os túbulos seminíferos, túbulos retos e
(células de Sertoli e células Foliculares). Já a produção de hormô- rede testicular.
nios depende de uma outra população celular, as células intersti- Os túbulos seminíferos sofrem canalização e adquirem luz, ao
ciais e as células da teca interna. mesmo tempo em que às células germinativas primordiais dão ori-
Apesar do sexo cromossômico e genético de um embrião ser gem a duas categorias de espermatogônias (a tipo A e a tipo B). As
determinado na fertilização pelo tipo de espermatozóide que ferti- espermatogônias do tipo A originam as células troncas, e as do tipo
liza o óvulo, as características masculinas e femininas só começam a B formam os espermatócitos primários.
se desenvolver na sétima semana. Os cordões sexuais primitivos dão origem aos tubos retos e à
O sistema genital se desenvolve em íntima associação com o rede testicular, além dos túbulos seminíferos. A diferenciação des-
sistema urinário ou excretor. tes cordões está na presença do cromossomo Y, que possui um fator
A linhagem germinativa provêm de células chamadas gonóci- determinante capaz de induzir a região medular das gônadas indife-
tos, as quais têm origem extragonadal, pois formam-se no endo- renciadas, recebendo o nome de fator Testículo Determinante. Na
derma do saco vitelino. Os gonócitos, idênticos em ambos os se-
8ª semana, os túbulos mesonéfricos iniciam um processo de desen-
xos, são células grandes que migram para o local onde as gônadas
volvimento no qual sua parte proximal estrutura-se em ductos efe-
se formam. Eles misturam-se com células epiteliais proliferantes e
rentes e porção epididimárias, enquanto a distal constitui os canais
juntos se dispõem formando cordões, chamados cordões sexuais
deferentes e a porção corresponde ao ducto ejaculador, além das
primitivos.
vesículas seminais.
Os cordões sexuais primitivos formam-se na parede do saco
Evaginações múltiplas de porção prostática da uretra em for-
vitelino, durante a quarta semana e migram para as gônadas em
mação crescem e constituem a porção epitelial glandular da prós-
desenvolvimento, onde se diferenciam em células germinativas,
ovogônias/espermatogônias. tata. Já na porção membranosa da uretra, desenvolvem-se evagi-
nações que levam a formação das glândulas de Cowper. O pênis se
Desenvolvimento do Órgão Reprodutivo Masculino forma com o desenvolvimento do seio urogenital. O mesenquima
Na 6ª semana, a região cortical das gônadas começa a se dege- forma as saliências genitais, que se diferenciarão em saliências es-
nerar e a região medular origina-se em formação tubular (túbulos crotais para formar o escroto, que ficam separados um do outro
seminíferos) contendo as células germinativas migratórias e as célu- pelo septo escrotal.
las mesenquiais derivadas do epitélio superficial que darão origem
às células de sustentação, as células de Sertoli.

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BIOLOGIA
Ovários, tubas uterinas, útero, vagina, vulva e mama As pregas urogenitais não se fundem, exceto na parte posterior,
Os ovários, situados um em cada lado da linha média do cor- onde elas se unem para formar o frênulo dos pequenos lábios. As
po, têm origem semelhante à dos testículos, considerando-se que partes não fusionadas das pregas urogenitais formam os pequenos
de sua formação tomam parte as células germinativas primordiais lábios. A maior parte da pregas labioescrotais permanece não fu-
e as saliências genitais até a fase gonadal indiferenciada, na qual sionada e forma duas grandes pregas de pele, os grandes lábios.
os cordões sexuais primitivos ocupam as regiões cortical e medu- Enquanto isso o clitóris surge com discreto alongamento do tubér-
lar das estruturas gonadais em desenvolvimento. Deste modo, não culo genital. Com a abertura do sulco urogenital, surge o vestíbulo.
temos como distingui-los dos testículos, antes do primeiro mês de O hímen é formado devido a uma invaginação da parede poste-
vida fetal. A presença de dois cromossomos X nas células do em- rior do seio urogenital, o que resulta na expansão da porção caudal
brião é de suma importância na caracterização fenotípica feminina da vagina. O hímen geralmente se rompe durante o período peri-
e no desenvolvimento de partes gonadais e ductais do sistema ge- natal e permanece como uma delgada prega de membrana mucosa
nital. Todavia, parece que o desenvolvimento ovariano não se limita dentro do orifício vaginal.
à dependência da carga genética do cromossomo X, admitindo-se Os restos do ducto mesonéfrico formam o sexo feminino e as
o envolvimento de um gene autossômico neste processo. Nestas mamas surgem durante o período de organogênese, que se desen-
gônadas, os cordões sexuais primitivos que brotam do seu epitélio volvem em direção ao mesênquima subjacente. O mesênquima
superficial e mergulham no mesênquima formam na região medu- aprofunda-se ao longo de faixas ectodérmicas desde as regiões axi-
lar em desenvolvimento a rete ovarii que degenera posteriormente. lares às inguinais, estas faixas são as cristas mamárias. De um broto
Com a degeneração da porção cordonal medular, o córtex se mamário inicial surgem vários brotos secundários de onde resultam
estrutura através de novos cordões mergulhados no mesênquima os ductos lactíferos, sob a influência de hormônios que atravessam
subjacente, agora denominados cordões corticais, aos quais se in- a placenta e chegam ao feto.
corporam as células germinativas primordiais no 3º mês de vida
pré-natal. Mais tarde, com a desagregação das células cordonais, Determinação do sexo
grupos isolados destas células se dispõem ao redor de células ger- O sexo cromossômico e genético é estabelecido na fertilização
minativas primordiais, que dão origem a ovogônias, estas apresen- e depende da fertilização de um óvulo que contenha um cromosso-
tam grande atividade mitótica, e muitas delas degeneram durante ma X e por um espermatozóide que contenha um X ou um Y. O tipo
a vida fetal, as restantes aumentam ligeiramente de volume, trans- de gônada que se desenvolve depende do complexo cromossômico
formando-se em ovócitos. sexual do embrião (XX ou XY). Antes da sétima semana, as gônadas
No 7º mês de vida intra-uterina, estes ovócitos, que já entraram dos dois sexos são idênticas em aparência e são chamadas de gôna-
na primeira divisão meiótica e permanecem na fase de diplóteno das indiferenciadas. O desenvolvimento do fenótipo masculino re-
até a puberdade, circundados por células planas oriundas da desa- quer um cromossoma Y. Dois cromossomas X são necessários para
gregação cordonal, formando nesta região os folículos primordiais. o desenvolvimento do fenótipo feminino.
Os ovócitos encontrados nestes folículos são ditos ovócitos primá- A ausência de um cromossoma Y resulta na formação de um
rios. Alguns destes folículos degeneram antes da puberdade, outros ovário. Consequentemente, o tipo de complexo cromossômico se-
podem entrar em degeneração nesta época, enquanto alguns ex- xual estabelecido na fertilização, determina o tipo de gônada que
perimentam crescimento e maturação sob a influência hormonal. se diferenciará a partir da gônada indiferenciada. O tipo de gôna-
O gubernáculo prende-se ao útero, próximo ao local de ligação da presente, então, determina o tipo de diferenciação sexual que
da tuba uterina. A parte cranial do gubernáculo torna-se o ligamen- ocorre nos ductos genitais e na genitália externa. A testosterona,
to ovariano, e a parte caudal forma o ligamento redondo do útero. produzida pelo testículo fetal, determina masculinidade. A diferen-
Há evidências de que as células planas (células foliculares) que ciação sexual feminina ocorre se os ovários estiverem ausentes e,
envolvem os ovócitos secretam uma substância inibidora da meio- aparentemente, não está sob influência hormonal.
se, e, por isso, os ovócitos primários não completam sua divisão Texto adaptado de FERREIRA, R. B. R. T; MARTINS, M. M. G;
antes da puberdade. SILVA, I.
As tubas uterinas têm origem nos ductos paramesonéfricos
(ductos de Müller) respondendo pela formação das camadas de te- Herança dos cromossomos sexuais
cido conjuntivo e muscular. Logo, das porções cefálicas destes duc- Na natureza, a maioria dos animais e muitas plantas, apresen-
tos é que deriva o epitélio tubário. As porções caudais dos ductos tam diferença sexual, onde encontramos organismos masculinos
de Müller fundem-se, originando o epitélio uterino e o epitélio da e femininos. Geralmente, essa diferenciação é determinada por
parte superior da vagina. O mesênquima circundante se encarre- cromossomos especiais, denominados cromossomos sexuais. As
ga de originar o restante da parede destes órgãos (útero e vagina). características determinadas pelos genes presentes nesses cromos-
Desta fusão também resulta a aproximação das duas pregas perito- somos também terão padrão de herança diferente dos genes locali-
neais, formando os ligamentos largos direito e esquerdo e as bolsas zados nos demais cromossomos (autossomos).
retouterinas e vesicouterinas. Todos os gametas (óvulos) formados por meiose em uma mu-
Já que a parte superior da vagina originou-se da fusão dos duc- lher possuem o cromossomo X, enquanto os homens podem for-
tos paramesonéfricos, o restante da vagina no que diz respeito ao mar gametas (espermatozóides) que apresentam o cromossomo X
seu epitélio, deriva-se do endoderma do seio urogenital. Quando os e outros, que apresentam o cromossomo Y. Por isso dizemos que as
ductos de Muller se fundirem e formarem o conduto uterovaginal, mulheres são o sexo homogamético e os homens são o sexo hete-
que fica em contato com o seio urogenital, originase o tubérculo do rogamético.
seio. Tal contato induz à formação dos bulbossinovaginais que, ao Embora não sejam totalmente homólogos, os cromossomos X
se fundirem originam a placa vaginal, cujas células centrais se de- e Y possuem pequenas regiões homólogas nas pontas, o que garan-
sintegram para o surgimento da luz vaginal e as periféricas parecem te, num indivíduo do sexo masculino, o emparelhamento dos dois
contribuir para a formação do epitélio dos dois terços inferiores da cromossomos e sua distribuição normal para as células filhas na pri-
vagina, embora haja quem admita que todo o epitélio vaginal venha meira divisão da meiose.
destas células

43
BIOLOGIA
O cromossomo Y é mais curto e possui menos genes que o cro- A região homóloga entre X e Y são importantes por promover
mossomo X, além de conter uma porção encurtada, em que exis- um pareamento parcial entre esses cromossomos durante a divisão
tem genes exclusivos do sexo masculino. Observe na figura 1 abaixo meiótica, o que garante sua segregação na formação dos gametas.
que uma parte do cromossomo X não possui alelos em Y, isto é, Nas regiões não homólogas do cromossomo X, encontram-se genes
entre os dois cromossomos há uma região não-homóloga. de importância estrutural, inclusive genes para algumas doenças que
serão estudadas a seguir. No cromossomo Y, em sua porção não homó-
loga, encontramos genes masculinizantes e de características exclusi-
vas para o sexo masculino. Esses genes são denominados holândricos.

HERANÇA LIGADA AO CROMOSSOMO X


Também conhecida como “herança ligada ao sexo”, engloba o
estudo de genes presentes no cromossomo X. Estes genes apresen-
tam padrão de herança diferente do convencional, descrito pelas leis
mendelianas, pois, nos machos, se encontram em hemizigose. Como
no cromossomo Y não existe a região de homologia para esses genes,
os machos apresentam apenas um alelo e vão expressar a caracte-
rística determinada por ele. Características de expressão recessiva,
basta um alelo presente no X para que a mesma se expresse em indi-
víduos do sexo masculino. Nesses casos dizemos que a característica
foi transmitida pela mãe, pois, o alelo responsável está presente no
cromossomo X herdado dela. Vejamos alguns exemplos:

DALTONISMO
Entretanto, o fato de apresentarem regiões sem homologia A percepção de cores pelo olho humano ocorre em células dos
tem implicações na herança de algumas características. Os genes cones que revestem a retina. Estas células detectam três tipos de
localizados na região do cromossomo X, que não possui homologia cores específi cas: azul, verde e vermelho (as demais cores são re-
em Y, seguem um padrão de herança denominada herança ligada sultado da combinação realizada em nosso cérebro). O tipo mais
ao cromossomo X ou herança ligada ao sexo. Herança ligada ao comum de daltonismo em humanos é o que não distingue as cores
cromossomo Y ou herança restrita ao sexo é a que se refere aos vermelho e verde. Os genes que determinam a capacidade para a
genes localizados somente no cromossomo Y, chamados de genes percepção destas cores estão localizados no cromossomo X.
holândricos.
Os possíveis genótipos e fenótipos correspondentes são:
HERANÇA DE CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO SEXO
A diferença cromossômica entre machos e fêmeas promove
também a ocorrência de um mecanismo de herança característico
para os genes localizados nestes cromossomos. Havendo uma dife-
rença morfológica entre os cromossomos sexuais, regiões homólo-
gas e não homólogas serão encontradas nos mesmos. As regiões
não homólogas são chamadas de regiões diferenciais, pois apresen-
tarão genes presentes apenas naquele tipo de cromossomo, assim,
esses genes não terão homólogos no outro cromossomo sexual.

Os homens daltônicos e hemofílicos transmitem os alelos d e h


somente para as filhas.
Um exemplo de teste para daltonismo está na Figura 3. Obser-
vação: O gene para detecção da cor azul está localizado no cromos-
somo 7, portanto, tem padrão de herança autossômica.

Figura 2. Representação dos cromossomos X e Y humanos, des-


tacando as regiões de homologia e região não homóloga.
Figura 3. Exemplo de teste para daltonismo. Indivíduos daltôni-
cos não conseguem visualizar o número na figura.

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BIOLOGIA
Veja o cruzamento (Figura 4) apresentando um casal formado por uma mulher portadora (XDXd) e um homem normal (XDY). A possi-
bilidade de descendentes é de 25% para mulher normal (XDXD), 25% para mulher portadora (XDXd), 25% para homem normal (XDY) e 25%
para homem daltônico (XdY). Neste cruzamento é possível visualizar que, para características ligadas ao cromossomo X, é a mãe portadora
quem transmite o alelo defeituoso ao filho.

Figura 4. Cruzamento entre um homem normal XDY e uma mulher portadora do alelo para o daltonismo XDXd. Os descendentes.

Nos heredogramas para características ligadas ao sexo usa-se representar o indivíduo portador com um sinal diferente ao do indivíduo
normal. Veja a representação deste padrão de herança na Figura 5. Observe também que homens que apresentam a característica não a
transmitem para seus filhos do sexo masculino, mas, suas filhas serão todas portadoras do alelo para a característica

Figura 5. Heredograma para representação de característica ligada ao sexo

HEMOFILIA
A hemofilia é uma doença caracterizada pela deficiência na produção de fatores de coagulação do sangue. Esta característica é deter-
minada por um gene presente no cromossomo X. Indivíduos portadores do alelo XH são capazes de produzir a proteína responsável pela
coagulação do sangue, enquanto o alelo Hh não produz essa proteína.

Os possíveis genótipos e fenótipos correspondentes são:

DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE


Doença caracterizada pelo enfraquecimento e atrofia progressiva dos músculos, manifesta-se por volta dos quatro anos de idade,
quando os meninos começam a apresentar dificuldades em movimentos comuns do cotidiano como se levantar de uma cadeira ou subir
uma escada. A doença progride lentamente até comprometer funções vitais, causando insuficiência cardíaca e respiratória. Geralmente os
indivíduos com esta característica sobrevivem até por volta dos vinte anos de idade. Como estes pacientes ao atingirem a idade fértil já se
encontram muito comprometidos pela doença, não chegam a se reproduzir e por esse motivo, não são encontradas mulheres com distrofia
muscular, pois, para estas apresentarem a doença, seria necessário herdar um par de alelos defeituosos (Xd) do pai e da mãe.

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BIOLOGIA
HERANÇA LIGADA AO CROMOSSOMO Y
Na porção diferencial do cromossomo Y não vamos encontrar genes estruturais como encontramos no cromossomo X. Nesse cromos-
somo encontramos apenas genes ligados a características exclusivas ao sexo masculino, como o gene SRY que produz o fator de diferen-
ciação testicular (TDF), responsável pela diferenciação embrionária do testículo. Outra característica também ligada ao cromossomo Y é a
ocorrência de pêlos nas bordas das orelhas (Figura 6), característica não muito comum, mas, exclusiva a indivíduos do sexo masculino. Um
homem que apresente essa característica vai transmiti-la a todos os seus descendentes do sexo masculino.

Figura 6. Indivíduo normal e indivíduo com pêlos nas bordas das orelhas

HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO


Alguns genes localizados em autossomos tem comportamento diferente dependendo do sexo do individuo, comportando a caracterís-
tica, hora como dominante, hora como recessiva, se o individuo for do sexo masculino ou feminino. Um exemplo para esse tipo de herança
é a calvície, que no homem é uma característica dominante, enquanto na mulher, é recessiva.Portanto, enquanto as mulheres precisam
apresentar dois genes para serem calvas, basta um gene C para a calvície se manifestar nos homens. (Figura 7).

Figura 7. Calvície – característica dominante no sexo masculino e recessiva no sexo feminino

MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSES


No início do período embrionário das fêmeas de mamíferos ocorre a inativação aleatória de um dos cromossomos X em cada célula.
Essa inativação ocorre por meio da compactação do material genético que fica visível como uma pequena região de coloração mais densa
no núcleo.
Essa inativação persiste por todas as mitoses, sendo transmitida às células filhas seguintes e, dessa forma, uma célula que anulou
um cromossomo X herdado do pai, vai gerar toda uma linhagem de células com este mesmo cromossomo compactado. Por esse motivo
de apresentarem linhagens uma de células com inativação do cromossomo X paterno, e outra do X materno, as fêmeas são consideradas
mosaicos de células.Na visualização microscópica, esse ponto do material genético correspondente ao cromossomo X anulado por com-
pactação é denominado cromatina sexual ou corpúsculo de Barr (Figura 8) e fica localizado próximo à membrana do núcleo. A cromatina
sexual está presente apenas em células femininas, pois, os machos apresentam apenas um cromossomo X não sofrem inativação desse
cromossomo.

Figura 8. Cromatina sexual presente em células femininas


Texto adaptado de OLIVEIRA. G. V. D.

46
BIOLOGIA
Doenças genéticas Padrões de herança associados a distúrbios monogênicos au-
As doenças genéticas podem ser classificadas em três grupos tossômicos dominantes e autossômicos recessivos. (A) Heredogra-
principais: (1) distúrbios cromossômicos, (2) distúrbios monogêni- ma representando o padrão de herança autossômico dominante de
cos e (3) distúrbios poligênicos. Os distúrbios cromossômicos são uma doença genética. Este é o padrão associado a doenças como
o resultado da perda, do ganho ou do rearranjo anormal de um ou doença de Huntington, neurofibromatose, distrofia miotônica, hi-
mais cromossomos, resultando em deficiências do material genéti- percolesterolemia familiar e várias outras. Círculo, mulher; quadra-
co ou em material genético excessivo. Os distúrbios monogênicos do, homem; aberto, não afetado; sólido, afetado. (B) Heredograma
são o resultado de um único gene mutante e apresentam padrões apresentando o padrão de herança autossômico recessivo de uma
típicos de herança mendeliana (autossômico dominante, autossô- doença genética. Este é o padrão associado a doenças como fibrose
mico recessivo e ligado ao X). Os distúrbios poligênicos ou multifa- cística, doença de Tay-Sachs, anemia falciforme e vários distúrbios
toriais resultam de múltiplos fatores genéticos e/ou epigenéticos metabólicos. Círculo, mulher; quadrado, homem; aberto, não afeta-
que não se encaixam nos padrões típicos de herança mendeliana. do; sólido, afetado; parcialmente preenchido, portador.
A expressão da doença refletida nas características clínicas en-
Distúrbios de um Único Gene tre indivíduos afetados por distúrbios autossômicos dominantes
Distúrbios de único gene envolvem a mutação de um gene que pode variar em função da penetrância reduzida e da expressividade
é responsável pelo fenótipo observado no indivíduo afetado. Esses variável. Do mesmo modo, a idade do início da doença pode va-
distúrbios em geral acompanham um dos três padrões de herança: riar, indo da primeira infância à fase adulta tardia. Alguns indivíduos
(1) autossômico dominante, (2) autossômico recessivo ou (3) ligado que herdam um gene mutante serão fenotipicamente normais (sem
ao X. A frequência de distúrbios monogênicos entre a população evidência da doença). Isso reflete uma penetrância incompleta da
geral é de cerca de 10 em 1.000 nascidos vivos. doença associada à mutação. A penetrância é uma medida de quão
frequentemente os pacientes com um alelo mutante expressam
Distúrbios Autossômicos Dominantes a doença associada à mutação. Dessa forma, uma mutação que
Distúrbios autossômicos dominantes são aqueles em que a apresente 100% de penetrância irá produzir doença em todo indi-
presença de uma única cópia de um gene mutante (alelo) resulta víduo portador da mutação. Em contrapartida, uma mutação que
em doença. Desse modo, tanto indivíduos homozigotos quanto he- apresente 50% de penetrância irá produzir doença em apenas 50%
terozigotos expressam o fenótipo da doença, homens e mulheres dos portadores da mutação. A expressividade variável refere-se à
são igualmente afetados, e qualquer indivíduo afetado pode trans- observação de que, em um grupo de indivíduos com uma doença
mitir a condição para seus descendentes. Na maioria dos casos, associada à mutação, a manifestação da doença pode ser diferente
os indivíduos afetados por um desses distúrbios apresentam pelo (diferenças na gravidade, no fenótipo da doença). Os mecanismos
menos um dos pais que também é afetado. O padrão autossômico responsáveis pela penetrância reduzida e pela expressividade variá-
dominante de herança é caracterizado pela transmissão vertical da vel não são bem conhecidos. Entretanto, acredita-se que os efeitos
doença de uma geração para outra, expressão igual entre homens e de outros genes ou fatores ambientais possam influenciar a expres-
mulheres, ausência de filhos afetados a partir de pais não afetados, são das mutações causadoras de doenças. Diferenças na idade de
chance de 50% de filhos afetados a partir de pais afetados, e a maio- início da doença refletem a observação de que algumas doenças
ria dos indivíduos afetados apresenta um dos pais afetado. Indiví- associadas a mutações se desenvolvem no início da vida e outras
duos com distúrbio autossômico dominante, mas sem um dos pais se desenvolvem em adultos ou mais tarde na vida. Esse fenômeno
afetado, em geral apresentam uma mutação fundadora no gene da provavelmente está relacionado ao contexto fisiológico e de desen-
doença. Mutações fundadoras não são encontradas nas linhagens volvimento em que os genes causadores de doença se expressam.
germinativas dos pais, mas ocorrem no espermatozóides ou no óvu- Distúrbios autossômicos dominantes afetam vários sistemas,
lo antes da fertilização. Desse modo, o filho afetado carrega o gene incluindo o sistema nervoso (doença de Huntington, neurofibro-
mutante em sua linhagem germinativa e pode passar a mutação matose, distrofia miotônica, esclerose tuberosa), o sistema uriná-
para sua prole. Os irmãos de indivíduos com mutações fundadoras rio (doença do rim policístico), o sistema gastrintestinal (polipose
não são afetados e não apresentam um risco maior de desenvolvi- colônica familiar), o sistema hematopoiético (doença de von Wille-
mento da doença. brand) e o sistema esquelético (síndrome de Marfan, osteogênese
imperfeita, acondroplasia e outras).
Além disso, alguns distúrbios autossômicos dominantes repre-
sentam doenças metabólicas (tais como hipercolesterolemia fami-
liar). Essa lista de exemplos procura ser representativa, mas não
completa.

Distúrbios Autossômicos Recessivos


Distúrbios autossômicos recessivos são aqueles em que duas
cópias do gene mutante são necessárias para a expressão do fenó-
tipo da doença. Desse modo, indivíduos heterozigotos são indistin-
guíveis de indivíduos portadores de duas cópias normais do gene
associado à doença. Entretanto, deve ser observado que, em alguns
indivíduos heterozigotos, há alterações sutis em vários parâmetros
bioquímicos, que não são facilmente detectáveis, pois não provo-
cam sintomas discerníveis. Esses indivíduos heterozigotos (que car-
regam um gene normal e um gene mutante) são denominados por-
tadores. A prole de dois portadores do mesmo gene mutante terá
uma chance de 25% de desenvolver a doença (devido à herança
homozigótica do gene mutante) e uma chance de 50% de se tor-
nar portadora (devido à herança heterozigótica do gene mutante).

47
BIOLOGIA
Em contraste com os distúrbios autossômicos dominantes, os dis- plos procura ser representativa, mas não completa. É notável que
túrbios autossômicos recessivos apresentam uma expressão mais muitas dessas doenças mitocondriais se manifestem como defeitos
uniforme do defeito, a penetrância completa é comum, e o iní- cio musculares, refletindo o grande consumo energético dos tecidos
da doença em geral ocorre precocemente na vida. Dessa maneira, o musculares e o fato de que a maioria dessas doenças mitocondriais
padrão de herança autossômico recessivo é caracterizado por pene- se caracteriza por comprometimento do metabolismo energético.
trância horizontal, indivíduos homozigóticos afetados apresentan-
do pais heterozigóticos não afetados, e pais heterozigóticos (mãe e Doenças Poligênicas
pai) com uma chance de 25% de ter um filho afetado. Doenças poligênicas ou multifatoriais resultam de múltiplos
fatores genéticos e/ou epigenéticos (mutações ou eventos de si-
Distúrbios Ligados ao X lenciamento gênico) e não se encaixam nos padrões mendelianos
Genes responsáveis por distúrbios ligados ao X são transporta- tradicionais de herança. Desse modo, elas representam patologias
dos pelo cromossomo X. O risco de desenvolvimento desses distúr- em que um único gene ou evento mutacional não irá diagnosticar
bios e sua gravidade variam entre homens e mulheres em função definitivamente ou ser capaz de prever o risco. Distúrbios poligêni-
do fato de os homens apresentarem um cromossomo X e as mu- cos incluem doenças crônicas da fase adulta, malformações congê-
lheres dois. Desse modo, as mulheres podem ser heterozigóticas ou nitas e síndromes dismórficas. Em alguns casos, amplas classes de
homozigóticas para um gene mutante ligado ao X, e a característica doenças refletem patogênese molecular poligênica; por exemplo,
associada pode se expressar de modo dominante ou recessivo. Em câncer (em quase todos os casos) é um distúrbio de genes múlti-
contrapartida, os homens expressam o gene mutante ligado ao X plos. Outros exemplos de doenças poligênicas incluem hipertensão,
sempre que ele for herdado. Não há transmissão de homem para doença cardíaca isquêmica, doença de Alzheimer e diabetes melito.
homem de distúrbios ligados ao X, e todas as filhas de homens afe- Em todos esses casos, a manifestação da doença está associada a
tados herdam o gene mutante da doença. Distúrbios recessivos li- interações de vários genes alterados e fatores ambientais. Dada a
gados ao X afetam principalmente homens. No caso de distúrbios complexidade dessas doenças (e famílias de doenças), não há uma
dominantes ligados ao X, todas as filhas de homens afetados tam- compreensão das complexidades genéticas da maioria das doenças
bém são afetadas. A inativação do X resulta na expressão de genes poligênicas, e a elucidação da patogênese molecular de distúrbios
ligados ao X de apenas um cromossomo X. Assim, a expressão de multifatoriais permanece pouco conhecida.
um distúrbio ligado ao X em uma mulher dependerá da presença do
gene mutante, bem como de sua localização em um cromossomo Distúrbios Citogenéticos
X ativo. Distúrbios citogenéticos são doenças que estão associadas a
A herança recessiva ligada ao X é responsável por um pequeno alterações cromossômicas. Em alguns casos, essas doenças são ca-
número de condições clínicas bem definidas. Alguns desses distúr- racterizadas por anomalias do cariótipo envolvendo números anor-
bios ligados ao X afetam sistemas de órgãos específicos, incluindo mais de cromossomos (perdas ou ganhos), enquanto, em outros,
o sistema musculoesquelético (distrofia muscular de Duchenne), o elas estão associadas ao rearranjo anormal de um ou mais cromos-
sangue (hemofilia A, hemofilia B, doença granulomatosa crônica, somos. Independente da manifestação molecular da anomalia cro-
deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase), o sistema imune mossômica, todos esses distúrbios resultam em deficiências de ma-
(agamaglobulinemia) ou o sistema nervoso (síndrome do X frágil). terial genético ou em material genético excessivo. O complemento
Além disso, alguns distúrbios metabólicos são doenças ligadas ao cromossômico normal de uma mulher é 46XX (referindo-se a 22 pa-
X, incluindo a síndrome de Lesch-Nyhan e o diabetes insípido. Essa res de autossomos e os cromossomos sexuais XX), e o complemen-
lista de exemplos procura ser representativa, mas não completa. to cromossômico normal de um homem é 46XY (referindo-se a 22
pares de autossomos e os cromossomos sexuais XY). A monossomia
Distúrbios Mitocondriais envolvendo um autossomo normalmente é fatal na fase embrioná-
A mitocôndria humana (e de outros mamíferos) contém sua ria, refletindo a perda de muitas informações genéticas para a via-
própria molécula de DNA de cerca de 17 kb, que apresenta vários bilidade do feto em desenvolvimento. Entretanto, algumas anoma-
genes que codificam proteínas associadas à função mitocondrial e lias numéricas, envolvendo a trissomia de autossomos, permitem
especificamente ao metabolismo energético (codificando algumas um nascimento vivo. No entanto, com raras exceções (síndrome de
das proteínas dos complexos enzimáticos da cadeia transportadora Down), essas trissomias autossômicas levam a recém-nascidos gra-
de elétrons e a enzima ATP-sintase mitocondrial). Cada mitocôndria vemente incapacitados, que morrem em uma idade precoce. Em
pode conter várias cópias do cromossomo mitocondrial, e cada cé- contraste, vários distúrbios cromossômicos afetando o nú- mero de
lula contém um grande número (talvez centenas) de mitocôndrias. cromossomos sexuais foram caracterizados.
Mutações em genes codificados pelo DNA mitocondrial estão as-
sociadas a várias doenças. Entretanto, a expressão de um estado DOENÇAS NEOPLÁSICAS
doente necessita do acúmulo de números suficientes de cópias
do DNA mitocondrial mutante (por deriva aleatória e segregação Classificação de Doenças Neoplásicas
citoplasmática) para resultar em disfunção mitocondrial no nível A palavra neoplasia é derivada do grego, significando condi-
celular. A herança de distúrbios associados à mitocôndria é estrita- ção de novo crescimento. O termo tumor com frequência é utili-
mente materna. Portanto, mulheres transmitem características de- zado para se referir a uma neoplasia. Tumor significa literalmente
terminadas pelas mitocôndrias a todos os seus filhos. Em casos ra- um inchaço. No início dos anos de 1950, R.A. Willis forneceu uma
ros, mães afetadas terão uma criança não afetada. Esse fenômeno descrição de neoplasia que ainda utilizamos nos dias de hoje: Uma
provavelmente reflete segregação citoplasmática de mitocôndrias neoplasia é uma massa de tecido anormal cujo crescimento é ex-
mutantes no tecido formador de gametas. cessivo e descontrolado em relação àquele dos tecidos normais e
Distúrbios mitocondriais incluem epilepsia mioclônica e doen- persiste da mesma maneira após a interrupção dos estímulos que
ça de fibras vermelhas rotas, neuropatia óptica hereditária de Leber, provocaram a alteração. Mais recentemente, outros pesquisadores
fraqueza muscular neurogênica/ataxia/retinite pigmentosa, síndro- descreveram os tumores como resultado de um processo patoló-
me de Kearns-Sayre, síndrome hereditária materna de Leigh, oftal- gico em que uma única célula adquire a capacidade de proliferar
moplegia progressiva e várias outras doenças. Essa lista de exem- de modo anormal (crescimento clonal), resultando em acúmulo de

48
BIOLOGIA
células da progênie, e definem o câncer como tumores que adquiri- Interação entre Genética e Epigenética no Câncer
ram a capacidade de invadir os tecidos normais circundantes. Essa O sequenciamento completo do genoma revelou uma alta fre-
definição ressalta um dos fatores de distinção mais importantes na quência de mutações específicas do câncer em genes conhecidos
classificação geral de neoplasias a distinção entre tumores benignos por direcionar e participar de processos epigenéticos que ocorrem
e malignos. em múltiplos tipos de câncer. Esses genes incluem enzimas que são
necessárias para a metilação do DNA (DNMTs), a metilação de lisina
A divisão de doenças neoplásicas em benignas e malignas é de histona (EZH2, MLL) e a remodelagem da cromatina (SMARCB1).
extremamente importante, tanto para a compreensão da biologia Portanto, eventos epigenéticos aberrantes podem ser a base das
dessas neoplasias quanto para o reconhecimento das alterações anomalias genéticas. As consequências fenotípicas das mutações
clínicas potenciais para tratamento. No nível mais básico, as neo- não são bem conhecidas. Além disso, a herança de algumas alte-
plasias são classificadas como benignas ou malignas. As neoplasias rações ou mutações genéticas pode aumentar a probabilidade de
benignas não apresentam características invasivas e são considera- a metilação do DNA ter como alvo genes-chave tais como MLH1 e
das como tumores que apresentam baixa probabilidade de invasão possivelmente contribuir aos cânceres familiares e ao início precoce
e dispersão. Em contraste, as neoplasias malignas apresentam com- da doença.
portamentos invasivos e/ou alto risco de dispersão metastática.
Uma subclassificação adicional das neoplasias malignas traça uma Texto adaptado de ASHLEY G. RIVERBARK E WILLIAM B. COLEMAN.
distinção entre (1) cânceres da infância versus cânceres que afetam
principalmente adultos, (2) tumores sólidos versus neoplasias he-
matopoiéticas e (3) cânceres hereditários versus neoplasias espo-
rádicas. Tanto neoplasias benignas quanto malignas são compostas HISTOLOGIA ANIMAL: TECIDO EPITELIAL, TECIDO
por células neoplásicas que formam o parênquima e por estroma CONJUNTIVO, TECIDO MUSCULAR E TECIDO NERVOSO
não neoplásico que é composto de tecido conectivo, vasos sanguí-
neos e outras células que dão suporte ao parênquima do tumor. Sabemos que os seres vivos são formados por células. Aqueles
que apresentam apenas uma célula são chamados de unicelulares,
O estroma do tumor apresenta uma função crítica no apoio do enquanto aqueles que apresentam várias células recebem a
crescimento das neoplasias fornecendo irrigação sanguínea para denominação de multicelulares ou pluricelulares. Esses últimos
nutrientes e oxigênio. Em quase todos os casos, as células do pa- apresentam frequentemente células semelhantes que trabalham
rênquima determinam o comportamento biológico (e o curso clí- em conjunto, formando tecidos, que são o objeto de estudo da
nico) da neoplasia. Além disso, o tipo de célula do parênquima da histologia (histo = tecido; logia = estudo).
neoplasia determina como a lesão é nomeada. Nos animais encontramos quatro tipos básicos de tecidos: o
epitelial, o conjuntivo, o muscular e o nervoso. Estes apresentam
Predisposição Genética de Doença Neoplásica ainda alguns subtipos como veremos a seguir.
O câncer não é uma doença, mas uma miríade de doenças com O tecido epitelial apresenta células justapostas, ou seja,
tantas manifestações diferentes quanto tecidos ou tipos celulares bastante unidas, e que apresentam pouca ou nenhuma substância
no corpo humano. Todos esses estados de enfermidade têm em intercelular. Esse tipo de tecido é encontrado formando a pele,
comum certas propriedades biológicas das células que compõem revestindo órgãos internos e constituindo as glândulas. Ele pode ser
os tumores, incluindo crescimento celular descontrolado (clonal), dividido em dois tipos básicos: glandular e de revestimento.
dificuldade de diferenciação celular, invasividade e potencial me- O tecido conjuntivo, diferentemente do epitelial,
tastático. Atualmente, sabe-se que o câncer, na sua forma mais apresenta grande quantidade de substância intercelular e,
simples, é uma doença genética. Mais precisamente, ele é uma consequentemente, células bem separadas. Normalmente nessa
doença de expressão gênica anormal. Os mecanismos moleculares substância são encontradas fibras colágenas, elásticas e reticulares.
que governam a proliferação celular descontrolada na doença neo- Os principais tipos de tecido conjuntivo observados nos animais
plásica envolvem perda, mutação ou desregulação de genes que são o propriamente dito, cartilaginoso, ósseo, sanguíneo, linfático,
positivamente ou negativamente controlam a proliferação, a migra- hematopoético e adiposo.
ção e a diferenciação celulares. A carcinogênese é um processo em O tecido muscular caracteriza-se por sua grande capacidade de
múltiplas etapas pelas quais o câncer se desenvolve em resposta contração graças à presença de células musculares que possuem
a alterações na expressão gênica conduzidas por alterações cro- filamentos de miosina e actina. O tecido muscular pode ser
mossômicas, mutações gênicas e alterações epigenéticas do DNA. classificado em três tipos: o estriado esquelético, estriado cardíaco
A ideia de que a carcinogênese é um processo em etapas múltiplas e não estriado.
é apoiada por observações morfológicas das transições entre cres- Por fim temos o tecido nervoso, que é responsável por
cimento celular pré-maligno (benigno) e tumores malignos. No cân- perceber e responder tanto a estímulos internos como a externos.
cer colorretal (e em alguns outros tipos de câncer), a transição de Ele forma o sistema nervoso dos animais, que, nos vertebrados, é
uma lesão benigna para uma neoplasia maligna pode ser facilmente composto por encéfalo, medula espinhal, nervos e gânglios. Suas
documentada e ocorre em etapas discerníveis, incluindo adenoma principais células são os neurônios e gliócitos.
benigno, carcinoma in situ, carcinoma invasivo e finalmente metás-
tase local e distante. Além disso, demonstrou-se que alterações ge-
néticas específicas se correlacionam com cada uma dessas etapas
histopatológicas bem definidas do desenvolvimento e da progres-
são do tumor. Entretanto, é importante reconhecer que é o acúmu-
lo de alterações genéticas múltiplas em células afetadas (e padrões
de expressão gênica anormais associados), e não necessariamente
a ordem em que essas alterações se acumulam, que determina a
formação e a progressão do câncer.

49
BIOLOGIA
6. Os órgãos do nosso corpo fazem parte de diferentes siste-
EXERCÍCIOS mas. O coração, o estômago e a traqueia fazem parte, respectiva-
mente, de quais sistemas?
1. O corpo humano é constituído por aproximadamente 240 (A) Sistema cardiovascular, sistema respiratório e sistema di-
diferentes tipos de células, organizadas em quatro principais teci- gestório.
dos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Sobre esses tecidos, (B) Sistema cardiovascular, sistema digestório e sistema respi-
assinale a alternativa errada: ratório.
(A) O tecido epitelial tem origem ectodérmica e é formado por (C) Sistema cardiovascular, sistema urinário e sistema digestó-
células fortemente aderidas umas às outras, o que lhes permite rio.
conferir proteção contra o atrito e contra a entrada de micro- (D) Sistema respiratório, sistema digestório e sistema urinário.
-organismos no corpo. (E) Sistema respiratório, sistema urinário e sistema respiratório.
(B) O tecido conjuntivo tem origem ectodérmica e mesodér-
mica e compreende uma grande variedade de tipos celulares, 7. Os rins são importantes órgãos do nosso corpo, sendo res-
como os fibroblastos, osteoclastos e plaquetas, envolvidos por ponsáveis:
uma matriz extracelular abundante e diversificada. (A) pela formação da urina.
(C) O tecido muscular tem origem mesodérmica e é formado (B) pelo armazenamento da urina.
por três tipos diferentes de fibras musculares, que em comum (C) pela filtração do sangue e formação da linfa.
têm o fato de conterem grande quantidade de proteínas do (D) pelo bombeamento de sangue para várias partes do corpo.
tipo actina e miosina em seus citoplasmas. (E) pelo transporte da urina para fora do corpo.
(D) O tecido nervoso tem origem ectodérmica e sua principal
célula é o neurônio. Estes neurônios frequentemente apresen- 8. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que indica
tam bainha de mielina produzida por dois outros tipos celula- corretamente o segundo maior órgão do corpo humano.
res, os oligodendrócitos e as células de Schwann. (A) Pele
(E) B e D estão corretas. (B) Pulmão
(C) Rim
2. Os tendões são estruturas formadas, principalmente, por (D) Fígado
tecido: (E) Baço
(A) Ósseo
(B) Muscular 9. Que órgão do corpo do homem é responsável pela formação
(C) Adiposo dos gametas masculinos?
(D) Conjuntivo (A) Uretra
(E) Cartilaginoso (B) Testículo
(C) Próstata
3. Em relação às estruturas anatômicas do coração, qual das (D) Vesícula seminal
opções abaixo é correta? (E) Ovário
(A) A Válvula de Eustáquio está na entrada da veia cava inferior.
(B) A Válvula de Eustáquio está na entrada do seio coronário. 10. Sobre a estrutura do DNA, marque a alternativa incorreta:
(C) A Válvula de Tebésio fica na entrada da veia cava superior. (A) O DNA carrega as informações genéticas do indivíduo.
(D) A valva pulmonar é bicúspide. (B) Os cromossomos são formados principalmente por DNA.
(E) A valva mitral é sustentada por quatro músculos papilares, (C) O DNA, assim como o RNA, é formado por nucleotídeos,
sendo dois para o folheto posterior e dois para o folheto ante- que são constituídos por um fosfato, um açúcar e uma base
rior. nitrogenada.
(D) Os nucleotídeos que formam o DNA diferenciam-se do RNA
4. A Articulação Têmporo Mandibular é dupla, bilateral, com por apresentarem uma ribose e a base timina.
movimentos sincronizados entre as 2 articulações. Um de seus
componentes, a cápsula articular, envolve toda a articulação e é 11. Marque a alternativa que melhor define um gene.
formada por: (A) O gene é uma porção da molécula de RNA que determina
(A) tecido retrodiscal; uma característica.
(B) líquido sinovial; (B) O gene é uma região do DNA que é responsável pela síntese
(C) tecido conjuntivo denso; de carboidratos, determinando nossas características.
(D) fibrocartilagens; (C) O gene é uma sequência de nucleotídeos em que está con-
(E) receptores mecânicos e de dor. tida a informação que será usada para a síntese de proteínas.
(D) Trecho do RNA que contém sequências de nucleotídeos que
5. O músculo elevador do ânus ou diafragma pélvico é o princi- são usados para a síntese de proteínas.
pal componente do assoalho pélvico e é composto por três partes;
são elas: 12. Marque a alternativa que indica corretamente o nome
(A) ileococcigeo, puboretal e pubococcigeo; dado ao processo pelo qual cópias idênticas de uma molécula de
(B) ileorretal, pubococcigeo e puboretal; DNA são formadas.
(C) puboretal, esfíncter interno e esfínter externo do ânus; (A) Transcrição
(D) ileococcigeo, ileopúbico e esfíncter interno do ânus; (B) Tradução
(E) puboretal, íleorretal e músculo piriforme. (C) Transformação
(D) Replicação
(D) Enovelamento

50
BIOLOGIA

GABARITO ANOTAÇÕES

1 A ______________________________________________________
2 D ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 C
______________________________________________________
5 A
6 B ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 B
10 D ______________________________________________________
11 C ______________________________________________________
12 D
______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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51
BIOLOGIA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
1. Documentos Médico Legais: Relatórios, Pareceres E Ates . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Traumatologia Forense. Conceitos. Estudo Das Lesões Causadas Por Instrumentos Perfurantes, Cortantes, Contundentes, Corto Con‐
tundentes, Perfuro Contundentes, Perfurocortantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Agentes Físicos Não‐Mecânicos: Lesões Causadas Por Temperatura, Eletricidade, Pressão Atmosférica, Explosões, Energias Ionizantes
E Não‐Ionizantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4. Asfixiologia: Enforcamento, Estrangulamento, Esganadura, Sufocação, Soterramento, Afogamento, Confinamento E Gases Inertes32
5. Princípios Da Identificação Humana: Identificação E Identidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6. Tanatologia Forense. Conceitos. Necropsia Médico‐Legal: Indicações, Requisitos, Técnicas. Dinâmica, Fenômenos De Morte E Sinais De
Morte; Lesões Vitais E Pós‐Mortais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. Procedimentos Técnicos: Sinais Vitais, Higiene, Contaminação, Biossegurança, Transporte, Procedimentos Pós-Morte, Abertura Das
Cavidades, Preservação Do Cadáver . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
É de notificação compulsória o diagnóstico de morte ence-
DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS: RELATÓRIOS, fálica. O médico diz que ela está morta e pode captar os órgãos,
PARECERES E ATESTADOS desencadeia a possibilidade da captação de órgãos desde que
a família concorde.
São as notificações compulsórias, relatórios, pareceres e os Diagnóstico de morte encefálica, independentemente se
atestados. for autorização da família para a doação de órgãos. Informado a
central de notificação, capitação e distribuição de órgãos.
NOTIFICAÇÕES COMPULSÓRIAS A central de notificação capitação e distribuição de órgãos
Definição: São comunicações obrigatórias feitas pelo médi‐ que deve ser informado.
co às autoridades competentes, por razões sociais ou sanitárias. Art. 269, CP Deixar o médico de denunciar à autoridade pú-
É indispensável para o planejamento da saúde; definição blica doença cuja notificação é compulsória:
de prioridades de intervenção; avaliação do impacto das inter- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
venções. Envenenamento de água potável ou de substância alimen‐
Relatório feito por determinados órgãos por motivo social tícia ou medicinal
ou de saúde pública. Nesse caso só incide sobre o médico. O que está destacado
- Ex.: HIV. Essa notificação permite planejamento em saúde. na portaria 104 do ministério da saúde.
- Ex.: surtos de febre amarela. Permite montar um esquema
para intervir. RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL
Essa notificação também permite avaliar se a ação realizada Definição: Narração detalhada da perícia, com emissão de
ajudou no efeito ou não. Geralmente são tratadas no centro de juízo valorativo. Quando redigido pelo perito é chamado de lau‐
saúde. do, e quando ditado ao escrivão, de auto.
Será que está quebrando sigilo fazendo essa notificação? Sete partes:
Todos que tem contato com essa notificação tem direito de si‐ 1.Preambulo: Introdução, na qual consta a qualificação da
gilo, mas a população tem que saber o que está acontecendo autoridade solicitante, dos peritos, do diretor que solicitou, exa‐
para se prevenir. O sigilo é sobre os dados das pessoas. Não con‐ minado, além de local, data, hora e tipo de perícia. Aqui o Art.
figuram quebra de sigilo profissional, assim como os relatórios 159, parágrafo 3º, CPP dá os quesitos das partes
periciais, porque prevalece o interesse público ou o dever legal. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias se-
E se deixar de notificar? Todos os médicos, enfermeiros, di‐ rão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso
retores, etc, são obrigados a notificar. superior.
O que não pode ser passado para a população são informa‐ § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente
ções pessoais da pessoa contaminada. de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formu-
Quem pode notificar é o médico. A enfermeira tem o dever lação de quesitos e indicação de assistente técnico.
se o médico não notificar. 2.Quesitos: perguntas sobre fatos relevantes que origina‐
Falta de notificação – artigo 269 CP – onde ela é obrigatória ram o processo penal, oficiais e padronizadas em impressos
é crime. Só vale para o médico, os outros não. utilizados pelas instituições médico-legais de cada Estado. Nas
Situações que envolvem notificação: perícias psiquiátricas e exumações não existe padronização.
1.Doenças, agravos e eventos em saúde pública constantes 3.Histórico ou comemorativo: breve relato dos fatos ocorri‐
da portaria n 104 de 25.01.2011 do ministério da saúde. dos por informação da vítima ou indiciado, ou dos dados da guia
2.Crime de ação penal pública incondicionada cujo conheci‐ de remoção do cadáver.
mento se deu em função do exercício da medicina. 4.Descrição: Principal parte do laudo, perito descreve, mi‐
3.Comunicação de lesão ou morte causada por atuação de nuciosamente, aquilo que encontrou no exame. (lesões – des‐
não médico. crever de uma maneira que qualquer um que ler visualize essas
4.Esterilizações cirúrgicas. lesões, até porque, ele é o único que vê – visam et repertum –
5.Diagnóstico de morte encefálica, independentemente se parte principal do relatório)
for autorização da família para a doação de órgãos. 5.Discussão: lesões são analisadas cientificamente e com‐
Crime de ação penal pública incondicionada cujo conheci‐ paradas com os dados do histórico, dando origem à formulação
mento se deu em função do exercício da medicina: Ex.: abor‐ de hipót4eses a respeito da mecânica do crime. (tudo que ele
to, estou em um pronto socorre chega uma mulher morrendo quiser falar)
com infecção generalizada, pensa na possibilidade da infecção 6.Conclusão: tomada de postura quanto a ocorrência ou não
decorrer de aborto, uma forma utilizada para o aborto tem uma do fato (tem que ser objetivo – ex.: houve conjunção carnal.)
planta que passa pelo colo do útero e mansa a mulher para casa 7.Resposta aos quesitos: finalidade estabelecer a existência
aquilo vai absorvido água e vai dilatando o colo do útero, só vai de um fato típico sem deixar dúvidas. Deve responder de forma
quando não consegue mais reagir. Se percebe que foi um aborto sucinta e objetiva. (ex.: quesito prejudicado – falta de elementos
provocado se colocar isso no prontuário está incriminando o pa‐ significantes e conclusivos).
ciente, tem obrigação legal.
Ex.: uma moça com câncer de colo de útero pequeno a chan‐ PARECER MÉDICO-LEGAL
ce de curo é altíssima, na época tinha uma vacina contra o cân‐ Definição: Documento utilizado para dirimir divergências na
cer, a mulher foi tomar as vacinas retorna duas semanas depois interpretação dos achados de uma perícia, sendo solicitado a
com infecção generalizada e morre, mas não pelo câncer. uma pessoa de renome. É dado sobre o relatório médico-legal e,
Se pega um caso de aborto provocado e fala que foi em uma por isso, constam apenas quatro partes:
aborteira, fala que tem algumas lesões. 1.Preâmbulo: qualificação do solicitant4e e do parecerista.
Esterilizações cirúrgicas. – método definitivo, ligadura de 2.Exposição dos motivos: breve relato dos quesitos formu‐
trompa e etc. lados e histórico.

1
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
3.Discussão: parecerista demonstra sua competência na matéria.
4.Conclusão: síntese clara dos pontos relevantes para discussão.
Prazo: fixado em audiência.
Assistente técnico faz parecer, peritos oficiais fazem laudos.
Não comporta descrição das lesões.

ATESTADO MÉDICO
Definição: É a afinação pura e simples, por escrito, deforma singela, resumida e objetiva de um fato médico e suas consequên‐
cias, ou de um estado de sanidade.
Emissão: Pode ser emitido no próprio receituário ou em papel timbrado
Objetivo: após exame do paciente, informar um estado de sanidade ou de doença, anterior ou atual, para fins de licença, dis‐
pensa ou justificativa de faltas, ente outros, diferentemente do laudo pericial que exige detalham entorno dos achados.
É parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do paciente.
O atestado pode ser:
- Oficioso: que é aquele fornecedor gratuitamente, quando vai ao médico e constata alguma patologia e atesta dizendo o tempo
necessário de afastamento. A falsidade está no que ele fala que a pessoa tem, omite ou emite o atestado sem examinar. Solicitado
para atender a interesses particulares.
- Administrativo: atestado de vacinação são administrativos, se viajar para algum lugar onde ocorre febre amarelo exigem
atestado de vacinação, atestados em concurso. Exigidos por autoridade administrativas para funcionários públicos, nos casos de
concessão de licença, de aposentadoria, para atestar vacinação antivariólica e para atestar sanidade física e menta, nas admissões
em escolas e repartições públicas.
- Judiciário: aquele que é solicitado pelo juiz para abono de falta de jurado. Requisitado pelo juiz, mais comum ente, para jus‐
tificar falta de jurado.

Compromisso: Não exige compromisso legal, mas não significa que o médico não esteja obrigado a relatar a verdade (artigo
302 do CP).
Falsidade: O atestado é falso quando afirmar uma inverdade, negar ou omitir uma verdade, ou se for emitido sem exame do
paciente. A falsidade do atestado médico é ideológica, afetando seu conteúdo. O fim a que se propõe não tem imortal ia para sua
antijuridicidade.
Se tiver como consequência um tempo de repouso ou de afastamento do trabalho, deve o profissional especificar o tempo
concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente.
Presunção de verdade: O atestado médico goza de presunção de veracidade, devendo ser acatado por quem de direito, salvo
se houver divergência de entendimento por médico da instituição ou perito.
Valor Probatório: Os relatórios e os atestados, como documentos médico-legais, têm o mesmo valor probante, diferenciando‐
-se por versarem sobre assuntos diferentes.
Sigilo: O médico sofre restrições decorrentes do dever de sigilo, a presença do diagnostico no corpo do atestado, seja de forma
escrita ou pela sua sigla na CID-10, pressupõe consentimento expresso do paciente, justa causa ou dever legal. Essas restrições
estendem-se à revelação de informações confidenciais quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos
próprios dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade
(art. 76 do CEM).
Dessa forma, constatada a aptidão, o diagnóstico de gravidez de uma candidata só poderá constar do atestado se houver con‐
sentimento da mesma. Por outro lado, se o cargo pleiteado trouxer riscos à gestação, a colocação de tal diagnóstico será por justa
causa, independendo da anuência da candidata.

ATESTADO DE ÓBITO
Definição: São os dados de ordem médica constantes do bloco IV da Declaração de Óbito (DO), que é o documento-base do
Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS).
É composta de três vias sendo fornecida pelo Ministério da Saúde e distribuída pelas Secretarias Estaduais e Municipais de
saúde.

Função: Tem as funções de:


- Marcar o fim da pessoa natural (função legal)
- Conhecer a situação de saúde da população por meio dos dados de óbitos
- Gerar ações, com base nesses dados, visando à melhoria das condições de saúde
- Fornecer dados para as estatísticas de mortalidade.

2
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
É indispensável para assentamento do óbito no cartório de registros civil (art. 77, Lei 6.015/1973), que retém uma das vias.

Morte natural Morte violenta Morte suspeita


É a que ocorre por doença É a decorrente de energias externas:
É a morte inesperada, sem sinais de violência,
ou envelhecimento. crime, suicídio ou acidente, inclusive
mas que ocorreu em condições estranhas.
acidente de trabalho.

Perda fetal precoce Perda fetal intermediária Perda fetal tardia

Menos de 20 semanas de gestação 20 a 28 semanas de gestação Mais de 28 semanas de gestação

Feto com peso inferior a 500 gramas Feto com peso entre 500 a 1.000 gramas Feto com peso superior a 1.000 gramas;

Feto com estatura abaixo de 25 centímetros. Feto com estatura entre 25 e 35 centímetros Feto com estatura acima de 35 centímetros

A família recebe a Certidão de Óbito necessária ao sepultamento ou cremação.


Quem pode atestar o óbito e assinar o DO? De acordo com o artigo 77, Lei 6015:
Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do as-
sento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem
presenciado ou verificado a morte.
Mortes naturais: o médico assistente está obrigado a assinar o atestado de óbito, mas se na localidade inexistirem médicos, o
atestado pode ser assinado por qualquer pessoa qualificada (enfermeira, dentista, biólogo, médico veterinário, parteira).
Causa mal definida ou indeterminada: Se não sei do que a pessoa morreu coloca causa mal definida. Pode ser que na autópsia
também não se encontre a causa da morte e é colocada como causa indeterminada.
Muitas vezes tem material dessa pessoa que é guardo, sangue, tecido, porque pode ser que a causa da morte não consiga de‐
tectar e aí depois de um tempo consegue dar diagnóstico daquele caso.

Dependendo das condições em que ocorre, considera-se:

Médico obrigado a atestar o óbito:

ØMorte natural
Médico impedido de atestar o óbito (= autópsia).
Morte por causa natural com assistência médica: médico que prestava assistência médica.

ØMorte natural (SVO - serviço de verificação de óbito)


- sem assistência já chega no hospital morto, sem diagnóstico ficou internado, mas não chegou no diagnóstico (menos de 24
horas de internação)
--Como não há suspeita de violência a família pode se negar, o médico não tem diagnóstico ele coloca como mal definida, a
família se nega a permitir a autópsia e o diretor clínico vai atrás do juiz para suprir essa autorização.
---Essa autópsia é importante, pois as vezes envolve interesse público.
---Que não tenha dado assistência;
---Sem diagnóstico da causa mortis, mesmo após internação por curto período, isto é, menos de 24 horas.

- Sem diagnóstico (menos de 24 horas de internação)

ØMorte violenta ou suspeita (IML): morte violenta aquela que decorre de crime, suicido, acidente, acidente de trabalho tam‐
bém, aquele vizinho que caiu em casa e quebrou, tem uma pneumonia e morre o médico estou impedido de atestar o óbito porque
a queda é um acidente.Nestes casos, há necessidade de autópsia, sendo o atestado fornecido pelo médico que a realizar.
Nas mortes violentas ou suspeitas, a autópsia é obrigatória, sendo realizada no Instituto Médico Legal (IML).
Havendo nexo causal entre a morte e a violência, mesmo que a morte ocorra tardiamente em relação ao momento do fato, o
corpo deve ser encaminhado ao IML para autópsia.
Nos casos de morte natural de causa mal definida, a autópsia será feita pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO), pertencente
ao Serviço de Anatomia Patológica do hospital. Entretanto, como a família pode opor-se, já que esta autópsia não é compulsória,
resta, nesses casos, recorrer ao suprimento judicial.
- Acidentes
- Crimes
- Suspeita: inesperada, em condições estranhas mas sem sinal de violência

3
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
--Cara vem se hospedar no hotel, quando entram no quarto -- Entretanto, se o tempo de gestação for pequeno e se o
está caído no banheiro, tem arranhão justificado pela queda, é fato morto ficou dias retido no útero materno, ao nascer já es-
uma morte inesperada em condições estranhas, mas sem sinal tará em processo destrutivo e muitas vezes não individualiza-
de violência. Pessoa que chega com dor no peito, e faz um ele‐ do.
trocardiograma e morre, se enquadra como morte suspeita de -- Neste caso, temos três regras.
repente encontra uma ossada, um cadáver é morte suspeita, --- A regra antiga, preconizada pela Organização Mundial
encontra morto dentro de casa em avançado estado de putrefa‐ de Saúde (OMS), considerava inicialmente o tempo gestacional,
ção, morte suspeita tem que saber o que aconteceu. mas foi complementada com o peso e estatura do feto porque
- Quem atesta o óbito é o médico que faz a autópsia. muitas vezes essas características fetais não condiziam com o
tempo alegado pela gestante.
- Localidades sem SVO.
-- D.O. emitida por médicos do serviço público de saúde A obrigatoriedade de atestar o óbito e leva-lo a registro re‐
mais próximo do local onde ocorreu o evento e, na sua ausên- cairia apenas sobre as perdas fetais tardias.
cia, por qualquer médico da localidade. - As perdas intermediárias e precoces seriam consideradas
aborto, ficando o médico desobrigado a fornecer o atestado de
- Localidade sem IML óbito.
-- D.O. emitida por qualquer médico da localidade, ou outro - Havendo obrigatoriedade, o corpo é considerado cadáver
profissional investido pela autoridade judicial ou policial. (NO‐ e tem de ser enterrado ou cremado. Nos demais casos, como
MEADO). não podem ser tratados como lixo comum, devem ser incine‐
rados.
- Localidade sem médico - A regra com base na Classificação Internacional das Doen-
-- Emissão de 3 vias da D.O. deverá ser solicitada ao Car- ças (CID-10), que substituiu a anterior, considerado período pe-
tório do Registro Civil de Referência, pelo responsável pelo fa- rinatal:
lecido, acompanhado de duas testemunhas, em conformidade -- A partir de 22 semanas de gestação;
com os fluxo acordados com as corregedorias de Justiça local. --Fato com 500 gramas ou mais de peso;
-- Feto com estatura acima de 16,5 centímetros (medida
- D.O. com duas causas da morte craniocaudal de feto até 20 a 22 semanas de gestação, tirada
-- Pode ocorrer, se leva tiro em 2 locais fatais, por exemplo. da cabeça até o cóccix em virtude de os membros interiores
-- As vezes se encontra duas lesões mortais. Se pega uma estarem em flexão).
perfuração no tórax e no abdômen, o que matou foi a última,
porque já sangrou demais na primeira. Ou coloca as duas ou -Abaixo disso, seria aborto, não necessitando atestado de
coloca que a última lesão foi aquela. óbito.
-- O atestado de óbito pode conter duas causas da morte - Em outras palavras, se o feto nascer com peso, estatura e
quando, diante de duas lesões possivelmente mortais, não se tempo de gestação que permitiriam sua sobrevivência se nas‐
consegue determinar qual delas desencadeou a morte, seja por cido vivo, é considerado natimorto e o médico está obrigado a
terem a mesma intensidade, seja por ser impossível saber qual atestar o óbito.
delas ocorreu primeiro. - A mudança de parâmetros se deveu à evolução tecnoló-
gica, que tornou possível a sobrevivência de fetos prematuros
- Identidade do cadáver desconhecida cada vez menores, dependendo dos recursos disponíveis na lo-
-- Faz a ficha datiloscópica. calidade.
-- Foto, digital (registro civil para comparar) - Nesses casos, o médico não está impedido de dar o ates‐
tado de óbito, mas desobrigado, podendo e devendo fornecê-lo
- Óbito de recém-nascido. sempre que possível.
-- Nasceu vivo: registra-se o nascimento e morte. Art. 53, - Aditam-se, atualmente, os parâmetros constantes da Re‐
§2º, Lei 6015 solução da Diretoria Colegiada – RDC Nº 306, de 07 de dezembro
-- Nasce morte: registro no livro “C Auxiliar”, com elementos de 2004 (ANVISA)
que couberem. Art. 53, §1º, Lei 6015. - Uma coisa é a criação que nasce viva e morre.
---Médico desobrigado, quando abaixo de 20 semanas ou - Nasceu viva e morreu a seguir, manifestou vida de algu‐
peso corporal inferior a 500g, e/ou estatura igual ou superior a ma maneira, respirou, registra-se sempre nascimento e morte,
25 centímetros. quando nasce com vida adquiriu direitos, e depois transmitiu.
-- Não é obrigado a registrar se estiver em tamanha compo‐ Não importa o tamanho nem o tempo gestação nalgum.
sição que não é possível reconhecer. - Se nasceu morta, uma criança que já está bem formada,
-- Quando se tratar de óbito de recém-nascido, se nascido mesmo que leve dias para o organismo expulsar e mesmo que
vivo, o médico está obrigado a fornecer o atestado de óbito. esteja em decomposição, o grande problema é quando é uma
Registra-se o nascimento e o óbito sempre, independentemente gravidez de pouco tempo, uma gravidez de 4 meses por exem‐
do tempo de gestação e das características do feto. plo, faz o ultrassom e está morto, pode aguardar um prazo para
-- O art. 53, caput, e §1º da Lei nº 6.015/1973, determina o organismo eliminar se for expulso dali uns 3 ou 4 dias o orga‐
que o registro do óbito deve ser feito mesmo que a criança nas‐ nismo expeli, na hora que nasce não consegue identificar que
ça morta, sendo esse o procedimento ideal, inclusive porque as era uma criança, não tem como dar atestado de óbito.
estatísticas oficiais são feitas com base na via da Declaração de - Tem alguns critérios onde o médico era obrigado a dar o
Óbito que é encaminhada para a Secretaria Municipal de Saúde. óbito, e outros critérios onde ele era desobrigado (não quer di‐
zer impedido) de dar o atestado de óbito.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- Em princípio se o fato nasceu de uma gestação de 20 se- Estará amplamente protegido pelo artigo 2º da lei
manas ou mais, peso de 500g ou mais, estatura de 25cm ou 12.037/2009 o que impedirá por força legal que o agente públi‐
mais, se ele tivesse nascido vivo já teria condições de sobrevi- co de segurança não poderá submetê-lo ao processo de identifi‐
ver dentro da tecnologia. Se ele nascer morto o médico é obri- cação criminal, logicamente, a regra disposta no artigo 2.º da re‐
gado a atestar o óbito mesmo que nasça morto, abaixo disso o ferida lei não comporta o caráter absoluto para que não ocorra
médico está desobrigado. o processo de identificação criminal, pois tais documentos elen‐
- Artigo 53 da lei 6.015 diz que o médico é obrigado a ates- cados no rol taxativo da “lei de Identificação” podem apresentar
tar o óbito e levar em registro em cartório mesmo que a criança dúvidas onde pelo princípio da obrigatoriedade o agente público
nasça morta. possui o dever de sanar de forma legal para confirmar a validade
- Quando o médico está desobrigado é encorado como pro‐ plena ou a invalidade daquele documento duvidoso.
duto de aborto e o médico pode incinerar. Na referida lei em seu artigo 3.º fica evidente que o caráter
- Se a família não pede, pode incinerar os fetos.1 do artigo 2.º não é absoluto, muito menos quando conjugado
com o artigo 5.º, inciso LVIII da CF, pois o agente público poderá
IDENTIDADE PESSOAL E A IDENTIFICAÇÃO identificar o agente “identificado civilmente” quando:
Faz-se necessário diferenciar Identidade, Identificação e Reco‐ I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsi‐
nhecimento. A identidade, de forma objetiva, é aquela que permite ficação;
afirmar que determinada pessoa é ela mesma por meio de elemen‐ II – o documento apresentado for insuficiente para identifi‐
tos positivos e mais ou menos perenes que a distingue das demais. car cabalmente o indiciado;
A identificação é o processo pelo qual se determina a identidade de III – o indiciado portar documentos de identidade distintos,
uma pessoa, enquanto o reconhecimento significa apenas o ato de com informações conflitantes entre si;
certificar-se, é a afirmação laica, de parente ou conhecido, sobre IV – a identificação criminal for essencial às investigações
alguém que se diz conhecer ou de sua convivência. A identificação policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competen‐
pode ser baseada na comparação entre características conhecidas te, que decidirá de ofício ou mediante representação da autori‐
de um indivíduo (dados ante mortem) com características desco‐ dade policial, do Ministério Público ou da defesa;
bertas de um corpo desconhecido (dados post mortem).
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou
diferentes qualificações;
Dispõem o artigo 5.º, inciso LVIII da CRBF/1988 que:
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da
“o civilmente identificado não será submetido a identifica-
localidade da expedição do documento apresentado impossibili‐
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.”
te a completa identificação dos caracteres essenciais.
Na Constituição Federal o art. 5º, inciso LVIII é regulamen‐
Além de que as cópias dos documentos apresentados
tado pela lei n.º 12.037, de 1.º de outubro de 2009 que dispõe
pelo indivíduo submetido ao processo de identificação crimi‐
sobre a identificação criminal do civilmente identificado diante
nal deverão ser juntadas nos autos do processo investigatório
de tais normas é certo que existem regras para que haja a iden‐
ou criminal, afim de justificar os meios e os fins utilizados no
tificação de determinadas pessoas em sede policial, ou seja, o
civilmente identificado aquele que possui um mero registro civil procedimento de identificação bem como as justificativas que
capaz de identifica-lo de forma inquestionável perante ao seu embasaram os agentes na desconfiança do documento inicial‐
registro de nascimento assentado junto ao sistema de identifi‐ mente apresentado a autoridade. Logicamente, tais documen‐
cação estatal não poderá ser identificado de forma criminal, pois tos na iminência de dúvida quanto à sua validade ou formas de
existe uma garantia constitucional fundamental que veda o abu‐ identificação de veracidade deverão ser confrontados em bases
so estatal em face da preservação da dignidade humana em tela. de dados e apreendidos para exames periciais e até mesmo para
Anteriormente ao advento da CRFB/88 o STF através da sú‐ o futuro enquadramento do indivíduo em crimes de falsificação
mula 568 entendia que não havia constrangimento ilegal caso e/ou uso de documento público.
houve uma identificação civil previamente identificando aquele Não restam dúvidas que se o documento apresentar dúvida
indivíduo submetido ao procedimento identificador, porém em de veracidade e validade quanto a identificação do agente cons‐
05.10.1988 com a promulgação da Constituição Federal em vi‐ titui a necessidade do exame de corpo de delito pois configura
gência em nosso ordenamento jurídico como documento má‐ materialidade – é um fato não transeunte que necessita da pro‐
ximo o asseguramento dos direitos foi assegurado como refe‐ va técnica para efetiva confirmação da falsificação, salvo se for
rência máxima e a inviolabilidade ao direito foi consagrado de grosseira cuja a verificação é imediata.
forma expressa. Diante disto a súmula 568 do STF esta superada A identidade de determinado indivíduo nada mais é do que
com o seguinte texto: o conjunto de propriedades particulares que o individualizam
“A IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL NÃO CONSTITUI CONSTRANGI- perante a sociedade, é uma qualidade de ser sempre o mesmo,
MENTO ILEGAL, AINDA QUE O INDICIADO JÁ TENHA SIDO IDEN- podendo a identidade de um indivíduo ser: (i) subjetiva: referen‐
TIFICADO CIVILMENTE.” te a consciência individual ou (ii) objetiva: conjunto de caracte‐
Obviamente, que se o agente prontamente se identificar rísticas físicas. O processo de identificação de um homem segun‐
com um dos documentos abaixo: do a Medicina Legal esta elencada dentro do tem: Antropologia
I – carteira de identidade; Forense, que é o estudo da identidade e identificação podendo
II – carteira de trabalho; ser dividida a identificação em (i) médica-legal ou (ii) judiciária.
III – carteira profissional; Esta é dada pelo conjunto fisiológico e biológico de determi‐
IV – passaporte; nado homem, aquela é configurada por dados, antropometria e
V – carteira de identificação funcional; datiloscopia.
VI – outro documento público que permita a identificação A identificação não se confunde com identidade, pois todos
do indiciado. possuem uma identidade personalíssima com uma identificação
1 Fonte: www.estudandodireito123.blogspot.com comum, ou seja, enquanto a identidade é característica própria

5
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
a identificação é a forma de determinação que pode ser um con‐ O ato de identificar é lícito, mas a forma como se identifica
junto de técnicas, métodos e sistemas para determinar a identi‐ as vezes ocorre com desvio de finalidade e abuso de poder do
dade de alguém que precisa ser identificado. Toda identificação próprio agente identificador, sendo vedado mencionar a identi‐
se faz por meios que provam quem é aquela pessoa que esta a ficação criminal em eventuais certidões e/ou atestados de ante‐
ser identificada, podendo ser o ser humano vivo ou morto. cedentes ou em informações não judiciais, sob a ótica da viola‐
ção do princípio da presunção de inocência antes do trânsito em
A IDENTIFICAÇÃO COMO TÉCNICA: julgado de sentenças condenatórias.
O ato de identificar é determinar quem é quem, porém não O que a CRFB/1988 veda é a identificação criminal quando
é um meio engessado e único é uma ciência multidisciplinar e há a identificação civil, porém, nada restringe quanto a identi‐
dinâmica, pois pode ser: ficação civil, o que se exemplifica pela verificação do indivíduo
através de sua identificação para cumprir requisitos obrigatório
IDENTIFICAÇÃO MÉDICA-LEGAL ou IDENTIFICAÇÃO POLI- em detrimento de determinadas regras, não há o que se falar
CIAL/JUDICIAL em constrangimento ilegal e/ou inconstitucionalidade do artigo
A primeira é realizada através de conhecimento técnicos 5.º, LVIII – pois a medida não visa saber quem é o indivíduo tão
com a aplicação da medicina, a segunda é realizada através de somente visa o impedimento de fraude quanto à pessoa.
confronto de dados e estatísticas. Quando realizada através da Ainda temos muito que evoluir em tema relacionados a
medicina busca-se raça, sexo, idade e estigmas, quando realiza‐ identificação criminal, pois há quem defenda a violação à inte‐
da de forma policial ou judicial não há a rigorosidade do conhe‐ gridade física, à dignidade da pessoa humana entre outros direi‐
cimento médico, pode ser realizada pela impressão digital do tos fundamentais, mas às vezes é um meio necessário para que
indivíduo buscando um retrocesso pregresso daquele indivíduo não se incorra em dúvidas ou em excessos pois a identificação
frente à sua situação com o Estado. criminal por sí só é uma intervenção corporal no indivíduo, por‐
Quando se fala em identificação médica busca-se três carac‐ tanto o Estado deve garantir que esta coação direta não se mos‐
terísticas no avaliando: físicas, funcionais e psíquicas. Nas físi‐ tre abusiva e traga a certeza da finalidade que se busca.
cas: preocupa-se com o caráter biológico e fisiológico, as funcio‐ A simples identificação criminal justificável não viola a inco‐
nais: pelas características como voz, escritas, caminhar e outras
lumidade física do averiguado, pois não ocorre um meio agres‐
e por fim as psíquicas: busca traços interiores inerentes aquele
sivo a dignidade ou exposição midiática daquela identificação,
indivíduo em específico.
assim sendo meio legal e prudente do Estado de direito quando
Nas identificações policiais e/ou judiciais utiliza-se a foto-
realizada de forma justificável e legal.2
grafia, antropometria, datiloscopia e descritivos dados informa‐
tivos e qualitativos, hoje ainda se utilizam dois métodos o de
Métodos de Identificação
Bertillon que consiste na medida do homem que se complemen‐
A realização dos processos de Identificação Humana é im‐
ta pela fotografia e a outra de Vucetich que consiste no estudo
prescindível na Ciência Forense, por razões legais e humanitá‐
dos desenhos individuais das impressões digitais.
rias, sendo com bastante frequência iniciada antes mesmo de
Os meios de identificação no nosso ordenamento jurídico tive‐
ram grandes alterações e considerações legislativas, iniciando-se pe‐ se determinar a causa da morte. Muitos indivíduos são vítimas
las leis 5.553/68 alterada pela lei 9.453/97, 12.037/2009 e 9.455/97. de homicídios ou encontram-se desaparecidos e a investigação
desses casos depende primeiramente da correta identificação.
A IDENTIFICAÇÃO E O CONSTRANGIMENTO: Assim, o processo de identificação passou a ser considerado
Apesar de ser um método invasivo quando necessário é não parte essencial da autópsia forense. Métodos rotineiros incluem
saudável para ninguém em caso de dúvida ser conduzido muitas reconhecimento visual de vestimentas, de objetos pessoais e de
vezes embaixo de vara a uma delegacia de polícia para melhor impressões digitais, análises de DNA, bem como investigação
identificação, o simples meio é constrangedor por sí só, porém médica, esquelética, sorológica, de cabelos e dentes, peculiari‐
algo necessário para que o próprio agente público não cometa dades morfológicas da dentição entre outros.
o equívoco de liberar alguém que se mascara por trás de um A identificação forense do vivo ou falecido pode ser um tra‐
documento inválido ou duvidoso. balho árduo, mas é abrangente, envolvendo os esforços coorde‐
Logicamente na lei 12.037/2009 não encontramos em seu nados de uma equipe multidisciplinar, empregando diversas téc‐
texto legal qualquer sanção administrativa, cível ou penal ao nicas e métodos acessórios. Os meios de identificação primários
agente que submete o indivíduo a identificação desnecessária, e mais confiáveis são a análise de impressões digitais, a análise
mas nada impede de que se processe por outras vias um even‐ odontológica comparativa e estudo do perfil de DNA. Os meios
tual abuso de autoridade ou outra sanção a cargo da instituição secundários de identificação incluem a descrição pessoal, os da‐
que o agente pertencer, porém deve-se ter em mente o princí‐ dos médicos, assim como as evidências e roupas encontradas
pio da supremacia do interesse público sobrevém ao interesse no corpo. Estes servem para reforçar a identificação estabeleci‐
particular e o próprio caput do artigo 4.º da lei 12.037/2009 per‐ da por outros meios, e geralmente por si só não são suficientes
mite que o agente proceda aos meios necessários para prover a para certificá-la.
identificação, desde que não seja constrangedor ao averiguado. Quanto à escolha do método de identificação humana, deve
sempre prevalecer o bom senso investigativo. O importante a
O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A IDENTIFICAÇÃO considerar nesse momento é o estado do cadáver (putrefeito?
CRIMINAL: carbonizado? esqueletizado? mumificado?) e o custo, a pratici‐
Apesar da existência da uma identidade civil, a autoridade dade e a viabilidade do método possível. Os principais métodos
tem o dever de checar a validade daquela informação, pois esta de identificação humana possuem vantagens e limitações, de‐
agindo sobre o manto do princípio da legalidade – tal atitude pendendo do caso, eles podem se complementar ou reforçar
dá segurança não só à sociedade, mas também à autoridade no um ao outro. No entanto, todos os métodos de identificação,
cumprimento de suas atribuições. 2Fonte: www.thiagochiminazzo.jusbrasil.com.br

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
isolados ou combinados entre si, têm o objetivo de, através dos Análise de DNA
dados obtidos e devidamente tabulados, viabilizar o processo de A revolução causada em 1953 por Watson e Crick, que des‐
identificação. O objetivo é tão só a busca da verdade real. cobriram a estrutura de dupla hélice do DNA, levou a mudanças
importantes em quase todos os campos da ciência. Esta desco‐
Odontologia Legal berta foi a base para o desenvolvimento de técnicas que permi‐
Um dentista forense carrega uma responsabilidade conside‐ tem caracterizar a individualidade de cada pessoa com base na
rável, uma vez que, com frequência, sua opinião científica faz-se sequência de DNA.
necessária quando todos os outros caminhos de identificação A análise do DNA é única na sua habilidade de fornecer in‐
se esgotaram. Em muitos casos, os dentes são os únicos restos formações de identidade a partir de qualquer tipo de tecido,
humanos preservados, representando o único meio de identi‐ como tecido ósseo, bulbo capilar, amostra de biópsia, saliva,
ficação, e nesse caso, o processo final pode depender da cor‐ sangue e outros, podendo variar em quantidade e qualidade do
respondência odontológica específica dos dados dentários ante DNA extraído de cada tecido.
mortem e post mortem. Este método requer uma amostra ou fonte, podendo utili‐
As estruturas e traços únicos dos dentes humanos e maxila‐ zar-se perfis de familiares ou amostras extraídas da própria víti‐
res prontamente se prestam para a identificação de vítimas vivas ma ou de seus objetos de uso pessoal; trata-se do único método
ou falecidas. Os dados odontológicos podem ser recuperados e de identificação primário independente da comparação direta
registrados no momento do exame post mortem e comparados (impressões digitais e arquivos dentais).
aos dados ante mortem fornecidos por dentistas generalistas e / As técnicas de análise de DNA também podem ser usadas
ou especialistas que trataram a vítima durante a vida. Os dentes em combinação com outros métodos utilizados na identificação
estão bem protegidos na cavidade oral e são capazes de supor‐ de vítimas, sendo essa associação crucial em acidentes em que a
tar muitas influências externas, próximas ou algum tempo após fragmentação corpórea é severa.3
a morte, mantendo as características dentárias acessíveis, tais
como aquelas oriundas de procedimentos odontológicos, como
coroas restaurativas e estéticas, tratamentos de canal radicular
e próteses dentárias, todas feitas sob medida para cada indi‐ TRAUMATOLOGIA FORENSE. CONCEITOS. ESTUDO
víduo, além de traços anatômicos e morfológicos quando não DAS LESÕES CAUSADAS POR INSTRUMENTOS
houve o tratamento, mas que também servem para comparação PERFURANTES, CORTANTES, CONTUNDENTES,
com a finalidade de identificação. CORTO CONTUNDENTES, PERFURO CONTUNDENTES,
Além de oferecer meios de comparação para o processo in‐ PERFUROCORTANTES
vestigativo, a cavidade oral é uma fonte rica e não-invasiva de
DNA, podendo ser usada para identificação de indivíduos atra‐ A Traumatologia Forense é o ramo da Medicina Legal que
vés da comparação genética. estuda as lesões corporais resultantes de traumatismos de or‐
dem material ou moral, danoso ao corpo ou à saúde física ou
Necropapiloscopia mental (Croce; 115)
O termo papiloscopia é relativo à “papila” e, erroneamente, Tem por objeto o estudo dos efeitos na pessoa das agres‐
se refere às estruturas responsáveis pela formação dos dese‐ sões físicas e morais, como também a determinação de seus
nhos característicos nas superfícies palmares e plantares. Essas agentes causadores. Este reconhecimento é feito através do
estruturas, corretamente denominadas de cristas de fricção, es‐ exame pericial na vítima, bem como no local do crime, denomi‐
tão presentes na superfície da pele e são formadas por dobras nado exame de corpo de delito, o corpo do delito ao contrario
de tecido epitelial. A datiloscopia aplicada para a identificação do que muitos pensam não é apenas a vitima, mas todo o local
post mortem é denominada no Brasil de necropapiloscopia. e instrumentos utilizados para a pratica do delito, pelo qual se
Em 1903, o sistema Vucetich, baseado na Ciência Papilos‐ atribui a extensão dos danos provocados.
cópica, ou seja, a partir da coleta, classificação e confronto de
impressões digitais, é adotado no Brasil, constituindo-se no mé‐ Exame pericial
todo mais barato, seguro e prático de identificação humana re‐ O exame deve ser requerido por autoridade legalmente
conhecido pela legislação brasileira. competente (p. ex., um delegado de polícia), dirigido a um mé‐
Os bancos de dados periciais civis e criminais dispensam a dico legista competente (ou órgão do qual o mesmo seja fun‐
apresentação de padrões de comparação por terceiros, já que cionário). Este requerimento deve conter alguns elementos im‐
o registro padrão encontra-se arquivado e disponível. Assim, a prescindíveis para a realização do laudo, tais como a completa
partir de algoritmos formados pela disposição dos pontos ca‐ identificação da pessoa, a hora, local e finalidade do exame.
racterísticos de cada impressão e da identificação das regiões O laudo pericial tem como norma geral uma narrativa con‐
do delta e do núcleo, tornou-se possível a pesquisa de forma tínua, que é feita à medida que o exame é realizado. Nele deve
automatizada por padrões papiloscópicos. constar, de forma abreviada e sucinta, apenas constando-se o
Esse método de identificação pode ser aplicado buscando a que for essencial, a narrativa dos fatos proferida pela vítima.
identificação de corpos cadavéricos nas mais variadas fases dos O perito deve assinalar as lesões ou sua ausência (hipótese
fenômenos transformativos, sejam destrutivos, como autólise, em que o perito esquivar-se de proceder a exame, expondo seus
putrefação e maceração ou conservadores, como saponificação, motivos), os locais e tipos de lesão.
mumificação, corificação e petrificação. Cada vez mais a ne‐
cropapiloscopia tem ganhado importância, pois traz resultados
positivos e conclusivos de forma mais célere, sendo, portanto,
um eficiente método primário de identificação, inclusive nos aci‐
dentes de massa. 3 Fonte: www.perspectivas.med.br

7
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Exame complementar Lesão corporal.
Por diferir o Direito penal a natureza delituosa da lesão cor‐ Definição: qualquer simples alteração causada à integridade
poral consoante sua gravidade, é mister um exame suplemen- corporal de maneira culposa ou dolosa, na estrutura anatômica
tar, decorridos trinta dias do fato. Neste exame o perito assinala ou mesmo histológica de uma pessoa.
a presença ou não das seqüelas da(s) lesão(ões), bem como o Um beliscão ou um tapa é o bastante para caracterizar uma
grau de incapacitação gerada por ela(s) na vítima. ofensa à integridade corporal de outrem.
Registros Lesão corporal leve: lesões resultantes da ofensa a integri‐
O exame traumatológico deve ser indicado através de meio dade corporal ou à saúde de outrem, excetuando-se as lesões
físico apropriado - desde o preenchimento de planilhas impres‐ graves e gravíssimas.
sas, até a filmagem do examinado. Lesão corporal grave: quando resultam em incapacidade
Conforme asseveram William Douglas, Abouch V. Krymchan‐ para as ocupações habituais por mais de trinta dias, perigo de
towki & Flávio Granato Duque, na obra Medicina Legal à luz do vida, debilidade de membro, sentido ou função, deformidade
Direito Penal e Processual Penal, 2ª edição. Rio de Janeiro: Im‐ permanente, aceleração de parto.
petus, 2001: “A Traumatologia Forense estuda os traumas, le‐ Lesão corporal gravíssima: incapacidade permanente para o
sões, instrumentos e ações vulnerantes, visando elucidar a di‐ trabalho, perda ou inutilização de membro, sentido ou função,
nâmica dos fatos. Trauma é o resultado da ação vulnerante que deformidade permanente, aborto.
possui energia capaz de produzir a lesão, como ensina Roberto Lesão corporal seguida de morte: resulta quando, o agente
Blanco. Lesão nada mais será que o dano tecidual temporário ou alheio ao dolo, lesa a vítima produzindo-lhe a morte. O agente
permanente, resultante do trauma.” não assumiu quis o desfecho. A ação é dolosa, mas o resultado
“Nas contusões ativas, o instrumento vulnerante vem de en‐ é culposo.4
contro à superfície corpórea . Ex.: soco. Nas contusões passivas,
a superfície corpórea (a vítima) vai de encontro ao instrumento Lesões e mortes por arma branca
vulnerante. Ex.: a pessoa cai e bate a cabeça no solo. Assim, a As armas podem ser manuais (instrumentos perfurantes,
atuação pode ser ativa/direta, passiva/indireta ou mista (a com‐ cortantes, perfuro-cortantes e corto-contundentes, embora
binação de ambas)”. possam ser arremessados) ou de arremesso, que podem ser sim‐
ples (são totalmente jogadas contra o oponente) ou complexas
Quantificação do Dano: Lesões Corporais (dispararam projéteis contra o oponente).
O artigo 186, do código civil brasileiro, declara como lesão
corporal “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligên‐ Instrumentos Perfurantes
cia ouimprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ain‐ São instrumentos formados por uma ponta continuada com
da que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. O dano deve uma haste mais cilíndrica e de acordo com o diâmetro podem
resultar em alteração objetiva, mensurável, observável, mesmo ser de pequeno calibre (alfinetes, agulhas e espinhos) e médio
que fugaz na estrutura orgânica ou psíquica da pessoa, relacio‐ calibre (pregos pequenos, furador de gelo e a sovela). Transfor‐
nada à ação causadora. mam a energia cinética através de uma ponta, exercendo pres‐
As lesões corporais podem ser leves (sem consequência são e afastando as fibras dos tecidos conforme a penetração.
para a vítima, são as mais comuns na perícia e as mais frequen‐
tes são as causadas por ação contundente como edema trau‐ Para a ocorrência das lesões, a ação pode ser ativa, quando
mático, escoriações, equimoses), graves (lesões que ofendem a o instrumento atinge o corpo parado ou quase em repouso (pi‐
integridade corporal, incapacitam por mais de um mês ou debi‐ cada por agulha de injeção, agressões com furadores) e passiva,
litam permanentemente quaisquer de seus membros, sentidos, quando o corpo em movimento choca com o instrumento loca‐
funções, acelera o parto, se mulher grávida, ou põe em perigo lizado em um anteparo (pisar em um prego ou cair sobre grade
a vida do indivíduo) e gravíssimas (resulta em incapacidade per‐ com elemento pontiagudo).
manente, enfermidade incurável, perda, inutilização de mem‐
bro, sentido, função, deformidade permanente e aborto, em
caso de grávidas), segundo a lei penal, sendo classificadas pelo
resultado (consequências) sob o critério anatômico e funcional,
no organismo da vítima.
Outros tipos de lesão:
a) Lesões corporais seguida de morte: ofende a integridade
corporal ou a saúde do paciente, provoca-lhe a morte sem que‐
rer esse resultado, nem assumir o risco de produzi-lo.
b) Lesão corporal qualificadora agravante: produzida por
meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro
meio insidioso ou cruel.
Os agentes lesivos – forma ou instrumento que resulta em
lesão no organismo – podem ser classificados em natureza fí‐
sica (mecânica, térmica, elétrica), química (tóxicos, venenos e
cáusticos), biológicas (agentes infecciosos) ou mistos (naturezas
diversas).

4Fonte: www.aulademedicinalegal.blogspot.com.br

8
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Instrumentos cortantes
Nesta categoria destacam-se os instrumentos cortantes como cacos de vidro, pedaços de folha metálica e até mesmo folha de
papel. Transferem energia cinética por deslizamento e leve pressão através de uma borda aguçada (gume ou fio).
As lesões possuem predomínio da extensão em relação à profundidade. Podem ser superficiais, no entanto podem ser obser‐
vadas feridas mais profundas penetrando em cavidades, pois dependem da região do corpo atingida e da força, bem como o estado
do gume. As lesões apresentam bordas regulares, com vertentes planas e ângulo muito agudo, com profundidade maior na porção
correspondente ao terço inicial. Podem causar mutilações em nariz, orelha, ponta dos dedos, pênis.
A gravidade está relacionada com a região atingida. As lesões mais graves são as de engorjamento podendo até levar ao óbito.
Em certos casos, o agressor não possui a intenção de matar e sim deformar a vítima.
Em relação aos aspectos médico-legais, a causa jurídica em caso de morte deve ser orientada pela disposição, número e locali‐
zação das feridas. Nos casos que apresentam ferida incisa na face anterior do punho, existência de cicatrizes anteriores e presença
de lesões de defesa podem contribuir para a investigação de suicídio e homicídio. Dentro das lesões por instrumento cortante,
predominam as acidentais, principalmente as decorrentes de atividades profissionais.

Intrumentos perfuro-cortantes
Estes instrumentos possuem uma ponta e um ou mais gume e transferem a sua energia cinética por pressão através da ponta
e por deslizamento dos gumes que seccionam as fibras dos tecidos. De acordo com as faces apresentadas no instrumento, lisas
ou ásperas, as bordas das feridas se apresentarão normais ou escoriadas, respectivamente. As lesões possuem predominância da
profundidade sobre a extensão, no entanto a sua forma varia com o número de gumes.
As lesões em botoeira com um dos ângulos bem mais agudo que o outro são ocasionadas por instrumentos que apresentam
apenas um gume. As lesões em fenda com ângulos bastante agudos são ocasionadas por instrumentos de dois gumes. As lesões
estreladas com bordas curvas e convexas em direção ao centro da ferida são ocasionadas por instrumentos com mais de dois gumes.
As lesões podem ser classificadas em superficiais, penetrante (mais graves) e transfixantes. O trajeto constitui-se por um túnel
em forma de fenda nas feridas por instrumentos de um ou dois gumes. Observa-se retração dos tecidos, ao longo do trajeto, tendo
a fenda bordas afastadas de modo desigual, principalmente nos planos musculares. Em superfícies ósseas, a penetração pode deixar
a sua forma impressa em baixo relevo e pode ocorrer da própria lamina quebrar e ficar parcialmente encravada.
O agravamento se dá pela penetração de grandes cavidades do organismo ou acometimento de víscera ou vaso sanguíneo
calibroso, mas nas feridas superficiais pode ocorrer secção de vasos arteriais, nervos e tendões, principalmente se predominar a
ação cortante.
Em relação aos aspectos médico-legais, interessam os casos de suicídio, com lesões em região precordial, punho ou pescoço.
No ato da perícia ou necrópsia, é importante deixar a pele desnuda para avaliar o golpe. Para o diagnóstico, é importante que não
haja lesões de defesa, porém a existência de apenas uma lesão não descarta a hipótese de homicídio.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Instrumentos corto-contundentes Tipos de lesões produzidas por instrumentos cortantes: Nos
São associação de instrumento cortante + instrumento con‐ instrumentos cortantes provocados por lesões no pescoço, po‐
tundente = machado, guilhotina. demos classificar em:
Têm uma massa significativa e gume. 1) Esgorjamento,
O mecanismo de ação = massa + pressão (ou vibração ou 2) Degolamento e
velocidade) + deslizamento. 3) Decapitação
Massa + Pressão + Deslizamento = Decapitação
Traumatologia forense. 1) Esgorjamento: São lesões incisas, de profundidade variá‐
Estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tar‐ vel, situando-se na face anterior ou antero – lateral do pescoço,
dios, produzidos sobre o corpo humano. entre a laringe e o osso hióide, ou sobre a laringe, raramente aci‐
O meio ambiente pode impor ao ser humano, as mais diver‐ ma ou abaixo desses limites. Pode ser única ou múltipla, e a pro‐
sificadas formas de energias causadoras de danos pessoais. fundidade da lesão é variável, detendo-se, em geral, na laringe,
dependendo da intensidade do uso do instrumento, alcançando
Classificação: a coluna cervical.
1- Agentes mecânicos (instrumentos) Deve-se observar também que, se o ferimento for numa di‐
2- Agentes físicos reção transversal ou obliqua, entende-se como elementar para
3- Agentes químicos determinar a causa jurídica da morte, daí, poderemos analisar
4- Agentes físico-químicos se houve suicídio, ao qual o instrumento cortante é empunhado
5- Agentes biológicos (contágios) pela mão direito, em que se predomina a direção transversal ou
6- Agentes mistos descendente para a direita, também pode ocorrer em direção
oposta, se quando for canhoto.
1-Agentes mecânicos ou instrumentais: denominam-se A profundidade da lesão é maior no inicio e no final a vitima
como conjuntos de objetos, agidos de uma mesma maneira, pro‐ perde suas forças.
duzem lesões semelhantes, sendo divididos em: Nos homicídios, aparecem características distintas, pois o
a) Instrumento perfurante autor da lesão coloca-se por trás da vitima, provocando um fe‐
rimento da esquerda para a direita, se destro, em sentido hori‐
b) Instrumento cortante
zontal, se voltado para cima.
c) Instrumento contundente
2) Degolamento: São lesões provocadas por instrumento
d) Instrumento perfuro-cortante
cortante na região posterior do pescoço, na nuca. É indicio de
e) Instrumento corto-contundente
homicídio, principalmente se o ferimento for profundo e a lesão
f) Instrumento perfuro-contundente
encontra-se localizada na medula.
3) Decapitação: É a separação da cabeça do corpo, podendo
A) Instrumento perfurante:
ser oriunda de outras formas de ação além da cortante. Pode ser
Ação: por pressão, por meio de sua ponta, empurrados por
acidental, suicida ou homicida.
uma força cujo sentido corresponde ao seu eixo longitudinal.
Objetos longos e de pontas afiladas. C) Instrumento contundente:
Ex. Pregos, alfinetes, agulhas, estiletes, etc. É todo agente mecânico, liquido gasoso ou sólido, rombo,
Ferimento: punctório ou puntiforme que, atuando violentamente por pressão, explosão, flexão, tor‐
Características: a ferida apresenta uma forma da projeção ção, sucção, percussão, distensão, compressão, descompressão,
da secção transversa do objeto. Profundidade sobre a superfície arrastamento, deslizamento, contragolpe, ou mesmo de forma
externa, que é muito pequena. mista, traumatiza o organismo (CROCE: 272).
Atravessa-se o instrumento um segmento ou órgão do cor‐ Ação: por pressão e/ou deslizamento sobre uma superfície
po, chama-se punctório transfixaste. mais ou menos plana.
Ex. tijolos, pedras, mãos, pés, cassetetes, etc. Tais ferimen‐
B) Instrumento cortante: tos podem ter como conseqüência ações como explosão, com‐
Ação: por pressão e deslizamento sobre o seu fio ou gume. pressão, descompressão, tração, torção, contragolpe, ou, for‐
O aprofundamento depende da pressão ou fio, mas a extensão mas mistas.
da lesão depende do deslizamento do instrumento. Deverá ser
forte o bastante para vencer a resistência da pele. Objetos que Tipos de lesões:
apresentem um bordo longo e fino. - Contusão: é a denominada como genérica do derrama‐
Ex. Navalhas, lâminas de barbear, bisturi, faca, estilhaço de mento de sangue nos interstícios tissulares, sem qualquer efra‐
vidro, papel, capim-navalha, etc. ção dos tegumentos, consequente a uma lesão traumática sobre
Ferimento: Inciso o organismo. Trata-se de uma lesão fechada com comprometi‐
Características: a ferida apresenta forma linear reta ou cur‐ mento do tecido celular subcutâneo e integridade real ou apa‐
vilínea, com predomínio do comprimento sobre a profundidade, rente na pele e nas mucosas.
margens nítidas e regulares; ausência de contusão em torno da - Ferida contusa: é a contusão que adveio da continuidade
lesão, devido gume se limitar a secção dos tecidos, sem mortifi‐ pela ação traumática do instrumento vulnerante; é a contusão
cação; predomínio sobre a largura e a profundidade, extremida‐ aberta.
de mais superficial e em forma de cauda de escoriação, ao qual Características: apresenta forma irregular, por vezes estre‐
é produzida na epiderme no instante que precede a ação final do lada, com bordos irregulares, anfractuosos e macerado, fundo
instrumento sobre a pele; corte perpendicular, aspecto angular irregular, com pontes de tecido unindo uma borda à outra. Os
em formato de um “v” de abertura externa, se o instrumento tecidos próximos apresentam-se também como traumatizados,
cortante agiu linearmente; hemorragia abundante. como às vezes esmagados, conforme o caso.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Há uma classificação médico-legal, portanto: F) Instrumento perfuro-contundente:
• Eritema: área avermelhada no local contundido devido a Ação: inicialmente “amassa” e afasta o os tecidos por ação
alteração local da circulação. É transitório, desaparecendo nas de sua ponta romba devido sua extremidade, porém de diâme‐
próximas 24 horas. Temos como exemplo: tapas, empurrões, tro pequeno.
bofetadas, etc. Ex. espeto sem ponta, chaves de fenda, ponteira de guarda‐
• Edema traumático: aumento difuso de volume, por acu‐ -chuva e, classicamente, projéteis de arma de fogo (balas)
mulo de líquido intercelular. Por motivo de alteração traumática Ferimento: Pérfuro-contuso
da permeabilidade dos vasos capilares ocorre um extravasamen‐ Características: apresentam bordos irregulares, com maior
to de líquido nos espaços intersticiais. Podem desaparecer em predomínio da profundidade sobre a superfície e caráter pene‐
menos de 24 horas. trante ou transfixante.
• Equimose: extravasamento de sangue para dentro dos te‐ Normalmente, as lesões tidas típicas são armas de fogo, ao
cidos, cujas malhas ficam aprisionadas as hemácias, formando qual, agem por impulsão e rotação, determinando a formação
uma mancha de coloração, de inicio, violácea. de um orifício e de zonas de contorno junto à pele em que de‐
• Hematoma: solução de continuidade superficial que atin‐ pende da incidência do tiro, portanto, se for obliquo, perpendi‐
ge a epiderme e eventualmente parte da derme. Tem sua evolu‐ cular, ou mesmo tangencial, como também sua distancia.
ção, sem deixar cicatriz ou produzindo alterações muito discre‐ Podemos analisar uma breve classificação, quanto aos tipos
tas na pele, formando manchas hipocrômicas como único sinal. de zona, como:
• Zona de contusão: caracteriza-se por uma aréola aperga‐
Há que mencionar também que as lesões tidas profundas minhada, escura, de poucos milímetros de largura, que circunda
são causadas pela forma do instrumento gerando uma violência o bordo do orifício, resultante do impacto e da pressão rotatória
considerada grande. Assim, temos: feita pelo projétil contra a pele.
• Fratura: perda de continuidade óssea, parcial ou total • Zona de equimose: é uma aréola violácea, originada du‐
• Luxação perda de continuidade de articular, podendo ou rante a passagem do projétil através da pele, quando pequenos
não se acompanhar de ruptura de ligamentos articulares. vasos sanguíneos e capilares são tracionados e rompidos, for‐
• Ruptura visceral: lesão que atinge órgãos das cavidades mando equimoses em torno do ferimento. Somente podem ser
cranianas, torácica e abdominal. Frequentemente, as vísceras produzidos quando a vitima estiver com vida.
• Zona de tatuagem: trata-se de disparos à queima-roupa ou
mais lesadas são o fígado e o baço.
apoiados, pelos grânulos de pólvora combusta ou incombusta,
que acompanham a bala de perto, incrustando-se mais ou menos
D) Instrumento pérfuro-cortante:
profundamente na pele da região atingida. Além disso, é uma in‐
Ação: predomínio de profundidade sobre o comprimento;
cidência de que o orifício de entrada de tiro ser de curta distancia.
os bordos nítidos e lisos e as margens não apresentam traumas
• Zona de esfumaçamento: Também conhecida pela doutri‐
de contusão. A lesão provocada chama-se “ferimento em boto‐
na, como zona de tatuagem falsa, resulta do depósito de fumaça
reira”, por apresentar-se um ângulo agudo e outro canto arre‐
e de partículas de carvão, muito leves, que se acumulam sobre a
dondado, nos instrumentos de gume só, ou ambos os ângulos
epiderme, mas tem ter força suficiente de penetração. Pode ser
agudos, como instrumentos com dois gumes, mas se houver três
removida simplesmente pela lavagem da pele.
gumes, a forma de ferimento poderá reproduzir a forma do ins‐ • Zona de queimadura ou chamuscamento: decorre da ação
trumento quanto ao número de gumes. do calor e dos gases quentes que saem do cano da arma, quei‐
Há, portanto, uma classificação quanto aos ferimentos pode mando pelos e a epiderme. Se localizado na região da pele, apre‐
ser: senta a aparência enrugada e seca, de aparência vermelho-es‐
• Penetrantes: atingem uma cavidade, com tórax ou abdô‐ cura, e com cheiro característico. Já nos pelos, apresentam-se
men, e terminam em fundo-de-saco; queimados e quebradiços.
• Transfixantes: atravessam um segmento do corpo, tendo Nos disparos de arma de fogo, o projétil ocasiona o orifício
por característica física, uma pequena cauda no local do gume. de entrada e elementos de vizinhança ou zona de contornos,
Não poderemos nos esquecer que, o tamanho do ferimento independente do tipo de tiro.
nem sempre corresponde à largura da lâmina que o produzir, Assim, há três situações:
podendo, inclusive ser menor, devido a elasticidade da pele, ou 1) Tiro encostado ou apoiado: neste caso, o projétil pode
maior devido a retração dos tecidos adjacentes. penetrar ou mesmo refluir, produzindo o chamado efeito “mina”
Características: orifício de bordas denteadas, desarranjadas
E) Instrumento corto-contundente: e evertidas, este último decorre da violência da força de expan‐
Ação: contunde por pressão devido a animação e corta pelo são dos gases. O diâmetro é maior que o projétil, com bordas
fio ou gume grosseiro. São objetos pesados com superfície rom‐ voltadas para fora, devido à explosão dos tecidos subcutâneos.
ba e gume pouco afiado. Normalmente, não há a presença de zona de esfumaçamento e
Ex. Facão, machado, enxada, dentes, etc. de zona de tatuagem, eis que os elementos de disparo penetram
Tipo de ferimento: Corto-contundente no próprio ferimento.
Características: apresentam bordos pouco regulares, sem 2) Tiro a queima roupa ou de pequena distancia: o alvo é
cauda, fundo anfractuoso e presença de equimose e edema atingido pelos gases aquecidos dos disparos e pela chama resul‐
traumático junto às margens. São ferimentos extensos, profun‐ tante da queima da pólvora.
dos e provocados por fraturas, conforme o peso do instrumento Características: ocorrência de calor, fumaça e grânulos de
e da força com que conduziu o instrumento. pólvora em combustão, bem como todas as impurezas provin‐
das do cano da arma. Predomina-se pelo arrancamento da epi‐
derme devido o movimento rotatório do projétil, enxugo, tatua‐
gem, esfumaçamento e queimadura.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
3) Tiro a distancia: o alvo é atingido pelo projétil somente. dadas de acordo com suas particularidades: rubefações, esco‐
Características: a boca de fogo fica a mais de 50 centímetros riações, equimoses, bossas e hematomas, feridas contusas, fra‐
do alvo e só projétil alcança o alvo, formando um orifício de bor‐ turas, luxações, subluxações, roturas viscerais e esmagamentos.
dos invertidos com orla de contusão e enxugo e orla equimotica.
Não apresenta os efeitos secundários do tiro.5 1. RUBEFAÇÃO – Congestão de pouca intensidade. Ex.: uma
bofetada de mão aberta.
Lesões e mortes por ação contundente Por desaparecer em pouco tempo (minutos ou horas), é pre‐
Instrumento contundente é todo objeto rombo, capaz de ciso rapidez na efetivação do exame pericial para configurá-la
agir traumaticamente sobre o organismo. em função do seu caráter fugaz.
A ação causadora da lesão contusa pode ser por pressão, Há, em grau menor, o eritema leigamente chamado de ver‐
por deslizamento ou ambas. A regra é a causação por instru‐ melhidão ou eritema traumático, que é a forma mais insignifi‐
mento duro e rombo, como é o caso de paus, pedras, barras de cante ou branda de lesão.
ferro etc. Tanto é assim que os tribunais, em geral, sequer conside‐
Vale consignar que, excepcionalmente, a água e o ar podem ram o eritema como ofensa à integridade física ou à saúde. Por
causar lesões contundentes. Não é incomum pessoas terem le‐ vezes, nesse caso, punem a agressão como contravenção (vias
sões, muitas delas graves, derivadas de mergulhos, cujo choque de fato).
com a água vem a causar danos. A água funciona como um ver‐ Em um grau um pouco maior que o eritema traumático, en‐
dadeiro “muro” em que a pessoa se choca, a depender de veloci‐ contraremos a rubefação, que desaparece com cerca de seis a
dade, altura, incidência etc. O deslocamento abrupto de ar, cau‐ 24 horas, dependendo da área ou local atingido, da sua irrigação
sado por explosões, também pode causar lesões contundentes. sanguínea e da intensidade da ação contundente.
Os instrumentos contundentes têm como seus maiores
exemplos, como já dissemos, paus, pedras, martelos, bastões, 2. ESCORIAÇÃO – O instrumento contundente age tangen‐
bengalas, barras de ferro etc. cialmente à superfície corpórea, produzindo o arrancamento da
Também são contundentes as ações provocadas por chutes, epiderme, deixando a derme descoberta. Em suma, é toda perda
socos, cabeçadas ou outras formas de ataque e defesa usadas epidérmica traumática. A epiderme é a primeira camada do teci‐
pelo homem. do humano, ao passo que a derme é a segunda.
Sabemos que outros podem ser os geradores dessas lesões, Entre a epiderme e a derme, encontramos a crista da pa‐
como, por exemplo, os atropelamentos. Por fim, note-se que pila, onde ficam os vasos sanguíneos, linfáticos e os terminais
também pode funcionar como instrumento contundente uma nervosos.
superfície resistente contra a qual o corpo se choque (uma pare‐ Nas escoriações, que são feridas contusas superficiais, não
de, o chão), nas lesões passivas. ocorre cicatrização, mas sim regeneração. A pele se regenera,
Não deve ser esquecida, em momento algum, a classificação de baixo para cima. No início deste processo, é possível determi‐
quanto à atuação ativa ou passiva dos instrumentos. Reprisan‐ nar-se a data da lesão.
do, nas contusões ativas o instrumento vulnerante vem de en‐ A crosta se forma com a substância que escorre da escoria‐
contro à superfície corpórea (ex.: um martelo que atinja o rosto ção. Ela nos fornece dois importantes elementos de informação:
da vítima); nas contusões passivas, a superfície corpórea (a víti‐ sua cor e o seu deslocamento. Com o tempo, a crosta vai escure‐
ma) vai de encontro ao instrumento vulnerante (ex.: a pessoa se cendo e se descolando, das bordas para o centro.
lança contra um muro, a vítima cai e sua cabeça vai de encontro Quando a lesão atinge só a epiderme, temos a ruptura de
ao solo, ou, ainda, o indivíduo que despenca de um precipício). vasos linfáticos, ficando a crosta amarelada. Na lesão que atinge
Também são chamadas de diretas (ativas) ou indiretas (passi‐ a derme, a crosta já é pardo-avermelhada, pois a lesão atinge os
vas). Há a combinação de ambas, as lesões mistas. vasos sanguíneos que passam na derme.
Em geral, as lesões são classificadas também em leves (su‐ Havendo pressão acentuada no local, a lesão ficará aperga‐
perficiais) ou profundas. minhada, tanto no vivo quanto no morto. Não havendo infecção
Como já foi mencionado, a localização das lesões tem gran‐ (que gera tom amarelado e purulento), a regeneração leva de
de valor médico-legal, porque ajuda na elucidação da verdade. 20 a 30 dias.
Lesões na face interna das coxas, nas nádegas: dão notícia, ge‐ Pouco antes da morte ou após esta, não há tempo para a
ralmente, de agressões sexuais, como estupro consumado ou formação da crosta. Forma-se apenas uma placa apergaminha‐
tentado. da. Nos casos de comprometimento da derme, há resolução com
Lesões semilunares no pescoço noticiam tentativa de esga‐ formação de cicatriz.
nadura. Lesões no antebraço e nas mãos (principalmente nas Segundo Roberto Blanco, é importante a observação da for‐
palmas) podem ser as conhecidas lesões de defesa. Lesões de ma, da localização e da evolução das escoriações, pois podem
defesa, diga-se logo, são aquelas resultantes do esforço da víti‐ determinar como foram produzidas, o motivo do seu apareci‐
ma em se defender. Por exemplo, ao tentar evitar uma agressão mento e a data em que foram produzidas.
a facadas, a vítima certamente terá lesões em suas mãos e bra‐
ços. Roberto Blanco anota ainda as lesões de hesitação que, de 3. EQUIMOSE – O agente vulnerandi age com maior inten‐
acordo com ele, são aquelas produzidas pela hesitação, incerte‐ sidade do que na rubefação, mas ainda se preserva a integrida‐
za da vítima em produzir uma lesão fatal; são as lesões caracte‐ de e a elasticidade da pele. Os vasos superficiais rompem-se,
rísticas de suicídio. causando extravasamento de sangue internamente, o qual fica
A depender de inúmeros fatores, principalmente a forma e entremeado nas tramas teciduais. O fenômeno dá coloração à
força da agressão, existirão diversas modalidades de lesões com pele, em virtude da transparência desta. A pele não se arreben‐
repercussões e consequências diferentes, que devem ser estu‐ ta, mas sim os vasos abaixo dela.
5Por Luiz Fernando Pereira

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Em resumo, equimoses são derrames sanguíneos nos quais e) Equimoses perianais ou vulvo-vaginais – ocorrem como
o sangue extravasado se infiltra e coagula nas malhas dos teci‐ decorrência de parasitoses locais e das alterações dermatoló‐
dos do corpo. gicas provenientes da coceira ou prurido, que obrigam o seu
As equimoses podem ser superficiais ou profundas. Há tam‐ portador a coçar e arranhar a região, sobretudo em infecções,
bém as equimoses causadas pela emoção (equimoses emotivas). comuns no Brasil, pelo verme oxiúros.
A equimose à distância ocorre quando a lesão está em um Não confundir com aquelas causadas por atos libidinosos.
lugar e a equimose, em outro. Isto acontece pela ação da gravi‐ f ) Mobilidade equimótica – noticiam-se aqui as equimoses
dade sobre o sangue. que se deslocam do ponto de contusão para regiões mais afas‐
Saiba-se também que as equimoses profundas podem levar tadas e as equimoses profundas, que só se fazem visíveis com
de quatro a cinco dias para aparecer sob a pele. quatro a cinco dias.
Espectro equimótico é a mudança da coloração da equimo‐ g) Equimose retrofaringeana de Brouardel – indica constri‐
se, com o passar do tempo. O estudo da variação da cor da equi‐ ção do pescoço (compressão da faringe contra a coluna verte‐
mose no processo de recuperação é útil para determinar a data bral).
aproximada da lesão. Foi observado primeiramente por Legrand h) Equimose nos tecidos moles subjacentes à pele do pesco-
du Saulle, que emprestou seu nome ao fenômeno. ço – indica agressão, por estrangulamento, enforcamento, esga‐
Este fenômeno só ocorre nos vivos. Toma por base lesões nadura ou mera contusão local.
de tamanho médio. A mudança é causada pela decomposição do i) Equimoses de etiologia não mecânica – devem-se diferen‐
sangue. O pigmento da hemácia (glóbulo vermelho) tem ferro, ciar as equimoses decorrentes de trauma mecânico ou psíqui‐
que é o elemento cuja decomposição dá a variação cromática, co e as chamadas equimoses espontâneas. As equimoses não
ao longo do tempo e da recuperação tecidual. O fenômeno ocor‐ traumáticas são chamadas de púrpura e decorrem de entidades
re até haver a reabsorção completa do sangue extravasado pelo mórbidas que evoluem deixando manchas arroxeadas (equimo‐
organismo. ses) pelo corpo.
As equimoses nas regiões conjuntival e da bolsa escrotal, j) Equimose à distância – equimoses que surgem em pon‐
por serem estas regiões densamente vascularizadas, não pas‐ tos completamente diferentes do local onde ocorreu a lesão.
sam pelo espectro equimótico. Normalmente, estas regiões fi‐
Podem decorrer dos efeitos sistêmicos que o trauma exerce no
cam vermelhas até a cura. O ex-diretor do IML, Iran Barbieri,
organismo ou do escoamento de sangue, em razão da força da
apresenta a seguinte sequência: cor avermelhada (um a dois
gravidade.
dias), cor azulada (três a cinco dias), cor violácea (seis a oito
Roberto Blanco classifica, ainda, como tipos especiais de
dias), cor esverdeada (nove a 12 dias), cor amarelada (13 a 20
equimose, os hematomas e as bossas sanguíneas (o material
dias) e, após este prazo, volta a pele à coloração normal.
que se acumula na cavidade neoformada é o sangue) e serosa
Hélio Gomes dá a seguinte sequência na coloração: ver‐
(o material que se acumula na cavidade é a linfa extravasada).
melho-escuro, violeta, negro, azul, verde, amarelo. Flamínio
Fávero apresenta uma quase igual: vermelho-escuro, roxo, vio‐
4. HEMATOMA – Aqui, a pele resiste pela sua elasticidade,
láceo, azul, verde e amarelo. Devergie e Tourdes, embora com
datações diferentes, consignam a seguinte ordem: vermelho, mas os vasos (artérias e veias) mais calibrosos, que estão em
violáceo, azulado, esverdeado, amarelado. Os prazos, lembre‐ camadas abaixo da mesma, podem se romper, resultando em
-se, variam em consequência, principalmente, da extensão da extravasamento de sangue para o tecido subcutâneo. Como o
equimose. sangue não consegue se espalhar por todos os tecidos moles,
É importante o conhecimento sobre como diferençar uma permanece agrupado (colecionado), formando o hematoma. Em
equimose intra vitam de uma equimose post mortem. Naquela, suma, os hematomas são coleções sanguíneas produzidas pelo
o sangue se coagula entre as malhas dos tecidos, existe infiltra‐ sangue derramado.
ção leucocitária na região, verifica-se o índice de Verderau, há A bossa ocorre quando o hematoma faz protrusão na pele.
reação inflamatória etc.; já na equimose post mortem, o sangue Isto ocorre na hipótese de a lesão estar sobre região óssea (ex.:
não se coagula, não existe infiltração leucocitária, não há altera‐ canela, testa) e abaixo de pele com pouco tecido mole na circun‐
ção do índice de Verderau, não há reação inflamatória etc. vizinhança. O sangue, sem poder “empurrar” a pele e os tecidos
Roberto Blanco anota os tipos especiais de equimoses. subjacentes para os lados e para baixo, pressiona a própria pele
a) Petéquias – equimoses puntiformes, como cabeças de al‐ para cima. São os famosos “galos”.
finete, frequentes nas mortes rápidas, septicemias, asfixias, co‐ Flamínio Fávero difere a bossa do hematoma de forma dife‐
queluche. Decorrem do aumento da permeabilidade dos vasos rente. Para ele, as bossas são coleções pequenas e, os hemato‐
capilares por hipoxia (diminuição do oxigênio) e/ou aumento da mas, as coleções maiores.
pressão nestes vasos (hipertensão capilar). No entanto, discordamos porque a presença de uma bos‐
b) Manchas equimóticas lenticulares de Tardieu – têm o sa depende fundamentalmente do local onde houve extravasa‐
tamanho de uma lentilha, sendo patognomônicas de asfixias mento sanguíneo, e não da quantidade do mesmo.
mecânicas do tipo sufocação direta (patognomônicas vem de Diferença entre equimose e hematoma. Na equimose, o san‐
patognomonia, que é o estudo dos sinais e/ou sintomas consi‐ gue se infiltra nas malhas do tecido subcutâneo; no hematoma,
derados característicos das doenças). o sangue se coleciona (aglomera) em determinado ponto, for‐
c) Manchas subpleurais de Paltauf – ocorre nos casos de mando verdadeiras bolsas. No entanto, ambos podem ocorrer
afogamento e insuficiência respiratória aguda. São extensas e simultaneamente e aparecer aos olhos do examinador em perío‐
de contornos irregulares. dos de dias que se seguem.
d) Cianose cérvico-facial ou máscara equimótica de Mores- Hélio Gomes ensina que “algumas das indicações citadas a
tin – ocorre nos casos de compressão do tórax (sufocação in‐ propósito do valor médico-legal das escoriações podem aplicar‐
direta). A pressão do tórax mantém os vasos cervicais e faciais -se aos hematomas.”
cheios de sangue, causando o fenômeno.

13
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
5. FERIDA CONTUSA – Aqui, o agente agressor promove a retorno da articulação e suas superfícies ao seu sítio anatômico
perda da integralidade da pele ou vence a sua elasticidade. A normal, mas deve ser lembrado que, apesar disto, as lesões liga‐
integridade tecidual da pele passa a não ser suficiente para man‐ mentares que permitiram a ocorrência da luxação permanecem
tê-la e a pele é rompida. As feridas contusas são lesões abertas. e devem ser lembradas e citadas na caracterização da gravidade
Esta arrebentação atinge a derme (camada abaixo da epiderme da lesão para efeito de pena.
ou pele) e possui várias graduações, desde as lesões mais leves Como exemplos, citamos a luxação de quadril, ombro, joelho
até as lesões lácerocontundentes. e mandíbula. Nesses casos, será comum a ocorrência repetida da
A graduação varia de acordo com a profundidade atingida luxação até que a mesma seja corrigida cirurgicamente. As sublu‐
pela lesão e, portanto, da dimensão da ação contundente apli‐ xações também podem ocorrer e não representam perda defini‐
cada. As lesões lácerocontundentes são as mais graves, uma vez tiva das superfícies articulares, mas sim parciais e, consequente‐
que podem atingir e comprometer os músculos, os tendões e até mente, com menores sequelas funcionais e médico-legais.
as articulações. Além disso, podem gerar prejuízos funcionais ou
estéticos, já que a derme é atingida e a resolução tecidual se dá 8. ROTURA VISCERAL – O traumatismo, aqui, atinge as vís‐
por cicatrização, com consequências penais (art. 129, e §§, do ceras; ocorre ruptura dos órgãos internos. As vísceras maciças e
CP). mais frágeis irão se romper. Ex.: o baço, o fígado.
Características das feridas contusas. As feridas contusas A ruptura visceral pode ser gerada pela ação de onda de ex‐
apresentam bordos de ângulos irregulares, com feridas esco‐ pansão gasosa e onda de vácuo (sucção), causadas, sequencial‐
riadas ou equimosadas. Os tecidos apresentam traves de teci‐ mente, por explosão (BLAST), ou seja, situações que provoquem
do íntegro e de tecido ferido. O fundo da lesão é “sujo”, isto é, grande pressão no organismo. É importante notar que pode
desigual, irregular, com traves de tecido são e traves de tecido haver roturas parciais, que aparentemente não provocam alte‐
lesionado. rações na vítima até terem decorrido várias horas, quando os
A pele próxima ao ferimento se descola. São feridas de ci‐ sintomas decorrentes do extravasamento interno de sangue e/
catrização difícil. ou do conteúdo visceral começam a provocar sintomas e sinais
A ferida contusa é o contrário da ferida incisa, que é aquela no organismo. Logo, nem sempre uma rotura visceral, de um
feita por instrumento cortante, que fica com a cicatrização “cer‐ baço, por exemplo, após um golpe ou trauma direto causado por
ta” (ex.: feita por faca, lâmina de barbear). O corte feito com outro agente, pode se manifestar durante as primeiras 12 horas
bisturi é denominado por alguns lesão cirúrgica do mecanismo causador da agressão.
A diferença entre lesões/feridas contusas e incisas é cons‐
9. ESMAGAMENTO – Se atinge a maior parte da superfície
tantemente objeto de questionamento em concursos.
corporal, pode representar uma das lesões mais graves, causa‐
das por ação contundente. Consiste na compressão completa e
6. FRATURAS – Correspondem a uma solução de continui‐
destrutiva do corpo, resultando da forte pressão apenas uma
dade dos ossos. Podem ser diretas ou indiretas, fechadas ou
massa amorfa. Deve-se ressaltar a importância médico-legal e
abertas, cominutivas (ou fragmentadas) etc. É direta quando o
trabalhista das lesões por esmagamento parcial ou setorizado.
trauma atinge o local fraturado, e indireta em caso contrário. A
Por vezes, o esmagamento do dedo polegar destrói a capacidade
fratura fechada não se comunica com o exterior do corpo e a
que o homem tem de fazer a apreensão de objetos, o que, para
aberta é aquela em que a ferida permite ver o foco da fratura
alguns, pode significar toda sua capacidade de trabalho ou lazer.
(ex.: numa ferida contusa ou cortocontusa). Fratura exposta é Deve–se conhecer a definição de síndrome de esmagamen‐
aquela em que os fragmentos ósseos extrapolam os limites do to ou de CRUSH.
corpo da vítima. Fratura cominutiva é aquela em que fragmen‐ É o conjunto de sinais e sintomas que caracterizam as con‐
tos ósseos ficam isolados do osso fraturado. sequências deletérias, causadas pela compressão do corpo por
As fraturas podem ser classificadas, ainda, como traumáti‐ longo período, liberando produtos tóxicos (mioglobina, ureia
cas ou verdadeiras. Existem fraturas causadas pelo próprio peso etc.), os quais atacarão principalmente os rins e, geralmente,
do corpo da vítima, por patologias ou esforço imoderado. Aqui, são fatais. É importante então que, diante de situações de es‐
temos as fraturas espontâneas ou patológicas, que devemos magamento de extremidades, como braços e pernas, aplique-se
exemplificar com uma situação bastante comum e litigante com imediatamente um garrote ou torniquete, para impedir que a
os idosos. A fratura patológica do colo do fêmur é geralmente mioglobina tenha acesso à corrente sanguínea e ocorram suas
decorrente de osteoporose (porosidade óssea por desminerali‐ consequências. A mioglobina é o pigmento muscular liberado
zação ou perda de cálcio pelo osso, comum no envelhecimento, quando a fibra é esmagada e entope os túbulos renais, impe‐
principalmente entre idosos que não ingerem cálcio suficiente dindo a filtração do sangue e levando à morte por insuficiência
e que não se exercitam regularmente) e acarreta a queda apa‐ renal aguda.
rentemente espontânea do idoso. Tanto este como sua família
frequentemente interpretam a fratura como consequência da 10. Lesões produzidas por artefatos explosivos – “Chama‐
queda, e não como deve ser encarada, sendo a queda a conse‐ -se de explosão um mecanismo produzido pela transformação
quência de uma fratura. Aqui, o simples fato de o idoso se virar química de determinadas substâncias que, de forma violenta e
para olhar para trás ou se levantar mais rapidamente pode oca‐ brusca, produz uma quantidade excessiva de gases com capaci‐
sionar a fratura e a queda consequente. De acordo com Roberto dade de causar malefícios à vida ou à saúde de um ou de vários
Blanco, as fraturas podem ocorrer pela compressão, flexão ou indivíduos. (...) As lesões produzidas por esses artefatos podem
torção. ser por ação mecânica e por ação da onda explosiva. As primei‐
ras são provenientes do material que compõe o artefato e dos
7. LUXAÇÃO – É a perda definitiva (mas não irreversível) de escombros que atingem as vítimas. As outras são decorrentes
contato entre as superfícies articulares, e segue-se, via de regra, das ondas de pressão e sucção, que compõem a chamada síndro-
de rotura de ligamentos. Esta perda pode ser transitória, com o me explosiva ou blast injury.

14
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
A blast injury é um conjunto de manifestações violentas e produzida pela expansão gasosa de uma explosão potente, acompa‐
nhada de uma onda de pressão ou de choque que se desloca brusca e rapidamente numa velocidade muito grande, a pouca distân‐
cia da vítima e, mais grave, em locais fechados.
Segundo William, essa força, para produzir lesões no homem, deve ser no mínimo de 3 libras por polegada quadrada.
As lesões provocadas pela expansão gasosa atingem diversos órgãos e se caracterizam de acordo com a sua forma, disposição
e consistência. A lesão mais comum é a rotura do tímpano”.

11. Encravamento – “É uma modalidade de ferimento produzida pela penetração de um objeto afiado e consistente, em qual‐
quer parte do corpo”. Quase sempre é acidental.

12. Empalamento – Forma especial de encravamento. “Caracteriza-se pela penetração de um objeto de grande eixo longitu‐
dinal, na maioria das vezes consistente e delgado, no ânus ou na região perianal. As lesões são sempre múltiplas e variadas, sua
profundidade varia de acordo com o impacto e as dimensões do objeto contusivo.”
13. A tropelamento ferroviário – Ocorre a redução do corpo a diversos e irregulares fragmentos conhecidos como esposteja‐
mento.
“Nos casos de suicídio, em geral se observa a secção transversal do corpo ao nível do pescoço ou do abdome. Nos acidentes,
é mais comum a secção das pernas. Em ambas as situações, o que chama a atenção é a presença acentuada das reações vitais das
lesões como manchas equimóticas, infiltrados hemorrágicos dos tecidos e placas de sangue coagulado.
Nos atropelamentos post mortem para dissimular homicídio, nota-se um grande número de lesões sem reação vital e apenas
se veem tais reações nas lesões produzidas dolosamente. Por fim, nas situações de dissimulação de morte natural, por vezes para
adquirir vantagens de seguro, observam-se vestes manchadas de sangue e todas as lesões sem qualquer manifestação de reação
vital”.

14. Lesões por precipitação – “Pele intacta ou pouco afetada, roturas internas e graves das víceras maciças e fraturas ósseas de
características variáveis”.6

Lesões por armas brancas

A “arma branca” mais comummente utilizada é a tradicional faca de cozinha (Daéid, Cassidy, & McHugh, 2008) (Hainsworth,
Delaney, & Rutty, 2008) (DiMaio & DiMaio, 2001). A maioria das mortes, que são atribuídas a facadas, é causada por objectos cuja
função principal não é a de uma arma ofensiva (Daéid, Cassidy, & McHugh, 2008).
Daí que para caracterizar as lesões corporais infligidas por arma branca, baseamo-nos na definição actual: “todo o objecto ou
instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante, perfurante, ou corto-contundente…”. Portanto, não pode‐
mos assumir que quando se fala de arma branca, se destina apenas a descrever lesões provocadas por facas.
As armas brancas, assim como outros objectos lançados manualmente, são considerados portadores de baixa energia. Causam
lesões pela sua superfície cortante, pela sua ponta ou por ambas (Calabuig, 2005). No entanto, algumas armas brancas além de
causar lesões ao longo do seu trajecto, podem originar, ocasionalmente, lesões secundárias em redor (Carvalho, 2005).
De acordo com lei e com o mecanismo de acção, as armas brancas podem causar quatro tipos distintos de lesões, que se de‐
nominam respectivamente, feridas incisas, feridas perfurantes, feridas perfuro-incisas e por último feridas corto-contundentes.
Estas armas têm, normalmente, lâminas planas, semelhantes às facas de cozinha, canivetes ou navalhas com comprimento
entre os dez e os treze centímetros (DiMaio & DiMaio, 2001).
Uma faca é composta por duas secções fundamentais: a lâmina (ver a figura 3A) e o punho (ver a figura 3B). São diversas as
partes que as constituem (ver a figura 3).

6 Fonte: www.impetus.com.br

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 3- Partes constituintes de uma faca A - Lâmina B – Punho Fonte: http://www.armabranca.com/2009/10/16/a-anatomia-


-da-faca/

LESÕES INCISAS
As lesões incisas, normalmente, não são fatais (DiMaio & DiMaio, 2001). A maior parte das vítimas, dão entrada habitualmente
em serviços de urgência e são tratadas com alguns pontos de sutura, não acarretando grandes cuidados de saúde. Resultam cicatri‐
zes finas e de aspecto linear (DiMaio & DiMaio, 2001).
Na terminologia utilizada pelos vários autores, este tipo de lesão por mecanismo de ação cortante, pode ter diferentes deno‐
minações, lesões cortantes ou lesões incisas (DiMaio & DiMaio, 2001).
A utilização do termo lesão incisa, deriva do resultado da incisão verificada numa intervenção cirúrgica (França, 2008) (Jorge &
Dantas, 2003). O termo lesão cortante está relacionado com a ação do instrumento utilizado (Martins, 2005). Assim, a lesão resul‐
tante de qualquer instrumento de ação cortante, é denominada incisa (Martins, 2005)(Saukko & Knight, 2004).
A faca é um exemplo clássico de instrumento cortante, que provoca lesões incisas. Co-existem outro tipo de instrumentos que
possuem também uma aresta cortante (como um pedaço de vidro, papel ou metal), que são capazes de provocar o mesmo tipo de
ferimento (DiMaio & DiMaio, 2001).
As feridas incisas são, em geral, mais compridas do que profundas (França, 2008) (Saukko & Knight, 2004) (DiMaio & DiMaio,
2001) (Aguiar, 1958). Este facto encontra explicação na ação deslizante do instrumento, na extensão usual do gume, no movimento
“em arco” exercido pelo braço do agressor e nas curvaturas das muitas regiões ou segmentos do corpo. No entanto, a extensão da
ferida é quase sempre menor da que realmente foi produzida, pela elasticidade da pele e pela retração dos tecidos moles lesados.
Nas regiões onde esses tecidos estão mais ou menos fixos, como por exemplo, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, essas
dimensões são teoricamente iguais (França, 2008) (Aguiar, 1958).
A forma linear das feridas incisas deve-se à ação cortante por deslizamento empregue pelo instrumento. Quando o instrumento
atua perpendicularmente à pele, no sentido das fibras musculares, a ferida conserva-se linear, retilínea e com bordos aproximados.
Se o instrumento percorre os tecidos moles num sentido transversal às fibras musculares, a ferida assume uma forma ovalar ou elíp‐
tica com considerável afastamento dos bordos. Possuem as paredes lisas e regulares (França, 2008) (Wolfbert, 2003) (Aguiar, 1958).
A regularidade dos bordos das feridas, bem como a regularidade do fundo da lesão são devidas ao gume mais o menos afiado do
instrumento utilizado. Os bordos das feridas são, geralmente retilíneos, pela ação de deslizamento. As feridas podem apresentar-se
curvas ou em “zig-zag” (ver a figura 4A), ou com aspecto interrompido pelo enrugamento momentâneo ou permanente da região
atingida (ver a figura 4B). No entanto, a regularidades dos bordos das feridas é mantida (França, 2008) (Wolfbert, 2003) (DiMaio &
DiMaio, 2001)(Aguiar, 1958).
A ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida é outra característica díspar. É raro observar-se escoriações, feridas
contusas ou equimoses nos bordos ou à volta da ferida devido à ação rápida e deslizante do instrumento e ainda, pelo fio de gume
afiado, que não permite uma forma de pressão muito intensa sobre os tecidos lesados. Também não se observam pontes de tecido
íntegro a unir as vertentes da ferida (França, 2008) (Wolfbert, 2003) (DiMaio & DiMaio, 2001)(Aguiar, 1958).

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 4 - Bordos das feridas incisas sobre pregas cutâneas A - Ferida em “zig-zag” B - Ferida interrompida Fonte: Aguiar, A.
(1958). Medicina Legal: Traumatologia Forense. Lisboa: Empresa Universidade Editora.

Nas feridas incisas, normalmente, a hemorragia é abundante. Quanto mais reduzida for a espessura do instrumento e mais
afiado o gume, maior a profundidade da lesão e a maior riqueza vascular da região atingida, mais abundante será a hemorragia. A
hemorragia deve-se à maior retração dos tecidos superficiais e à fácil secção dos vasos, que, não sofrendo hemostasia traumática,
deixam os seus orifícios naturalmente permeáveis. A distância entre os bordos da ferida relaciona-se com a elasticidade e a tonici‐
dade dos tecidos (França, 2008) (Wolfbert, 2003).

A distância é maior onde os tecidos cutâneos são mais tensos pela ação muscular, como no pescoço, e, ao contrário, como na
palma das mãos e na planta dos pés, onde estas tensões não são tão evidentes (França, 2008).
Como a elasticidade e a retração dos tecidos moles são diferentes nos diversos planos corporais, mais acentuados à superfície
do que na fáscia subjacente, as vertentes da ferida são cortadas obliquamente (França, 2008) (Wolfbert, 2003) (Aguiar, 1958).
Apresentam perfil de corte de aspecto angular, de abertura para fora, ou seja, bem afastadas da superfície e o seu término em
ângulo agudo, em forma de V quando o instrumento atua de forma perpendicular (ver a figura 5). Quando o instrumento atua em
sentido oblíquo, ou em forma de bisel, não apresenta término em face angular (França, 2008).

Figura 5 - Vertente angular das feridas incisas Fonte: Payne-James, J., Crane, J., & Hinchliffe, J. A. (2005). Injury assesment,
documentation, and interpretation. In M. M. Stark, Clinical Forensic Medicine, Second Edition A Physician’s Guide (pp. 127-158).
Totowa: Humana Press.
Por norma, o instrumento cortante deixa no final da lesão, e apenas na epiderme, uma pequena escoriação, chamada cauda de
escoriação. Ao determinar-se cauda de escoriação, subentende-se que é a parte final da acção que provocou a lesão (França, 2008)
(Saukko & Knight, 2004).
Por outro lado, outros autores, consideram que cauda de escoriação é consequente do contato inicial do instrumento com a
epiderme e pode ocorrer na entrada, na saída ou na entrada e na saída do instrumento (Wolfbert, 2003)(Aguiar, 1958).
Contudo, poderemos estar perante um pleonasmo, visto que caudal é o término, sinónimo de terminal, fim ou saída, e não
início da ação ou entrada. Este elemento tem grande importância na determinação da direção do ferimento, no tipo de crime e na
posição do agressor, elementos fundamentais no diagnóstico diferencial entre homicídio, suicídio e acidente (França, 2008) (Aguiar,
1958).
A profundidade da ferida é mais superficial no início e no fim (Wolfbert, 2003) (DiMaio & DiMaio, 2001)(Aguiar, 1958). O centro
da ferida é mais profunda, dado ao deslizamento do instrumento e direção semicurva reflexa do braço do agressor ou pela curvatura
da região corporal atingida (ver a figura 6). No entanto, esta profundidade raramente é acentuada. O prognóstico desses ferimentos
é de pouca gravidade, a não ser que sejam profundos e venham a atingir grandes vasos, nervos, e até mesmo órgãos (França, 2008).

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 6 - Vista lateral e superior de uma lesão incisa Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medicinaforense.htm

Existem algumas exceções relativas as extremidades e profundidade das feridas cortantes, entre elas (Aguiar, 1958):
- Se um instrumento atuar em qualquer direção sobre uma região corporal curva (joelhos, região glútea), a lesão resultante terá
as duas extremidades ou cauda de escoriação, ou seja, dois traços escoriados na superfície da epiderme.
- Se um instrumento atuar perpendicularmente e transversalmente sobre uma região corporal de forma cilíndrica ou semi-cilín‐
drica (braço, perna, dedo, dorso pé, dorso da mão, dorso do nariz), a lesão resultante terá as duas extremidades com características
de cauda de escoriação.
- Se o instrumento abordar uma região corporal encurvada na direção oblíqua ou transversa à curvatura percorrendo tecidos
moles até encontrar algo que o detenha (ossos, dentes), a lesão resultante terá as extremidades invertidas, ou seja, a extremidade
inicial com aspecto de cauda e a extremidade final talhada a pique.
- Caso do instrumento atue com violência sobre regiões corporais convexas, percorrendo a pele sobre tecido ósseo, em direção
a um dos seus bordos, até encontrar uma camada de tecidos moles (omoplata). A lesão resultante terá a extremidade inicial com
características de cauda e a extremidade final talhada a pique e profunda, dado a repentina falta de apoio ósseo.
- Se o instrumento atuar com obstinação nos tecidos moles poucos consistentes até atingir uma abertura natural (boca, narina),
a lesão resultante terá a extremidade inicial com aspecto da cauda, e a extremidade final espessa e profunda.
Embora os “cortes” nos tecidos, sejam a forma mais comum deste tipo de lesões, existe um conjunto suis generis de ferimentos,
que está associado a formas mais violentas, com nomenclatura e propriedades específicas:
- Esquartejamento, caracteriza-se pela divisão do corpo em partes (França, 2008) (Wolfbert, 2003); Espostejamento, despede‐
çamento, seccionamento ou esquartejamento, os dois primeiros preferíveis a este último que, à letra significa divisão em quatro
(Pinto da Costa, 2004).
- Decapitação, quando há separação da cabeça do tronco. Embora, possa também ser oriunda de outros tipos de instrumentos,
para além dos cortantes (França, 2008) (Wolfbert, 2003);
- Esgorjamento é representado pela presença de uma longa ferida transversal na face anterior do pescoço, com significativa
profundidade, lesando não só os tecidos subcutâneos como também estruturas internas (França, 2008) (Wolfbert, 2003); Quando a
lesão se encontra na face posterior do pescoço denomina-se, degolamento (Wolfbert, 2003).
- Haraquiri são feridas profundas da parede abdominal, as lesões resultantes deste ritual são as grandes hemorragias, evisce‐
rações e eventrações (França, 2008)
O diagnóstico das feridas produzidas por ação cortante é relativamente fácil. No entanto, a dificuldade encontrada prende‐
-se com a distinção dos mais diversos instrumentos, porventura, utilizados (França, 2008) (Lynch, 2006) (DiMaio & DiMaio, 2001)
(Aguiar, 1958). Distintos instrumentos podem provocar lesões com características semelhantes.
Por exemplo, um corte na pele com sete vírgula seis centímetros de comprimento pode ter sido provocado por uma lâmina de
quinze vírgula seis centímetros, uma lâmina de cinco vírgula um centímetros, uma lâmina de barbear, uma navalha, ou até mesmo
por um pedaço de vidro (DiMaio & DiMaio, 2001).
É também difícil de assegurar a quantidade de força aplicada no instrumento para produzir a lesão, visto que depende direta‐
mente da configuração e forma afiada do instrumento, bem como da resistência, quando existe, da roupa da vítima (Lynch, 2006).
Contudo, existe alguma relação entre a lesão e o tipo de instrumento utilizado, estado e número de gumes e a maneira de sua
aplicação (Aguiar, 1958).
No caso de existir uma série de feridas incisas que se cruzem, é importante conhecer a ordem de entrada do instrumento na
pele, a fim de relacionar com a possível direção do instrumento. Como a segunda lesão foi produzida sobre a primeira, os bordos,
já afastados, cooptando-se as margens de uma das feridas, sendo ela a primeira a ser produzida, a outra não segue um trajeto em
linha reta, chamado Sinal de Chavigny (ver a figura 7) (França, 2008) (Aguiar, 1958).

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 7 – Ordem das feridas. Sinal de Chavigny Fonte: http://www.malthus.com.br

Juridicamente a avaliação das feridas incisas, pode ser um dado de exclusão ou inclusão, num possível crime, daí a sua descrição
pormenorizada ser essencial à investigação forense.

LESÕES PERFURANTES
A força implicada na agressão, capaz de perfurar a pele, depende da configuração e a agudeza da ponta do instrumento. Quanto
mais pontiaguda for a ponta, menos força é necessária aplicar, logo, mais fácil de penetrar na pele (DiMaio & DiMaio, 2001). Uma
vez entrada a ponta, mais facilmente todo instrumento penetrará na pele e tecidos adjacentes com pouca força aplicada, a não ser
que encontre uma estrutura sólida, como um osso ou dente (DiMaio & DiMaio, 2001).
Pregos, florete, estiletes e furador de gelos são exemplos de instrumentos mais comuns neste tipo de lesões. (Calabuig, 2005)
A dimensão e tipo de instrumento são essenciais para a compreensão das lesões, bem como para a investigação criminal (Sauk‐
ko & Knight, 2004). As características das lesões perfurantes devem ser precisas no que respeita à abertura e ao trajecto. A abertura
da lesão não depende apenas da dimensão e forma do instrumento, mas também depende da região anatómica e propriedades da
pele atingida (França, 2008) (Saukko & Knight, 2004) (DiMaio & DiMaio, 2001).
O orifício de entrada da lesão pode ter várias configurações, de acordo com o tipo de instrumento utilizado e a região anató‐
mica atingida (Aguiar, 1958).
A superfície de secção tem uma configuração variável consoante a forma do instrumento, e por outro lado, conforme a dispo‐
sição das linhas de Langer.
A configuração do ferimento permite presumir a da secção transversal do instrumento perfurante. Devido à elasticidade da
pele, os bordos da lesão tendem a ser mais curvilíneos que os bordos da secção do instrumento (ver a figura 8) (Calabuig, 2005).

Figura 8 – Configurações de lesões por instrumentos perfurantes Adaptado: Calabuig, G. (2005). Medicina Legal e Toxicologia.
Barcelona, 6ª Edição: Masson.
Se o instrumento perfurante é cilíndrico – cónico ou cónico, de ponta aguçada, o orifício produzido é punctiforme, circular ou
linear; se tem ponta romba, o orifício originado apresenta forma irregular (Aguiar, 1958).
O orifício de saída, quando existe, é muito parecido ao da entrada, no entanto, tem os bordos invertidos (França, 2008).
Quando o instrumento perfurante penetra a pele, a forma das lesões assume um aspecto diferente, obedecendo às Leis de
Filhos e Langer (França, 2008) (Calabuig, 2005) (Wolfbert, 2003):
- Primeira Lei de Filhos: As soluções de continuidade dessas feridas, quando é retirado o instrumento, assemelham-se às pro‐
duzidas por instrumentos de dois gumes ou tomam a aparência de “casa botão” ou botoeira;
- Segunda Lei de Filhos: Quando essas feridas se mostram numa região onde as linhas de força tenham um só sentido, o seu
maior eixo tem sempre a mesma direção;
- Lei de Langer: Quando um instrumento perfurante lesa um ponto ou uma zona de convergência de diferentes sistemas de
fibras elásticas com direção divergente, a extremidade da lesão assume o aspecto da ponta de seta, de triângulo ou mesmo de
quadrilátero.

19
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
As feridas produzidas por instrumentos perfurantes, de As lesões perfuro-incisas são capazes de refletir mais infor‐
acordo com a região atingida, tomam as seguintes direções mação sobre o instrumento casuístico ou arma que a causou,
(França, 2008): pois objetos redondos, deixam marcas arredondadas, objetos
- Pescoço: Linha média: no sentido dos músculos hióides; quadrados produzem uma lesão quadrada, etc., algo que não se
Face lateral: no sentido do músculo esternocleidomastoídeo; verifica numa lesão incisa (Lynch, 2006).
Face posterior: no sentido do músculo trapézio. A aparência de uma lesão originada por instrumentos perfu‐
-Tórax: Face antero-lateral: no sentido dos feixes do múscu‐ ro-cortantes depende da forma (ver a figura 9) e força aplicada,
lo peitoral maior ou no sentido do músculo serrátil maior; Face e da parte do instrumento que é penetrada e/ou que entra em
posterior: no sentido do músculo romboíde. contato com a pele (DiMaio & DiMaio, 2001).
- Abdómen: Linha média: no sentido dos músculos retos ab‐
dominais; Face antero-lateral: no sentido dos feixes do músculo
oblíquo maior; Face posterior: no sentido dos feixes do músculo
transverso.

- Membro superior: Face anterior: Braço - no sentido dos


feixes do músculo bicep braquial. Antebraço - no sentido dos
feixes do pronador redondo e do flexor radial do carpo; Face
posterior: Braço - no sentido dos feixes do deltoíde; no sentido
do tríceps braquial. Antebraço - no sentido dos feixes do múscu‐
lo extensor dos dedos.
- Membro inferior: Face anterior: Coxa - no sentido dos fei‐
xes do músculo costureiro; no sentido dos feixes do músculo
reto da perna. Perna - no sentido dos feixes do músculo tibial an‐
terior; Face posterior: Coxa - no sentido dos feixes dos músculos
isqui-tibiais. Perna - no sentido dos feixes do músculo gémeo.
- Região glútea: No sentido dos feixes do músculo grande
glúteo.
O trajeto dependerá, no que diz respeito à sua profundi‐
dade, do tamanho do instrumento ou da pressão exercida pelo
agressor.
No entanto, não se pode estabelecer o comprimento do
meio perfurante pela profundidade da penetração, uma vez
quem de nem sempre é penetrado em toda a sua extensão e Figura 9 - Formas de lesões associadas aos diferentes instru-
pode variar, essa profundidade, com a posição da vítima. Por mentos A – Elíptica B – “Cauda de peixe” C – Oval com contusão
outro lado, a profundidade da penetração pode ser maior que Fonte: Payne-James, J., Crane, J., & Hinchliffe, J. A. (2005). Injury
o próprio comprimento do instrumento, quando atinge uma re‐ assesment, documentation, and interpretation. In M. M. Stark,
gião onde haja depressibilidade dos tecidos superficiais, como Clinical Forensic Medicine, Second Edition A Physician’s Guide
no abdómen. Lacassagne apelidou estas lesões de “feridas em (pp. 127-158). Totowa: Humana Press.
harmónio” (França, 2008).
A importância desses instrumentos perfurantes na Medicina A descrição das características da lesão depende da rela‐
Legal centra-se no facto de serem esses instrumentos inoculares ção existente entre o tipo de arma utilizado, e particularidades
de infecção, pois as feridas produzidas, embora aparentemente da mesma, como o gume, o tipo de ponta e as suas dimensões,
pequenas, são profundas. paralelamente, a profundidade, a direção, a inclinação, os mo‐
A gravidade destas lesões depende do carácter vital dos vimentos dentro dos tecidos, a extração da arma bem como as
órgãos e estruturas atingidas ou da eventualidade de infecções propriedades da pele nos diferentes locais anatómicos (Saukko
supervenientes. & Knight, 2004)(DiMaio & DiMaio, 2001).
A sua causa jurídica é, na maioria das vezes, homicida e, Se o instrumento possui ponta e arestas, as lesões produzi‐
mais raramente, de origem acidental ou suicida (França, 2008). das diferenciam-se conforme a forma arredondada ou afiada das
LESÕES PERFURO-INCISAS mesmas. Os instrumentos com arestas afiadas originam feridas
Estas lesões resultam sempre de um objeto suficientemente em fenda ou rasgo com bordos ou irradiações de acordo como
afiado e estreito, capaz de rasgar os tecidos cutâneos (Lynch, o número de gumes. São tanto mais nítidos, quanto mais afia‐
2006). das forem estas arestas. Se os instrumentos possuem arestas
A arma mais comumente utilizada na produção deste tipo rombas, resultam feridas irregulares, acrescidas de pequenas
de lesão é também a faca, em virtude da sua forma cortante e lacerações em redor, compatíveis com as arestas (Aguiar, 1958).
ponta aguçada (Lynch, 2006) (Saukko & Knight, 2004) (DiMaio & O tipo de fio de gume determina a aparência dos bordos
DiMaio, 2001). das feridas: linear e recta, esfolada e macerada ou irregular e
Este tipo de lesão perfuro-incisa é descrito como o mais contundida. Se o fio de gume é rombo, os bordos da ferida são
associado a homicídios (França, 2008) (Saukko & Knight, 2004) incertos (DiMaio & DiMaio, 2001).
(DiMaio & DiMaio, 2001). Considerando que a maioria apenas Também é possível encontrar junto dos bordos da ferida,
causa lesões superficiais, atingindo a pele e tecido adiposo, tor‐ contusões ou equimoses modeladas impressas pelo impacto do
nam-se muitas vezes fatais quanto penetram estruturas vitais cabo da arma na pele (Lynch, 2006) (Hammer, Moynihan, & Pa‐
(Saukko & Knight, 2004) (Jorge & Dantas, 2003) (Aguiar, 1958). gliaro, 2006) (Wolfbert, 2003).

20
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Se uma lesão é provocada pela superfície plana de uma lâ‐ As lesões causadas por instrumentos de dois gumes apre‐
mina obliquamente, a ferida terá uma margem biselada de um sentam uma fenda de bordos iguais e ângulos agudos (ver a figu‐
lado e arredondada do outro, indicando a direção a partir do ra 12) (França, 2008) (Wolfbert, 2003) (Aguiar, 1958). Os instru‐
qual o instrumento entrou (DiMaio & DiMaio, 2001). mentos correlacionados são os punhais e as facas de dois gumes
O orifício de entrada e o aspecto da lesão na pele é deter‐ (Aguiar, 1958).
minado não só pela forma da lâmina, mas também pelas pro‐
priedades da pele e local anatómico (DiMaio & DiMaio, 2001)
(Aguiar, 1958).
Se a pele é penetrada enquanto esticada ou estirada, resulta
uma lesão comprida e fina, enquanto que, quando os tecidos
estão relaxados a ferida apresenta menores dimensões.
As linhas de Langer influenciam o aspecto da lesão, pois es‐
tas são aproximadamente iguais de indivíduo para indivíduo, o
que torna mais fácil estabelecer padrões de lesões.
Se uma lesão é provocada perpendicularmente a estas fi‐
bras, o aspecto é uma fenda mais ou menos larga, pois as fibras
elásticas da pele esticam os bordos da ferida, separando-os (ver
a figura 10A).
Se a lâmina penetrar paralelamente às linhas de Langer, a Figura 12 - Configuração da lesão produzida por lâmina com
lesão resultante é uma fenda fina e estreita, com pouco espaço dois gumes Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medici-
entre os bordos (ver a figura 10B). A elasticidade dos tecidos naforense.htm
não produz grande deformação no orifício de entrada e, com
frequência é possível presumir a configuração do instrumento. Os instrumentos de três gumes originam feridas com for‐
ma triangular ou estrelada (ver a figura 13) (França, 2008) (Wol‐
fbert, 2003).

Figura 10 - Características do orifício de entrada em lesões pro-


duzidas pelo mesmo instrumento Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio,
D. (2001). Forensic Pathology. Nova York - 2 Edição: CRC Press
Figura 13 - Configuração da lesão produzida por lâmina com
As lesões assumem forma de botoeira ou “casa botão”, quan‐ três gumes Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medici-
do infligidas por instrumentos de um gume, com uma fenda re‐ naforense.htm
gular, e quase linear, com um ângulo agudo (gume) e outro arre‐
dondado (costas) (França, 2008) (Aguiar, 1958) (Wolfbert, 2003). Por vezes, há deformação do orifício de entrada, face à mo‐
É característico de lesões provocadas por facas, canivetes, nava‐ vimentação da mão que manipula o instrumento ou movimento
lhas, pedaços de vidro, etc. (ver a figura 11) (Aguiar, 1958). da própria vítima, quer alargando a lesão quando há inclinação
na saída (ver a figura 14A), quer mudando a forma, quando há
rotação depois de introduzida no corpo (ver a figura 14B) (Fran‐
ça, 2008) (Wolfbert, 2003) (DiMaio & DiMaio, 2001).

Figura 11 - Configuração da lesão produzida por lâmina com


um gume Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medici-
naforense.htm

21
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 14 - Modificações da lesão pelo movimento da mão Figura 16 - Lesão em forma de V invertido ou bifurcado
A - alargamento por inclinação B - rotação da mão Fonte: http:// Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Forensic Patholo-
www.pericias-forenses.com.br/medicinaforense.htm gy. Nova York - 2 Edição: CRC Press

Deste modo, devido ao movimento nestas lesões, o compri‐ Outra possível configuração de uma lesão, causada por um
mento da ferida pode ser igual, superior ou inferior à largura da instrumento perfuro-cortante, que pode assemelhar-se à forma
lâmina do instrumento (DiMaio & DiMaio, 2001). de uma lágrima (ver a figura 17). Este formato deve-se à introdu‐
Esta movimentação do instrumento ou da vítima, produz le‐ ção total da lâmina até ao ricasso, pequeno espaço entre o fim
sões em forma de L ou Y, chamadas também de ferimentos em do fio de gume e a guarda da faca, zona esta não cortante, daí o
“cauda de andorinha” (ver a figura 15). O aspecto destas lesões formato dos bordos não ser angulado (DiMaio & DiMaio, 2001).
deve-se ao facto do agressor cravar a lâmina numa direção e, ao
retirá-la (possivelmente para desferir outro golpe), o fazer nou‐
tra direção ou por, entretanto, a vítima se ter movido.

Figura 17 - Lesão em formato de lágrima A –Zona mais su-


perficial (Ricasso) B – Zona mais profunda da lesão originada
pelo gume Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Foren-
Figura 15 - Lesão característica em “cauda de andorinha” sic Pathology. Nova York - 2 Edição: CRC Press
Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Forensic Patholo- Se uma faca é introduzida numa região corporal com muita
gy. Nova York - 2 Edição: CRC Press violência, a sua guarda pode ficar “tatuada” na pele, uma vez
que não é penetrada (DiMaio & DiMaio, 2001).
Uma primeira lesão é causada pela penetração da lâmina, Se o instrumento é cravado num movimento descendente a
e uma segunda pelo movimento da vítima ou de retirada do marca da guarda é visível na região superior (ver a figura 18A)
instrumento. Uma variação desta lesão é observada na extre‐ e viceversa (ver a figura 18B). A marca da guarda é simétrica
midade da lesão, quando o instrumento é apenas ligeiramente se o instrumento é introduzido em linha reta na pele. (ver a fi‐
rodado, ou o movimento da vítima é discreto, ganhando a forma gura 18C). Assim sendo, por vezes os bordos são redondos ou
de um V invertido ou bifurcado (ver a figura 16). contundidos, pela entrada da lâmina até a guarda, eliminando
angulações deixadas pelo fio de gume.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Figura 18 – Tipo de “tatuagens” da guarda da faca A- Senti- Na maioria dos casos, através da observação da lesão, o
do descendente B- Sentido ascendente C- Sentido recto D- Senti- sumo de informação possível de deduzir é a largura máxima da
do esquerda direita e obliquo Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, lâmina, uma estimativa do comprimento da lâmina e se possui
D. (2001). Forensic Pathology. Nova York - 2 Edição: CRC Press apenas um único gume. Ao proceder à medição das dimensões
da lesão convém aproximar o mais possível os bordos da feri‐
Se a direção for oblíqua, a tatuagem é mais evidente na mar‐ da, no caso de uma lesão perpendicular ou oblíqua as linhas de
gem da lesão compatível com o sentido da penetração, (ver a Langer, para se tentar corrigir as deformações introduzidas pela
figura 18D), inclinação de baixo para cima e da esquerda para tensão elástica dos tecidos (DiMaio & DiMaio, 2001).
a direita. Nunca se pode vincular um determinado instrumento a uma
Se o instrumento possui ponta com um ou dois gumes, o lesão, a menos que o instrumento tenha ficado retido no corpo
orifício de entrada vai variar nas suas dimensões de acordo com: ou pequenos fragmentos soltos pertencentes ao instrumento.
estado do gume, grau de inclinação do instrumento, mudança Por outro lado, se o instrumento é identificado, por compara‐
de posição do instrumento ao ser extraído do corpo, movimen‐ ção é possível associar o instrumento à lesão causada (DiMaio
tos do instrumento dentro corpo e características dos tecidos na & DiMaio, 2001).
área corporal infligida (Aguiar, 1958). Assim: Na maioria dos casos quando se questiona se determinada
- Se o instrumento possui gumes afiados e atuar perpendi‐ arma foi a que produziu um ferimento específico, pode-se ape‐
cularmente à região corporal, as dimensões do orifício de en‐ nas referir que pode ter sido. Aferir com certeza que a lâmina do
trada correspondem, sensivelmente, à largura do instrumento. crime era de serrilha ou dentada é raro (Saukko & Knight, 2004)
- Se por outro lado, o instrumento possui gumes rombos e (DiMaio & DiMaio, 2001).
atuar perpendicularmente, as dimensões do orifício de entrada Todos os instrumentos presumíveis de terem causado um
são menores do que a sua penetração, relacionado com a elas‐ crime, devem ser analisados quanto à presença de sangue ou
ticidade dos tecidos. tecidos. Qualquer vestígio de sangue ou tecido, presente no ins‐
- Se o instrumento atuar em direção oblíqua à epiderme, trumento, pode ser extraído o ADN, para possível identificação
as dimensões da ferida serão superiores às do instrumento em da vítima e/ou do agressor (DiMaio & DiMaio, 2001).
causa, e tanto maiores quanto mais tangenciais for a penetra‐ É possível que o instrumento não tenha vestígios de san‐
ção e a amplitude dos movimentos no momento da saída. Após gue a nível microscópico mesmo após a sua utilização (DiMaio
o crivar do instrumento nos tecidos, a ferida adquirirá maiores & DiMaio, 2001). Na perfuração de órgãos sólidos, a hemorra‐
dimensões, se o mesmo for manipulado no interior dos tecidos, gia ocorre apenas quando o instrumento é retirado, porque a
ou em movimentos de luta, defesa ou fuga da vítima. sua pressão in situ, previne-a (Saukko & Knight, 2004) (DiMaio
A determinação da largura da lâmina do instrumento perfu‐ & DiMaio, 2001).
ro-cortante, a partir da dimensão da lesão em fenda só é possí‐ Durante a retirada do instrumento as fibras elásticas e mus‐
vel quando se tem noção do tipo de instrumento utilizado. No culares dos órgãos sólidos atingidos, ou o tecido elástico da pele
caso de instrumentos perfuro-cortantes com uma lâmina de podem contrair-se de encontro à lâmina e limpar os vestígios
feitio triangular, as dimensões do ferimento dependem da pro‐ de sangue presentes na mesma. A roupa pode também eliminar
fundidade do canal de penetração (ver a figura 19B). Noutros vestígios de sangue do instrumento no momento da retirada.
casos, a largura da lâmina é mais ou menos uniforme pelo que Se a lâmina não tem sangue, é necessário verificar se existe no
as dimensões do ferimento refletem, com aproximação, as da cabo, ou local onde o agressor segurou a arma. Analisar o ins‐
lâmina qualquer que seja o seu grau de penetração (ver a figura trumento na totalidade é vital, pois pode conter algum vestígio
19A) (Calabuig, 2005). biológico passível de ser recolhido ADN, para análise (DiMaio &
DiMaio, 2001).
São raras as situações em que a arma fica retida no corpo,
para a remover o dedo polegar e o dedo indicador devem agar‐
rar os lados do cabo imediatamente adjacentes à pele. Isto per‐
mite evitar que o profissional de saúde toque ou manipule local
que esteve em contato com a mão do agressor, onde poderão
estar as impressões digitais do mesmo (DiMaio & DiMaio, 2001).
Quanto à profundidade atingida pode ser igual, superior ou
inferior ao comprimento da lâmina do instrumento (DiMaio &
DiMaio, 2001).
Se a lâmina do instrumento não for introduzida na sua to‐
talidade, a profundidade da lesão será, assim, menor que o seu
Figura 19 - Diferentes tipos de lâmina A- Lâmina de forma comprimento. Quando atinge uma região corporal em que a
uniforme em todo o comprimento e largura B- Lâmina de forma superfície é depressível (como a parede de abdomen) a lâmina
triangular Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Forensic produz uma lesão mais profunda do que o seu próprio compri‐
Pathology. Nova York - 2 Edição: CRC Press mento (ver a figura 20) (DiMaio & DiMaio, 2001).

Com a lâmina A (figura 19A), independentemente da pro‐


fundidade a largura da lesão é no mínimo do tamanho da lâmi‐
na. As dimensões da lesão dependem da profundidade com que
a lâmina B (figura 19B) penetra nos tecidos.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 20 - Superfície do corpo depressível (parede de abdómen). A lâmina produz uma lesão mais profunda do que o seu próprio
comprimento. Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medicinaforense.htm

Portanto, a maior ou menor penetração do instrumento, assim como a sua maior ou menor gravidade, dependem não só das
características dos instrumentos e da força imprimida, mas também da região corporal afetada (França, 2008) (Jorge & Dantas,
2003) (DiMaio & DiMaio, 2001) (Aguiar, 1958).
A distância mínima entre a pele e os diferentes órgãos internos foi determinada por Connor et al. (Connor et al. citado por
DiMaio & DiMaio, 2001) (ver a tabela 1). No entanto, estas distâncias estimadas podem ser menores dependendo da força da com‐
pressão na pele e no tecido subcutâneo pelo impulso do instrumento (DiMaio & DiMaio, 2001).

A determinação da força necessária para perfurar os tecidos é muito subjetiva e difícil de ser quantificada (Hainsworth, De‐
laney, & Rutty, 2008) (DiMaio & DiMaio, 2001). A única forma de mensurar a força é baseada no conhecimento de senso comum
como: “força ligeira”, “força moderada”, “força considerável” e em alguns casos “força extrema” (Hainsworth, Delaney, & Rutty,
2008) (Payne-James, Crane, & Hinchliffe, 2005) (Saukko & Knight, 2004).
Esta última classificação fica reservada para situações em que o instrumento colide com um osso e fica empalado, quando pe‐
netra o crânio ou quando o instrumento deixa contusões ou equimoses modeladas impressas pelo impacto da sua extremidade na
pele (Saukko & Knight, 2004).

Alguns Investigadores desenvolveram um projeto na medição da força máxima necessária para a penetração do instrumento na
pele, no momento do impacto. Resultaram as seguintes conclusões generalistas (Saukko & Knight, 2004):
- À parte o osso e cartilagens calcificadas, a pele é o tecido mais resistente à penetração, seguida pelos músculos.
- O fator mais importante na penetração é a argúcia da ponta do instrumento. O fio de gume, depois do instrumento penetrado
é de, relativamente, de menor importância.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- A velocidade de aproximação do instrumento à pele é, ajudam a quantificar a força que foi necessária para os lesar.
particularmente, importante na forma da penetração. Se o ins‐ Num estudo realizado por O´Callaghan et al. foi quantificada a
trumento é firmemente empurrado contra a pele, requer mais força necessária para penetrar uma lâmina de dez centímetros
força para a penetrar do que se pelo contrário, o instrumento de profundidade, em diferentes tecidos e peças anatómicas em
tiver sido projetado. cadáveres (O´Callaghan et al. citado por DiMaio & DiMaio, 2001).
- É mais fácil de penetrar a pele quando está esticada ou Determinou-se que a força média necessária para penetrar
tensa do que quando está enrugada ou mole. Na parede toráci‐ na pele, no músculo e no tecido subcutâneo era de cinco quilo‐
ca, onde a pele tende a ser intermitentemente suportada pelas gramas (quarenta e nove newton) com um desvio padrão entre
costelas, torna-se relativamente fácil de ser perfurada, uma vez os três virgula cinquenta e oito quilogramas aos cinco vírgula
que os tecidos estão esticados sobre os espaços intercostais, sessenta e oito quilogramas. Para o tecido adiposo e músculo,
como a membrana de um “tambor”. três vírgula cinquenta e três quilogramas (trinta e cinco newton).
- Apesar da pele ser mais espessa nas palmas das mãos e Para o músculo isolado três vírgula cinquenta e oito quilogramas
plantas dos pés do que no resto do corpo, a variação da resis‐ (trinta e sete vírgula cinco newton) e para o tecido adiposo iso‐
tência aos instrumentos perfuro-cortantes assume pouca impor‐ lado apenas zero vírgula vinte e dois quilogramas (dois newton).
tância quando comparado com outros fatores. Da mesma forma, - A profundidade e o comprimento da lesão. Para que uma
a pele do idoso, ou de uma mulher, não é sensivelmente menos lâmina com cinco centímetros de comprimento cause uma lesão
com dez centímetros de profundidade, é necessária a utilização
resistente do que a dos homens ou jovens.
de muita força.
- Quando um instrumento é empurrado contra a pele, on‐
- A quantidade de roupa e a sua própria composição. O cinto
dulações e resistências da pele ocorrem até que a penetração
de pele, casacos de pele grossos e duros entre outros requerem
aconteça. Quando é excedido o limiar da resistência das fibras
mais força para serem penetrados, do que na ausência de roupa,
elástica da pele, o instrumento penetra os tecidos subcutâneos ou roupas finas e macias. Pode ser estimada a quantidade de
sem qualquer força adicional, exceto se interceptado por um força aplicada pela indumentária.
osso ou cartilagem. Deste modo, para que ocorra a completa
penetração do instrumento até ao punho ou para que a extremi‐ Alguns Investigadores desenvolveram um projeto na medi‐
dade do instrumento alcance regiões mais profundas, não é ne‐ ção da força máxima necessária para a penetração do instru‐
cessário suplementar a força exercida. É incorreto afirmar que mento na pele, no momento do impacto. Resultaram as seguin‐
para causar uma lesão profunda é necessário aplicar uma força tes conclusões generalistas (Saukko & Knight, 2004):
extrema. Algumas experiências mostram que após a ocorrência - À parte o osso e cartilagens calcificadas, a pele é o tecido
da penetração é difícil, ou mesmo impossível, impedir que haja mais resistente à penetração, seguida pelos músculos.
uma penetração ainda mais profunda, devido a ruptura repen‐ - O fator mais importante na penetração é a argúcia da pon‐
tina dos tecidos. ta do instrumento. O fio de gume, depois do instrumento pene‐
- Quando o instrumento penetra rapidamente nos tecidos, trado é de, relativamente, de menor importância.
por exemplo, quando a vítima cai ou corre em direção à lâmina, - A velocidade de aproximação do instrumento à pele é,
não é necessário segurar firmemente na mesma, com intuito de particularmente, importante na forma da penetração. Se o ins‐
evitar que esta não penetre ou seja mesmo empurrada. A sua trumento é firmemente empurrado contra a pele, requer mais
inércia, se a ponta é afiada, é mais do que suficiente para a man‐ força para a penetrar do que se pelo contrário, o instrumento
tiver sido projetado.
ter segura enquanto o próprio corpo se espeta sozinho.
- É mais fácil de penetrar a pele quando está esticada ou
- Cartilagem não calcificada, como na região da grade costal,
tensa do que quando está enrugada ou mole. Na parede toráci‐
é facilmente penetrável, principalmente em jovens ou adultos
ca, onde a pele tende a ser intermitentemente suportada pelas
de meia-idade. Contudo é necessária mais força do que se de um
costelas, torna-se relativamente fácil de ser perfurada, uma vez
espaço intercostal se trata-se. As costelas e os ossos são mais que os tecidos estão esticados sobre os espaços intercostais,
resistentes, mas um violento golpe de uma rígida e afiada lâmi‐ como a membrana de um “tambor”.
na pode facilmente penetrar uma costela, esterno ou mesmo o - Apesar da pele ser mais espessa nas palmas das mãos e
crânio. Tecidos tensos como o miocárdio, fígado e rim são facil‐ plantas dos pés do que no resto do corpo, a variação da resis‐
mente trespassados por todos os instrumentos, a sua resistência tência aos instrumentos perfuro-cortantes assume pouca impor‐
é muito menor do que a da pele e da cartilagem. tância quando comparado com outros fatores. Da mesma forma,
Contudo, não é possível quantificar a força exata utilizada a pele do idoso, ou de uma mulher, não é sensivelmente menos
pelo agressor para causar uma lesão fatal (Hainsworth, Delaney, resistente do que a dos homens ou jovens.
& Rutty, 2008) (DiMaio & DiMaio, 2001). Porém, após a compa‐ - Quando um instrumento é empurrado contra a pele, on‐
ração e correlação da relação de cada uma das seguintes quatro dulações e resistências da pele ocorrem até que a penetração
variáveis, é possível indicar em termos comparativos a força ne‐ aconteça. Quando é excedido o limiar da resistência das fibras
cessária para infligir um golpe fatal (DiMaio & DiMaio, 2001): elástica da pele, o instrumento penetra os tecidos subcutâneos
- Características do instrumento utilizado. Ponta e fio de sem qualquer força adicional, exceto se interceptado por um
corte afiado ou rombo, lâmina espessa ou fina, o número de osso ou cartilagem. Deste modo, para que ocorra a completa
gumes, o tipo e espessura da lâmina. Um instrumento cortante penetração do instrumento até ao punho ou para que a extremi‐
com ponta afiada, de duplo gume, com lâmina fina requer pouca dade do instrumento alcance regiões mais profundas, não é ne‐
força ou pouco esforço para penetrar os tecidos ou órgãos do cessário suplementar a força exercida. É incorreto afirmar que
que um instrumento de lâmina não afiada, romba e de um gume. para causar uma lesão profunda é necessário aplicar uma força
- Resistência dos diferentes tecidos e órgãos. As estruturas extrema. Algumas experiências mostram que após a ocorrência
resistentes como a pele, as cartilagens e os ossos, necessitam da penetração é difícil, ou mesmo impossível, impedir que haja
de maior força para serem penetrados do que os tecidos moles, uma penetração ainda mais profunda, devido a ruptura repen‐
como o tecido adiposo. Através dos órgãos ou tecidos lesados, tina dos tecidos.

25
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- Quando o instrumento penetra rapidamente nos tecidos, As características gerais das lesões originadas por facas apli‐
por exemplo, quando a vítima cai ou corre em direção à lâmina, cam-se igualmente a outros objetos cortantes. Ambos atuam
não é necessário segurar firmemente na mesma, com intuito de por corte e perfuração.
evitar que esta não penetre ou seja mesmo empurrada. A sua Lâminas de barbear e pedaços de vidro partido têm bordos
inércia, se a ponta é afiada, é mais do que suficiente para a man‐ extremamente afiados de modo que, quando aplicados tangen‐
ter segura enquanto o próprio corpo se espeta sozinho. cialmente à pele ou num pequeno ângulo, o resultado pode
- Cartilagem não calcificada, como na região da grade costal, ser uma lesão exuberante (Saukko & Knight, 2004) (DiMaio &
é facilmente penetrável, principalmente em jovens ou adultos DiMaio, 2001).
de meia-idade. Contudo é necessária mais força do que se de um Embora estas armas casuais sejam normalmente utilizadas
espaço intercostal se trata-se. As costelas e os ossos são mais para cortar, longos pedaços de vidro podem ser, por vezes inad‐
resistentes, mas um violento golpe de uma rígida e afiada lâmi‐ vertidamente, agentes de perfuração. O longo pedaço pode par‐
na pode facilmente penetrar uma costela, esterno ou mesmo o tir e permanecer numa ferida profunda, que pode ser ignorada
crânio. Tecidos tensos como o miocárdio, fígado e rim são facil‐ se a entrada é pequena (Saukko & Knight, 2004).
mente trespassados por todos os instrumentos, a sua resistência As feridas infligidas por garrafas partidas tendem a ter como
é muito menor do que a da pele e da cartilagem. características um aglomerado de lesões de diferentes tama‐
Contudo, não é possível quantificar a força exata utilizada nhos, formas e profundidades. Apresentam gumes afiados, mas
pelo agressor para causar uma lesão fatal (Hainsworth, Delaney,
ásperos e provocam diferenças na profundidade de penetração
& Rutty, 2008) (DiMaio & DiMaio, 2001). Porém, após a compa‐
na pele. A maioria das feridas fatais, provocadas por garrafas
ração e correlação da relação de cada uma das seguintes quatro
partidas tem intenção homicida, ocasionalmente suicídio, e, ra‐
variáveis, é possível indicar em termos comparativos a força ne‐
ramente acidental (DiMaio & DiMaio, 2001).
cessária para infligir um golpe fatal (DiMaio & DiMaio, 2001):
- Características do instrumento utilizado. Ponta e fio de Feridas provocadas com picador de gelo são pouco encon‐
corte afiado ou rombo, lâmina espessa ou fina, o número de tradas atualmente, visto já não ser um objeto comum. Os pi‐
gumes, o tipo e espessura da lâmina. Um instrumento cortante cadores de gelo produzem uma lesão pequena e redonda, ou
com ponta afiada, de duplo gume, com lâmina fina requer pouca em fenda que pode ser facilmente confundida com estilhaços ou
força ou pouco esforço para penetrar os tecidos ou órgãos do balas de calibre vinte e dois. Uma única ferida provocada pelo
que um instrumento de lâmina não afiada, romba e de um gume. picador pode ser perdida num exame superficial do corpo, espe‐
- Resistência dos diferentes tecidos e órgãos. As estruturas cialmente se houver pouca ou ausência de hemorragia externa
resistentes como a pele, as cartilagens e os ossos, necessitam (DiMaio & DiMaio, 2001).
de maior força para serem penetrados do que os tecidos moles, Se a vítima é ferida com um garfo de churrasco, grupos de
como o tecido adiposo. Através dos órgãos ou tecidos lesados, duas ou três lesões, dependendo do número de dentes do mes‐
ajudam a quantificar a força que foi necessária para os lesar. mo, surgem na pele. Cada uma destas lesões está igualmente
Num estudo realizado por O´Callaghan et al. foi quantificada a espaçada de acordo com o espaço existente entre os dentes do
força necessária para penetrar uma lâmina de dez centímetros garfo (DiMaio & DiMaio, 2001).
de profundidade, em diferentes tecidos e peças anatómicas em A perfuração da pele com um garfo de cozinha geralmente
cadáveres (O´Callaghan et al. citado por DiMaio & DiMaio, 2001). não é possível. O que se constata é um padrão de três ou quatro,
Determinou-se que a força média necessária para penetrar dependendo do número de dentes, abrasões ou feridas pene‐
na pele, no músculo e no tecido subcutâneo era de cinco quilo‐ trantes superficialmente na pele (DiMaio & DiMaio, 2001).
gramas (quarenta e nove newton) com um desvio padrão entre Lesões provocadas por chaves de fendas podem mostrar
os três virgula cinquenta e oito quilogramas aos cinco vírgula configurações muito particulares, por exemplo se a arma é uma
sessenta e oito quilogramas. Para o tecido adiposo e músculo, chave estrela. Em tais casos, a ponta em forma de X causa uma
três vírgula cinquenta e três quilogramas (trinta e cinco newton). ferida circular com quatro cortes espaçados e uma margem
Para o músculo isolado três vírgula cinquenta e oito quilogramas de abrasão. A chave de fendas tradicional, de apenas um raio,
(trinta e sete vírgula cinco newton) e para o tecido adiposo iso‐ produz uma fenda, como uma arma branca, com extremidades
lado apenas zero vírgula vinte e dois quilogramas (dois newton). quadradas e com margens escoriadas. Assim, não se pode ter
- A profundidade e o comprimento da lesão. Para que uma
certeza absoluta se esta ferida foi produzida por uma chave de
lâmina com cinco centímetros de comprimento cause uma lesão
fenda ou se por uma faca com uma lâmina estreita e romba,
com dez centímetros de profundidade, é necessária a utilização
introduzida até a guarda (DiMaio & DiMaio, 2001).
de muita força.
As feridas causadas por espadas e lanças são praticamen‐
- A quantidade de roupa e a sua própria composição. O cinto
de pele, casacos de pele grossos e duros entre outros requerem te desconhecidas. Existem algumas descrições apenas de lesão
mais força para serem penetrados, do que na ausência de roupa, por espada e ocasionalmente, a referência de mortes causadas
ou roupas finas e macias. Pode ser estimada a quantidade de por flechas ou virotões. A aparência da ferida depende da ponta
força aplicada pela indumentária. da flecha. Flechas de tiro ao alvo, têm a ponta com terminação
cónica. Eles produzem feridas em que a entrada na pele tem
aparência semelhante a ferimentos de bala. As flechas de caça
CARACTERIZAÇÃO DAS LESÕES CORPORAIS POR OUTROS OB- têm entre dois a cinco gumes cortantes (quatro ou cinco são os
JETOS mais comuns). As feridas produzidas são cruzadas ou em forma
Quando o instrumento utilizado para causar lesão não é a de X com os quatro gumes. Os bordos da ferida são incisos, sem
arma branca típica, uma faca, a ferida pode ter uma aparência qualquer escoriação (DiMaio & DiMaio, 2001).
particular devido à natureza incomum da arma. São diversos os Lesões por tesouras são triviais, são um objeto comum e
instrumentos utilizados como arma, desde picadores de gelo, de fácil acesso (Saukko & Knight, 2004). As características das
garfos, chaves de fenda, tesouras, dardos, flechas, entre outros lesões realizadas com tesouras, diferem consoante a forma da
(DiMaio & DiMaio, 2001). tesoura e dependem se a tesoura estava aberta ou fechada no

26
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
momento da invasão na pele (DiMaio & DiMaio, 2001). O grau de rompimento dos tecidos causado por um projétil
Se está fechada, a ponta da tesoura rasga a pele em vez de está relacionado à cavitação que o projétil cria ao passar pelos
a cortar, produzindo uma lesão linear ou ovalar, mas com mar‐ tecidos. Uma bala com energia suficiente terá um efeito de ca‐
gens escoriadas. Se estiver aberta e apenas uma lâmina espetar vitação maior que a lesão penetrante. A cavidade temporária é
os tecidos da vítima, então as lesões são praticamente idênticas dada pelo alongamento radial do dano ao tecido em redor da
às de uma ferida provocada por uma faca (Calabuig, 2005). ferida da bala, que momentaneamente deixa um espaço vazio
Mais característico é a lesão produzida quando as duas lâmi‐ causado por altas pressões em torno do projétil.
nas da tesoura estão fechadas e penetram a pele. Uma tesoura A velocidade da bala é o determinante mais importante da
com lâminas longas e estreitas, e que as mesmas se fecham qua‐ lesão tecidual, embora a massa do projétil também contribua
se completamente uma na outra, o aspecto da ferida é compa‐ para a energia total que danifica os tecidos. A velocidade inicial
tível com uma faca espessa (Saukko & Knight, 2004). Assumem de uma bala é amplamente dependente do tipo da arma de fogo.
uma forma oval com margens escoriadas (Calabuig, 2005) (ver a As balas geralmente viajam em uma linha relativamente reta ou
figura 9C). fazem uma volta se um osso for atingido. Mais comumente, as
No entanto algumas tesouras, têm as lâminas de aço rebi‐ balas não se fragmentam, mas os danos secundários causados
tadas a um suporte contínuo com os punhos. Isso pode produzir por fragmentos de osso quebrado são uma complicação comum.
uma marca que pode alterar o padrão normal, provocando bor‐
dos irregulares (Saukko & Knight, 2004). Quais são as principais características dos feri-
Quando a tesoura tem os ramos abertos é comum observar‐ mentos por armas de fogo?
-se duas pequenas feridas de forma linear e que se colocam em Os danos ocasionados por projéteis disparados por armas
forma de V completo ou incompleto, podendo inclusive mostrar de fogo dependem da potência da arma, das características da
nas extremidades proximais, que correspondem ao lado cor‐ bala, da sua velocidade, do ponto de entrada no corpo e das es‐
tante da tesoura, uma pequena cauda de escoriação (Calabuig, truturas atingidas por ele. As feridas de bala podem ser devasta‐
2005). doras, porque a trajetória e a fragmentação das balas podem ser
Algumas tesouras têm uma dupla ponta afiada, mas a maio‐ imprevisíveis após a entrada. Além disso, ferimentos por arma
ria das tesouras domésticas, de alfaiate ou tesoura de costura de fogo envolvem um grande grau de destruição do tecido nas
são bastante rombas, quando fechadas, logo, é necessário uma proximidades, devido aos efeitos físicos do projétil.
força considerável para a fazer atravessar a pele. São prova con‐ O efeito prejudicial imediato de uma bala é tipicamente uma
tra o argumento de defesa acidental e a favor da utilização como hemorragia grave e com ela o risco potencial de choque hipovo‐
arma (Saukko & Knight, 2004). lêmico. Isso é tanto mais verdadeiro quando o projétil rompe
Às vezes, há pequenas separações laterais, no centro da fe‐ algum vaso sanguíneo de grande calibre. Efeitos devastadores e
rida projetando a dobradiça ou parafuso no centro da tesoura às vezes letais podem ocorrer quando uma bala atinge um órgão
(Saukko & Knight, 2004). Isto é, se o parafuso que une as duas vital, como o coração, os pulmões ou o fígado, ou danifica um
lâminas é proeminente, pode produzir uma laceração angular componente do sistema nervoso central, como a medula espi‐
na parte média de uma das margens da pele. Se as duas lâminas nhal ou o cérebro.
estão separadas, duas lesões serão produzidas, uma por cada Causas comuns de morte após ferimento por arma de fogo
lâmina (DiMaio & DiMaio, 2001). incluem hemorragia, hipóxia causada por pneumotórax, lesão
Existem também outras referências de lesões fatais, infli‐ catastrófica no coração e vasos sanguíneos maiores e danos no
gidas por canetas, lápis e tacos de bilhar partidos, com confi‐ cérebro ou em outras partes do sistema nervoso central. Feri‐
gurações pouco padronizadas (DiMaio & DiMaio, 2001). Todos mentos por arma de fogo, quando não são fatais, frequente‐
estes instrumentos acima descritos, com exceção das flechas e mente deixam sequelas severas e duradouras e, por vezes, in‐
dos virotões, não são consideradas legalmente armas brancas. capacitantes.
Não estão expressos na letra da lei como tal.7
Como o médico trata os ferimentos por armas de
Lesões por projéteis de fogo fogo?
O ferimento por arma de fogo, também conhecido como O manejo pode variar conforme o caso, desde observação e
trauma balístico, é uma forma de trauma físico ocasionado por tratamento de feridas locais até intervenção cirúrgica urgente.
projéteis disparados por armas de fogo. Os traumas balísticos As atenções iniciais para uma ferida por arma de fogo são as
mais comuns derivam de armas usadas em conflitos armados, mesmas que para qualquer outro caso de traumatismo agudo.
esportes civis, atividades recreativas e atividades criminosas. Os Para assegurar que as funções vitais estejam intactas, deve‐
ferimentos por armas de fogo podem, pois, ser intencionais ou -se avaliar e proteger as vias aéreas e a coluna cervical, manter
não intencionais. ventilação e oxigenação adequadas, avaliar e controlar o sangra‐
Qual é o mecanismo fisiológico dos ferimentos por mento para manter a perfusão orgânica, realizar exame neuro‐
armas de fogo? lógico básico, expor todo o corpo e procurar por outras lesões,
Quando a bala atravessa os tecidos, inicialmente esmagan‐ pontos de entrada e pontos de saída e manter a temperatura
do-os e depois dilacerando-os, o espaço deixado forma uma ca‐ corporal.
vidade. Balas de alta velocidade criam uma onda de pressão que O conhecimento do tipo de arma, número de disparos, di‐
força os tecidos para longe, criando uma cavidade temporária reção e distância do tiro, perda de sangue e avaliação dos sinais
ou cavidade secundária, que muitas vezes é maior que a própria vitais podem ser úteis para direcionar o gerenciamento.
bala.
Os efeitos dos ferimentos por arma de fogo dependem da
região atingida. Um ferimento de bala no pescoço pode ser par‐
7 Fonte: www.repositorio-aberto.up.pt ticularmente perigoso devido ao grande número de estruturas

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
anatômicas vitais existentes (laringe, traqueia, faringe, esôfago, Projéteis de alta velocidade têm energia suficiente para
vasos sanguíneos importantes, tireoide, medula espinhal, ner‐ atravessar o crânio e sair (lesão dita perfurante). O calor e a
vos cranianos, nervos periféricos, cadeia simpática e plexo bra‐ aceleração radial produzidos pela bala são maiores. O aumento
quial). instantâneo da pressão intracraniana pode ser da ordem de 40
Tiros no tórax podem causar sangramento grave, compro‐ atmosferas, o que chega a provocar fraturas no teto das órbitas
metimento respiratório, hemotórax, contusão pulmonar, lesão e contusões distantes, como nas amígdalas cerebelares.8
traqueobrônquica, lesão cardíaca, lesão7 esofágica e lesão do
sistema nervoso. Isso porque a anatomia do tórax inclui a pare‐
de torácica, costelas, coluna vertebral, medula espinhal, feixes AGENTES FÍSICOS NÃO‐MECÂNICOS: LESÕES
nervosos intercostais, pulmões, brônquios, coração, aorta, gran‐ CAUSADAS POR TEMPERATURA, ELETRICIDADE,
des vasos, esôfago, ducto torácico e diafragma. PRESSÃO ATMOSFÉRICA, EXPLOSÕES, ENERGIAS
As atenções iniciais são particularmente importantes, devi‐ IONIZANTES E NÃO‐IONIZANTES
do ao alto risco de lesões diretas nos pulmões, no coração e nos
grandes vasos. O primeiro exame deve ser uma radiografia de Agentes físicos não‐mecânicos
tórax. Adicionalmente podem ser feitas ultrassonografia, tomo‐
grafia computadorizada de tórax, ecocardiograma, angiografia, Concernente às energias de ordem física não-mecânicas,
esofagoscopia, esofagografia e broncoscopia. Pessoas assinto‐ estudam-se todas as lesões produzidas por uma modalidade de
máticas com radiografia normal de tórax podem ser observadas ação capaz de modificar o estado físico dos corpos e cujo resul‐
com repetição de exames clínicos e de imagem a cada 6 horas, tado pode resultar em ofensa corporal, dano à saúde ou morte9.
para garantir que não haja desenvolvimento de pneumotórax ou As energias de ordem física mais comuns são: temperatura,
hemotórax. pressão atmosférica, eletricidade, radioatividade, luz e som.
No abdômen estão o estômago, o intestino delgado, o có‐
lon, o fígado, o baço, o pâncreas, os rins, a coluna vertebral, o → Lesões e morte por ação térmica
diafragma, a aorta descendente e outros vasos e nervos abdo‐
minais. Os tiros no abdômen podem, pois, causar sangramento Temperatura
grave, liberação do conteúdo intestinal, peritonite, ruptura de
órgãos, comprometimento respiratório e déficits neurológicos. Suas modalidades são: o frio, o calor e a oscilação de tem‐
A avaliação inicial mais importante de uma ferida a bala no ab‐ peratura.
dômen é se há sangramento descontrolado, inflamação do pe‐
ritônio ou derrame de conteúdo intestinal. A ultrassonografia Frio
ajuda a identificar sangramento intra-abdominal e radiografias O frio pode atuar de maneira individual ou coletiva, e sua
podem ajudar a determinar a trajetória e a fragmentação da natureza jurídica ocorre no crime, no suicídio e, mais habitual‐
bala. No entanto, o modo preferido de geração de imagens é a mente, no acidente. Embora a forma acidental seja mais cons‐
tomografia computadorizada. tante, não é raro o caráter doloso, principalmente em abandono
Os quatro principais componentes das extremidades são os‐ de recém-nascidos.
sos, vasos, nervos e tecidos moles. As feridas de bala podem, Na ação generalizada do frio, não existe uma lesão típica. A
assim, causar sangramentos graves, fraturas, déficits nervosos e perícia deve orientar-se pelos comemorativos, dando valor ao
danos aos tecidos moles. Dependendo da extensão da lesão, o estudo do ambiente e, ainda, aos fatores individuais da vítima,
tratamento pode variar desde o cuidado superficial da ferida até tais como: fadiga, depressão orgânica, idade, alcoolismo e cer‐
a amputação do membro. tas perturbações mentais.
Pessoas com sinais graves de lesão vascular também reque‐ A ação geral do frio leva à alteração do sistema nervoso,
rem intervenção cirúrgica imediata, no entanto, nem todas as sonolência, convulsões, delírios, perturbações dos movimentos,
pessoas feridas por tiros no peito exigem cirurgia. Para pessoas anestesias, congestão ou isquemia das vísceras, podendo advir a
sem sinais graves de lesão vascular, deve-se comparar a pressão morte quando tais alterações assumem maior gravidade.
arterial no membro lesionado à do membro não lesionado, a fim O diagnóstico de morte pela ação do frio é difícil. Têm-se al‐
de avaliar melhor a possível lesão vascular. Se os sinais clínicos guns elementos, como: hipóstase vermelho-clara, rigidez cada‐
forem sugestivos de lesão vascular, a pessoa pode ser subme‐ vérica precoce, intensa e extremamente demorada, sangue de
tida à cirurgia. Além do manejo vascular, as pessoas devem ser tonalidade menos escura, sinais de anemia cerebral, congestão
avaliadas quanto a lesões nos ossos, tecidos moles e nervos. polivisceral, às vezes disjunção das suturas cranianas, sangue de
As lesões por projéteis de alta energia têm se tornado mais pouca coagulabilidade, repleção das cavidades cardíacas, espu‐
frequentes ultimamente, em função do aumento da violência ma sanguinolenta nas vias respiratórias, erosões e infiltrados
urbana associado ao contrabando de armas de guerra para tra‐ hemorrágicos na mucosa gástrica (sinal de Wischnewski), e, na
ficantes e mafiosos. Isto leva à necessidade de cirurgiões e mé‐ pele, poderão ser observadas flictenas semelhantes às das quei‐
dicos-legistas conhecerem os mecanismos e as lesões causadas maduras.
por estes agentes lesivos. As lesões de entrada, os trajetos e as A perícia deve nortear-se fundamentalmente pelo diagnós‐
saídas são estudados com base na experiência pessoal do autor tico das lesões vitais durante a estada do corpo no ambiente re‐
e em revisão de literatura. A variação da forma das entradas de frigerado ou se o óbito desperta outra causa de morte, questões
acordo com a velocidade e a forma dos projéteis é interpretada essas a que se pode responder com a prática da necropsia, pelo
sob a luz dos princípios físicos da balística terminal. As cavidades histórico e pelo exame do local de óbito.
permanente e temporária são estudadas quanto ao seu meca‐
nismo de formação, sua forma, volume e posição ao longo do 8 Fonte: www.abc.med.br/www.anatpat.unicamp.br
9 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 11ª. ed. -- Rio de Janei-
trajeto. ro: Guanabara Koogan, 2017.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
A ação localizada do frio, também conhecida como geladu‐ O diagnóstico das lesões é dado pelos comemorativos orien‐
ra, produz lesões muito parecidas com as queimaduras pelo ca‐ tados pelas tempestades e descargas elétricas, provenientes dos
lor e tem sua classificação em graus: primeiro grau, lesão carac‐ choques de nuvens, e pelo exame das próprias lesões. As lesões
terizada pela palidez ou rubefação local e aspecto anserino da externas tomam aspecto arboriforme e tonalidade arroxeada,
pele; segundo grau, eritema e formação de bolhas ou flictenas cognominadas, sinal de Lichtenberg ou marcas queraunográficas
de conteúdo claro e hemorrágico; terceiro grau, necrose dos te‐ (do grego keraunos, que significa raio), procedente de fenôme‐
cidos moles com formação de crostas enegrecidas, aderentes e nos vasomotores, podendo desaparecer com a sobrevivência.
espessas; quarto grau, pela gangrena ou desarticulação. Essa marca surge cerca de uma hora depois da descarga e
desaparece gradualmente em torno das 24 h subsequentes à
Calor descarga elétrica.
O calor pode atuar de forma difusa ou direta. Em geral, a morte pelos efeitos da eletricidade atmosféri‐
ca se dá por inibição direta dos centros nervosos por paralisia
Calor difuso respiratória e asfixia. Em outros casos predominam os efeitos
Ocorre de duas maneiras: a insolação e a intermação. A cardíacos com fibrilação ventricular.
insolação é proveniente do calor ambiental em locais abertos Podem surgir outras alterações, como queimaduras, he‐
ou raramente em espaços confinados, concorrendo para tanto, morragias musculares, ruptura de vasos de grosso calibre e até
além da temperatura, os raios solares, a ausência da renovação mesmo do coração; fraturas ósseas, congestão e hemorragia dos
do ar, a fadiga, o excesso de vapor d’água. globos oculares; congestão polivisceral, fluidez do sangue, dis‐
A interferência do sol não desempenha maior significação tensão dos pulmões e equimoses subpleurais e subpericárdicas.
nessa síndrome, segundo se julgava anteriormente. Há de se le‐ As lesões mais intensas são encontradas nos locais de entrada
var em conta também alguns fatores intrínsecos, tais como: es‐ e saída da corrente elétrica (mais comuns na cabeça, no tórax
tado de repouso ou de atividade, patologias preexistentes, prin‐ e nos pés).
cipalmente as ligadas aos sistemas circulatório e respiratório, o A eletricidade artificial ou industrial, por sua vez, pode re‐
metabolismo basal, hipofunção paratireoidiana e suprarrenal do sultar o que se denomina eletroplessão. É, geralmente, aciden‐
indivíduo. tal, podendo, no entanto, ter origem suicida ou homicida.
A intermação decorre capitalmente do excesso de calor am‐ Conceitua-se a eletroplessão como qualquer efeito propor‐
biental, lugares mal arejados, quase sempre confinados ou pou‐ cionado pela eletricidade industrial, com ou sem êxito letal.
co abertos e sem a necessária ventilação, surgindo, geralmente, As lesões superficiais dessa forma de eletricidade alteram‐
de forma acidental. Alguns fatores, como alcoolismo, falta de -se de acordo com a corrente de alta ou baixa tensão.
ambientação climática, vestes inadequadas, são elementos con‐ A lesão mais típica é conhecida como marca elétrica de Jelli‐
sideráveis. nek, embora nem sempre esteja presente. Constitui-se em uma
lesão da pele, tem forma circular, elítica ou estrelada, de con‐
Calor direto sistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade
Tem por consequência as queimaduras, de maior ou menor branco-amarelada, fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização.
extensão, mais ou menos profundas, infectadas ou não, advin‐ Pode apresentar também a forma do condutor elétrico. As
das das ações da chama, do calor irradiante, dos gases supera‐ lesões por corrente elétrica no couro cabeludo são semelhantes
quecidos, dos líquidos escaldantes, dos sólidos quentes e dos às da pele; todavia, podem-se verificar grandes perdas de teci‐
raios solares. São, portanto, lesões produzidas geralmente por do, dando o aspecto do destacamento da casca que se verifica
agentes físicos de temperatura elevada, que, agindo sobre os em certos frutos.
tecidos, produzem alterações locais e gerais, cuja gravidade de‐ Os pelos apresentam uma característica bem interessante:
pende de sua extensão e profundidade. apenas suas pontas mostram-se chamuscadas, embora inteira‐
São ordinariamente de origem acidental, apesar de não se mente enrodilhados de forma helicoidal. Por meio da raspagem
poder negar uma certa incidência de suicídios por queimaduras do local onde se encontra essa lesão é possível identificar em la‐
provocadas pelas chamas. É mais rara a ação criminosa. boratório a presença de metais fundidos pela ação local da cor‐
rente elétrica e com isso ter a composição química do condutor
→ Lesões e morte por ação elétrica (cobre, bronze, alumínio etc.).
Quando a eletricidade é de alta tensão, dá margem às lesões
Eletricidade mistas, ou seja, à marca elétrica e à queimadura.
Se esta forma de eletricidade é usada como pena judicial
A eletricidade natural ou cósmica e a eletricidade artificial de morte através da “cadeira elétrica” chama-se eletrocussão.
ou industrial podem atuar como energia danificadora. Nesta circunstância, a morte é provocada por uma intensa carga
A eletricidade natural, quando agindo letalmente sobre o de energia elétrica que passa por todo corpo e atinge com maior
homem, denomina-se fulminação e, quando apenas provoca le‐ intensidade o coração e o cérebro.
sões corporais, chama-se fulguração. Esses fenômenos são os Difere das diversas formas de eletroplessão pela generaliza‐
mais comuns entre os chamados fenômenos naturais. ção e pela gravidade das lesões que se verificam no interior do
Os fatores que determinam a natureza, a intensidade e a corpo. Tendo em conta a consistência do cérebro e a utilização
gravidade das lesões são os seguintes: corrente contínua da ele‐ de capacetes metálicos na cabeça do executado, este é o órgão
tricidade atmosférica; resistência de corpo atingido; tensão elé‐ que apresenta lesões mais intensas representadas por lacera‐
trica (voltagem); intensidade da corrente; duração do contato ções e profundas fissuras, entre outras.
da vítima com a corrente; trajeto da corrente através do corpo
da vítima.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
→ Lesões e morte por baropatias Mesmo que o interesse médico-legal, nessa modalidade de
energia, circunscreva-se ao diagnóstico do acidente de trabalho,
Pressão atmosférica pode-se admitir ainda como causa jurídica o suicídio ou o homi‐
cídio, embora mais raramente.
Quando a pressão atmosférica alterna para mais ou para
menos do normal, pode importar em danos à vida ou à saúde Radioatividade
do homem. Portanto, merece a consideração da perícia médi‐
co-legal. Radiações são ondas eletromagnéticas ou partículas que se
propagam com uma determinada velocidade. Contêm energia,
Diminuição da pressão atmosférica carga elétrica e magnética.
A pressão atmosférica normal corresponde a uma coluna de Podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos
mercúrio de 760 mm ao nível do mar ou também 1.036 kg/cm², construídos pelo homem. Possuem energia variável desde valo‐
o que equivale a 1 atmosfera. À medida que subimos, essa pres‐ res pequenos até muito elevados10.
são diminui e o ar vem a ficar mais rarefeito. As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, mi‐
Há diminuição do oxigênio e do gás carbônico, e a compo‐ cro-ondas, ondas de rádio, radar, laser, raios X e radiação gama.
sição do ar altera o fenômeno da hematose. Tais perturbações As radiações sob a forma de partículas, com massa, carga elétri‐
recebem o nome de mal das montanhas, compensadas pela ca, carga magnética mais comuns são os feixes de elétrons, os
“poliglobulina das alturas”, que se constitui em um considerável feixes de prótons, radiação beta, radiação alfa.
aumento do número de glóbulos vermelhos no sangue e que no
indivíduo aclimatado reverte espontaneamente em poucos dias. Tipos de Radiação
É comum nas altitudes acima de 2.500 m, é agravado com o Dependendo da quantidade de energia, uma radiação pode
esforço físico e tem como sintomas mais comuns cefaleia, disp‐ ser descrita como não ionizante ou ionizante.
neia, anorexia, fadiga, insônia, tonturas e vômitos. Nos países
andinos é conhecido como soroche e puna. → Radiações não ionizantes
Na estrutura alveolar do pulmão, o oxigênio, o gás carbôni‐ As radiações não ionizantes possuem relativamente baixa
co e o azoto impõem uma pressão global em torno de 713 mm, energia. De fato, radiações não ionizantes estão sempre a nossa
tendo cada um destes elementos uma pressão parcial, depen‐ volta.
dendo de sua concentração na intimidade dos alvéolos. Assim, o Ondas eletromagnéticas como a luz, calor e ondas de rádio
oxigênio (14,5%), com uma pressão de 95 a 105 mmHg; o azoto são formas comuns de radiações não ionizantes. Sem radiações
(80%), com 565 a 580 mmHg; e o gás carbônico (5,5%), com 40 não ionizantes, não se poderia apreciar um programa de TV ou
mmHg. cozinhar em forno de micro-ondas.
Desse modo, toda vez que há diminuição da pressão atmos‐
férica, cai a concentração dos gases dissolvidos no sangue, tanto → Radiações Ionizantes
mais rapidamente quanto maior for a velocidade da descom‐ Altos níveis de energia, radiações ionizantes, são origina‐
pressão. Além do mais, surge o fenômeno da anoxia, explica‐ das do núcleo de átomos, podem alterar o estado físico de um
do também pela diminuição da pressão parcial do oxigênio no átomo e causar a perda de elétrons, tornando-os eletricamente
interior dos alvéolos. Isso força o coração a trabalhar mais no carregados. Este processo chama-se ionização.
sentido de compensar a carência de oxigênio.
Daí, pessoas não habituadas a grandes altitudes passam mal Os efeitos da radioatividade, como energia causadora do
quando nestes locais. Dentro deste capítulo chamado “patolo‐ dano, têm nos raios X, no rádio e na energia atômica o seu mo‐
gia da altitude”, além do mal das montanhas, podemos encon‐ tivo.
trar um grupo de entidades de maior ou menor gravidade, como Os raios X são de implicações médico-legais mais assidua‐
o edema agudo do pulmão e o edema cerebral das alturas, as mente e podem perpetrar lesões locais ou gerais. As lesões lo‐
hemorragias retinianas, o mal crônico das montanhas (doença cais são conhecidas por radiodermites e as de ação geral inci‐
do monge), o embolismo pulmonar e até mesmo a psicose das dem sobre órgãos profundos, principalmente as gônadas.
grandes altitudes. Seu estudo compete à infortunística ou como elemento da
responsabilidade médica nas modalidades imperícia, imprudên‐
Aumento da pressão atmosférica cia e negligência.
Sofrem efeito desse tipo de ação os mergulhadores, esca‐ As radiodermites podem ser agudas ou crônicas:
fandristas e outros profissionais que trabalham debaixo d’água
ou em túneis subterrâneos. Não incorrem só no perigo do au‐ Agudas
mento da pressão atmosférica, mas especialmente na descom‐ As radiodermites do 1º grau, geralmente temporárias, apre‐
pressão brusca que pode ocorrer, dando como desfecho lesões sentam duas formas: depilatória e eritematosa. Essa fase dura
muito graves. Essa síndrome é conhecida por mal dos caixões. cerca de 60 dias e deixa uma mancha escura que desaparece
O aumento da pressão atmosférica, ao mesmo tempo que muito lentamente.
acarreta uma patologia de compressão, caracterizada pela in‐ As do 2º grau (forma papuloeritematosa) são representadas
toxicação por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, produz tam‐ geralmente por ulceração muito dolorosa e recoberta por crosta
bém uma patologia de descompressão, proveniente do fenôme‐ seropurulenta. Têm cicatrização difícil, deixando em seu lugar
no da embolia, consequente à maior concentração dos gases uma placa esbranquiçada de pele rugosa, frágil e de caracterís‐
dissolvidos no sangue. São conhecidas por “barotraumas” ou ticas atípicas.
baropatias.
10 http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/radiacao.html

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
As radiodermites do 3º grau (forma ulcerosa) estão repre‐ As lesões provocadas pela ação mecânica da explosão estão
sentadas por zonas de necrose, de aspecto grosseiro e grave. representadas por ferimentos, mutilações e fraturas, os quais
São conhecidas por úlceras de Röentgen. são produzidos quase exclusivamente pelos escombros das es‐
Nos profissionais que trabalham com raios X, sem os devi‐ truturas atingidas, variando, é claro, com o grau de intensidade
dos cuidados, podem aparecer essas lesões nas mãos (mãos de do explosivo e da distância que se encontra a vítima. A região do
Röentgen). corpo também varia muito, pois depende da forma do artefato
usado.
Crônicas Se é carta-bomba, por exemplo, as regiões mais atingidas
Essas lesões podem ser locais e apresentar a forma úlce‐ são as mãos e a face. Se é na modalidade mina, os pés são os
ro-atrófica, teleangiectásica ou neoplásica. Esta última também mais atingidos.
chamada de câncer cutâneo dos radiologistas ou câncer röent‐ A blast injury é um conjunto de manifestações violentas
geniano, quase sempre do tipo epitelioma pavimentoso. e produzida pela expansão gasosa de uma explosão potente,
Podem ser ainda de efeitos gerais, compreendendo várias acompanhada de uma onda de pressão ou de choque que se
síndromes: digestivas, cardíacas, oculares – úlcera de córnea e desloca brusca e rapidamente em uma velocidade muito grande,
cataratas –, ginecológicas, esterilizantes, cancerígenas, sanguí‐ a pouca distância da vítima e, mais grave, em locais fechados.
neas e mortes precoces. Esta força, para produzir lesões no homem, deve ser no mínimo
O rádio, quando usado de maneira indiscriminada, pode ser de 3 libras por polegada quadrada.
motivo de sérios danos à saúde ou à vida do paciente, quer por Se a expansão da onda explosiva ocorre dentro d’água, veri‐
ação externa, quer por ação interna. Já sob a forma de arma ficam-se os mesmos efeitos, levando em conta que a água apre‐
nuclear (bomba atômica), custosamente justifica intervenção senta uma velocidade de propagação e intensidade de 1.600 m
médico-legal, haja vista sua responsabilidade escapar à ação pe‐ por segundo.
ricial. As lesões provocadas pela expansão gasosa atingem diver‐
Alguns dos seus efeitos são parecidos com os dos raios X e sos órgãos e se caracterizam de acordo com a sua forma, dispo‐
da radiação; outros são provenientes da onda explosiva (blast), sição e consistência. A lesão mais comum é a ruptura do tímpa‐
das queimaduras e das sequelas tardias, pela disseminação dos no (“blast” auditiva). É representado por rupturas lineares da
raios alfa, beta e gama. Assim, os efeitos dessa modalidade de metade anterior do tímpano, comumente bilateral.
energia são de ordem traumática, térmica e radioativa. Nos casos mais benignos, pode-se verificar uma surdez pas‐
→ Explosões sageira por comoção labiríntica. A “blast” pulmonar é também
As lesões de ordem mecânica são produzidas pela explosão, muito comum e apresenta-se com hemorragia capilar difusa dos
podendo levar à morte por desgarramento cutâneo, hemorra‐ lobos médio e inferiores e equimoses subpleurais, e suas vítimas
gias viscerais, projeção a distância com traumatismo indireto. As têm escarros hemoptoicos. Os alvéolos ficam distendidos e ro‐
lesões térmicas são caracterizadas por amplas áreas de queima‐ tos, podendo os pulmões apresentarem impressões costais na
duras que vão até a carbonização. sua superfície.
Em Hiroshima e Nagasaki, foram observadas queimaduras A “blast” abdominal mostra o estômago com infiltrados he‐
de 2º grau com a distância até de 3 km. Para alguns, no centro morrágicos da mucosa ou serosa, e em alguns casos até ruptu‐
da explosão a temperatura chegou a 4.000°C. ras. Os intestinos também são mais agredidos, exibindo sangra‐
Dos hospitalizados por queimaduras naquelas cidades, mentos dispostos em anéis na parte terminal do íleo e do ceco,
quando da explosão das primeiras bombas atômicas, 75% de‐ podendo apresentar perfurações.
les morreram antes da segunda semana. Os efeitos radioativos A “blast” cerebral caracteriza-se, na maioria das vezes, pela
estão representados pelas consequências tardias, com graves presença de hematomas subdurais ou hemorragia ventricular.
repercussões genéticas, neoplásicas e cutâneas. A “blast” ocular, de menor frequência, caracteriza-se pela he‐
Dentro de um raio de 1 km, todas as mulheres abortaram; morragia do vítreo, equimose subconjuntival intensa e cegueira
entre 1 e 2 km, tiveram filhos prematuros, os quais morreram definitiva ou temporária.
pouco depois; e, em uma distância de 3 km, apenas 33% das O coração é o órgão que suporta melhor as ondas de expan‐
mulheres chegaram ao fim da gravidez com recém-nascidos apa‐ são da blast injury. A necropsia das vítimas da blast injury, em
rentemente normais. casos nos quais houve apenas a ação da onda explosiva, pode
não mostrar nenhuma lesão externa e tão só lesões internas,
Lesões produzidas por artefatos explosivos caracterizadas pelos danos graves em órgãos internos, principal‐
Chama-se de explosão um mecanismo produzido pela trans‐ mente pulmões, estômago, intestinos, baço, rins e fígado.
formação química de determinadas substâncias que, de forma Hoje, com o surgimento dos atentados suicidas por bom‐
violenta e brusca, produz uma quantidade excessiva de gases bas, além dos objetos de metal de que se compõem os artefatos
com capacidade de causar malefícios à vida ou à saúde de um explosivos, há também a preocupação com a dispersão do ma‐
ou de vários indivíduos. Na maioria das vezes, sem contar com terial biológico do próprio responsável por tais ações, pois este
o seu uso bélico, ela é de origem acidental, mas pode ter como material, principalmente fragmentos ósseos, pode representar
etiologia o homicídio e mais raramente o suicídio. uma fonte de transmissão de doenças infecciosas graves, como
As lesões produzidas por esses artefatos podem ser por AIDS e hepatite.
ação mecânica e por ação da onda explosiva. As primeiras são
provenientes do material que compõe o artefato e dos escom‐
bros que atingem as vítimas. As outras são decorrentes das on‐
das de pressão e sucção, que compõem a chamada síndrome
explosiva ou blast injury.

31
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Luz e Som Asfixiologia:
Entende-se por Asfixologia, de acordo com entendimento
Cada uma dessas formas de energia física pode comprome‐ médico-legal, como a síndrome causada pela ausência de oxigê‐
ter gravemente os respectivos órgãos dos sentidos, produzindo nio no ar, em diversas circunstâncias, derivado de impedimento
lesões e perturbações de ordem funcional que, em muitas oca‐ por causa fortuita, violenta e externa.
siões, implicam perícia médico-legal. Desta forma, quando a asfixia é verificada, o oxigênio con‐
A ação intensiva da luz sobre os órgãos da visão pode levar a tido nos pulmões é consumido, de forma que o gás carbônico é
consequências graves, como à cegueira total. Infelizmente, uma acumulado.
certa forma arbitrária de obter confissões em delegacias de po‐
lícia e órgãos de repressão, que fazia projetar, sobre os olhos de Fisiopatologia e Sintomatologia:
interrogados, feixes luminosos de alta intensidade, produziu, de As síndromes hipoxêmicas ou anoxêmicas podem ter causas
maneira irreversível, danos à estrutura óptica em prisioneiros e externas ou internas.
Verifica-se que as asfixias mecânicas ocorrem mais frequen‐
detidos.
temente por causas externas. Entretanto, é válido mencionar
Outras radiações não ionizantes, como o infravermelho e o
que por diversas situações as trocas gasosas são obstadas em
ultravioleta, podem acarretar lesões sobre o cristalino e as con‐
virtude de dificuldade de oxigenação em órgãos distintos dos
juntivas, respectivamente. O raio laser, por ser uma forma de
respiratórios, tais como o tecido, sangue ou nervos, o que gera
energia que se concentra muito em um único lugar, apresenta uma asfixia derivada de causa interna.
um efeito fotoquímico e fototérmico muito maior. Conforme verificado acima, o oxigênio chega aos tecidos
Os órgãos mais vulneráveis a sua ação são a córnea e o cris‐ por meio da ventilação pulmonar, hemoglobina, circulação e
talino; a pele também pode sofrer danos por esta ação. trocas gasosas. Cada mecanismo poderá ocasionar anoxia dife‐
Já o som, por sua vez, tem seus efeitos mais comuns, como rente, conforme abaixo:
em acidentes de trabalho, notadamente entre as pessoas que
permanecem, sem proteção, em ambientes de grande poluição 1. Anoxia de ventilação ou anoxica:
sonora, o que produz, pela exposição continuada dos ruídos, al‐ Pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
terações ao aparelho auditivo. a) quando há diminuição da concentração de ar no ambien‐
Uma das perturbações citadas pelos autores contemporâ‐ te, de forma que a hemoglobina do sangue arterial atinge nível
neos é a epilepsia acustogênica, motivada pela intensidade e de concentração baixo;
permanência de certos ruídos, não muito rara entre telefonistas b) quando é verificada compressão mecânica das vias aé‐
e radiotelegrafistas. reas;
O som acima de 20.000 ciclos/s e 85 decibéis pode produzir c) quando há alterações na dinâmica respiratória (compres‐
lesões auditivas e perturbações psíquicas. O infrassom também são do tórax, pneumotórax, derrames pleurais, paralisias dia‐
acarreta lesões do tipo labirintite e o ultrassom, destruição ce‐ fragmáticas); e
lular. d) quando há dificuldade nas trocas gasosas alveolares (EAP,
Sendo assim, o som é um dos agentes que contribui com o silicoses e esclerose pulmonar).
risco ocupacional e que tem o ruído como fator mais comum da Em tais situações, é verificada oxigenação insuficiente do
perda auditiva temporária ou permanente. sangue nos pulmões.

2. Anoxia anêmica: é verificada quando há diminuição qua‐


ASFIXIOLOGIA: ENFORCAMENTO, litativa e/ou quantitativa de hemoglobina (e. G. intoxicação pelo
ESTRANGULAMENTO, ESGANADURA, SUFOCAÇÃO, CO2 ou venenos meta-hemoglobinizantes, nas anemias crônicas
SOTERRAMENTO, AFOGAMENTO, CONFINAMENTO E ou nas grandes hemorragias). Nesses casos, há diminuição da
GASES INERTES capacidade de oxigenação do sangue.

3. Anoxia de circulação e de estase: derivada de alterações


A palavra “asfixia” é derivada da palavra grega asphyxia,
que afetam a pequena e grande circulação (e. G. Insuficiência
que significa “sem pulso” (a + sphyxia), pois anteriormente circulatória periférica, embolia das artérias pulmonares e coarc‐
acreditava-se que nas artérias circulava o pneuma. No entanto, tação da aorta). Desta forma, ocorrem transtornos circulatórios
atualmente a asfixia é entendida como a supressão ou retarda‐ que dificultam ou inviabilizam a chegada de sangue oxigenado
mento da circulação do sangue. aos capilares.
O termo acima mencionado refere-se à situação na qual o
homem é sujeito a energias físico-químicas que impedem a pas‐ 4. Anoxia tissular ou histotóxica: surge quando da queda da
sagem de ar nas vias aéreas, causando alteração na função res‐ tensão diferencial arteriovenosa de oxigênio ou quando ocorre
piratória, de forma a inibir a hematose, podendo levar à óbito a inibição de enzimas oxidantes celulares, como nos casos de in‐
o indivíduo. toxicações pelo ácido cianídrico e/ou pelo hidrogênio sulfurado.
O oxigênio chega aos tecidos por meio dos mecanismos, de Ocorrem em tais situações mecanismos tóxicos que impedem o
acordo com a sequência abaixo: aproveitamento de oxigênio pelos tecidos.
1) Ventilação pulmonar;
2) Hemoglobina; Evolução das asfixias:
3) Circulação; e Na evolução das asfixias podem ocorrer 2 tipos de anoxias:
3) Trocas gasosas. (i) com acapnéia (sem acúmulo de gás carbônico); ou com hiper‐
capneia (com a presença de gás carbônico). Na primeira hipóte‐
se são englobadas as asfixias mecânicas e no segundo o mal das
montanhas.

32
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Na anoxia com acapneia, há a perda de CO2 derivado do Sinais internos:
aumento da frequência respiratória, o que torna o sangue mais Equimoses viscerais (ou Manchas de Tardieu):
alcalino. Pode-se verificar transtornos psíquicos, sensoriais, mo‐ Equimoses puntiformes dos pulmões e do coração. São pe‐
tores e com frequência hiper-reflexia. É produzido poliglobulia quenas e localizam-se geralmente sobre a pleura visceral, no pe‐
e irritabilidade dos centros nervosos, ainda com a consciência ricárdio, no pericrânio e, em crianças, no timo. São manchas de
mantida. Posteriormente, a respiração é diminuída até que em tonalidade violácea, de número variável, esparsas ou em aglo‐
um momento há o aumento da pressão arterial e a diminuição merações. São mais comuns na infância e na adolescência.
dos batimentos, surgindo os espasmos musculares, convulsões e
inconsciência. Depois disso, há depressão dos centros nervosos, Aspectos do sangue:
parada da respiração, colapso vascular, vasodilatação profunda, Tonalidade do sangue negra, exceto quando a morte se deu
relaxamento vascular, arreflexia e morte aparente de 3 (três) por monóxido de carbono, na qual a tonalidade será acarmina‐
minutos, até sobrevir a morte. do. Não é encontrado no coração coágulos cruóricos (negros) ou
Na anoxia com hipercapnéia, os efeitos iniciais diferem-se fibrinosos (brancos) e a fluidez, embora de alto valor do diagnós‐
da anoxia com acapnéia, mas os momentos finais são seme‐ tico, não constitui sinal patognomônico.
lhantes. Isto se explica em razão da hipercapnéia atuar sobre os
centros nervosos, o que aumenta as reações próprias da anoxia, Congestão polivisceral:
principalmente no que se refere à taquicardia e a pressão arte‐ Os órgãos que se apresentam mais congestos são o fígado e
rial, bem como as convulsões tônico-clônicas oriundas da ação o mesentério, sendo que o baço, na maioria das vezes, se mostra
excitadora do gás carbônico. Nesta forma de asfixia, consome-se com pouco sangue devido as suas contrações durante a asfixia
o oxigênio existente nos pulmões e no sangue, ao mesmo tempo (Sinal de Étienne Martin).
em que o CO2 progressivamente se acumula.
Com todas essas alterações fisiológicas, é possível se esta‐ Distensão e edema dos pulmões:
belecer um cronograma, estabelecendo-se suas diversas fases Presença de quantidade relativa de sangue líquido espumo‐
da asfixia com o aparecimento das manifestações clínicas: so nos pulmões.

Sinais externos:
1ª fase
Fase cerebral
Manchas de hipóstase:
Surgimento de enjoos, vertigens, sensação de angústia e
Precoces, abundantes e de tonalidade escura, variando essa
lipotimias. Em cerca de um minuto e meio, ocorre a perda do
tonalidade, nas asfixias por monóxido de carbono.
conhecimento de forma brusca e rápida, surgindo bradipnéia
taquisfigmia.
Congestão da face:
Sinal constante e frequente em tipos especiais de asfixia,
2ª fase
especialmente na compressão torácica, ocasionando a máscara
Fase de excitação cortical e medular equimótica da face, por estase mecânica da veia cava superior.
Caracterizada convulsões generalizadas e contração dos
músculos respiratórios e faciais, além de relaxamento dos es‐ Equimoses da pelé e das mucosas:
fíncteres com emissão de matéria fecal e urina devido aos mo‐ Arredondadas e de pequenas dimensões, formando agru‐
vimentos peristálticos do intestino e da bexiga. Há também a pamentos em determinadas regiões, principalmente na face,
presença de bradicardia e aumento da pressão arterial. no tórax e pescoço, tomando tonalidade mais escura nas áreas
de declive. As equimoses das mucosas são encontradas mais
3ª fase frequentemente na conjuntiva palpebral e ocular, nos lábios e,
Fase respiratória mais raramente, na mucosa nasal.
Verifica-se lentidão e superficialidade dos movimentos res‐
piratórios e insuficiência ventricular direita, o que contribui para Fenômenos cadavéricos:
acelerar o processo de morte. Livores de decúbito mais extensos, escuros e precoces. O
esfriamento do cadáver se verifica em proporção mais lenta; a
4ª fase rigidez cadavérica, ainda que mais lenta, mostra-se intensa e
Fase cardíaca prolongada e a putrefação é muito mais precoce mais acelerada
sofrimento do miocárdio, quando os batimentos do coração que nas demais causas de morte.
são lentos, arrítmicos e quase imperceptíveis ao pulso, embora
possam persistir por algum tempo até a parada dos ventrículos Cogumelo de espuma:
em diástole e somente as aurículas continuam com alguma con‐ Formado por uma bola de finas bolhas de espuma que cobre
tração, mas incapazes de impulsionar o sangue. a boca e as narinas que continua pelas vias aéreas inferiores.

Características Gerais das Asfixias Mecânicas: Projeção da língua e exoftalmia:


Características que podem originar um diagnóstico se veri‐ Verificados comumente nas asfixias mecânicas. No entanto,
ficadas em conjunto. No entanto, os sinais verificados não são podem ser verificados os sinais em cadáveres por causa diversa.
constantes, tampouco patognomônico. Em outras palavras, as
características são abundantes e variáveis, sendo divididas de Afogamento:
acordo com a situação, em internas e externas. Modalidade de asfixia mecânica, originada pela entrada de
um meio líquido ou semi-líquido nas vias respiratórias, impedin‐
do a passagem do ar até os pulmões.

33
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Fisiopatologia e sintomas: 6.Presença de líquidos no sistema digestivo: encontra-se no
A morte por afogamento geralmente passa por 3 fases: estômago e nas primeiras alças do intestino delgado, sob a for‐
(I) fase de defesa (dividida em dois períodos: o de surpresa ma de conteúdo espumoso;
e o de dispneia); 7.Hemorragia etmoidal: zona azulada no compartimento
(II) fase de resistência (caracterizada pela parada dos movi‐ anterior da base do crânio de cada lado;
mentos respiratórios como mecanismo de defesa); e 8.Hemorragia temporal: zona azulada na face ântero-supe‐
(III) fase de exaustão (término da resistência pela exaustão e rior da parte petrosa do osso temporal;
início de inspiração profunda e do processo de asfixia, com per‐ 9.Exame radiológico: mostra a opacidade dos seios maxila‐
da de consciência, insensibilidade e morte). Tourdes descreve 3 res, como prova de reação vital.
períodos no afogamento experimental em animais: 10.Exame histológico: do pulmão do afogado.
1) Período de resistência ou de dispnéia: 11.Sinais gerais de asfixia: congestão polivisceral, equimo‐
Após uma inspiração de surpresa, retém, energicamente a ses nos músculos do pescoço e do tórax.
respiração, procurando ao mesmo tempo defender-se, enquan‐ 12.Laboratório: existem exames laboratoriais considerados
to a consciência permanece lúcida, conservando os movimentos indispensáveis no estudo do afogado. A princípio no caso de ca‐
reflexos. dáver putrefeito ou desconhecido, no sentido de descobrir uma
2) Período de grandes inspirações e convulsões: identificação. Depois, os chamados exames específicos, com o
É caracterizado por uma série de inspirações profundas com propósito de diagnosticar o próprio afogamento, do tipo de lí‐
penetração violenta de líquidos nos pulmões e perda da cons‐ quido e, quando possível, também, o local onde se verificou o
ciência. afogamento;
3) Período de morte aparente:
Ausência da respiração e dos reflexos, perda da sensibilida‐ Putrefação e flutuação dos afogados: o cadáver que é reti‐
de; o coração permanece batendo até surgir à morte real. rado da água sofre com o ar, uma aceleração do processo putre‐
fativo. Numa primeira fase, em virtude da densidade do corpo
Sinais cadavéricos do afogado: ser maior que a do líquido de imersão, a tendência do cadáver
é ir para o fundo. Numa segunda fase, com o aparecimento dos
A) Sinais externos: gases da putrefação, o cadáver flutuará. Numa terceira fase,
1.Pelé anserina: ocorre com a contração dos músculos ere‐ com a rotura dos tecidos moles e o esvaziamento dos gases, a
tores dos pêlos, tornando os folículos salientes, devido à rigidez densidade do corpo volta a prevalecer sobre a da água e ocorre
cadavérica; a segunda imersão. Finalmente numa quarta fase, com a dimi‐
2.Retração do mamilo, do pênis e do saco escrotal; nuição do peso específico do corpo, o cadáver voltará a superfí‐
3.Temperatura baixa da pelé: os corpos dos afogados têm a cie, ocorrendo a segunda flutuação.
temperatura diminuída rapidamente, devido ao equilíbrio tér‐
mico no meio líquido; Causas jurídicas de morte no afogamento: Em muitas opor‐
4.Maceração da epiderme: localizam-se principalmente nas tunidades, a tarefa de determinar se o afogamento foi causado
mãos e nos pés, destacando-se como se fossem verdadeiros de‐ por homicídio, suicídio ou acidente passa a ser o mais importan‐
dos de luva, inclusive desprendendo-se das unhas; te. Essa é uma questão que nem sempre pode ser respondida
5.Tonalidade mais clara dos livores cadavéricos: atingem to‐ pelos legistas, mas sim pela perícia criminal, junto das provas
nalidade rósea; obtidas durante a investigação.
6.Erosão dos dedos e presença de corpos estranhos sob as
unhas: ocorre pela resistência do indivíduo ao se debater no pla‐ Diagnóstico do afogamento: há três ocasiões no afogamen‐
no mais profundo da água; to que se tornam importantes num estudo médico-legal. Primei‐
7.Mancha verde de putrefação: localiza-se na parte inferior ramente, se a morte ocorreu por afogamento típico, se foi de
do pescoço; modo natural ou violenta. Depois, se o indivíduo morreu dentro
8.Equimose da face das conjuntivas: a região ocular recebe da água ou se o cadáver foi colocado no meio líquido para simu‐
tonalidade avermelhada; lar um afogamento.
9.Lesões post mortem produzidas por animais aquáticos:
ocorre devido ao tempo que o cadáver permanece em ambiente Local do afogamento: Nem sempre o local de onde é re‐
aquático; tirado o cadáver corresponde ao local onde se verificou o afo‐
10.Embebição cadavérica: os tecidos ficam mergulhados, di‐ gamento. Isso dependerá de um estudo maior, que dependerá,
ficultando a desidratação. principalmente, das correntes aquáticas.

B) Sinais internos: Cronologia do afogamento: É muito importante saber o tem‐


1.Presença de líquido nas vias respiratórias; po de permanência do cadáver dentro da água e sua transforma‐
2.Presença de corpos estranhos no líquido das vias respira‐ ção após a morte. Isso é feito analisando o estado de maceração
tórias dos afogados macro e microscópicos; e do estágio de putrefação cadavérica, levando-se em conta que
3.Diluição do sangue: esse fenômeno é devido à entrada de nos afogados esses processos são sempre mais rápidos.
água no sistema circulatório;
4.Lesões dos pulmões: os pulmões podem encontrar-se au‐ Enforcamento:
mentados, crepitantes e distendidos, e com enfisema aquoso e O enforcamento é uma modalidade de asfixia mecânica que
equimoses subpleurais; se caracteriza pela interrupção do ar atmosférico até as vias
5.Presença de líquidos no ouvido médio; respiratórias, em decorrência da constrição do pescoço por um
laço fixo, agindo o peso do próprio corpo da vitima como força

34
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
ativa. É mais comum em suicídios, entretanto nada impede ocor‐ Gerais: São referentes aos fenômenos asfíxicos e circulató‐
rer acidentes, ou até mesmo homicídio. A morte pode ocorrer rios, levando, às vezes, ao coma, amnésia, perturbações psíqui‐
por oclusão da traquéia, por compressão dos vasos do pescoço, cas, ligadas a confusão mental e à depressão; paralisia da bexi‐
por estimulação do pneumogástrico, por inibição nervosa ou por ga, do reto e da uretra.
herniação bulba.
Tempo necessário para morte no enforcamento: Será va‐
Modo de Execução: riável de indivíduo para indivíduo. A morte pode ser rápida, por
Deve-se considerar: a natureza e disposição do laço, o ponto inibição, ou demorar cerca de 5 a 10 minutos.
de inserção superior e o ponto de suspensão do corpo.
O laço que aperta do pescoço pode ser de várias naturezas; Aspecto do cadáver: A posição da cabeça se mostra voltada
e podemos classificá-los de acordo com sua consistência: os cha‐ para o lado contrário do nó, tocando o tórax. A face pode apre‐
mados laços moles, constituídos por lençóis, cortinas e grava‐ sentar-se branca ou arroxeada (variando de acordo com o grau
tas; os chamados laços duros, constituídos por cordões, cordas, de compressão vascular), e equimoses palpebrais. Pode se veri‐
e fios de arame; e os chamados semirrígidos, como os cintos ficar a presença de líquido ou sangue pela boca e narinas. A lín‐
de couro. Sua disposição é sempre em torno do pescoço, sendo gua é cianótica e sempre projetada além das arcadas dentárias
mais frequente a presença de uma única volta, porém existem e os olhos protusos. No enforcamento completo, os membros
casos onde são encontradas várias voltas. A posição é sempre na inferiores estão suspensos e os superiores, colados ao corpo,
parte posterior ou lateral e, muito raramente o nó pode assumir com os punhos cerrados mais ou menos fortemente. Na forma
uma posição anterior do pescoço. incompleta os membros assumem as mais variadas posições.
São múltiplos os locais que servem como ponto de apoio A rigidez cadavérica é mais tardia no enforcamento. As man‐
para prender o laço, desde telhados, ramos de árvores, trinco chas de hipóstase se apresentam na metade inferior do corpo
de portas, entre outros. com maior intensidade nas extremidades dos membros, surgin‐
Chama-se de suspensão típica ou completa aquela em que o do também equimoses post mortem. Devido ao tempo de sus‐
corpo fica totalmente sem tocar em qualquer ponto de apoio; e pensão e a fluidez do sangue, podem-se observar as áreas man‐
suspensão atípica ou incompleta, quando se apoia parcialmente chas de hipóstases as chamadas púrpurashipostásticas, as quais
os pés, joelhos, ou qualquer outra parte do corpo. podem ser confundidas com petéquias hemorrágicas.

Evolução: Sinais Externos: A maior evidência está no sulco do pesco‐


As lesões por enforcamento dependerão da gravidade, que ço, de suma importância no diagnóstico do enforcamento. Estão
podem ser classificadas como lesão local ou à distância, que de‐ presentes em todos os casos, exceto nas suspensões de curta
terminará a velocidade da morte por enforcamento. duração, nos laços excessivamente moles ou quando é introdu‐
De acordo a evolução da lesão surgem fenômenos apresen‐ zido, entre o laço e o pescoço, um corpo mole. Na maioria das
tados durante o enforcamento: vezes, sulco é único, podendo, no entanto, apresentar-se duplo,
triplo ou múltiplo quando esse laço envolve várias vezes o pes‐
- Período Inicial – Começa com o corpo, abandonado e sob coço. O sulco situa-se na posição superior do pescoço, mais alta
ação de seu próprio peso, levando a constrição do pescoço, zum‐ do que o ponto onde fixou primeiro laço, para depois deslizar
bidos, sensações luminosas na vista, sensação de calor e perda até o ponto de apoio da cabeça, dirigindo em sentido do nó,
da consciência produzida pela interrupção da circulação cere‐ obliquamente, de baixo para cima e de diante para trás (sulco
bral. típico). Quanto mais delgado o laço mais profundo o sulco, le‐
vando-se em consideração, ainda, o tempo de permanência do
- Período intermediário – Caracteriza-se por convulsões e ex‐ corpo sob a ação do laço.
citação do corpo proveniente dos fenômenos respiratórios, pela
impossibilidade de entrada e saída de ar, diminuindo o oxigênio Sinais encontrados nos sulcos dos enforcados:
(hipoxemia) e aumentando o gás carbônico (hipercapnéia). As‐ ·Sinal de Thoinot: zona violácea ao nível das bordas do sulco.
socia-se a esses fenômenos a pressão do feixe vásculo-nervoso ·Sinal de Ponsold: livores cadavéricos em placas, por cima e
do pescoço, comprimindo o nervo vago. por baixo das bordas do sulco.
·Sinal de Neyding: infiltrações hemorrágicas punctiformes
- Período final: Surgem sinais de morte aparente ate o apa‐ ao fundo do sulco.
recimento da morte real, com cessação da respiração da circu‐ ·Sinal de Azevedo-Neves: livores punctiformes por cima e
lação. por baixo das bordas do sulco.
·Sinal de Bonnet: marca de trama no laço
Fenômenos da sobrevivência: Existem casos de pessoas que ·Sinal de Ambroise Paré: pele enrugada e escoriada no fundo
ao serem retiradas ainda com vida, morrem depois sem voltar do sulco.
à consciência devido ao grande sofrimento cerebral. Ou ainda ·Sinal de Lesser: vesículas sanguinolentas no fundo do sulco.
que, mesmo recobrando a consciência, tornam-se fatais algum ·Sinal de Schulz: borda superior do sulco saliente e violácea.
tempo depois. Por fim existem os que sobrevivem acompanha‐
dos de uma ou outra desordem. Tais manifestações podem ser Não confundir o sulco dos enforcados com o sulco natural
locais ou gerais: do pescoço das crianças, com sulcos produzidos pela gravata,
Locais: O sulco, tumefeito e violáceo, escoriando ou lesan‐ com os sulcos patológicos, com o sulco dos adultos obesos e
do profundamente a pelé. Dor, afasia e disfagia relativas à com‐ com os sulcos artificiais causados pelo laço das gravatas aper‐
pressão dos órgãos cervicais e congestão dos pulmões. tadas.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Sinais Internos: Estrangulamento
Os sinais internos existem em grande número, e podem ser No estrangulamento, a morte se dá pela constrição do pes‐
divididos em: coço por um laço acionado por uma força estranha, obstruindo
1) Sinais Locais a passagem de ar aos pulmões, interrompendo a circulação do
·Lesões dos vasos: incidem sobre as artérias. Excepcional‐ sangue ao encéfalo e comprimindo os nervos do pescoço. Nesse
mente podem incidir sobre as veias. O Sinal de Amussat, consti‐ tipo de morte, ao contrario do enforcamento, o corpo da vitima
tuído da secção transversal da túnica íntima da artéria carótida, atua passivamente e a força constritiva do laço age de forma
é comum nas proximidades de sua bifurcação. Essas roturas po‐ ativa.
dem ser únicas ou múltiplas, superficiais ou profundas, visíveis O acidente e o suicídio nesta modalidade são raríssimos.
a olho nu ou não. São mais encontradas nos laços finos e duros. Mais comum é o estrangulamento-homicidio, principalmente
O referido sinal é mais encontrado na artéria do lado oposto do quando a vítima é inferior em forças ou é tomada de surpresa.
nó. Constitui uma forma não muito rara de infanticídio.
·Lesões na parte profundada pelé e da tela subcutânea do
pescoço: caracterizada por sufusões hemorrágicas da parte pro‐ Sintomatologia: No estrangulamento, os sintomas são va‐
funda da pelé e da tela subcutânea. Essas alterações são mais riados conforme a sua maneira: lenta, violenta ou contínua. Nor‐
frequentes e intensas no lado contrário ao nó. malmente, o estrangulamento passa por três períodos: resistên‐
·Lesões da coluna vertebral: nos casos de queda brusca do cia, perda da consciência e convulsões, asfixia e morte aparente.
corpo, podem surgir fraturas ou luxações de vértebras cervicais. Depois, surge a morte real.
·Lesões do aparelho laríngeo: fratura das cartilagens tireói‐
de e cricóide, e fratura do osso hióide. Sinais:

2) Sinais a Distância A) Sinais externos:


São encontrados das asfixias em geral, como congestão po‐ 1) Aspecto da face e do pescoço: A face no estrangulamento
livisceral, sangue fluido e escuro, pulmões distendidos, equimo‐ geralmente se mostra tumefeita e violácea devido à obstrução
ses viscerais e espuma sanguinolenta na traquéia e nos brôn‐ quase sempre completa da circulação venosa e arterial; os lábios
quios. e as orelhas arroxeados, podendo surgir espuma rósea ou san‐
guinolenta das narinas e boca. A língua se projeta alem das ar‐
Mecanismos da morte por enforcamento: cadas dentarias e é extremamente escura. Dos meatos acústicos
Morte por asfixia mecânica: naturalmente, é levado a pen‐ externos, poderá fluir sangue. Equimoses de pequenas dimen‐
sar que a ação do laço no pescoço interrompe a passagem de ar sões na face, nas conjuntivas, pescoço e face anterior do tórax.
respirável aos pulmões. Porém existem argumentos que fogem 2) Sulco: Quanto mais consistente e duro for o laço, mais
a esse princípio: constante é o sulco. Pode ser único, duplo ou múltiplo. A direção
1) Nos cadáveres enforcados, nem sempre se encontram as é diferente do enforcamento, pois se apresenta no sentido ho‐
lesões típicas de asfixia; rizontal, podendo, no entanto, ser ascendente ou descendente,
2) A constrição do laço não se manifesta exatamente sobre como nos casos de homicídio, em que o agente puxa o laço para
a traquéia e a laringe, e sim muito mais acima. trás e para cima. Sua profundidade é uniforme e não há descon‐
3) Certas observações experimentais demonstram que mes‐ tinuidade, podendo verificar-se a superposição do sulco onde
mo os animais traqueostomizados e, por conseguinte, com pas‐ a parte do laço se cruza. As bordas são cianóticas e elevadas, e
sagem de ar livre, morrem invariavelmente por enforcamento. o leito é deprimido e apergaminhado. Geralmente o sulco está
Então pensamos que se o indivíduo morre por asfixia mecânica situado por baixo da cartilagem tireóide. Não é raro se encon‐
no enforcamento, não é precisamente por constrição da larin‐ trarem nas proximidades do sulco do estrangulamento rastros
ge e da traquéia, e sim por outro mecanismo de asfixia, como ou estrias ungueais.
obstrução das vias respiratórias pelo rechaçamento da base da
língua para cima e para trás, por ação do próprio laço sobre a B) Sinais internos:
parede posterior da laringe.
Lesões nos planos profundos do pescoço:
Morte por obstrução da circulação: Interrupção da circula‐
ção venosa pela constrição do laço no pescoço contribui apenas a) Infiltração hemorrágica dos tecidos moles do pescoço: A
no fenômeno da constrição da face. Sem dúvidas o mais impor‐ tela subcutânea e a musculatura subjacente ao sulco apresen‐
tante é a obstrução da passagem de sangue arterial pelas caróti‐ tam-se infiltradas por sangue. Essas lesões, quando se trata de
das, acarretando em perturbações cerebrais pela anóxia. estrangulamento, pelo fato de o laço imprimir força de mesma
intensidade em torno do pescoço e agir em sentido horizontal,
Morte por inibição devido à compressão dos elementos apresentam a mesma distribuição e altura em todo o perímetro
nervosos do pescoço: O laço exerce pressão sobre o feixe vás‐ nos planos internos do pescoço.
culo-nervoso do pescoço. Principalmente o nervo vago. Isso de
demonstra basicamente nos casos de sobrevivência nos quais se b) Lesões da laringe: Podem acarretar lesões nas cartilagens
manifestam sinais laríngeos ou manifestações cardíacas e res‐ tireóide e cricóide e no osso hióide.
piratórias observadas pela compressão daquele nervo ou dos
seios carotídeos. c) Lesões à distância: Estão representadas pelos sinais clás‐
sicos de asfixia vistos no estudo geral sobre o tema.

36
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
d) Lesões das artérias carótidas: Manifestadas macroscopi‐ - congestão meníngica
camente quase sempre em ambos os lados, na túnica íntima, pe‐ - congestão cerebral
los sinais de Amussat e Lesser (roturas transversais) e, na túnica - equimose palpebral
adventícia, pelos sinais de Friedberg (infiltração hemorrágica) - equimose conjuntival
e de Étienne Martin (rotura transversal). Pelas mesmas razoes
alegadas para os tecidos moles do pescoço, essas lesões arte‐ Esganadura
riais têm, em quase todas às vezes, a mesma intensidade e se É um tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição
colocam numa mesma altura. do pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar atmosfé‐
rico pelas vias respiratórias até os pulmões. É sempre homicida,
Fisiopatologia: Na morte por estrangulamento, três são os sendo impossível a forma suicida ou acidental.
fatores que interferem:
Sintomatologia: Pela própria dinâmica da esganadura, é di‐
1.Compressão dos vasos do pescoço: Compromete mais in‐ fícil precisar exatamente os períodos e o tempo decorrido nes‐
tensamente as veias jugulares que as artérias carótidas, e estas tes tipos de morte, que tanto pode ser por asfixia, como por
menos que as artérias vertebrais, fazendo com que o sangue do inibição, devido à compressão dos elementos nervosos do pes‐
segmento cefálico fique bloqueado. coço. A esganadura vem sempre acompanhada de outras lesões,
principalmente as traumáticas, provenientes de outras agres‐
2.Compressão dos nervos do pescoço: tem influência mais sões como ferimentos na região posterior da cabeça, equimo‐
decisiva na morte por estrangulamento, cujo mecanismo mais ses em redor da boca, escoriações nas mãos e nos antebraços,
bem explicado é a inibição. todas elas decorrentes da luta e, por isso, chamadas de lesões
de defesa.
3.Asfixia: Resulta da interrupção da passagem do ar atmos‐
férico ate os pulmões pela constrição do pescoço comprimindo a Fisiopatologia: Na esganadura, interferem, principalmente
laringe. Na morte por estrangulamento, a asfixia é mais decisiva no mecanismo de morte, a asfixia e os fenômenos decorrentes
que no enforcamento, principalmente devido à posição do laço. da compressão nervosa do pescoço. A obliteração vascular é in‐
Experiências demonstram que a traquéia se oblitera com uma teresse insignificante. Aqui, tudo faz crer que a asfixia é o princi‐
pressão de 25kg. pal elemento responsável pelo êxito letal.
Entender a profundidade e complexidade por trás de cada
Enforcamento / Estrangulamento detalhe que passaria despercebido pela maioria das pessoas tor‐
Força na a figura do médico-legista ainda mais essencial na sociedade.
- para cima No presente trabalho, inegável alegar que a asfixia pode ser
- variável considerada um dos processos mais importantes do ponto de
vista da medicina legal.
Sulco Desta forma, foi possível compreender cada fase que o or‐
- acima da laringe ganismo passa nos diferentes tipos de anóxia e, desta forma,
- alto encaixá-la em um dos processos mecânicos de asfixia, sejam as
- interrompido no nó produzidas por confinamento, monóxido de carbono, sufocação,
- pergaminhado soterramento, afogamento, enforcamento, estrangulamento e
- profundidade variável esganadura.
- direção oblíqua ascendente Assim, as diversas interpretações são absolutamente funda‐
- sobre o laringe mentais para esclarecer duvidas e chegar a diversas conclusões
- baixo essenciais não só legalmente, mas também socialmente, trazen‐
- contínuo do inclusive esclarecimentos e conforto à família das vítimas,
- não pergaminhado - escoriado bem como possibilitando traçar o caminho para se chegar até o
- profundidade uniforme suspeito do crime.11
-direção horizontal

Violência
- sem outros sinais PRINCÍPIOS DA IDENTIFICAÇÃO HUMANA:
- sinais de violência IDENTIFICAÇÃO E IDENTIDADE

Fraturas
- laringe Prezado Candidato, o tópico acima, foi abordado no decor‐
- hióide rer da matéria.
- lig. Intervertebrais
- raras

Cianose
- bloqueio carotídeo
- menos comum
- sem bloqueio carotídeo
- cianose cérvico-facial 11 Fonte: www.marianareina.jusbrasil.com.br

37
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- morte intermédia - É admitida apenas por alguns autores.
TANATOLOGIA FORENSE. CONCEITOS. NECROPSIA é a que precede a absoluta e sucede a relativa, como verdadeiro
MÉDICO‐LEGAL: INDICAÇÕES, REQUISITOS, TÉCNICAS. estágio inicial da morte definitiva. Experiências fora do corpo
DINÂMICA, FENÔMENOS DE MORTE E SINAIS DE são relatadas neste tipo de morte.
MORTE; LESÕES VITAIS E PÓS‐MORTAIS - morte absoluta ou morte real – estado que se caracteriza
pelo desaparecimento definitivo de toda atividade biológica do
A TANATOLOGIA vem do grego tanathos (morte) tem como organismo, podendo-se dizer que parece uma decomposição.
raiz o Indo-europeu dhwen, “dissipar-se, extinguir-se” + logia Fim da vida inicio da decomposição.
(estudo), MORTE: do latim “mors, mortis”, de “mori” (morrer) e
CADÁVER: do latim “caro data vermis” (carne dada aos vermes). Tanotognose
Temos então Tanatologia a área da medicina legal que se ocupa É a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnóstico
da morte e os fenômenos a ela relacionados. da realidade da morte. Esse diagnóstico será tanto mais difícil
A conceituação da morte é de extremamente dificultosa, quanto mais próximo o momento da morte. Antes do surgimen‐
assim como, em algumas oportunidades, o diagnóstico da rea‐ to dos fenômenos transformativos do cadáver. Então, o perito
lidade de morte. observará dois tipos de fenômenos cadavéricos: os abióticos,
Há 460 a .C., Hipócrates definia o quadro de morte: “Testa avitais ou vitais negativos, imediatos e consecutivos, e os trans‐
enrugada e árida, olhos cavos, nariz saliente cercado de colora‐ formativos, destrutivos ou conservadores.
ção escura, têmporas endurecidas, epiderme seca e lívida, pêlos
das narinas e cílios encobertos por uma espécie de poeira, cór‐ Fenômenos abióticos ou imediatos ou avitais ou vitais ne-
neas de um branco fosco, pálpebras semi-cerradas e fisionomia gativos
nitidamente irreconhecível”. Durante muitos anos definiu-se Logo após a parada cardíaca e o colapso e morte dos ór‐
morte como a cessação da circulação (morte circulatória) e da gãos e estruturas, como o pulmão e o encéfalo, surgem os sinais
respiração (morte respiratória). abióticos imediatos ou precoces. Tais sinais são considerados de
Até recentemente aceitava-se conceituar a morte como o probabilidade, ou seja, indicam a possibilidade de morte e são
cessar total e permanente das funções vitais. Atualmente, este denominados por alguns autores como período de morte apa‐
conceito foi ampliado a partir do conhecimento de que a morte rente, por outros são chamados de morte intermediária.
não é um puro e simples cessar das funções vitais, mas sim uma 1. perda da consciência;
gama de processos que se desencadeiam durante um período de 2. abolição do tônus muscular com imobilidade;
tempo, comprometendo diferentes órgãos. 3. perda da sensibilidade;
Atualmente prevalecem dois conceitos de morte: a morte 4. relaxamento dos esfíncteres;
cerebral, indicada pela cessação da atividade elétrica do cérebro 5. cessação da respiração;
e a morte circulatória, indicada por parada cardíaca irreversível 6. cessação dos batimentos cardíacos;
às manobras de ressuscitação e outras técnicas. 7. ausência de pulso;
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define morte como: 8. fácies hipocrática;
Cessação dos sinais vitais a qualquer tempo após o nascimento 9. pálpebras parcialmente cerradas.
sem possibilidade de ressuscitamento. Como a morte se apre‐
senta como um processo (dinâmico) e não como um evento (es‐ Fenômenos consecutivos
tático), quando se coloca a questão: “Quando ocorreu a morte?” Algum tempo depois aparecem os sinais abióticos mediatos,
a resposta é dada quando se consegue definir o momento em tardios ou consecutivos, indicativos de certeza da morte. Tais
que o processo de morte atingiu o seu ponto irreversível sinais constituem uma tríade – livor, rigor e algor –, ou seja, al‐
terações de coloração, rigidez e de temperatura, indicativos de
Modalidades do Evento Morte: certeza da morte (morte real).
- morte anatômica - É o cessamento total e permanente de 1. resfriamento paulatino do corpo;
todas as grandes funções do organismo entre si e com o meio 2. rigidez cadavérica;
ambiente. 3. espasmo cadavérico;
- morte histolôgica - Não sendo a morte um momento, com‐ 4. manchas de hipóstase e livores cadavéricos;
preende-se ser a morte histológica um processo decorrente da 5. dessecamento: decréscimo de peso, pergarninhamento
anterior, em que os tecidos e as células dos órgãos e sistemas da pele e das mucosas dos lábios; modificações dos globos ocu‐
morrem paulatinamente. lares; mancha da esclerótica; turvação da córnea transparente;
- morte aparente – estados patológicos do organismo simu‐ perda da tensão do globo ocular; formação da tela viscosa.
lam a morte, podendo durar horas, sendo possível a recupera‐
ção pelo emprego imediato e adequado de socorro médico. O De modo geral, admite-se em nosso meio o abaixamento da
adjetivo “aparente” nos parece aqui adequadamente aplicado, temperatura em 0,5°C nas três primeiras horas, depois 1°C por
pois o indivíduo assemelha-se incrivelmente ao morto, mas está hora, e que o equilíbrio térmico com o meio ambiente se faz em
vivo, por débil persistência da circulação. O estado de morte torno de 20 horas nas crianças, e de 24 à 26 horas nos adultos.
aparente poderá durar horas. É possível a recuperação de indi‐ Os livores, alterações de coloração, variam da palidez a
víduo em estado de morte aparente pelo emprego de socorro manchas vinhosas. São observados nas regiões de declive, devi‐
médico imediato e adequado. do ao acúmulo (deposição) sangüíneo por atração gravitacional.
- morte relativa – estado em que ocorre parada efetiva e Aparecem ½ hora após a parada cardíaca, podendo mudar de
duradora das funções circulatórias, respiratórias e nervosas, posição quando ocorrer mudança na posição do corpo. Após 12
associada à cianose e palidez marmórea, porém acontecendo a horas não mudam mais de posição, fenômeno denominado de
reanimação com manobras terapêuticas. fixação.

38
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
A rigidez, contratura muscular, tem início na cabeça, uma crânio fica nu. O ânus se entreabre evertendo a mucosa retal.
hora após a parada cardíaca, progredindo para o pescoço, tron‐ A força viva dos gases de putrefação inflando intensamente o
co e extremidades, ou seja, de cima para baixo (da cabeça para cadáver pode fender a parede abdominal com estalo. O odor
os pés). O relaxamento se faz no mesmo sentido. Tal observação característico da putrefação se deve ao aparecimento do gás sul‐
é denominada Lei de Nysten. O tempo de evolução é variável. fidrico. Esse período dura em média duas semanas.
3.°) Período coliquativo - A coliquação é a dissolução pútrida
Fenômenos Transformativos das partes moles do cadáver pela ação conjunta das bactérias e
Microscopicamente, horas após a parada cardíaca, ocorre da fauna necrófaga. O odor é fétido e o corpo perde gradativa‐
um processo de auto-destruição celular denominado autólise, mente a sua forma. Pode durar um ou vários meses, terminando
caracterizada por auto-digestão determinada por enzimas pre‐ pela esqueletização.
sentes nos lisossomos, uma das organelas citoplasmáticas. 4.º) Período de esqueletização - A ação do meio ambiente
Macroscopicamente, o primeiro sinal de putrefação é o apa‐ e da fauna cadavérica destrói os resíduos tissulares, inclusive
recimento da mancha verde abdominal na região inguinal direi‐ os ligamentos articulares, expondo os ossos e deixando-os com‐
ta (porção direita, inferior do abdome). Tal mancha é originada pletamente livres de seus próprios ligamentos, os cabelos e os
pela produção bacteriana de hidreto de enxofre que, por sua dentes resistem muito tempo à destruição. Os ossos também re‐
vez, determina a formação de sulfohemoglobina, ou seja, na sistem anos a fio, porém terminam por perder progressivamente
morte o enxofre “ocupa” o lugar do oxigênio ou do dióxido de a sua estrutura habitual, tornando-se mais leves e frágeis.
carbono na hemoglobina.
A mancha aparece de 16 a 24 horas após a parada cardía‐ - Maceração
ca, progride para as outras regiões abdominais e depois para o Ocorre quando os restos mortais ficam imersos em meio lí‐
corpo todo, caracterizando a fase cromática da putrefação. Nos quido, sendo caracterizada por putrefação atípica, enrugamento
afogados a mancha verde pode aparecer no tórax. tecidual e exsangüinação (saída do sangue pela pele desnuda).
Os fenômenos transformativos compreendem os destruti‐ São conhecidas duas formas:
vos (autólise, putrefação e maceração) e os conservadores (mu‐ ·Séptica: mais comum, ocorre geralmente nos corpos que
mificação e saponificação). Resultam de alterações somáticas permanecem, após a morte, em lagos, rios e mares.
tardias tão intensas que a vida se torna absolutamente impossí‐ ·Asséptica: observada na morte e permanência do feto in‐
vel. São, portanto, sinais de certeza da realidade de morte. tra-útero.
Fenômenos destrutivos É um fenômeno de transformação destrutiva em que a pele
- Autólise do cadáver, que se encontra em meio contaminado, se torna
enrugada e amolecida e facilmente destacável em grandes re‐
Após a morte cessam com a circulação as trocas nutritivas
talhos, com diminuição de consistência inicial, achatamento
intracelulares, determinando lise dos tecidos seguida de acidi‐
do ventre e liberação dos ossos de suas partes de sustentação,
ficação, por aumento da concentração iônica de hidrogênio e
dando a impressão de estarem soltos; ocorre quando o cadáver
conseqüente diminuição do pH. A vida só é possível em meio
ficou imerso em líquido, como os afogados, feto retido no útero
neutro; assim, por diminuta que seja a acidez, será a vida im‐
materno.
possível, iniciando-se os fenômenos intra e extracelulares de
Compreende três graus: no primeiro grau, a maceração está
decomposição.
representada pelo surgimento lento, nos três primeiros dias, de
- Putrefação
flictenas contendo serosidade sanguinolenta. No segundo grau,
É uma forma de transformação cadavérica destrutiva, que
a ruptura das flictenas confere ao líquido amniótico cor verme‐
se inicia, logo após a autólise, pela ação de micróbios aeróbios, lho-pardacenta, e a separação da pele de quase toda a superfície
anaeróbios e facultativos em geral, sobre o ceco, porção inicial corporal, a partir do oitavo dia, dá ao feto aspecto sanguinolen‐
do grosso intestino muito próximo a parede abdominal; o si‐ to. No terceiro grau, destaca-se o couro cabeludo, à maneira de
nal mais precoce da putrefação é a mancha verde abdominal, escalpo, do submerso ou do feto retido intrauterinamente, e,
a qual, posteriormente, se difunde por todo o tronco, cabeça e em torno do 15.° dia post mortem, os ossos da abóbada crania‐
membros, a tonalidade verde-enegrecida conferindo ao morto na cavalgam uns sobre os outros, os ligamentos intervertebrais
aspecto bastante escuro. Os fetos e os recém-nascidos consti‐ relaxam e a coluna vertebral torna-se mais flexível e, no feto
tuem exceção;neles a putrefação invade o cadáver por todas as morto, a coluna adquire acentuada cifose, pela pressão uterina.
cavidades naturais do corpo, especialmente pelas vias respira‐
tórias. Fenômenos conservadores
Na dependência de fatores intrínsecos e de fatores, a mar‐ - Mumificação
cha da putrefação, se faz em quatro períodos: É a dessecação, natural ou artificial, do cadáver. Há de ser
1.º) Período de coloração - Tonalidade verde-enegrecida rápida e acentuada a desidratação.
dos tegumentos, originada pela combinação do hidrogênio sul‐ A mumificação natural ocorre no cadáver insepulto, em re‐
furado nascente com a hemoglobina, formando a sulfometemo‐ giões de clima quente e seco e de arejamento intensivo suficien‐
globina, surge, em nosso meio, entre 18 e 24 horas após a mor‐ te para impedir ação microbiana, provocadora dos fenômenos
te, durando, em média, 7 dias. putrefatívos. Assim podem ser encontradas múmias naturais,
2.°) Período gasoso - Os gases internos da putrefação mi‐ sem caixão. A mumificação por processo artificial foi praticada
gram para a periferia provocando o aparecimento na superfície historicamente pelos egípcios e pelos incas, por embalsama‐
corporal de flictenas contendo líquido leucocitário hemoglobí‐ mento, após intensa dessecação corporal.
nico. Confere ao cadáver a postura de boxeador e aspecto gi‐ As múmias têm aspecto característico: peso corporal redu‐
gantesco, especialmente na face, no tronco, no pênis e bolsas zido em até 70%, pele de tonalidade cinzenta-escura, coriácea,
escrotais. A compressão do útero grávido produz o parto de pu‐ ressoando à percussão, rosto com vagos traços fisionômicos e
trefação. As órbitas esvaziam-se, a língua exterioriza-se, o peri‐ unhas e dentes conservados.

39
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- Saponificação - Morte suspeita
É um processo transformativo de conservação em que o ca‐ É aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de
dáver adquire consistência untuosa, mole, como o sabão ou cera forma inesperada, sem causa evidente e com sinais de violência
(adipocera), às vezes quebradiça, e tonalidade amarelo-escura, definidos ou indefinidos, deixando dúvida quanto à natureza ju‐
exalando odor de queijo rançoso; as condições exigidas para o rídica, daí a necessidade da perícia e investigação.
surgimento da saponificação cadavérica são: solo argiloso e úmi‐
do, que permite a embebição e dificulta, sobremaneira, a aera‐ - Morte súbita
ção, e um estágio regularmente avançado de putrefação. É aquela que acontece de forma inesperada e imprevista,
A saponificação atinge comumente segmentos limitados do em segundos ou minutos.
cadáver; pode, entretanto, raramente, comprometê-lo em sua
totalidade. Tal processo, embora factível de individualidade, ha‐ - Morte agônica
bitualmente se manifesta em cadáveres inumados coletivamen‐ É aquela em que a extinção desarmônica das funções vitais
te em valas comuns de grandes dimensões. ocorre em tempo longo e neste caso, os livores hipostáticos for‐
mam-se mais lentamente.
- Outros tipos
São conhecidos outros fenômenos conservativos como: - Morte reflexa
- Refrigeração: em ambientes muito frios. É aquela em que se faz presente a tensão emocional, ou
- Corificação: desidratação tegumentar com aspecto de cou‐ seja, uma irritação nervosa (excitação) de origem externa, exer‐
ro submetido a tratamento industrial. cida em certas regiões, provoca, por via reflexa, a parada defini‐
- Fossilização: fenômeno conservativo de longa duração. tiva das funções circulatórias e respiratórias.
- Petrificação: substituição progressiva das estruturas bioló‐
gicas por minerais, dando um aspecto de pedra com manuten‐ Cronotanatognose
ção da morfologia dos restos mortais. É a parte da Tanatologia que estuda a data aproximada da
morte. Com efeito, os fenômenos cadavéricos, não obedecendo
Tipos de Morte ao rigorismo em sua marcha evolutiva, que difere conforme os
Quanto ao modo, as mortes são classificadas em naturais, diferentes corpos e com a causa mortis e influência de fatores
violentas ou suspeitas. Alguns autores incluem outros tipos, extrínsecos, como as condições do terreno e da temperatura e
como a morte reflexa (“congestão”), determinada por mecanis‐ umidade ambiental, possibilitam estabelecer o diagnóstico da
mo inibitório, como nos casos de afogados brancos, estudados data da morte tão exatamente quanto possível, porém não com
em Asfixiologia. As mortes violentas são divididas em acidentais, certeza absoluta. O seu estudo importa no que diz respeito à
homicidas e suicidas. responsabilidade criminal e aos processos civis ligados à sobre‐
vivência e de interesse sucessório. A cronotanatognose baseia‐
Quanto ao tempo, as mortes são classificadas em: -se num conjunto de fenômenos, a saber:
- Súbita: aquela que não é precedida de nenhum quadro, Resfriamento do cadáver
que é inesperada. Em nosso meio é de 0,5°e nas três primeiras horas; a seguir,
- Agônica: aquela precedida de período de sobrevida. Neste o decréscimo de temperatura é de 1°e por hora, até o restabele‐
item cabe lembrar das situações de sobrevivência, em que o in‐ cimento do equilíbrio térmico com o meio ambiente.
divíduo realiza atos conscientes e elaborados no período de so‐ Rigidez cadavérica
brevida; por exemplo, após ter sido atingido mortalmente com Pode manifestar-se tardia ou precocemente. Segundo Nys‐
um tiro no coração, o indivíduo tem tempo para reagir e ferir ou ten-Sommer, ocorre obedecendo à seguinte ordem: na face,
matar o desafeto; ou então o suicida que, após ter dado um tiro nuca e mandíbula, 1 a 2 horas; nos músculos tóraco-abdominais,
na cabeça, escreve bilhete de despedida (situações não usuais, 2 a 4 horas; nos membros superiores, 4 a 6 horas; nos mem‐
mas possíveis). bros inferiores, 6 a 8 horas post mortem. A rigidez cadavérica
O diagnóstico diferencial entre as formas “súbita” e “agôni‐ desaparece progressivamente seguindo a mesma ordem de seu
ca” é possível com provas especiais, denominadas docimásticas, aparecimento, cedendo lugar à flacidez muscular, após 36 a 48
que estudam as células, tecidos e substâncias presentes no or‐ horas de permanência do óbito.
ganismo, como glicogênio e adrenalina.
Nas mortes naturais, regra geral, o médico deverá fornecer Livores
“Declaração de Óbito”, documento que contém o Atestado de Podem surgir 30 minutos após a morte, mas surgem habi‐
Óbito e que originará a Certidão de Óbito. tualmente entre 2 a 3 horas, fixando-se definitivamente no pe‐
Nas mortes naturais, sem diagnóstico da causa básica (doen‐ ríodo de 8 a 12 horas após a morte.
ça ou evento que deu início à cadeia de eventos que culminou
com a morte), há necessidade de autópsia pelos Serviços de Ve‐ Mancha verde abdominal
rificação de Óbitos e, nas mortes violentas, as autópsias devem Influenciada pela temperatura do meio ambiente, surge en‐
ser realizadas pelos Institutos Médico-Legais. tre 18 a 24 horas, estendendo-se progressivainente por todo o
corpo do 3.° ao 5.° dia após a morte
- Morte natural
É aquela que sobrevém por causas patológicas ou doenças, Gases de putrefação
como malformação na vida uterina. O gás sulfidrico, surge entre 9 a 12 horas após o óbito. Da
mesma forma que a mancha verde abdominal, significa putre‐
fação.

40
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Decréscimo de peso Comoriência
Tem valor relativo por sofrer importantes variações deter‐ Quando acontece o falecimento, no mesmo evento de dois
minadas pelo próprio corpo ou pelo meio ambiente. Aceita-se, ou mais parentes ou de pessoas vinculadas por liame sucessório,
no entanto, nos recém-natos e nas crianças uma perda em geral a falta de precisão sobre o momento da morte de cada um pode
de 8g/kg de peso nas primeiras 24 horas após o falecimento. trazer sérias complicações e dificultar a transmissão da herança
aos herdeiros.
Crioscopia do sangue A comoriência é a presunção de morte simultânea entre
O ponto crioscópico ou ponto de congelação do sangue é duas ou mais pessoas.
de -0,55°C a -0,57°C. A crioscopia tem valor para afirmar a causa De acordo com Maria Berenice, não havendo a possibilidade
jurídica da morte na asfixia-submersão e indicar a natureza do de saber quem é o herdeiro de quem, a lei presume que a morte
meio líquido em que ela ocorreu. ocorreu simultaneamente, desaparecendo o vínculo sucessório
entre ambos, assim, um não herda do outro e os bens de cada
Cristais do sangue putrefato um passam aos seus respectivos herdeiros.
São os chamados cristais de Westenhöffer-Rocha-Valverde, Conforme Maria Berenice cita Carvalho dos Santos, susten‐
lâminas cristalóides muito frágeis, entrecruzadas e agrupadas, tado que, ocorrendo o falecimentos mesmo de lugares diversos,
incolores, que adquirem coloração azul pelo ferrocianeto de se existir mútuo direito sucessório entre os mortos, não haven‐
potássio, e castanha, pelo iodo, passíveis de ser encontradas a do meios de se verificar quem faleceu primeiro, é possível por
partir do 3.° dia no sangue putrefato. analogia reconhecer a comoriência.13

Fauna cadavérica Morte Súbita


O seu estudo em relação ao cadáver exposto ao ar livre tem É a morte inesperada que acontece em pessoa considerada
relativo valor conclusivo na determinação da tanatocronognose, saudável ou tida como tal, e pela forma como ocorre levanta
embora os obreiros ou legionários da morte surjam, com cer‐ suspeita de poder tratar-se de uma morte violenta.
ta seqüência e regularidade, nas diferentes fases putrefativas Na maioria dos casos, no fim da autópsia chega-se à conclu‐
adiantadas do cadáver, as turmas precedentes preparando ter‐ são que estas mortes súbitas são mortes de causa natural, por
reno para as legiões sucessoras, representadas por um grupo processos patológicos mais ou menos insidiosos que nunca le‐
de oito. varam a vítima ao médico ou a referenciar queixas objetivas ou
São elas: subjetivas a familiares e amigos. Estes, colhidos pelo inesperado
1ª Legião: aparece entre o 8.º e o 15.º dia; da situação, e perante a perda de um ente querido, colocam por
vezes a hipótese de se tratar de uma morte violenta e daí que
2ª Legião: surge com o odor cadavérico, cerca de 15 à 20
muitas destas mortes acabem por ser submetidas a autópsia
dias;
médico-legal.
3ª Legião: aparece 3 a 6 meses após a morte;
Infelizmente, muitos médicos, alguns por desconhecimento
4ª Legião: encontrada 10 meses após o óbito;
do conceito médico-legal de morte súbita, outros por um medo
5ª Legião: é encontrada nos cadáveres dos que morreram há
atávico inexplicável de atribuir a causa de morte mais provável
mais de 10 meses;
face aos elementos clínicos e circunstânciais disponíveis, aca‐
6ª Legião: desseca todos os humores que ainda restam no
bam por escrever no certificado de óbito “morte súbita de causa
cadáver, 10 à 12 meses;
indeterminada”.
7ª Legião: aparece entre 1 e 2 anos e destrói os ligamentos
Todos os dias, os serviços médico-legais são confrontados
e tendões deixando os ossos livres. com a “morte súbita de causa indeterminada” na sequência de
8ª Legião: consome, cerca de 3 anos após a morte, todos os mortes de indivíduos com antecedentes patológicos relevantes,
resquícios orgânicos porventura deixados pelas precedentes.12 de doenças crónicas com agudizações potencialmente letais,
Premoriência de doenças neoplásicas em fases terminais, de doenças infec‐
Há situações que podem ser identificadas como a perda do to-contagiosas em fase terminal, no decurso de internamentos
direito sucessório, um delas é a chamada premoriência, ou seja, hospitalares de dias ou semanas por doença de causa natural.
a morte do herdeiro antos do falecimento do autor da herança, Este tipo de prática, leva a que os serviços médico-legais
exemplo, morrendo o filho antes do pai, não há que se falar em acabem por ser confrontados por uma percentagem de “morte
direito sucessório, pois o pré-morto esta excluído da sucessão. súbita de causa indeterminada” que ronda os 40% do total das
Segundo Maria Berenice, na sucessão legítima, somente os autópsias realizadas, o que como é óbvio não deveria acontecer.
descendentes do herdeiro pré-morto é que herdam, mas por di‐ É evidente que a maior parte desta percentagem não cor‐
reito de representação do pré-morto. responde efetivamente à verdadeira situação médico-legal de
Na sucessão testamentária, o falecimento do beneficiado morte súbita, talvez nem 5% deste total corresponda a casos
antes do testador não gera direito de representação, o legado com verdadeiro interesse médico-legal.
caduca. Havendo outros herdeiros instituídos com relação ao
mesmo bem, a morte de um transfere o seu quinhão aos demais, Questões médico-legais a responder pela autópsia em casos
ocorrendo o direito de acrescer. Se não houver a nomeação de de morte súbita
substitutos, o quinhão retorna a legítima. - causa da morte
Por fim, a premoriência é o evento determinante da época - morte natural ou violenta
da morte de uma pessoa, que é anterior a o autor da herança. - se morte violenta
-- suicídio
-- homicídio
-- acidente
12 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br 13 Por Ricardo K. Foitzik

41
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Principais causas de morte súbita por aparelhos e sistemas para que haja a suspeição, há que existir o interesse ativo de
no adulto quem suspeita, vinculado a uma justificativa. É o caso do fami‐
Morte súbita com origem no sistema cardio-vascular liar ou de terceiros que conhecem desvios do contexto social e
É a causa de morte súbita mais frequente no mundo oci‐ comportamental do falecido, ou mesmo suspeitam de peculiari‐
dental. Em cerca de 25% dos casos, a morte súbita é a primeira dades durante um tratamento médico e até de ação de tercei‐
manifestação de doença cardio-vascular. ros. Em qualquer destes casos, o cidadão que protagoniza a sus‐
Normalmente durante a autópsia dispensa-se uma atenção peição tem a obrigação de comunicar a uma autoridade policial
especial ao coração e ao estudo das artérias coronárias. Muitas ou ao Ministério Público, que solicitarão, pelos procedimentos
destas mortes revelam doença coronária de pelo menos dois va‐ habituais, a perícia médico-legal.
sos. A morte de causa suspeita é bem diferente da morte por
Nem sempre o diagnóstico macroscópico de enfarte agudo causa desconhecida, mesmo que súbita. Esta é um tipo de morte
de miocárdio é fácil (menos de 25% para alguns autores) e até o natural que não compõe o rol de possibilidades com natureza ju‐
exame histológico pode não dar grandes informações. rídica para classificação como morte suspeita. A “causa mortis”
Dado que o tempo decorrido entre o início dos sintomas e para ser conhecida, merecerá avaliação necroscópica clínica e
a morte por vezes é muito curto, não permite um conjunto de anátomo-patológica para a sua verificação e conclusão, porém
alterações a nível celular que possibilite um diagnóstico histo‐ nunca uma perícia médico-legal. A perícia oficial é desnecessária
lógico. e somente será solicitada pela autoridade policial, nestes casos,
Algumas das alterações do ritmo cardíaco podem ser poten‐ por intuição ocasional, por desconhecimento de causa em sua
cialmente mortais muito rapidamente se não forem prontamen‐ função ou por falta de mecanismo administrativo institucional
te revertidas (Ex. fibrilação ventricular). Nestes casos os achados municipal de Serviço de Verificação de Óbitos.
de autópsia são muito escassos, inespecíficos e há uma dificul‐ É importante que todo médico entenda que quando enga‐
dade no diagnóstico. nado em sua boa fé, tendo ele exarado a Declaração de Óbito e,
Principais causas de morte no adulto após, surgir a descoberta de alguma causa violenta, ele, médico,
- doença coronária/enfarte não terá culpa por ter sido enganado. Até dentro de hospitais
- cardiomiopatias isto pode acontecer, conforme casos recentemente estampados
- miocardites em noticiário.
- aneurisma dissecante da aorta O médico, quando responsável pelo paciente que falece,
- arritmias não deverá gratuitamente alegar suspeição distância, ou criar
suspeita sem fundamentação.
Principais causas de morte súbita com origem no sistema Exemplos contumazes podem ser citados:
nervoso central : - Médico assiste há muitos meses paciente com doença crô‐
- acidentes vasculares nica ou incurável, como neoplasias, vindo o doente a óbito longe
- meningites das vistas do médico, geralmente no domicílio. O médico assis‐
- estado de mal epiléptico tente, conhecedor de todo o histórico do paciente, não poderá
se furtar a fornecer o atestado de óbito, pois se “suspeita” de
Principais causas de morte morte súbita com origem no sis‐ alguma coisa tem a obrigação de pessoalmente avisar a autori‐
tema respiratório: dade policial do quê suspeita.
- tromboembolia pulmonar - No mesmo caso, situam-se pacientes de consultório e am‐
- estado de mal asmático bulatório hospitalar ou posto de saúde. Ninguém melhor do que
- hemoptise o médico assistente para formular as hipóteses de “causa mor‐
- aspiração de corpo estranho tis”. Não é porque o paciente não se encontra hospitalizado que
- pneumotórax espontâneo o médico poderá classificar a morte como de causa suspeita.
Suspeita de quê ?
Principais causas de morte morte súbita com origem no sis‐ - O paciente chega a um Pronto-Socorro em tempo de serem
tema digestivo: verificadas as queixas e de se fazer um diagnóstico clínico ou
- hematemeses (ruptura de varizes esofágicas, úlceras) através de exames complementares, um infarto agudo do mio‐
- pancreatite aguda necro-hemorrágica cárdio, por exemplo. O médico assistente é o único profissional
- peritonite que poderá atestar a veracidade dos fatos e é quem deverá for‐
- enfarte intestinal necer o atestado de óbito, mesmo que o paciente tenha poucos
Principais causas de morte morte súbita com origem no sis‐ minutos ou horas de hospital. Um infarto do miocárdio recente
tema endócrino tem grande probabilidade de não ser macroscopicamente ob‐
- diabetes - bioquímica do humor vítreo ( glicose > 200 mg/ servado e ter um fácil diagnóstico clínico (gráfico mais labora‐
dl ) torial).15
- insuficiência suprarrenal aguda (Sindrome de Waterhouse‐ Diagnose Diferencial Das Lesões “Ante” E “Post Mortem”
-Friederichesen)14 O legisperito esclarecerá à Justiça se as lesões encontradas
foram causadas: a) bem antes da morte; b) imediatamente antes
Morte Suspeita da morte c) logo após a morte; d) certo tempo após a morte.
As mortes de causa suspeita compreendem parte da morte - Lesões Intra- Vitam- são lesões que ocorrem no corpo hu‐
violenta, até que se prove em contrário, trazendo para a sua mano durante a vida, com características específicas como: in‐
compreensão a dúvida quanto ao nexo causal. Para que exista a filtração da malha tecidual, coagulação, presença abundante de
suspeição deve haver uma pergunta: suspeita de quê? Ou seja, leucócitos,etc. Reação Vital.
14 Fonte: www.medicina.med.up.pt 15 Fonte: www.portalmedico.org.br

42
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- Lesões Post- Mortem- são lesões que ocorrem após a mor‐ Provas microscópicas
te, não possuem Reação Vital. Prova de Verderau: determinação de leucócitos/hemácias
no foco da lesão e em qualquer uma outra parte do corpo afas‐
As lesões adquiridas quando a pessoa estava viva (in vitam) tada dele.
devem ser diferenciadas daquelas que adquiridas depois da Prova histológica: verificação microscópica da presença de
morte (post mortem), principalmente para estimar a causa da um infiltrado ou exsudato leucocitário em volta de lesão.
morte.
A reação vital será o elemento diferencial entre as lesões Avaliação histopatológica:
intra vitam e post mortem e consiste em um conjunto de sinais 4-8 horas: infiltração de leucócitos neutrófilos polimorfonu‐
macroscópicos, microscópicos e químicos tissulares (histoquími‐ cleares.
cos, enzimáticos e bioquímicos) e que ocorrem somente quan‐ 12 horas: presença de monócitos
do as lesões forma provocadas com a vítima estando viva e não 48 horas: máximo de exsudação (em traumatismos assép‐
após a sua morte (Vanrell, 2007) ticos)
Utilizando-se como referência Vanrell (2007), resumi-se a 30 dia: crescimento epitelial, proliferação de fibroblastos e
seguir os sinais característicos de lesões ante mortem: neoformação vascular (capilares de neoformação).
40 a 50 dia: aparecimento de fibras colágenas
Sinais macroscópicos 70 dia: tecido fibroso cicatricial (nas lesões de pequena ex‐
1) Hemorragia - A hemorragia interna proveniente de lesão tensão).
produzida no vivo aloja-se no interior do corpo sob forma de
grandes coleções hemáticas. No morto, a coleção hemática in‐ Prova histoquímicas enzimáticas: aumento de algumas enzi‐
terna é sempre de reduzidíssima dimensão, ou não existe, e o mas como a fosfatase alcalina, fosfatase ácida, aminopeptidade,
sangue não coagula.. esterase e ATP-ase podem auxiliar na estimativa da idade em
2) Retração dos tecidos - Os ferimentos incisos e os corto‐ horas da lesão, variando de 1 a 8 horas.
contundentes mostram as margens afastadas, devido à retração Provas bioquímicas: análise quantitativa da presença de his‐
dos tecidos, o que não ocorre nos feitos no cadáver, pois neste tamina ou serotonina presentes em traumas teciduais, no en‐
os músculos perdem a contratilidade. tanto, só são reconhecíveis se realizadas até uma hora antes da
3) Escoriações - A presença de crosta recobrindo as escoria‐ morte e estão presentes no corpo até 5 dias após a morte.17
ções significa lesão intra vitam. Dessarte, pergaminhamento da
pele escoriada é sinal seguro de lesão pos mortem.
4) Equimoses - Sobrevêm de repente no vivo após o trau‐ PROCEDIMENTOS TÉCNICOS: SINAIS VITAIS, HIGIENE,
matismo, e se apagam lenta e paulatinamente. No cadáver não CONTAMINAÇÃO, BIOSSEGURANÇA, TRANSPORTE,
ocorrem essas contínuas variações de tonalidades cromáticas. PROCEDIMENTOS PÓS-MORTE, ABERTURA DAS
5) Reações inflamatórias - Manifestadas pelos quatro sin‐ CAVIDADES, PRESERVAÇÃO DO CADÁVER
tomas cardinais: dor, tumor, rubor e calor. Desse modo, é a
inflamação importante elemento afirmativo de que a lesão foi Procedimentos Técnicos
produzida bem antes da morte.
6) Embolias - São acidentes cujas principais manifestações Define-se perícia médico-legal como um conjunto de proce‐
dependem do órgão em que ocorrem. Chama-se embolia à obli‐ dimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o escla‐
teração súbita de um vaso, especialmente uma artéria, por coá‐ recimento de um fato de interesse da Justiça. Ou como um ato
gulo ou por um corpo estranho líquido, sólido ou gasoso, cha‐ pelo qual a autoridade procura conhecer, por meios técnicos e
mado êmbolo. científicos, a existência ou não de certos acontecimentos, capa‐
7) Consolidação das fraturas - O tempo de consolidação de zes de interferir na decisão de uma questão judiciária ligada à
uma fratura varia conforme o osso. Amiúde demanda 1 ou 2 me‐ vida ou à saúde do homem ou que com ele tenha relação18.
ses. Podem as perícias, de uma forma geral, ser realizadas nos
8) O eritema, simples e fugaz afluxo de sangue na pele, e as vivos, nos cadáveres, nos esqueletos, nos animais e nos objetos.
flictenas contendo líquido límpido ou citrino, leucócitos, cloreto
de sódio e albuminas (sinal de Chambert), e o retículo vasculo‐ Sinais Vitais
cutâneo afirmam queimaduras intra vitam. No cadáver não se
forma nenhum desses sinais vitais. E as bolhas porventura exis‐ Nos vivos, as perícias visam ao diagnóstico de lesões corpo‐
tentes assestam-se em áreas edemaciadas contendo gás e, às rais, determinação de idade, de sexo e de grupo étnico; diagnós‐
vezes, líquido desprovido de albuminas e de glóbulos brancos. tico de gravidez, parto e puerpério; diagnóstico de conjunção
9) O cogumelo de espuma traduz fenômeno vital, pois só se carnal ou atos libidinosos em casos de crimes sexuais; estudo
forma nos afogados que reagiram à proximidade da morte cedo de determinação da paternidade e da maternidade; comprova‐
foram retirados do meio líquido. ção de doenças profissionais e acidentes do trabalho; evidências
10) A diluição do sangue e a presença de líquido nos pul‐ de contaminação de doenças venéreas ou de moléstias graves;
mões e no estômago, nos asfixiados por submersão, de substân‐ diagnóstico de doenças ou perturbações graves que interessam
cias sólidas no interior da traquéia e dos brônquios, no soterra‐ no estudo do casamento, da separação e do divórcio; determi‐
mento, de fuligem nas vias respiratórias e monóxido de carbono nação do aborto; entre tantos.
no sangue dos que respiraram no foco de incêndio, de aeração
pulmonar e conteúdo lácteo no tubo digestivo de recém-nascido
são sinais certos de reação vital.16 17 Fonte: www.portaleducacao.com.br
18 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 11ª. ed. -- Rio de Janei-
16 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br ro: Guanabara Koogan, 2017.

43
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
A verificação dos sinais vitais (SSVV) é considerada como Variações de temperatura
um importante indicador das funções vitais do organismo e se Há variações de temperatura em todo ciclo vital, ou seja,
constitui uma prioridade para os cuidados no atendimento ao em crianças, adultos, gestantes e idosos. A temperatura normal
enfermo. Em virtude de sua relevância, são referidos como si‐ é mais alta nos recém-nascidos, sendo mais baixa em pessoas
nais de vida a frequência respiratória, a frequência cardíaca, a idosas.
pressão arterial, a temperatura e a dor, que indicam a eficácia As mulheres apresentam temperaturas normalmente mais
de funções primordiais ao equilíbrio orgânico19. altas do que os homens, especialmente durante a ovulação.
Dessa forma, discutem-se conceitos básicos, valores de re‐ Existem ainda fatores que afetam a temperatura, incluindo con‐
ferência, fatores que alteram a temperatura (T), pulso (P), res‐ dição emocional e ambiente.
piração (R), pressão arterial (PA), considerações sobre a dor e A temperatura oscila normalmente de acordo com a ativi‐
princípios concernentes às intervenções relacionadas aos sinais dade e o repouso. As leituras mais baixas ocorrem tipicamente
vitais. entre 4 e 5 horas da manhã, as mais altas entre 16 e 20 horas.
Conceitualmente os sinais vitais são mensurações/medidas, Emoções elevam a temperatura, e os estados depressivos a re‐
considerados indica dores das funções vitais do organismo. Re‐ duzem.
gulados por mecanismos complexos como os neurológicos, re‐ Um ambiente externo quente pode elevar a temperatura,
cebem influências também do sistema endócrino, das emoções enquanto um ambiente frio pode reduzi-la. A hipotermia pode
e do ambiente. ocorrer em função de fatores externos, como reação a ambien‐
A verificação de sinais vitais constitui uma medida rápida tes frios, e também situações internas como o choque hipovolê‐
e eficiente de monitorização das condições do enfermo, como mico e choque séptico.
também permite a identificação de problemas e avalia resulta‐ A elevação da temperatura corporal é um dos fenômenos
dos de intervenções realizadas diante de alterações ocorridas. A mais típicos das doenças infecciosas. Os mecanismos que re‐
valorização das anotações de tais aferições, que devem ser re‐ gulam a temperatura do corpo são bastante complexos e, em
gistradas em impressos próprios ou através de gráficos, permite geral, a febre surge como uma resposta desses mecanismos à
uma avaliação objetiva do estado geral de saúde. presença de certas substâncias (chamadas pirógenos) liberadas
Devem ser registrados de maneira precisa e clara em inter‐ pelas bactérias ou pelos tecidos do hospedeiro.
valos de tempo determinados, de acordo com a condição clínica A temperatura retal é normalmente 0,5ºC mais alta do que
apresentada. O material e o método utilizado deverão ser sele‐ a oral, já a T axilar é normalmente 0,5ºC mais baixa do que a T
cionados de acordo com as condições e características clínicas oral. A temperatura axilar é considerada a menos precisa, porém
da pessoa assistida. Geralmente, são utilizados os seguintes ma‐ a mais verificada na nossa realidade.
teriais: bandeja, termômetro, esfigmomanômetro ou tensiôme‐ Já a temperatura timpânica, verificada por meio da inser‐
tro e estetoscópio; relógio de pulso com ponteiro de segundos, ção de uma sonda na membrana timpânica, é a mais próxima da
bolas de algodão e álcool 70%. temperatura central. Existem autores que diferenciam hiperter‐
mia de febre.
Temperatura A hipertermia é a condição na qual o corpo está incapaci‐
A temperatura corporal representa o equilíbrio entre o calor tado de promover a perda de calor ou reduzir sua produção, e
produzido e as perdas de calor. Entende-se que os responsáveis a febre se trata de uma mudança ascendente no parâmetro da
pela produção de calor são o metabolismo e a atividade mus‐ temperatura na vigência de uma condição patológica. Afirma-se
cular, assim como as perdas estão relacionadas com as elimi‐ que, na presença de pirogênios (bactéria e/ou vírus), o hipotála‐
nações corporais que acontecem por meio dos pulmões e pele, mo reage aumentando a temperatura, e o corpo responde pro‐
principalmente o suor. duzindo e conservando calor.
Um padrão estável de temperatura promove o funciona‐
mento adequado das células, tecidos e órgãos. Alterações no Os parâmetros para a temperatura axilar são:
padrão geralmente sinalizam o início de enfermidades. → normotermia (35,8ºC a 37ºC);
A temperatura pode ser medida com vários tipos de termô‐ → febrícula (>37ºC a 37,5ºC);
metros, como os de mercúrio, eletrônico ou digital, químico (fi‐ → febre ou hipertermia (37,5°C), que se classifica de acordo
tas adesivas descartáveis para utilização na pele), timpânico, e com a tabela abaixo.
atualmente, para pacientes de alta complexidade, são utilizados
os dispositivos para monitoramento automático que fazem a lei‐ Hipotermia é considerada a temperatura abaixo dos valores
tura de todos os parâmetros de sinais vitais. considerados normais. Pode ser classificada como:
→ hipotermia leve, 34ºC a 36ºC;
As temperaturas em adultos oscilam normalmente entre: → hipotermia moderada, 30ºC a 34ºC;
→ temperatura oral/bucal, 36,3ºC a 37,4ºC (temperatura → hipotermia grave, abaixo de 30ºC.
superficial);
→ temperatura retal, 37°C a 38°C; Pulso
→ temperatura axilar, 35,8ºC a 37ºC (temperatura superfi‐ O pulso se reflete por meio do batimento de uma artéria,
cial); sentido acima de uma saliência óssea. A expansão do vaso per‐
→temperatura timpânica, a leitura é em média de 37,5ºC. cebida pelo toque se deve à distensão da parede da artéria ori‐
Existem outras temperaturas centrais verificadas por meio ginada pela saída do sangue do ventrículo esquerdo (VE) para
de instrumentos apropriados, como a esofagiana, da bexiga uri‐ a aorta e sua consequente transmissão às artérias periféricas.
nária e da artéria pulmonar. Essa onda de ocorrência repetida, chamada pulso, pode ser
sentida pelo tato em locais do corpo onde artérias passam sobre
19 Semiotécnica em enfermagem [recurso eletrônico] / organizadores:
Cleide Oliveira Gomes [et al.]. – Natal, RN: EDUFRN, 2018. ossos ou tecidos de consistência firme. Em adultos e crianças

44
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
acima de três anos, a artéria radial na região interna do punho Pressão Arterial
representa o local mais comum de palpação por ser facilmente Definida como sendo a força exercida pelo sangue sobre as
acessível, uma vez que a artéria pode ser rapidamente compri‐ paredes dos vasos arteriais, a pressão arterial depende da for‐
mida contra o rádio, seguindo o alinhamento do dedo polegar. ça empregada nas contrações ventriculares, da elasticidade da
Nos bebês e nas crianças com menos de três anos, deve ser parede arterial, viscosidade do sangue, da resistência vascular
utilizado um estetoscópio para auscultar o coração, e não a pal‐ periférica, do volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquer‐
pação de um pulso. Devido à ausculta ser feita no ápice do cora‐ do. O débito cardíaco (DC) é o volume de sangue ejetado pelo
ção, é denominado pulso apical. ventrículo esquerdo a cada sístole (VS), conforme a frequência
A tomada do pulso envolve a determinação da frequência cardíaca (FC), sendo calculado a partir da seguinte fórmula:
(número de pulsações por minuto), ritmo (padrão ou regulari‐
dade das pulsações), amplitude/força (grau de enchimento da DC= VS X FC
artéria, podendo ser cheio/forte, fino/fraco). A tensão ou dure‐
za (elasticidade) refere-se à compressão progressiva da artéria O coração é um órgão com nome bem sugestivo: cor em
necessária para sua obliteração, podendo ser designado “mole”, ação, musculatura potente, vermelho vivo, que se ocupa em
“duro” ou de tensão mediana. bombear sangue para o corpo durante toda a vida. É referido
Em algumas situações, a frequência cardíaca altera-se para como uma estrutura oca, dividida em quatro câmaras: átrio e
mais ou para menos. Assim, existem variações de pulso relativas ventrículo direito, responsáveis pela impulsão do sangue pobre
à idade nas diversas condições fisiológicas como sexo, sono e em oxigênio, dito venoso, proveniente do corpo para os pul‐
repouso, atividade física, dor, emoções (raiva, medo, surpresa, mões; átrio e ventrículo esquerdo, responsáveis pela recepção
alegria), refeições, gravidez e ciclo circadiano. do sangue oxigenado, e envio deste para todo o organismo atra‐
Em pessoas magras a frequência do pulso tende a ser mais vés da artéria aorta.
lenta. O aumento da temperatura corporal, a queda da pressão O sangue chega até o átrio direito através das veias cava
arterial, aplicações prolongadas de calor também provocam al‐ superior (sangue da cabeça, pescoço e braços), e inferior (tron‐
terações no pulso. co e membros inferiores); do átrio direito segue para o ventrí‐
O uso de medicamentos, como também condições patológi‐ culo direito através da válvula tricúspide, e daí segue para os
cas, podem interferir decisivamente nas características do pul‐ pulmões por meio das artérias pulmonares direita e esquerda
so. Em adultos, a frequência fisiológica do pulso varia de 60 a respectivamente.
100 batimentos por minuto. Nos pulmões ocorre a hematose, processo em que há a
troca de gases, gás carbônico por oxigênio; o sangue retorna
Respiração ao coração para o ventrículo esquerdo pelas veias pulmonares
A respiração constitui o mecanismo pelo qual o organismo já rico em oxigênio; é transferido para o ventrículo esquerdo,
passando pela válvula mitral, e então bombeado para o corpo.
realiza a troca de gases (oxigênio e dióxido de carbono) entre
Uma característica peculiar desse órgão é a prerrogativa de ser
o meio ambiente e o sangue; e entre o sangue e as células do
provido de um sistema de condução elétrica próprio, constituí‐
corpo.
do por células altamente diferenciadas: o nó sinoatrial ou sinu‐
É controlada pelo centro respiratório, localizado na região
sal, que recebe influência dos neurotransmissores dos sistemas
lateral do bulbo (tronco cerebral), envolvendo três ciclos: venti‐
nervosos simpático (adrenalina) e parassimpático (acetilcolina),
lação, movimento de gases para dentro (inspiração ou inalação)
responsáveis pela condução elétrica do órgão, determinando a
e fora (expiração ou exalação) dos pulmões; difusão, troca de
frequência e o ritmo cardíacos.
oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e as hemácias;
O referido controle elétrico deve resultar em contrações
perfusão, distribuição de oxigênio das hemácias para os tecidos
cardíacas efetivas no bombeamento sanguíneo para todo o or‐
e captação do gás carbônico dos tecidos para eliminação por in‐ ganismo. A pressão sistólica, ou máxima, sucede durante as con‐
termédio dos pulmões. trações do ventrículo esquerdo e exprime o quanto está sadio o
Destaca-se ainda que, na verdade, o primeiro ciclo é o am‐ músculo cardíaco, as artérias e também as arteríolas.
biental, visto que o humano é incapaz de realizar o processo de A pressão diastólica, ou mínima, ocorre durante o relaxamen‐
fotossíntese. to do ventrículo esquerdo, indicando diretamente a resistência dos
Alguns fatores fisiológicos, como exercício físico, ansiedade vasos sanguíneos. A pressão arterial é medida em milímetros de
e posição corporal, interferem nesse processo. Os patológicos mercúrio (mmHg) com um tensiômetro ou esfigmomanômetro e
como lesão neurológica, dor aguda, entre outros alteram o pa‐ um estetoscópio, posicionado habitualmente na artéria braquial, e
drão respiratório. com menor frequência nas artérias poplíteas ou radiais.
É importante a observação quanto ao uso de determinados A definição de normalidade é considerada arbitrária, pois
medicamentos como os analgésicos, broncodilatadores e narcó‐ os níveis de pressão arterial das populações seguem curvas de
ticos, que diminuem a frequência respiratória, e as anfetaminas, distribuição, o que é bastante variável, principalmente quando
que aumentam a frequência e profundidade. E também, obser‐ se leva em consideração hábitos de vida, idade, gênero, etnia,
var e registrar as características do ritmo respiratório, frequên‐ entre outros. Sendo mais baixa nos recém-nascidos e gestantes,
cia respiratória, bem como a amplitude no movimento respira‐ a pressão arterial aumenta com a idade, ganho de peso, tensão
tório. prolongada e ansiedade, além de outros fatores.
A frequência fisiológica da respiração se caracteriza pela en‐ Medidas frequentes da pressão arterial são imprescindíveis
trada (inspiração) e saída (expiração) de ar nos pulmões, com‐ em situações como: ferimentos graves, cirurgias, anestesias e
pondo um ciclo respiratório. Em adultos a frequência respirató‐ durante qualquer enfermidade ou condição que ameace a esta‐
ria varia entre 16 a 20 incursões respiratórias por minuto. bilidade cardiovascular. Verificações rotineiras da pressão arte‐
rial estão indicadas para pessoas com histórico de hipertensão
ou hipotensão.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Dor riais pelo sistema nervoso central, incluindo aquelas oriundas da
A natureza subjetiva e multidimensional da dor é traduzida desregulação do sistema nervoso autônomo, ou de uma lesão.
em seus vários conceitos. Segundo a Associação Internacional Como exemplo são citadas a dor fantasma (desaferentação) e a
para o Estudo da Dor (IASP), dor é uma “experiência sensorial e Síndrome da Dor Regional Complexa.
emocional desagradável, associada ou relacionada à lesão real
ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tal dano”. Quanto à localização, tem-se:
A utilização do termo está diretamente associada aos apren‐ → Dor cutânea: envolve apenas a pele, pode ser referida
dizados provenientes de experiências anteriores. Outros autores como queimação ou cortante. Quando há lesão de terminações,
definem dor como “qualquer coisa que a pessoa que está experi‐ é referida a sensação de formigamento, ardor ou ferroada; se há
mentando diz que é, existindo quando ela diz que sente”. comprometimento vascular, a dor é pulsátil; dor somática: ge‐
Dor é a consciência de uma sensação nociceptiva, induzida ralmente envolve comprometimento de articulações; pode ser
por estímulos químicos ou físicos, de origem exógena ou endó‐ referida como dor em agulhada, queimação e pulsátil.
gena, assim como por disfunções psicológicas, tendo como base Caso exista comprometimento ósseo, a sensação é de “pon‐
um mecanismo biopsicossocial, causando emoções normalmen‐ tada profunda” e, quando envolve músculos, ocorre a câimbra;
te desagradáveis, com possibilidade de variáveis graus de com‐ dor visceral: na grande maioria das vezes é referida como extre‐
portamentos aversivos. ma e intolerável. Aparece como resultado de comprometimento
Na prática profissional de saúde a dor consiste em um sin‐ de vísceras como intestino, pleura, pericárdio, ureteres, bexiga,
toma responsável pela busca frequente de auxílio. Desde o ano canais biliares, entre outras.
de 2000 existem publicações normativas que descrevem a dor Pode ocorrer de várias formas, como cólicas intensas, dor
como o 5º sinal vital, por se tratar de um aspecto importante nas cortante, em agulhada ou em aperto, sempre de grande inten‐
práticas que envolvem os cuidados à saúde. Portanto, constitui‐ sidade; dor referida: ocorre em um local diferente daquele que
-se em importante sintoma que, primariamente, alerta o indiví‐ originariamente está a causa da dor, podendo assumir caracte‐
duo para a necessidade de assistência médica. rísticas diversas. O fenômeno pode ocorrer nas dores viscerais,
visto que alguns órgãos são desprovidos de receptores próprios
Classificação da dor para a dor, assim a ocorrência da dor é sentida em uma área não
Os determinantes da dor são compostos principalmente afetada.
pelos aspectos psicossociais e neuro sensitivos. É classificada
quanto ao tempo, à origem e localização. → Dor irradiada: a sensação dolorosa se estende do local
acometido para outra(s) parte(s) do corpo que não se encon‐
Quanto ao tempo, pode ser: tra(m) lesionada(s). Muito comum em casos de herniação de
→ Dor aguda: manifesta-se de maneira transitória por um disco vertebral, no qual as raízes nervosas estão comprimidas,
período relativamente curto (minutos a semanas), de início súbi‐ irritando o nervo ciático.
to, via de regra associada a lesões em tecidos ou órgãos, ocasio‐
nadas por inflamação, infecção, traumatismo ou outras causas. → Dor relacionada ao câncer: pode ser aguda ou crônica, de
É um importante sinal de alerta para a sobrevivência. grande importância para o enfermo. Não se trata de uma condi‐
O sintoma desaparece quando a causa é corretamente ção sine qua non para todos os portadores da doença.
diagnosticada e tratada. É importante que o enfermo observe Resulta quase sempre dos danos provocados pela progres‐
as recomendações feitas pelo profissional médico que conduz o são do tumor, processos inflamatórios/infecciosos decorrentes
tratamento; dor crônica: ocorre de forma constante ou intermi‐ da própria patologia, procedimentos invasivos, e também pelas
tente, persistindo por períodos prolongados (de meses a vários limitações físicas.
anos).
Em grande medida pode ser associada a um processo de Higiene, contaminação, biossegurança
doença crônica, como também pode ocorrer em consequência
de um agravo previamente tratado, como, por exemplo, a ar‐ Higiene
trite reumatoide (inflamação das articulações), dor relacionada
a esforços repetitivos durante o trabalho, entre outras. Na dor A higienização do ambiente refere-se às frequências e roti‐
crônica um dos objetivos terapêuticos é a implementação de nas para limpeza, com o objetivo de sistematizar e padronizar
técnicas que permitam a convivência e interação com a dor e o procedimentos do serviço de limpeza do IML, minimizando per‐
sofrimento. das e dando ênfase na qualidade do serviço e na segurança do
trabalhador20.
→ Dor crônica episódica: apresenta-se esporadicamente,
podendo durar horas, dias ou semanas. Exemplo clássico é a dor Recursos necessários
da enxaqueca. • Baldes;
• Sabão líquido (detergente);
Quanto à origem, pode ser: • Hipoclorito de sódio a 1% (pronto uso);
→ Dor nociceptiva: geralmente aguda, resulta do processa‐ • Álcool a 70%;
mento fisiológico dos estímulos nocivos que podem ocorrer na • Produtos à base de amoníaco;
pele, ossos, articulações, vasos sanguíneos, ligamentos, nervos • Cera
e vísceras. • Escovas;
→ Dor neuropática: envolve mecanismos complexos gera‐ • Rodos;
dos a partir de estruturas do sistema nervoso central ou perifé‐
20 INSTITUTO MÉDICO-LEGAL ARISTOCLIDES TEIXEIRA – IML.
rico, resultando de processamento anômalo de estímulos senso‐ MANUAL DE PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP.

46
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
• Pano para limpeza; • A limpeza terminal da unidade deverá iniciar pelo teto,
• Água; depois as paredes e por último o piso;
• Luvas; • As áreas críticas deverão ser limpas no mínimo duas vezes
• Gorro; ao dia, e sempre que se fizer necessário;
• Botas impermeáveis; • As áreas semicríticas deverão ser limpas no mínimo uma
• Óculos de Segurança. vez ao dia, e sempre que se fizer necessário;
• Uniforme. • Na presença de matéria orgânica, realizar limpeza prévia
seguida de desinfecção;
Contaminação • Os sabonetes líquidos deverão ser trocados todos os dias
e as saboneteiras deverão ser encaminhadas para limpeza e de‐
As dependências do IML podem ser organizadas, de acordo sinfecção e reposição dos sabões;
com o risco de contaminação em cada uma, da seguinte forma: • Não encostar roupas sujas ou lixo no uniforme;
• Retirar as luvas de proteção toda vez que for abrir uma
Áreas Críticas porta, evitando a contaminação das maçanetas e consequente
• São aquelas que apresentam maior risco de contaminação. aumento do risco de infecção;
• Lavar criteriosamente as mãos após qualquer procedimen‐
Áreas Semicríticas to de limpeza;
• São aquelas que apresentam menor risco de contamina‐ • Lavar as mãos antes de se alimentar;
ção. • Hipoclorito de sódio corrói metais e não age na presença
de matéria orgânica;
Áreas Não–Críticas • Trocar a água dos baldes sempre que sujar, desprezando
• São aquelas que, teoricamente, não apresentam risco de no expurgo ou o vaso sanitário, dando descarga em seguida.
contaminação.
Biossegurança
Nas superfícies fixas de qualquer área, sendo ela crítica,
semicrítica ou não crítica, utiliza-se os seguintes processos de Todo material biológico presente no local de crime deve ser
higienização e limpeza: considerado como potencialmente infectante. Portanto, o pe‐
rito criminal deverá sempre utilizar equipamentos de proteção
• Limpeza de superfície sem presença de matéria orgânica: individual adequados à atividade de coleta em local de crime.
Realizar limpeza com água e sabão; Todo o material de coleta descartável que entrou em con‐
• Limpeza de superfícies contaminadas com matéria orgâ- tato com o material biológico deve ser armazenado provisoria‐
nica: Realizar limpeza e desinfecção. mente em embalagens adequadas e descartado de forma ade‐
quada, conforme legislação vigente.
Regras básicas para o serviço de higiene e limpeza
• Usar equipamentos de proteção individual (EPI) de acordo Transporte
com os procedimentos que serão realizados;
• Iniciar a limpeza das áreas menos contaminadas para as O transporte tem como objetivo sistematizar e padronizar
mais contaminadas. Ex: Móveis- Quarto-Banheiro; procedimentos minimizando perdas e dando ênfase na qualida‐
• Proceder à varredura úmida em um único sentido, do mais de do serviço e na segurança do trabalhador.
distante para o mais próximo, nunca em movimento de vai e
vem; Recursos necessários
• Corredores: dividir o corredor ao meio deixando um lado • Veículo Equipado.
livre para o trânsito de pessoal enquanto procede a limpeza do
outro lado; Procedimento
• Usar para a limpeza dois baldes; • Conduzir veículo oficial, em território de itinerário previs‐
• Os panos sujos, ao término do turno de trabalho deverão to de acordo com as regras de trânsito, transportando pessoal
ser higienizados e desinfetados; técnico e cadáveres;
• As unidades que possuem carro de limpeza, este deverá • Conduzir o veículo de modo a respeitar os preceitos do
ser conduzido devagar e mantendo sempre à direita nos corre‐ Código de Trânsito Brasileiro instituído pela Lei 9.503/1997;
dores, em lugar visível; • Auxiliar na remoção e transporte dos cadáveres oriundos
• A água dos baldes e os panos de limpeza deverão ser tro‐ de morte violentas e a esclarecer.
cadas sempre que passar de uma área para outra ou quando • Zelar pelo bom uso e conservação do veículo “rabecão” e
necessário; se responsabilizar pela sua higienização, inclusive das conchas
• Todo material usado na limpeza (baldes, rodos, soluções, mortuárias.
etc.) deve ser lavado com água e sabão e guardado em local • Usar os EPIs adequados para cada procedimento.
apropriado ao final de cada turno de trabalho. Os rodos devem
ser guardados pendurados com o cabo para cima em suporte
próprio;
• No banheiro, lavar por último o vaso sanitário, onde será
desprezada toda água suja (contaminada), o qual representa ser
o mais contaminado;

47
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Procedimentos pós-morte, abertura das cavidades, preser- • Cronotanatognose: resfriamento do corpo (temperatura
vação do cadáver retal- regra de Bouchet ou equação de Glaister); rigidez cada‐
vérica (lei de Nysten- Sommer); livores cadavéricos (localização,
Procedimentos pós-morte extensão, coloração).

Nos cadáveres as perícias têm-se como objeto, além do Análise e descrição pormenorizada das lesões, obedecen-
diagnóstico da causa da morte, também da causa jurídica de do- se a sequência
morte e do tempo aproximado de morte, a identificação do mor‐ Cabeça, pescoço, tórax, abdome, membros superiores,
to, e o diagnóstico da presença de veneno em suas vísceras, a membros inferiores, dorso e genitália. Anotar em desenhos hu‐
retirada de um projétil, ou qualquer outro procedimento que manoides anexos o que foi encontrado.
seja necessário.
O exame interno
Abertura das cavidades Orientar e supervisionar o trabalho do auxiliar de autópsia
durante os procedimentos manuais de abertura, exposição das
A Necrotomia consiste na abertura ou exposição das cavida‐ vísceras a serem examinadas, coleta de vísceras e fechamento
des do corpo (tórax, cabeça e abdome). do cadáver.
Várias técnicas podem ser empregadas, a critério do médico
A perícia necroscópica examinador, escolhendo sempre a que trará mais vantagens de
• Na sala deve permanecer apenas a equipe de trabalho acordo com cada caso. As mais comumente utilizadas são, na
(médico legista, auxiliar de autópsia, fotógrafo policial, necropa‐ verdade, variações das quatro técnicas clássicas de necrópsias,
piloscopista e perito criminal); desenvolvidas ao longo da história da medicina pelos Pais da Pa‐
• Estar devidamente paramentado de acordo com o manual tologia:
de biossegurança;
• Identificar o cadáver a ser necropsiado; Técnica de Virchow: Os órgãos são retirados um a um e exa‐
• Lembrar-se de que necrópsia tem hora de começar, mas minados separadamente, já fora do corpo;
não tem hora para terminar, ou seja, toda a equipe tem que dis‐ Técnica de Rokitansky: Os órgãos são examinados “in situ”
por do tempo que for necessário, até que todos os recursos te‐ e posteriormente retirados, um a um. Tem a vantagem de pre‐
nham se esgotado para esclarecer os questionamentos do caso. servar as conexões anatômicas entre os órgãos no momento do
• Fazer registro fotográfico ao longo do ato da necrópsia. exame;
• Técnica de Ghon: Faz-se a evisceração dos órgãos em blo‐
O exame externo cos anatômica e/ou funcionalmente relacionados, para depois
• Anotar o peso e a altura do cadáver; serem analisados;
• Rodear corpo examinando toda a sua superfície corporal, • Técnica de Letulle: É feita a retirada em monobloco de
pela frente, pelos lados, por detrás, parte a parte. todo o conteúdo cervico-toraco-abdominal, desde a língua até o
reto, para depois ser examinado já fora do corpo. Esta técnica,
Exame antes da higienização do cadáver pouco utilizada em necrópsias médico-legais e bastante utiliza‐
• Verificar e descrever as vestimentas do cadáver, tecido, da em necrópsias acadêmicas, tem a vantagem de permitir a rá‐
cor, manchas, sujeiras, rasgões, orifícios. pida liberação do cadáver quando não há lesões externas, para
• Tentar corresponder os achados na roupa com as lesões que as vísceras possam ser estudadas detalhadamente.
encontradas no corpo.
• Verificar a presença de pertences pessoais nos bolsos e A cabeça
no corpo, documentos, medicamentos, drogas ilícitas, dinheiro, • Cadáver em decúbito dorsal com apoio cervical;
joias, etc. Tudo deve ser anotado nos autos. • Após rebatimento anterior e posterior de couro cabelu‐
• Objetos pessoais e de valor deverão ser armazenados de do por incisão bimastóidea vertical e rebatimento de músculos
acordo com protocolo específico. temporais, examinar a pele, subcutâneo e calota óssea crania‐
• Se for o caso, fazer a retirada de material biológico sob as nas, anotando as possíveis lesões, coleções hemáticas, orifícios
unhas e áreas genitais do cadáver, para exames laboratoriais. e fraturas;
• Nos casos de suspeita de resíduo de disparo de Ação Per‐ • Após a retirada de tábua óssea (craniotomia), examinar
furocontundente - PAF nas mãos, contactar o perito criminal a superfície encefálica, atentando para vascularização, coleções
responsável para a possibilidade de coleta de amostra. hemáticas, consistência do parênquima;
• Examinar todo o cérebro e cerebelo já fora do crânio, após
Após retiradas as vestes e feita a higienização do cadáver a sua desinserção de nervos, vasos sanguíneos, tenda do cere‐
• Identificação: Sexo, cor da pele, comprimento, idade pre‐ belo e medula;
sumível, estado nutricional, características da face, cabelo, cor • Examinar a base do crânio, após o rebatimento da Dura‐
dos olhos, dentição, tatuagens, cicatrizes, deformidades e ou‐ -máter. Lembrar-se de que fraturas de basilares são difíceis de
tros sinais particulares. serem visualizadas e a sua confirmação só é possível com a reti‐
• Diagnóstico de morte: fenômenos imediatos, consecuti‐ rada de toda a Dura-máter aderida;
vos, transformadores e conservantes. Esperar que estejam pre‐ • Anotar todos os achados em desenho esquemático de crâ‐
sentes os sinais consecutivos, daí a importância de pelo menos nio e face, bem como constá-los nos autos.
seis horas após o óbito para o início do exame.

48
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Tórax e abdome Preservação do cadáver
• Cadáver em decúbito dorsal;
• Possibilidades de abertura (necrotomia): mento-pubiana; Tempo de manutenção dos cadáveres em IML
biacrômio-esterno-pubiana; esterno-pubiana. A escolha se dará No Brasil, só existe legislação específica sobre a manuten‐
devido à necessidade, em cada caso, de maior ou menor visuali‐ ção de cadáveres para fins didáticos e científicos pelas institui‐
zação do pescoço e cavidade torácica; ções autorizadas de ensino e pesquisa (Lei nº 8.501, de 30 de
• Examinar e descrever a cavidade abdominal antes do re‐ novembro de 1992). No que diz respeito à manutenção de cadá‐
batimento de gradil costal, atentando para presença de líquidos veres em IML para fins de identificação e diagnóstico, não existe
e coleções sanguinolentas; nenhuma norma; apenas a tradição e o bom senso de mantê-los
• Passar para o exame de gradil costal, procurando fraturas enquanto houver justificada necessidade, principalmente quan‐
e orifícios; to ao interesse diagnóstico e antropológico21.
• Examinar a cavidade torácica após a retirada do gradil Manda a razão e o respeito à família do morto que este
costal, descrevendo a presença de líquidos e hemorragia em ca‐ tempo de permanência seja o mais breve possível. Hoje, com o
vidades pleurais (tentar quantificar os derrames, medidos com advento das novas técnicas de exames, a identificação do morto
conchas); é cada vez mais rápida, garantindo que sejam mantidas partes
• Observar pulmões direito e esquerdo em toda a sua exten‐ significativas de tecidos para os exames de DNA.
são, bem como o hilo pulmonar. Descrever lesões traumáticas, O mesmo se diz quanto à questão do diagnóstico, pois de‐
bem como aspectos anatômicos e patológicos não traumáticos pois de um exame visual cuidadoso, metódico e procedente,
significativos (edema, condensações, pneumonia, antracose, en‐ juntamente com os recursos dos exames de imagem, histopa‐
fisema, sinais sugestivos de tromboembolismo, etc.); tológicos, toxicológicos e antropológicos, e com a possibilidade
• Passar ao exame do pericárdio e do coração, sempre à pro‐ de manutenção de amostras de determinados tecidos, o corpo
cura tanto de lesões traumáticas quanto doenças de base (car‐ pode ser liberado. E, finalmente, ainda restaria a exumação para
diomegalia, hipertrofia miocárdica, aterosclerose coronariana, casos mais especiais, principalmente quando há conflitos em
sinais sugestivos de infarto, etc.); questões ligadas à causa jurídica de morte.
• Voltar ao abdome e, agora com mais amplitude, verificar Fenômenos transformativos
detalhadamente todas as vísceras: fígado, vias biliares, baço, es‐ Tafonomia é um termo que passa a ser inserido no estudo
tômago, alças intestinais, mesentério, veia Cava Inferior, Aorta dos fenômenos transformativos para designar o estudo da tran‐
abdominal; sição dos restos biológicos a partir da morte até a fossilização.
• Retroperitônio: analisar as estruturas que ficam atrás da É usado entre paleontologistas e antropologistas forenses para
face posterior da membrana peritoneal, após a secção da mes‐ tratar da evolução dos restos humanos depois da morte. Assim,
ma: pâncreas, rins direito e esquerdo, adrenais, ureteres, vasos a tafonomia forense seria o estudo de todas as fases por que
sanguíneos ilíacos; passa o ser humano após sua morte – de destruição ou conser‐
• Pelve: analisar bexiga, próstata (homens), útero e anexos vação –, no interesse médico-legal ou forense. Entre os mais
(mulheres). No caso de mulheres com idade entre 10 e 50 anos, influentes fatores que interferem na decomposição cadavérica
verificar a possibilidade de gravidez, analisando a parte interna destacam-se a temperatura, a aeração, a higroscopia do ar, o
do útero (endométrio) e, se necessário, enviar o órgão para aná‐ peso do corpo, as condições físicas, a idade do morto e a causa
lise histopatológica com esta finalidade; da morte. Além disso, devem ser consideradas a ação bacteriana
• Por último, proceder o exame das estruturas internas do e a atividade de insetos necrófagos.
pescoço: vias aéreas superiores (se pérvias ou não, presença de Também pode interferir na aceleração da decomposição de
material aspirado, outros), vasos sanguíneos cervicais, estrutu‐ partes do cadáver a presença de uma ferida ou lesão na pele,
ras ósseas e cartilaginosas. servindo assim de porta de entrada às larvas.
Os fenômenos transformativos podem ser de duas ordens:
O dorso destrutivos (autólise, putrefação e maceração) e conservadores
Em casos de necessidade de avaliação da coluna vertebral e (mumificação, saponificação, calcificação, corificação, congela‐
medula espinhal: ção e fossilização).
• Cadáver em decúbito ventral, com apoio sobre o tórax;
• Incisão occipito- sacra; Fenômenos transformativos conservadores
• Para a exposição da coluna vertebral é feito o rebatimento
das camadas musculares para vertebrais, onde procedemos a in‐ → Mumificação
vestigação de possíveis fraturas ou projéteis alojados; A mumificação é um processo transformativo conservador
• Para a exposição do canal raquidiano e medula espinhal é do cadáver, podendo ser produzido por meio natural, artificial,
feita a secção das lâminas vertebrais, bilateralmente, onde po‐ natural e misto. Nas mumificações artificiais, os corpos são sub‐
demos investigar lesões ou a integridade da mesma. metidos a processos especiais de conservação, e tais artifícios
datam da mais remota época, através dos embalsamamentos há
O final muito praticados pelos egípcios, pelos nativos das Ilhas Canárias
• Após o término da necrópsia, os órgãos que não forem en‐ e pelos incas no Peru.
viados para exame devem ser reposicionados dentro do corpo; Os processos artificiais conservadores do cadáver, pelos
• Enquanto é feito o fechamento do cadáver (necrorrafia), métodos de embalsamamento provisórios, serão descritos mais
preencher e assinar os formulários padronizados para requisição adiante neste mesmo capítulo. São realizados sempre a pedido
de exames complementares do material que foi retirado, para dos familiares, por motivações piedosas, mas seguem as orien‐
que sejam enviados aos laboratórios.
21 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 11ª. ed. -- Rio de Janei-
ro: Guanabara Koogan, 2017.

49
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
tações normativas ditadas pela legislação sanitária. Ou são em → Saponificação ou adipocera
processos artificiais utilizados no sentido de conservação do ca‐ A saponificação ou adipocera é um processo conservador
dáver para fins didáticos, os quais também estão disciplinados que se caracteriza pela transformação do cadáver em substância
por uma legislação específica. de consistência untuosa, mole e quebradiça, de tonalidade ama‐
Na mumificação por processo natural, são necessárias con‐ relo-escura, dando uma aparência de cera ou sabão.
dições ambientais que garantam a desidratação rápida, de modo Não é um processo inicial. Surge depois de um estágio mais
a impedir a ação microbiana responsável pela putrefação. O ca‐ ou menos avançado de putrefação quando certas enzimas bac‐
dáver, ficando exposto ao ar, em regiões de clima quente e seco, terianas hidrolisam as gorduras neutras, dando origem aos áci‐
perde água rapidamente, sofrendo acentuado dessecamento. dos graxos, os quais em contato com elementos minerais da ar‐
Existem certas criptas que se tornaram conhecidas por este gila se transformam em ésteres.
fenômeno, como as catacumbas dos franciscanos e dos jacobi‐ É raro encontrar um cadáver totalmente transformado por
nos, em Tolosa; a cripta da igreja de Saint Bounet-le Château, a esse fenômeno especial. Mais comum é encontrar um cadáver
987 m de altitude, ar seco, temperatura constante, onde foram com pequenas partes ou segmentos limitados, constituídos em
encontrados mais de 30 cadáveres completamente conserva‐ adipocera. Inicia-se esse processo pelas partes do corpo que
dos; a cripta do antigo convento camaldulense de Konbenburg, contêm mais gordura.
perto de Viena, entre outros. Esse fenômeno pode surgir espontaneamente, em geral
Há também alguns fatores individuais que podem condicio‐ após a sexta semana depois da morte, sendo, porém, a água e
nar o aparecimento da mumificação dita natural, como idade o solo os responsáveis. A água estagnada e pouco corrente con‐
(mais comum entre os recém-nascidos), sexo (mais frequente corre para tal efeito.
entre as mulheres), causa da morte (grandes hemorragias, de‐ O solo argiloso, úmido e de difícil acesso ao ar atmosférico
sidratação, tratamentos prolongados com antibióticos, algumas facilita tal processo especial de transformação cadavérica. Esses
formas de envenenamento como por arsênico e cianureto de fenômenos de terreno permitem mais facilmente a embebição,
potássio – embora alguns apontem o meio ambiente como res‐ levando a uma maior concentração d’água e a uma dificuldade
ponsável por este fenômeno). acentuada da aeração.
A mumificação acidental seria aquela que se verifica por Este processo está sujeito também a certas condições indi‐
meio de substâncias com outras finalidades, como as de efeito viduais, como a idade (mais frequente entre as crianças), o sexo
desodorante ou de maquiagem e que produzem efeitos conser‐ (um pouco mais comum nas mulheres), a obesidade (rarissima‐
vadores. A mumificação seria mista se ela resultasse da combi‐ mente entre magros e caquéticos) e as doenças que originam
nação de um processo artificial favorecido por fatores ambien‐ degeneração gordurosa.
tais na conservação do corpo.
Tal processo é muito comum em casos especiais de enter‐
Alguns desses corpos, principalmente os de Tolosa, rece‐
ramento de vários corpos em uma mesma vala e de grandes di‐
biam certo tratamento prévio. Antes de serem recolhidos à cova
mensões. Entre os cadáveres colocados em camadas sucessivas,
dos franciscanos, eram colocados em determinadas catacumbas
aparece, em alguns, a transformação pela adipocera.
das igrejas ou do claustro, sendo, em seguida, levados para o
Foi assim que Thouret e Fourcroy observaram os primeiros
campanário, onde a evaporação e o dessecamento se comple‐
casos, em exumações realizadas no Cemitério dos Inocentes de
tavam pela forte corrente de ar e temperatura constante, para,
Paris. Estes corpos foram encontrados, segundo a descrição re‐
depois, serem sepultados.
ferida pelos autores, como achatados de encontro com a tábua
O cadáver mumificado apresenta-se reduzido em peso,
do fundo do caixão, mas com a forma geral conservada. Retira‐
pele dura, seca, enrugada e de tonalidade enegrecida, cabeça
diminuída de volume, a face conserva vagamente os traços fi‐ da a mortalha, o que se apresentava à vista era uma massa de
sionômicos; os músculos, tendões e vísceras destroem-se pela superfície irregular e constituída por substância mole, dúctil, de
pressão leve, transformando-se em pó, e os dentes e as unhas cor brancoacinzentada, disposta em torno dos ossos e quebran‐
permanecem bem conservados. do-se por efeito de pressão um pouco brusc.
A mumificação mista seria aquela resultante de meios e condi‐ Thouret comparava esta disposição a um “queijo branco
ções onde pudessem influir tanto o meio ambiente como o trata‐ ordinário”. Na adipocera, a análise química revela presença de
mento conservador do cadáver. Seria o caso, por exemplo, da utiliza‐ ácidos graxos – ácido palmítico, ácido esteárico e, em menor
ção de meios conservadores do tipo formol favorecida por condições quantidade, ácido oleico e sabões, resultantes da combinação
mesológicas capazes de produzir a mumificação cadavérica. desses ácidos com as bases (cal, amoníaco, soda e magnésio).
Muitos são os autores que admitem a existência da mumifi‐ Existe uma grande controvérsia em assinalar quais os teci‐
cação por radioatividade facilitada pelo seu poder de esteriliza‐ dos que se saponificam. Alguns admitem que somente a gordura
ção sobre fungos, bactérias e dípteros. Esse tipo de mumificação normal transforma-se em adipocera, e outros opinam que todos
pode ser de forma natural ou artificial. A de forma natural tem os demais tecidos, mesmo os de natureza albuminoide, princi‐
sido atribuída a taxas elevadas de radioatividade existentes em palmente os músculos, podem sofrer tal transformação. Os que
determinados terrenos, embora sua incidência seja rara em face defendem a exclusividade das gorduras afirmam que o desapa‐
da fraca intensidade e penetração nos corpos. Já a mumificação recimento dos músculos se deve aos fenômenos de putrefação
por radioatividade do tipo artificial pode ser utilizada com me‐ e, se a saponificação for um fenômeno posterior à putrefação,
lhores resultados na conservação de cadáveres, como se admite a musculatura já havia desaparecido pela decomposição, antes
ter sido a conservação de Lênin. mesmo que surgisse a transformação adipocerosa.
A importância médico-legal de tal processo conservador Todavia há casos em que a adipocera compromete apenas
está no fato de se poder, mais facilmente que nos outros pro‐ a superfície do cadáver, preservando integralmente os conjun‐
cessos, contar com a possibilidade do diagnóstico da causa da tos musculares, permitindo assim um estudo médico-legal mais
morte e com a identificação do cadáver, embora não se possa consistente.
dizer o mesmo quanto à data da morte.

50
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
O interesse médico-legal na saponificação reside no fato de, Certos autores consideram que em temperaturas de –40°
diferentemente de outras formas de fenômenos transformativos, pode-se obter “uma preservação quase indefinida”, inclusive
se permitir realizar uma série de exames algum tempo depois da permitindo a conservação em condições vitais de alguns mate‐
morte. Assim, será possível estudar melhor certas lesões pela con‐ riais orgânicos como ossos, tecidos e espermatozoides (Gisbert
servação maior do tecido celular subcutâneo, como nas feridas pro‐ Calabuig).
duzidas por ação de projéteis de arma de fogo ou de arma branca. Sob o ponto de vista médico-legal, tal fato é de grande sig‐
O mesmo se diga da possibilidade de se estudarem as lesões nificação por se ter a oportunidade de se fazerem diagnósticos
do pescoço quando produzidas por laços nos estrangulamentos mais precisos em virtude do estado de perfeita conservação do
e enforcamentos. E, por fim, levando em conta a razoável con‐ cadáver. Além disso, a identificação do indivíduo pode ser feita
servação das vísceras, podem-se ter contribuições valiosas atra‐ com mais facilidade.
vés de exames toxicológicos e histopatológicos.
→ Fossilização
→ Calcificação Tafonomia é um termo usado entre arqueólogos e paleon‐
A calcificação é um fenômeno transformativo conservador tólogos para designar o estudo da transição dos restos bioló‐
que se caracteriza pela petrificação o u calcificação do corpo. gicos a partir da morte até a fossilização. Agora é usado entre
Ocorre mais frequentemente nos fetos mortos e retidos na cavi‐ paleontologistas e antropologistas forenses para tratar da evo‐
dade uterina, constituindo-se nos chamados litopédios. Nos ca‐ lução dos restos humanos depois da morte. Assim a tafonomia
dáveres de menores ou adultos, esse fenômeno é mais raro, sur‐ forense seria o estudo de todas as fases por que passa o ser
gindo quando as partes moles do cadáver desintegram-se pela humano após sua morte até a fossilização, no interesse forense
putrefação rápida, e o esqueleto começa a assimilar uma grande ou médico-legal.
quantidade de sais calcários, tomando essa parte do corpo uma A fossilização é um fenômeno transformativo conservador
aparência pétrea. extremamente raro e se caracteriza pelo fato de o corpo apenas
manter sua forma, mas não conservar qualquer componente de
→ Corificação sua estrutura orgânica. Este processo exige períodos muito lon‐
A corificação é um fenômeno transformativo conservador
gos para sua ocorrência.
muito raro, descrito por Della Volta em 1985, sendo encontrado
em cadáveres que foram acolhidos em urnas metálicas fechadas
→ Cabeça reduzida
hermeticamente, principalmente de zinco. Por isso, o corpo é
O fenômeno das cabeças reduzidas (tzantzas) constituía-se
preservado da decomposição, em face da inibição dos fatores
em uma forma especial de conservação cadavérica utilizada por
transformativos.
aborígines do Equador, Colômbia e Peru, com a finalidade de
O cadáver submetido a tal fenômeno apresenta a pele de
manter as cabeças de seus inimigos como troféu de guerra ou
cor e aspecto do couro curtido recentemente. Mostra-se com o
talismã. Essas cabeças, além de conservadas, apresentavam-se
abdome achatado e deprimido, a musculatura e a tela subcutâ‐
com acentuada diminuição do seu volume.
nea preservadas e os órgãos em geral amolecidos e conservados.
No interior da urna, pode-se encontrar relativa quantidade de Muitos pensavam que esse processo era devido a uma prá‐
um líquido viscoso, turvo e de tonalidade castanho-amarelada. tica capaz de reduzir o tamanho da cabeça. Na verdade tal re‐
Beçak e Vanrell afirmam que, em corpos sujeitos a tal fenô‐ dução se devia à retirada de todos os ossos do crânio e da face,
meno, é possível obterem-se cortes histológicos de boa qualida‐ com o cuidado de manter a pele íntegra.
de, desde que sejam utilizadas técnicas de coloração específica Através de um corte na parte posterior do pescoço retira‐
para o tecido conjuntivo. O mesmo, afirmam os autores, pode‐ vam esses ossos e a bolsa de pele da cabeça era colocada em
-se obter com o exame toxicológico, desde que se leve em conta água fervente com ervas por 15 a 20 min, o que diminuía em
a presença dos íons de Zn e As relativos ao material da urina. cerca da metade o seu volume. Em seguida, por meio da ação do
Acredita-se que nesse fenômeno o cadáver passa por um calor conseguiam encolher e endurecer (corificar) a pele da face
processo inicial de putrefação, mas que por motivos ainda não e da cabeça, colocando nessa espécie de saco de pele humana
bem explicados seria interrompido, dando origem em seguida uma pedra quente e recheio de areia que lhe servia de molde, o
a um processo de mumificação natural, sendo responsável por que diminuía pouco a pouco seu tamanho. A isso, juntavam-se
isso certos ácidos graxos oriundos da decomposição da gordura ainda certas ervas aromáticas e ricas em tanino, o que evitava o
e o ambiente fechado onde o cadáver se encontra. mau cheiro e a putrefação.
O cadáver submetido a este tipo de fenômeno pode apre‐ Depois, quando a areia e a pedra começavam a esfriar, rei‐
sentar certo interesse médico-legal, a exemplo da mumificação, niciava-se o mesmo processo e com isso a cabeça ia encolhendo
pois em face do grau de conservação em que se encontre o cor‐ ainda mais. Durante esse procedimento, a cabeça ia sofrendo a
po facilitará muitos dos propósitos ligados à causa mortis e à ação da fumaça de carvão vegetal ou negro de fumo e por isso
identificação, dificultando, por outro lado, o estudo do tempo tinha sempre a tonalidade enegrecida. Assim, a cabeça sem os
aproximado de morte. ossos do crânio e da face ia encolhendo até adquirir o tamanho
de um punho.
→ Congelação Enquanto durava essa operação, o corte da nuca continuava
Um cadáver submetido à baixíssima temperatura e por tem‐ aberto, e quando a bolsa de pele chegava a uma forma e tama‐
po prolongado vai se conservar integralmente por muito tempo. nho desejados faziam a sutura da incisão da nuca, costuravam
Há relatos de que foram encontrados corpos de animais pré-his‐ os olhos (“para que eles não vejam”) e os lábios (“para que não
tóricos com milhões de anos e que se mostravam de aparência maldigam”), passavam azeite nos cabelos, penteavam-nos e fa‐
e de conservação preservadas. Mesmo sendo, nestas condições, ziam um orifício na parte superior da cabeça por onde coloca‐
um meio natural de se impedir ou refrear a marcha da putrefa‐ vam um cordão para suspendê-la ou pendurá-la.
ção, é neste capítulo que os autores tratam deste assunto.

51
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
5. (CESPE/2016 - PC-PE) Psiquiatria forense é o ramo da
EXERCÍCIOS medicina legal que trata de questões relacionadas ao funciona‐
mento da mente e sua interface com a área jurídica. O estabe‐
1. (VUNESP/2018 – TJ/SP) Em relação à prova testemunhal, lecimento do estado psíquico no momento do cometimento do
é correto afirmar: delito e a capacidade de entendimento desse ato são dependen‐
Parte superior do formulário tes das condições de sanidade psíquica e desenvolvimento men‐
(A) a testemunha não é obrigada a comparecer para depor tal, que também influenciam na forma de percepção e no relato
sobre fatos que lhe acarretem grave dano. do evento, com importância direta para o operador do direito,
(B) ela não comporta a qualificação jurídica de prova nova na tomada a termo e na análise dos depoimentos. A respeito de
para efeito de ação rescisória. psiquiatria forense e dos múltiplos aspectos ligados a essa área,
(C) reputa-se impedido de depor sob compromisso legal assinale a opção correta.
aquele que tiver interesse no litígio. (A) A surdo-mudez é motivo de desqualificação do testemu‐
(D) como regra, ela será indeferida quando o fato só puder nho, da confissão e da acareação, pois, sendo causa de de‐
ser comprovado por documento ou prova pericial.
senvolvimento mental incompleto, impede a comunicação.
(B) Nos atos cometidos, pode haver variação na capacida‐
2. (VUNESP/2017 – DPE/RO) É correto afirmar sobre o exa‐
de de entendimento, por doente mental ou por indivíduo
me de corpo de delito e das perícias em geral:
sob efeito de substâncias psicotrópicas ou entorpecentes,
Parte superior do formulário
(A) o exame de corpo de delito e outras perícias serão rea‐ do caráter ilícito do ato por ele cometido; cabe ao perito
lizados por dois peritos oficiais, portadores de diploma de buscar determinar, e assinalar no laudo pericial, o estado
curso superior. mental no momento do delito.
(B) não há previsão legal no Código de Processo Penal acerca (C) A perturbação mental, por ser de grau leve quando com‐
da formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. parada a doença mental, não reflete na capacidade cível
(C) quando a infração deixar vestígios, é possível dispensar nem na imputabilidade penal.
o exame de corpo de delito. (D) Em indivíduos com intoxicação aguda pelo álcool, obser‐
(D) em caso de lesões corporais, a falta de exame comple‐ vam-se estados de automatismos e estados crepusculares.
mentar não pode ser suprida pela prova testemunhal. (E) O desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
(E) se desaparecerem os vestígios, é possível que a prova tecnicamente denominado oligofrenia, está diretamente re‐
testemunhal supra a ausência de exame de corpo de delito. lacionado à ocorrência de epilepsia.

3. (CESPE/2018 - PC-SE) A respeito de identificação médico‐ 6. (FUNCAB/PC-RO)Identidade médico-legal é o conjunto


-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por de características apresentadas por um indivíduo que o torna
ação elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputa‐ único. Assinale a opção INCORRETA acerca da identificação mé‐
bilidade penal, julgue o item que se segue. dico-legal.
O termo eletroplessão é utilizado para se referir a lesões (A) O sistema de identificação dactiloscópica de Vucetich
produzidas por eletricidade industrial, enquanto o termo fulgu‐ é um processo de grande valia e de extraordinário efeito,
ração é empregado para se referir a lesões produzidas por ele‐ porque apresenta os requisitos essenciais para um bom mé‐
tricidade natural. todo: unicidade, praticabilidade, imutabilidade e classifica‐
bilidade; só não apresenta o requisito de perenidade.
( ) CERTO (B) Identificação médico-legal pode ser realizada em um in‐
() ERRADO divíduo vivo ou em cadáver, inteiro, espostejado ou reduzi‐
do a ossos.
4. (CESPE/2016 – PC-PE) Sexologia forense é o ramo da
(C) Na identificação médico-legal, são considerados os se‐
medicina legal que trata dos exames referentes aos crimes
guintes parâmetros: idade, sexo, raça, estatura e peso, pois,
contra a liberdade sexual, além de tratar de aspectos rela‐
partindo-se do geral, chega-se ao particular, ao indivíduo.
cionados à reprodução. Acerca do exame médico-legal e dos
(D) Características ocasionais, tais como a presença de ta‐
crimes nessa área, assinale a opção correta.
(A) Para a configuração do infanticídio, são necessários dois tuagens, calos de fraturas ósseas e próteses dentárias, ós‐
aspectos: o estado puerperal e a mãe matar o próprio filho. seas ou de outros tipos, não possuem valor para a antropo‐
(B) O crime de aborto configura-se com a expulsão prema‐ logia forense.
tura do feto, independentemente de sua viabilidade e das (E) Medidas de dimensões de ossos longos e comparações
causas da eliminação. com tabelas podem dar ideia da estatura de indivíduos
(C) O crime de abandono de recém-nascidos, que consiste quando vivos.
na ausência de cuidados mínimos necessários à manutenção
das condições de sobrevivência ou exposição à vulnerabili‐ 7. (FUNCAB/2015 - PC-AC) Acerca dos tipos de morte, assi‐
dade, só estará caracterizado se for cometido pela mãe. nale a assertiva correta.
(D) Para se determinar um estupro, é necessário que respos‐ (A) A morte natural é a que resulta da alteração orgânica ou
tas aos quesitos sobre a ocorrência de conjunção carnal ou perturbação funcional provocada por agentes naturais, de
ato libidinoso sejam afirmativas: essas ocorrências sempre causa externa.
deixam vestígios. (B) A causa médica da morte se divide em natural ou vio‐
(E) Para a resposta ao quesito sobre virgindade da paciente, lenta.
a integridade do hímen pode não ser necessária, desde que (C) A morte súbita é aquela imprevista, que sobrevêm ins‐
outros elementos indiquem que a periciada nunca manteve tantaneamente e sem causa manifesta, atingindo pessoas
relação sexual. com estado de saúde delicado.

52
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
(D) A morte violenta é aquela que tem como causa determi‐ (C) O perdão judicial constitui causa extintiva de punibilida‐
nante a ação abrupta e intensa, física ou química, sobre o de que afasta os efeitos da sentença condenatória e, dife‐
organismo, de causa interna. rentemente do perdão do ofendido, não precisa ser aceito
(E) A morte súbita é aquela imprevista, que sobrevêm ins‐ para gerar efeitos.
tantaneamente e sem causa manifesta, atingindo pessoas (D) No que concerne ao crime de homicídio, é possível a
em aparente estado de boa saúde. coexistência das circunstâncias privilegiadoras com as quali‐
ficadoras de natureza objetiva.
8. (FUNDATEC/2018 - PC-RS) Em relação às asfixias por cons‐
trição cervical, analise as afirmações abaixo, assinalando V, se 11. (PEFOCE – Odontologia – IDECAN/2021) A eletricidade é
verdadeiras, ou F, se falsas. o conjunto de fenômenos que ocorre graças ao desequilíbrio ou
( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-le‐ à movimentação das cargas elétricas, uma propriedade inerente
gal, quando diagnosticado indica a ocorrência de suicídio. aos prótons e elétrons, assim como também dos corpos eletri‐
( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-le‐ camente carregados. Lesões podem ser ocasionadas tanto como
gal, necessita que o peso do corpo da vítima acione o laço. Desta efeito da eletricidade natural, quanto da eletricidade artificial.
forma, os casos descritos como enforcamento, mas nos quais a Com relação às lesões por eletricidade, analise as afirmativas a
vítima não estava completamente suspensa (pés não tocando o seguir:
solo) devem ser classificados como “montagem” (tentativa de I. A fulguração é a síndrome desencadeada pela eletricidade
ocultação de homicídio). artificial. Entre as lesões produzidas pela corrente, observavam‐
( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico‐ -se lesões localizadas, cutâneas, ou internas, além dos efeitos
-legal, não necessita do peso do corpo da vítima para ocorrer. gerais sobre o organismo.
( ) A esganadura pode ser consequência de suicídio ou de II. A eletroplessão é a lesão localizada, não letal, produzida
homicídio. pela eletricidade cósmica ou querauranográfica, sendo a mais
conhecida como Sinal de Lichtenberg.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima III. A lesão sistêmica, letal, produzida pela eletricidade cós‐
para baixo, é: mica ou querauranográfica é denominada fulminação.
(A) V – V – F – F. Assinale
(B) V – F – V – V. (A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) F – V – F – F. (B) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(D) F – F – V – V. (C) se somente a afirmativa I estiver correta.
(E) F – F – F – F. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa II estiver correta.
9. (CESPE/2016 - PC-GO) No que diz respeito às provas no
processo penal, assinale a opção correta. 12. (PEFOCE - Médico Patologista – IDECAN/2021) Nas
(A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova baropatias por explosões, acontece o fenômeno chamado de
pericial médica, que não pode ser suprida por testemunho. “blast”, que determina os seguintes achados de necropsia:
(B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a autoria, (A) sangue fluido e escuro.
ficará provada a alegação contida na denúncia, tornando-se (B) petéquias.
desnecessária a produção de outras provas. (C) enfisema em partes moles do pescoço e tórax.
(C) As declarações do réu durante o interrogatório deverão (D) congestão polivisceral.
ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas para for‐ (E) cogumelo de espuma.
mar o livre convencimento do magistrado, quando ampara‐
das em outros elementos de prova. 13. (PEFOCE - Médico Patologista – IDECAN/2021) A termo‐
(D) São objetos de prova testemunhal no processo penal logia forense estuda todas as lesões consequentes a variações
fatos relativos ao estado das pessoas, como, por exemplo, extremas de temperaturas. A esse respeito assinale a alternativa
casamento, menoridade, filiação e cidadania. correta.
(E) O procedimento de acareação entre acusado e testemu‐ (A) Nas intermações, há falha na resposta termorregulado‐
nha é típico da fase pré-processual da ação penal e deve ser ra.
presidido pelo delegado de polícia. (B) Em ambas as alterações, o volume plasmático se eleva
no início.
10. (FUNDEP (Gestão de Concursos)/2019 - MPE-MG) Mar‐ (C) Nas insolações, há falha na resposta hipotalâmica e no
que a alternativa incorreta: centro vasodilatador periférico.
(A) Em relação ao crime de infanticídio, a lei brasileira não (D) As mortes por carbonização ocorrem sempre diretamen‐
adotou o critério psicológico, mas sim o critério fisiopsicoló‐ te por ação térmica sem que ocorra asfixia por inalação de
gico, levando em conta o desequilíbrio oriundo do processo gases anteriormente.
do parto. (E) A regra dos nove para cálculo de área corporal queimada
(B) A incidência da qualificadora do feminicídio, prevista no só se aplica em vivos.
artigo 121, § 2°, VI, do Código Penal, reclama situação de
violência praticada por homem ou por mulher contra a mu‐ 14. (PEFOCE - Médico Patologista – IDECAN/2021) Sabe‐
lher em situação de vulnerabilidade, num contexto carac‐ -se que as mortes causadas por energia elétrica são diferentes
terizado por relação de poder e submissão. Pode-se ainda quando se trata de energia industrial ou energia natural. Nesse
afirmar que, segundo entendimento do Superior Tribunal de cenário, marque as afirmativas com N, de natural, e I, de indus‐
Justiça, a qualificadora em análise é de natureza subjetiva. trial, de acordo com o tipo de energia envolvida.

53
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
( ) Denomina-se eletroplessão o tipo de energia que atua 18. (PC/BA - Delegado de Polícia – VUNESP/2018) Jovem
sobre o ser humano, podendo causar a morte. do sexo masculino é encontrado morto no seu quarto, aparente‐
( ) A fulminação causa lesões denominadas fulguração. mente um caso de suicídio por enforcamento. Logo ao chegar no
( ) A morte ocorre por arritmia cardíaca. local de morte, a equipe pericial encontra a vítima na cama, com
( ) A marca de Jellineck é característica em que a vítima tem o objeto usado como elemento constritor removido.
contato com a entrada de corrente elétrica.
( ) A marca arboriforme de Lichtenberg típica se localiza na Nessa situação, o perito criminal deve
face anterior do tórax. (A) avaliar detalhadamente o local, buscar pistas de envolvi‐
( ) A morte ocorre por asfixia por paralisação de centro res‐ mento de terceiros, não realizar o exame pericial do cadáver
piratório central. e registrar a alteração notada no laudo final.
(B) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada,
Assinale a alternativa que apresente a sequência correta, de isolar e preservar o local de morte, e solicitar o envio de
cima para baixo. equipe pericial do instituto médico-legal para realização de
(A) I – N – N – I – N – I. perícia conjunta.
(B) I – I – N – I – N – I. (C) informar à autoridade policial sobre a alteração do local
(C) I– N – I – I – N – I. de morte, emitir o laudo de impedimento e determinar a
(D) I – N – I – N – I – N. remoção imediata do cadáver para o instituto médico-legal.
(E) N – I – I – N – N – I. (D) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é en‐
contrado em torno dele ou que possa ter relação com o fato
15. (ITEP/RN - Perito Criminal - INSTITUTO AOCP/2021) Ele‐ em questão, e registrar no laudo a alteração notada no local
troplessão é o nome dado a qualquer efeito proporcionado pela de morte.
eletricidade artificial ou industrial, seja ele letal ou não letal. A (E) realizar o registro fotográfico do local, investigar as cir‐
lesão característica da eletroplessão se chama cunstâncias da morte, não realizar o exame pericial do cadá‐
(A) marca elétrica de fulguração e representa a queimadura ver, coletar o provável instrumento utilizado e descrever no
elétrica da corrente elétrica no corpo. laudo a alteração do local de morte.
(B) marca elétrica de Lichtenberg e representa a porta de
entrada da corrente elétrica no corpo. 19. (PC/AL - Escrivão de Polícia – CESPE/2012) No que se
(C) marca elétrica de Lichtenberg e representa a lesão de refere à perícia médico-legal, julgue os itens subsequentes.
saída da corrente elétrica no corpo. A perícia médico-legal, cujo objetivo é produzir provas para
(D) marca elétrica de Jellinek e representa a porta de entra‐ esclarecer fatos perante a justiça, consiste em um conjunto de
da da corrente elétrica no corpo. procedimentos médicos e técnicos que dá origem ao laudo mé‐
(E) marca elétrica de Jellinek e representa a lesão de saída dico-legal, documento sigiloso nas ações penais.
da corrente elétrica no corpo. (....) Certo (....) Errado

16. (ITEP/RN – Assistente Técnico Forense - INSTITUTO 20. (IGP/RS - Perito Médico-Legista – FUNDATEC/2017) A
AOCP/2021) Um homem se protegia de uma tempestade intensa, Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) elaborou um
mas foi atingido por um raio e faleceu com contusões encefálicas, Manual visando uniformizar o processo de produção das provas
amputação de membros, múltiplas fraturas e lesões na pele com‐ técnicas no país. Assinale a alternativa INCORRETA em relação
patíveis com sinal de Lichtenberg. A sua morte se deu por ao Procedimento Operacional Padrão em local de crimes contra
(A) esgorjamento. a pessoa.
(B) politraumatismo. (A) Verificar se as áreas mediatas e imediatas estão isoladas
(C) fulminação. e preservadas adequadamente, corrigindo, se necessário, o
(D) hemorragia aguda. perímetro da área isolada.
(E) eletroplessão. (B) Somente por ordem dos Peritos Criminais outras pessoas
poderão ter acesso à área isolada, cabendo medidas coer‐
17. (PEFOCE – Auxiliar de Perícia – IDECAN/2021) As mortes citivas no sentido de impedir que pessoas estranhas aden‐
por ação térmica ocorrem em etapas, que vão desde a asfixia até trem ao local isolado.
a total carbonização do corpo. Em caso de morte por esse meca‐ (C) A coleta de material biológico será feita sempre com o
nismo (ação térmica), assinale a afirmativa INCORRETA. uso de luvas novas e descartáveis, que serão trocadas antes
(A) São comuns achados de asfixia por inalação de gases. da manipulação de um novo vestígio.
(B) Não é possível diferenciar se a morte foi causada pelo (D) Em casos de morte com suspeita de utilização de arma
fogo ou se o cadáver foi carbonizado após a morte. de fogo, em não havendo coleta de material para exame
(C) É frequente a ocorrência de fraturas pela ação térmica. residuográfico no local, os Peritos Criminais deverão provi‐
(D) Utiliza-se a regra dos nove para calcular a superfície cor‐ denciar para que sejam protegidas e preservadas as áreas
poral acometida. anatômicas de interesse dos exames.
(E) Termonosessão os danos orgânicos e a morte provocada (E) Os objetos que não forem coletados pelos Peritos Crimi‐
pelo calor por meio de insolação ou pela intermação. nais ficarão sob custódia dos familiares da vítima.

54
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
21. (TJ/AP - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado -
Medicina - Perícia Médica – FCC/2014) Genival Veloso de França ANOTAÇÕES
define a perícia médico-legal como “um conjunto de procedi‐
mentos médicos e técnicos que tem como finalidade o escla‐
recimento de um fato de interesse da Justiça”. Em relação às
perícias e aos peritos, é correto afirmar: ______________________________________________________
(A) A finalidade da perícia é produzir uma prova de demons‐
tração do fato. ______________________________________________________
(B) As perícias se materializam através de um atestado mé‐
dico.
______________________________________________________
(C) Em âmbito penal, nos crimes em que resta vestígio, não
há necessidade de se realizar a perícia quando o acusado
______________________________________________________
confessar o delito.
(D) O perito não precisa realizar o exame com boa técnica,
pois ele não está sujeito à ação de reparação de danos. ______________________________________________________
(E) O perito quando nomeado em um processo civil será
obrigado a aceitar o encargo. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 D ______________________________________________________
2 E
______________________________________________________
3 CERTO
4 A ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 D
7 E ______________________________________________________
8 E
9 C ______________________________________________________

10 B ______________________________________________________
11 A
12 C ______________________________________________________
13 B
______________________________________________________
14 A
15 D ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 B
18 D ______________________________________________________
19 ERRADO
20 E ______________________________________________________

21 A ______________________________________________________

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55
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

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56
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
1. Procedimentos de coleta de materiais biológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Prevenção de acidentes e cuidados de ordem pessoal e geral; uso de equipamentos de proteção individual e coletivo. Perigos no
ambiente de trabalho: cuidados gerais, substâncias tóxicas, eminentes de vapores venenosos, explosivos e combustíveis, manuseio
de matéria contaminada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
Quando houver um acidente com material biológico envol-
PROCEDIMENTOS DE COLETA vendo face, olhos e mucosas deve-se lavar imediatamente todas
DE MATERIAIS BIOLÓGICOS as partes atingidas com água corrente.

Sala para coleta de material biológico: De uma forma geral, Fases que envolvem a realização dos exames:
os estabelecimentos que são dotados de um único ambiente de Unidades de saúde: Fase pré - analítica do exame na unida-
coleta deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de de saúde:
de coleta para esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 me- - Requisição do exame
tros quadrados, ter pia para lavagem das mãos, mesa, bancada, - Orientação e preparo para a coleta
etc. para apoiar o material para coleta e o material coletado. O - Coleta
ambiente deve ter janelas, ser arejado, com local para deitar ou - Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência
sentar o usuário, as superfícies devem ser laváveis. De acordo dos seus dados): nome, idade, sexo).
com a RDC 50/2002 ANVISA/MS, as dimensões físicas e capaci- - Preparação da amostra
dade instalada são as seguintes: - Acondicionamento
- Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente - Transporte
de coleta, este deve ser do tipo sala, com 3,6 metros quadrados.
- Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões
para tal. Laboratório:
- Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de Fase pré-analítica do exame no laboratório:
Coleta, obrigatoriamente, possuirão no mínimo, 01 (um) - Recepção
- Triagem
lavatório localizado o mais próximo possível dos ambientes - Preparação da Amostra
de coleta.
- Área para registro dos usuários. Fase analítica do exame no laboratório:
- Sanitários para usuários. - Análise da Amostra
- Número necessário de braçadeiras para realização de cole-
tas = 1 para 15 coletas/hora. Fase pós - analítica do exame no laboratório:
- Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica - Conferência
em geral, deve-se utilizar material de fácil lavagem, manutenção - Emissão e Remessa de Laudo
e sem frestas.
- Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em Unidades de Saúde:
quantidade suficiente e de forma organizada. Fase pós - analítica do exame na unidade de saúde:
- Recepção dos Resultados
Biossegurança: Entende-se como incorporação do princípio - Conferência
da biossegurança, a adoção de um conjunto de medidas volta- - Arquivamento dos Laudos
das para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos ine-
rentes às atividades de prestação de serviços, produção, ensino, Orientações ao usuário quanto ao preparo e realização do
pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que possam compro- exame: É importante esclarecer com instruções simples e defini-
meter a saúde do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualida- das, as recomendações gerais para o preparo dos usuários para
de dos trabalhos desenvolvidos. a coleta de exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramen-
Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamen- to de resultados laboratoriais.
to de Proteção Coletiva – EPC, destinam-se a proteger os profis-
sionais durante o exercício das suas atividades, minimizando o Importante informar e fornecer:
risco de contato com sangue e fluidos corpóreos. - Dias e horário de coleta da unidade
São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais imperme- - Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: je-
áveis e sapatos fechados e, são EPC: caixas para material perfu- jum, dieta, abstinência sexual, atividade física, medicamentos.
rocortante, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc... . - Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá
Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas fornecer os frascos com identificação do material a ser colhido
e outros EPI que devem ser removidos e quando passiveis de - Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e ane-
esterilização, guardados em local apropriado antes de deixar a xá-la ao pedido de exame.
área de trabalho.
Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao tra- Fatores que podem influenciar nos resultados:
balho em todas as atividades que possam resultar em contato
acidental direto com sangue e materiais biológicos. Depois de Jejum
usadas as luvas devem ser descartadas. - Para a maioria dos exames um determinado tempo de je-
jum é necessário e pode variar de acordo com o exame solicita-
Atenção: do devendo - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados
- Observar a integridade do material; quando alterada soli- nas unidades de saúde sms”.
citar substituição. - Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que
- Manter cabelos presos e unhas curtas. 12 horas para o adulto), pode levar à alterações nos exames,
- Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...). além de ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com mo-
- Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos. deração. O excesso interfere nos exames de urina.

1
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
Dieta: Alguns exames requerem a uma dieta especial antes A coleta da amostra feita no momento errado é pior do que
da coleta de amostra (ex: pesquisa de sangue oculto), caso con- a não coleta.
trário os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os Rotina do setor de coleta de exames laboratoriais: É impor-
resultados possam refletir o estado do paciente no dia-a-dia. tante a padronização de uma rotina para a coleta dos exames
Atividades Físicas: Não se deve praticar exercícios antes dos laboratoriais, devendo todos os profissionais envolvidos no pro-
exames, exceto quando prescrito. Eles alteram os resultados de cesso estar cientes da rotina estabelecida. Basicamente os fun-
muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas cionários da coleta devem estar orientados para:
e bioquímicas. Por isso, recomenda-se repouso e o paciente - Atender os usuários com cortesia.
deve ficar 15 minutos descansando antes da coleta. - Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em
Medicamentos: A Associação Americana de Química Clínica, ordem.
além de alguns outros pesquisadores brasileiros, mantém publi- - Manter todos os materiais necessários para o atendimento
cações completas em relação às interferências de medicamen- de forma organizada.
tos sobre os exames. Por outro lado, alguns pacientes, não po- - Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e
dem suspender as medicações devido a patologias específicas. usar sapato), atendendo às normas de biossegurança.
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta.
O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, Requisição de exame: Existem impressos próprios (anexá-
de suspensão temporária do medicamento. O usuário NUNCA -los) que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O
poderá interromper voluntariamente o uso de medicamentos. impresso deverá estar totalmente preenchido com letra legível:
Informar sempre na solicitação do exame ao laboratório todos - Nome da unidade solicitante;
os medicamentos que o usuário fez uso nos 10 dias que antece- - Nome do usuário;
deram a coleta. - Nº prontuário;
Fumo: Orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O - Idade: muitos valores de referência variam conforme a ida-
tabagismo crônico altera vários exames como: leucócitos no de;
sangue, lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, - Sexo: muitos valores de referência variam conforme o
vitaminas, marcadores tumorais e metais pesados.
sexo;
Bebida Alcoólica: Recomenda-se não ingerir bebidas alcoóli-
- Indicação clínica;
cas durante pelo menos 3 (três) dias antes dos exames. O álcool,
- Medicamentos em uso;
entre outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas,
- Data da última menstruação (DUM), quando for o caso;
testes de coagulação, lipídios e outros.
- Assinatura e carimbo do solicitante;
Data da menstruação ou tempo de gestação: Devem ser
- Nome do responsável pela coleta;
informados na solicitação de exames ao laboratório, pois, de-
pendendo da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem
A informação é fundamental para garantir a qualidade do
variações fisiológicas que alteram a concentração de várias subs-
resultado laboratorial. Devem ser utilizadas para fins de análise
tâncias no organismo, como os hormônios e algumas proteínas
séricas. Para a coleta de urina o ideal é realizá-la fora do período de consistência do resultado laboratorial, e portanto, necessi-
menstrual, mas se for urgente, a urina poderá ser colhida, ado- tam ser repassadas aos responsáveis pelas fases analítica e pós-
tando-se dois cuidados: assepsia na hora do exame e o uso de -analítica.
tampão vaginal para o sangue menstrual não se misturar à urina.
Procedimento de coleta:
Relações Sexuais: Para alguns exames como, por exemplo, - Conferir o nome do usuário com a requisição do exame.
espermograma e PSA, há necessidade de determinados dias de - Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta
abstinência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, reco- e medicação).
menda-se 24 horas de abstinência sexual. - Separar o material para a coleta conforme solicitação,
quanto ao tipo de tubo e volume necessário.
Ansiedade e Stress: O paciente deverá relaxar antes da rea- - Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de
lização do exame. O stress afeta não só a secreção de hormônio forma organizada, em cada Box, no momento da coleta.
adrenal como de outros componentes do nosso organismo. A - Preencher as etiquetas de identificação do material com
ansiedade conduz à distúrbios no equilíbrio ácido-básico, au- nome, nº do registro, no Com os tubos todos identificados, pro-
menta o lactato sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres, ceder à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel
entre outras substâncias. ou anticoagulantes, devem ser homogeneizados por inversão de
5 a 8 vezes).
Observações Importantes: - Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido
- Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e colocar a data da coleta.
e 9 horas da manhã, pois a concentração plasmática de várias
substâncias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, Conferência das amostras colhidas: Reservar os 15 minutos
os valores de intervalos de referência, são normalmente obti- finais do período da coleta para verificar se as amostras estão
dos entre estes horários. O ritmo biológico também pode ser bem tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os
influenciado pelo ritmo individual, no que diz respeito à alimen- pedidos com os frascos. Realizar este procedimento sempre pa-
tação, exercícios e horas de sono. ramentado.
- No monitoramento dos medicamentos considerar o pico Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminha-
antes a administração do medicamento e o estágio da fase cons- mento) em duas vias: Relacionar na planilha os nomes de todos
tante depois da próxima dose. os usuários atendidos, o nº do registro e os exames solicitados.
- Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento. Não esquecer de preencher a data da coleta e o nome da uni-

2
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
dade. Uma via é encaminhada ao laboratório acompanhando o Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título
material, os pedidos e a outra via fica na unidade para controle de identificação e da frase de alerta, deverão ser empregadas
do retorno dos resultados e relatório estatístico. tecnologias ou recursos que possibilitem a higienização da parte
Acondicionamento do material nas caixas de transporte: externa destes recipientes e garantam a legibilidade permanen-
- A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas te das inscrições. É vedado, em qualquer hipótese, transportar
para transporte para facilitar a higienização e trocas. amostras de material humano, bem como recipientes contendo
- Um jogo de caixa de transporte = 1 cx para transportar resíduos infectantes, no compartimento dianteiro dos veículos
sangue e 1 cx para transportar fezes/urina/escarro. automotores.
- Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta - É importantes a perfeita sintonia entre remetente, trans-
e organizar as requisições também seguindo o mesmo critério, portadora e laboratório de destino, a fim de garantir o transpor-
para facilitar a conferência. te seguro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em
- Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com boas condições.
a tampa de rosca bem fechada. - Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser co-
- Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos municados ao remetente, a fim de que providências possam ser
potes de urina/fezes/escarro. tomadas, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos
- Certificar-se de que o material não tombará durante o diferentes contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formu-
transporte (colocar calço ou fixar com fita adesiva). lário ao material biológico
- Todas as solicitações de exames devem ser devidamente - Também não poderão ser transportados dentro da caixa
acondicionadas em envelope plástico com a identificação da térmica, devendo ser colocados em sacos, pastas ou envelopes
unidade e fixadas na parte externa da caixa. e fixados na parte superior externa da caixa.
- Realizar os procedimentos acima sempre paramentados. - Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam
os materiais, devem verificar se os frascos coletores, tubos, de-
mais recipientes, estão firmemente fechados.
Acondicionamento e transporte de material biológico
Objetivo: Garantir o acondicionamento, conservação e
transporte do material até a recepção pelo laboratório executor Laudos Técnicos: Os resultados dos exames e testes reali-
dos exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas zados, obrigatoriamente, serão emitidos em impressos próprios
em recipientes rígidos, constituídos de materiais apropriados para Laudos Técnicos que deverão conter os seguintes registros:
para tal finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e im- - Identificação clara, precisa e completa dos usuários e esta-
permeáveis para fechamento sob pressão. O acondicionamento belecimentos responsáveis pelas análises clínico-laboratoriais;
do material coletado deverá ser tecnicamente apropriado, se- - Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da
gundo a natureza de cada material a ser transportado, de forma emissão dos Laudos Técnicos e o nome dos profissionais que os
a impedir a exposição dos profissionais da saúde, assim como assinam e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos
dos profissionais da frota que transportam o material. Regionais de Exercício Profissional do Estado de São Paulo;
- Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados
para acondicionar tubos e frascos coletores contendo amostras - Nomes do material biológico analisado, do exame realiza-
biológicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, do e do método utilizado;
que permitam a fixação em posição vertical, com a extremida- - Valores de referência normais e respectivas unidades.
de de fechamento (tampa) voltada para cima e que impeçam o
tombamento do material. Intervalo/valores de referência: Define 95% dos valores li-
- Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondicio- mites obtidos de uma população definida.
namento de lâminas dotadas internamente de dispositivo de se- - Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais
paração (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento e respectivas unidades.
(tampa ou fecho). - Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsá-
- Caixas Térmicas são recipientes de segurança para trans- veis Técnicos e/ou por profissionais legalmente habilitados, de
porte, destinados à acomodação das estantes e grades com tu- nível superior, pertencente aos quadros de recursos humanos
bos, frascos e tubetes contendo as amostras biológicas. destes estabelecimentos.
- Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus
Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, representantes legais, se for o caso, e, ainda, indiretamente,
resistentes e impermeáveis, revestidas internamente com ma- através dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso
terial lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às so- de Postos de Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se
luções desinfetantes devendo, ainda ser, dotadas externamente equipamento de fax-modem e meios de comunicação on line,
de dispositivos de fechamento externo. Como medida de segu- quando autorizada por escrito pelos próprios usuários e/ou re-
rança na parte externa das Caixas Térmicas para transporte, de- querida pelos médicos ou cirurgiões-dentistas solicitantes. No
verá ser fixado o símbolo de material infectante e inscrito, com entanto, isto não eximirá os Responsáveis Técnicos pelos esta-
destaque, o título de identificação: Material Infectante. Na parte belecimentos de garantir a guarda dos Laudos Técnicos originais.
externa da Caixa Térmica, também deverá ser inscrito o desenho - Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos de-
de seta indicativa vertical apontada para cima, de maneira a ca- verão garantir a privacidade dos cidadãos, através da implan-
racterizar a disposição vertical, com as extremidades de fecha- tação de medidas eficazes que confiram caráter confidencial a
mento voltadas para cima. quaisquer resultados de exames e testes laboratoriais.

3
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autô- A iluminação, a temperatura e o ruído fazem parte das con-
nomos e Unidades de Laboratórios Clínicos que executem exa- dições ambientais de trabalho.
mes e testes microbiológicos e sorológicos informarão os resul- Uma má iluminação, por exemplo, causa fadiga à visão, afe-
tados de exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de ta o sistema nervoso, contribui para a má qualidade do trabalho
notificação compulsória e de agravos à saúde, em conformidade podendo, inclusive, prejudicar o desempenho dos funcionários.
com as orientações específicas das autoridades sanitárias res- A falta de uma boa iluminação também pode ser conside-
ponsáveis pelo Sistema de Vigilância. rada responsável por uma razoável parcela dos acidentes que
ocorrem nas organizações.
Envolvem riscos os trabalhos noturnos ou turnos, tempera-
PREVENÇÃO DE ACIDENTES E CUIDADOS DE ORDEM turas extremas – que geram desde fadiga crônica até incapaci-
PESSOAL E GERAL; USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTE- dade laboral.
ÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO. PERIGOS NO AMBIEN- Um ambiente de trabalho com temperatura e umidade ina-
TE DE TRABALHO: CUIDADOS GERAIS, SUBSTÂNCIAS dequadas é considerado doentio.
TÓXICAS, EMINENTES DE VAPORES VENENOSOS, EX- Por isso, o funcionário deve usar roupas adequadas para se
PLOSIVOS E COMBUSTÍVEIS, MANUSEIO DE MATÉRIA
proteger do que “enfrenta” no dia-a-dia corporativo.
CONTAMINADA
O mesmo ocorre com a umidade. Já o ruído provoca perca
da audição e quanto maior o tempo de exposição a ele maior o
De modo genérico, Higiene e Segurança do Trabalho com- grau da perda da capacidade auditiva.
põem duas atividades intimamente relacionadas, no sentido de A segurança do trabalho implica no uso de equipamentos
garantir condições pessoais e materiais de trabalho capazes de adequados para evitar lesões ou possíveis perdas.
manter certo nível de saúde dos empregados. É preciso, conscientizar os funcionários da importância do
Do ponto de vista da Administração de Recursos Humanos, a uso dos EPIs, luvas, máscaras e roupas adequadas para o am-
saúde e a segurança dos empregados constituem uma das prin- biente em que eles atuam.
cipais bases para a preservação da força de trabalho adequada Fazendo essa ação específica, a organização está mostrando
reconhecimento ao trabalho do funcionário e contribuindo para
através da Higiene e Segurança do trabalho.
sua melhoria da qualidade de vida.
Segundo o conceito emitido pela Organização Mundial de
Ao invés de obrigar os funcionários a usarem, é melhor reali-
Saúde, a saúde é um estado completo de bem-estar físico, men-
zar esse tipo de trabalho de conscientização, pois o retorno será
tal e social e que não consiste somente na ausência de doença
bem mais positivo.
ou de enfermidade.
Já ouvi muitos colaboradores falarem, por exemplo, que os
A higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e
EPIs e as máscaras incomodam e, algumas vezes, chagaram a pedir
procedimentos que visa à proteção da integridade física e men-
aos gestores que usassem os equipamentos para ver se era bom.
tal do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes
Ora, na verdade os equipamentos incomodam, mas o traba-
às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas.
lhador deve pensar o uso desses que é algo válido, pois o ajuda
Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, a prevenir problemas futuros.
educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir Na segurança do trabalho também é importante que a em-
acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, presa forneça máquinas adequadas, em perfeito estado de uso e
quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de de preferência com um sistema de travas de segurança.
práticas preventivas. É fundamental que as empresas treinem os funcionários e
A atividade de Higiene do Trabalho no contexto da gestão de os alertem em relação aos riscos que máquinas podem significar
RH inclui uma série de normas e procedimentos, visando essen- no dia-a-dia.
cialmente, à proteção da saúde física e mental do empregado. Caso algum funcionário apresente algum problema de saú-
de mais tarde ou sofra algum acidente, a responsabilidade será
Procurando também resguardá-lo dos riscos de saúde re- toda da empresa por não ter obrigado o funcionário a seguir os
lacionados com o exercício de suas funções e com o ambiente procedimentos adequados de segurança.
físico onde o trabalho é executado. Caso o funcionário se recuse a usar os equipamentos que o
Hoje a Higiene do Trabalho é vista como uma ciência do re- protegerão de possíveis acidentes, a organização poderá demi-
conhecimento, avaliação e controle dos riscos à saúde, na em- ti-lo por justa causa.
presa, visando à prevenção de doenças ocupacionais. As prevenções dessas lesões/acidentes podem ser feitas
O que é higiene e segurança do trabalho? através de:
A higiene do trabalho compreende normas e procedimentos - Estudos e modificações ergonômicas dos postos de traba-
adequados para proteger a integridade física e mental do traba- lho.
lhador, preservando-o dos riscos de saúde inerente às tarefas do - Uso de ferramentas e equipamentos ergonomicamente
cargo e ao ambiente físico onde são executadas. adaptados ao trabalhador.
A higiene do trabalho está ligada ao diagnóstico e à preven- - Diminuição do ritmo do trabalho.
ção das doenças ocupacionais, a partir do estudo e do controle - Estabelecimento de pausas para descanso.
do homem e seu ambiente de trabalho. - Redução da jornada de trabalho.
Ela tem caráter preventivo por promover a saúde e o con- - Diversificação de tarefas.
forto do funcionário, evitando que ele adoeça e se ausente do - Eliminação do clima autoritário no ambiente de trabalho.
trabalho. - Maior participação e autonomia dos trabalhadores nas de-
Envolve, também, estudo e controle das condições de tra- cisões do seu trabalho.
balho. - Reconhecimento e valorização do trabalho.
- Valorização das queixas dos trabalhadores.

4
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para É sabido que, um ambiente de trabalho seguro aumenta a
que a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem moral do trabalhador, o que, por sua vez, aumenta a produti-
satisfatórios. Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor vidade a eficiência e, consequentemente, as margens de lucro.
humano. Quando os trabalhadores têm um ambiente de trabalho se-
Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser guro, sentem que podem fazer a diferença, verificam-se maiores
frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempe- índices de assiduidade, menos rotatividade de pessoal e uma
nho. melhor qualidade de trabalho.
Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos Outra área não menos importante, e que deve ser parte in-
anos de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura tegrante da Empresa, é a formação dos trabalhadores em maté-
salarial não oferece qualquer possibilidade de recompensa fi- ria de segurança e saúde.
nanceira por realização como os aumentos por mérito. A formação contínua nesta matéria assume um papel funda-
Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais mental na melhoria do nível de vida dos trabalhadores.
entre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for Uma formação eficaz permite:
desestimulado, existirão menos chances de reconhecimento. Contribuir para que os trabalhadores se tornem competen-
Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhe- tes em matéria de saúde e segurança;
cer os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações Desenvolver uma cultura de segurança e saúde positiva,
além do desempenho imediato de seu serviço. onde o trabalho e o ambiente seguro sejam parte integrante e
Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcioná- natural do dia-a-dia dos trabalhadores;
rios na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos Informar os trabalhadores dos riscos existentes e inerentes
não são baseados em evidências ou informações sobre a pessoa. ao seu local de trabalho, das medidas de prevenção e proteção
A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma e respectiva aplicação;
organização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. Tanto em termos de postos de trabalho, como em termos
Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou gerais da empresa;
frustrar as necessidades de reconhecimento. Dotar o trabalhador das competências necessárias para
atuar em caso de perigo grave e iminente;
Quem a higiene e segurança do trabalho beneficia? Evitar os custos associados aos acidentes e problemas de
A Segurança e Higiene do Trabalho beneficia qualquer tipo saúde ocupacional;
negócio, além de ser uma obrigação legal e social. Em especial, os associados às perdas materiais, paragens e
Todas as organizações deverão entender que este ramo ser- consequente perda de produção, absentismo e a desmotivação
ve para prevenir acidentes e doenças laborais, mas que também dos trabalhadores;
é uma parte essencial para o sucesso do seu negócio. Cumprir a legislação legal e obrigatória em matéria de Se-
Todas as empresas podem gozar de benefícios significativos gurança e Saúde.
ao investirem em medidas de Segurança e Higiene do Trabalho.
Pequenos melhoramentos podem levar ao aumento da A importância da higiene e segurança do trabalho
competitividade e da motivação dos trabalhadores. Qualquer empresa de hoje em dia conhece bem as implica-
A qualidade das condições de trabalho é um dos fatores ções e requisitos legais quando se fala em HSST- Higiene, Segu-
fundamentais para o sucesso do sistema produtivo de qualquer rança e Saúde no trabalho, tendo consciência de que uma falha
Empresa. neste âmbito dentro da empresa, pode gerar automaticamente
Nesse âmbito, a melhoria da produtividade e da competiti- o pagamento de uma multa por incumprimento legal.
vidade das Empresas passa, necessariamente, por uma interven- A Higiene, Segurança e Saúde no trabalho é um conjunto
ção no sentido da melhoria das condições de trabalho. de ações que nasceu das preocupações dos trabalhadores da in-
Os benefícios da manutenção de um ambiente de trabalho dústria em meados do século 20, pois as condições de trabalho
seguro são muitos, mas em primeiro lugar, a segurança é saber o nunca eram levadas em conta, mesmo que tal implicasse riscos
que é que pode fazer para proteger os seus trabalhadores. de doença ou mesmo de morte dos trabalhadores.
Na realidade, a prática da segurança nos locais de trabalho Numa época em que a indústria era a principal atividade
traz também inúmeros benefícios financeiros para a Empresa econômica em Portugal, os trabalhadores morriam ou tinham
através da Higiene e Segurança do trabalho. acidentes onde ficavam impossibilitados para toda a vida por
O impacto de um ambiente de trabalho seguro é desde logo não terem os devidos processos de Higiene e Segurança do tra-
benéfico tanto direta como indiretamente. balho.
Senão vejamos, diretamente, falamos na prevenção de cus- Simplesmente porque a mentalidade corrente era a de que
tos associados aos incidentes e acidentes, incluindo os custos o valor da vida humana era para apenas útil para trabalhar e
com as indemnização e salários aos trabalhadores, os custos porque não existia qualquer legislação que protegesse o traba-
com a assistência médica, os custos com seguros e as contra or- lhador.
denações aplicáveis. O cenário demorou tempo a mudar e apenas a partir da
Estes só serão minimizados quando existe um Sistema de década de 50/60, surgiram as primeiras tentativas sérias de in-
Gestão da Segurança e Saúde implementado, que vise e contem- tegrar os trabalhadores em atividades devidamente adequadas
ple todas as áreas da Segurança. às suas capacidades, e dar-lhes conhecimento dos riscos a que
Indiretamente, a inexistência deste sistema pode levar a estariam expostos aquando do seu desempenhar de funções.
perdas acentuadas de produtividade, custos com a reparação Atualmente a dimensão que encontramos neste âmbito é
de produtos e equipamentos danificados, custos associados à muito diferente, sobretudo porque a Lei-Quadro de Segurança,
substituição de trabalhadores, custos administrativos, perdas de Higiene e Saúde no Trabalho faz impender sobre as entidades
competitividade, perdas associadas à imagem e custos sociais empregadoras a obrigatoriedade de organizarem os serviços de
diversos. Segurança e Saúde no Trabalho.

5
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
Desta forma, para além de análises minuciosas aos postos Desta feita torna-se mais do que evidente de que o sucesso
de trabalho a empresa tem que garantir também as condições de um sistema produtivo passa inevitavelmente pela qualidade
de saúde dos trabalhadores (como a existência de um posto mé- das condições de trabalho que este proporciona aos seus cola-
dico dentro de cada empresa). boradores.
E ainda garantir que são objeto de estudo as investigações Nesta perspectiva, a melhoria da produtividade e da com-
de quaisquer tipo de incidentes ocorridos, sendo sempre anali- petitividade das empresas portuguesas passa, necessariamente,
sada a utilização ou não de equipamentos de proteção individual por uma intervenção no sentido da melhoria das condições de
(vulgo EPI). trabalho.
Em resumo, todas as atividades de HSST se constituem como Ainda que este conjunto de atividades seja visto atualmen-
as atividades cujo objetivo é o de garantir condições de trabalho te, pela gestão das empresas, mais como um gasto, do que pro-
em qualquer empresa “num estado de bem-estar físico, mental priamente um incentivo à produtividade.
e social e não somente a ausência de doença e enfermidade” (de Ao tornar evidentes junto dos colaboradores os riscos a que
acordo com a Organização Mundial de Saúde.) estão expostos durante o seu período de trabalho, a Higiene, Se-
Analisando parcelarmente este tipo de atividades temos gurança e Saúde no Trabalho permite relembrar todos os cola-
que: boradores de que para um trabalho feito em condições é preciso
A higiene e saúde no trabalho procura combater de um pon- que as condições permitam que o trabalho se faça.
to de vista não médico, as doenças profissionais, identificando
os fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e o traba- LEGISLAÇÃO APLICADA A HIGIENE
lhador, procurando eliminar ou reduzir os riscos profissionais. E SEGURANÇA DO TRABALHO
A segurança do trabalho por outro lado, propõe-se comba-
ter, também dum ponto de vista não médico, os acidentes de A legislação da higiene e segurança do trabalho é bem espe-
trabalho, eliminando para isso não só as condições inseguras do cífica e grande, sabendo disso iremos mostrar abaixo apenas os
ambiente, como sensibilizando também os trabalhadores a utili- artigos e incisos principais.
zarem medidas preventivas. Art. 163 – Será obrigatória a constituição de Comissão In-
Dadas as características específicas de algumas atividades terna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com
profissionais, nomeadamente as que acarretam algum índice de instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabele-
perigosidade, é necessário estabelecer procedimentos de segu- cimentos ou locais de obra nelas especificadas.
rança, para que estas sejam desempenhadas dentro de parâme- As instruções do Ministério do Trabalho e Emprego corres-
tros de segurança para o trabalhador. pondem à NR5, que trata especificamente das Comissões Inter-
Nesse sentido, é necessário fazer desde logo um levanta- nas de Prevenção de Acidentes – CIPA.
mento dos fatores que podem contribuir para ocorrências de O item 5.1, da NR 5, estabelece que o objetivo da CIPA é a
acidentes, como sejam: prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de
- Acidentes devido a ações perigosas; modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a
- Falta de cumprimento de ordens (não usar E.P.I.) preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
- Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem) O emprego da palavra “permanentemente”, traz a ideia de
- Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, ma- “sem interrupção”.
nobrar empilhadores inadequadamente, distrações). O item 5.2, da NR 5, dispõe que devem constituir CIPA, por
- Acidentes devido a Condições perigosas: estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as em-
- Máquinas e ferramentas; presas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos
- Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, da administração direta e indireta, instituições beneficentes, as-
poeiras, ruído). sociações recreativas, cooperativas, bem como outras institui-
ções que admitam trabalhadores como empregados.
Condições de organização (Layout mal feito, armazena- Como já vimos, a noção correta, para os obrigados a obede-
mento perigoso, falta de Equipamento de Proteção Individual cer toda e qualquer disposição de Norma Regulamentadora, não
– E.P.I.) só relativa à CIPA, é de empregador.
Após o processo de identificação deste tipo de condições é Na aula 4 conceituamos, de acordo com a CLT, e através de
importante desenvolver uma análise de riscos, sendo para isso exemplos, o que se entende, juridicamente, por empregador.
necessária à sua identificação e mapeamento. Numa palavra: empregador é aquele que contrata força de
A fim de que posteriormente se possa estudar a possibili- trabalho através do regime celetista.
dade de aplicação de medidas que visam incrementar um maior O item 5.3 dispõe que as normas da NR5 aplicam-se, no que
nível de segurança no local de trabalho, e que concretizam na couber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes to-
eliminação do risco de acidente, tornando-o inexistente ou neu- mem serviços, observadas as disposições estabelecidas em Nor-
tralizando-o. mas Regulamentadoras de setores econômicos específicos.
Por fim, importa ter ainda em conta que para além da matriz Sabemos que não existe vínculo empregatício, celetista, na
de identificação de riscos no trabalho é imprescindível conside- relação de trabalho avulso. Sabemos, também, que as normas
rar o risco ergonômico que surge da não adaptação dos postos de SST, em regra, só se aplicam aos trabalhadores regidos pela
de trabalho às características do operador através da Higiene e Consolidação das Leis do Trabalho.
Segurança do trabalho. Entretanto, no caso específico da NR5, suas disposições,
Quer quanto à posição da máquina com que trabalha, quer quando não forem incompatíveis com as características do tra-
no espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais balho avulso, são plenamente aplicáveis a esta relação de tra-
que utiliza nas suas funções. balho.

6
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
Parágrafo único – O Ministério do Trabalho regulamentará - O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao mem-
as atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA (s). bro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de
Art. 164 – Cada CIPA será composta de representantes da menos da metade do número de reuniões da CIPA.
empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vie-
rem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo Como as atividades da CIPA são permanentes, os seus mem-
único do artigo anterior. bros devem participar assiduamente, das reuniões.
1º – Os representantes dos empregadores, titulares e su- O empregador designará, anualmente, dentre os seus re-
plentes, serão por eles designados. presentantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão,
2º – Os representantes dos empregados, titulares e suplen- dentre eles, o Vice–Presidente.
tes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, Art. 165 – Os titulares da representação dos empregados
independentemente de filiação sindical, exclusivamente os em- nas CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entenden-
pregados interessados. do–se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técni-
co, econômico ou financeiro.
Escrutínio secreto significa votação secreta, sigilosa. Parágrafo único – Ocorrendo a despedida, caberá ao empre-
Vejamos quais são as disposições específicas da NR5, acerca gador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar
das atribuições e composição dos processos de higiene e segu- a existência de qualquer dos motivos mencionados neste artigo,
rança do trabalho. Não abordaremos o funcionamento da CIPA, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.
pois a matéria foge do nosso estudo.
A CIPA será composta de representantes do empregador e Fatores que afetam a higiene e segurança do trabalho
dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto Dadas as especificidades de algumas atividades profissio-
no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em nais através da Higiene e Segurança do trabalho., as quais acar-
atos normativos para setores econômicos específicos. retam algum índice de perigosidade, é necessário que sobre as
Semelhante ao que ocorre para o dimensionamento do SES- mesmas incidam procedimentos de segurança para que as mes-
MT, a NR5 estabelece grupos de atividades, e os relaciona ao nú- mas sejam desempenhadas dentro de parâmetros de segurança
mero de empregados do estabelecimento, para fixar o número para o trabalhador.
de membros da CIPA. Nesse sentido, é necessário fazer desde logo um levanta-
Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, mento dos fatores que podem contribuir para ocorrências de
serão por eles designados. acidentes, como sejam:
Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, - Máquinas e ferramentas;
serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, inde- - Condições de organização;
pendentemente de filiação sindical, exclusivamente os empre- - Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio,
gados interessados. poeiras, ruído).
A CIPA é um “fórum”, um local de discussão e debate, que -Acidentes devido a ações perigosas:
se beneficia das opiniões do empregador e dos empregados. Por - Falta de comprimento de ordens (não usar E.P.I);
isso a necessidade de cada uma dessas categorias indicar seus - Ligado à natureza do trabalho (Erros na armazenagem);
membros, para que todos sejam representados nas decisões. - Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, ma-
A CIPA terá por atribuição: nobrar empilhadores inadequadamente, distrações, brincadei-
- Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o ras).
mapa de riscos, com a participação do maior número de traba-
lhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; Fundamentos de higiene e segurança do trabalho
- Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preven- É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para
tiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; que a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem
- Participar da implementação e do controle da qualidade satisfatórios.
das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano
das prioridades de ação nos locais de trabalho; através dos processos de higiene e segurança do trabalho.
- Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser
condições de trabalho visando a identificação de situações que frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempe-
venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalha- nho.
dores; Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos
- Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das anos de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura
metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações salarial não oferece qualquer possibilidade de recompensa fi-
de risco que foram identificadas; divulgar aos trabalhadores in- nanceira por realização como os aumentos por mérito.
formações relativas à segurança e saúde no trabalho; Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais
- Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões pro- entre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for
movidas pelo empregador, para avaliar os impactos de altera- desestimulado, existirão menos chances de reconhecimento.
ções no ambiente e processo de trabalho relacionados à segu- Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhe-
rança e saúde dos trabalhadores; cer os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações
- Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, além do desempenho imediato de seu serviço.
a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcioná-
grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; rios na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos
- O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de não são baseados em evidências ou informações sobre a pessoa.
1 (um) ano, permitida uma reeleição.

7
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma Acidente pode ser descrito como toda ocorrência não dese-
organização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. jada que possa modificar ou pôr fim ao andamento normal de
Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou uma atividade.
frustrar as necessidades de reconhecimento. Em um sentido mais genérico, o conceito de acidente pode
Pois, a importância do reconhecimento pela higiene e segu- ser aplicado a acontecimentos que provocam perdas materiais,
rança do trabalho é que a partir do momento que a organização quando alguém sofre algum tipo de lesão, ou qualquer outro
está preocupada com a higiene e a segurança do trabalho, ele acontecimento que venha a provocar danos ao indivíduo que foi
está sendo valorizado. vitimado.
E quando os colaboradores percebem o fato de serem valo- A ocorrência de um acidente de trabalho pode ocasionar le-
rizados, reconhecidos isso os torna mais motivados para o tra- sões, danos e perdas, principalmente ao trabalhador, levando à
balho. sua incapacidade parcial ou permanente. As empresas também
Sendo assim? podem ser prejudicadas e sofrer prejuízos significativos, deixan-
A Segurança do Trabalho corresponde ao conjunto de ciên- do-as muitas vezes em sérias dificuldades. Além disto, a ocor-
cias e tecnologias que tem por objetivo proteger o trabalhador rência de acidentes implica a responsabilização por conta fato
em seu ambiente de trabalho, buscando minimizar e/ou evitar ocorrido, que pode ser responsabilidade civil, criminal ou ad-
acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Assim, dentre as ministrativa. Para essa finalidade, é necessário considerar-se os
principais atividades da segurança do trabalho, podemos citar: conceitos de dolo e de culpa. O dolo é quando existe a intenção
prevenção de acidentes, promoção da saúde e prevenção de in- de produzir o resultado. E a culpa, ao contrário, ocorre quando
cêndios. não há a intenção de que aquele resultado seja produzido.
No Brasil, a segurança e saúde ocupacionais estão regula- Segundo a legislação brasileira do Ministério do Trabalho e
mentadas e descritas como Serviço Especializado em Engenharia Emprego, Lei nº. 6.367, de 19 de outubro de 1976, artigo 2º,
de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), que está re- acidente do trabalho é definido da seguinte forma: “é aquele
gulamentado em uma portaria do Ministério do Trabalho e Em- que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
prego (MTE), Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4) e, portanto, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa
na legislação trabalhista brasileira. a morte ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da
Na NR-4, está descrito como devem ser organizados os Ser- capacidade para o trabalho”. Ainda, segundo a NR-3, de Segu-
viços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina rança e Medicina do Trabalho: “considera-se grave e iminente
do Trabalho, buscando diminuir os acidentes de trabalho e as risco toda condição de trabalho que possa causar acidentes do
doenças ocupacionais. Para alcançar esses objetivos e cumprir trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade
com suas funções, o SESMT deve ser constituído por: médico do física do trabalhador”.
trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do
trabalho, técnico de segurança do trabalho, auxiliar de enferma- Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
gem, sendo o número de profissionais necessários determinado medicina/conceito-e-objetivo-da-seguranca-do-trabalho/52231
pelo número de trabalhadores e grau de risco.
O SESMT tem como finalidade a prevenção, e é desempe- Prevenção: a melhor ferramenta da segurança do trabalho
nhado pelos profissionais que o compõe, abrangendo conheci- Algumas atitudes são muito importantes para se preservar a
mentos de engenharia de segurança e de medicina ocupacional saúde e a segurança no ambiente de trabalho.
no ambiente de trabalho, de forma a reduzir ou eliminar os riscos A ideia de que a simples utilização dos Equipamentos de
à saúde dos trabalhadores. Dentre as atribuições dos SESMTs, Proteção Individual (EPI) é suficiente e determinante para evitar
podemos citar a análise de riscos, a orientação dos trabalhado- acidentes deve ser desconstruída, uma vez que é apenas um dos
res quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual e fatores que auxiliam na proteção do indivíduo.
o registro dos acidentes de trabalho (CLT – Artigo 162, inciso Todos os anos, milhões de trabalhadores vêm ao óbito ou
4.1|4.2|4.8.9|4.10). ficam seriamente feridos e com sequelas em virtude de aciden-
tes ou lesões ocasionadas durante suas atividades profissionais.
CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO Proporcionalmente, as empresas são penalizadas com perda/
Anualmente, aproximadamente 330 milhões de trabalhado- afastamento de funcionários e demandas em juízo com imen-
res são vítimas de acidentes de trabalho em todo o mundo e 160 suráveis taxas de indenização e tratamentos médicos de alta
milhões de novos casos de doenças ocupacionais surgem, segun- complexidade.
do dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ainda É certo que a melhor maneira de evitar episódios de aciden-
segundo a OIT, há o registro de mais de 2 milhões de mortes tes laborais é investindo em segurança do trabalho. A prevenção
relacionadas aos acidentes de trabalho, das quais 1,574 milhão é, sobretudo, uma ferramenta que atua a fim de evitar proble-
ocorreram por doenças ocupacionais, 355 mil por acidentes e mas futuros. Seja engenheiro ou técnico de segurança do traba-
158 mil por acidentes de trajeto. lho, todos devem ter como meta a melhoria nas estatísticas de
Segundo dados estatísticos da Previdência Social, em 2001, não acidentes.
no Brasil, ocorreram cerca de 340 mil acidentes de trabalho, co-
locando-nos entre os países com maior número de acidentes de Algumas dicas para a prevenção no horário do trabalho:
trabalho. 1. Manter-se atento, todo e qualquer trabalho deve ser fei-
De acordo com o artigo 19 da Lei n.º 8.213, de 1991, aciden- to com plena consciência;
te de trabalho “é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a 2. Não se expor à riscos, acidentes acontecem muitas vezes
serviço da empresa, provocando lesão corporal, ou perturbação por imprudência;
funcional, que cause perda ou redução da capacidade de traba- 3. Manter o local de trabalho limpo e organizado pode evi-
lho, temporária ou permanente, ou ainda a morte”. tar escorregões e quedas por exemplo;

8
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
4. Usar corretamente os equipamentos de proteção (que PREVENÇÃO DE ACIDENTES E PRIMEIROS SOCORROS
devem ser, obrigatoriamente, fornecidos pela empresa); Tratam-se de procedimentos de emergência, os quais devem
5. Sempre comunicar incidentes para que a solução não de- ser aplicados a vítimas de acidentes, mal súbito ou em perigo de
more a aparecer. vida, com o intuito de manter sinais vitais, procurando evitar o
agravamento do quadro no qual a pessoa se encontra. É uma
Como se faz notar, uma simples caixa deixada no meio do ação individual ou coletiva, dentro de suas devidas limitações
caminho, uma ferramenta largada ou um rastro de produto no em auxílio ao próximo, até que o socorro avançado esteja no
chão podem ser mais perigosos do que parecem. Assim como local para prestar uma assistência mais minuciosa e definitiva.
ocorre no ambiente residencial, as situações mais simples e im- socorro deverá ser prestado sempre que a vítima não ti-
prováveis podem gerar acidentes. Por isso, prevê-las e evita-las ver condições de cuidar de si própria, recebendo um primeiro
faz toda a diferença. atendimento e logo acionando-se o atendimento especializado,
Importante destacar que a utilização de um EPI não garante o qual encontra-se presente na maioria das cidades e rodovias
a proteção do trabalhador. Acidentes ocorrem, corriqueiramen- principais, e chega ao local do fato em poucos O profissional em
te, devido à falta de atenção ou uso incorreto desses equipa- atendimento de emergência é denominado de Socorrista, este
mentos. Portanto, não basta entregar nas mãos do funcionário possue formação e equipamentos especiais, assim como os Pa-
seu equipamento laboral, é preciso ensiná-lo a usar, fiscalizar o ramédicos, e uma pessoa que realiza um curso básico de Primei-
seu uso e exigir a correta utilização, sob pena de advertência. ros Socorros é chamado de Atendente de emergência.
Atitudes como as listadas a seguir podem, se devidamente Tipos de acidentes Para cada caso existe uma atitude, e um
aplicadas, atuar de forma significativa na segurança laboral: socorro diferente, veja à seguir alguns exemplos que exigem pri-
– Evitar realizar atividade a qual não foi devidamente treina- meiros socorros:
do para fazer (departamentos diferentes). - Choque elétrico
– Analisar sempre os riscos e questionar-se: estou prepara- - Infarto e parada cardiorrespiratória
do para realizar essa tarefa? - Envenenamento
– Sendo necessário realizar a tarefa, verificar o que pode - Picada de cobra
fazer além da utilização do EPI para reduzir os riscos. - Corpos estranhos e asfixia
- Queimaduras
– Verificar as condições do ambiente: onde será realizada - Sangramentos
a tarefa? Quais as condições do local (É muito úmido? É muito - Transporte de vítimas
seco? Existe ruído?)? - Fraturas, luxações, contusões e entorces
– Confirmar se os riscos mais prováveis foram neutralizados, - Acidentes de trânsito
caso não esteja tudo neutralizado, ou caso não se sinta seguro É importante aplicar primeiros socorros?
a realizar a tarefa, simplesmente não a faça. Comunicar essa si- É de vital importância a prestação de atendimentos emer-
tuação é primordial. genciais. Conhecimentos simples muitas vezes diminuem o sofri-
– Evitar ao máximo as distrações no ambiente de trabalho, mento, evitam complicações futuras e podem inclusive em mui-
como aparelhos eletrônicos, fones de ouvido e conversas para- tos casos salvar vidas. Porém deve-se saber que nessas situações
lelas, toda elas, evidentemente, tiram a atenção. em primeiro lugar deve-se procurar manter a calma, verificar se
– Pedir, sempre que houver dúvidas, instruções ou o auxílio a prestação do socorro não trará riscos para o socorrente, saber
direto a alguém que tenha mais conhecimento do procedimen- prestar o socorro sem agravar ainda mais a saúde da(s) vítima(s),
to. e nunca esquecer-se que a prestação dos primeiros socorros não
– A pressa é de fato comprovado, inimiga da perfeição, en- exclui a importância de um médico.
tão, jamais pensar que fazer algo com pressa será a melhor op-
ção. O que se deve fazer?
– A tarefa a ser executada coloca em risco outras pessoas ao A grande maioria dos acidentes poderia ser evitada, porém
seu redor? Muito cuidado! Sinalizar o local, colocar avisos, cones quando acontecem , geralmente eles vem acompanhados de
ou demarcações no chão são ótimas sugestões para flagrar os inúmeros outros fatores, como por exemplo: nervosismo, cenas
desavisados. de sofrimento, pânico, pessoas inconscientes, etc.. Este é o qua-
– As ferramentas corretas para realizar essa tarefa estão dro em maior ou menor extensão que depara-se quem chega
sendo utilizadas? O uso errado da ferramenta e o uso da ferra- primeiro ao local, e dependendo da situação exigem-se provi-
menta errada são grandes causadores de acidentes. dências imediatas.
– Caso a tarefa realizada seja em maquinas, quadros elétri- Sempre que possível devemos pedir e aceitar a colaboração
cos ou hidráulicos, certificar-se de que não existe a possibilidade de outras pessoas, sempre deixando que o indivíduo com maior
de um terceiro ligar/desligar, mexer, mover, abrir ou acionar o conhecimento e experiência possa liderar, dando espaço para
equipamento. Sinalize sua atividade! que o mesmo demonstre à cada uma, com calma e firmeza o que
deve ser feito, de forma rápida, correta e precisa.
Cumpre, por fim, frisar que o acidente só acontece onde a Atitudes corretas
prevenção falhou. Novamente, apenas o uso do EPI não protege 1) A calma, o bom-senso e o discernimento são elementos
totalmente o trabalhador. É necessária uma gestão em grupo, primordiais neste tipo de atendimento.
participação e discussão das medidas de segurança com a CIPA, 2) Agir rapidamente, porém respeitando os seus limites e o
SESMT, empregados, líderes e empregadores. dos outros.
3) Transmitir á(s) vítima(s), tranqüilidade, alívio, confiança e
Fonte: https://www.ambientec.com/prevencao-melhor-ferra- segurança, e quando estiverem conscientes informar-lhes que o
menta-da-seguranca-do-trabalho/ atendimento especializado está a caminho.

9
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
4) Utilize-se de conhecimentos básicos de primeiros socor-
ros, improvisando se necessário.
5)Nunca tome atitudes das quais não tem conhecimento, no
intuito de ajudar, apenas auxilie dentro de sua capacidade.

Omissão de Socorro
É importante saber que a falta de atendimento de primei-
ros socorros e a omissão de socorro eficientes são os primeiros
motivos de mortes e danos irreversíveis às vítimas de acidentes
de trânsito. Os momentos subsequentes a um acidente, princi-
palmente as duas primeiras horas são os mais críticos e impor-
tantes para garantir a recuperação ou sobrevivência das pessoas Entre os Equipamentos de Proteção Individual os mais co-
envolvidas. muns são:
Segundo o Art. 135 do Código Penal Brasileiro, deixar de
prestar socorro à vítima de acidentes ou pessoas em perigo emi- -Proteção da cabeça: capacete de segurança, capuz, bala-
nente, podendo fazê-lo, é crime, mesmo que a pessoa não seja a clava, etc;
causadora do evento. Ainda de acordo com a atual Lei de Trânsi- -Proteção dos olhos e face: óculos de proteção, máscaras;
to, todos os motoristas deverão ter conhecimentos de primeiros -Proteção auditiva: protetor auricular, abafadores de ruídos;
socorros. Abaixo podemos verificar o artigo na íntegra: -Proteção respiratória: respirador;
-Proteção do tronco: coletes;
CÓDIGO PENAL - OMISSÃO DE SOCORRO -Proteção dos membros superiores: luvas de segurança,
braçadeiras;
-Proteção dos membros inferiores: calçados de segurança,
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fa-
calças.
zê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada,
ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e
NORMA REGULAMENTADORA 6 - NR 6
iminente perigo ; ou não pedir , nesses casos, o socorro da auto- EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
ridade pública.
Pena: Detenção de 01 ( um ) a 6 ( seis ) meses ou multa. 6.1Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentado-
Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se a omis- ra - NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI,
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplica , se resul- todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
ta em morte. balhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar
No entanto, deixar de prestar socorro significa não pres- a segurança e a saúde no trabalho.
tar “nenhuma assistência à vitima”. Uma pessoa que solicita os 6.1.1Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção
serviços especializados, já esta fazendo o seu papel de cidadão, Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o
providenciando socorro. fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que pos-
Nunca é demais que procuremos ter conhecimento de téc- sam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de amea-
nicas de primeiros socorros, pois nunca se sabe quando pode- çar a segurança e a saúde no trabalho.
remos precisar. Mesmo achando que não teremos coragem ou 6.2O equipamento de proteção individual, de fabricação na-
habilidade para aplicá-las não devemos deixar de aprender. Pois cional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado
muitas vezes espírito de solidariedade apenas, não basta, é pre- com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo
ciso que nos utilizemos de técnicas que nos possibilitem à pres- órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
tar um socorro rápido, preciso e eficiente, auxiliando pessoas trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. (206.001-9 /I3)
que encontram-se, naquele momento totalmente dependentes 6.3A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gra-
do auxílio de terceiros. tuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de con-
servação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
Fonte: https://www.infoescola.com/medicina/primeiros-socorros/ a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam
completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Uniforme de doenças profissionais e do trabalho; (206.002-7/I4)
EPI é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo traba- b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sen-
do implantadas; e, (206.003-5 /I4)
lhador, destinado a prevenir riscos que podem ameaçar a segu-
c) para atender a situações de emergência. (206.004-3 /I4)
rança e a saúde do trabalhador. Para ser comercializado, todo
6.4Atendidas as peculiaridades de cada atividade profis-
EPI deve ter CA emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego
sional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve
(MTE), conforme estabelecido na NR n° 6 do TEM (BRASIL, 2008).
fornecer aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o
disposto no ANEXO I desta NR.
6.4.1As solicitações para que os produtos que não estejam
relacionados no ANEXO I, desta NR, sejam considerados como
EPI, bem como as propostas para reexame daqueles ora elenca-
dos, deverão ser avaliadas por comissão tripartite a ser consti-
tuída pelo órgão nacional competente em matéria de segurança
e saúde no trabalho, após ouvida a CTPP, sendo as conclusões
submetidas àquele órgão do Ministério do Trabalho e Emprego
para aprovação.

10
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
6.5Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e,
Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão (206.020-5 /I1)
Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas deso- j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbi-
brigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI to do SINMETRO, quando for o caso. (206.021-3 /I1)
adequado ao risco existente em determinada atividade. 6.9Certificado de Aprovação - CA
6.5.1Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao 6.9.1Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI
designado, mediante orientação de profissional tecnicamente terá validade:
habilitado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalha- a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos
dor. de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito
6.6Cabe ao empregador do SINMETRO;
6.6.1Cabe ao empregador quanto ao EPI : b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbi-
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; (206.005- to do SINMETRO, quando for o caso;
1 /I3) c) de 2 (dois) anos, quando não existirem normas técnicas
b) exigir seu uso; (206.006-0 /I3) nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou labo-
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão ratório capacitado para realização dos ensaios, sendo que nes-
nacional competente em matéria de segurança e saúde no tra- ses casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional compe-
balho; (206.007-8/I3) tente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica
guarda e conservação; (206.008-6 /I3) e da especificação técnica de fabricação, podendo ser renovado
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extravia- até dezembro de 2007, quando se expirarão os prazos conce-
do; (206.009-4 /I3) didos(Nova redação dada pela Portaria nº 194, de 22/12/2006
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção perió- - DOU DE 28/12/2006)
dica; e, (206.010-8 /I1) d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. EPI desenvolvidos após a data da publicação desta NR, quan-
(206.011-6 /I1) do não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais,
oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para rea-
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser
lização dos ensaios, caso em que os EPI serão aprovados pelo
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico.(Inserida pela Por-
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde
taria SIT n.º 107, de 25 de agosto de 2009)
no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Res-
6.7Cabe ao empregado
ponsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação.
6.7.1Cabe ao empregado quanto ao EPI:
6.9.2O órgão nacional competente em matéria de seguran-
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se des-
ça e saúde no trabalho, quando necessário e mediante justifica-
tina;
tiva, poderá estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
subitem 6.9.1.
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
6.9.3Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e
impróprio para uso; e, bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fa-
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso bricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do
adequado. importador, o lote de fabricação e o número do CA. (206.022-1/I1)
6.8Cabe ao fabricante e ao importador 6.9.3.1Na impossibilidade de cumprir o determinado no
6.8.1O fabricante nacional ou o importador deverá: item 6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de segu-
a) cadastrar-se, segundo o ANEXO II, junto ao órgão nacio- rança e saúde no trabalho poderá autorizar forma alternativa de
nal competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; gravação, a ser proposta pelo fabricante ou importador, deven-
(206.012-4 /I1) do esta constar do CA.
b) solicitar a emissão do CA, conforme o ANEXO II; (206.013- 6.10Restauração, lavagem e higienização de EPI
2 /I1) 6.10.1Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higieni-
c) solicitar a renovação do CA, conforme o ANEXO II, quan- zação, serão definidos pela comissão tripartite constituída, na
do vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional forma do disposto no item6.4.1, desta NR, devendo manter as
competente em matéria de segurança e saúde do trabalho; características de proteção original.
(206.014-0 /I1) 6.11Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego
d) requerer novo CA, de acordo com o ANEXO II, quando / TEM
houver alteração das especificações do equipamento aprovado; 6.11.1Cabe ao órgão nacional competente em matéria de
(206.015-9 /I1) segurança e saúde no trabalho:
e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI;
que deu origem ao Certificado de Aprovação - CA; (206.016-7 / b) receber e examinar a documentação para emitir ou reno-
I2) var o CA de EPI;
f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técni-
de CA; (206.017-5 /I3) cos para ensaios de EPI;
g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou im-
segurança e saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados portador;
cadastrais fornecidos; (206.0118-3 /I1) e) fiscalizar a qualidade do EPI;
h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou im-
nacional, orientando sua utilização, manutenção, restrição e de- portadora; e,
mais referências ao seu uso; (206.019-1 /I1) g) cancelar o CA.

11
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
6.11.1.1Sempre que julgar necessário o órgão nacional com- c) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho, poderá face contra radiação infravermelha;
requisitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabri- d) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e
cante e o número de referência, além de outros requisitos. face contra luminosidade intensa.
6.11.2Cabe ao órgão regional do MTE:
a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualida- C - EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA
de do EPI; C.1- Protetor auditivo
b) recolher amostras de EPI; e, a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do siste-
c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades ca- ma auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao esta-
bíveis pelo descumprimento desta NR. belecido na NR - 15, Anexos I e II;
6.12e Subitens (Revogados pela Portaria SIT n.º 125, de 12 b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema
de novembro de 2009) auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabele-
cido na NR - 15, Anexos I e II;
ANEXO I c) protetor auditivo semi -auricular para proteção do siste-
LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ma auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao esta-
(Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de belecido na NR - 15, Anexos I e II.
2001)
D - EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA D.1- Respirador purificador de ar
A.1- Capacete a) respirador purificador de ar para proteção das vias respi-
a) capacete de segurança para proteção contra impactos de ratórias contra poeiras e névoas;
objetos sobre o crânio; b) respirador purificador de ar para proteção das vias respi-
b) capacete de segurança para proteção contra choques elé- ratórias contra poeiras, névoas e fumos;
tricos; c) respirador purificador de ar para proteção das vias respi-
c) capacete de segurança para proteção do crânio e face ratórias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos;
contra riscos provenientes de fontes geradoras de calor nos tra- d) respirador purificador de ar para proteção das vias respi-
balhos de combate a incêndio. ratórias contra vapores orgânicos ou gases ácidos em ambientes
com concentração inferior a 50 ppm (parte por milhão);
A.2- Capuz
e) respirador purificador de ar para proteção das vias respi-
a) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço
ratórias contra gases emanados de produtos químicos;
contra riscos de origem térmica;
f) respirador purificador de ar para proteção das vias res-
b) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço
piratórias contra partículas e gases emanados de produtos quí-
contra respingos de produtos químicos;
micos;
c) capuz de segurança para proteção do crânio em trabalhos
g) respirador purificador de ar motorizado para proteção
onde haja risco de contato com partes giratórias ou móveis de
das vias respiratórias contra poeiras, névoas, fumos e radionu-
máquinas.
clídeos.
D.2- Respirador de adução de ar
B - EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE a) respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido
B.1- Óculos para proteção das vias respiratórias em atmosferas com concen-
a) óculos de segurança para proteção dos olhos contra im- tração Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes
pactos de partículas volantes; confinados;
b) óculos de segurança para proteção dos olhos contra lumi- b) máscara autônoma de circuito aberto ou fechado para
nosidade intensa; proteção das vias respiratórias em atmosferas com concentra-
c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra ra- ção Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes
diação ultravioleta; confinados;
d) óculos de segurança para proteção dos olhos contra ra- D.3- Respirador de fuga
diação infravermelha; a) respirador de fuga para proteção das vias respiratórias
e) óculos de segurança para proteção dos olhos contra res- contra agentes químicos em condições de escape de atmosferas
pingos de produtos químicos. Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde ou com concentração
B.2- Protetor facial de oxigênio menor que 18 % em volume.
a) protetor facial de segurança para proteção da face contra
impactos de partículas volantes; E - EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO
b) protetor facial de segurança para proteção da face contra E.1- Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao
respingos de produtos químicos; tronco contra riscos de origem térmica, mecânica, química, ra-
c) protetor facial de segurança para proteção da face contra dioativa e meteorológica e umidade proveniente de operações
radiação infravermelha; com uso de água.
d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos con- e) vestimenta para proteção do tronco contra umidade pro-
tra luminosidade intensa. veniente de precipitação pluviométrica.(Incluído pelaPortaria
B.3- Máscara de Solda MTE nº 870/2017)
a) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e E.2Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes
face contra impactos de partículas volantes; que trabalhem portando arma de fogo, para proteção do tronco
b) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e contra riscos de origem mecânica.(Incluído pelaPortaria MTE nº
face contra radiação ultravioleta; 191/2006)

12
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES c) perneira de segurança para proteção da perna contra res-
F.1- Luva pingos de produtos químicos;
a) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes d) perneira de segurança para proteção da perna contra
abrasivos e escoriantes; agentes cortantes e perfurantes;
b) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes e) perneira de segurança para proteção da perna contra
cortantes e perfurantes; umidade proveniente de operações com uso de água.
c) luva de segurança para proteção das mãos contra cho- G.4- Calça
ques elétricos; a) calça de segurança para proteção das pernas contra agen-
d) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes tes abrasivos e escoriantes;
térmicos; b) calça de segurança para proteção das pernas contra res-
e) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes pingos de produtos químicos;
biológicos; c) calça de segurança para proteção das pernas contra agen-
f) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes tes térmicos;
químicos; d) calça de segurança para proteção das pernas contra umi-
g) luva de segurança para proteção das mãos contra vibra- dade proveniente de operações com uso de água.
ções; e) calça para proteção das pernas contra umidade prove-
h) luva de segurança para proteção das mãos contra radia- niente de precipitação pluviométrica.(Incluída pelaPortaria MTE
ções ionizantes. nº 870/2017)
F.2- Creme protetor
a) creme protetor de segurança para proteção dos membros H - EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO
superiores contra agentes químicos, de acordo com a Portaria H.1- Macacão
SSST nº 26, de 29/12/1994. a) macacão de segurança para proteção do tronco e mem-
F.3- Manga bros superiores e inferiores contra chamas;
a) manga de segurança para proteção do braço e do ante- b) macacão de segurança para proteção do tronco e mem-
braço contra choques elétricos; bros superiores e inferiores contra agentes térmicos;
b) manga de segurança para proteção do braço e do ante- c) macacão de segurança para proteção do tronco e membros
braço contra agentes abrasivos e escoriantes; superiores e inferiores contra respingos de produtos químicos;
c) manga de segurança para proteção do braço e do ante- d) macacão para proteção do tronco e membros superiores
braço contra agentes cortantes e perfurantes; e inferiores contra umidade proveniente de precipitação pluvio-
d) manga de segurança para proteção do braço e do ante- métrica.(Incluído pela Portaria MTE nº 870/2017)
braço contra umidade proveniente de operações com uso de H.2- Conjunto
água; a) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja-
e) manga de segurança para proteção do braço e do ante- queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores
braço contra agentes térmicos. e inferiores contra agentes térmicos;
F.4- Braçadeira b) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja-
a) braçadeira de segurança para proteção do antebraço con- queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores
tra agentes cortantes. e inferiores contra respingos de produtos químicos;
F.5- Dedeira c) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja-
a) dedeira de segurança para proteção dos dedos contra queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores
agentes abrasivos e escoriantes. e inferiores contra umidade proveniente de operações com uso
de água;
G - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES d) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja-
G.1- Calçado queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores
a) calçado de segurança para proteção contra impactos de e inferiores contra chamas.
quedas de objetos sobre os artelhos; H.3- Vestimenta de corpo inteiro
b) calçado de segurança para proteção dos pés contra cho- a) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo
ques elétricos; contra respingos de produtos químicos;
c) calçado de segurança para proteção dos pés contra agen- b) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo
tes térmicos; contra umidade proveniente de operações com água.
d) calçado de segurança para proteção dos pés contra agen- c)vestimenta condutiva de segurança para proteção de todo
tes cortantes e escoriantes; o corpo contra choques elétricos.(Incluída pela Portaria SIT n.º
e) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas 108, de 30 de dezembro de 2004)
contra umidade proveniente de operações com uso de água; d) vestimenta para proteção de todo o corpo contra umi-
f) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas con- dade proveniente de precipitação pluviométrica.(Incluída pela
tra respingos de produtos químicos. Portaria MTE nº 870/2017)
G.2- Meia
a) meia de segurança para proteção dos pés contra baixas I - EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA
temperaturas. DE NÍVEL
G.3- Perneira I.1- Dispositivo trava-queda
a) perneira de segurança para proteção da perna contra a) dispositivo trava-queda de segurança para proteção do
agentes abrasivos e escoriantes; usuário contra quedas em operações com movimentação verti-
b) perneira de segurança para proteção da perna contra cal ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança
agentes térmicos; para proteção contra quedas.

13
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
I.2- Cinturão Telefone: Fax:
a) cinturão de segurança para proteção do usuário contra E-Mail:Ramo de Atividade:
riscos de queda em trabalhos em altura; CNAE (Fabricante):CCI da SRF/MF (Importador):
b) cinturão de segurança para proteção do usuário contra
riscos de queda no posicionamento em trabalhos em altura. 2 - Responsável perante o DSST / SIT:

Nota: O presente Anexo poderá ser alterado por portaria a) Diretores:


específica a ser expedida pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho, após observado o Nome N.º da Identidade Cargo na Empresa
disposto no subitem6.4.1. 1
2
ANEXO II 3
(Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de b) Departamento Técnico:
2001)
1.1 - O cadastramento das empresas fabricantes ou impor- Nome Nº do Registro Prof.Conselho Prof./Estado
tadoras, será feito mediante a apresentação de formulário úni- 1
co, conforme o modelo disposto no ANEXO III, desta NR, devida- 2
mente preenchido e acompanhado de requerimento dirigido ao
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde 3 - Lista de EPI fabricados:
no trabalho.
1.2 - Para obter o CA, o fabricante nacional ou o importador, 4 - Observações:
deverá requerer junto ao órgão nacional competente em maté- a) Este formulário único deverá ser preenchido e atualizado,
ria de segurança e saúde no trabalho a aprovação do EPI. sempre que houver alteração, acompanhado de requerimento
1.3 - O requerimento para aprovação do EPI de fabricação ao DSST / SIT / MTE;
nacional ou importado deverá ser formulado, solicitando a emis- b) Cópia autenticada do Contrato Social onde conste dentre
são ou renovação do CA e instruído com os seguintes documen- os objetivos sociais da empresa, a fabricação e/ou importação
tos: de EPI.
a) memorial descritivo do EPI, incluindo o correspondente Nota: As declarações anteriormente prestadas são de intei-
enquadramento no ANEXO I desta NR, suas características técni- ra responsabilidade do fabricante ou importador, passíveis de
cas, materiais empregados na sua fabricação, uso a que se des- verificação e eventuais penalidades, facultadas em Lei.
tina e suas restrições; _________________,_____ de ____________ de ______
b) cópia autenticada do relatório de ensaio, emitido por la- _______________________________________________
boratório credenciado pelo órgão competente em matéria de Diretor ou Representante Legal
segurança e saúde no trabalho ou do documento que compro-
ve que o produto teve sua conformidade avaliada no âmbito do EPC é a sigla para Equipamento de Proteção Coletiva e
SINMETRO, ou, ainda, no caso de não haver laboratório creden- serve para garantir a saúde dos trabalhadores nas empresas.
ciado capaz de elaborar o relatório de ensaio, do Termo de Res-
ponsabilidade Técnica, assinado pelo fabricante ou importador, O trabalhador merece toda a proteção obrigatória para po-
e por um técnico registrado em Conselho Regional da Categoria; der fazer suas atividades com tranquilidade e produzir com efi-
c) cópia autenticada e atualizada do comprovante de locali- cácia. Os Equipamentos de Proteção Coletiva são uma ferramen-
zação do estabelecimento, e, ta muito importante para evitar acidentes de trabalho e garantir
d) cópia autenticada do certificado de origem e declaração a saúde de todos os funcionários.
do fabricante estrangeiro autorizando o importador ou o fabri- Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC são dispositi-
cante nacional a comercializar o produto no Brasil, quando se vos e sistemas que auxiliam na segurança do trabalhador dentro
tratar de EPI importado. do local da empresa. Eles protegem de forma geral, atingindo
todos os funcionários.
ANEXO III O EPC ajuda a manter todos os profissionais saudáveis e
(Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de orientados sobre as medidas de segurança.
2001)
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
FORMULÁRIO ÚNICO PARA CADASTRAMENTO DE EMPRE-
SA FABRICANTE OU IMPORTADORA DE EQUIPAMENTO DE PRO-
TEÇÃO INDIVIDUAL
- Identificação do fabricante ou importador de EPI:
Fabricante:Importador:Fabricante e Importador:
Razão Social:
Nome Fantasia:CNPJ/MF: Quais são os EPC’s?
Inscrição Estadual - IE:Inscri ção Municipal - IM: Existem diversos tipos de EPC e eles variam de acordo com
Endereço:Bairro:CEP: o tipo de trabalho que é exercido. Mas, podemos citar alguns
Cidade:Estado: exemplos para facilitar seu entendimento, como sinalização em

14
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
máquinas, sinalização nos corredores de risco, proteção de par- SUBSTÂNCIAS EXPLOSIVAS E COMBUSTÍVEIS
tes das máquinas que podem se mover, escadas com corrimão e
capelas químicas são alguns deles. Algumas substâncias químicas são sensíveis a choque, im-
Dentre os Equipamentos de Proteção Coletiva mais comuns pactos ou calor. Os explosivos estão nesta categoria. Estes mate-
estão: riais expostos a choques impactos, calor, podem liberar instanta
-Placas de Sinalização; neamente energia sob a forma de calor ou uma explosão.
-Sensores de presença; É necessário um sério controle de estocagem destes rea-
-Cavaletes; gentes e severas medidas de segurança. A área de explosivos
-Fita de Sinalização; deve ser bem identificada e isolada das outras áreas. O tipo de
-Chuveiro Lava-Olhos; área de estocagem requerida dependerá do tipo de produto e da
-Sistema de Ventilação e Exaustão; quantidade estocada. É frequente o uso de blindagem na esto-
-Proteção contra ruídos e vibrações; cagem de explosivos.
-Sistema de Iluminação de Emergência. A melhor fonte de informação para seleção e projeto da área
de estocagem de explosivos é o próprio fornecedor do produto.
Existem tabelas contendo as distâncias necessárias para a
Vantagens dos EPC’s estocagem dos produtos classificados como altamente explosi-
Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC auxiliam na di- vos.
minuição de acidentes, já que mantém os colaboradores prote-
gidos quanto aos mesmos. Eles ajudam a melhorar as condições Lista de algumas substâncias explosivas
de trabalho, possuem um custo menor do que os protetores -Peróxido de benzoíla
individuais e ainda ajudam a aumentar a produtividade da em- -Dissulfeto de carbono
presa. Isso porque um funcionário saudável, seguro e satisfeito -Éter di-isipropílico
só rende mais. -Éter etílico
Outra vantagem desse tipo de equipamento é que ele ajuda -Ácido pícrico
a proteger não só os colaboradores, mas também toda pessoa -Ácido perclórico
que visita a fábrica da empresa e não precisa ser trocado com -Potássio metálico
tanta frequência já que sua durabilidade é maior.
MANUSEIO DE MATÉRIA CONTAMINADA
Qual a importância do EPC? Muitos composto causam tumores cancerosos no ser huma-
O Brasil se encontrou em um dos primeiros lugares entre os no. Diante disso, deve -se tomar todo cuidado no manuseio de
países com maior número de acidentes de trabalho. Depois da compostos suspeitos de causarem câncer, evitando- se a todo
divulgação desse dado, as coisas começaram a mudar, mesmo custo a inalação de vapores e o contato com a pele. Devem ser
que ligeiramente, e os Equipamentos de Proteção Coletiva estão manipulados exclusivamente em capelas e com uso de luvas
aí para ajudar a mudar isso. protetoras.
O seu uso ajuda a diminuir expressivamente o número de Assim, devemos tomar cuidados específicos ao manusear
acidentes, isso porque eles orientam e proteger o trabalhador det erminados materiais, sendo estes:
durante todo o expediente. Manuseio de gases
Por mais diferente que pareça, o uso dos equipamentos de - Armazenar em locais bem ventilados, secos e resistentes
proteção ajudam a manter o colaborador motivado, porque ele ao fogo.
se sente seguro para trabalhar e sabe que a empresa se importa - Proteger os cilindros do calor e da irradiação direta.
com sua saúde. - Manter os cilindros presos à par ede de modo a não caí-
rem.
E as empresas que não usam EPC? - Separar e sinalizar os recipientes cheios e vazios.
O descumprimento da norma que regulamenta a seguran- - Utilizar sempre válvula reguladora de pressão.
ça do trabalhador gera multas para o empregador. Essas multas - Manter válvula fechada após o uso.
vão ser de pelo menos, o descumprimento da regra obrigatória. - Limpar imediatamente equipamentos e acessórios após o
Além disso, se ocorrer algum acidente, a empresa pode ser res- uso de gases corrosivos.
ponsabilizada pelo ocorrido.
Se você trabalha em uma empresa que não oferece os equi- Alguns resíduos, devido ao risco a saúde do colaborador e
pamentos de segurança obrigatórios, é possível fazer denúncias ao meio ambiente, exigem orientações específicas com relação
ao Ministério do Trabalho ou ao sindicado da sua categoria para ao manuseio. Por essas razões as orientações a seguir precisam
resolver. Dentro da própria empresa é possível também conver- ser seguidas à risca:
sar com a CIPA ou o SESMT para regulamentação. Resíduos com ácido: evitar inclinar para não ocorrer vaza-
mento do ácido; não abrir ou expor ao calor o recipiente de ar-
Qual a diferença entre EPC e EPI? mazenamento do resíduo; entre outros.
O significado de EPI é Equipamento de Proteção Individual, Resíduos que contém mercúrio, sódio e vapores metálicos:
portanto, a diferença entre EPI e EPC é que o EPI são dispositivos o manuseio deve ser realizado com extremo cuidado e atenção.
que protegem cada colaborador separadamente, diferente do O mercúrio e os vapores metálicos são tóxicos.
que protege coletivamente. Ainda, os equipamentos coletivos Resíduos com químicos perigosos: providenciar a retirada
podem ser também sistemas e formas de proteger os colabora- de todas as pessoas que estejam próximas do local da operação;
dores em geral. evitar a operação em dias de ventos fortes; evitar a dispersão
de pó caso haja; utilizar ferramentas de baixa velocidade (fer-

15
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
ramentas manuais) nos casos em que seja extremamente ne- 5. Os equipamentos de proteção individual – EPI:
cessário processar o material (cortar, serrar, furar, lixar, etc); Alternativas
estender, sempre que seja possível, um plástico por baixo da
zona de trabalho para que a poeira e as peças partidas sejam A) substituem no mesmo nível de eficácia os equipamentos de
apanhadas; ventilar o local. proteção coletiva
Resíduo Hospitalar: para qualquer tipo de manuseio dos resí- B) devem ser adquiridos pelo trabalhador e exigidos pelo em-
duos de serviços de saúde, o colaborador deverá usar equipamentos pregador
de proteção individual (EPI), sendo que para os resíduos infectantes C) tornam dispensáveis as medidas de reorganização do proces-
deve-se usar: gorro (para proteger os cabelos, de cor branca); óculos; so de trabalho
máscara para impedir a inalação de partículas e aerossóis; uniforme; D) devem ser ajustados às situações específicas de trabalho e às
luvas de material impermeável, resistente, tipo PVC, antiderrapan- diferenças individuais entre os trabalhadores
te e de cano longo; botas de material impermeável, resistente, tipo
PVC; avental de PVC, impermeável e de comprimento médio. 6. O Equipamento de Proteção Individual – EPI, é todo disposi-
No manuseio dos resíduos de Classe C – comum, podem ser tivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, desti-
dispensados o uso de gorro, dos óculos e de máscara; e para os nado a proteger à saúde e a integridade física do trabalhador. Em
de Classe B – especial - deve-se usar EPI de acordo com as Nor- relação ao EPI, é INCORRETO afirmar que:
mas de Segurança.
Alternativas
A) É obrigação do empregado a guarda e conservação do EPI.
EXERCÍCIOS B) É uma obrigação do empregador, a responsabilidade pela hi-
gienização e manutenção periódica do EPI.
1.Os acidentes são motivados por atitudes humanas incorre- C) É obrigatório o uso do cinto de segurança para trabalhos em
tas e(ou) condições materiais inseguras. altura superior a dois metros em que haja risco de queda.
D) Cabe aos Agentes de Inspeção do Trabalho a responsabilida-
Alternativas de de treinar o trabalhador sobre o uso adequado do EPI.
( )Certo E) Na hipótese da não existência do serviço especializado em En-
( )Errado genharia de Segurança do Trabalho – SESMT e da CIPA, quem
deve recomendar o EPI é o empregador, fornecendo orientação
2. A respeito das idéias e das estruturas do texto acima, julgue técnica e determinando o uso do EPI adequado à proteção da
o item subseqüente. integridade física do trabalhador.
De acordo com o texto, o empregado terá a opção de usar ou 7. Para diminuir os riscos e as consequências dos acidentes de
não EPI quando estiver exposto a “riscos suscetíveis de ameaçar a trabalho, existem os equipamentos de proteção denominados EPC
segurança e a saúde no trabalho”.
e EPI. Assinale a associação correta entre a sigla EPC ou EPI e o(s)
exemplo(s) citado(s).
Alternativas
Alternativas
( )Certo
( )Errado
A) EPI - colocação de aterramento elétrico nas máquinas e equi-
pamentos.
3. A respeito das idéias e das estruturas do texto acima, jul-
gue o item subseqüente. B) EPI - isolamento de áreas internas ou externas com sinaliza-
ção vertical e horizontal.
Da mesma forma que o EPI, também o “equipamento con- C) EPI - luvas e mangotes protetores.
jugado de proteção individual” (subitem 6.1.1), sempre que ne- D) EPC - perneiras, botas ou sapatos de segurança.
cessário à proteção contra “riscos (...) suscetíveis de ameaçar a E) EPC - protetores auditivos tipo concha ou plugs de inserção.
segurança e a saúde no trabalho”, deverá ser oferecido gratuita-
mente pela empresa empregadora. 8. No trabalho com transferência de gases altamente refrige-
rados, um equipamento de proteção recomendado é o capacete
( )Certo acoplado com protetor auricular e viseira para proteção dos olhos.
( )Errado Em relação a este Equipamento Conjugado de Proteção individual, é
correto afirmar que
4. Todas as empresas privadas e públicas devem cumprir as
normas regulamentadoras (NR) relativas a segurança e medicina Alternativas
do trabalho. Dessas normas, a que regulamenta o fornecimento A) suas partes podem ser utilizadas separadamente.
aos trabalhadores dos equipamentos de proteção individual (EPI), B) é permitido o desacoplamento total de sua viseira.
atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, é a C) o Certificado de Aprovação é emitido para o conjunto.
D) o Certificado de Aprovação é emitido para cada parte.
Alternativas E) protege essencialmente contra riscos ergonômicos.
A) NR-5.
B)NR-6. Com relação aos equipamento de proteção, julgue os itens se-
C)NR-7. guintes.
D)NR-8.
E)NR-9.

16
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO
9. Nas empresas onde houver a comissão interna de prevenção
de acidentes (CIPA), o serviço especializado em engenharia de segu- ______________________________________________________
rança e medicina do trabalho (SESMT) e as recomendações e espe-
cificações dos equipamentos de proteção individual (EPI) serão de ______________________________________________________
responsabilidade da CIPA.
Alternativas ______________________________________________________

( )Certo ______________________________________________________
( )Errado
______________________________________________________
10. Com relação aos equipamento de proteção, julgue os itens
seguintes.
______________________________________________________
A dedeira de segurança é utilizada para proteção dos dedos con-
tra agentes abrasivos e escoriantes. ______________________________________________________

Alternativas ______________________________________________________
( )Certo
( )Errado ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 CERTO ______________________________________________________
2 ERRADO
______________________________________________________
3 CERTO
4 B ______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 A
7 C ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 ERRADO
10 CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

17
NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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