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1 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2

JORGE HELENO DE ARAÚJO


2 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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©2022. Jorge Heleno de Araújo. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei dos Direitos
Autorais 9.610/98, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sob quaisquer
meios (eletrônico, fotográfico e outros).
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Araújo, Jorge Heleno de


Livro da guarda municipal [livro eletrônico] :
volume 2 / Jorge Heleno de Araújo. –
Natal, RN: Ed. do Autor, 2022. PDF.
Bibliografia.
ISBN 978-65-00-38041-5
1. Administração pública 2. Guarda civil municipal
3. Segurança pública - Brasil I. Título.

22-98646 CDU-34:351.78

CONTATOS COM O AUTOR:


Fone: (84) 98805-8332
e-mail:segurcidade.heleno@gmail.com
Telegran: helenocomandos

JORGE HELENO DE ARAÚJO


3 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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É no âmbito das cidades que devem atuar, em conjunto,


todos os órgãos que tenham a capacidade de alterar as condições que
favorecem a criminalidade, razão porque a prevenção do crime, na sua
raiz, pode ter um grande apoio dos órgãos integrantes do poder
executivo municipal, destacando-se, aí, as Guardas Municipais.
Aliás, “a Polícia deveria ser essencialmente, um serviço
municipal” (Delito – Insegurança do Cidadão e Polícia. José Maria Rico e
Luis Salas – Biblioteca da Polícia Militar/RJ, 1992) e, sem dúvida alguma,
face a enorme sobrecarga que tem a Polícia Militar, pelo seu
atendimento diuturno, a enorme quantidade de ocorrências que
pertencem a vários outros órgãos estaduais e municipais, avulta como
indispensável um órgão municipal de segurança pública – as Guardas
Municipais.
Surge nesse contexto, e em boa hora, o Livro do Guarda
Municipal, de Jorge Heleno de Araújo. Obra inédita no gênero que, sem
dúvida, irá emprestar uma grande contribuição, às Guardas Municipais
do Brasil, como referência didática para o treinamento básico dos
guardas municipais. É um livro de qualidade, que apresenta
ensinamentos fundamentais para os profissionais que atuam no campo
da segurança pública a nível municipal.

PAULO CÉSAR AMENDOLA DE SOUZA


Foi Presidente do Conselho Nacional das Guardas Municipais e
Comandante da Guarda Municipal da Cidade do Rio de Janeiro

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Este trabalho é dedicado a várias pessoas, mas em especial à minha esposa


Ildci Maria, pela compreensão e pelo incentivo para a realização do presente
trabalho.
Também dedico ao Sr. Paulo César Amendola de Souza, fundador e primeiro
comandante da Guarda Municipal da Cidade do Rio de Janeiro. Também à Sra.
Kátia Amendola, criadora da Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoal –
CDP, embrião do Centro de Treinamento da GM-Rio, e ao seu corpo de
instrutores, que muito contribuíram para que os guardas municipais, ali formados
e especializados, recebessem as adequadas informações relacionadas às suas
atividades.
Em especial, em memória, a todos os guardas municipais que deram suas
vidas em defesa da sociedade brasileira. Profissionais e conscientes de seus
deveres, tornaram-se mártires de uma instituição cuja missão principal é servir e
proteger seus munícipes.
Principalmente, agradeço a Deus, criador de tudo e de todos, pelo dom da
vida, da saúde e do discernimento para compor esta pequena obra.

Ad sumus

O Autor

JORGE HELENO DE ARAÚJO


5 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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ÍNDICE

Título do assunto Página


Opinião ............................................................................................................ 03
Dedicatória ...................................................................................................... 04
Índice ............................................................................................................... 05
Técnicas Operacionais ..................................................................................... 07
. Preparando-se para o serviço ........................................................................ 07
. Procedimentos do gm em locais de ocorrências ........................................... 07
. Registro de Ocorrência .................................................................................. 15
. Procedimentos do gm em situações de ocorrências ..................................... 16
. Técnicas de entrevista ................................................................................... 28
Situações de Crise ........................................................................................... 29
. Conceito de crise ........................................................................................... 29
. Medidas de resposta imediata ...................................................................... 29
. Perímetro de segurança ................................................................................ 30
. Síndrome de Estocolmo ................................................................................. 31
Busca e apreensão .......................................................................................... 31
. Conceitos de revista e busca ......................................................................... 32
. Abordagem de suspeito ................................................................................ 32
. Uso de algemas ............................................................................................. 33
Uso Progressivo da Força ............................................................................... 36
. Diretrizes sobre o uso da força ..................................................................... 38
. Amparo no Código Penal ............................................................................... 39
. Princípios básicos ........................................................................................... 40
. Níveis de força progressiva ............................................................................ 40
. Triângulo da força letal .................................................................................. 43
. Legislação e consequências do uso ................................................................ 45
Utilização do bastão/cassetete ....................................................................... 51
Instrução Básica .............................................................................................. 51
. Postura. Sinais de respeito e tratamento ...................................................... 56
. Ordem unida .................................................................................................. 59
Observação, Memorização e Descrição – OMD ............................................. 64
Prevenção e Combate a Incêndios ................................................................. 71
. Triângulo do fogo .......................................................................................... 71
. Métodos de transmissão de calor ................................................................. 74
. Classificação dos incêndios ............................................................................ 74
. Extintores portáteis ....................................................................................... 76
. Classificação das áreas quanto ao risco de incêndios .................................... 79
. Conduta para tratamento inicial com paciente queimado ............................ 83
. Prevenção de incêndios ................................................................................. 84
Crime Organizado ........................................................................................... 87
. Crime Organizado no Brasil ........................................................................... 87
. Organização e economia desenvolvidas pelo Cri. Org. .................................. 88
. Outras formas de Cri. Org. ............................................................................ 88
. Outras quadrilhas que podem ter ligação com o Cri. Org. ............................ 89
. Conclusão ...................................................................................................... 90
Equipamentos e Munições Menos Letais ....................................................... 91
. O que são ....................................................................................................... 91
. Desenvolvimento ........................................................................................... 91
. Cartuchos. Espargidores e granadas menos letais ........................................ 92
. Autorização para o uso .................................................................................. 95
Armamento, Munições e Tiro – AMT ............................................................. 98
. Classificação dos armamentos ....................................................................... 98

JORGE HELENO DE ARAÚJO


6 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Medidas em valor Real e Nominal ................................................................... 99
. Definições....................................................................................................... 101
. Munições ....................................................................................................... 101
. O revólver ...................................................................................................... 103
. A pistola ......................................................................................................... 105
. A espingarda .................................................................................................. 107
. A carabina ...................................................................................................... 109
Técnicas de Tiro para Revólver e Pistola ........................................................ 111
. Regras básicas de segurança ......................................................................... 110
. Carregar e descarregar o revólver ................................................................. 111
. Elementos fundamentais para o tiro ............................................................. 112
. Posições de tiro ............................................................................................. 113
. Empunhadura com revólver .......................................................................... 117
. Pontaria com o revólver ................................................................................ 118
. Respiração ..................................................................................................... 118
. Acionamento ................................................................................................. 119
. Empunhadura com a pistola .......................................................................... 119
. Municiar, carregar e alimentar a pistola ....................................................... 120
. Desalimentar e descarregar a pistola ............................................................ 121
. Pontaria com a pistola ................................................................................... 122
. Respiração ..................................................................................................... 122
. Acionamento do gatilho ................................................................................ 122
Tiro de Combate ............................................................................................. 125
Tiro de Defesa ................................................................................................. 126
Entrega e passagem da arma de fogo ............................................................ 126
Conceitos Básicos sobre Munição .................................................................. 129
Procedimentos de Estande ............................................................................. 134
Posições de Tiro .............................................................................................. 135
Análise de Alvos .............................................................................................. 139
Outras Regras de Segurança ........................................................................... 140
Treinamento de Tiro (sugestões) .................................................................... 142
. Tiro de ação simples e dupla ......................................................................... 142
. Tiro dublle tape ............................................................................................. 143
. Tiro duble tape com tempo definido ............................................................. 143
. Treinamento para o tiro de defesa ................................................................ 144
Colaboradores do Livro do Guarda Municipal ............................................... 145
Bibliografia ...................................................................................................... 148
Conhecendo o autor ....................................................................................... 150

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7 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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TÉCNICAS OPERACIONAIS

A técnica operacional tem por objetivo preparar o guarda municipal para o desempenho de
suas atividades em qualquer situação, mas, particularmente, naquelas em que uma infração tenha
sido cometida ou esteja em vias de cometimento. A função do guarda, durante seu período de
serviço, será observar tudo que se passa em sua área de responsabilidade, nos mínimos detalhes,
procurando detectar fatos que, aos olhos mais desavisados, passem despercebidos. Na ocorrência de
qualquer emergência, será ele que tomará as medidas cabíveis para minimizar os prejuízos materiais
e humanos e, na impossibilidade, fará o isolamento da área, ou do local e, ao final de seu turno de
serviço, subscreverá a ocorrência dos fatos acontecidos em seu horário de serviço, o que
abordaremos ao final deste capítulo.

Preparando-se para o serviço


Antes de assumir o serviço, o guarda municipal deve cumprir, religiosamente, uma sequência
de providências que, com certeza, muito facilitarão o desempenho de suas atividades e que
constituirão motivos de confiança para aqueles que estivem próximos dele. Para isso, deverá:
• Zelar por sua apresentação pessoal, uma vez que representa uma instituição pública. O
uniforme deve estar limpo e passado, sem ausência de peças. O corpo deve estar asseado,
cabelos cortados, barba feita e bigodes aparados. A cobertura (gorro) deve estar sempre na
cabeça, só sendo retirada à mesa para as refeições;
• Não utilizar materiais ou equipamentos sobressalentes, que sejam proibidos ou que não
esteja previsto no Regulamento de Uniformes;
• Evitar o uso de adornos (brincos, anéis, cordões ou pulseiras) que chamem atenção, visto
que o que deve chamar a atenção do cidadão é o uniforme;
• Ter sempre consigo: relógio, bloco de notas, caneta e uma relação com os telefones de
utilidade para o serviço;
• Portar sempre a carteira funcional atualizada, a CNH (para os guardas motoristas) e o
registro e porte funcional da arma de serviço (para os guardas que utilizam armas de fogo);
• Apresentar-se para o serviço com antecedência de, pelo menos, quinze minutos, tempo
suficiente para recebimento e conferência de materiais e do posto de serviço.

Procedimentos durante o serviço


Na sua área ou local de serviço, o guarda municipal deve primar pelo tratamento com o
munícipe, visto que representa a administração municipal, a instituição e a ele próprio. Suas atitudes
demonstrarão seu grau de formação, profissionalismo e interesse para com a atividade. Assim o
guarda deve observar, com atenção, os seguintes aspectos:
• Estar sempre atento ao que ocorre em sua área ou posto de serviço;
• Tratar a todos com cortesia, independentemente da posição social que ocupam, da cor de
sua pele ou das roupas que estejam vestindo;
• O tratamento sempre deverá ser: bom dia, boa tarde, senhor, senhora, etc.;
• Evitar aglomerações e conversas que possam prejudicar o andamento do serviço e inibam a
aproximação do cidadão;
• Não se ausentar do posto sem autorização. Se tiver que fazê-lo, por qualquer motivo,
contatar a central de operações, informando o motivo da ausência;
• Todas as vezes que se ausentar do posto, o guarda deverá anotar o período de ausência em
sua papeleta de serviço;

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8 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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• Se a supervisão, em sua ronda, não encontrar o guarda em seu posto, deverá aguardar seu
retorno e, após a apresentação mútua, pedir a papeleta de serviço para confirmar a
ausência do posto. A papeleta pode ser individual ou do posto de serviço, caso exista mais
de um guarda no posto;
• Em caso de dúvidas, consultar a central de operações, que fornecerá as orientações
operacionais a serem tomadas;
• Comunicar à central de operações todas as alterações encontradas e ratificá-las na papeleta
de serviço;
• Evitar sentar ou recostar-se em postes ou paredes, pois causa má impressão a quem
observa um servidor público.

Armamentos e equipamentos do guarda municipal


Não está, ainda, estabelecida uma regulamentação sobre o tipo de armamento a ser adotado
pelas Guardas Municipais. Tem-se observado que, atualmente, as Guardas Municipais que utilizam
armas de fogo priorizaram o uso do revólver como arma curta. Tomando-se estas Guardas como
referência, podemos fazer a seguinte classificação:

a. De uso individual
Armamento
• Revólver em calibre estabelecido pela GM (com 06 cartuchos e cano de 04 pol.);
• Pistola, em calibre estabelecido pela GM;
• Bastão policial (em madeira), cassetete (em material sintético) ou tonfa;
• Bastão de eletrochoque (anti-distúrbios).

Equipamento
• Cinto de guarnição, coldre, porta-bastão/cassetete/tonfa e porta-cartuchos;
• Algemas e porta-algemas (fechado);
• Spray de pimenta;
• Apito e fiador;
• Caderneta de anotações e caneta;
• Porta-talonário;
• Talão de registro de ocorrências – TRO;
• Lanterna;
• Estojo de primeiros socorros;
• Rádio de comunicações de mão (HT).

b. De uso coletivo
Armamento
• Carabina ou espingarda, com tipo, modelo e calibre estabelecido pela GM.

Equipamentos
• Rádio de comunicações de bancada ou telefone (fixos);
• Livro de Parte Diária - LPD;
• Cordões de isolamento;
• Cavaletes e cones.

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9 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Procedimentos do guarda municipal em locais de ocorrências

Conceito de ocorrência
“É qualquer fato acontecido na área ou local sob responsabilidade do guarda municipal ou para
a qual ele tenha sido acionado em socorro ou atendimento”. Uma ocorrência pode ou não ter
acontecido de forma intencional. Ex: queda de uma árvore em decorrência de temporal – ocorrência
por risco natural. Ex: atropelamento – ocorrência por risco provocado.
Uma ocorrência pode, ou não, ter o caráter criminoso e, como o guarda municipal também
pode atuar nas situações que envolvam as infrações penais, conheceremos, inicialmente, os tipos
mais comuns de crimes e os procedimentos do guarda frente a essas situações.

Definição de crime
De forma simples, podemos definir crime como “toda ação, ou omissão, que vá de encontro ao
estabelecido no Código Penal”, sendo que, por sua natureza, pode ser classificado em: crimes contra
a pessoa, crimes contra o patrimônio, e outros já citados em Legislação Brasileira.

Crimes contra a pessoa


São aqueles que atentam contra a integridade física ou moral do indivíduo, como, por exemplo:
a calúnia – art. 138, as lesões corporais – art. 129, ou o homicídio – art. 121.

Crimes contra o patrimônio


São aqueles que atentam, não contra a integridade, mas sim contra os bens que o indivíduo
possui. São exemplos: o dano – art. 163, o furto – art. 155, o roubo – art. 157, ou o estelionato – art.
171.
Os crimes podem ser, ainda, classificados de acordo com a área em que foram cometidos: área
externa e área interna.

Área externa
São as áreas de uso comum. O Código Civil, em seu art. 99, estabelece que os bens de uso
comum são os de uso comum do povo, tais como: os mares, estradas, ruas e praças. Assim, quaisquer
ocorrências havidas nestas áreas serão classificadas como ocorridas em áreas externas.

Área interna
São as áreas de propriedade privada ou não. Por exemplo: edifícios residenciais ou comerciais,
prédios públicos, estádios, lojas, etc. Normalmente, o que delimita uma área interna é um muro, um
tapume, uma grade ou uma parede (nas áreas urbanas) e uma cerca (nas áreas rurais).
É importante frisar a diferença entre área e local.
Área – É a extensão maior do terreno. O espaço onde se localiza um prédio é área interna; a
rua em frente a este prédio é área externa.

Local – É a fração da área, onde pode ocorrer um fato. O banheiro da agência bancária; em
frente ao nº 357 da rua tal; etc.

Imaginemos, agora, um local onde tenha sido cometido um fato criminoso (na gerência de uma
empresa). João, que fora demitido, esfaqueia o ex-chefe Roberto, que, ao procurar fugir, tomba
morto na calçada da empresa. O crime foi cometido em um local (sala) na área interna (da empresa)
vindo a falecer em um determinado local (em frente ao nº x). na área externa (calçada/rua).

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Os locais de crime são aqueles por onde Roberto circulou, durante e depois do fato criminoso,
e que podem ter deixado vestígios que sejam de interesse da polícia técnica.

Classificação dos locais de crime


Local idôneo
É aquele que permanece tal qual no segundo imediato à ocorrência do fato criminoso, ou seja:
não houve qualquer mudança do quadro.

Local inidôneo
É aquele que foi alterado, de forma intencional ou não, mas que pode modificar a visão real
dos fatos.

Local relacionado
É quando existem ligações do crime em diferentes locais. O crime é cometido em um local e o
corpo é encontrado em outro – exemplo de João e Roberto.
Quando da ocorrência de um crime, a autoridade policial necessitará recolher as peças para
instauração do processo penal (provas) ou para a elucidação do crime, quando não se conhecer o
verdadeiro criminoso (vestígios).

Provas – São todos os elementos que confirmam a ocorrência de um fato criminoso e podem
ser classificadas em materiais, documentais ou testemunhais:
• Prova material – uma arma, um veículo;
• Prova documental – uma carta, um cheque;
• Prova testemunhal – pessoa que viu o fato.

Vestígios – É tudo aquilo que, encontrado no local onde ocorreu o fato criminoso, poderá, ou
não, levar à identificação do criminoso. Um vestígio poderá, no decorrer das investigações, constituir-
se em uma prova. São considerados vestígios:
Armas – de fogo, brancas, estiletes, etc.;
Objetos – barras de ferro, pontas de cigarro, copos, garrafas, cacos de vidro, etc.;
Peças de vestuário ou parte delas – sapatos, camisas, botões, fios de linha, etc.;
Manchas – de óleo, sangue, batom, etc.;
Líquidos – sangue, urina, esperma, tintas, etc.;
Impressões – digitais, palmares, plantares, de pneus, etc.;
Pele, pelos, fios de cabelos, etc..

Indícios – São detalhes que pressupõem a ocorrência de um fato criminoso. Por exemplo:
Pessoas que entram e saem de determinada casa, pode indicar um local de venda de drogas;
veículos, com desconhecidos, à porta de uma indústria, pode indicar um possível roubo ou sequestro;
uma residência com entrada e saída de vários homens, à noite, com “quentinhas” pode indicar um
cativeiro de sequestro, etc.

Providências em locais de crime


Ao chegar em local com ocorrência de crime, o guarda poderá deparar-se com várias situações:
1º – Vítima morta e o criminoso no local ou em fuga;
2º – Vítima ferida e o criminoso no local ou em fuga;
3º – Vítima morta ou ferida e o criminoso ausente.

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De acordo com a situação, deverão ser tomadas as seguintes providências:
1 – Socorro à vítima
Se houver vítima, e a vida desta correr perigo, toda assistência deverá ser proporcionada a ela,
mesmo em detrimento da fuga do criminoso, que poderá ser preso mais tarde, enquanto, para a
vítima, os minutos são preciosos. Vale salientar que só deverá ser tentado aquilo que o indivíduo tem
conhecimento pleno, evitando-se o empirismo.

2 – Prisão do criminoso
O guarda deverá, por todos os meios, impedir as ações do criminoso e deter sua fuga. No
entanto, se permanecer a dúvida entre a prisão do criminoso e o salvamento da vítima, a prioridade
será sempre o salvamento, pois o criminoso poderá ser preso mais tarde.

3 – Evacuação do local
É comum a aglomeração de curiosos, nos locais de crime, muitas vezes mexendo ou furtando
objetos da vítima. O guarda deverá, com cuidado, fazer com que todos se retirem dali.

4 – Isolamento do local
Ao chegar ao local do crime, o guarda deverá, imediatamente, isolar aquele local, visando
mantê-lo o mais próximo possível de como estava no segundo após o cometimento do crime, o que
facilitará o trabalho da polícia técnica. A imaginação deve ser usada, aproveitando-se o que estiver ao
alcance. Pode-se fechar portas, isolar com cordas, cavaletes, cadeiras, arames, tábuas, etc.

5 – Arrolamento de testemunhas
Testemunha é a pessoa que vê, ou escuta, o desenrolar do fato criminoso e pode ser
classificada em testemunha direta ou indireta. O guarda municipal deverá relacionar todos aqueles
que viram. Ouviram ou participaram do fato, anotando seus nomes, número de identidade, local de
residência ou trabalho, telefones, etc., uma vez que poderão, mais tarde, ser solicitados pela
autoridade policial para prestar esclarecimentos.

• Testemunha direta
É quando se tem percepção do fato, sem intermediários. Pode ser uma testemunha ocular ou
auricular.
Testemunha ocular – percebe o fato pela visão.
Testemunha auricular – percebe o fato pela audição.

• Testemunha indireta
É aquela que tem conhecimento do fato através de informações, do próprio criminoso ou de
outra pessoa. É também chamada testemunha oitiva.
Apesar da prova testemunhal se completar com dois depoimentos incontestáveis, é
aconselhável, ao guarda municipal, arrolar o maior número possível de testemunhas, porque muitas
vezes há pessoas que estavam no local, na hora do crime, mas não tiveram uma visão completa dos
fatos.
Vale ressaltar que o Código de Processo Penal, em seu art. 206, preceitua que “a testemunha
não pode eximir-se da obrigação de depor”.

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6 – Preservação do local
Até a chegada da Polícia Técnica (perícia), o local deverá ser mantido intacto. Para isso o
guarda deverá manter o local especialmente protegido – art. 166 do CP:
• Não permitir o trânsito em torno do lugar onde se verificou o crime;
• Não permitir que móveis, objetos e documentos do local isolado sejam tocados, trocados ou
removidos;
• Proteger os vestígios sujeitos ao desaparecimento pela ação da natureza, tais como pegadas,
manchas de sangue, etc.;
• Se houver cadáver, não permitir que se modifique a posição do mesmo (somente a polícia
técnica pode fazê-lo);
• Só permitir a entrada, no local de crime, de pessoal autorizado, normalmente os policiais
militares encarregados de redigir o registro de ocorrência – RO e policiais civis encarregados da
investigação dos fatos (peritos).

7º – Comunicação à autoridade competente


A comunicação deverá ser feita, se possível, dentro do escalão hierárquico, ao Centro de
Operações da Guarda Municipal, que acionará a Polícia Militar (190), solicitando as presenças da
autoridade policial, peritos, etc. Com a chegada da autoridade policial, o guarda se identificará ao
policial mais graduado e fornecerá todos os dados que obteve durante sua permanência no local: o
que viu e ouviu, os nomes das testemunhas e as providências que tomou.

8º – Confecção do Registro de Ocorrência – RO


Toda Guarda Municipal deve providenciar a confecção e distribuição a seus guardas, de um
Talonário de Registro de Ocorrências – TRO, documento de posse e preenchimento obrigatório a
todos os guardas que estejam de serviço e presentes em locais de ocorrências.
O TRO não tem um modelo específico, podendo ser criado e regulado de acordo com as
necessidades de cada Guarda. Seu objetivo é permitir que a Guarda Municipal tenha conhecimento
de todas as ocorrências durante o período de serviço do guarda municipal. Enquanto a ocorrência
não se encerra o guarda vai anotando os fatos e providências tomadas, em ordem cronológica, em
seu bloco de notas e, ao final, fará o preenchimento no TRO. Ao final do preenchimento, o guarda
entrará em contato via rádio ou telefone, com a central de operações e solicitará um número de
registro de ocorrência, relativo àquele fato. Ao retorno do posto de serviço, fará a entrega da
primeira via na central de operações.
Na medida em que as providências forem sendo tomadas, o guarda irá anotando, em seu bloco
de notas, todos os fatos relacionados ao ocorrido. Ao final de seu serviço, ele transcreverá todo o
ocorrido, dentro de uma sequência cronológica, as providências tomadas e as pessoas envolvidas, em
um documento conhecido por Registro de Ocorrência – RO. O registro de ocorrência “é o relato,
escrito, de todos os fatos ocorridos no posto de serviço, ou na área de responsabilidade, no período de
permanência do guarda”.
Por ser um documento reservado, vale ressaltar que o registro de ocorrência deve ser do
conhecimento, apenas, do guarda que o redigiu e do seu destinatário, normalmente o encarregado
pela Central de Operações da Guarda. A divulgação dos fatos relatados, dependendo da gravidade do
que for relatado, pode comprometer a elucidação dos fatos e até colocar em risco a segurança física
do próprio guarda. Este documento deverá ser confeccionado em duas vias, devendo, a primeira via,
ser entregue na central de operações e a segunda via do talonário, após rubricada, confirmando o
recebimento, permanecer de posse do guarda. Dependendo da quantidade de informações a ser

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prestadas, e não havendo espaço suficiente na folha do TRO, o guarda poderá confeccionar um RO
complementar, em folha a parte, anexando-o à sua folha do talonário.
É importante ressaltar que todo RO deve receber uma classificação sigilosa, e que seu
conhecimento é restrito ao guarda que o redigiu e ao destinatário.

Para confecção da ocorrência o guarda deverá tentar responder a seis (06) perguntas que são à
base do RO: o que, onde, quando, quem, como e por quê.
O QUE – Que tipo de fato aconteceu? Arrombamento, roubo, assassinato;
ONDE – Em que local o fato aconteceu? Na sala, no portão, na garagem;
QUANDO – Em que hora e dia o fato aconteceu? As 10:31h do dia 05/07/22. Se o fato
aconteceu em horário não observado, estima-se o período de acordo com as rondas efetuadas:
no período das 20:30h às 21:30h do dia 05/07/22;
QUEM – Quais as pessoas envolvidas no fato?
A vítima – José Pereira da Silva;
O ladrão – Tertuliano de tal, vulgo “Marreco”;
O assassino – Não identificado.
COMO – De que maneira o crime foi cometido? Arrombamento, agressão;
PORQUE – Quais os motivos que levaram ao crime? Matou para roubar (latrocínio), rixa antiga,
discussão de trânsito.

Na confecção de um RO, deve-se evitar que ela se torne uma novela, uma carta ou um
romance policial. O guarda deve fazer o seu relato de forma clara, precisa e concisa.
CLARA – Deve ser escrito de forma que qualquer pessoa entenda o que o guarda quer dizer. A
linguagem deve ser simples;
PRECISA – Não deve deixar margem para dúvidas, tais como: “eu acho que”, “tive a impressão
que”, etc. Só se deve relatar o que se viu, ouviu ou constatou;
CONCISA – A ocorrência não é uma carta. Deve ser escrita contendo apenas os dados
referentes ao fato, sem se estender na narração.
Para a confecção do registro de ocorrência, devemos dividi-lo em três partes específicas:
cabeçalho, parte informativa e comentários.

• Cabeçalho – São os dados de identificação do Registro de Ocorrência e deve constar: a data


de confecção (data), quem está enviando (do), a quem se destina (ao) e o assunto da ocorrência
(assunto). Se algum documento ou peça acompanhar a ocorrência, estará relacionado no último item
(anexos).
• Parte Informativa – É o relato dos fatos, tal e qual aconteceram.
• Comentários – É onde o guarda tem a liberdade de citar fatos correlatos, ou emitir opiniões
que podem ajudar na elucidação do crime.

Vale ressaltar que:


1. O RO será confeccionado pelo guarda que conduzir a ocorrência, mesmo que hajam outros
guardas envolvidos na solução do problema;
2. Se uma das testemunhas da ocorrência relatar fatos que não tenham sido presenciados
pelo guarda, este deverá especificar quem fez a declaração;
3. Se o guarda conduzir qualquer vítima para atendimento hospitalar, deverá registrar no RO
o número do boletim de atendimento, se por ventura o atendimento for realizado por socorristas do

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14 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Corpo de Bombeiros, será obrigatório registrar a numeração da ambulância, o nome do médico ou
nome de guerra e graduação do bombeiro comandante da viatura.

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15 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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RESERVADO
DATA: 01 MAI 2020
DO: GM José da Silva (mat. 156)
AO: Chefe de Operações da GM-RO
ASSUNTO: HOMICÍDIO EM VIA PÚBLICA
ANEXO (S): Uma (01) cópia xerox de carteira de identidade

PARTE INFORMATIVA

Às 22:05h, do dia 30/ABR/2020, quando me encontrava próximo ao portão de entrada


da Prefeitura Municipal de Cabuçu – PMC, localizada na avenida José de Alencar nº 300, tive
minha atenção despertada para uma discussão entre dois homens, a cerca de 50m do local, na
esquina da avenida José de Alencar e rua Tremembé.
No auge da discussão, um dos elementos sacou de uma faca e desferiu dois golpes na
região abdominal do outro, saindo, em seguida, em desabalada carreira pela rua Tremembé, em
direção à rodovia Amaral Peixoto.
A vítima, ferida, caminhou em direção à portaria desta prefeitura clamando por socorro,
vindo a cair na escada de acesso à portaria, onde verifiquei que o mesmo já havia falecido.
No local, próximo ao corpo, se encontrava uma cédula de identidade nº 123.456-7
emitida pelo Instituto Felix Pacheco – IFP/RJ, em nome de José Hetelvino da Silva, recolhida por
este guarda, que constatou tratar-se da vítima.
Tendo em vista a deficiência de iluminação local, não foi possível fazer a
identificação do agressor.
Às 22:12h, foi feito contato com o a central de operações da GMC, na pessoa do GM
Paulo Matos.
Às 23:05h, esteve no local a viatura de placa LAZ-1561, do DPO, comandada pelo Sgt
Antunes, matrícula nº 1436/PMRJ, que permaneceu no local até a chegada da viatura do Corpo
de Bombeiros.
As 03:05h, do dia 01/MAI/20 esteve no local a viatura de nº 019 do CBM/RJ, comandada
pelo Ten/BM Mário Lago, que removeu o corpo, sendo-lhe entregue a cédula de identidade da
vítima.

COMENTÁRIOS

Segundo moradores do local, a vítima, José Hetelvino da Silva, conhecido por “Ceará”, é
pedreiro e pessoa conhecida da área, íntimo de prostitutas e frequentador de casas de boemia.

RESERVADO

JORGE HELENO DE ARAÚJO


16 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
16
PROCEDIMENTOS DO GUARDA MUNICIPAL EM SITUAÇÔES DE OCORRÊNCIAS

No desempenho de suas atividades, o guarda municipal poderá se deparar com situações para
as quais não recebeu o adequado treinamento. São situações adversas, não previsíveis, e nem
sempre de origens criminosas. O agente da lei deverá, sempre, agir com iniciativa e bom senso,
avaliando a cena do evento, analisando seus riscos e possibilidades de atuação e, finalmente, após
todos esses procedimentos, atuar da forma mais adequada à cada caso, em particular. Não deve ter
medo de errar, mas deve procurar evitar o erro, buscando sempre atuar de maneira coerente e
humana. Sempre que puder solicitar auxílio, deverá fazê-lo, quer da própria instituição, quer da
Polícia Militar, até porque a segurança pública é um conjunto de ações integradas, não havendo
hegemonia nas suas ações.
No caso da ocorrência de um delito, o guarda municipal atuará, sempre, tendo em mente o que
preceitua o art. 301 do CPP – Código de Processos Penal: “qualquer do povo poderá e as autoridades
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”.
Quando uniformizado, o guarda representa as autoridades municipais, e sua responsabilidade se
estenderá por toda a área do município, atuando nos casos de crimes contra a pessoa e contra o
patrimônio.

Prisão em flagrante
Art. 302 do CPP – Considera-se em flagrante delito quem:
1. Está cometendo a infração penal;
2. Acaba de cometê-la;
3. É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
4. É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

Haverá situações em que o guarda municipal emitirá voz de prisão àquele que acaba de
cometer um delito. Ao efetuar esta voz prisão deverá, sempre, ser comandada com o criminoso em
flagrante delito. O guarda sempre atuará em nome, e como representante da lei, nunca levando o
fato para a conotação pessoal. Evitará retribuir as ofensas ou maltratar moral ou fisicamente o preso,
agindo com firmeza, equilíbrio e serenidade, e tendo em mente que será judicialmente responsável
pelas ações que vier a praticar.
O acusado é obrigado a acatar a voz de prisão, não reagir à ordem e fazer entrega ao
executante da prisão, das armas ou instrumentos que estiver em seu poder. Poderá ocorrer, em
alguns casos, a resistência do preso, à prisão, que poderá ser passiva ou agressiva.

Resistência passiva – É quando o acusado resiste à ordem de prisão, negando-se a andar,


deitando-se no solo ou agarrando-se a postes e grades. Neste caso, o guarda somente usará a força
física, necessária, para obrigá-lo a obedecer. Caso tenha dificuldades, solicitará o apoio de outros
guardas para a condução do preso por transporte suspenso.

Resistência agressiva – É quando o acusado, no ato da resistência à prisão, ameaçar ou agredir


o guarda. Este, usando moderadamente os meios necessários que dispuser, o dominará, procurando
não ultrapassar os limites da legítima defesa. Vale lembrar que a arma de fogo será sempre o último
recurso a ser utilizado e quando da utilização do bastão, deve-se, sempre, evitar atingir a cabeça do
agressor.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


17 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
17
Após deter um acusado, o guarda usará os seguintes termos:
• “O Senhor está preso em nome da lei”;
• “O senhor tem o direito de permanecer calado”;
• “Tem o direito a um advogado”;
• “Tem o direito à assistência da família”.

Para a autoridade judiciária, a prisão em flagrante delito, apresenta as seguintes vantagens:


• O indivíduo, geralmente, é mantido preso até o julgamento;
• Não deixa dúvida quanto à autoria e materialidade do crime;
• Seja qual for a sua espécie, a prisão poderá ser efetuada a qualquer hora (do dia ou da
noite), de qualquer dia, ressalvados os casos referentes à inviolabilidade do domicílio.

Os crimes de maior incidência, onde o guarda municipal poderá atuar são:

Furto
Furtar significa subtrair, para si ou outrem, coisa alheia móvel. É normalmente confundido com
o roubo, entretanto, no furto, não existe o emprego da violência. O guarda poderá ser solicitado
frente a esse fato em duas situações: Presenciando a prática do furto ou sendo solicitado após a
ocorrência do mesmo. Assim, o guarda procederá das seguintes maneiras:

Presenciando o furto
• Manter uma atenta observação sobre o comportamento ou as atitudes tomadas pelo
criminoso;
• Abordar o criminoso e dar-lhe voz de prisão;
• Imobilizar e proceder à revista do elemento;
• Informar à Central de Operações a ocorrência em andamento, solicitando o apoio
necessário;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

Solicitado após o furto


• Se houver a presença da vítima, procurar acalmá-la;
• Solicitar que a vítima relate o fato em ordem cronológica, procurando responder às
seguintes questões: o que aconteceu, em que local, em que horário, quais as pessoas
envolvidas, como o fato aconteceu;
• Anotar todas as informações prestadas pela vítima e testemunhas, se houver;
• Informar à Central de Operações a ocorrência em andamento, solicitando o apoio
necessário;
• Orientar a vítima como proceder em tal situação, informando-a da localização da delegacia
mais próxima e, se necessário, acompanhá-la;
• Havendo a localização do criminoso, e seu reconhecimento pela vítima, dar-lhe voz de
prisão;
• Imobilizar e proceder à revista do elemento, buscando caracterizar o flagrante delito;
• Sempre orientar a vítima a registrar a ocorrência na delegacia policial;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


18 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Roubo
Roubar significa subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência à pessoa. O guarda poderá ser solicitado frente a esse fato em duas situações: Presenciando
a prática do roubo ou sendo solicitado após a ocorrência dele. Assim, o guarda procederá das
seguintes maneiras:
Em caso de roubo, o guarda deverá ter sua atenção redobrada, pois, na maioria das vezes, a
vítima está ferida ou muito nervosa e quem cometeu o delito está armado ou em grupo. Neste caso,
deverão ser adotadas as seguintes providências:

Presenciando o roubo
• Tendo em vista que os roubos são praticados, em sua maioria, com emprego de armas ou
por grupos, manter atenta observação sobre o comportamento ou as atitudes tomadas pelo
criminoso;
• Informar à Central de Operações a ocorrência em andamento, solicitando o apoio
necessário da força policial;
• Havendo a possibilidade, abordar o criminoso e dar-lhe voz de prisão;
• Imobilizar e proceder à revista do elemento;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

Solicitado após o roubo


• Se houver a presença da vítima, procurar acalmá-la;
• Se a vítima estiver ferida, aplicar-lhe os primeiros socorros e encaminhá-la ao socorro
médico;
• Informar à Central de Operações a ocorrência em andamento, solicitando o apoio
necessário da força policial;
• Solicitar que a vítima relate o fato em ordem cronológica, procurando responder as
seguintes questões: o que aconteceu, em que local, em que horário, quais as pessoas
envolvidas, como o fato aconteceu;
• Anotar todas as informações prestadas pela vítima e testemunhas, se houver;
• Orientar a vítima como proceder em tal situação, informando-a da localização da delegacia
mais próxima e, se necessário, acompanhá-la;
• Havendo a localização do criminoso e seu reconhecimento pela vítima, dar-lhe voz de
prisão;
• Imobilizar e proceder à revista do elemento, buscando caracterizar o flagrante delito;
• Informar à Central de Operações a ocorrência em andamento, solicitando o apoio
necessário para condução do preso à delegacia;
• Sempre orientar a vítima a registrar a ocorrência na delegacia policial;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

APRESENTAÇÃO DO PRESO À AUTORIDADE POLICIAL

Art. 304 do CPP – Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e as
testemunhas que o acompanharem e interrogará o acusado sobre a imputação que lhe é feita,
lavrando-se auto, que será por todos assinados.

Condutor – O agente que faz a detenção, que emite a voz de prisão, será o encarregado pela
condução do preso até a delegacia policial e responsável por sua integridade física.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


19 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
19
Toda as vezes em que o guarda municipal venha a prender alguém em flagrante delito, deverá,
imediatamente, conduzi-lo à presença da autoridade policial, em cuja jurisdição ocorreu o fato
criminoso, para que possa ser lavrado o auto de prisão em flagrante, ou o termo circunstanciado,
conforme estabelece a Lei 9.099/95. Haverá casos em que o preso se negará a assinar o auto de
prisão. Para estes casos, preceitua o Art. 304 § 3º, do CPP: “Quando o acusado se recusar a assinar,
não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas,
que lhe tenham ouvido a leitura na presença do acusado, do condutor e das testemunhas”.

Testemunhas – Havendo testemunhas do fato, o agente da lei deverá convidá-las a


comparecer à delegacia para que possam depor no auto de prisão em flagrante delito. Vale lembrar o
art. 206, do CPP: “A testemunha não pode eximir-se da obrigação de depor”. Caso não haja
testemunhas, ainda assim o guarda fará a condução do preso à presença da autoridade policial. A
falta de testemunhas não prejudica a lavratura do flagrante, pois, o art. 304 § 2º, do CPP, preceitua:
“A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante, mas, nesse caso,
com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que tenham testemunhado a
apresentação do preso à autoridade”. Caso as testemunhas, por circunstâncias especiais, não
possam, naquele momento, comparecer à delegacia, o guarda anotará os seus respectivos nomes e
endereços, solicitando, ainda, que comprovem a veracidade dos dados fornecidos, com a
apresentação de documentos como identidade, carteira profissional ou funcional, certificado de
reservista etc., convidando-as a comparecer à delegacia, tão logo cessem aqueles impedimentos.

Vítimas – Sempre que se possa locomover, sem prejuízo para seu estado de saúde, a vítima
deve ser conduzida à delegacia para depor. Se, por motivo de saúde, a vítima não puder comparecer
à delegacia, a autoridade policial encaminhará pessoal para tomar seu depoimento no hospital,
quando ela estiver em condições de depor.

Objetos apreendidos – O guarda deverá entregar à autoridade policial, na presença das


testemunhas, todos os pertences apreendidos em poder do acusado – armas, instrumentos e
objetos, sempre que possível através de um documento em duas vias, que poderá ser emitido pela
Guarda Municipal ou pela própria delegacia. Esta medida tem por objetivo preservar a imagem do
guarda e evitar que seja acusado pelo possível desaparecimento de materiais apreendidos.

Outras atuações do guarda municipal

Também, sendo possuidor de conhecimentos técnicos e preparo psicológico, o guarda atuará


em situações diversas que, apesar de não serem criminosas, torna o guarda municipal a pessoa mais
adequada à resolução desses problemas. Podemos citar como exemplos: acidentes de trânsito, mal
súbito, atropelamentos, crianças perdidas, incêndios em instalações e veículos, etc.
Ao se deparar com uma ocorrência (seja ela qual for), o guarda deverá, sempre, seguir os
seguintes princípios básicos:
• Avaliar a cena e agir com segurança – se possível com vantagem numérica;
• Se, na ocorrência, houver vítima, socorrê-la aplicando as técnicas de primeiros socorros;
informar à Central de Operações da GM; e acionar o socorro médico (Corpo de Bombeiros).
Ao solicitar socorro médico, informar com precisão o local, tipo de acidente, número de
vítimas e o estado de cada uma delas;
• Evacuar, isolar e preservar o local, sempre que possível;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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• Ao conduzir qualquer dos envolvidos ao atendimento hospitalar, não esquecer de anotar o
número do Boletim de Atendimento Médico;
• Anotar todos os dados referentes à ocorrência (hora, local, testemunhas, vítima, acusado,
material usado do kit de primeiros socorros e apoio recebido), para posteriormente
preencher o TRO;
• Nas ações criminosas, sempre que possível, deter o acusado (imobilizá-lo e revistá-lo). Toda
prisão deve ser caracterizada pelo flagrante delito;
• Acionar a Polícia Militar, se necessário;
• Manter a Central de Operações sempre informada;
• Conduzir a ocorrência para a delegacia policial mais próxima, e mais tarde para a delegacia
especializada competente;
• Quando a ocorrência envolver criança, ou adolescente, em ato infracional, o fato deverá ser
imediatamente comunicado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (se
houver), ao Juizado da Infância e Juventude (se houver) ou ao Conselho Tutelar.

01. Orientação ao cidadão


O guarda, como servidor municipal, deve ser o elemento de segurança sempre pronto a prestar
as informações que lhe forem solicitadas pelo munícipe, ou por visitantes à cidade. O guarda deve
buscar conhecer a história, a geografia, a economia e a política de seu município, estando em
condições de contribuir para a boa imagem da instituição e da administração municipal. Ao ser
solicitada sua ajuda, deverá proceder da seguinte forma:
• Apresentar-se corretamente, utilizando o tratamento cordial;
• Prestar a informação solicitada da maneira mais precisa possível;
• Caso não tenha esse conhecimento, encaminhar o cidadão a quem possa orientá-lo;
• Em caso de necessidade, consultar à Central de Operações.

02. Coisa alheia achada


Apossar-se de coisa perdida por terceiros é crime, capitulado no art. 169 do Código Penal. O
guarda municipal, ao encontrar, ou a ele for encaminhada, coisa perdida deverá:
• Arrolar, se possível, duas testemunhas e realizar uma vistoria daquele material;
• Informar o fato à Central de Operações;
• Redigir um registro de ocorrência, relatando o fato e relacionando os materiais
encontrados;
• Comparecer à delegacia da área e entregar à autoridade, ou a seu substituto legal, a coisa
achada, solicitando a assinatura da 2ª via do TRO;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

03. Criança perdida ou abandonada


Menores de idade são comumente encontrados vagando pelas cidades. Na grande maioria dos
casos são crianças que enfrentam problemas familiares, rejeitados ou maltratados por pais,
padrastos ou madrastas. Também existem aqueles que são explorados por adultos, na venda de
produtos aos motoristas ou transeuntes. E por último existem os casos de crianças que realmente se
perdem dos pais. Ao se deparar com este tipo de ocorrência, o guarda deverá agir da seguinte forma:
• Deverá conversar com a criança, buscando tranquilizá-la e ganhar sua confiança;
• Tentar obter informações que possibilitem localizar seus pais ou familiares;
• Informar à Central de Operações a ocorrência em andamento, solicitando o apoio
necessário;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


21 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
21
• Não sendo possível a localização de nenhum parente, encaminhá-la ao Conselho Tutelar do
município;
• No caso de exploração por adulto (como vendendo balas ou pedindo esmolas), o maior
deverá ser detido e encaminhado à delegacia local e o menor conduzido ao Conselho
Tutelar;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

04. População de rua


O desemprego, as doenças mentais, o alcoolismo e o uso de drogas têm levado inúmeras
pessoas, e até famílias, para as ruas. Como meio de sobrevivência coletam materiais recicláveis,
mendigam, realizam pequenos furtos e até roubos, normalmente em pequenos grupos. São pessoas
sem perspectivas, porém seres humanos e nem todos são infratores, assim o tratamento deve ser
pautado no bom senso, de acordo com as atitudes tomadas pelos membros dessa população. Ao se
deparar com um desses grupos ou elemento o guarda deverá:
• Manter uma atenta observação sobre o comportamento ou as atitudes tomadas pelo
elemento;
• Informar à Central de Operações os fatos em andamento;
• Se a atitude for criminosa agir de acordo com a lei;
• Se a atitude não for criminosa, apenas causar constrangimento pela situação, solicitar apoio
do órgão responsável, da prefeitura;
• Manter uma presença ostensiva, visando desestimular ações criminosas;
• Se realizar alguma atuação, preencher o TRO no fim da mesma.

05. Deficientes físicos


Cerca de 15% da população brasileira sofre de algum tipo de deficiência. São amputações,
deformidades, cegueiras ou deficiências visuais, mudez, etc., que dificultam, mas não impedem a
inserção social dessas pessoas. O guarda municipal, num ato de solidariedade humana, tem por
obrigação estar sempre disposto a ajudar essas pessoas no que for possível. Deve, contudo, lembrar
que elas têm dificuldades, mas não são incapazes, e que uma má aproximação pode gerar uma
recusa à ajuda. Ao se deparar com este tipo de situação, o guarda deverá:
• Verificar o tipo de deficiência e a dificuldade encontrada pelo cidadão;
• Caso verifique o deficiente com alguma dificuldade, realizar a aproximação, identificar-se e
consultar a possibilidade de ajuda;
• Em caso positivo, proceder à ajuda; em caso negativo, manter o deficiente sob observação,
caso ocorra algum imprevisto;
• Caso verifique o deficiente com alguma dificuldade, o GM deverá oferecer ajuda;
• Caso venha a ocorrer algum acidente com o deficiente físico, realizar os procedimentos de
primeiros socorros e encaminhá-lo ao atendimento médico;
• Informar o acidente ao Corpo de Bombeiros e à Central de Operações;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

06. Deficientes mentais


O guarda deve estar ciente que um doente mental não responde pelos seus atos (é
inimputável) e suas reações são imprevisíveis, podendo passar da calma absoluta ao estado de
extrema agitação e violência. Agirá de acordo com o seu estado mental imaginário. Entretanto, não é
um criminoso, necessitando de um tratamento médico especializado e medicação adequada. Frente
a uma dessas ocorrências o guarda deverá proceder da seguinte forma:

JORGE HELENO DE ARAÚJO


22 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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• Manter uma atenta observação sobre o comportamento ou as atitudes tomadas pelo
elemento;
• Ao realizar o contato, usar a cautela necessária mantendo um diálogo que busque ganhar a
sua confiança;
• Informar à Central de Operações os fatos em andamento, solicitando o apoio necessário;
• Se as circunstâncias exigirem uma imediata ação, o guarda deverá utilizar os meios
necessários para conter o deficiente mental, encaminhando-o para o órgão responsável do
município;
• Se possível arrolar testemunhas que presenciaram a ação; relacionar os materiais de posse
do deficiente mental e fazer a entrega, mediante documento, no órgão para onde o
deficiente for encaminhado;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

07. Pessoas drogadas


Uma pessoa sob efeito de drogas, poderá ter as mais variadas reações, desde a apatia até
reações de extrema violência, sem que, contudo, tenha controle sobre suas atitudes. Ao se dirigir a
uma dessas pessoas o guarda deverá fazê-lo com atenção e cautela, evitando tornar-se vítima de
possível agressão. Assim, procederá da seguinte forma:
• O guarda deverá, sempre, atuar de maneira cautelosa, ostensiva e preventiva;
• Fazer uma avaliação da cena, procurando localizar outras possíveis ameaças;
• Informar à Central de Operações, que poderá enviar reforços ou solicitar o apoio da Polícia
Militar ou Corpo de Bombeiros;
• Havendo a necessidade de ação do guarda, para deter o elemento drogado, utilizar
somente a força necessária, conduzindo-o, depois de dominado, ao hospital e,
posteriormente, à delegacia policial mais próxima;
• Ao conduzir um usuário para a delegacia, nunca afirmar que o mesmo usava drogas e sim
que “o acusado apresentava sintomas semelhantes”. Somente após exame poderá se
afirmar que o acusado consumiu drogas (maconha, crack, cocaína, etc.);
• Arrolar testemunhas, relacionando todos os pertences em poder do drogado, tais como
objetos de valor e dinheiro;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

08. Pessoas alcoolizadas


Assim como o dependente químico, o alcoólatra é um doente. É uma pessoa que deposita no
álcool suas mágoas, decepções, angústias, traumas e desejos. O comportamento varia de pessoa para
pessoa, de acordo com a personalidade e com a resistência ao álcool. O comportamento pode ser de
alegria, tristeza, violência, etc., terminando, quase sempre, num estado de inconsciência e
dificuldade de manter-se de pé. Nestes casos o guarda deverá:
• Verificar o tipo de comportamento apresentado pela pessoa alcoolizada;
• Caso constate a possibilidade de diálogo, realizar a aproximação, identificar-se e consultar a
possibilidade de ajuda;
• Informar ao alcoólatra os problemas que está causando com seu comportamento e solicitar
sua colaboração;
• Não sendo atendido, informar à Central de Operações os fatos em andamento, solicitando o
apoio necessário;
• Tendo que deter a pessoa alcoolizada, agir com cautela, utilizando os meios necessários e
de forma moderada;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


23 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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• Se estiver caído, em via pública, em estado de coma alcoólica, acionar o Corpo de
Bombeiros, através da Central de Operações;
• Arrolar as testemunhas presentes ao fato e relacionar tudo o que estiver de posse, fazendo
a entrega, mediante documento, no órgão para onde o alcoólatra for encaminhado;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

09. Quedas de postes ou árvores


Circulando permanentemente pelo município, o guarda municipal, frequentemente, se
deparará com a ocorrência de vendavais e tempestades, que por sua vez poderão causar a queda de
árvores e postes de iluminação. Diante de uma dessas situações, o guarda deverá:
• Avaliar a extensão do problema gerado pela queda;
• Informar o fato à Central de Operações;
• Se, apenas, houver queda de árvore, isolar a área e solicitar o comparecimento do órgão
responsável pela retirada;
• No caso de poste com corrente elétrica, isolar e balizar a área;
• Comunicar, imediatamente, ao órgão responsável, via Central de Operações, para que a
corrente elétrica seja desativada;
• Caso haja alguma vítima, em contato com a fiação, não tocar na vítima enquanto a corrente
elétrica estiver ativa;
• Caso haja vítima, sem contato com a fiação, aplicar os primeiros socorros, solicitando a
presença do Corpo de Bombeiros;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

10. Pichações e depredações


Pichações e depredações são atos de vandalismo comuns nos grandes centros urbanos. Os
pichadores são, normalmente, menores de idade; atuam em grupos, mas não se utilizam da
violência, buscando apenas se auto proteger. São amantes do perigo e não medem esforços para
atingir seus objetivos. As depredações podem ou não envolver menores. Normalmente são
formados por grupos de jovens, atuando nos finais de semana, por efeito de álcool, drogas ou
sentimentos diversos. Suas ações estão, normalmente, direcionadas aos patrimônios público ou
privado, entretanto podem se voltar, até mesmo, contra pessoas mais fracas ou em menor número.
Frente a esses tipos de ocorrência o guarda deverá:
• Atuar sempre de maneira ostensiva, preventiva e cautelosa;
• Informar a Central de Operações que poderá enviar reforços ou solicitará o apoio das
Polícias Civil ou Militar;
• Antes de qualquer abordagem, avaliar a cena, para não se tornar vítima;
• Ao realizar uma abordagem, procurar manter superioridade numérica, procurando dominar
os infratores sem causar danos físicos para ele ou para o guarda;
• Ao efetuar a prisão (de adulto) ou apreensão (criança ou adolescente), sempre em flagrante
delito, o guarda deverá encaminhar o maior de idade para a delegacia da área e a criança
ou adolescente para o órgão responsável do município;
• Sempre proceder a revista nos detidos, uma vez que podem portar armas para se proteger.
Não lhes dê a oportunidade;
• Todos os materiais e produtos apreendidos deverão ser apresentados à autoridade policial;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


24 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
24
11. Violação ao Código de Trânsito Brasileiro – CTB
O cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro é da responsabilidade de todo servidor
público, uma vez que seu descumprimento coloca em risco a vida do condutor do veículo e das
pessoas a sua volta. Assim, o guarda municipal, mesmo não sendo operador de trânsito, mas ao se
deparar com qualquer violação do Código, deverá proceder da seguinte maneira:
• De forma educada, alertar ao condutor do veículo, da infração que está cometendo e
solicitar que proceda conforme o Código de Trânsito Brasileiro;
• Em caso de recusa, o guarda anotará os dados sobre o veículo (marca, modelo, cor, placa), o
local onde a infração foi cometida (rua, número, bairro), a data hora e o tipo de infração
cometida;
• Informará à Central de Operações as infrações cometidas e os dados do infrator,
confirmando ainda a presença ou ausência do veículo no local. Estes dados permitirão à
Central de Operações acionar a Secretaria Municipal de Trânsito para as medidas cabíveis.

12. Acidentes de trânsito


São comuns os acidentes de trânsito, com ou sem vítimas. Normalmente, somente uma das
partes é inocente, entretanto, as duas partes alegarão inocência. O guarda deverá agir com a razão e
imparcialidade, excluindo, sempre, o lado emocional.

Acidente de trânsito sem vítima


• Informar o acidente à Central de Operações;
• Balizar o trânsito, evitando a ocorrência de engarrafamentos ou de novos acidentes;
• Agir com equilíbrio e firmeza, evitando quer os envolvidos cheguem às vias de fato;
• Anotar todos os dados dos veículos e das pessoas envolvidas no acidente, tais como nomes,
identidades, carteiras de habilitação, endereços, características dos veículos e números das
placas, etc.;
• Se a posição dos veículos estiver interferindo na fluidez do tráfego, o guarda, quando
habilitado, deverá desfazer o local, conscientizando os envolvidos da necessidade da ação,
para que o trânsito possa fluir normalmente, ou prevenindo a ocorrência de novos
acidentes;
• Quando não houver vítima, o acerto de pagamento poderá ser acordado entre as partes
envolvidas e o acordo relatado no TRO;
• Nos casos de seguro, os motoristas necessitarão do Boletim de Registro de Acidente de
Trânsito – BRAT. Neste caso, solicitar a presença de um operador de trânsito;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

Acidente de trânsito com vítima


• Informar o acidente ao Corpo de Bombeiros e à Central de Operações;
• Nos acidentes com vítima, os veículos envolvidos não poderão ser retirados do local até a
confecção do BRAT (é obrigatório), pelo agente de trânsito responsável;
• Vítimas de acidentes automobilísticos podem sofrer traumas que serão agravados se
atendidos de maneira incorreta. Nestes casos, o guarda não permitirá a remoção da vítima,
até a chegada do socorro especializado;
• O guarda deverá balizar o trânsito, em apoio às ações do Corpo de Bombeiros, evitando a
ocorrência de novos acidentes;
• Sempre que possível, colher testemunhas, recolher e relacionar documentos dos
envolvidos, entregando-os à autoridade policial ou agente de trânsito;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


25 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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• Cuidar dos pertences das vítimas e só entregá-los mediante apresentação formal à
autoridade policial, por escrito;
• Havendo a presença de familiares, depois de identificados, a elas poderá ser entregue os
pertences das vítimas;
• Nos acidentes com vítimas fatais, o local só poderá ser desfeito após a realização da perícia;
• Anotar todos os dados e ao final da ocorrência, preencher o TRO.

13. Animais na pista


A presença de animais, nas pistas de rolamento, tem sido causa de muitos acidentes, inclusive
fatais, para motoristas de pequenos veículos de passeio ou motociclistas. Se o animal estiver vivo
e/ou em movimento, o guarda deverá, por todos os meios, retirá-lo da pista de rolamento, procurar
prendê-lo e providenciar seu recolhimento, pelo órgão responsável da prefeitura.
Se o animal estiver morto, normalmente por atropelamento, o guarda deverá balizar o local
para que nenhum veículo venha a colidir com ele; entrar em contato com a Central de Operações e
solicitar o órgão responsável pela remoção. Vale salientar que o guarda não se ausentará do
balizamento até que o cadáver do animal tenha sido removido.

14. Incêndios
Estando em permanente circulação pelas vias do município, o guarda municipal poderá se
deparar com situações de incêndios em instalações (residenciais, comerciais, industriais), em áreas
de mata ou em veículos. Para os prédios públicos, o guarda deverá agir de acordo com o estabelecido
no plano geral de segurança daquela instalação, entretanto, nos casos particulares, deverá agir com
iniciativa e bom senso, de acordo com cada caso.

Incêndio em prédio
• Procurar tomar conhecimento do tipo de incêndio, área afetada, proporções do fogo e
possíveis vítimas;
• Repassar essas informações ao Corpo de Bombeiros e à Central de Operações.
• Não havendo equipe de brigadistas na instalação, colaborar com a evacuação e com o início
do combate ao foco de incêndio;
• Havendo equipe que esteja combatendo o incêndio, após a evacuação do local, manter o
isolamento da área da instalação, evitando a presença de curiosos e aproveitadores;
• Se o incêndio for debelado antes da chegada dos bombeiros, entrar em contato com o
mesmo e informar o fato;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

Incêndio em veículo
• Se o incêndio estiver em fase inicial, tentar conter o fogo com o auxílio de extintores;
• Se não houver possibilidade de combate ao fogo, isolar a área;
• Informar o fato ao Corpo de Bombeiros e à Central de Operações, atentando para o local,
tipo de veículo, possíveis vítimas, etc.;
• Balizar o trânsito até a chegada dos bombeiros;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

Incêndio em vegetação
• Procurar tomar conhecimento do tipo de incêndio, área afetada, proporções do fogo e
possíveis vítimas;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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• Repassar essas informações ao Corpo de Bombeiros e à Central de Operações;
• Se possível, fazer o primeiro combate com o material disponível;
• Ter cuidado para não ser envolvido pelas chamas;
• Em caso do fogo avançar para as residências, retirar a população;
• Havendo equipe que esteja combatendo o incêndio, após a evacuação do local, manter o
isolamento da área da instalação, evitando a presença de curiosos e aproveitadores;
• Se o incêndio for debelado antes da chegada dos bombeiros, entrar em contato com o
mesmo e informar o fato;
• Anotar todos os dados e, ao final da ocorrência, preencher o TRO.

15. Ocorrências com menores que cometem ato infracional


A presença ostensiva e preventiva do guarda municipal muito contribuirá para desestimular as
ações de menores infratores. Normalmente, os menores de idade (criança – até 11 anos, adolescente
– de 12 a 18 anos) cometem infrações de pequeno poder ofensivo, entretanto se não houver uma
firme ação do poder público, estes menores, incentivados pela impunidade, poderão partir para
ações mais ousadas, e até mais violentas. A permanente presença do guarda, nos locais de maior
incidência com este tipo de problemas, evitará que muitas infrações sejam cometidas, mas, se
mesmo assim, isso venha a acontecer, os infratores deverão ser apreendidos e encaminhados ao
órgão responsável existente em seu município. Vale lembrar que um menor só pode ser apreendido
estando em flagrante delito, no cometimento de ato infracional. Nesse caso, o guarda deverá agir da
seguinte forma:
• O guarda deverá, sempre, atuar de maneira ostensiva, preventiva e cautelosa;
• Informar à Central de Operações que poderá enviar reforços ou solicitará o apoio dos
órgãos especializados ou das Polícias Civil ou Militar;
• Ao realizar uma abordagem, procurar manter superioridade numérica, procurando dominar
o infrator sem causar danos físicos para ele ou para o guarda;
• Só imobilizar o menor ou o adolescente caso esteja colocando em perigo sua própria
segurança ou a de terceiros;
• Sempre proceder à revista no detido. Menores e adolescentes podem portar armas e matar
como se fossem adultos. Não lhes dê a oportunidade;
• Sempre conduzir o menor infrator para o órgão especializado de seu município, o mais
breve possível;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

16. Tráfico e consumo de drogas


Tráfico e consumo de drogas entorpecentes devem sempre ser vistos sob aspectos distintos. O
traficante é um criminoso, sem escrúpulos, que não mede esforços para aumentar a quantidade de
clientes. O usuário, ou dependente, é uma vítima, que na maioria das vezes perdeu o amor-próprio, a
expectativa de um mundo melhor, achando que só as drogas podem ajudá-lo a enfrentar seus
problemas ou trazer-lhe alegrias. Dominado pelo vício não pede esforços para consegui-la, podendo
vender o próprio corpo, na prostituição, realizar pequenos furtos caseiros e até mesmo partir para
ações de maior potencial ofensivo. A venda de drogas é normalmente realizada em locais seguros
para os traficantes (bocas), mas também pode ser realizada em praças públicas, pontos de táxis e,
principalmente, nas portas de escolas, O consumo, normalmente, ocorre em locais ermos (praças,
praias, campos de futebol), também podendo ser realizado por grupos em festas, bailes,
apresentações, etc., onde muitas vezes se experimenta a droga pela primeira vez. Entender estas

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realidades e saber conduzir, de forma diferenciada, os problemas do usuário ou do traficante, será o
primeiro passo para a solução desse câncer social.

Frente a uma dessas realidades o guarda deverá:


• Sempre, atuar de maneira cautelosa, ostensiva e preventiva;
• Ao se deparar com consumidores de drogas, fazer uma avaliação da cena, procurando
localizar possíveis distribuidores e seguranças;
• Informar à Central de Operações que poderá enviar reforços ou solicitar o apoio das Polícias
Civil ou Militar;
• Localizando um ponto de distribuição de drogas, obter todas as informações possíveis:
localização, nº de distribuidores, segurança, público-alvo, horário de funcionamento,
número de clientes, etc., repassando à Central de Operações e, posteriormente, à polícia,
através do registro de ocorrência;
• Ao conduzir um usuário para a delegacia, nunca afirmar que o mesmo usava ou conduzia
drogas. O acusado apresentava sintomas semelhantes ou, foram encontrados produtos
suspeitos com o acusado. Somente após exame específico se poderá afirmar que o acusado
consumiu drogas ou, se determinado produto é, de fato, droga (maconha, crack, cocaína,
etc.);
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

17. Encontro de cadáver


O aparecimento de um cadáver poderá ser resultado de causas diversas: assassinato,
atropelamento, suicídio, afogamento, mal súbito, etc. A preocupação do guarda deverá estar
direcionada para a preservação do local e a posição do corpo, de modos que todos os vestígios sejam
preservados e a perícia possa trabalhar com um local ou situação idônea. Neste tipo de ocorrência, o
guarda procederá da seguinte forma:
• Evacuar e isolar o local onde foi encontrado o cadáver, até a chegada da perícia;
• Informar o fato à Central de Operações e à Polícia Militar;
• Providenciar a cobertura do cadáver, diminuindo a curiosidade;
• Permanecer no local até a retirada do cadáver, anotando nomes e funções dos policiais
envolvidos no caso, ou até a ordem para abandonar o local;
• Ao final da ocorrência, preencher o TRO.

18. Ocorrências envolvendo parlamentares


O guarda municipal, no desempenho de suas atividades, poderá atender ou ser solicitado à
ocorrência em que estejam envolvidas pessoas do poder legislativo, nos seus diversos níveis. Aos
senadores e deputados federais são asseguradas as imunidades parlamentares, em todo o território
nacional. Aos deputados estaduais é assegurada a imunidade parlamentar, apenas na unidade da
federação onde cumprem seus mandatos, enquanto os vereadores não fazem jus às imunidades.
Também é importante salientar que senadores e deputados só podem ser presos quando em
flagrante delito do cometimento de crimes inafiançáveis ou que estejam previstos na Lei de
Segurança Nacional. Estando presente a uma ocorrência em que haja envolvimento de
parlamentares, o guarda deverá:
• Identificar todos os envolvidos, inclusive o parlamentar, anotando seus dados de
identificação e cargo que representa;
• Do mesmo modo, arrolar as testemunhas;

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• Imediatamente, comunicar o fato à Central de Operações que acionará a Delegacia de
Polícia Civil da área;
• Preencher o TRO e informar o fato, através registro de ocorrência.

Técnicas de entrevista

Após a ocorrência de um fato qualquer, na instalação protegida, o vigilante deverá buscar


dados que possam compor seu Registro de Ocorrência. Para isso, muitas vezes, recorrerá às pessoas
que se encontravam no local, no momento da ocorrência, e que poderão contribuir com informações
valiosas para a elucidação do fato. Obviamente que muitos têm receio de prestar informações, até
mesmo para resguardar a sua própria segurança, assim, para obter os dados que busca o guarda deve
conhecer as técnicas básicas de entrevista.
Podemos conceituar entrevista como “uma conversação planejada, com objetivos definidos”.
É importante lembrar que nenhuma entrevista pode ser realizada sem que antes seja
elaborado um roteiro de perguntas sobre o que se busca. Entretanto, deve-se ter em mente que
pouco, ou nada, conhecemos daquela pessoa a quem iremos entrevistar. Assim aconselha-se seguir o
seguinte roteiro:
• Aproximação – É o ato do guarda se aproximar da pessoa a quem vá entrevistar. Poderá,
por exemplo, identificar-se: “Bom dia, meu nome é José da Silva, sou o guarda municipal
responsável por este setor”.

• Ataque aos pontos fortes – Significa buscar a simpatia do entrevistado, em coisas que lhe
seja do agrado. Por exemplo: ao ver o entrevistado com uma camisa de determinado time
de futebol, tecer um comentário positivo sobre a atuação do clube no campeonato, mesmo
não sendo torcedor.

• Ataque ao objetivo – É fazer a pergunta que se deseja, sem deixar dúvidas. Muitas vezes,
antes da pergunta principal, pode-se realizar outras perguntas que conduzam o
entrevistado a responder a pergunta desejada, muitas vezes sem que ele consiga fugir dela.

• Dispensa – É a parte final da entrevista, onde o guarda agradece a colaboração prestada


pelo munícipe, fazendo-o sentir-se útil por ter contribuído para algo de grande importância.

Deve-se ter em mente que para cada entrevista haverá procedimentos diferenciados. Uma
entrevista investigativa, por exemplo, quando se busca confirmar uma suspeita, é mais demorada:
primeiro busca-se um entrevistado, que conheça a pessoa a ser investigada; estudam-se os seus
hábitos, para uma aproximação perfeita; as perguntas não terão uma sequência lógica, para não
despertar suspeitas, etc.. Já em um roubo, com vítimas, os entrevistados serão todos aqueles que se
encontravam no local da ocorrência, no momento do fato. O roteiro técnico deverá ser seguido,
entretanto, atentando-se para o emocional, já que muitos estarão em estado de choque. As
informações deverão ser obtidas na maior brevidade já que devem constar do Registro de
Ocorrência, a ser apresentado à autoridade policial.
Uma entrevista bem realizada permite coletar dados de relevante valor. Ela servirá para a
transmissão de orientações para o serviço; para a escrituração de um Boletim de Ocorrência – BO; e
até para a composição de um retrato falado, onde se necessite reconhecer um criminoso.
Basicamente ela buscará as seguintes respostas: o que aconteceu, em que local, em que data e hora,
quais as pessoas envolvidas, como ocorreu o fato e, que motivos levaram a ocorrência do fato.

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SITUAÇÕES DE CRISE

Conceito
Podemos conceituar crise como sendo “uma situação crucial, que exige dos órgãos de
segurança pública (polícia) uma resposta especial e que tenha por objetivo final assegurar uma
solução aceitável” (FBI). Ela é caracterizada por quatro fatores distintos: ocorre de forma
imprevisível; causa ameaça à vida; a sua resolução está comprimida no tempo; e necessita de
procedimentos organizacionais não rotineiros, que permitam um planejamento e uma execução sob
considerações legais especiais.
Uma crise pode ocorrer nos mais diversos locais, onde pode haver um guarda municipal em
serviço: em uma loja comercial, em uma residência, no interior de um ônibus, em agência bancária,
etc.. Assim, todo profissional de segurança pública deve possuir os conhecimentos mínimos de
situações de crise e como proceder, quando de sua ocorrência.

Gerenciamento de crise – “é o processo de identificar, obter e aplicar os recursos necessários à


resolução de uma crise” (FBI). O gerenciamento de uma crise tem dois objetivos: salvar vidas e aplicar
a lei. Durante o gerenciamento de uma crise, para qualquer tomada de decisão, deverão ser
observados, rigorosamente, os seguintes critérios:
• Necessidade – Qualquer ação planejada, pelos organismos policiais, somente deverá ser
aplicada quando sua realização for indispensável;
• Validade do risco – Toda e qualquer ação a ser realizada, tem que levar em conta se os
riscos serão compensados pelos resultados a serem obtidos;
• Aceitabilidade – Significa dizer que todas as ações devem ter um amparo legal, moral e
ético (dentro da lei, da moral e dos direitos humanos).

Medidas de resposta imediata


Quando da ocorrência de uma crise, com ou sem reféns, a tendência natural do homem de
segurança, seja ele vigilante ou policial, é tentar enfrentar e solucionar a crise. A mídia tem mostrado
que, na maioria das vezes, estas ações precipitadas, e as vezes amadoras, têm desfechos trágicos,
tanto podendo atingir os reféns como os próprios agentes de segurança.
Ocorrendo uma crise, o vigilante deverá coletar a maior quantidade possível de informações
sobre os fatos: número de criminosos e reféns, localização, tipo de armamento, estado emocional de
criminosos e reféns, etc.. Após a coleta dessas informações, procurará isolar a área da crise e
contatar com a autoridade policial, que destacará, para o local, um grupo especial de gerenciamento
de crise. Ao chegar ao local, o responsável pelo gerenciamento da crise poderá adotar as seguintes
medidas:
1. Isolar – Definir claramente os perímetros de segurança, só permitindo que ali estejam as
pessoas envolvidas na solução da crise;
2. Negociar – Estabelecer um elo de comunicação com os causadores da crise e tentar uma
solução “amigável” para as partes, sem o emprego da força;
3. Retomar – Finalizar a crise, utilizando a força, através dos grupos táticos de assalto. Será a
última opção e só ocorrerá quando a vida dos reféns estiver em risco ou a negociação se
mostrar ineficaz.
Numa crise o guarda poderá se deparar com os seguintes tomadores de reféns:

Terroristas – São pessoas fanatizadas por determinada ideologia e que são capazes de
sacrificar a própria vida, e dos reféns, para o êxito de sua missão. Os atentados às torres gêmeas, em

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New York/USA, em 11 de setembro de 2001, são exemplos marcantes. Normalmente, os ataques
terroristas têm por objetivos:
• Demonstrar ao público a ineficiência dos mecanismos de proteção social do governo local;
• Obrigar às autoridades governamentais a tomarem medidas que podem afetar
significativamente parcelas da população;
• Fazer com que suas ações tenham repercussão imediata através da mídia.

Criminosos comuns – Normalmente, delinquentes surpreendidos durante o cometimento de


um crime e, que tendo sua fuga frustrada pela ação policial, utilizam-se de reféns como escudo, quer
em residências, lojas comerciais, agências bancárias, etc. Em geral buscam:
• Assegurar sua própria integridade física, temendo uma ação policial;
• Conseguir novas e maiores vantagens que facilite sua fuga com segurança.

Pessoas com problemas psiquiátrico ou psicológico – Paranoicos esquizofrênicos, maníacos


depressivos, psicopatas ou portadores de personalidade desajustada podem fazer reféns em
momentos de perturbação mental. Por estarem mentalmente perturbados podem apresentar os
seguintes comportamentos:
• Alguns, buscam corrigir algo que percebem estar errado;
• Muitos, acreditam estar realizando algo de grande importância;
• Outros, chegam a imaginar estar realizando uma missão sagrada.

Perímetros de segurança
Ocorrendo uma crise, é de fundamental importância que a área seja isolada, estabelecendo-se
perímetros de segurança, que permitirá aos organismos policiais especializados gerenciar a referida
crise, buscando uma solução aceitável. Estes perímetros serão assim estabelecidos:
• Ponto crítico – É o local onde, somente, devem permanecer os causadores da crise e reféns;
• Perímetro interno – É o espaço que circunda o ponto crítico, formando uma zona estéril, e
onde permanecerão os policiais especialmente designados;
• Perímetro externo – è o espaço do cordão de isolamento destinado a formar uma zona
tampão entre o perímetro interno e o público. Neste perímetro serão instalados o Posto de
Comando – PC, das operações e o comando do Grupo Tático de Assalto – GTA. A mídia e o
público devem permanecer fora desse perímetro.

Perímetro interno

Zona estéril

Ponto crítico

Forças de segurança
Perímetro externo

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Classificação dos graus de risco
Para cada crise será estabelecido um grau de risco, para onde serão designados profissionais
especializados e equipamentos apropriados a solução da crise. Esta classificação será assim
estabelecida:

CLASSIFICAÇÃO TIPO EXEMPLO


ALTO Assalto a banco, por um ou dois criminosos, armados de
1º Grau
RISCO armas curtas, sem reféns.
Assalto a banco por dois ou mais criminosos, armados
ALTÍSSIMO
2º Grau com armas automáticas, mantendo três ou quatro
RISCO
reféns.
AMEAÇA Terroristas, armados com armas automáticas, mantendo
3º Grau
EXTRAORDINÁRIA reféns a bordo de aeronave.
Indivíduo, de pose de recipiente afirmando que seu
AMEAÇA
4º Grau conteúdo é radioativo, de alto poder destrutivo ou letal
EXÓGENA
e, por qualquer motivo, ameaçando à população.

O que se pode esperar de um refém


Pode acontecer do próprio guarda municipal vir a se tornar um refém, em uma crise. Como o
ser humano é único, cada indivíduo pode apresentar reações diferentes durante e depois de ser
capturado, tais como:

Na captura Após a liberação


. Dilema de reagir ou não . Desorientação
. Sentimento de abandono . Depressão
. Fadiga
. Confusão mental

Síndrome de Estocolmo
É uma perturbação psicológica, detectada em inúmeras vítimas de crise, algumas das quais
tendo sofrido violências durante sua permanência no cativeiro, por parte dos seus algozes, mas que,
independentemente disto, passam a olhá-los com simpatia. É um mecanismo de tolerância, tão
involuntário como respirar e ocorre em decorrência da fadiga e do stress, passando a ocorrer uma
inteiração entre sequestradores e reféns. O primeiro caso, conhecido, aconteceu em Estocolmo, na
Suécia, quando, um criminoso, armado, entrou no Banco de Crédito de Estocolmo e tentou praticar
um roubo. Com a chegada da polícia, o assaltante tomou três mulheres e um homem, como reféns, e
entrou com eles na caixa-forte do banco, exigindo da polícia que trouxesse ao local um antigo
companheiro, que se encontrava preso.
Atendido nessa exigência, o assaltante e seu companheiro, mantiveram os reféns em seu poder
durante seis dias, no interior da caixa-forte, tendo, ao final desse tempo, se entregado sem
resistência.
Ao saírem do banco, os quatro reféns usaram seus próprios corpos como escudos para
proteger os dois criminosos d qualquer tiro das forças policiais, ao mesmo tempo em que pediram
aos policiais para não atirar.
Em geral, os efeitos da síndrome de Estocolmo são percebidos através dos sentimentos
demonstrados pelas vítimas por seus sequestradores. Esses sentimentos são: de profunda amizade,
de paternalismo, de exacerbada proteção e, até, de amor e simpatia.

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Conclusão
Em uma situação de crise, os tomadores de reféns, como vimos podem ser terroristas,
criminosos comuns e até mesmo pessoas com desequilíbrio emocional ou mental. Com a mesma
certeza que somente policiais especializados estão habilitados a lidar com este tipo de situação,
afirmamos que o guarda municipal não tem competência legal para tomar nenhuma iniciativa
operacional, com o objetivo de solucionar a crise. Ocorrida a crise, feitos reféns, somente caberá ao
guarda municipal: evacuar e isolar a área da crise; comunicar a ocorrência à Central de Operações;
captar todas as informações que estiverem a seu alcance e repassá-las à autoridade policial, quando
de sua chegada; e contribuir para a manutenção do isolamento da área, no que estiver ao seu
alcance.
BUSCA E APREENSÃO

Têm sido observados, em algumas instituições de segurança, conflitos didáticos, em algumas


definições relacionadas à busca e apreensão. Entendendo que as Guardas Municipais devam buscar
uma padronização, também didática, foram buscadas, em forças de segurança de diversas origens,
definições lógicas e de fácil compreensão a todos os guardas.
Assim, de forma coerente, podemos afirmar que, quando observamos uma pessoa, e nela
procuramos algo suspeito, o que procuramos pode estar escondido nas suas vestes, em seu corpo, na
sua bolsa ou no seu veículo. Para efeito didático, podemos convencionar que: Revista “é a procura de
algo suspeito no corpo de uma pessoa, nas suas vestes ou nos seus pertences pessoais próximos”
(bolsas ou capangas). Busca “é a procura de algo suspeito no interior de uma instalação ou de um
veículo”.
A revista poderá, ao ser realizada, de acordo com as necessidades, ser classificada de quatro
maneiras:

• Revista simples
É aquela em que o guarda municipal apenas observa as pessoas que passam por seu setor de
responsabilidade, à procura de algo anormal. É o trabalho do dia-a-dia do guarda.

• Revista rápida
É a procura de algo suspeito, olhando-se superficialmente o interior de volumes pessoais ou
apalpando-se levemente as vestes do indivíduo suspeito. É comumente realizada, na entrada de
estádios e clubes, para se evitar a entrada de armas ou materiais escondidos sob as vestes.
Nos prédios públicos, onde haja determinação para tal revista, e para evitar constrangimentos,
pode-se substituir a apalpação pelo uso de detectores de metais. Também poderá ser realizada, em
um suspeito que adentre a uma instalação municipal, fora do horário normal e por locais não
permitidos, e em que se caracterize uma invasão. A postura neste caso será diferente da adotada por
aquele que se encontra em uma portaria e em horário de atendimento público.
O guarda municipal também poderá realizar este tipo de revista ao abordar pessoas
encontradas em atitudes suspeitas, ou em locais e horários fora do comum. Vale lembrar que
constitui crime de constrangimento apalpar pessoas de sexo oposto, sendo necessária a presença da
guarda feminina para estes casos. Da mesma forma enquadra-se a revista de bolsas que podem
conter objetos íntimos, de uso pessoal feminino (calcinhas, absorventes, objetos de uso sexual, etc.).

• Revista circunstanciada
É a procura, mais rigorosa, nos volumes pessoais e vestes do indivíduo suspeito. Nesta fase,
pode-se despejar o conteúdo dos volumes sobre a mesa ou veículo, vistoriar roupas (conteúdo dos

JORGE HELENO DE ARAÚJO


33 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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bolsos) e calçados. Será realizada em casos de flagrante delito ou fundada suspeita, normalmente,
quando se procura pequenos objetos furtados ou drogas. A procura, no entanto, será realizada,
preferencialmente, em local reservado, longe das vistas do público e com a presença de
testemunhas. Vale salientar que, em casos de fundada suspeita, ou seja, em que não haja a certeza
da posse do produto de furto, e o suspeito se negar a participar da revista, o mesmo deverá ser
conduzido à delegacia, que procederá nos trâmites da lei.
Ressalte-se que o guarda municipal, assim como o policial, não pode introduzir as mãos nos
bolsos e bolsas de uma pessoa que esteja sendo revistada. Deve determinar que abra a bolsa e que
retire o que tem dentro, mas nunca introduzir a mão. Num flagrante de drogas, por exemplo, o
suspeito poderá alegar que o guarda colocou a droga quando introduzia a mão na bolsa.

• Revista completa
É aquela em que o suspeito permanece sem as vestes e a procura pode ocorrer, inclusive, nas
suas cavidades corporais (boca, ânus e vagina). Só será realizada em casos de alto risco à segurança e
normalmente acompanhada por membro dos organismos policiais. É utilizada nos organismos
prisionais (presídios e carceragens), ou quando se suspeita da entrada de armas, drogas ou aparelhos
celulares para detentos.
Na crônica policial do dia a dia tem-se conhecimento de fatos absurdos como despir suspeitos
em via pública. Tais situações, além de constrangedoras, são criminosas. Não existe justificativa para
este tipo de procedimento, e sim abuso de poder e atentado ao pudor. Se, em última instância,
houver a necessidade desse tipo de revista, o suspeito deverá ser conduzido à delegacia e entregue à
autoridade policial, que procederá dentro dos princípios da legalidade e da dignidade humana.

Busca
Quando um veículo entra, ou sai, de uma determinada instalação municipal, ou quando se
aborda um veículo em atitude suspeita e o guarda faz a observação no interior desses veículos, ele
está realizando uma busca. Para que essa busca seja realizada, é necessário que o veículo esteja com
o motor desligado e o motorista fora do mesmo, observado por um segundo guarda, que fará a
cobertura de quem realiza a busca.
A busca poderá, ao ser realizada, dependendo das necessidades, ser classificada de duas
maneiras: ligeira ou minuciosa.

• Busca ligeira
É aquela em que o guarda, na entrada ou saída de veículos, observa: o motor, o porta-malas, o
porta-luvas, os bancos e sob eles, os tapetes e sob os mesmos.

• Busca minuciosa
É aquela em que a procura não tem limites, podendo ir aos mínimos detalhes e será realizada
em casos de altíssimo risco à segurança, sendo realizada pelos organismos policiais e, normalmente,
acompanhadas de um mandado de busca.

Abordagem de suspeitos
A abordagem de um suspeito poderá ser realizada das mais diversas formas, em diferentes
horários e locais, que variam para cada caso, como por exemplo:
• Um elemento suspeito, num prédio público;
• Um elemento suspeito, à noite, em área proibida;
• Um elemento suspeito em local público.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


34 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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No primeiro caso, um suspeito, no interior de um prédio público. O ideal será retirar o
elemento suspeito, sem que as demais pessoas percebam, ou entrem em pânico, conduzindo-o até
local reservado, onde ele será revistado. Neste caso o guarda será duro, porém educado. Estará em
condições de reagir a um ataque, porém sempre coberto por um segundo guarda.
No segundo caso, um suspeito, à noite, na área interna de uma instalação municipal. O guarda
abordará o suspeito, comandando mãos na nuca. Sozinho, ou com a cobertura de outro guarda,
conduzirá o suspeito para local claro e protegido, onde realizará a revista do suspeito, na procura de
armas e outros objetos.

No terceiro caso, um suspeito em local público. Se o guarda portar armas, esta será a última
opção de uso, assim mesmo se o suspeito representar perigo para o guarda ou para terceiros.
Sozinho, ou com a cobertura de outro guarda, dominará e realizará a revista do suspeito, na procura
de armas e outros objetos.

Revista em suspeito detido


A revista ocorrerá de acordo com a situação que se apresentar. Nos
três casos apresentados anteriormente, observamos que, para cada caso,
o guarda deverá adotar um procedimento particular. Cabe salientar,
contudo, que quando existirem dois guardas somente um procederá a
revista, de mãos livres, enquanto o segundo lhe dará a cobertura
necessária.
Caso ocorra ao guarda perceber um suspeito, de posse de uma
arma, ou sentir-se em situação de perigo, procurará deter o suspeito, de
arma em punho ou no coldre (em condições de uso), conduzindo-o ao
local mais adequado para a revista, e que poderá ser realizada das
seguintes formas: de pé, sem apoio; de pé, na parede; ajoelhado e;
deitado.

De pé, sem apoio


O guarda comandará mãos na cabeça e pernas abertas, fazendo a
aproximação pela retaguarda do suspeito.
Caso esteja coberto por outro guarda não haverá a necessidade
de empunhar a arma para a revista. No caso de estar só, a arma, ou
bastão, estará a altura da cintura e com a mão esquerda segurará no
ombro esquerdo do suspeito. Com o pé direto baterá os tornozelos do
suspeito, fazendo com que o mesmo fique com as pernas bem abertas e
em situação de desequilíbrio. A perna esquerda estará entre as pernas
do suspeito e a revista será realizada com a mão esquerda. Caso
necessite revistar tornozelos e meias, mandar o suspeito ficar de
joelhos ou se deitar.

De pé, na parede
O guarda comandará mãos na cabeça e conduzirá, à sua frente, o suspeito até um local claro,
protegido e com parede.
Na parede, comandará mãos ao alto, em cruz, pernas abertas numa distância de
aproximadamente 90cm da parede e com a cabeça encostada na parede.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


35 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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A arma, ou bastão, estará empunhado a altura da cintura, se o guarda estiver só. Se estiver em
dupla (coberto), a arma permanecerá no coldre.
Ao efetuar a revista do lado direito, o guarda colocará o pé esquerdo do lado interno e junto ao
pé direito do suspeito, em condições de aplicar-lhe um passa pé, caso haja a tentativa de reação.
Procedimento inverso tomará quando proceder à revista do lado esquerdo do corpo.

Ajoelhado
A revista realizada com o suspeito ajoelhado é muito utilizada nas operações militares,
comprovando ser eficiente quando se necessita revistar um elemento de maior compleição física.
O guarda, tendo o suspeito sob sua visão, comandará mãos na cabeça, e em direção a tal
ponto. No ponto de revista comandará alto, e que se ajoelhe, pernas juntas, braços recolhidos sobre
a cabeça, com dedos entrelaçados.

Deitado
A revista realizada com o suspeito deitado foi muito utilizada na guerra do Vietnã,
comprovando ser eficiente quando se necessita revistar mais de um suspeito.
O guarda, tendo os suspeitos sob sua visão, comandará mãos na cabeça, em coluna e em tal
direção. No ponto de revista comandará alto, e que se deitem, um a um, pernas cerradas, braços
estendidos à frente da cabeça, em fila e, com a cabeça junto aos pés do elemento à sua frente.
A revista começará pelo último suspeito que, depois de revistado, passará para frente, e assim
sucessivamente.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


36 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
36

Condução de detidos
Após a detenção e revista de um suspeito, ou mesmo a prisão de um criminoso, o guarda
deverá:
1. Contatar a Central de Operações e informar o ocorrido, solicitando o apoio necessário;
2. Contatar o Centro de Operações da PM (tel. 190) e solicitar o apoio policial;
3. Manter o suspeito deitado e sob mira (se necessário), até a chegada da polícia;
4. Fazer a entrega do suspeito à polícia, relatando o fato;
5. Preencher o TRO.

O uso de algemas
A algema é o principal instrumento de imobilização do agente de segurança pública, contudo,
sua venda e uso não estão, ainda, regulamentados. A Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal, em seu
art. 199, estabelece que “o emprego de algemas será disciplinado por decreto federal”,
regulamentação esta que não foi estabelecida, até o momento.
Ela é o símbolo universal de polícia, existindo três modelos básicos: algema de pulso, algema de
dedos e algema de pés, esta última ainda pouco conhecida e não fabricada no Brasil. Nos últimos
anos, seguindo o modelo norte-americano, aparece também a algema de nylon, a ser comentada.
No Direito Internacional, o item 33, das Regras Mínimas para Tratamento com Reclusos,
adotada pela ONU, em 30/08/1955, estabelece que as algemas não poderão ser utilizadas como
castigo. Sua utilização se dará nos seguintes casos:
• Como medida de precaução contra fuga;
• Por motivos de saúde (doente mental violento, por exemplo);
• Com o objetivo de impedir que cause danos a si mesmo ou a terceiros ou, então, para que
não produza danos materiais.

No Direito brasileiro, o art. 5º da Constituição Federal de 1988, inciso XLIX, frisa que “é
assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. Este inciso não proíbe o uso de
algemas, apenas faz menção ao respeito à integridade física e moral das pessoas nas quais as
algemas tenham que ser utilizadas.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


37 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Algema de pulsos
Preferencialmente, o indivíduo a ser algemado deverá estar com os baços voltados para trás e
com as mãos espalmadas para fora. As fechaduras deverão estar voltadas para o lado contrário aos
polegares, dificultando assim a manipulação de algum objeto em direção ao sistema de abertura.
Nunca esquecer de ajustar a algema aos pulsos do indivíduo, mesmo sob a alegação (como
sempre acontece) que está muito apertada, evitando assim que ele consiga passar as mãos pela folga
da algema. Caso a algema possua trava de segurança, esta deverá estar acionada, para melhor
eficiência na segurança.
Para algemar dois indivíduos, com uma só algema, deve-se fazê-lo pelos mesmos braços
(esquerdo com esquerdo ou direito com direito). Dessa maneira um ficará de costas para o outro,
dificultando qualquer deslocamento rápido que desejem realizar.
Para algemar dois indivíduos com duas algemas, o ideal é que sejam algemados com as mãos
para trás, estando os braços entrelaçados (um enfiado no outro).
Ao algemar um indivíduo em um ponto qualquer, o ideal é que este ponto seja fixo. Caso seja
móvel, tomar cuidado para que não carregue o objeto e consiga evadir-se. Neste caso o objeto deve
possuir peso que não permita ser carregado.

Algema de dedos
A algema de dedos (digital) é de grande utilidade quando se deseja imobilizar mulheres
infratoras sem que a atenção de curiosos seja despertada para o fato. Será colocada nos polegares,
preferencialmente, devendo ater-se ao cuidado para que as mãos não estejam com produtos que
facilitem sua retirada (graxas, lubrificantes, etc.), devido às características físicas dos dedos,
diferentes dos pulsos.
As técnicas observadas no uso das algemas de pulso também deverão ser observadas nas
algemas de dedos.

Algema de pés
Semelhante às correntes utilizadas nos escravos, esta algema é, normalmente, utilizada como
complemento à algema de pulso na condução de indivíduos perigosos, tendo por objetivo dificultar
qualquer tentativa de fuga. Deve ser utilizada em detentos que se destinam à locais fora da
carceragem, como por exemplo: o Fórum.

Algema de nylon
Muito utilizada por forças militares e policiais, europeias norte-americanas, esta algema é
confeccionada em nylon de alta resistência e de uso descartável, uma vez que depois de colocada só
permite a libertação do algemado se for cortada. Pode ser improvisada com passadores de cabos
elétricos ou telefônicos, encontrados nas lojas de materiais elétricos. Pelo baixo custo, pequeno peso
e volume, e fácil aquisição, é muito útil nas grandes operações policiais.
Lembre-se que um suspeito não é, necessariamente, um criminoso. O guarda é um agente de
segurança comunitário, possui vínculos com a cidade e a comunidade onde trabalha. Suas atitudes
repercutirão para toda a instituição, portanto suas ações devem ser sempre pautadas no bom senso.
A algema só deverá ser utilizada se o suspeito colocar em risco sua própria integridade, a de outras
pessoas ou se ameaçar fuga. Imobilizado, não representa perigo ao guarda, portanto, nada justifica
agressões espontâneas, próprias dos profissionais despreparados ou psicologicamente deformados.
Menores de idade são amparados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e devem
ser imediatamente encaminhados à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DPCA.
Enquanto aguardam a condução devem permanecer em local seguro e não devem ser imobilizados,

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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salvo nos casos de extrema agitação ou violência e que possa vir a comprometer sua própria
segurança ou das pessoas a sua volta.

USO PROGRESSIVO DA FORÇA

O uso progressivo da força é uma tendência mundial e os órgãos de segurança pública


procuram, já há algum tempo, colocar essa tendência em prática, pois o objetivo é minimizar os
danos físicos ao ser humano. Os guardas municipais, no desempenho de suas atividades profissionais
também devem possuir tais conhecimentos uma vez que, pela legislação, são considerados força de
segurança pública, e a arma de fogo deve ser o último recurso a ser empregado, quando de suas
atividades profissionais.

Diretrizes sobre o uso da força e armas de fogo pelos agentes de segurança

O uso da força pelos agentes de segurança pública deverá se pautar nos documentos
internacionais de proteção aos direitos humanos e deverá considerar, primordialmente: Ao Código
de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei – CCEAL, adotado pela Assembleia Geral das
Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979; e a Convenção Contra a
Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, adotada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de dezembro
de 1984 e promulgada pelo Decreto n.º 40, de 15 de fevereiro de 1991, Além do acatamento dos
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo – PBUFAF, deliberado no 8º Congresso, em
Cuba, no ano de 1990:
São instrumentos internacionais importantes com o objetivo de proporcionar aos Estados
membros orientação quanto à conduta dos aplicadores da Lei, buscando criar padrões das práticas
de aplicação da lei de acordo com os direitos e liberdades humanas.
Destacam-se os seguintes pontos:
• A necessidade de desenvolvimento de armas incapacitantes não letais para restringir a
aplicação de meios capazes de causar morte ou ferimentos;
• O uso da força por agentes de segurança pública deverá obedecer aos princípios da
legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência.
• Os agentes de segurança pública não deverão disparar armas de fogo contra pessoas,
exceto em casos de legítima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente de morte
ou lesão grave.
• Não é legítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou
que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco imediato de morte ou
de lesão grave aos agentes de segurança pública ou terceiros.
• Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio policial em
via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos
agentes de segurança pública ou terceiros.
• Os chamados “disparos de advertência” não são considerados prática aceitável, por não
atenderem aos princípios elencados na Diretriz n.º 2 e em razão da imprevisibilidade de
seus efeitos.
• O ato de apontar arma de fogo contra pessoas durante os procedimentos de abordagem
não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Amparo no Código de Processo Penal

Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.

Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos
meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se
lavrará auto subscrito (Registro de Ocorrência) também por duas testemunhas.

Amparo no Código Penal

O uso da força, nas forças de segurança, é legitimado, no estado brasileiro, por três aspectos
legais:
• Legítima defesa;
• Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito;
• Estado de necessidade.

Legítima defesa
Conforme o art. 25 do Código Penal, "entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem". Portanto, se a hipótese de legítima defesa for reconhecida, é atestada a inexistência de
crime, como prevê o art. 23, II, do CP.

Estrito cumprimento do dever Legal


No ementário penal brasileiro, a doutrina tradicional e o próprio artigo 23 do CP consideram o
exercício regular de direito e o estrito cumprimento de dever legal como sendo fatos típicos, ou seja,
passíveis de se amoldarem aos vários tipos penais previstos no estatuto repressivo. Sendo assim, o
exercício regular de direito e o estrito cumprimento de dever legal são considerados causas de
exclusão da antijuridicidade. Assim, o agente que age acobertado pelas referidas justificantes pratica
um fato típico, porém lícito. Há subsunção do fato à norma penal incriminadora, atendendo-se ao
primeiro elemento do crime (fato típico) mas não ao segundo (antijuridicidade).

Estado de necessidade
Prevê o art. 24 do CP: "Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio
ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se." Segundo o art. 23, não há,
nessa hipótese, crime; há um excludente da antijuridicidade.
São requisitos do estado de necessidade perante a lei penal brasileira:
a) a ameaça a direito próprio ou alheio;
b) a existência de um perigo atual e inevitável;
c) a inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado;
d) uma situação não provocada voluntariamente pelo agente; e
e) o conhecimento da situação de fato justificante.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Para haver estado de necessidade é indispensável que o bem jurídico do sujeito esteja em
perigo; ele pratique o fato típico para evitar um mal que pode ocorrer se não o fizer. Esse mal pode
ter sido provocado por forçada natureza.

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Uso progressivo da força

Conceitos e definições
Força – é toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, reduzindo
ou eliminando sua capacidade de auto decisão.
Nível do uso da força – é entendido desde a simples presença do guarda em uma intervenção,
até a utilização da arma de fogo, em seu uso extremo (letal).
Uso progressivo da força – consiste na seleção adequada de opções de força, pelo guarda, em
resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito, ou infrator a ser controlado. Na prática será o
escalonamento dos níveis de força conforme o grau de resistência ou reação do oponente.

Princípios básicos
Ante qualquer ação adversa, em que haja a necessidade da utilização do uso da força, o guarda
deverá avaliar qual o nível de força a ser aplicado. Antes de qualquer iniciativa de ação, terá que
atentar para os seguintes questionamentos:
1. O emprego da força é legal?
2. Já foram esgotadas todas as possibilidades preliminares?
3. A aplicação da força é necessária?
4. O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência oferecida?
5. Detenho os meios materiais e os conhecimentos para empregar a técnica?
6. O uso da força é conveniente, no que diz respeito às consequências da ação ou omissão?

Ao responder essas perguntas buscamos enquadrar a ação dentro destes princípios essenciais
para o uso da força

O emprego da força é legal?


O guarda deve amparar legalmente sua ação, devendo ter conhecimento da lei e estar
preparado tecnicamente, através da sua formação e do treinamento recebidos.

A aplicação da força é necessária?


Para responder a esta indagação precisamos identificar o objetivo a ser atingido, ou seja, se a
ação atende aos limites considerados mínimos para que se torne justa e legal sua intervenção.
Sugere-se ainda verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem outros meios
menos danosos para se atingir o objetivo.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência oferecida?
Neste caso está se verificando a proporcionalidade do uso da força, e caso não haja, estará
caracterizado o abuso de poder. Jamais poderemos efetuar um tiro em uma pessoa, se esta está
apenas agredindo um caixa eletrônico que reteve seu dinheiro ou até mesmo o cartão. Ainda que
gere danos à instituição financeira e constitua um ato ilícito, é desproporcional efetuar disparos de
arma de fogo para fazer cessar esta ação. Na maioria das vezes, a presença do guarda, uniformizado,
já faz cessar ou até mesmo inibir a ação.

O uso da força é conveniente?


O aspecto referente à conveniência do uso da força diz respeito ao momento e ao local da
intervenção. Exemplos de ações inconvenientes são o uso de arma de fogo em local de grande
concentração de pessoas, bem como o acionamento de espargidores de agentes químicos gasosos
em locais fechados, como veremos mais detalhadamente no momento adequado do curso.

Orientações sobre o uso da força

1° - Em primeiro lugar, sua segurança


Em termos de prioridade, em primeiro lugar vem a segurança do público, em segundo, a dos
guarda e, em terceiro, a do suspeito ou cidadão infrator. Isso é o que dizem os manuais. Entretanto,
é impossível prover segurança sem ter segurança, o que me leva a inferir que a segurança do guarda
está em primeiro lugar. Além disso, em situações críticas, o instinto de sobrevivência fala mais alto.
Sempre atue com supremacia de força. Situações complexas surgem do nada. Nunca pense
que o suspeito não vai reagir ou que a multidão não vai se enfurecer. Atue sempre com supremacia e
esperando o pior. Sempre que disponível, na empresa, carregue consigo munições químicas menos
letais, tonfas e armas que disparam bala de borracha.

2° - Entenda o processo mental da agressão


Conhecendo o processo mental da agressão, você pode evitar que o infrator lhe ataque com
chances razoáveis de êxito. Para atacá-lo com sucesso, o agressor tem que identificar, decidir e agir.
Identificá-lo pela visão ou sons, decidir o que fazer (usar arma de fogo, desferir murros, etc.) e agir.
Se você não se expõe, mantém-se abrigado, o infrator não vai identificá-lo e, consequentemente,
não terá chance de atingi-lo com sucesso.
O guarda, além de identificar, decidir e agir, tem, ainda, que se certificar. É um passo a mais.
Para compensar essa desvantagem, existem cinco táticas:
1. Ocultação - Se o suspeito não sabe onde você está, não terá como atingi-lo.
2. Surpresa - Se você age sem ser percebido, suas possibilidades de surpreender o infrator
aumentam consideravelmente.
3. Distância - Quanto mais longe você estiver do suspeito, mais tempo ele irá gastar para
chegar até você e atacá-lo, o que lhe dá um prazo maior para se preparar e reagir à
agressão, ou abrigar, se for o caso.
4. Autocontrole – Não se afobe, não tenha pressa para resolver a situação. Mantenha o
autocontrole.
5. Proteção - A tática mais importante. Trabalhe sempre que possível na área de segurança.
Numa troca de tiros, abrigue-se em locais que suportem disparos de arma de fogo. Estando
protegido e abrigado, você terá mais tempo para identificar, certificar, decidir e agir.

3° - Atente-se para os princípios básicos do uso da força

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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1º. Legalidade - O uso da força somente é permitido para atingir um objetivo legítimo,
devendo-se, ainda, observar a forma estabelecida, conforme dispositivos legais
mencionados no início da postagem.
2º. Necessidade - O uso da força somente deve ocorrer quando outros meios forem ineficazes
para atingir o objetivo desejado.
3º. Proporcionalidade - O uso da força deve ser empregado proporcionalmente à resistência
oferecida, levando-se em conta os meios dos quais o policial dispõe. O objetivo não é ferir
ou matar, e sim cessar ou neutralizar a injusta agressão.
4º. Conveniência - Mesmo que, num caso concreto, o uso da força seja legal, necessário e
proporcional, é preciso observar se não coloca em risco outras pessoas ou se é razoável, de
bom-senso, lançar mão desse meio. Por exemplo, num local com grande aglomeração de
pessoas, o uso da arma de fogo não é conveniente, pois traz riscos para os circunstantes.

Níveis de força progressiva


O ponto central na teoria do uso progressivo da força é a divisão da força em níveis diferentes,
de forma gradual e progressiva. O nível de força a ser utilizado é o que se adequar melhor às
circunstâncias dos riscos encontrados, bem como a ação dos indivíduos suspeitos ou infratores
durante um confronto, e apresentam em cinco alternativas adequadas do uso da força legal como
formas de controle a serem utilizadas.

Nível 1 – Presença física


A mera presença do guarda municipal, uniformizado, pode ser na maioria dos casos o bastante
para conter um crime ou ainda prevenir um futuro crime, bem como evitar ações de pessoas mal-
intencionadas.

Nível 2 - Verbalização
Baseia–se na ampla variedade de habilidades de comunicação por parte do guarda,
capitalizando a aceitação geral que a população tem da autoridade. É utilizada em conjunto com a
presença física do guarda e pode usualmente alcançar os resultados desejados. Este nível de força
pode e deve ser utilizado também em conjunto com todos os outros níveis de força.
O conteúdo da mensagem é muito importante. A escolha correta das palavras, bem como a
intensidade empregada, traduz com precisão a eficácia da intervenção. Assegurado desta postura, o
vigilante terá mais chances de alcançar o seu objetivo. As palavras-chave na aplicação da lei serão
negociação, mediação, persuasão e resolução de conflitos.
Uma atenção especial deve ser dada à linguagem. Muitos acreditam que, utilizando uma
linguagem vulgar, chula e ameaçadora, desencorajam a resistência do suspeito. Diálogos dessa
natureza causam espanto e demonstram falta de profissionalismo. O que se busca ao realizar a
verbalização é a redução do uso da força e o controle do suspeito.
1) Lembre–se de flexionar o nível de voz sempre que houver acatamento, abaixe o tom,
conquiste a confiança da pessoa abordada. Mas fique sempre atento ao recurso de elevar
bruscamente o tom de voz, caso perceba algo errados.
2) Caso o suspeito não acate, repita os comandos, insista com firmeza, procure não ficar
nervoso caso não seja acatado de imediato. Procure sempre o diálogo e jamais entre em
discussão.

Nível 3 – Controle de contato (controle de mãos livres)

JORGE HELENO DE ARAÚJO


43 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Trata – se do emprego de habilidades de contato físico por parte do guarda, para atingir o
controle da situação. Isto se dará quando se esgotarem as possibilidades de verbalização devido ao
agravamento da atitude do contendor (indivíduo conflitante). Havendo a necessidade de dominar o
suspeito fisicamente utiliza-se neste nível apenas as mãos livres, compreendendo–se técnicas de
imobilizações e condução.

Nível 4 – Técnicas de submissão


É o emprego da força suficiente para superar a resistência ativa do indivíduo, permanecendo
atento em relação aos sinais de um comportamento mais agressivo que exija uso de níveis superiores
de resposta. Neste nível podem ser utilizados técnicas de mãos livres adequadas e agentes químicos.

Nível 5 – Táticas defensivas não letais


Uma vez confrontado com as atitudes agressivas do indivíduo, ao guarda é justificado tomar
medidas apropriadas para deter imediatamente a ação agressiva, bem como ganhar e manter o
controle do indivíduo, depois de alcançada a submissão. É o uso de todos os métodos não letais,
através de gases fortes, forçamento de articulações e uso de equipamentos de impacto.

4° - Uso da arma de fogo e força letal


O uso da arma de fogo ou de força letal constituem-se em medidas extremas, somente
justificáveis para preservação da vida.
No emprego da arma de fogo, não existe número mínimo ou máximo de disparos. A regra é
quantos forem necessários para controlar o infrator ou cessar a injusta agressão. Para fazer uso da
arma de fogo, o guarda deve identificar-se e avisar da intenção de usar a arma, exceto se tais
procedimentos acarretarem risco indevido para ele próprio ou para terceiros, ou, se dadas as
circunstâncias, sejam evidentemente inadequadas ou inúteis.

Triângulo da força letal


É um modelo de tomada de decisão designado para desenvolver sua habilidade para
responder a encontros de força, permanecendo dentro da legalidade e de parâmetros aceitáveis.

Habilidade
É a capacidade física do suspeito de causar danos ao guarda ou em outra pessoa inocente. Isto
significa, em outras palavras, que o suspeito possui uma arma capaz de provocar morte ou lesão
grave, como por exemplo, uma arma de fogo ou uma faca. Também pode ser incluída a capacidade
física, através de arte marcial ou de força física, significativamente superior à do guarda.

Oportunidade
Diz respeito ao potencial do suspeito em usar sua habilidade para matar ou ferir gravemente.
Esta oportunidade não existe se o suspeito está fora de alcance, a exemplo, um suspeito armado com
uma faca tem habilidade para matar ou ferir seriamente, mas pode faltar oportunidade se você
aumentar a
distância.

Risco
Existe quando um suspeito toma vantagem de sua habilidade e oportunidade para colocar um
guarda, ou outra pessoa inocente, em um iminente perigo físico. Uma situação em que um suspeito
de roubo recusa – se a soltar a arma acuado após uma perseguição a pé pode se constituir em risco.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


44 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Utilização dos níveis de força
O guarda seleciona a opção de nível de força que mais se ajusta à resistência enfrentada. A
progressão será avaliada e adequada ao tipo de ação do suspeito. Se um nível de força já adotada
falha ou as circunstâncias mudam, o guarda pode e deve aumentar o nível de força utilizada de
forma consciente e controlada.
Dentro das possibilidades de cada situação, utilize a força gradativamente, conforme quadro
abaixo:

Modelo de Uso Progressivo da Força

Suspeito Guarda municipal


Normalidade Presença ostensiva
Cooperação Verbalização
Resistência passiva Controle de contato
Resistência ativa Controle físico
Agressão não letal Tática defensiva não letal
Agressão letal Tática defensiva letal

Aumente a força progressivamente. Se um nível falhar ou se as circunstâncias mudarem,


redefina o nível de força de maneira consciente.

6 - Confeccione o Registro de Ocorrência


Em caso de resistência à prisão, mesmo que ninguém seja lesionado, faça o Registro de
Ocorrência (RO), assinando-o com duas testemunhas, conforme prevê o artigo 292 do Código de
Processo Penal (CPP).
Arrole, de preferência, testemunhas presenciais. Mas nada impede que as testemunhas sejam
"de apresentação", isto é, que tenham tomado conhecimento do ocorrido. Nada impede também
que as testemunhas sejam vigilantes que tenham ou não participado da ocorrência, visto que o
artigo 292 do CPP diz apenas que "do que de tudo se lavrará auto subscrito também por duas
testemunhas".
A não escrituração do Registro de Ocorrência torna, em tese, o ato ilegal, pois descumpre o
previsto em legislação. O ato administrativo somente é valido quando praticado dentro da forma
estabelecida pela lei. Portanto, redija o Registro de Ocorrência para resguardar a legalidade da ação.

7 - Não tenha preguiça de escrever


É altamente recomendável confeccionar um Boletim de Ocorrência (BO) em caso de uso da
força. Não é preciosismo, é questão de amparar a atuação do guarda e não deixar margens a futuros
questionamentos. É bom lembrar que resistência é crime (artigo 329 do Código Penal). Logo, é
obrigatória a condução do infrator à presença da autoridade policial e o devido Registro da
Ocorrência.

8 - Recomendações finais
Táticas e técnicas de atuação dependerão de cada profissional. Mas, é possível fazer algumas
recomendações:

JORGE HELENO DE ARAÚJO


45 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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a) Esteja preparado mentalmente
Visualize e ensaie mentalmente respostas adequadas para situações de confronto. Dessa
forma, a situação não se apresentará completamente nova e você terá maiores chances de dar
respostas adequadas e de não entrar em estado de pânico. Lembre-se que nem todas as situações
são possíveis de serem treinadas.

b) Diga não ao improviso


Planeje suas ações. Calcule se o efetivo é suficiente, discuta com os companheiros a melhor
estratégia de aproximação e abordagem. Defina o que cada um deve fazer. Esteja preparado para
reação. Nunca pense que não vai acontecer. Por meio de planejamentos e cálculos, é possível prever
o resultado.

c) Faça a leitura do ambiente e avalie os riscos


Tudo deve ser levado em consideração. Informações passadas pela central, números de
indivíduos suspeitos, armamento, localidade, luminosidade, pessoas hostis no local ou que possam
atrapalhar a abordagem, etc. A avaliação cuidadosa de cada detalhe representa o sucesso ou o
fracasso da ação policial.

d) Esteja no estado de alerta adequado


A situação define em qual estado de alerta você deve operar. Não opere nem no estado
relaxado nem no estado de pânico. O segredo é o equilíbrio. Após um período nos estados de alarme
e alerta, busque um ambiente tranquilo. É a chamada técnica da "descontaminação emocional".
Utilizando-a, você estará mais apto para responder de forma correta às situações de ameaça e perigo
que surgirem.

e) Pense taticamente
Nunca esqueça o quarteto que governa o pensamento tático. Trabalhar na área de segurança,
não invadir a área de risco, monitorar os pontos de foco e controlar os pontos quentes. O ideal é um
guarda monitorando cada ponto de foco. Voltamos, portanto, à questão da supremacia de força.

f) Utilize as técnicas
Não menospreze as técnicas. Progrida taticamente, abrigando, comunicando
preferencialmente por gestos ou códigos e utilizando as técnicas de varredura (tomada de ângulo,
olhada rápida e uso do espelho). Ao localizar um suspeito, aplique as técnicas de verbalização, as
quais resolvem boa parte das ocorrências. Empregue sempre os princípios da abordagem: segurança,
surpresa, rapidez, ação vigorosa e unidade de comando.

Legislação e consequências no uso

Imputabilidade penal em caso de uso legal


O guarda ou outra pessoa que vier a fazer uso de força de maneira ilegal ou abusiva poderá
responder criminalmente pelos crimes tipificados no Código Penal Brasileiro, de lesão corporal, uso
de gás tóxico ou asfixiante, ou no Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03), conforme abaixo
exposto.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


46 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
46
Dolo e culpa
Dolo – O dolo pode ser entendido como uma conduta voluntária, estando o agente consciente da sua
conduta. O resultado é o que ele quer, deseja, ou quando não o é, o agente é indiferente quanto a
isso.
As principais classificações para o dolo são:
• Dolo direto: o sujeito pretende atingir o resultado;
• Dolo eventual: o sujeito pratica um ato sem se importar se determinado resultado será ou
não produzido, apesar de saber que há uma considerável possibilidade disso ocorrer (ele
assume o risco de produzir o resultado).

Culpa – Crime culposo é aquele que ocorre quando o agente dá causa ao resultado (que era
previsível) por imprudência, negligência ou imperícia.
• Imprudência: arriscar-se sem necessidade, sem razão.
• Negligência: deixar ou esquecer de verificar certos requisitos mínimos de prudência antes
de praticar uma ação.
• Imperícia: falta de habilitação para o exercício de determinada atividade para o qual a
pessoa deveria ser habilitada (ex. pessoa que ter carta de habilitação, mas causa um
acidente de trânsito com vítimas por não saber, na prática, dirigir).

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem


Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Será considerado lesão corporal de natureza grave


§ 1º - Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - Perigo de vida;
III - Debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - Aceleração do parto.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.

§ 2° - Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - Enfermidade incurável;
III - Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - Deformidade permanente;
V – Aborto.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

Lesão corporal seguida de morte


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

A descrição típica da Lesão Corporal abrange alternativamente a ofensa à integridade física ou


a ofensa à saúde da vítima.
o Ofensa à integridade física: Abrange qualquer alteração anatômica prejudicial ao corpo
humano. Ex: cortes, luxações, queimaduras etc.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


47 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
47
o Ofensa à saúde: Abrange a provocação de perturbações fisiológicas ou mentais, onde
perturbação fisiológica é o desajuste no funcionamento de algum órgão ou sistema
componente do corpo humano. Ex: paralisia, cegueira, outros.
Lesões corporais dolosas
A lesão corporal dolosa subdivide-se em: lesões leves, lesões graves, lesões gravíssimas, lesões
seguidas de morte,

a) Lesões leves
Considera-se leve toda lesão que não for definida em lei como grave ou gravíssima.
Ação penal: Desde o advento da Lei nº 9.099/95, a ação penal passou a ser pública
condicionada à representação da vítima. Nas demais formas de lesão corporal (grave, gravíssima, e
seguida de morte) a ação penal continua sendo pública incondicionada.

b) Lesões graves
A pena em todos os casos é de reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos.

Art. 129, § 1º, I – Se resulta incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias:
Atividade habitual é qualquer ocupação rotineira, do dia a dia da vítima, como andar,
trabalhar, praticar esporte etc.

Art. 129, § 1º, II – Se resulta perigo de vida.


Perigo de vida é a possibilidade grave e imediata de morte. Deve ser um perigo efetivo,
concreto, comprovado por perícia médica, onde os médicos devem especificar qual o perigo de vida
sofrido pela vítima.
Ex: Houve perigo de vida decorrente de grande perda de sangue.

Art. 129, § 1º, III – Se resulta debilidade permanente de membro, sentido ou função.
Debilidade consiste na redução ou enfraquecimento da capacidade funcional. Para que
caracterize esta hipótese de lesão grave é necessário que seja permanente, ou seja, que a
recuperação seja incerta e a eventual cessação incalculável.
o Membros – braços e pernas.
o Sentidos – são os mecanismos sensoriais através dos quais percebemos o mundo exterior:
tato, olfato, paladar, visão e audição.
o Função: É a atividade de um órgão ou aparelho do corpo humano. Caracteriza-se, por
exemplo, quando uma agressão causa alterações permanentes na função respiratória, etc.

c) Lesões gravíssimas
Estão previstas no art. 129, § 2º, cuja pena é de reclusão de 2 a 8 anos.
É possível a coexistência de formas diversas de lesão grave ou de várias lesões gravíssimas. Se
o laudo de exame de corpo de delito apontar que a vítima sofreu determinada espécie de lesão grave
e outra de lesão gravíssima, responderá o agressor apenas por lesão gravíssima.

§2º, I – Se resulta incapacidade permanente para o trabalho


Prevalece o entendimento de que deve ser uma incapacidade genérica para o trabalho.

§2º, II – Se resulta enfermidade incurável


É a alteração permanente da saúde por processo patológico, a transmissão intencional de um
a doença para a qual não existe cura no estágio atual da medicina.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


48 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
48
§ 2º, III – Se resulta perda ou inutilização de membro, sentido ou função
A perda pode se dar por mutilação ou por amputação. Em ambos os casos haverá lesão
gravíssima.
Ocorre a mutilação no próprio momento da ação delituosa, e é provocada pelo agente. Ex:
amputação apresenta-se na intervenção cirúrgica imposta pela necessidade de salvar a vida da vítima
ou impedir consequências mais grave. O autor do golpe responde pela perda do membro, desde que
haja nexo causal entre a ação e a perda.
A inutilização, do membro, ainda que parcialmente, continua ligado ao corpo da vítima, mas
incapacitado de realizar suas atividades próprias.
Ex: paralisia total de um braço.

§ 2º IV- Se resulta deformidade permanente


É o dano estético, de certa monta, permanente, visível e capaz de provocar impressão
vexatória. Ex: queimaduras com fogo ou ácido, ou pelo efeito do gás pimenta ou lacrimogêneo.
Exige-se que o dano seja de certa monta, ou seja, que haja perda razoável de estética.
Deve também ser permanente, isto é, irreparável pela própria natureza, pelo passar do tempo.
A correção através de prótese não afasta a aplicação do instituto.
A deformidade deve ser visível. Ex: no rosto.

d) Lesões seguidas de morte


Estão previstas no art. 129, § 3º, cuja pena é de reclusão de 4 a 12 anos.
§ 3° - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo.
Neste caso a pessoa dolosamente quis lesionar a sua vítima, mas independentemente de sua
vontade o resultado foi o óbito, ou seja, houve dolo no antecedente (lesão corporal dolosa) e culpa
na consequência (morte da vítima). Por isso é conhecida como uma espécie de crime preterdoloso
(dolo no antecedente, culpa no resultado).
Não se confunde com homicídio, pois neste caso o autor do crime não quis nem assumiu o
risco de matar a vítima, apesar de isto ter ocorrido de forma culposa, em razão das lesões por ele
praticadas. Ex: um indivíduo armado saca a arma para dar coronhadas em outro (crime de lesão
corporal), mas acaba o atingindo com um tiro (sem saber que a arma estava carregada), matando-o
ou causando ferimentos graves.

Lesões corporais culposas


Art. 129 § 6º - Se a lesão é culposa
Nas lesões culposas não há distinção no que tange à gravidade das lesões. O crime será
sempre o mesmo, e a gravidade somente será levada em consideração por ocasião da fixação da
pena base. Nos termos do art. 88 da Lei nº 9.099/95, a ação é pública condicionada à representação.
A composição acerca dos danos civis, homologada pelo juiz, implicará renúncia ao direito de
representação e, por consequência, extinção da punibilidade do autor da infração.

Crimes de perigo
Perigo é a probabilidade de lesão de um bem ou interesse tutelado pela lei penal.
O perigo é individual quando expõe a risco de dano o interesse de uma só pessoa ou um
número determinado de pessoas; ele será coletivo quando expuser a perigo um número
indeterminado de pessoas.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


49 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
49
Perigo presumido é o considerado pela lei em face de determinado comportamento positivo
ou negativo. Não precisa ser provado (presunção juris et de jure), pois a Lei entende que tal
comportamento é perigoso por si só.
Perigo concreto é o que precisa ser provado. Precisa ser investigado. É necessário que se
demonstre que aquele comportamento foi efetivamente perigoso.

Observações:
1. No dolo de perigo, a vontade do agente se dirige exclusivamente a expor o interesse
jurídico a um perigo de dano, ao passo que no dolo de dano o sujeito dirige sua vontade à
realização efetiva do dano.
2. Existem crimes de perigo comum punidos também a título de culpa, além deste crime de
uso de gás tóxico ou asfixiante. É o caso do incêndio culposo (art. 250, § 2°), explosão
culposa (art. 251, § 2°), desabamento ou desmoronamento culposo (256, parágrafo único) e
difusão de doença ou praga culposa (art. 259, parágrafo único).
3. A tentativa nos crimes de perigo comum é admissível.

Art. 252 – Uso de gás tóxico ou asfixiante


Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
asfixiante:
Pena - reclusão, de um (01) a quatro (04) anos e multa.

Modalidade Culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Trata-se de crime de perigo concreto, em que é necessária a prova da exposição a perigo da


vida, integridade física ou patrimônio de outras pessoas com a utilização do gás. É também crime de
perigo comum, devendo-se expor à risco um número indeterminado de pessoas. O uso de gás
especificamente para lesionar apenas uma pessoa, sem risco a outras, não será o crime do art. 252,
mas poderá ser enquadrado como outros delitos, como lesões corporais, homicídio, etc.

Art. 253 - Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou
asfixiante – Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade,
substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Trata-se de crime de perigo abstrato, em que não há a necessidade de se provar efetivo risco a
terceiros, pois a Lei presume que quem fabrica, fornece, adquire, tem na sua posse ou transporta
este tipo de equipamento está trazendo risco aos que estão a sua volta pelo simples fato de praticar
uma destas ações.
Ademais, o possuidor ou portador de munições químicas, categoria em que se enquadram as
granadas e demais munições não letais (de uso restrito de acordo com o Regulamento para a
Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) – Ministério do Exército, regulamentado pelo Decreto
Nº 3.665, de 20 de novembro de 2.000) poderá responder pelo artigo 16 da lei 10.826/2003 –
Estatuto do Desarmamento, em razão de entendimento no sentido de que parte do art. 253 foi
revogado pela nova Lei:

JORGE HELENO DE ARAÚJO


50 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
50
Art. 16 da Lei n° 10.826/2003 - Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito - Possuir,
deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.”
Obs: Espargidores de soluções químicas e granadas de gás podem ser enquadradas nestes
artigos.

Reagir ao menor sinal de provocação


não é um sinal de força,
é falta de habilidade para tolerar.
Saiba que, quanto mais forte você é,
menos se deixará perturbar por
adversidades ou oposição.
Assim como o oceano absorve tudo
o que vai até ele,
se você é realmente forte,
aceita tranquilamente os
altos e baixos da vida.

(Autor desconhecido)

JORGE HELENO DE ARAÚJO


51 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
51
UTILIZAÇÃO DO BASTÃO / CASSETETE

O bastão é uma arma de grande valor no trabalho do guarda municipal, particularmente, para
sua defesa e para o controle de distúrbios. Com exceção de situações de extrema violência, o bastão,
nas mãos de guardas bem treinados, será o equipamento mais apropriado para conter um elemento
de maior porte, ou vigor físico, armado ou não. Ele não substitui uma arma de fogo, como
equipamento a ser utilizado pelas polícias municipais, mas será empregado em situações onde a
necessidade de utilização da arma de fogo não é aconselhada, já que sua presença poderá gerar uma
tendência à escalada da intensidade da violência. Acresça-se ainda que a tomada do bastão, pelo
agressor, não caracterizará um perigo maior, como ocorreria com uma arma de fogo.
A utilização do bastão deverá ser baseada no bom senso, após o exame da situação existente,
feito pelo guarda. Ele deverá ser utilizado defensivamente, para proteger pessoas e propriedades.
Quando do enfrentamento de uma turba, em casos de grave perturbação da ordem, o bastão
poderá ser utilizado em operações de caráter ofensivo. Vale ressaltar que nestes casos, será
necessária a presença de outro contingente, portando armas de fogo, em apoio ao primeiro
grupamento. Não estará em contato direto com a turba, porém pronto para operar, nos casos em
que o grupamento portando bastões estiver sob ameaça.
Os guardas que portam bastões devem conhecer os pontos vulneráveis do corpo humano. Em
situações de conflito, os oponentes devem ser detidos, desencorajados ou dispersos, mas jamais
deverão ser desferidos golpes que possam matar ou causar danos permanentes às pessoas. A mídia
tem mostrado, periodicamente, cenas de conflito em campos de futebol, filas para aquisição de
ingressos ou em shows populares, onde profissionais de segurança pública agridem cidadãos,
participantes do conflito ou não, com bastonadas na cabeça. Além do perigo de morte imediata, a
longo prazo, estas pancadas poderão trazer graves consequências para as vítimas tais como um
coágulo no cérebro, perda de memória, epilepsias, etc.
As figuras mostram, respectivamente, os pontos vulneráveis do corpo humano e os que, se
atingidos, podem provocar a morte.
As estocadas são movimentos feitos com a ponta do cassetete, para golpear uma zona ou
ponto específico do corpo do oponente, com a finalidade de desarmá-lo ou incapacitá-lo
momentaneamente.
Os cortes são golpes rápidos de través, executados com o terminal do bastão, o qual se move
em ângulo até um ponto ou zona específica do corpo do adversário com a finalidade de desarmá-lo
ou incapacitá-lo momentaneamente.
Existem situações em que não são necessários golpes contra a multidão. Nesse caso, o guarda
que porta o bastão o manterá firmemente, apontando na direção do plexo solar do manifestante
mais próximo.
Pontos vulneráveis do corpo humano

01 parte superior da clavícula 12 lateral da barriga da perna


02 ombro 13 canela
03 bíceps 14 parte anterior do tornozelo
04 costelas 15 artelhos
05 plexo solar 16 costas
06 parte interna do cotovelo 17 rim
07 antebraço 18 cóccix
08 mão 19 parte posterior do joelho

JORGE HELENO DE ARAÚJO


52 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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09 virilha 20 barriga da perna
10 coxa 21 tendão do tornozelo
11 rótula 22 osso do tornozelo

Pontos fatais do corpo humano

01 cabeça 04 área do coração


02 lateral do pescoço 05 axila
03 garganta

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53 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
53

Modo correto de empunhar o bastão

Defesa de golpes pelo alto


Defesa de golpe por baixo

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54 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Defesa de golpe lateral

Corte Lateral para dentro Corte lateral para fora

JORGE HELENO DE ARAÚJO


55 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Estocada no plexo

Corte lateral alto Corte lateral baixo

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56 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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INSTRUÇÃO BÁSICA

As Guardas Municipais são instituições civis, complementares à segurança pública. Sua


formação não pode ter caráter militar e sua preocupação deve ser com a prevenção e a defesa. Não
deve ser organizada sob a forma de quartel, companhia ou pelotão e seus integrantes não devem
possuir patentes ou graduações militares. Mesmo que um dia tenham sido militares, nas Guardas
Municipais são apenas guardas.
Se a Guarda Municipal tem que se apresentar como uma força de segurança comunitária, se
faz necessário que busque um padrão que a desvincule, em tudo, das instituições militares. Que se
mude o modelo e a cor do uniforme, que se troque o coturno pelo sapato, que troque as cores das
viaturas operacionais, de modo a demonstrar à comunidade que o guarda municipal nada tem a ver
com o policial militar.
Isto não significa que o guarda municipal não possa realizar exercícios de ordem unida, para
condicionar reflexos e manter o espírito de coesão e adquirir garbo nos deslocamentos em marcha;
que não possa prestar continência como forma de saudação e respeito; que não possa realizar
formaturas para a verificação diária de presença ou para a inspeção de uniformes, leitura diária das
ordens de serviço e planos operacionais, etc., o que por si já demonstra grande prova de civismo, e
que não deve ser exclusivo dos militares.

Postura, sinais de respeito e tratamento

Este capítulo tem por finalidade estabelecer procedimentos de postura, de tratamento e de


sinais de respeito que os guardas municipais prestam entre si, aos símbolos nacionais, às autoridades
em geral, a seus superiores e ao público.
Conceitua-se postura como sendo “a correção de atitudes na sua forma mais ampla”, incluindo
o posicionamento corporal, já que este reflete o estado de ânimo do indivíduo, influindo e causando
sensação de segurança e confiança em quem o observa. Conceituam-se como sinais de respeito “o
conjunto de atitudes indicadoras de apreço, seja por pessoas ou símbolos”. Trata-se da evidência
principal de boa educação moral e profissional. Conceitua-se como continência “o preceito básico de
boa educação, que é utilizada para, mediante gesto específico, saudar e cumprimentar pessoas e
homenagear autoridades e símbolos pátrios”. A continência pode ser individual ou coletiva. Já o
cerimonial “é o protocolo organizado, em ações sucessivas, envolvendo posturas, sinais de respeito e
tratamento, com o objetivo de dar forma e caráter solene a eventos considerados importantes”.

A postura
É o conjunto de normas estabelecidas por cada organismo para seus membros. As prefeituras
estabelecem posturas sobre os procedimentos administrativos da ordem pública municipal, assim
como as Guardas Municipais estabelecem normas para o bom desempenho profissional de seus
servidores. Cada Guarda estabelecerá seu Regulamento de Posturas, mas, no geral, podemos
estabelecer os seguintes princípios gerais:
I – Tratar a todos com educação, urbanidade e cortesia, sendo proibido externar qualquer
manifestação de preconceito, seja de raça, sexo, nacionalidade, cor, religião, posição política ou
social;
II – Conduzir-se, tanto em serviço como em sua vida particular, pautando seu comportamento pela
correção, moralidade e bons exemplos;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


57 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
57
III – Abster-se de, quando em serviço, afastar-se de seu posto, ficar conversando em grupo com
outros companheiros de setores próximos, ficar com as mãos nos bolsos, braços cruzados, pés sobre
bancos ou muretas, recostar-se nas paredes, ou usar telefone público desnecessariamente;
IV – Manter o uniforme bem cuidado, completamente abotoado, calçados sempre limpos e
engraxados e a cobertura sempre na cabeça;
V – Manter-se consciente de que, todas as suas ações e atitudes são observadas e seu
comportamento, permanentemente, analisado e criticado;
VI – Ter em mente que o respeito à hierarquia é fundamental, entendendo, porém, que deve
comunicar qualquer irregularidade de observar ou tomar conhecimento, não importando se os
infratores são de nível superior ao seu;
VII – Apresentar-se sempre asseado, barbeado e com os cabelos e bigodes aparados, sendo vedado o
uso de barba e cavanhaque;
VIII – Comparecer ao local de serviço em que esteja escalado, sempre no horário estabelecido, e não
ausentar-se dele, antes do término de seu turno;
IX – Tratar a todas as pessoas de forma educada e cortês, prestando as informações solicitadas e
sempre dispensando o tratamento respeitoso de “senhor (a)”, ficando terminantemente proibido,
quando em serviço, dirigir-se a qualquer cidadão utilizando-se do tratamento “você”;
X – Trazer sempre consigo os números dos telefones a serem utilizados em casos de necessidade, tais
como: Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil ou Militar, hospitais e outros de
emergência;
XI – Inteirar-se das peculiaridades do posto ou setor de serviço, visando uma ação eficiente, tanto no
aspecto da segurança quanto no de orientação ao público;
XII – Lembrar-se de que educação, disciplina, boa vontade e cortesia são atributos para todos os
guardas no trato com o público;
XIII – Comunicar a seus superiores hierárquicos todo fato contrário ao interesse público; propor
iniciativas que visem à melhoria dos serviços prestados e abster-se de exercer sua autoridade com
finalidade estranha ao interesse do serviço, não cometendo qualquer violação das leis, dos
regulamentos e dos bons costumes;
XIV – Quando uniformizado e fazendo uso de transporte coletivo, ceder seu lugar para doentes,
pessoas idosas, deficientes físicos, gestantes e pessoas com crianças no colo;
XV – Manter-se, quando em serviço, em atitude exemplar, com boa apresentação pessoal, uniforme
impecável, corpo ereto, olhar altivo e atento a tudo e a todos;
XVI – Saudar, através da continência, seus superiores hierárquicos, seus pares, qualquer pessoa do
público quando lhe dirigir a palavra, integrantes de outras corporações e autoridades em geral.

Obs: Todas as formas de saudação, sinais de respeito e correção de atitudes caracterizam, em


todas as circunstâncias e lugares, a educação, a formação, o espírito de disciplina e o apreço
existente entre os integrantes das Guardas Municipais.

Os sinais de respeito
O guarda municipal demonstrará educação, respeito e apreço aos seus superiores hierárquicos,
pares, subalternos e a comunidade através de atitudes visíveis. Estas atitudes constituem reflexos
adquiridos através da instrução e da prática contínua, caracterizando-se antes pela espontaneidade e
cordialidade do que pela simples obrigação imposta pelos regulamentos. A espontaneidade e a
correção dos sinais de respeito são indicadores seguros do grau de educação e profissionalismo dos
integrantes das Guardas Municipais.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


58 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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O tratamento
• Ao se dirigir a um superior hierárquico, bem como a qualquer do público, o guarda
municipal empregará a expressão “senhor (a)”, como demonstração de respeito e
educação.
• Quando da aproximação de um superior hierárquico, ou de qualquer autoridade, deverá o
guarda municipal, estando sentado, levantar-se e prestar a continência.
• Quando chamado por um superior hierárquico, deve o guarda atendê-lo o mais rápido
possível, apressando o passo se estiver em deslocamento.
• O superior hierárquico deverá tratar seus subordinados com o devido respeito.

A continência individual
A continência é a saudação prestada pelo guarda municipal, isolado, à Bandeira Nacional, ao
Hino Nacional, às autoridades em geral, aos membros da instituição, e aos munícipes. Poderá ser
executada, com ou sem cobertura, como demonstração de educação e respeito.
• A continência partirá do menos graduado para o mais graduado. Sendo da mesma
graduação a continência será recíproca, partindo daquele que primeiro avistar o outro;
• Todo guarda municipal deve, obrigatoriamente, retribuir a continência que lhe é prestada.
Se uniformizado, procede da forma regulamentar; se em trajes civis, responde com uma
leve inclinação de cabeça ou com um cumprimento verbal;
• O guarda municipal fará “alto” para prestar continência à Bandeira Nacional, ao Hino
Nacional e ao Presidente da República;
• Um grupamento de guardas, em deslocamento, para prestar a continência para a Bandeira
Nacional procederá: o responsável pelo grupamento comandará “alto”; colocará a frente
do grupamento em direção à bandeira; comandará a continência; e retornará ao
deslocamento;
• Quando o Hino Nacional for cantado, o guarda, isolado ou em grupo, não faz a continência
individual, permanecendo na posição de “sentido” até o encerramento do cântico;
• Estando o guarda embarcado em viatura, por ocasião de cerimônia à bandeira ou execução
do Hino Nacional, sempre que possível o guarda descerá do veículo para prestar a
continência. Não sendo possível, permanecerá em silêncio;
• Todo guarda, quando uniformizado, descobre-se ao entrar em um recinto coberto, bem
como em cortejos fúnebres ou religiosos. Descobre-se, ainda, ao entrar em templos
religiosos ou participar de atos em que esta prática seja comum.

Variando de acordo com a situação especial dos executantes, atitude, gesto e duração
compõem os elementos essenciais da continência.
Atitude – É a postura tomada para a execução da continência. Deve ser marcial, porém de
acordo com as circunstâncias e o ambiente.
Gesto – É o conjunto de movimentos do corpo, braços e mãos.
Duração – É o tempo durante o qual é realizada a continência. Variará de acordo com o
cerimonial (saudação interpessoal, hasteamento de bandeira, etc.).

A continência será executada da seguinte maneira:


Com movimento enérgico o guarda levará a mão direita ao lado da cobertura, tocando a
falange distal do dedo médio na borda da pala do gorro; a mão direita estará no prolongamento do
antebraço, com a palma da mão voltada para o rosto e com os dedos unidos e distendidos; o braço
estará sensivelmente horizontal, formando um ângulo de 45º com a linha dos ombros; o guarda

JORGE HELENO DE ARAÚJO


59 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
59
manterá um olhar franco e naturalmente voltado para quem está se dirigindo. Para desfazer a
continência, baixará a mão em movimento enérgico, voltando à posição anterior.

A apresentação
O guarda, ao apresentar-se a um superior hierárquico, aproxima-se do mesmo, toma posição
de sentido, presta a continência e profere, em voz clara e bom nível, seu grau hierárquico, seu nome
de escala e a unidade da Guarda Municipal a que pertence, ou declina a função que exerce, se
porventura estiver no interior da Unidade onde é lotado; desfazendo, em seguida, a continência.
Ao sair da presença do superior, o guarda procede à continência e pede autorização para se
retirar.

ORDEM UNIDA

Ordem unida é a instrução que permite a exteriorização da disciplina e que tem profundo
reflexo na atitude e na apresentação dos guardas municipais, em todos os níveis.
Todo guarda municipal para comandar deverá se colocar em posição que tenha contato visual
com todos os integrantes da formatura, em posição central e afastada, no mínimo, de três a quatro
metros da mesma. Permanecerá na posição de sentido e exigirá o máximo de correção e
marcialidade nos movimentos do grupamento.
Antes de qualquer treinamento de ordem unida o instrutor deverá motivar seus instruendos,
chamando-lhes a atenção para os seguintes itens:
• A ordem unida constitui uma das principais escolas de disciplina, obediência pronta e
espontânea às ordens superiores, cujas bases estão alicerçadas na hierarquia e na união
dos membros do grupo;
• A ordem unida proporciona um andar desembaraçado e marcial, que deve ser característica
do guarda municipal;
• A ordem unida faz desaparecer a insegurança e a timidez, estimulando a desenvoltura do
guarda;
• Estimula o guarda a pertencer a um grupo homogêneo que se desloca com confiança e
cadência firme;
• Desenvolve os reflexos de obediência e espírito de grupo;
• O guarda adquire experiência e aumenta sua confiança ao comandar outros homens,
desenvolvendo assim, as qualidades de chefia e liderança;
• A ordem unida faculta ao guarda, inclusive na vida particular, a conduzir grupos em
situações de emergência, através de comandos enérgicos. Ex: incêndios, calamidades
públicas, etc.

Voz de comando
É a maneira padronizada através da qual o responsável pelo grupamento exprime,
verbalmente, sua vontade. Na ordem unida, a voz de comando estará, normalmente, dividida em
três partes: vocativo, comando e execução.
Vocativo .......................................... Grupamento
Comando ........................................ Meia volta
Execução ........................................ Volver

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60 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Entrada em forma
É o momento em que se define a formação. Os guardas permanecerão na posição de descansar
aguardando o comando posterior.

Formação
É a disposição regular dos integrantes de um grupamento. Esta formação poderá se apresentar
em coluna ou em linha.

Em coluna
É a disposição de um grupo onde seus integrantes estão cobertos, uns atrás dos outros,
qualquer que seja a formação ou distância.

Em fileira
É a formação em que os guardas estão colocados, uns ao lado dos outros, estando voltados
para a mesma frente, devidamente alinhados.

Distância
É o espaço entre dois guardas colocados um atrás do outro e voltados para a frente, numa
coluna.

Intervalo
É o espaço lateral entre dois guardas colocados numa mesma linha.

Homem base
É o guarda através do qual o grupamento regula a marcha ou alinhamento. Em coluna, o
homem base será o testa da coluna base e será designado de acordo com as necessidades.

Sentido
Trata-se da posição básica. Dela partem todos os demais comandos. Levanta-se a perna
esquerda, descendo-a e juntando o calcanhar esquerdo ao direito, num ângulo de 45 graus, formado
pelos pés. Simultaneamente as mãos serão levadas à altura da cocha (altura da linha de costura da
calça), estando as mãos espalmadas, dedos unidos, e os braços levemente flexionados. A imobilidade
deverá ser mantida, assim como o corpo ereto, a cabeça erguida e o olhar fixo no horizonte.

Cobrir
É dar um espaçamento padrão a todos os integrantes do grupamento, quer em largura (linha)
ou em profundidade (coluna). O grupamento poderá cobrir com ou sem intervalo.
• Com intervalo
O primeiro guarda, da coluna da esquerda, permanece na posição de sentido. Os guardas da
frente da formatura (testa) erguem o braço esquerdo tocando o ombro direito do companheiro que
está a seu lado. Os guardas, das colunas restantes, esticam o braço esquerdo tocando o ombro do
guarda à frente, criando, assim, uma distância padronizada para os integrantes do grupamento.

• Sem intervalo
O guarda da coluna da esquerda permanece na posição de sentido. Os guardas da frente da
formatura (testa) trazem a mão esquerda fechada, à altura da cintura, com as costas da mão voltadas
à frente, tocando, com o cotovelo, o braço direito do guarda da esquerda. Todos os guardas das

JORGE HELENO DE ARAÚJO


61 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
61
colunas, na posição de sentido, esticam o braço esquerdo tocando o companheiro à frente, criando,
assim, uma distância padronizada para os integrantes do grupamento.

Firme
Partindo da posição de cobrir, o guarda, com energia, abaixa o braço esquerdo, voltando à
posição de sentido.

Descansar
Partindo da posição de sentido, levanta-se a perna esquerda, abrindo e descendo-a no
prolongamento do ombro. Simultaneamente, as mãos serão levadas às costas, sendo que a mão
esquerda segura a mão direita, que permanece espalmada. A imobilidade deverá ser mantida, assim
como o corpo ereto, a cabeça erguida e o olhar fixo no horizonte.

Continência
É a saudação do guarda municipal, podendo ser realizada individualmente ou em grupo, de
forma espontânea ou a comando. Quando houver um grupamento, a continência será realizada por
determinação daquele que estiver no comando. Quando em grupo o comando será “apresentar
armas” para prestar a continência e “descansar armas” para desfazer o movimento.

Voltas à pé firme
Voltas a pé firme são movimentos executados pelo grupamento, quando parado, visando a
mudança de frete. Elas são:

•Esquerda volver
Realiza-se um quarto de círculo à esquerda, sobre o calcanhar do pé esquerdo e a ponta do pé
direito. Terminada a volta, unem-se os calcanhares com energia, voltando a posição de sentido.

• Oitava à esquerda
Realiza-se um oitavo de círculo à esquerda, sobre o calcanhar do pé esquerdo e a ponta do pé
direito. Terminada a volta, unem-se os calcanhares com energia, voltando à posição de sentido.
• Direita volver
Realiza-se um quarto de círculo à direita, sobre o calcanhar do pé direito e a ponta do pé
esquerdo. Terminada a volta, unem-se os calcanhares com energia, voltando à posição de sentido.

• Oitava à direita
Realiza-se um oitavo de círculo à direita, sobre o calcanhar do pé direito e a ponta do pé
esquerdo. Terminada a volta, unem-se os calcanhares com energia, voltando à posição de sentido.

• Meia volta
Realiza-se o movimento nos moldes de esquerda volver, sendo a volta realizada num ângulo de
180º.

Movimentos de marcha
São os movimentos realizados pelo grupamento, quando em deslocamento, e que visam à
mudança de local. São eles:

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62 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
62
• Passo ordinário
Após o comando de “ordinário marche”, os integrantes do grupamento romperão a marcha
com o pé esquerdo. Manterão a cadência marcial levantando os joelhos e batendo a planta dos pés
ao solo, seguindo em linha reta. A cabeça deverá ser mantida erguida; os braços deverão oscilar
perpendicularmente ao corpo, com as mãos espalmadas e dedos unidos, levados até a altura da
fivela do cinto, quando levada à frente, ou passando a linha do corpo, quando levada à retaguarda.

•Passos em frente
Em deslocamentos num espaço de, até sete passos o comando poderá ser: grupamento, x
passos em frente, marche! O número de passos deverá ser, sempre, em número ímpar. Após o
comando de marche, executa-se o rompimento da marcha e prossegue-se em passo ordinário, até
completar o número de passos comandados.

• Passos sem cadência


Após o comando de marche o guarda executa o rompimento da marcha, contudo o
deslocamento não terá a marcialidade do passo ordinário, ainda que todo o grupamento deva
manter-se em silêncio, coberto e alinhado.

Movimentos em marcha
São movimentos que o grupamento executa quando em deslocamento. Eles são:

• Esquerda volver
A voz de execução deverá ser comandada quando o pé esquerdo assentar no solo. A seguir, dá-
se mais um passo com o pé direito, volvendo-se o corpo 90º à esquerda. Realizado o giro, inicia-se a
marcha com o pé esquerdo na nova direção.

•Direita volver
A voz de execução deverá ser comandada quando o pé direito assentar no solo. A seguir, dá-se
mais um passo com o pé esquerdo, volvendo-se o corpo 90º à direita. Realizado o giro, inicia-se a
marcha, com o pé direito, na nova direção.

• Meia-volta volver
A voz de execução deverá ser comandada quando o pé esquerdo assentar no solo. A seguir, dá-
se mais um passo com o pé direito, girando-se o corpo 180º pela esquerda. Realizado o giro, inicia-se
a marcha com o pé direito na nova direção.

• Alto
A voz de execução deverá ser comandada quando o pé esquerdo assentar no solo. A seguir, dá-
se mais dois passos, um com o pé direito e outro com o esquerdo, unindo-se a seguir os calcanhares,
ao mesmo tempo em que se unem as mãos, na altura da chocha, na posição de sentido.

• Marcar passo
A voz de execução deverá ser comandada quando o pé esquerdo assentar no solo. A seguir, dá-
se mais dois passos, um com o pé direito e outro com o esquerdo, unindo-se a seguir os calcanhares,
ao mesmo tempo em que se unem as mãos, na altura da chocha, na posição de sentido. Em seguida
inicia-se uma marcha no mesmo lugar (sem deslocamento), aguardando um comando posterior que
poderá ser em frente ou alto.

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63 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
63
• Em frente
Para o deslocamento em frente, a partir de marcar passo, a voz de comando deverá ser
emitida quando o pé esquerdo tocar ao solo. A partir daí, contar 01 passo no pé direito e iniciar a
marcha no pé esquerdo.

Conversões
Conversões são movimentos realizados pelo grupamento de guardas, quando em movimento,
tendo por objetivo a mudança de direção do deslocamento, sem que se altere a formação original.
Elas são:

•Direção à esquerda
Após o comando de marche, todas as colunas deverão estar alinhadas ombro a ombro, tendo
por base a coluna da esquerda, que marcará passo enquanto realiza a conversão. Ao ser comandado
em frente, procede-se como já descrito para o citado comando.

• Direção à direita
Após o comando de marche, todas as colunas deverão estar alinhadas ombro a ombro, tendo
por base a coluna da direita, que marcará passo enquanto realiza a conversão. Ao ser comandado em
frente, procede-se como já descrito para o citado comando.

• Conversão ao centro
Após o comando de marche, todas as colunas deverão estar alinhadas ombro a ombro, tendo
por base a coluna da esquerda, que marcará passo enquanto realiza a conversão. As colunas
passarão ao lado de si mesmas em direção à retaguarda do grupamento ao ser comandado em
frente, procede-se como já descrito para o citado comando.

Olhar a direita / esquerda


Em passo ordinário, a voz de execução deverá ser comandada quando o pé esquerdo assentar
ao solo. Dá-se mais um passo, com o pé direito e, em seguida, ao assentar o pé esquerdo ao solo,
com mais vigor, ao mesmo tempo em que volve-se a cabeça na direção comandada.

•Olhar frente
Para desfazer o movimento, procede-se como no olhar a esquerda ou direita.

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64 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
64
OBSERVAÇÃO, MEMORIZAÇÃO E DESCRIÇÃO

A observação, memorização e descrição, ou OMD, como é vulgarmente conhecida, participa no


emprego das técnicas operacionais desenvolvidas pelo guarda municipal durante todo o seu período
de trabalho, e consiste em observar com perfeição, memorizar o que viu e descrever os fatos
observados com veracidade. Se levarmos em consideração que a principal atividade do guarda
municipal, em seu período de serviço, é observar, tudo e a todos, podemos afirmar ser este um dos
mais importantes assuntos do curso de formação, pois a partir dessa observação que serão tomadas
as medidas que se fizerem necessárias.

OBSERVAÇÃO
A observação “é o ato pelo qual examinamos, minuciosa e atentamente, as pessoas e o
ambiente que nos cercam, através da máxima utilização dos sentidos”. É ela que nos capacita a
reconhecer e distinguir pessoas, objetos ou fatos, de modo correto, completo e claro.
O grau de precisão de uma observação depende dos sentidos utilizados. Muitos psicólogos
entendem que 85% do que se aprende é obtido através da visão; 13% através da audição e os 2%
restantes através do tato, olfato e paladar. Sob o ponto de vista da atividade de vigilância, os vários
sentidos apresentam a mesma proporção.
A observação é utilizada no dia a dia das pessoas, não sendo, portanto, atividade exclusiva dos
organismos de segurança. Assim, o guarda pode obter os elementos que necessita, seja pela
observação colhida por seus próprios sentidos, seja pelas experiências sensoriais de outrem. As
etapas da observação, na ordem que ocorrem, são: atenção, percepção e impressão.

Atenção
“É o processo psicológico que faz com que se note a presença ou a existência de algo”. Por sua
vez, se divide em três tipos: atenção involuntária, voluntária e habitual.
Diversos fatores influenciam na atenção, podendo ser citados: o tamanho do fato observado, a
variação, a repetição com que ocorre, o poder de atração que os fatos despertam, o interesse pelo
fato, as condições orgânicas do observador e o poder de sugestão da pessoa que observa.

Percepção
Após a atenção ter sido despertada para um fato a mente funciona e o compara, para
reconhecê-lo, com outro anterior. Se um indivíduo vê alguma coisa e entende o que está vendo isto é
comparação. Percepção é, pois, “a capacidade de compreender o fato para o qual a atenção foi
despertada”.
Diversos fatores estão envolvidos na percepção de um fato: nível mental, antecedentes
emocionais, antecedentes empíricos, e antecedentes profissionais.

Impressão
Tendo a atenção sido atraída para um fato, e o mesmo sido compreendido, imprimi-lo no
cérebro será a etapa final, ou seja: “Impressão é a capacidade de gravar na memória o fato
percebido, podendo posteriormente ser traduzido por palavras”.
É evidente, contudo, que a repetição de incidentes similares; o tempo transcorrido até o
momento do relato e o vocabulário de quem observou terá grande influência no relato do fato.

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Regras básicas de observação
• Comece por observar as formas gerais e como estão distribuídas;
• Examine as dimensões e as proporções;
• Observe no sentido horário;
• Nas instalações, examine de baixo para cima e do mais próximo para o mais distante:
fachadas, solo, portas, paredes, janelas, móveis, tetos, etc.;
• Nos veículos, observe a marca, modelo, cor, placa, detalhes;
• Nas pessoas, observe:
1. Primeiramente, os caracteres distintivos, porque, sendo eles incomuns, impressionam o
observador;
2. Os aspectos físicos gerais, vendo o indivíduo como um todo;
3. Os aspectos físicos específicos, buscando neles os caracteres distintivos;
4. Os dados de qualificação.

MEMORIZAÇÃO
A memorização “é o conjunto de ações e reações voluntárias e metódicas que tem por
finalidade auxiliar na lembrança dos fatos”.
Com a memorização, trazem-se de volta os fatos e acontecimentos anteriormente observados
e que, graças à memória, ficam retidos no cérebro.
Existem, basicamente, dois tipos de memória: a de curta duração, que denominamos memória
imediata, e a de longa duração, que denominamos memória mediata. Um exemplo de memória
imediata é um recado, que guardamos apenas em determinada oportunidade; assim o memorizamos
até transmiti-lo, quando ele se apaga de nossa memória. Já a memória mediata é bem diferente pois
permite lembrar coisas que se aprenderam ou experimentaram há vários anos.

Processos de memorização
Existem diversos processos, cada qual utilizando-se de artifícios destinados a auxiliar a
memória na lembrança dos fatos. O primeiro processo conhecido foi criado por Simonides (556 a 469
a.C.), na Grécia, recebendo o nome de “Topologia”. Com a evolução da humanidade, diversos
processos surgiram, dentre os quais podemos citar: palavras-chave, concatenação, homofônico,
acrósticos, Atkinson, pregos de memória, Quipu, entre outros.
Uma memória eficiente pode ser caracterizada pela facilidade de observar, imprimir no
cérebro o que observou, guardar essas informações por bom tempo e trazer à mente as lembranças,
com fidelidade no momento em que elas são úteis.

Tipos de esquecimento
• Supressão
É a capacidade que tem o ser humano de esquecer fatos desagradáveis. Encontra-se na
relutância consciente em jamais admitir a existência de determinados fatos.

• Repressão
Difere da supressão no aspecto peculiar de que aquilo que foi reprimido não pode ser
lembrado, enquanto o suprimido pode. Os efeitos são quase os mesmos, porém a supressão não tem
os efeitos maléficos da repressão. Nesta, qualquer tentativa de rememoração será infrutífera.

•Esquecimento
Significa manter algo, involuntariamente, fora da consciência (memória). Às vezes, o
esquecimento obedece a uma finalidade evidente, outras não. Quando se esquece o endereço ou o

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66 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
66
nome de alguém, isto pode significar um desejo de não querer ver esta pessoa, ou apenas estar
nossa memória pouco treinada para lembrar datas e nomes. Um tipo de esquecimento é a amnésia,
que acarreta a perda total ou parcial da memória. Entretanto, as lembranças não são destruídas.

• Astenia
É o cansaço, a fadiga do cérebro, que acarreta um funcionamento deficiente. A astenia é, para
o cérebro, o que uma ruptura é para o músculo. Sua frequência principal é a sobrecarga intelectual.
Quanto maior for a fadiga, menores serão os resultados positivos que se obtêm na memorização.

DESCRIÇÃO
“Consiste em descrever, com toda veracidade, as observações pessoais de um fato, ou as
impressões relatadas por outras pessoas”. Na observação, através da atenção, percepção e
impressão, memoriza-se o fato observado que, a qualquer momento, pode ser usado para a
descrição: Observação + Memorização + Descrição = Identificação (objetivo final da OMD).

Na descrição, deve-se seguir os seguintes princípios:


• Objetividade – finalidade e objetivo da descrição;
• Oportunidade – em que a descrição será útil;
• Segurança – proteger a descrição de interferências;
• Clareza – levar, sem dúvidas, ao descrito;
• Simplicidade – fazer o relato sem rebuscamento;
• Amplitude – ser o mais completo possível;
• Imparcialidade – evitar ideias pré-concebidas.

Abordam-se os seguintes aspectos, em ordem:


1. Dados de qualificação;
2. Aspectos físicos gerais;
3. Aspectos físicos específicos;
4. Caracteres distintivos.

Dados de qualificação
São todos os dados pessoais que não são visíveis no físico do indivíduo, necessitando, na
maioria das vezes, de uma investigação para serem conhecidos. Seguem-se, abaixo, alguns tipos de
dados de qualificação.
1. Dados individuais (nome, data de nascimento, naturalidade, nacionalidade, estado civil,
endereço);
2. Documentos pessoais (cédula de identidade, identidade funcional, carteira de trabalho,
título de eleitor, carteira de habilitação, certidão de nascimento, passaporte);
3. Dados físicos (fotografias, fórmula datiloscópica, tipo sanguíneo).

Aspectos físicos gerais


Refere-se ao conjunto dos aspectos aparentes de uma pessoa, considerando-a como um todo.
São os seguintes:
Sexo – homem ou mulher (jovem, adulto, maduro, velho);
Cor – branca, morena, parda, negra, amarela;
Compleição – fraca, delgada, média, forte, gorda, atlética, troncuda, obesa;
Idade – aparente, com intervalo de 3 anos para os jovens e 5 anos para os adultos;

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67 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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• Ex.: idade de 16 anos – entre 15 e 18 anos
• Ex.: idade de 25 anos – entre 23 e 28 anos
• Altura – aparente, com intervalo de 5 cm;
• Ex.: altura de 1,76m – entre 1,74 e 1,79m
Peso – Verificando-se a altura e a compleição, é possível calcular do peso. Adotando-se a
compleição média como base, os centímetros são iguais aos quilogramas. Ex.: 1,70m de altura é
igual a 70Kg de peso (média). Para um peso de 70Kg, a descrição será – entre 68 e 73Kg.

Aspectos físicos específicos


São aspectos aparentes do indivíduo, relativos às diversas partes de seu corpo. Ex.:

Cabeça
• Forma (arredondada, chata, comprida)

Rosto
• Forma (largo, redondo, fino, gordo)
• Tez (clara, amarela, avermelhada, parda, negra)

Cabelos
• Cor (negros, castanhos, ruivos, brancos)
• Comprimento ( curto, longo)
• Tipo (liso, ondulado, crespo, carapinha)
• Penteado (topete, para o lado x, escovinha, black power)
• Deficiências (entradas, calvícies)

Sobrancelhas
• Forma (arqueadas, retas, caídas)
• Comprimento (longas, curtas, médias)
• Espessura (grossas, finas, peludas, feitas a lápis)
• Cor (mesmo termo dos cabelos)

Olhos
• Tamanho (grandes, pequenos, normais)
• Cor (castanhos, negros, verdes, azuis)
• Peculiaridades (estrábicos, profundos, olheiras)

Face
• Forma (magra, ossuda, carnuda)
• Peculiaridades (com covinhas, acnes, rugas, manchas)

Testa
• Inclinação (proeminente, recuada)
• Altura (alta, baixa, média)
• Largura (larga, estreita, média)
• Peculiaridades (rugas horizontais)

Nariz

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68 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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• Comprimento (curto, normal, comprido)
• Largura (largo, médio, estreito)
• Ponta (pontudo, chato, arredondado, bilobado)
• Narinas (invisíveis, acentuadas, finas, grossas)
• Peculiaridades (com cabelos, veias)

Bigodes
• Cor (mesmo termo dos cabelos)
• Colocação (alta ou baixa)
• Comprimento (comprido, médio, curto)
• Largura (fino, grosso)
• Textura (espesso, ralo)

Rosto visto como um todo na observação

CABEÇA

ROSTO

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69 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
69

CABELO

C
A
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CALVICE

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S
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O

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B
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NARIZ L C
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V
I
C
E

LÁBIOS

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70 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
70

SOMBRANCELHAS

SOBRANCELHAS
BIGODES

QUEIXO

ORELHAS

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71 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
71
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO – PCI

Quando, na pré-história, o homem aprendeu a dominar o fogo, sua vida sofreu uma mudança
que lhe permitiu visualizar novos horizontes. Com o fogo, aprendeu a cozinhar alimentos, a proteger-
se do frio, a espantar animais, a forjar armas para a caça e para a guerra, etc.. Na vida moderna,
contudo, os novos materiais utilizados na fabricação de móveis e vestuário e os novos produtos
produtores de calor, quando combinados, podem causar incêndios que tem ceifado a vida de
inúmeras pessoas e causando enormes prejuízos.
Um incêndio começa sempre com um pequeno foco, mas o desconhecimento em preveni-lo,
para que não aconteça, ou em combatê-lo corretamente, em seu início, tem sido a causa de grandes
catástrofes. Sabemos que isto acontece nas situações mais diversas, surpreendendo as pessoas e, na
maioria das vezes, causando morte e destruição. Somente após a ocorrência de um incêndio é que as
pessoas atribuem o real valor à segurança contra o fogo, pois percebem o quanto são vulneráveis e
as consequências que pode trazer o despreparo e a inexistência da prevenção.
O objetivo deste capítulo é orientar o guarda municipal, dando-lhe condições de prevenir a
possibilidade de um incêndio ou, caso ele venha a ocorrer, ter condições de iniciar, de forma correta,
o combate ao fogo até a chegada dos bombeiros.

FORMAÇÃO DE INCÊNDIOS

O triângulo do fogo
Há fogo quando há combustão. Combustão nada mais é do que uma reação química das mais
elementares, geralmente uma oxigenação. Caracteriza-se por uma alta velocidade de reação e,
principalmente, pelo grande desprendimento de luz e calor. Para que se processe esta reação,
obrigatoriamente, dois agentes deverão estar presentes: combustível e comburente.
Combustível é tudo que é possível de entrar em combustão: papel, madeira, pano, plástico,
tintas, alguns metais, etc.
Comburente é todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de
fazê-lo entrar em combustão. O oxigênio é o comburente mais facilmente encontrado na natureza.
No entanto, não basta, para processar a combustão,
que combustível e comburente estejam em contato. Além
dessas condições há uma outra, que é a temperatura. Cada
combustível possui uma propriedade chamada temperatura
de ignição, somente acima da qual ele pode queimar.
Para facilitar a compreensão e, principalmente, a
memorização dos elementos necessários para que se
processe uma combustão, é costume dispor esses três
elementos como os três lados de um triângulo equilátero,
que é chamado triângulo do fogo.
Quando os três lados estão juntos, formando o
triângulo, há fogo. Quando há apenas dois deles, e falta o
terceiro, não há fogo. Vamos estudar, a seguir, cada um dos três lados do triângulo do fogo, isto é,
cada uma das três condições para que se processe a combustão. O propósito deste estudo é permitir
o conhecimento perfeito dos processos.

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72 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
72
O combustível
Combustível, como já foi definido, é tudo aquilo capaz de entrar em combustão. Normalmente,
são conhecidos como combustíveis as substâncias que queimam na atmosfera, utilizando-se do
oxigênio do ar como comburente. No entanto, substâncias que normalmente não são conhecidas
como combustíveis, em situações especiais, podem se tornar combustíveis. O aço, por exemplo, não
é considerado combustível, no entanto, sob a forma de fios muito finos (palha de aço) e em
ambiente muito rico em oxigênio, pode queimar com grande rapidez, desprendendo luz e calor.
Há diversas classificações para os combustíveis, de acordo com vários pontos de vista. Veremos
a seguir, apenas as que mais de perto nos interessam.

• Classificação quanto ao estado físico dos combustíveis


Os combustíveis podem ser: sólidos (carvão, madeira, plástico, papel, etc.), líquidos (gasolina,
álcool, éter, tintas, etc.) ou gasosos (metano, etileno, gás de cozinha, etc.). Há determinados
combustíveis que, para queimarem, passam primeiro do estado sólido para o líquido (a parafina, por
exemplo).
Deve-se notar que, quando um combustível, sólido ou líquido, entra em combustão, na maioria
das vezes o que realmente queima não é o sólido ou o líquido em si, mas sim os vapores
desprendidos por eles. Numa vela queimando, por exemplo, a chama não se origina diretamente do
pavio, mas acima dele, ou seja, na coluna gasosa que se origina da parafina. Se apagarmos a vela,
podemos reacendê-la aproximando um fósforo aceso, a dois ou três centímetros acima do pavio. Isto
acontece porque, enquanto o pavio está quente, desprende vapores inflamáveis de parafina.

• Classificação quanto à volatilidade dos combustíveis


Os combustíveis líquidos são classificados em voláteis e não voláteis. Dizem-se voláteis os
combustíveis que à temperatura ambiente, desprendem vapores capazes de se inflamar. São
exemplos de combustíveis voláteis a gasolina, o éter, o álcool, etc. Não voláteis são os que, para
desprenderem vapores capazes de se inflamar, necessitam aquecimento acima da temperatura
ambiente. São exemplos de combustíveis não voláteis o óleo combustível, o óleo lubrificante, o óleo
de linhaça, etc.
Os combustíveis voláteis são os mais perigosos, por isso, devem ser armazenados e utilizados
com cuidados especiais.
Observando o esquema do triângulo do fogo, podemos concluir que ao impedirmos que o fogo
seja alimentado, por qualquer tipo de combustível, a tendência natural será a sua extinção. Este é o
primeiro método básico de extinção de um incêndio ao qual denominamos eliminação do
combustível.

• Classificação quanto à presença do comburente em sua estrutura


Todos os combustíveis, para queimarem, necessitam de um comburente. Alguns deles, no
entanto, já trazem este comburente incorporado à sua própria estrutura e, assim sendo, não
necessitam recebê-lo de outros meios para que se realize a combustão. Os exemplos mais comuns
são as pólvoras, cloratos, nitratos e celuloides.

O comburente
Comburente, como já definido, é o elemento químico que se combina com o combustível,
possibilitando a combustão. Na quase totalidade dos casos, o oxigênio é o comburente, pois existe
no ar atmosférico numa percentagem aproximada de 21%. Uma experiência de laboratório,

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73 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
73
simples e elucidativa, consiste em colocar uma vela acesa no interior de uma redoma de vidro. A vela
continua acesa mas, aos poucos, sua chama vai diminuindo, até se apagar.

Surge então a pergunta: a vela apagou porque acabou o oxigênio existente na redoma? A
resposta é não. Ainda existe oxigênio no interior da redoma, porém sua percentagem caiu dos 21%
iniciais para menos de 16%, que é o limite abaixo do qual, na maioria dos casos, o oxigênio já não
alimenta a combustão.
Ora, se para a grande maioria dos combustíveis é necessária uma percentagem de oxigênio na
atmosfera, acima de 16%, para que haja combustão, pode-se deduzir que, se conseguirmos baixar a
percentagem de oxigênio em um incêndio, o fogo se extinguirá. Este método de extinção de incêndio
é conhecido por abafamento. Corresponde, no triângulo do fogo, ao afastamento do lado
“comburente”.

A temperatura
Conforme já comentado anteriormente, acima de uma determinada temperatura, uma para
cada tipo de combustível, há combustão e, abaixo dessa temperatura, não há combustão.
Imaginemos um combustível colocado em um recipiente e aquecido, gradativamente, por uma
chama. Num primeiro momento, o combustível aquecido começa a desprender gases (temperatura
de fulgor). Na medida em que é aumentado o calor, sobre o combustível, a quantidade de gases
emanados também aumenta, chegando ao ponto que, mediante uma ação externa (uma chama),
esses gases venham a se inflamar (temperatura de combustão). Mas, se o combustível continuar
sendo aquecido, mesmo que não haja a presença de um agente iniciador (uma chama), chegará um
momento em que os gases se inflamarão, espontaneamente (temperatura de ignição). Daí, é possível
emitir os seguintes conceitos:

Temperatura de fulgor
É a temperatura na qual o combustível começa a desprender gases, mas que estes gases ainda
não são suficientes para manter a presença da chama acesa.

Temperatura de combustão
É a temperatura em que os gases emanados pelo combustível têm a capacidade de se inflamar
mediante uma ação iniciadora externa (Ex: palito de fósforo), mantendo-se aceso, mesmo com a
retirada da fonte iniciadora.

Temperatura de ignição
É a temperatura em que os gases, emanados do combustível, têm a capacidade de se inflamar,
independente da ação de um agente iniciador externo. É a chamada combustão espontânea.

Deve-se notar que cada combustível tem sua temperatura de ignição, e que ela não tem
ligação alguma com a temperatura de fulgor. A tabela abaixo exemplifica as temperaturas de fulgor e
de ignição de alguns combustíveis.

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74 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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TEMPERATURA DE TEMPERATURA
COMBUSTÍVEL
FULGOR DE IGNIÇÃO

Éter........................................ - 40ºC 160ºC


Álcool..................................... 12,8ºC 371ºC
Gasolina................................ - 42,8ºC 257,2ºC
Óleo diesel............................ 25ºC 280ºC
Óleo lubrificante.................... 168,3ºC 417,2ºC
Óleo de linhaça .................... 222ºC 343,3ºC

Dessas considerações podemos concluir com facilidade que, se abaixarmos a temperatura de


um combustível, ou da região onde esses gases flutuam, abaixo de sua temperatura de ignição, a
combustão cessará. Este é o segundo método de extinção de incêndios, e é conhecido como
resfriamento.
O resfriamento é o método mais antigo de apagar incêndios e seu agente universal é a água.

Métodos de transmissão de calor

Há três métodos de transmissão de calor: irradiação, condução e convecção. O estudo desses


métodos permite a compreensão de vários fenômenos peculiares aos incêndios, principalmente no
que diz respeito à sua propagação.

Irradiação – É a transmissão do calor que se processa sem a necessidade de continuidade


molecular entre a fonte calorífica e o corpo que recebe o calor. É a transmissão de calor através da
emissão de luz. Ex: o calor de uma fogueira.

Condução – É a transmissão de calor que se faz de molécula para molécula, através da


continuidade de matéria entre a fonte calorífica e o corpo que recebe o calor. Os corpos, de acordo
com sua condutividade térmica, são divididos em bons e maus condutores de calor. Os metais, de um
modo geral são considerados bons condutores de calor. Ex: uma panela, fervendo ao fogo, com uma
colher dentro.

Convecção – É o método de transmissão de calor característico dos líquidos inflamáveis e


gases. Consiste na formação de correntes ascendentes e descendentes, devido ao fenômeno da
dilatação e é responsável pelo alastramento de incêndios em compartimentos bem distantes do local
de origem do fogo. Em edifícios, esse fenômeno se dá através dos poços de elevadores ou vãos de
escadas, especialmente onde houver portas ou janelas abertas que permitam o escapamento da
coluna ascendente de gases aquecidos.
A legislação atual, que rege a construção civil, determina que os acessos dos pavimentos de um
prédio às escadas sejam isolados por portas a prova de fogo, de modo a evitar tais efeitos.

Classificação dos incêndios e dos agentes extintores

Para facilitar a seleção dos melhores métodos para combater cada tipo de incêndio, estes são,
usualmente, divididos em quatro classes principais, a saber: classes A, B, C e D.

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75 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
75
Classe A – São os incêndios que ocorrem em materiais fibrosos ou sólidos, que formam brasas
e deixam resíduos. São os incêndios em madeira, papel, tecidos, borracha e na maioria dos plásticos.

Classe B – São os incêndios que se verificam em líquidos inflamáveis (óleo, querosene,


gasolina, tintas, álcool, etc.) e também em graxas e gases inflamáveis.

Classe C – São os incêndios que se verificam em equipamentos elétricos ou instalações,


enquanto a energia estiver alimentada. Após o corte da energia, se o incêndio persistir, ele deverá
ser combatido como outra classe.

Classe D – São os incêndios que se verificam em metais. Sob certas condições físicas, muitos
metais conhecidos podem entrar em combustão. Alguns deles, pelo relativo baixo ponto de ignição,
por sua capacidade para manter-se em combustão e por suas características de queima, são
chamados “metais combustíveis”. Os mais conhecidos são o magnésio, o titânio, o zircônio, o sódio,
o lítio e o potássio.

Agentes extintores
Agente extintor é tudo aquilo que é ou pode ser usado para abafar ou resfriar as chamas,
proporcionando sua extinção. Assim, podemos classificar, genericamente, como agentes extintores,
um grande número de substâncias, desde um simples cobertor com que se envolva alguém com as
roupas em chamas, até os mais modernos produtos criados especialmente para combater um
incêndio.
Os agentes extintores de uso mais difundido são:

Água – É o agente extintor de uso mais


comum, sendo usado sob três formas básicas: jato
sólido, neblina de baixa velocidade e neblina de alta
velocidade. O jato sólido consiste em um jorro de
água, de alta pressão, por meio de um esguicho
circular. É o meio mais indicado para os incêndios
classe “A”, onde o material deve ser bem
encharcado de água para garantir a extinção total
do fogo e impedir seu ressurgimento. As neblinas,
tanto de alta como de baixa velocidade, consistem
no borrifamento de água por meio de
pulverizadores especiais. A água, aplicada sob a forma de gotículas, propicia um rápido decréscimo
da temperatura no ambiente onde ocorre o fogo (extinção por resfriamento).

Espuma – É o agente específico para os


incêndios classe “B” e é formada por dois métodos
básicos, que caracterizam os dois tipos de espuma
que existem: química e mecânica. A espuma
química é mais comumente encontrada nos
extintores portáteis, enquanto a espuma mecânica
é produzida e utilizada em grandes quantidades por
equipamentos especiais. Ambos os tipos de espuma
funcionam da mesma forma, flutuando sobre a

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superfície do líquido inflamado e isolando-o do ar atmosférico. O incêndio cessará por abafamento.

Bióxido de carbono ou CO2 – Por ser o CO2 um gás inerte, isto é, que não alimenta a
combustão, ele é empregado como agente extintor por abafamento, criando, ao redor do corpo em
chamas, uma atmosfera rica em CO2 e, por conseguinte, pobre em oxigênio. Por outro lado, o CO2 é
um mal condutor de eletricidade, sendo por isso especialmente indicado para os incêndios classe
“C”, o que não impede seu emprego também em incêndios classe “B”.

Pó químico – É a mistura de bicarbonato de sódio ou de potássio e alguns secantes e tem ação


semelhante à do gás carbônico, porém mais denso. Nos incêndios classes B e C, para extinção e na
classe A, para retardamento da expansão do fogo.

Cuidados com os agentes extintores


Água – Sob a forma de jato sólido, pode originar acidentes, se for dirigida sobre pessoal, à
curta distância, principalmente se atingir o rosto; se dirigida sobre equipamentos elétricos
energizados, pode causar choque elétrico ao pessoal que guarnece a mangueira.
Espuma – Sendo condutora de eletricidade, pode causar acidentes, se utilizada contra
equipamentos elétricos energizados; produz irritação na pele e principalmente nos olhos.
CO2 – Pode causar acidentes por asfixia, quando utilizado em ambientes fechados ou sem
ventilação; pode causar queimaduras na pele e, principalmente nos olhos, face à baixa temperatura,
se dirigido à curta distância, sobre pessoal.
Pó químico – Quando utilizado em locais não ventilados, o pó reduz a visibilidade e poderá
sufocar o operador.

Extintores portáteis

São muitos os tipos de extintores portáteis existentes. As variações que apresentam entre si
prendem-se, principalmente, às diferenças entre os agentes extintores e ao propelente utilizado. Os
agentes extintores, logicamente, são designados em função das classes de incêndio a que se destina
o equipamento. O propelente diz mais respeito ao aspecto prático de sua utilização.
Os extintores portáteis mais utilizados são:
• Extintores de água
• Extintores de espuma
• Extintores de bióxido de carbono (CO2)
• Extintores de bicarbonato de sódio (pó químico)
• Extintores a halon
• Extintores tri-classe ABC

Além desses, diversos produtos podem ser encontrados, a maioria para fins específicos, como
é o caso dos agentes extintores para incêndios classe D;
outros pelas características especiais que apresentam,
como o bicarbonato de potássio, cuja eficiência é o
dobro do bicarbonato de sódio, além de ser refratário à
umidade.

Extintores de água
Os extintores à água mais comumente utilizados

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são do tipo “pressão do próprio cilindro”, “ampola de CO2” e “soda-ácido”, sendo que todos se
destinam ao combate aos incêndios classe A.

• Extintor de água com pressão do próprio cilindro


O propelente (ar comprimido) e o agente extintor
são armazenados no interior do cilindro e a descarga é
controlada por meio da válvula de fechamento. O
extintor é posto em funcionamento retirando-se o pino
de segurança e pressionando-se o punho existente na
parte superior. Um manômetro é montado no corpo da
válvula de descarga. Pode ser operado em jato contínuo
ou intermitente.

• Extintor de água com ampola de CO2


No interior do cilindro, abaixo da tampa, há uma ampola de bióxido de carbono sob alta
pressão. Para permitir o rompimento da ampola e a descarga do bióxido de carbono, o operador
deve inverter o extintor e, segurando-o pelo fundo, batê-lo contra o piso ou uma superfície
resistente. Existe um outro, similar, que não necessita sofrer choque, quando invertido. Apenas o
peso da ampola de gás causa o rompimento do selo, por meio de um mecanismo de perfuração.

• Extintor de água com soda-ácido


O cilindro metálico é carregado com uma solução de bicarbonato de sódio em água. Dentro de
um pequeno vidro, no interior do cilindro, é disposta uma carga de ácido sulfúrico. Para colocar o
extintor em funcionamento, inverte-se sua posição. O ácido sulfúrico, entrando em contato com a
solução de bicarbonato de sódio, produz uma reação química que libera grande quantidade de gás
carbônico (CO2). O CO2 atua como propelente, e a solução restante tem valor equivalente à água,
como agente extintor.

Extintores de espuma química


Retirado de uso, o extintor ao lado era
composto de um cilindro contendo uma solução de
água, bicarbonato de sódio e um agente estabilizador.
Uma solução de sulfato de alumínio era colocada em
recipiente interno de vidro; invertendo-se o extintor,
colocavam-se as duas soluções em contato. A reação
que se processava desprendia gás carbônico (CO2). O
CO2 gerado atuava como propelente e a espuma formada tinha efeito de abafamento e resfriamento.
De modo geral, estes extintores não eram
recomendados para incêndios em álcool, éter, acetona
e vernizes e não podiam ser utilizados em incêndios
das classes C e D.

Extintores de bióxido de carbono (CO2)


Estes extintores são recomendados para
incêndios classes B e C, não podendo ser utilizado em
incêndios classe D. São eficientes contra pequenos
incêndios classe A ou para controlá-los até a chegada do agente indicado para esse tipo de incêndio.

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O CO2 é um gás inerte, não alimenta a combustão e extingue os incêndios por abafamento, isto
é, reduzindo a percentagem de oxigênio no meio ambiente. Por esta razão, quando empregado em
ambientes confinados, o operador deverá fazê-lo com cuidado, a fim de não sofrer os efeitos
decorrentes da baixa percentagem de oxigênio que restará para respiração.

O gás, estando comprimido dentro da ampola,


sofre uma descompressão brusca quando
descarregado, o que reduz enormemente a
temperatura, fazendo com que parte dele se congele
sob a forma de neve carbônica. Esta baixa temperatura
de descarga gera um efeito de resfriamento. Por outro
lado, a neve carbônica, em contato com a pele, provoca
queimaduras dolorosas. Um jato de CO2, diretamente
nos olhos pode causar sérias lesões, inclusive cegar.

Extintores de pó químico
Os extintores de bicarbonato de sódio foram originalmente conhecidos como “pó químico”,
sendo esta denominação mantida para todos os extintores com agente extintor em pó, exceto
aqueles para incêndios classe D.

• Extintor de pó com pressão no cilindro


É recomendado particularmente para incêndios nas classes B e C, não podendo ser usado nos
da classe D. Como propelente utiliza CO2, nitrogênio ou ar comprimido, armazenados no interior do
cilindro. A descarga é efetuada através da pressão de uma válvula de fechamento existente na parte
superior do cilindro. O extintor é dotado de uma mangueira de borracha que deve ser dirigida para a
base das chamas.
Para evitar a projeção sobre o operador, quando usado em líquidos inflamáveis, em camada
espessa, o jato inicial deve ser dirigido de uma distância de 2 a 2,5m.

Extintor de pó com ampola de CO2


Também é recomendado para os incêndios classes
B e C, e não recomendado para os de classe D. Este tipo
de extintor apresenta como característica uma pequena
ampola de CO2, localizada na parte externa do cilindro.
A descarga é controlada por uma válvula de fechamento
instalada na extremidade da mangueira de borracha.

• Extintor de pó seco para metais combustíveis


Estes extintores são conhecidos comumente como
extintores de “pó seco” e se destinam a combater os incêndios classe D, segundo técnicas especiais e
recomendações do fabricante. O agente e o método de aplicação dependem do tipo, quantidade e
forma de metal.

Extintores de halon
Este tipo de extintor é particularmente indicado para incêndios em equipamentos eletrônicos,
por não deixarem resíduos após a extinção do fogo. Também são recomendados para os incêndios
das classes B e C.

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Os vapores formados são tóxicos, pelo que não devem ser empregados em locais confinados
ou pouco ventilados. Mesmo em locais ventilados, deve ser tomado o cuidado para não aspirá-los. É
indicado utilizá-los a favor do vento.
Estes extintores não precisam ser robustos como os de CO2, sendo construídos em aço ou liga
de alumínio e utilizam o nitrogênio como propelente.
São operados à semelhança dos extintores de CO2.

Extintores tri-classe ABC


Baseado em novas tecnologias, e em condições de combater as diversas classes de incêndios,
com um mesmo tipo de extintor, foi desenvolvido, e aprovado pelo Inmetro, este novo tipo de
extintor, que tem como objetivo superar o desconhecimento dos diversos extintores existentes e as
possíveis consequências do seu uso inadequado. O uso desse extintor será, em pouco tempo, de uso
obrigatório em veículos automotores de todo país.

Outros recursos
Agentes extintores tais como água e areia, lançados à balde, constituem um recurso de
razoável eficiência para controle de princípios de incêndios. A presença de baldes, estrategicamente
colocada, oferece um recurso simples e econômico, indicado como alternativa para locais isolados e
onde os riscos de incêndios sejam pequenos e a estética não constitua problema. A capacidade dos
baldes deve estar entre 10 e 12 litros.

Identificação dos extintores portáteis


Os extintores e o local onde ficam instalados devem ser marcados com um sinal indicando a
classe de incêndio para o qual aquele extintor é adequado.
1. Extintores utilizados em incêndios classe A são identificados por meio de um triângulo
verde contendo a letra A;
2. Extintores utilizados em incêndios classe B são identificados por meio de um quadrado
vermelho contendo a letra B;
3. Extintores utilizados em incêndios classe C são identificados por meio de um círculo azul
contendo a letra C;
4. Extintores utilizados em incêndios classe D são identificados por meio de uma estrela de
cinco pontas amarela, contendo a letra D.

Classificação das áreas quanto ao risco de incêndio

Nem todos os locais estão sujeitos ao mesmo risco de incêndio. Assim, determinadas áreas
apresentam, pela natureza do material combustível nelas existentes, e pelo tipo de trabalhos que ali
são realizados, maiores ou menores riscos de incêndio do que outras. Por esta razão, foi estabelecida
uma classificação das áreas de incêndio a que estão sujeitas: pequeno, médio e grande risco.

Áreas de pequeno rico – São aquelas em que o material combustível da classe “A” (incluindo
partes estruturais, mobiliário e materiais depositados ou manuseados) é presente em pequenas
quantidades. Combustíveis da classe “B” podem existir, em pequenas quantidades, desde que
guardados em recintos fechados e seguros. São exemplos desse tipo de área: as edificações ou salas
utilizadas como igrejas, escritórios, escolas, etc.

Áreas de médio risco – São aquelas em que combustíveis das classes “A” e “B” estão presentes
em quantidades maiores que no caso anterior, havendo a facilidade de propagação de chamas. São

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exemplos desses tipos de áreas: lojas comerciais, estacionamentos de veículos, depósitos, oficinas,
etc.

Áreas de grande risco – São aquelas onde existem grandes quantidades de combustíveis
classes “A” e “B”, em estoque ou manuseados. São exemplos desse tipo de áreas: postos de gasolina,
bibliotecas, oficinas de carpintaria, áreas de manutenção ou reparo de automóveis, de aeronaves, de
embarcações, etc.

Principais situações de incêndio


Os incêndios podem se apresentar das mais variadas maneiras, exigindo, para cada caso, um
procedimento básico específico. O guarda municipal deve ter em mente os procedimentos básicos e,
a partir daí, e com segurança, partir para as situações específicas.

1 – Fogo em edificações
Os incêndios em edificações podem ocorrer, tanto em imóveis residenciais, como em
comerciais ou mistos (comerciais e residenciais). Podem se originar de um cigarro aceso jogado em
uma lixeira; um ferro elétrico esquecido ligado, um vazamento de gás ou uma ligação elétrica
malfeita e com sobrecarga. O combate inicial será realizado pelos que estiverem no local, após
evacuação e comunicação aos bombeiros, procurando seguir a seguinte ordem:
• Realizar a avaliação do foco de incêndio, tipo de material em combustão, e possibilidade de
expansão;
• Comunicar, imediatamente, ao responsável pelo imóvel e aconselhar a evacuação de todos
os moradores, funcionários ou clientes;
• Comunicar o fato ao Corpo de Bombeiros, informando o tipo do imóvel, tipo de incêndio,
combustível envolvido, perigo de propagação, etc.;
• Procurar conter o fogo, fechando portas e janelas e isolando o combustível que está
queimando;
• Procurar as caixas de disjuntores e desativar a energia elétrica daquela área. Em caso de
desconhecimento, acionar o eletricista;
• Havendo brigada de incêndio no imóvel, acioná-la, informando o local e tipo de incêndio
existente;
• Não existindo brigadistas no imóvel, iniciar o combate às chamas, até a chegada dos
bombeiros;
• Os guardas que não estiverem combatendo o foco de incêndio farão o isolamento e
segurança da área;
• Socorrer as vítimas, retirando-as do local de incêndio;
• Com a chegada dos bombeiros estes assumirão a operação, desligando toda a energia
elétrica (se necessário), combatendo o incêndio.e socorrendo vítimas.

Alguns cuidados importantes


• Mantenha a calma. O pânico é contagioso e leva à ações incontroláveis;
• Evite agir sozinho e sim em duplas;
• Caso exista um plano de evacuação, procure manter-se na função a você designada.
• Diante de muita fumaça, deve-se ficar mais próximo do solo, colocando um pano molhado
junto ao rosto, para que sirva de filtro;
• Antes de abrir uma porta, aproxime as costas da mão à maçaneta; havendo fogo intenso, a
maçaneta ficará aquecida. Isso ocorrendo, abra a porta, no máximo, 10cm,

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despressurizando seu interior, aguarde cerca de 30 segundos e só então abra a porta de
forma lenta e gradual;
• Nunca utilize os elevadores; procure sempre descer pelas escadas de emergência e só suba
se a descida for impossível;
• Após passar por uma porta, não a tranque, deixe-a apenas encostada;
• Caso fique preso em um cômodo, livre-se dos objetos de fácil combustão;
• Nunca tire as roupas e procure se molhar.

Obs: Se tiver que passar por locais que estejam em chamas, procure proteger o corpo com
tecidos molhados; preferencialmente não sintéticos (algodão). As portarias são os últimos obstáculos
para os que evacuam um imóvel, portanto, abra todas as portas, facilitando a saída da população. O
isolamento da área do imóvel facilitará a desocupação e também dificultará as ações de curiosos e
saqueadores.

2 – Fogo em veículos
Focos de incêndio em veículos podem ter as mais diversas origens: curtos-circuitos,
vazamentos de combustível em contato com motor aquecido, etc. Desenvolvem-se com extrema
rapidez, e se não forem combatidos de maneira eficaz e eficiente, podem levar à perda do veículo ou
da vida de seus ocupantes. O combate inicial deverá ser realizado pelos que estiverem no veículo,
após o desembarque de todos os passageiros, procurando seguir a seguinte ordem:
• Antes de qualquer atitude, analise a cena do evento;
• Somente se aproxime do veículo em chamas se, em seu julgamento, isto seja
completamente seguro;
• Para abrir a tampa do motor, primeiramente abra uma fresta e introduza o bico do extintor,
esguichando para a direção do foco de incêndio;
• Seguro de que não há mais fogo, só então abra a tampa, sem colocar o rosto sobre o
motor;
• Depois da tampa aberta e o incêndio debelado, desconecte os cabos da bateria;
• Abra o bocal do tanque de combustível para não permitir a formação de gases que poderão
provocar explosão do combustível.

Obs: Evite ficar ou passar próximo de locais que estejam em chamas, já que a gasolina se
inflama, por irradiação, com grande facilidade. Da mesma forma, procure afastar outros veículos
daquele em chamas, para que não ocorram novos focos de incêndio.

3 – Fogo em vegetações
Focos de incêndio podem ocorrer em terrenos urbanos (abandonados ou habitados), na beira
de estradas, em áreas de pastos ou em matas (reservas particulares ou não). A maioria dos focos
surge em decorrência do desleixo de fumantes, campistas ou caçadores. Entretanto, causas naturais,
como raios e a combustão espontânea, podem iniciar um foco de incêndio. Quanto mais rala for a
camada vegetal, mais fácil será o início da combustão, assim, as pastagens e as macegas (ralas e
densas) muito facilitam a expansão de um incêndio nestes locais. Evidentemente que nos períodos
de estiagem ocorrem mais incêndios que nos períodos chuvosos, quando a umidade é maior.
Também a topografia do terreno e a velocidade do vento muito contribuem para a expansão do
incêndio, dificultando as ações de combate ao fogo.
A educação ambiental é, sem dúvida, a medida preventiva para se evitar esses tipos de
incêndios. Somente jogar lixo nos locais indicados pelas prefeituras; ao acampar, recolher seu lixo e

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levá-lo de volta; não fazer fogueiras nas matas; não soltar balões; e ter a certeza de ter apagado seu
cigarro antes de jogá-lo no local adequado, são medidas que muito contribuem para que se diminua
a incidência de incêndios em terrenos com vegetações.
• Seja onde surgir o foco de incêndio, o combate inicial será realizado pelos que estiverem no
local, que farão a imediata comunicação aos bombeiros, procurando seguir a seguinte
ordem:
• Se possível, fazer o combate direto com o material disponível;
• Em reservas florestais, evitar entrar na mata sozinho;
• Ter cuidado para não ser envolvido pelas chamas;
• Em caso do fogo avançar para as residências, retirar a população.

Métodos de extinção
Um incêndio em área de vegetação pode ser extinto através de combate direto ou indireto ao
foco de incêndio:
Direto – Afogamento (galhos verdes ou batedor), resfriamento (água) e isolamento (retirada
do material).
Indireto – Aceiro (limpeza de uma faixa do terreno fazendo uma linha de defesa).

Nos incêndios em áreas de vegetações, normalmente, não são utilizados extintores e sim
equipamentos improvisados que o tempo e a necessidade deram origem e serventia. Dentre os
muitos existentes podemos citar os mais comuns:
• Espargidor – Depósito de água transportada nas costas, usado para espargir, sob pressão,
água sobre pequenos focos de incêndio;
• Batedor – Pedaço de lona, ou pneu, preso a uma haste de madeira, usado para bater os
focos de incêndio;
• Foice – Usada para corte de arbustos e vegetação de pequeno porte;
• Pá – Usada para remoção de materiais, escavação e arremesso de terra sobre o foco de
incêndio;
• Enxada – Usada para abrir valas e capinar espaços vazios entre a relva;
• Machado e machadinha – Usadas para corte de árvores, isolando o incêndio;
• Gadanho – Usado para a remoção de detritos sólidos;
• Garfo – Usado para remoção de detritos sólidos;
• Picareta – Usada para perfuração e corte de solos rígidos, abertura de canais ou valas.

4 – Fogo em Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)


O gás liquefeito de petróleo (GLP) é obtido do gás natural extraído do subsolo ou do
craqueamento do petróleo. Em estado natural, o GLP é inodoro, recebendo um aditivo químico que
lhe proporciona um odor característico. Este aditivo tem a função de denunciar, pelo olfato, sua
presença. Encontrado em todas as cozinhas, tem causado inúmeros acidentes fatais e grandes
prejuízos materiais. Sendo mais pesado que o ar, nos casos de vazamento, tende a ocupar as partes
mais baixas dos recintos. Sua aspiração provoca um tipo de embriaguez e sonolência, causando a
morte por asfixia.
O ideal é que os botijões de gás sejam guardados em compartimentos próprios e fora da
edificação, evitando o confinamento de gases em casos de vazamentos. Também devem ser
acondicionados em locais ventilados e afastados de qualquer ponto de ignição, inclusive de ação dos
raios solares. As mangueiras de condução de gás têm prazo de validade que deve ser cumprido a
risca pois após o prazo torna-se quebradiça, favorecendo possíveis vazamentos.

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Procedimentos em casos de vazamentos


O não cumprimento das normas de segurança é a causa da maioria dos acidentes relacionados
com GLP e decorrem de vazamentos que podem ser seguidos de incêndio. Em percebendo um
vazamento, o guarda deverá tomar as seguintes providências:
• Isolar a área do vazamento, afastando todas as fontes de calor que possam provocar
ignição;
• Desligar toda a rede elétrica do local envolvido pelo gás;
• Penetrar com material de iluminação blindado e já aceso;
• Tentar localizar as causas do vazamento;
• Arejar o local, abrindo janelas e portas de forma a executar uma tiragem;
• Não utilizar ferramentas que possam causar centelhas;
• Se o vazamento ocorrer na mangueira, fechar o registro de segurança;
• Se o vazamento ocorrer no registro ou na válvula, retirar o botijão para local aberto e, se
possível, fazer o reparo necessário para cessar o vazamento;
• Não executar reparos em locais confinados com ferramentas impróprias ou desprovidos de
iluminação;
• Não submergir ou enterrar o botijão, pois essas medidas não cessam a causa do
vazamento.

Procedimentos em casos de incêndio


• Caso o fogo seja na mangueira, a extinção será realizada com o fechamento do registro;
• Caso necessário, e possível, transportar o botijão em chamas para um local arejado e lá,
realizar a extinção e os reparos ou ações preventivas para cessar o vazamento;
• Extinguir o fogo sobre o botijão por abafamento;
• Verificar se o botijão apresenta vazamento.

Conduta para tratamento inicial com paciente queimado

A destruição do tecido cutâneo causado por queimaduras coloca-se entre os problemas


importantes, de difícil solução terapêutica local.
Esses problemas são atuais em todas as partes do mundo, porque o número de queimados não
cessa de aumentar com o emprego de produtos químicos, produtos sintéticos e derivados de
petróleo, eletricidade e radiações, porém as estatísticas mostram que a porcentagem de sucesso do
tratamento do grande queimado é muito maior naqueles casos que tiveram uma boa conduta no
primeiro atendimento.

Atendimento no local do acidente


• Conduta
De um modo geral, o primeiro atendimento a um queimado ocorre no local do acidente, onde
raramente existem condições e meios ideais. Assim sendo, deve haver uma improvisação de meios e
orientação para o socorrista leigo.
Seja qual for o agente causal da queimadura, os cuidados gerais com o paciente devem ser os
mesmos que são tomados em um acidente grave qualquer.
Uma atenção especial deve ser dada quando a vítima se encontrar com as vestes em chamas,
devendo o socorrista manter-se calmo e procurar extinguir o fogo das vestes da vítima, por

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abafamento, com o auxílio de um cobertor, toalha ou outro tecido que permita impedir a
manutenção das chamas no corpo ou nas vestes da vítima.
Dentro dos primeiros quinze minutos do acidente, o resfriamento imediato das áreas
queimadas, com água corrente à aproximadamente 20ºC, durante quinze minutos, constitui
excelente conduta terapêutica. Está provado que esta manobra limita o aprofundamento da
queimadura e diminui o edema inicial. Este resfriamento deverá ser reservado para as queimaduras
limitadas.
Em queimaduras causadas por agentes químicos, a água corrente, além do papel de
resfriamento, terá a ação de diluir a concentração do agente, e é imperativo o seu emprego, inclusive
para o caso em que a área queimada não seja limitada.
O uso de água para resfriamento é contraindicado, por razões óbvias, nos casos de
queimaduras por corrente elétrica, enquanto a fonte estiver agindo em contato com a vítima. Nos
casos de queimaduras elétricas, é importante, no local do acidente, o exame do aparelho respiratório
e circulatório. Caso haja algum sintoma de deficiência neste sentido, as manobras de RCP são as
mesmas de um acidente qualquer e têm prioridade sobre a queimadura.
Em resumo, o atendimento no local do acidente limita-se somente ao resfriamento, lavagem,
proteção e manobras de RCP, se for o caso.

• Remoção do paciente
As primeiras providências de remoção do paciente, para o local provido de maior recurso,
devem ser tomadas de imediato e o transporte do paciente deverá ser efetuado dentro da maior
comodidade possível, entretanto, pela sensibilidade que este tipo de acidente requer, é aconselhável
que somente o pessoal especializado faça este tipo de remoção. Pode e deve-se cobri-lo com lençol
limpo, pois isolando a área queimada do ar circulante, se evitará a contaminação e a dor. Um
substituto ideal para o lençol é o papel alumínio em rolo, para embalagem alimentar. Seria, inclusive,
um artifício de primeira escolha, pois reflete o meio externo, diminui a perda calórica, isola o
paciente, é moldável e não aderente.

Cálculo da superfície queimada


Inúmeros são os esquemas para o cálculo da superfície corporal queimada (SCQ). Adotamos o
mais simples, para melhor memorização. O esquema preconizado por “Wallace” é conhecido pela
“Regra dos nove”. Em adultos, a extensão pode ser aproximadamente calculada em relação à
superfície cutânea total, atribuindo-se a proporção de 36% de área corporal para o tronco; 9% para
cada membro superior; 18% para cada membro inferior e 9% para a cabeça e o pescoço. Assim, por
exemplo, se a queimadura atingiu toda a parte anterior do tronco, avalia-se em 18% a área afetada.
Para esse cálculo não são computadas as queimaduras de 1º grau.

Prevenção de incêndios

Podemos afirmar, com segurança, que o mais eficiente método de combater incêndios é evitar
que eles tenham início. Excetuados, evidentemente, os incêndios originados por forças da natureza,
a grande maioria de ocorrência de fogo é derivada de falhas humanas, pela não observância dos
necessários cuidados na utilização do material, pela manutenção deficiente dos equipamentos e pelo
desconhecimento das precauções de segurança.
As principais causas de incêndios, segundo dados estatísticos de fontes oficiais, estão a seguir
relacionados.

1. Cigarros e fósforos atirados em locais impróprios

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Esta tem sido, sem dúvida, a principal causa de incêndios. O constante ensinamento do pessoal
é, sem dúvida, o melhor caminho a ser seguido para solucionar o problema. As seguintes
recomendações devem ser seguidas:
• Não fumar em locais proibidos ou quando trabalhando com inflamáveis;
• Certificar-se que o cigarro e fósforo estão apagados antes de jogá-los fora;
• Não atirar pontas de cigarro em cestos de lixo, porões, etc.;
• Não fumar deitado, visto que é possível vir a dormir com o cigarro aceso.

2. Instalações e equipamentos elétricos deficientes


Juntamente com o cigarro, detém o título de campeão de incêndios em instalações residenciais
e comerciais. As redes elétricas, que necessitam de um técnico para serem adequadamente
distribuídas, são comumente instaladas por curiosos, que não levam em conta a demanda, tipo de
fiação ou capacidade de disjuntores.
Além disso, baixas de isolamento, instalações de fortuna (gatos), travamento de disjuntores,
sobrecarga de motores e manuseio de equipamentos, são fatores que originam incêndios.

3. Vasilhames destampados contendo combustíveis voláteis


Determinados produtos usados em limpeza, tais como álcool e benzina, ou mesmo tintas e
ceras usadas no dia a dia, se deixadas expostas ou em locais mal ventilados, podem dar origem à
formação de misturas inflamáveis, suscetíveis de entrarem em combustão com uma simples
centelha.

4. Porões com acúmulo de óleo e lixo


Os porões são áreas normalmente de difícil inspeção, onde tendem a acumular todos os
resíduos e restos de materiais utilizados em reparos ou limpezas, juntamente com óleos e graxas
resultante de lubrificação de equipamentos. A combustão pode ser iniciada pelo aquecimento
natural dos equipamentos, da queda acidental de pontas de cigarros ou centelhas originárias de
eventuais curtos-circuitos.

5. Trapos e estopas abandonados, embebidos em óleo ou graxa


Funcionam à semelhança dos pavios dos lampiões a querosene, permitindo que pequenas
quantidades de calor possam propiciar a inflamação do combustível.

6. Acúmulo de gordura nas telas e dutos de cozinhas


As telas e dutos devem ser limpos periodicamente. A gordura que se deposita nesses locais
constitui material combustível e está sempre sujeita ao calor emanado das cozinhas, quando não das
próprias chamas, que por vezes se elevam dos fogões.

7. Vazamentos de gás (GLP)


Botijões de gás de cozinha devem, sempre que possível, estar em locais ventilados e com o
registro fechado quando fora de uso. Ao detectar cheiro de gás, não acender fósforos ou lâmpadas;
abrir portas e janelas, fechar o registro de gás e, caso persista o vazamento, procurar um técnico ou
representante da empresa.

8. Armazenamento inadequado de produtos inflamáveis


Álcool, cera, óleos lubrificantes, inseticidas, fósforos, etc., devem ser armazenados em locais
reservados, fora da luz solar e, principalmente, fora do alcance de crianças.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Procedimentos em caso de incêndios
1. Ao pressentir indícios de incêndio, primeiramente procurar identificar a veracidade do fato,
o local e a intensidade do foco de incêndio;
2. Comunicar, imediatamente, ao supervisor ou diretamente ao Corpo de Bombeiros;
3. Se possível, iniciar o combate às chamas, até a chegada dos bombeiros;
4. Isolar o foco de incêndio e evacuar a área do incêndio;
5. Na evacuação, manter a calma e dirigir-se, sempre pelas escadas, para o térreo, pois a
tendência do fogo é subir;
6. Desligar a corrente elétrica da área e fechar tubulações de gás existentes;
7. Após o isolamento, só permita a entrada, na área de fogo, daqueles que estiverem
envolvidos no combate às chamas e socorro aos feridos.

A força não vem da vitória.


Seus esforços desenvolvem suas forças.
Quando você enfrenta dificuldades e
decide não se entregar, isso é força.

Arnold Schwarzenegger

JORGE HELENO DE ARAÚJO


87 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
87
CRIME ORGANIZADO

O crime organizado pode ser entendido como “toda organização cujas atividades são
destinadas a obter poder e lucro, transgredindo as Leis das autoridades locais”. Entre as formas de
sustento do crime organizado encontram-se o tráfico de drogas, os jogos de azar e a compra de
“proteção”, como acontece com a Máfia italiana.
Em cada país as facções do crime organizado costumam receber um nome próprio. Assim,
costuma-se chamar de Máfia (aportuguesação do italiano maffia) ao crime organizado italiano e
ítalo-americano; Tríade, ao chinês; Yakusa, ao japonês; Cartel, aos colombianos e mexicano; e Bratva,
aos russo e ucraniano. A versão brasileira mais próxima disso são os Comandos, facções criminosas
sustentadas pelo tráfico de drogas e sequestro.
Seja qual for a atividade à qual o crime organizado se dedique, este sempre enfrentará, além
do combate das forças de segurança de sua região de atuação, a oposição de outras facções ilegais.
Para manter suas ações ilícitas, os membros de organizações criminosas armam-se pesadamente,
logo pode-se afirmar que as armas, e os assassinatos, são o sustentáculo do crime organizado. Além,
é claro, da incompetência, ou corrupção, das autoridades encarregadas do seu combate.

Crime organizado no Brasil


No Brasil, o crime organizado pode ser observado sob duas formas distintas. Em mais alto
nível, é composto por empresários, advogados, políticos, autoridades policiais, juízes, etc. É a
chamada “Máfia do Colarinho Branco”, que é uma designação geral dada às várias quadrilhas
formadas por autoridades legais, sem que necessariamente tenham ligações entre si. Geralmente
incorrem em crime de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Em contato mais próximo com a sociedade, que sofre diretamente com suas ações, existem as
facções, ou comandos, sendo conhecidos: o Primeiro Comando da Capital – PCC; Terceiro Comando
da Capital – TCC, de São Paulo; e Comando Vermelho – CV; Terceiro Comando – TC; Terceiro
Comando Puro – TCP; e Amigo Dos Amigos – ADA, do Rio de Janeiro.
As facções criminosas são formadas por quadrilhas que obtém o controle das rotas de tráfico
de uma determinada região. Sua principal atividade é o tráfico de drogas. O Brasil tem uma produção
de entorpecentes é relativamente pequena, mas é uma rota do tráfico internacional de cocaína e
maconha da Colômbia para a Europa e Estados Unidos. Por conta dessa ligação internacional,
membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC, já foram descobertos fornecendo
treinamento no uso de armas para traficantes cariocas, e um outro grupo guerrilheiro estava
envolvido com o sequestro do empresário Abílio Diniz, em São Paulo.
As facções se envolvem, frequentemente, em disputas territoriais. A cidade de Santos, no
litoral paulista, foi palco de uma disputa entre o PCC e o TC. O PCC (que é de São Paulo) havia
decidido absorver a cadeia de tráfico de Santos, que pertencia ao TC (que é do Rio de Janeiro).
Também, é comum duas facções se unirem para enfrentar uma terceira, ou um inimigo comum,
como aconteceu no Estado do Rio de Janeiro, em dezembro de 2006, quando facções se uniram para
atacar postos e delegacias policiais, em represália às ações das milícias (grupos paramilitares
compostos por policiais, ex-policiais, bombeiros e agentes penitenciários, que expulsam traficantes
de determinadas comunidades e assumem a segurança local).
O crime organizado é investigado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado – DRACO
(na polícia civil), pelo Departamento de Polícia Federal – DPF e pela Agência Brasileira de Inteligência
– ABIN.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


88 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
88
Organização e economia desenvolvidas pelo crime organizado

Tráfico de drogas ilegais


A população tem um maior contato com o micro tráfico, que se espalha nos locais de venda de
drogas nos bairros e comunidades das cidades de todo o país – as chamadas “bocas”. Estes pontos
de venda de maconha, cocaína, crack podem ser bares, esquinas, barracas, casas, com número
variado de integrantes e de consumidores. As crianças e adolescentes são comumente usadas como
mão-de-obra no micro tráfico. Os consumidores são jovens e adultos de todas as classes sociais.
Os grandes traficantes trabalham simultaneamente com negócios legais, de médio ou grande
porte, (fazendas, revendedoras de veículos, hotéis, restaurantes. aeroclubes, etc.) e podem ter
atividades políticas ou boas relações com pessoas que exercem cargos públicos, eletivos ou não.

Furto e roubo de veículos


Quando o veículo chega nas mãos dos que são chamados de receptores, e que lhe darão
o destino, estabelecem-se diferenças na forma de organização do modo e local onde será
comercializado. Há veículos que não se destinam à comercialização, sendo usado apenas como meio
para outro crime (assalto, sequestro, assassinato, etc.) e logo depois abandonado.
Quando o destino é a venda, do carro inteiro, no país, em feiras de automóveis e
revendedores, há toda uma técnica própria de adulteração das numerações ou características do
veículo, e troca de placas. Este trabalho é feito normalmente em oficinas mecânicas ou locais
ocultos. Para obter os dados necessários e a nova documentação dos veículos, as organizações
criminosas estabelecem ligações com funcionários de Detrans ou Ciretrans, obtendo lá os
documentos em branco, por corrupção ou furto.

Roubo de cargas
Os assaltantes constituem a ponta operacional e visível da organização criminosa. Às vezes a
atividade é terceirizada, para estancar as informações sobre a organização. Os assaltantes apenas
entregam o caminhão a terceiros, que irão, então, levá-lo ao depósito, desconhecido pelos primeiros.
A cobertura da operação, muitas vezes é feita por policiais associados à organização, que em
caso de perigo, tentarão dissimular os colegas policiais ou dissuadi-los de agir. A chefia da
organização normalmente é exercida por alguém que possui empresa legal, associada à uma rede de
varejistas (supermercados, lojas de confecções, lojas de calçados, farmácias, camelôs, etc.). Para dar
a cobertura legal há conivência com escritórios de contabilidade e advocacia.

Outras formas de crime organizado

Jogo do bicho
Ao definir o jogo do bicho como contravenção e não como crime, portanto um ilícito de menor
poder ofensivo, e com a menor pena, o Estado facilitou o seu desenvolvimento, pelas organizações
ilícitas. Para sua realização os banqueiros do bicho desenvolvem outras atividades de caráter
criminoso: corrompem sistematicamente integrantes das forças policiais; e buscam representantes e
influência nos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Lavagem de dinheiro e fraudes financeiras


A legislação nacional estabeleceu, na Lei nº 9.613, de 1998, a pena de 3 a 6 anos de prisão para
o crime de ‘lavagem de dinheiro”, ou ocultação de bens, provenientes de crime. São algumas
pequenas instituições financeiras os principais meios de lavagem de dinheiro, ocultando em formas

JORGE HELENO DE ARAÚJO


89 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
89
legais, em paraísos fiscais, os capitais advindos do crime organizado. Também, a dificuldade em
quebrar sigilo bancário, facilita este tipo de crime, que possui três estágios: O 1º é a colocação do
dinheiro fora do alcance das autoridades, depositando em instituições financeiras. O 2º é a sua
movimentação para contas “laranjas”. E, por último, é o retorno do dinheiro sob “fachada legal” ao
sistema financeiro.

Falsificação de remédios
A existência desta forma de crime organizado adquiriu destaque no ano de 1998 como uma
atividade criminosa de amplitude e de grande dano social. Nesse ano, a mídia noticiou que foram
identificadas 60 marcas de remédios falsificados, produzidos, com maquinaria própria, por médias
empresas, e vendidos a hospitais públicos – o que mostra a possível conivência de agentes públicos,
além de distribuídos em extensas redes de farmácias.

Contrabando
Uma parte da multidão de sacoleiros que atravessam a Ponte da Amizade, ligando o Brasil ao
Paraguai, em Foz do Iguaçu, está ali como operária do crime organizado. Eles organizam uma rede de
varejistas, corrompem agentes públicos, relacionam-se nos negócios com organizações criminosas
similares. A cocaína por sua vez, chega ao país através de contrabando em grande ou média escala
em aviões, caminhões e automóveis, ou mesmo em containers trazidos por empresas de fachada,
usadas para importação de produtos legais.

Corrupção
A corrupção é a associação sistemática para o crime, com ameaça ou violência real, utilizando-
se de instituição pública, em associação com empresas privadas. Organizando várias pessoas para as
empreitadas criminosas, dividindo o trabalho e os lucros, com hierarquia para o crime, esses grupos
formam verdadeiras quadrilhas, montadas para se apropriar do dinheiro público. Como exemplo: as
obras superfaturadas nos diversos níveis da administração pública.

Sonegação fiscal e crimes contra a ordem econômica


As cifras dos crimes tributários no Brasil são elevadíssimas: estima-se um volume anual de 50
bilhões de dólares, apenas em sonegação de tributos federais, e em cerca de 3 bilhões de dólares
anuais de prejuízo ao INSS, pelas fraudes. Acrescenta-se a alta sonegação dos tributos estaduais, em
especial do ICMS, base principal da arrecadação estadual.

Outras quadrilhas que podem ter relação com o crime organizado

Roubos a bancos
Apesar de algumas organizações criminosas que se dedicam ao roubo a bancos serem
compostas de muitas pessoas; usarem armamento “pesado”; cometerem ações traumáticas e
espetaculosas, seu modelo é de quadrilha ou bando. São ladrões que se associam para o crime,
acostumados ao emprego da violência, com mais liderança do que hierarquia, mas sem diferenciada
especialização.

Sequestros
Algumas organizações criminosas, aparecem bem-estruturadas, com local preparado para
cativeiro, informações precisas sobre a vítima, composição mista de homens e mulheres, para dar

JORGE HELENO DE ARAÚJO


90 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
90
fachada de normalidade ao cativeiro. Generalizam-se recentemente os sequestros relâmpagos, feitos
para sacar dinheiro das vítimas em caixas eletrônicos ou nos bancos.

Grupos de extermínio
Os chamados “justiceiros’’, que agem nas periferias das grandes cidades, guardam
semelhanças com os pistoleiros do nordeste. Em geral atuam de maneira individual, sem
organização. Mas, na última década, houve um crescimento de grupos de matadores, composto por
policiais e não-policiais, que vendem proteção às comunidades e comerciantes, ou que alugam seus
serviços a outros interessados, inclusive a contraventores do jogo do bicho e chefes do narcotráfico.

Conclusão
A repressão ao crime organizado é uma atividade de cunho social e deve ser desenvolvida por
todos e não esperar que o problema seja resolvido, apenas, pelo Estado. Só existe o traficante
porque há uma demanda pelas drogas que ele vende. Se por um lado a sociedade pode exigir melhor
eficiência na repressão policial, também tem a obrigação em colaborar para reduzir o mercado do
traficante: compra de peças automotivas, de CDs piratas, etc. Ao comprar esses produtos as pessoas
não pensam como isso alimenta a economia informal e o crime organizado. Para que o Estado tenha
sucesso nas ações contra as organizações criminosas, é necessário que a sociedade contribua na
redução dos lucros do mercado financeiro do traficante.

A única maneira de não cometer erros


é fazendo nada.
Este, no entanto, é certamente um dos maiores
erros que se poderia cometer em toda uma existência.

Confúcio

JORGE HELENO DE ARAÚJO


91 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
91
EQUIPAMENTOS E MUNIÇÕES MENOS LETAIS

Antes de adentrarmos na disciplina armamento e tiro, vale ressaltar que a arma de fogo deve
ser o último recurso a ser empregado por qualquer elemento de segurança, para conter uma
agressão, mesmo assim, quando todos os argumentos tiverem sido esgotados, quando o emprego da
força física for impossível ou sua integridade física ou de terceiros estiver extremamente ameaçada.
Na maioria dos organismos de segurança pública, pouca ou nenhuma importância tem sido
dada, pelos agentes da lei, para a grande utilidade dos equipamentos e munições menos letais,
notadamente quando o objetivo é conter pessoas embriagadas, drogadas, descontroladas
emocionalmente ou participantes de turbas.
Quando o agente da lei, policial ou guarda municipal, na ação de conter um atacante, faz uso
de sua arma de fogo, as consequências podem ser irremediáveis, indo desde o simples ferimento, à
incapacitação permanente, até mesmo a morte do agressor. Pesquisa realizada pelo movimento Viva
Rio, publicada pelo jornal O Globo, de 12/01/2003, mostra que 75% das ações armadas resultam em
morte do elemento atingido por projétil de arma de fogo e os restantes 25% dividem-se entre a
incapacitação temporária ou permanente, da vítima. É a banalização do uso da arma de fogo. Ela se
tornou a solução rápida e eficiente, não para deter uma agressão, mas para matar. Partindo destes
dados estatísticos, perguntamos: e se este agressor for apenas um vendedor ambulante (camelô),
revoltado por ver suas mercadorias serem apreendidas pela Guarda Municipal? Ou um funcionário,
revoltado por uma punição, supostamente, injusta? Como ficaria a consciência do agente, após
passada a ação e resfriados os ânimos, sabendo que baleou, ou matou, um cidadão de bem, apenas
com os ânimos exaltados?
Os efeitos de uma munição menos letal são reversíveis, uma vez que seus efeitos duram em
torno de 20 minutos e, caso o agente tenha se equivocado, ou agido precipitadamente, passados os
efeitos da munição, tudo voltará a ser como antes, sem consequências físicas danosas para a vítima
ou para o agressor.

Desenvolvimento
Autorizadas pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro –
DFPC/EB, algumas Polícias Militares e Guardas Municipais, já vêm utilizando equipamentos menos
letais para ocupar o hiato compreendido entre o fim do diálogo e a utilização da arma de fogo.
Acostumados a ver, no cinema, cenas em que agentes se utilizam de sprays com jatos de gás
lacrimogêneo, gás de pimenta, redes de imobilização, armas com munições de borracha ou
lançadoras de gás lacrimogêneo, imaginávamos que estes produtos fossem exclusivos do mercado
exterior. Pensávamos que jamais poderíamos dispor deles em virtude das dificuldades de
importação, dos altos custos ou, por terem seus preços tabelados em dólar. Ao longo de nossa
pesquisa, constatamos, contudo, que empresas nacionais, algumas com mais de vinte anos na
atividade, se dedicam à pesquisa e produção de equipamentos e munições não letais, procurando
desenvolver produtos de alta qualidade para atender às necessidades de organismos policiais, e que
também podem vir a ser utilizados pelas Guardas Municipais.
Os equipamentos e munições menos letais que podem vir a ser utilizados pelas Guardas
Municipais são:

Armas de choque elétrico


É uma arma menos letal que descarrega uma carga de energia elétrica (armazenada em forma
de bateria) em um organismo vivo com o propósito de paralisar seu corpo. Neste meio tempo, o
autor do disparo pode dominar o alvo.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


92 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Existem, basicamente, 2 modelos de armas de choque:

a. Arma de choque de contato:


Tem o formato semelhante ao de um celular e funciona com 2 baterias de 9V. Seu
funcionamento é simples: tem o corpo de plástico e possui numa das extremidades uma junção de 6
a 10 pinos metálicos, agrupado em pares, por onde é descarregada a corrente elétrica. Em um dos
lados possui um gatilho, onde é efetuado o disparo. Também possui uma chave, onde a arma pode
ser ligada, desligada ou colocada em "stand by" ("modo de espera"). O resultado na vítima depende
da região atingida, podendo ser desde a dormência na área atingida ou até mesmo desmaio.

b. Arma de lançamento de eletrodos energizados:


Tem o formato semelhante ao de uma pistola e funciona pelo princípio de IEM (Interrupção
Elétrica Intramuscular). Esse modelo possui 2 eletrodos, ligados a 2 fios de cobre que podem ter 4, 6
ou 8 metros. Ao disparar, ela lança os 2 eletrodos, que ao atingir a vítima, aplicam uma descarga
elétrica por 5 segundos, imobilizando o alvo. Após esse tempo, mantendo-se pressionado o gatilho,
uma descarga é disparada a cada 1,5 segundo. Após o disparo, os eletrodos e os fios são descartados,
sendo trocado para o próximo disparo. Pode-se acoplar
à arma uma lanterna tática e mira a laser, para evitar
erros acidentais e incutir um efeito dissuasório no
agressor. Este modelo, diferente do de contato,
imobiliza a vítima, independente da resistência à
eletricidade do alvo e da área atingida, pois devido à
descarga ser intramuscular, age direto no SNC (Sistema
Nervoso Central), fazendo com que o alvo fique em
posição fetal. Alguns modelos utilizam uma bateria
descartável que permite até 120 disparos. Outros
utilizam uma bateria auxiliar recarregável que o operador leva preso à cintura em uma bolsa,
semelhantemente ao coldre de uma pistola normal. Estas armas podem gerar uma descarga de
eletro choque de até 50.000 volts, mas com amperagem muito baixa para evitar a morte do agressor.

Cartucho cal. 12 com projétil detonante


O projétil detonante, com carga inócua, GL-102, foi desenvolvido para
operações de controle de distúrbios e/ou combate à criminalidade, com o objetivo
de desalojar pessoas, dissolver e movimentar grupos de infratores.
A percussão da espoleta transmite chama à carga de projeção que provoca a
ejeção do projétil e aciona a coluna de retardo, que queima durante um tempo
suficiente para que o projétil alcance o solo. Em seguida se dá a detonação da carga
explosiva e forma-se uma nuvem de fumaça inócua.
Deve ser disparado por projetor especial modelo AM-402, ou qualquer arma
calibre 12 sem “chocke”.

Cartucho cal. 12 com projétil detonante lacrimogêneo


O projétil detonante, com carga lacrimogênea (CS) cal. 12, GL-101, foi
desenvolvido para operações de controle de distúrbios e/ou combate à criminalidade. com o
objetivo de desalojar pessoas, dissolver e movimentar grupos de infratores.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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A percussão da espoleta transmite chama à carga de projeção que
provoca a ejeção do projétil e aciona a coluna de retardo, que queima durante
um tempo suficiente para que o projétil alcance o solo. Em seguida se dá a
detonação da carga explosiva e forma-se uma nuvem de cristais do agente
lacrimogêneo CS (ortoclorobenzalmalononitrilo).
Provoca atordoamento pelo efeito sonoro e desconforto pelo efeito do
agente lacrimogêneo.
Deve ser disparado por projetor especial modelo AM-402, ou qualquer
arma calibre 12 sem “chocke”.

Cartucho de jato direto – lacrimogêneo ou pimenta


Os cartuchos de jato direto, em cal. 12 e 37/38 mm, com carga
lacrimogênea ou pimenta, foi desenvolvido para operações de controle de
distúrbios e/ou combate à criminalidade, com o objetivo de dispersar grupos de infratores da lei e de
evitar o contato físico da tropa com os agressores.
A percussão da espoleta transmite chama à carga de projeção que provoca a ejeção da carga
de uma nuvem de pó com agentes, lacrimogêneo ou pimenta, provocando desconforto nas pessoas
atingidas.
Os modelos GL-103 e GL-104 devem ser disparados por projetor especial modelo AM-402 ou
qualquer arma calibre 12. Os modelos GL-103/A e GL-104/A devem ser disparados pelo lançador AM-
600 ou qualquer lançador calibre 37/38 mm de alma lisa

Cartuchos cal. 12 com projéteis de borracha


As munições cal. 12, com projéteis de borracha, foram projetadas para ser utilizadas por tropas
militares, ou policiais, em operações de controle de graves distúrbios e combate à criminalidade.
Podem ser compostas por um cartucho com um projétil (monoimpact ou precision), de três projéteis
(trimpact) ou de 18 projéteis de borracha (multimpact).
O funcionamento se dá através da percussão mecânica da espoleta (cápsula de iniciação) que
transmite chama à carga de projeção. A combustão desta lança os projéteis na direção do alvo. Os
projéteis possuem alto poder de intimidação psicológica, podendo provocar hematomas e fortes
dores. Devem ser disparadas por projetor especial modelo AM-402, ou qualquer arma calibre 12 sem
“chocke”.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


94 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Cartuchos cal. 38,1mm com projéteis de borracha
As munições calibre 37/38 mm com projéteis de borracha foram projetadas para ser utilizadas
por tropas militares, ou policiais, em operações de controle de graves distúrbios e combate à
criminalidade. Podem ser compostas por cartucho de três projéteis (trimpact super) ou de 12
projéteis de borracha (monoimpact super).
O funcionamento se dá através da
percussão mecânica da espoleta (cápsula de
iniciação), que transmite chama à carga de
projeção. A combustão desta lança os
projéteis na direção do alvo. Os projéteis
possuem alto poder de intimidação
psicológica, podendo provocar hematomas e
fortes dores.
Devem ser disparadas pelo lançador
AM-600, ou por qualquer lançador calibre
37/38mm de alma lisa.

Espargidores de agente pimenta – OC e OC MAX


Com um comprimento de 17 cm e pesando apenas 92 gramas, o
espargidor de agente pimenta (OC) tem um alcance de 1,5m. Foi
desenvolvido para utilização em situações de autodefesa e controle de
pequenos distúrbios.
Já o espargidor de agente pimenta (OC) MAX, foi desenvolvido para
utilização em situações de autodefesa, controle de pequenos distúrbios e
saturação de ambientes. Com um comprimento de 27 cm e pesando
apenas 600 gramas, este espargidor tem um alcance de 5m.
O agente pimenta atua nos olhos, pele e membranas mucosas,
causando fechamento involuntário dos olhos, forte irritação e sensação
de queimadura, sem causar qualquer efeito colateral ou toxidez
cumulativa.

Granada manual fumígena


As granadas manuais fumígenas foram desenvolvidas para utilização em operações policiais, ou
militares, com o objetivo de produzir densa cortina de fumaça, que serve para mascarar a retirada ou
a movimentação de efetivos militares. Com um comprimento de 15 cm e pesando apenas 540
gramas, esta granada, por não oferecer perigo circundante, pode ser utilizada tanto nas instruções
dos Cursos de Guardas Municipais como em situações extremas de graves distúrbios e combate à
criminalidade. Pode ser usada para forçar a saída de infratores de ambientes fechados, sendo
arremessadas através de aberturas ou janelas.
Ao ser tracionado o cordão, o sistema de acionamento, percute a espoleta e inicia o
funcionamento da coluna de retardo, que provoca a queima da carga fumígena. A formação interna
de gases, gera pressão e provoca a abertura dos orifícios de emissão. O acionamento é do tipo
tração, com cordão de acionamento e tampa protetora em plástico na cor branca. As cargas úteis
produzem intensa fumaça nas cores vermelha, verde, branca, amarela, laranja, violeta, cinza e azul.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Granada manual lacrimogênea


As granadas manuais lacrimogêneas foram desenvolvidas para utilização em operações
policiais, ou militares, com o objetivo de produzir densa cortina de fumaça, contendo gás
lacrimogêneo, e saturação de ambientes. Disponível em vários modelos, com diferentes tempos de
emissão, também podem ser disparadas por lançadores especiais. Podem ser usadas para forçar a
saída de infratores, de ambientes fechados, sendo arremessadas através de aberturas ou janelas.

Ao ser lançada a granada, após a retirada do grampo de segurança, o sistema de acionamento


ejeta a alça do acionador, percute a espoleta e dá início à queima da coluna de retardo que provoca a
queima da carga lacrimogênea.
O agente lacrimogêneo, por possuir características agressivas, deve ser utilizado em locais
abertos e arejados. Caso haja a necessidade de utilizar em ambientes fechados, recomenda-se o uso
de máscaras contra gases pelo pessoal de segurança ao lançar o agente lacrimogêneo.
O agente lacrimogêneo atua nos olhos, pele e membranas mucosas, causando grande
desconforto, irritação e sensação de queimadura, sem causar qualquer efeito colateral ou toxidez
cumulativa. A duração do efeito é de cerca de 15 minutos.

Máscara contra gases


É um equipamento de proteção que é ajustado à cabeça para
proteção contra gases e vapores. Compreende um módulo facial de
borracha, um visor transparente, tirantes de borracha ou malha
elástica, válvulas de inalação e exalação, e filtro.

Tipos de máscaras contra gases


De acordo com o sistema de fornecimento de ar, temos:
máscaras com sistema autônomo de ar (cilindro de oxigênio);
máscaras com respirador motorizado; e máscaras de filtros.
Para atividade de segurança pública o modelo mais adequado
é a máscara de facial completo, pois proporciona proteção dos olhos
e vias aéreas.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


96 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Autorização para uso
A Portaria nº 20 – D Log, do Exército Brasileiro, expedida em 27 de dezembro de 2006,
autorizou a aquisição de armamento e munições menos letais, classificados como de uso restrito,
para utilização das atividades de segurança pública e privada, estas últimas, por empresas
terceirizadas ou que possuam serviços orgânicos de segurança.
Poderão ser utilizados os seguintes materiais:
• Borrifador (spray) de gás pimenta;
• Arma de choque elétrico (air taser);
• Granadas lacrimogêneas (OC ou CS) e fumígenas;
• Munições lacrimogêneas (OC ou CS) e fumígenas;
• Munições calibre 12 com balins de borracha ou plástico;
• Cartucho calibre 12 para lançamento de munição não-letal;
• Lançador de munição não letal no calibre 12;
• Máscara contra gases lacrimogêneos (OC ou CS) e fumígenos.

A responsabilidade pela autorização para aquisição, uso e quantidades, para às forças de


segurança serão estabelecidas pelo Exército brasileiro. Já, para as empresas de segurança, essas
normas serão estabelecidas pela Polícia Federal que também estabelecerá as regras para
armazenamento, uso e destruição, após o prazo de validade.

Considerações finais sobre o uso de menos letais


A utilização de armas, munições e demais equipamentos menos letais representa um grande
avanço para as instituições e pessoas empenhadas nas atividades de segurança, quer pública ou
privada, pois os operadores da segurança passam a dispor de outros elementos intermediários entre
a negociação e o uso de força letal para o desempenho de sua função, aumentando em muito o nível
de eficiência e o grau de preservação de sua própria segurança, agregando valor ao seu trabalho e
elevando o nível do serviço oferecido.
Vale ressaltar, contudo, que os equipamentos autorizados para a segurança também são
considerados armas pela Polícia Federal, recebendo o mesmo tratamento e cuidados dispensados às
armas de fogo. Desta forma, nunca é demais mencionar que é ilegal a sua utilização banalizada,
como meio de punição ou para intimidar, humilhar ou fazer falar a um indivíduo já dominado.
Por outro lado, as pessoas encarregadas da utilização de tais equipamentos devem estar
sempre cientes de que, apesar da classificação de “armas menos letais”, a má utilização destes
equipamentos pode causar sérias lesões e inclusive levar a óbito as pessoas a elas submetidas. Um
equipamento projetado para não causar a morte de uma pessoa não é garantia absoluta de que isto
nunca venha a acontecer. Assim, sempre que o operador tiver que utilizar um destes equipamentos,
deve fazê-lo amparado na legalidade, na necessidade e na proporcionalidade, segundo as corretas
técnicas de utilização apresentada na disciplina “Uso Progressivo da Força”. Atuando sempre, de
forma justificada, e em favor da sociedade, o guarda municipal elevará seu padrão profissional, o
nome de sua instituição, e da categoria profissional a que pertence.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


97 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Projetor AM-402

Lançador AM-600

Se você quer um pedacinho do paraíso, acredite em Deus.


Mas se você quer conquistar o mundo, acredite em você,
porque Deus já te deu tudo o que você precisa
para poder vencer.

Augusto Branco

JORGE HELENO DE ARAÚJO


98 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
98
ARMAMENTO, MUNIÇÃO E TIRO

A promulgação da Lei nº 10.826, de 22/12/2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento,


complementada pela Lei nº 13.022. de 08/9/2014 – Estatuto das Guardas Municipais; pela Instrução
Normativa – IN nº 111, de 31/01/2017 e, mais recentemente, pela IN nº 201, de 09/07/2021,
estabeleceu as normas para aquisição e utilização de armas de fogo no território brasileiro, aí
incluídas as diversas Guardas Municipais. Independentemente das correntes que defendem, ou se
opõem, à possibilidade do guarda municipal utilizar-se de arma de fogo, na sua atividade
operacional, estas Leis são uma realidade. Não cabe, aqui, julgar o legislador e sim buscar
estabelecer padrão instrucional, de excelente qualidade, para a utilização dessas armas de fogo, até
para que sejam evitadas cenas lamentáveis como rotineiramente noticiadas pela mídia, onde
profissionais de segurança pública, que tendo a obrigação de utilizar, com profissionalismo e bom
senso, as suas ferramentas de trabalho, cometem absurdos e ceifam vidas inocentes. Vejamos,
então, as legislações que regulamentam o uso de armas de fogo pelas Guardas Municipais.

ARMARIA

É comum lermos ou ouvirmos, através dos diversos órgãos da mídia, as mais diversas e absurdas
afirmações sobre armamento. A mais comum das afirmações refere-se à utilização de armamento
pesado, ou de grosso calibre, por parte de marginais, incluindo-se ai seu poder de fogo, etc..
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre armamento, necessário se torna, pois, explicar que todo
armamento utilizado pela polícia, cidadãos comuns e marginais são, bélica e internacionalmente,
convencionados como armamento leve, senão vejamos: “Compreende-se por armamento leve,
aqueles que possuem peso e volume relativamente reduzidos, podendo ser transportados por um só
homem, ou em fardos por mais de um, além de possuir calibre inferior a 0.60 da polegada ou
15,24mm, incluindo-se os lança-rojões (bazucas) até o calibre 3,5 pol. (88,9mm), bem como as
espingardas calibres 12 (18,5mm) e 16 (16,2mm), apesar de possuírem calibres superiores a
15,24mm”.
Para efeito de estudo, o armamento leve é classificado segundo suas características principais, em
diferentes grupos. Assim o armamento pode ser classificado:

Quanto ao tipo
De porte – Quando, pelo seu pouco peso e dimensões reduzidas pode ser conduzido em um coldre.
Ex: pistola e revólver
Portátil – Quando, apesar de possuir um peso relativo, pode ser conduzido por um só homem, sendo
para sua comodidade, e facilidade de transporte, é dotado de uma bandoleira. Ex: espingarda,
carabina, submetralhadora, fuzil.
Não portátil – Quando, por seu grande volume e peso, só pode ser conduzido em viaturas ou
dividido em fardos, para ser transportado por vários homens. Ex: metralhadoras MAG cal. 7,62 ou
Browning 0.50 pol.

Quanto ao emprego
Individual – Quando se destina a proteção daquele que o conduz. Ex: revólver, pistola, fuzil.
Coletivo – Quando se destina a ser utilizada na proteção de um grupo de homens ou fração de tropa.
Ex: espingarda (no transporte de valores), submetralhadora.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


99 LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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Quanto ao funcionamento
De repetição – São aquelas em que o princípio motor é a força muscular do atirador, decorrendo daí
a necessidade de se repetir a ação a cada disparo. Ex: revólver, espingarda pump.
Semiautomática – São aquelas que realizam, independentes da vontade do atirador, todas as
operações de funcionamento, com exceção do disparo, que é realizado tiro a tiro Ex: todas as
pistolas.
Automática – São aquelas que realizam automaticamente todas as operações de
funcionamento, bastando o comandamento do atirador através da compressão da
tecla do gatilho. Ex: metralhadora MAG, submetralhadora INA
Misto – São aquelas que possuem dispositivos que lhes permite a realização de mais
de um tipo de tiro, dependendo da vontade do atirador. Ex: fuzis FAL.

Quanto ao princípio de funcionamento


As armas que utilizam a força muscular do atirador. Ex: revólver, espingarda pump (de bomba)
As armas que utilizam a pressão dos gases resultantes da detonação da carga de projeção:
• Ação dos gases sobre o êmbolo. Ex: fuzil FAL
• Ação dos gases sobre o ferrolho. Ex: pistola IMBEL
• Recuo do cano (curto ou longo). Ex: pistola Taurus PT-92
• Armas que utilizam a ação muscular do atirador combinada com a ação de uma corrente
elétrica. Ex: lança-rojão (bazuca).

Quanto ao sentido de alimentação


• Da esquerda para a direita – Ex: metralhadora Browning 0.50
• Da direita para a esquerda – Ex: revólver Taurus
• De cima para baixo – Ex: fuzil Mauser 1908
• De baixo para cima – Ex: pistola Taurus
• Retrocarga – Ex: espingarda Rossi
• Antecarga – Ex: espingarda “Pica pau”

Quanto a refrigeração
Refrigerada a água – Quando possui um tubo chamado camisa-de-água, que envolve o cano. Esta
água tem por finalidade refrigerar o cano. Ex: Metralhadora Vickers mod. 1912.
Refrigerada a ar – Quando é o próprio ar atmosférico que a refrigera. Ex: revólver, pistola, etc.
Refrigerada a água e ar – Quando o cano está em contato com o ar atmosférico, além de receber, de
vez em quando, jatos de água para ajudar na refrigeração Ex: metralhadora Vickers mod. 1935.

Quanto a forma de alimentação


Uma arma pode ser alimentada de forma manual ou com o auxílio de um carregador.
Manual – Ex: espingardas de 1 e 2 tiros.
Com carregador
• De pano, tipo fita – Ex: metralhadora Browning cal. 0.30 pol.
• Metálico, tipo lâmina – Ex: fuzil FS (utilizado pelos CFN/BR até 1969)
1. Tipo cofre – Ex: fuzil M-16
2. Tipo fita (elos) – Ex: metralhadora MAG
3. Tipo cilindro – Ex: espingarda Pump action CBC

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100LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
100
Quanto ao raiamento
De alma raiada – O interior do cano apresenta sulcos que induzem ao giro do projétil. Ex: revólver,
pistola, fuzil, carabina, etc.
De alma lisa – O interior do cano é liso, sem sulcos. Ex: espingardas de caça e policiais.

Quanto ao sentido do raiamento


Destrógiros – o raiamento no sentido a direita – Ex: Pst. Taurus
Sinistrogiros – o raiamento no sentido a esquerda – Ex: Pst. IMBEL

Quanto ao calibre
Uma arma pode ter seu calibre determinado em valor real ou valor nominal.

Medidas em valor real


São determinadas em centésimos de polegadas ou em milímetros.

Medidas em valor real


POLEGADA MILÍMETROS
0.22 ............................................................................ 5,56
0.25 ............................................................................ 6,35
0.27 ............................................................................ 7,00
0.30 ........................................................................... 7,62
0.301 ......................................................................... 7,65
0.32 ............................................................................ 8,12
0,35 ............................................................................ 9,00
0.38 ............................................................................ 9,65
0.40 ............................................................................10,00
0.45 ............................................................................ 11,43
0.50 ........................................................................... 12,70
0.60 ........................................................................... 15,24

Casos absurdos:
O calibre 357 é, na verdade, .38 pol. Magnum
O calibre .38 Super é, na verdade, 9mm longo (9 x 21)
O calibre 380 AUTO é, na verdade, 9mm curto (9mm x 17)
O calibre .32 AUTO é, na verdade, 7,65mm

Medidas em valor nominal


No século XIX, na Inglaterra, convencionou-se que as espingardas teriam seus calibres em valores
nominais. Dessa forma determinou-se que o diâmetro da boca de cada arma teria o diâmetro de uma
esfera de chumbo, que por sua vez teria seu peso relacionado ao peso da libra (453g), tendo
originado, dessa forma, as seguintes relações:

Medidas em valor nominal


PESO/LIBRA CALIBRE NOMINAL VALOR REAL
1/12 da libra ..................... cal. 12 ............................. 18,5 mm
1/16 da libra ..................... cal. 16 ............................. 16,2 mm
1/20 da libra ..................... cal. 20 ............................ 15,09 mm

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101LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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1/24 da libra ......................cal. 24 ............................. 14,3 mm
1/28 da libra ..................... cal. 28 ............................. 13,0 mm
1/32 da libra ..................... cal. 32 ............................. 12,2 mm
1/36 da libra ..................... cal. 36 ............................. 10,2 mm

Definições
O operador de arma de fogo, por ter sua arma como ferramenta de trabalho, esporte ou defesa,
deverá ter conhecimentos de alguns termos técnicos utilizados com armamento.
Calibre – É o diâmetro interno da boca de uma arma, medido entre
dois cheios opostos
Velocidade teórica – É o número de disparos que poderia ser feito
com uma arma, em um minuto, não se levando em conta o tempo
gasto no municiamento, na resolução de incidentes de tiro ou na
pontaria.
Velocidade prática de tiro – É o número de disparos que pode, de
fato, ser realizado, em um minuto, levando-se em consideração o
tempo para municiamento, feitura da pontaria e disparo; isto é:
considerando-se todas as operações efetuadas quando se atira com uma arma.
Alcance máximo – É o maior alcance que se pode obter com uma arma.
Alcance útil – É aquele em que realmente se utiliza a arma, aproveitando-se a primeira trajetória do
projétil, onde apresenta as melhores condições balísticas. Varia em função do comprimento do cano
e da munição.
Cadência de tiro – Varia de acordo com o tipo de tiro que a arma pode fazer: lento, rápido, de
repetição, semiautomático ou automático.
Incidente de tiro – É qualquer problema surgido durante a utilização da arma, em que não haja
vítima.
Acidente de tiro – É qualquer problema surgido durante a utilização da arma, em que haja vítima.

Divisão do armamento
. Armação – É a parte da arma onde todas as peças se encaixam;
. Mecanismo – São as partes móveis, que fazem a arma funcionar;
. Cano – Parte da arma por onde é lançado o projétil;
. Tambor/carregador – Depósito para munições da arma;
. Acessórios – São dispositivos utilizados na arma, mas cuja falta não impede seu perfeito
funcionamento (aparelhos de pontaria, placas do cabo/punho, etc.).

MUNIÇÕES

Compreendemos por munições de armas leves, dentre outras, as seguintes: de revólveres, de


pistolas, de fuzis, de metralhadoras, de rifles, de espingardas, etc. Isto é: de todas as armas com
calibre igual ou inferior a 0.60 da polegada (15,24mm). São classificadas de acordo com a finalidade
que podem ser: de guerra, de manejo, de exercício, de festim ou especiais.
• Munições de guerra – São todas aquelas que tem por objetivo final tirar o oponente de
combate. Ex: ogival, hollow point, etc.;
• Munições de manejo – São aquelas inertes e que servem para o aprendizado do manuseio
de determinada arma. Ex: munições falsas;

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102LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
102
• Munições de festim – Tem por objetivo fazer barulho, simulando o estampido de uma
munição real. Ex: utilizada em funerais;
• Munições de exercício – São aquelas utilizadas em treinamentos e que podem ter suas
cargas reduzidas. Ex: sub-calibre;
• Munições especiais – São aquelas utilizadas com fins de acordo com as necessidades. Ex:
munições para lançamento de granada de bocal.

O cartucho
Erroneamente chamado de “bala”, o cartucho é um conjunto de itens, combinados de forma
adequada, com o objetivo de atingir um determinado fim. Os cartuchos podem se destinar às armas
de alma raiada ou de alma lisa, distintos entre si.
Enquanto nos cartuchos para armas de alma raiada o projétil está a vista, nos cartuchos para armas
de alma lisa eles se encontram escondidos das vistas, dentro de um estojo de plástico ou papelão.
Existem as exceções, que é o caso das munições “shot shell”, utilizada em revólveres, e que no
interior do estojo metálico se encontram grãos de chumbo que servem para abater pequenos
animais, notadamente cobras.

Composição de um cartucho
Estojo – Tem por finalidade conter a carga de projeção, suportar o projétil e fazer a vedação,
contendo os gases que são impelidos para a retaguarda e obturando a câmara. É constituído de:
gargalo, corpo, virola, culote, alojamento da espoleta e bigorna. Quanto ao formato do corpo, os
estojos podem ser cilíndricos (munição p/ revólver .38) ou troncocônico (munições p/ fuzis). Quanto
ao formato da virola, esta poderá se apresentar de forma saliente (munições para revólver) ou
escavada (munições para pistola).
Projétil – É o objeto a ser arremessado pela boca da arma para atingir um alvo. Os projeteis são, em
geral, de chumbo endurecido com antimônio, existindo também os projéteis recobertos com capa
metálica (encamisados) e os especiais.
Espoleta – Tem por finalidade produzir a queima da carga de projeção dos cartuchos e é composta,
normalmente, de fulminato de mercúrio.
Carga de projeção – É a quantidade de “pólvora” existente dentro do estojo e tem por finalidade
produzir os gases que impulsionarão o projétil em direção à boca da arma. Modernamente utiliza-se
a nitrocelulose, de base simples ou dupla, em substituição a antiga pólvora negra.

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103LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
103

O REVÓLVER
Nomenclatura do revólver
a- Armação – A peça na qual todas as demais são instaladas.
b- Cabo ou punho – Apoio para segurar o revólver na posição de disparo. Vale
ressaltar que o termo “coronha” só deve ser usado para a parte de madeira,
fibra ou ferro encontrada nas armas longas, onde se apoia o ombro para o
disparo.
c- Tambor – Cilindro, geralmente com seis câmaras, para alojar os cartuchos.
d- Cano – Tubo vazio, através do qual o projétil é disparado. Quando o
cartucho é detonado, o projétil salta da câmara para o cano.
e- Boca – Extremidade dianteira do cano.
f- Culatra – Extremidade traseira do cano.
g- Alma – Cavidade ao longo do cano da arma. Nesta cavidade é feito um
certo número de sulcos aspirais formando o raiamento. As estrias deixadas
são denominadas “cheios” e elas penetram no projétil, a sua passagem,
imprimindo-lhe enorme rotação, que o equilibra durante parte da
trajetória.
h- Guarda mato – Parte que circunda o gatilho para proteger de disparos
acidentais por quedas, etc.
i- Extrator – Peça que empurra os cartuchos/estojos do tambor.
j- Mecanismo – É o conjunto das peças que fazem a arma funcionar.
• Gatilho – Peça que deve ser acionada para soltar o cão.
• Cão – Peça que percute a espoleta do cartucho, fazendo-o detonar.
• Mola real – Mola metálica localizada no punho do revólver, para
impulsionar o cão.
• Impulsor do tambor – Pequena peça metálica, também acionada pelo
gatilho, que ao se deslocar para cima faz o tambor girar.

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104LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
104

REVÓLVERES EM USO NAS GUARDAS MUNICIPAIS

Marca Taurus
Calibre: 357 Magnum
Capacidade: 6/7 cartuchos
Acabamento: fosco ou inox

Marca Taurus
Calibre: .38 SPL
Capacidade: 6/7 cartuchos
Acabamento: fosco ou inox

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105LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
105
A PISTOLA

Nomenclatura da pistola
a, b, c, d, e, f, g – Definições idênticas às do revólver.
h- Extrator – Peça que segura o estojo, na câmara, puxando-o para fora.
i- Ejetor – Peça, instalada na armação, que joga fora o estojo puxado pelo extrator.
j- Carregador – Depósito de munições da arma. Pode ser monofilar (uma só fila de munições)
ou bifilar (duas filas de munições). Sua capacidade varia de acordo com cada fabricante.
k- Mecanismo – É o conjunto das peças que fazem a arma funcionar
• Gatilho – Peça que deve ser acionada para soltar o cão.
• Cão – Peça que percute a espoleta do cartucho, fazendo-o detonar.
• Mola recuperadora – Mola situada no bloco do ferrolho e que faz com que o mesmo
retorne a posição de trancamento, após o disparo.
• Registro de segurança – Dispositivo que impede os disparos indesejáveis.

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106LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
106
PISTOLAS EM USO NAS GUARDAS MUNICIPAIS

Marca Taurus modelo TS


Fabricada em polímero de alta
resistência
Percussor flutuante (sem cão)
Carregador de alta capacidade
Calibres: 9mm e .40SW

Marca Taurus modelo TH


Fabricada em polímero de alta
resistência
Cão externo e dupla ação
Carregador de alta capacidade
Calibres: 9mm e .40SW

Marca Taurus modelo PT


Fabricada em alumínio de alta
resistência
Cão externo e dupla ação
Carregador de alta capacidade
Calibres: 9mm e .40SW

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107LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
107
ESPINGARDA

Nomenclatura da espingarda
a- Coronha – Peça de madeira ou fibra para apoio da espingarda na posição de disparo.
b- Soleira – Parte inferior da coronha.
c- Carregador – Tubo cilíndrico, sob o cano, geralmente com capacidade para alojar oito
cartuchos.
d- Cano – Tubo vazio, através do qual o cartucho é disparado. Quando o cartucho é detonado,
os balins saltam em direção à boca da arma.
e- Caixa da culatra – Peça metálica situada sobre a culatra, para proteção do ferrolho
f- Telha – Peça móvel, em madeira, para empunhar a arma e introduzir um cartucho na
câmara.
g- Botão de segurança e tiro – Dispositivo, situado no guarda mato, para travar ou destravar a
arma.
h- Extrator – Peça que segura o estojo, na câmara, puxando-o para fora.
i- Ejetor m – Peça, instalada na armação da espingarda, que joga fora o estojo puxado pelo
extrator.
j- Mecanismo – É o conjunto das peças que fazem a arma funcionar.
• Gatilho – Peça que deve ser acionada para soltar o cão.
• Cão – Peça que percute a espoleta do cartucho, fazendo-o detonar.
• Ferrolho – Conjunto de peças móveis, instalado sobre a armação, e protegido pela caixa da
culatra, que tem por missão introduzir, detonar e extrair o estojo utilizado.

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108LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
108
ESPINGARDAS EM USO NAS GUARDAS MUNICIPAIS

Espingarda Mosberg
Calibre: 12 (18,5 mm)
Funcionamento: semiautomático
Acabamento: polímero de alta resistência

Espingardas CBC
Calibre: 12 (18,5 mm)
Funcionamento: Ação de bomba
Acabamento: Polímero de alta resistência ou madeira

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109LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
109
A CARABINA

Nomenclatura da carabina Puma


a- Coronha – Peça de madeira para apoio da carabina na posição de disparo.
b- Soleira – Parte inferior da coronha.
c- Carregador – Tubo cilíndrico, sob o cano, geralmente com capacidade para alojar dez cartuchos
cal. 38.
d- Cano – Tubo vazio, através do qual o cartucho é disparado. Quando o cartucho é detonado, o
projétil salta em direção à boca da arma.
e- Caixa da culatra – Chapa metálica situada sobre a culatra, para proteção do ferrolho
f- Telha – Peça fixa, em madeira, para apoiar a arma na realização da pontaria.
g- Botão de segurança e tiro – A carabina Puma não possui botão de segurança.
h- Extrator – Peça que segura o estojo, na câmara, puxando-o para fora.
i- Ejetor – Peça, instalada na armação da carabina, que joga fora o estojo puxado pelo extrator.
j- Mecanismo – É o conjunto das peças que fazem a arma funcionar.
• Gatilho – Peça que deve ser acionada para soltar o cão.
• Cão – Peça que percute a espoleta do cartucho, fazendo-o detonar.
• Ferrolho – Conjunto de peças móveis, instalado sobre a armação, e protegido pela caixa da
culatra, que tem por missão introduzir, detonar e extrair o estojo utilizado, pela ação da
alavanca.

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110LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
110
CARABINAS EM USO NAS GUARDAS MUNICIPAIS

Carabina Taurus
Funcionamento: semiautomático
Calibre: 9mm
Carregador: 30 cartuchos
Coronha: fixa
Confeccionada em polímero de alta resistência

Carabina Taurus
Funcionamento: semiautomático
Calibre: .40 SW
Carregador: 30 cartuchos
Coronha: dobrável
Confeccionada em polímero de alta resistência

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111LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
111
TÉCNICA DE TIRO PARA REVÓLVER OU PISTOLA

Desde a invenção das armas de fogo, permanentemente se busca a melhor maneira de se


atingir um alvo com rapidez e precisão. Muitas técnicas surgiram ao longo dos anos, algumas
melhores do que outras, mas sempre na busca da perfeição. Durante muitos anos, era doutrina a
prática do tiro apenas com uma das mãos, não somente no tiro de bancada, mas também no tiro de
defesa. Na década de 70, um atirador chamado John Weiver chegou numa competição de tiro
policial, posicionou-se de forma “incorreta”, utilizando as duas mãos na empunhadura da arma e, ao
final da competição obteve o primeiro lugar.
Independente das correntes que defendem ou atacam a técnica criada por John Weiver, ele
quebrou um tabu na prática do tiro. Graças a ele, diversos atiradores tiveram a possibilidade de
pesquisar novas técnicas, a partir das duas já conhecidas, criando variantes, e sempre buscando um
aperfeiçoamento, agora para cada tipo de arma e finalidade do tiro.
Atualmente, nas boas escolas de tiro, podemos observar que os cursos estão divididos em
duas etapas: curso básico, para revólver e pistola, utilizando-se o método convencional (curso
básico), realizando-se o tiro parado a partir da posição isósceles, e, posteriormente, um curso de
defesa (ou avançado, para alguns), já se utilizando as novas técnicas.
Erro comum, de alguns instrutores de tiro, é querer levar seus alunos, imediatamente, à
prática do tiro real, sem que os alunos estejam familiarizados e confiantes na “ferramenta” que irão
utilizar. Apresentaremos, pois, o que consideramos como a sequência ideal para um correto curso de
tiro.

1– Regras de segurança – devem ser ressaltadas e cobrada dos alunos, do primeiro ao último dia de
curso, e só levado à banqueta de tiro aquele que satisfizer todas as exigências para com a segurança.
Vale ressaltar que estas regras não se prendem somente ao stand de tiro, mas devem ser observadas
em qualquer lugar em que esteja o operador de arma de fogo.

Regras de segurança no dia a dia (casa, automóvel, escritório, laser, etc.).


1. Ao pegar ou receber uma arma, mantenha sempre o dedo fora da tecla do gatilho;
2. Jamais pergunte se a arma está carregada, verifique você mesmo;
3. Arma de fogo não é brinquedo, trate-a com a seriedade que ela merece;
4. Trate sua arma como se estivesse permanentemente carregada;
5. Nunca deixe, de forma descuidada, uma arma carregada;
6. Guarde armas e munições separadamente e, sobretudo fora do alcance de crianças;
7. Use somente munições adequadas ao tamanho e calibre de sua arma;
8. Ao alimentar ou desalimentar sua arma, manter o cano apontado para uma direção segura;
9. Certifique-se de que sua arma esteja desalimentada e descarregada, antes de qualquer
limpeza;
10. Ao praticar, só atire em local que não ofereça a possibilidade de ricochete ou tiro ao
infinito.

Regras de segurança no estande de tiro


1. Somente faça o que for determinado pelo instrutor;
2. No estande, é obrigatório o uso do abafador e protetor de ouvidos;
3. As armas, quando não estiverem em uso, deverão permanecer abertas e descarregadas;
4. As armas deverão estar, sempre, com o cano na direção dos alvos;
5. Só coloque o dedo na tecla do gatilho quando houver a intenção de atirar;

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112LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
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6. Não avançar a linha de tiro sem o devido comando do instrutor;
7. Mantenha silêncio e não saia do local determinado pelo instrutor;
8. Caso a arma apresente algum defeito, mantenha-a apontada para o plano de tiro, levante o
braço e grite “alvo n° X incidente de tiro” e aguarde o instrutor;
9. Ao término da série de tiros, descarregue a arma e coloque-a, aberta, na banqueta, dando
um passo a retaguarda;
10. Se observar algum perigo à segurança do tiro, anunciar “suspender fogo” e informar ao
instrutor o que se passa.

Carregar e descarregar o revólver com segurança


O conhecimento em municiar, carregar, descarregar ou desmuniciar seu armamento indicará o
grau de profissionalismo do operador, com relação ao manuseio de armas de fogo. Assim, deverão
ser observados os seguintes procedimentos:

Carregar o revólver
Empunha-se a arma com a mão direita, pressionando-se o botão serrilhado, para frente, com o
polegar da mesma mão. Deita-se a arma sobre a palma da mão esquerda e com os dedos anelar e
médio força-se a abertura do tambor, introduzindo esses dedos no espaço antes ocupado pelo
tambor.
O dedo indicador deverá estar sobre a ponte do revólver, ao passo que o dedo mínimo sobre o
cão, comprimindo a arma na mão. Os dedos anelar e médio estarão, juntamente com o polegar,
controlando o giro do tambor para o municiamento da arma.
O tambor será girado pela direita, a medida em que os cartuchos forem sendo introduzidos
nas câmaras e, ao final do municiamento, leva-se o tambor à arma até que o mesmo se encaixe
perfeitamente à estrutura (carregamento).

Descarregar o revólver
Empunha-se a arma com a mão direita, pressionando-se o botão serrilhado, à frente, com o
polegar da mesma mão. Deita-se a arma sobre a palma da mão esquerda e com os dedos anelar e
médio força-se a abertura do tambor, introduzindo esses dedos no espaço antes ocupado pelo
tambor. Nesse momento a arma estará descarregada.
Com o dedo polegar da mão esquerda, pressiona-se a vareta do extrator de modo que os
estojos ou cartuchos sejam extraídos e venham a cair na mão direita, sob a forma de concha. Nesse
momento a arma estará desmuniciada.
É importante verificar se todos os cartuchos foram extraídos.

municiar o revólver desmuniciar o revólver

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113LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
113
2– Conhecimento teórico sobre o armamento e as munições utilizadas – Muitas pessoas adquirem
uma arma e não procuram saber qual seu alcance máximo ou o alcance de efetiva utilização; não
sabem desmontar ou fazer a limpeza de seu armamento; não sabem sanar uma pane de
funcionamento; quais as munições mais indicadas para aquele tipo de arma, etc.
Em nossas cidades são comuns as notícias sobre pessoas feridas por “balas perdidas” Sem falar nos
atiradores que festejam o final de ano, seu aniversário ou a vitória de seu time, disparando suas
armas para o ar e não sabem, por exemplo, que um projétil disparado por um revólver calibre .38,
com cano de 4 polegadas, tem um alcance aproximado de 1.000 metros. A própria polícia (civil ou
militar), ao utilizar o FAL ou M-16 usa, inadequadamente, a munição full metal (encamisada cônica),
que pode atingir uma distância de 3.800m, com alto poder de penetração. Numa área urbana, o ideal
seria a utilização de munição semi-encamisada com ponta de chumbo e carga reduzida, uma vez que
os conflitos com marginais raramente ocorrem a uma distância superior a 100 metros.

3– Prática dos elementos fundamentais do tiro, em seco – Antes de se partir para o tiro
propriamente dito, o atirador deve conhecer e dominar todas as fases do tiro, que são:
conhecimento das diversas posições de tiro, empunhadura correta, pontaria correta, respiração e
apneia, acionamento correto da tecla do gatilho e, carregar e descarregar com segurança. É
importante salientar que esta fase é talvez a mais importante para o atirador, pois ele sentirá o
domínio da arma evitando o susto, a ansiedade do disparo, o fechamento dos olhos e
consequentemente a chamada gatilhada, quando da execução do tiro real.

4– Prática em sequência, no tiro real – A prática do tiro deve ser iniciada com o acionamento da
arma, em seco (sem munição). Dessa forma, ao passar ao tiro real, o aluno já dominará a sequência
correta dos procedimentos com a arma de fogo. Também, é adequado que qualquer treinamento,
com iniciantes, comece, sempre com calibres mais baixos ou cargas reduzidas e, a partir daí,
aumentando o calibre ou as cargas. Outra constatação é que este treinamento deve ser realizado
tendo como base o revólver, podendo este treinamento ser iniciado com munições tipo chumbinho,
passando daí para o tiro em seco, com a arma de verdade, em só após este, passar para o tiro real.
O treinamento de tiro pode, e deve, ser realizado utilizando-se todos os recursos da arma, do
mais simples para o mais complexo. O treinamento de ser iniciado pelo disparo em ação simples e
depois se passando à ação dupla.
Tiro de ação simples – É o tiro realizado trazendo-se, inicialmente, o cão a retaguarda e,
posteriormente, liberando-o através da ação da tecla do gatilho.
Tiro de ação dupla – É o tiro realizado trazendo-se o cão a retaguarda, através do acionamento
da tecla do gatilho, até que este seja liberado pela alavanca de armar, ferindo a espoleta.

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS

Como já enfatizado anteriormente, no curso básico só são realizados disparos com o atirador
parado. É interessante observar que, no curso básico, o tiro não tem tempo para ser disparado,
permitindo ao atirador a escolha da melhor posição, a empunhadura mais adequada no conjunto
arma e mão, tempo para visar e revisar a pontaria, tempo de apneia e respiração e por fim o
momento mais adequado para a realização do disparo.

a – Posições de tiro
São quatro as posições de tiro: de pé, ajoelhado, sentado e deitado, sendo que na prática o
operador raramente realizará um tiro na posição sentado. Nas figuras a seguir demonstraremos as
outras diversas posições de tiro.

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114LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
114

Posições de pé

OLÍMPICO

ISÓSCELES

WEAVER

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115LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
115

Posições de joelhos

COM APOIO

SEM APOIO

O tiro realizado a partir da posição de joelhos, com apoio,


pressupõe um tiro de precisão, utilizando-se ou não uma proteção ao
atirador; já o tiro realizado a partir da posição de joelhos, sem apoio,
pressupõe um tiro de combate, normalmente utilizando-se uma proteção
como veículo, mureta, móvel, etc., em que o atirador subirá ou descerá o
tronco de acordo com a altura do objeto que o protege.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


116LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
116

Posições deitadas

DEITADO FRONTAL
Tem como característica ser a posição mais estável, sendo ideal para longas
distâncias. Deve ser adotada para adaptação aos abrigos ou para reduzir, ao
máximo, a silhueta do atirador.

DEITADO LATERAL
Tem como característica o corpo inclinado em relação à direção de tiro,
formando um ângulo de até 90 graus, buscando o melhor aproveitamento do
abrigo e uma boa visada sobre o alvo.

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117LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
117

Tomada de posição para o


tiro deitado

Flexione os joelhos e o tronco, ou, flexione os joelhos, com a palma


tocando o solo coma mão auxiliar da mão auxiliar em direção ao solo,
e a arma apontada à frente. e, com a arma apontada à frente.

Ao tocar o solo o troco é


estendido à frente, descendo
a arma e a cabeça sem
perder o alvo de visada

O corpo toca, inicialmente, o


solo com o lado do braço
armado, mantendo a pontaria.

Libera-se a mão esquerda para a


dupla empunhadura, assumindo-se
em seguida as posições lateral ou
frontal

JORGE HELENO DE ARAÚJO


118LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
118
b – Empunhadura do revólver
Sempre que possível pratique o tiro utilizando as duas mãos, para empunhar a arma. Isto
permitirá uma maior firmeza da arma e, consequentemente, uma maior precisão dos disparos.
Treinamentos com apenas uma das mãos (mão forte e mão fraca) só devem ser realizados após o
atirador dominar totalmente a arma com as duas mãos e atingir seu alvo com precisão.
Não existe um dogma em empunhadura, existe sim uma posição básica e que pode ser
modificada em função do tamanho da mão do atirador, do tamanho da arma e do conforto da arma
para o atirador (veja desenhos abaixo). A arma, porém, deve ser empunhada de maneira tal que seu
recuo se projete diretamente ao antebraço, através do cabo da arma. Se o recuo for recebido pela
lateral do cabo, a tendência será um giro da arma no momento do disparo. Outro detalhe, estranho
numa primeira observação, é a colocação do polegar da mão direita o mais próximo do dedal
serrilhado. Colocado desta maneira, ele exerce leve pressão sobre a armação do revólver,
estabilizando a arma, que é puxada para a direita, quando do acionamento da tecla do gatilho. Por
sua vez, o polegar da mão esquerda também permanecendo lateralizado, reforça a empunhadura e
facilita o engatilhamento, no tiro de ação simples.

Engatilhando e desengatilhando o revólver


Erro comum entre os portadores de revólveres é engatilhar ou desengatilhar suas armas
utilizando para isso apenas uma das mãos – exatamente aquela que empunha a arma. Isso faz com
que a arma fique frouxa na mão e, em emergência, que se tire o alvo de pontaria, colocando em risco
a vida do operador.
Tendo o revólver sido empunhado por duas mãos, a que empunhou nunca deverá perder esta
empunhadura, ficando outras situações a cargo da mão auxiliar, entre elas o engatilhar e o
desengatilhar.

1 2
º º

3 4
º º

JORGE HELENO DE ARAÚJO


119LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
119
Considerando o cão engatilhado:
1- Com o polegar da mão auxiliar, puxe o cão para trás, mantendo o dedo fora do gatilho;
2- Mantendo o cão puxado para trás, coloque o dedo na tecla do gatilho e pressione-o até o
final de seu curso;
3- Leve, suavemente, o cão à frente, até o repouso total;
4- Libera o dedo da tecla do gatilho.

c – Pontaria
A pontaria é a superposição do olho do atirador no aparelho de pontaria da arma e do alvo a
ser atingido. Toda arma possui dois dispositivos de pontaria: a alça de mira, situada na parte traseira
da arma e, a massa de mira, situada a frente da arma, sobre o cano. A pontaria divide-se em duas
partes:
Linha de mira – que é a linha imaginária que sai do olho do atirador, passa pela alça de mira e
vai até a massa de mira.
Linha de visada – é a linha imaginária que sai do olho do atirador, passa pelo aparelho de
pontaria da arma e se prolonga até o alvo.

ALÇA M MASSA A
ENQUADRAMENTO
A LALÇA X MASSA
S Ç
S A
A

TIRO ALTO T TIRO BAIXO MOSCA


I
R
O

A
L
T
O

d – Respiração (apneia)
Os nossos pulmões são uma bolsa de ar e a ação de encher e esvaziá-los faz com que os braços
oscilem elevando e abaixando a arma. Durante a execução da pontaria, e posterior acionamento da
tecla do gatilho, a respiração deve ser suspensa (estado de apneia). Esta apneia não deve, porém, ter
longa duração – no máximo 15 segundos, uma vez que, após este tempo, por falta de oxigênio no
cérebro, a visão tenderá a tornar-se turva, dificultando a pontaria. Caso o atirador não tenha
conseguido enquadrar o alvo e realizar o disparo neste tempo, desfaz a pontaria, torna a respirar e
reinicia o enquadramento olho, alça, massa, alvo.

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120LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
120
e – Acionamento da tecla do gatilho
Durante muito tempo se impôs que somente a ponta da falange distal deveria tocar a tecla do
gatilho e que este acionamento deveria ser lento e gradual, até que o disparo ocorresse como um
susto. Para os praticantes do tiro olímpico, esta é uma regra imutável, uma vez que suas armas tem
seus gatilhos preparados e dispõem de relativo tempo livre para atirar. Imaginemos, agora, um
cidadão que tem sua arma à cintura e dispõe de cerca de 3 segundos para sacá-la, posicionar-se,
realizar a pontaria e executar dois disparos certeiros. Poderá ele estar preocupado com a ponta da
falange distal tocando levemente a tecla do gatilho? Mesmo no curso básico de tiro, preparando-se
para um eventual tiro de defesa, deve-se começar a pensar em posicionar o dedo na tecla do gatilho
sem que ocorra a possibilidade do mesmo escorregar. Ainda que muitos pensem que esteja errado, o
acionamento da tecla do gatilho com a ajuda da falange média é mais seguro e torna o peso do
gatilho menor. A arma não deverá oscilar se estiver sendo bem empunhada pelo operador.

Obs: O desenho procura demonstrar, a posição do dedo indicador na tecla do gatilho, constatando-
se, na prática, que ao se utilizar a falange média o gatilho fica mais leve, melhorando a pontaria no
tiro de ação dupla.

Empunhadura da pistola

JORGE HELENO DE ARAÚJO


121LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
121

Assim como com o revólver, sempre que possível pratique o tiro utilizando as duas mãos, para
empunhar a arma. Isto permitirá uma maior firmeza da arma e consequentemente uma maior
precisão dos disparos. Treinamentos com apenas uma das mãos (mão forte e mão fraca) só devem
ser realizados após o operador dominar totalmente a arma com as duas mãos e atingir seu alvo com
precisão. Um detalhe que deve ser observado, pelo instrutor, é a diferenciação entre a empunhadura
para o tiro esportivo e a empunhadura para o tiro de defesa, particularmente quando se utilizam
armas de ação simples e armas de ação dupla.

Carregar, alimentar, desalimentar e descarregar a pistola com segurança

O conhecimento em municiar, carregar, alimentar e desalimentar seu armamento indicará o


grau de profissionalismo do operador com relação ao manuseio de armas de fogo. Assim, deverão
ser observados os seguintes procedimentos:

a) Municiar o carregador, carregar e alimentar a pistola


Segurando-se o carregador com a mão esquerda e, com o cartucho a ser colocado, na mão
direita, pressiona-se a plataforma de elevação do carregador para baixo e para trás. Repete-se o
movimento com cada cartucho, até que o carregador esteja com a quantidade desejada pelo
atirador. Vale salientar que na parte traseira dos carregadores existe a indicação da quantidade de
munições contidas no carregador.
Municiado o carregador, empunha-se a arma com a mão direita, dedo indicador fora da tecla
do gatilho, e alojamento do carregador voltado para o lado esquerdo. Com o carregador na mão
esquerda, introduz-se o carregador até o final, ouvindo-se leve estalar do retém do carregador.
Nesse momento a arma estará carregada.
Ainda com a pistola na mão direita, segura-se o bloco do ferrolho com a mão esquerda,
puxando-o para trás, de modo que, na sua volta introduza um cartucho na câmara, deixando a arma
em condições de tiro. Nesse momento a arma estará alimentada.
O próximo passo será desarmar o cão (levá-lo a posição de descanso) e travar a arma. Pode-se
proceder de duas maneiras: a primeira similar ao revólver. Com o polegar da mão esquerda prende-
se o cão e com o dedo indicador da mão direita aciona-se a tecla do gatilho. Aí, lentamente leva-se o
cão a posição de descanso, desarmando-o. A outra maneira é o desarme do cão através do registro
de segurança e tiro, existente nas pistolas Taurus. Pressiona-se o registro para baixo e o cão
desarma, permanecendo num espaço denominado curto recuo do cão.

municiar o carregador carregar a pistola


c
a
r
r
e
JORGE HELENO DE ARAÚJO g
a
r
122LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
122
b) Desalimentar e descarregar a pistola
Segurando-se a pistola com a mão direita, e o dedo indicador fora da tecla do gatilho,
comprime-se o retém do carregador, que fará com que o carregador solte da arma, devendo ser
amparado na mão esquerda. Nesse momento a arma estará descarregada (sem carregador).
Em seguida, destrava-se a pistola e, com a mão esquerda puxa-se o bloco do ferrolho para trás,
fazendo com que o cartucho, alojado na câmara de explosão, seja extraído e lançado fora da arma.
Nesse momento a arma estará desalimentada.

retirar o carregador retirar um cartucho da câmara

É aconselhável ainda realizar uma inspeção visual e tátil da câmara de explosão pois pode
ocorrer uma quebra da garra do extrator da arma e, por maior número de movimentos que se faça
com o ferrolho, o cartucho alojado na câmara não será extraído.
Por último volta-se o cão a posição de descanso, como já descrito anteriormente.

Engatilhando e desengatilhando a pistola


Erro comum entre os portadores de revólveres, e pistolas, é engatilhar ou desengatilhar suas
armas utilizando para isso apenas uma das mãos – exatamente aquela que empunha a arma. Isso faz
com que a arma fique frouxa na mão e, em situação de emergência, que se tire o alvo de pontaria,
colocando em risco a vida do agente.
Tendo a arma sido empunhada com as duas mãos, aquela que empunhou nunca deverá perder
a empunhadura, ficando outras situações a cargo da mão auxiliar, entre elas o engatilhar e o
desengatilhar.

Considerando o cão engatilhado:


• Com o polegar da mão auxiliar, puxe o cão para trás, mantendo o dedo fora do gatilho;
• Mantendo o cão puxado para trás, coloque o dedo na tecla do gatilho e pressione-o até o
final de seu curso;
• Leve, suavemente, o cão à frente, até o repouso total;
• Libera o dedo da tecla do gatilho.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


123LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
123
As novas pistolas de dupla ação, como as fabricadas pela Forja Taurus, já possuem um
dispositivo de desarme do cão, sem que haja a necessidade de utilização das duas mãos. Nelas, o
registro de segurança e tiro, quando pressionado para baixo faz com que o cão se desarme,
permanecendo no curto recuo do cão, sem tocar o percussor.

Pontaria
A pontaria é a superposição do olho do atirador no aparelho de pontaria da arma e do alvo a ser
atingido. Toda arma possui dois dispositivos de pontaria: a alça de mira, situada na parte traseira da
arma e, a massa de mira, situada a frente da arma, sobre o cano. A pontaria divide-se em duas
partes:
a. Linha de mira – que é a linha imaginária que sai do olho do atirador, passa pela alça de mira
e vai até a massa de mira.
b. Linha de visada – é a linha imaginária que sai do olho do atirador, passa pelo aparelho de
pontaria da arma e se prolonga até o alvo.

Respiração
As mesmas regras estabelecidas para o tiro de revólver, valem para a pistola, quando da
execução do tiro de estande.

Acionamento da tecla do gatilho


As mesmas regras estabelecidas para o tiro de revólver, valem para a pistola, quando da
execução do tiro de estande.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


124LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
124
TIRO DE COMBATE

As inúmeras posições de tiro, aqui enunciadas, deverão ser adaptadas ao terreno onde,
porventura, se realizar um confronto armado. Assim, sempre que se dispuser de abrigo, estes
deverão ser aproveitados como proteção. As ilustrações abaixo procuram demonstrar algumas das
posições de tiro abrigado, que poderão ser utilizadas.

TOMADA DE POSIÇÃO

F F F
I I I
G G G
. . .

A B C
POSIÇÃO DE PÉ ABRIGADO

O operador deverá estar de frente para o abrigo, com os pés


afastados entre si e a perna do lado que atira, flexionada. A outra perna,
estará com a planta do pé no solo. O troco deverá estar levemente
inclinado para o lado que atira, com os braços ligeiramente projetados à
frente e as mãos apoiadas, ou não, no abrigo (fig. A e B).
Em abrigos de forma circular, como postes ou árvores, pode-se
utilizar o antebraço como apoio (fig. C).

JORGE HELENO DE ARAÚJO


125LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
125

POSIÇÃO DE JOELHOS ABRIGADO

Estando abrigado, coloca-se no solo o joelho correspondente ao lado


que se vai atirar, inclinando o tronco para o lado até que se possa ver o alvo.
Apoia-se, ou não, as mãos no abrigo.

POSIÇÃO
DEITADO
ABRIGAD
O

Idêntica à posição deitada lateral, aproveita os abrigos existentes, buscando o


apoio da empunhadura.
Na realização do tiro pelo lado da mão que não atira, pode-se empunhar a
arma com essa mão ou tomar a posição deitando-se sobre o ombro
correspondente, mantendo-se a arma inclinada mas sem apoio no solo.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


126LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
126
O TIRO DE DEFESA

Quando um militar, policial, agente de segurança ou cidadão comum, em situação de combate,


no estrito cumprimento do dever, ou em situação de defesa, saca sua arma para deter uma agressão,
quantos disparos devem ser efetuados? Em que locais do corpo deve concentrar seus disparos para
que este agressor cesse, imediatamente, a sua agressão?
Inicialmente, podemos afirmar que a quantidade ideal de disparos a serem efetuados num
mesmo oponente são dois. O primeiro é denominado “tiro de enquadramento”, sendo realizado de
forma instintiva, obrigando o oponente a se proteger. O segundo, realizado imediatamente após o
primeiro, é denominado “tiro de eficácia” e tem por objetivo corrigir o primeiro disparo e atingir o
agressor com precisão, tirando-o, instantaneamente de combate.
A exceção de um tiro que acerte a cabeça, atingindo as estruturas do troco cerebral, que tem a
finalidade de manter o corpo ereto, ou um disparo que seccione a medula espinhal, que comanda os
nervos das pernas, só um local pode receber um impacto de projétil, de arma de fogo, e deter
instantaneamente um agressor, sem que ele sofra o risco de vir a falecer, ou ficar incapacitado
permanentemente (aleijado). Este local é a região abdominal, por onde passam importantes nervos
para a sustentação das pernas e próximos dos plexos nervosos
Quando um corpo é atingido por um tiro, ao penetrar no corpo o projétil provocará duas
cavidades: uma visível (permanente) resultante da perfuração e passagem desse projétil pelo seu
trajeto. Ao mesmo tempo produzirá, também, uma outra cavidade, não visível, (temporária) que se
desfaz logo após a passagem do projétil, fazendo com que os tecidos retornem à posição natural. É
essa cavidade temporária que irá causar a compressão dos tecidos por onde passa o projétil,
interrompendo os impulsos nervosos emitidos pelo cérebro, mas que não chegam aos membros
inferiores, fazendo o corpo cair desfalecido – é o “choque neurogênico”.
Um detalhe importantíssimo é que o choque neurogênico se desfaz em minutos, permitindo
que o agressor se recupere e possa novamente vir a se tornar uma ameaça. O operador deve, após a
incapacitação temporária do agressor, separá-lo de sua arma e mantê-lo sob mira, até a chegada da
autoridade policial.
Alguns instrutores de Armamento e Tiro ainda ensinam que, para deter um agressor, deve-se
atingir a perna desse indivíduo, quebrando o seu fêmur e fazendo-o cair. Vale salientar que disparos
efetuados nos membros inferiores ou superiores não incapacitam uma agressão. Um agressor,
atingido na perna, com o fêmur fraturado por um disparo, tenderá a cair, tanto pelo desequilíbrio
como pela dor causada pela fratura, entretanto não perderá a consciência e poderá continuar
atirando, continuando a ser uma ameaça aos agentes.

ENTREGA OU PASSAGEM DA ARMA

A passagem da arma demonstrará o grau de profissionalismo e segurança do operador para


com sua ferramenta esportiva, de defesa ou de trabalho. Alguns detalhes, porém, devem ser
seguidos:

Para quem passa o revólver:


1. Escolher um local, fora das vistas do público, com segurança, e que não ofereça a
possibilidade de ricochete, caso ocorra um disparo acidental;
2. Retirar a arma do coldre com a mão direita, passando-a para a mão esquerda;
3. Abrir o tambor e desmuniciar o revólver, permanecendo a arma na mão esquerda, tambor
aberto, e a munição na mão direita;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


127LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
127
4. Primeiro passar a arma (aberta) e, após a inspeção, passar a munição.

Para quem recebe o revólver:


1. Receber a arma com a mão direita;
2. Verificar se não há obstrução no cano e as condições de funcionamento da arma;
3. Repousar a arma na mão esquerda e receber a munição com a mão direita;
4. Municiar o tambor e introduzi-lo da arma (carregar);
5. Introduzir a arma no coldre.

Para quem passa a pistola:


1. Escolher um local, fora das vistas do público, com segurança, e que não ofereça a
possibilidade de ricochete, caso ocorra um disparo acidental;
2. Retirar a arma do coldre com a mão direita, comprimindo, com o polegar, o retém do
carregador e, com a mão esquerda, aparar o carregador que será liberado da arma;
3. Com os dedos polegar, indicador e médio, segurar o ferrolho, arma deitada, mão em
concha, abrindo a arma para extrair um possível cartucho da câmara;
4. Com o polegar da mão direita, travar o ferrolho com o retém do ferrolho, mantendo a arma
aberta;
5. Primeiro passar a arma (aberta) e, após a verificação, passar a munição.

Para quem recebe a pistola:


1. Receber a arma aberta com a mão direita;
2. Verificar se não há obstrução no cano e as condições de funcionamento da arma;
3. Fechar o ferrolho, desarmar o cão e travar a arma;
4. Receber o carregador, verificando a munição;
5. Com a mão esquerda, introduzir o carregador na arma, já travada;
6. Só introduzir um cartucho na câmara quando necessário, assim mesmo mantendo a arma
travada.

Para quem passa a espingarda ou carabina:


1. Escolher um local, fora das vistas do público, com segurança, e que não ofereça a
possibilidade de ricochete, caso ocorra um disparo acidental;
2. Espingarda – arma voltada para baixo, com o polegar da mão direita, comprimir o retém do
ferrolho e, com a mão esquerda puxar a telha da espingarda a meio caminho da extração.
Deslocar a mão direita, em concha para receber o cartucho e completar o movimento de
extração com a mão esquerda. Repetir quantas vezes forem necessárias para esvaziar
totalmente a arma;
3. Carabina – arma voltada para baixo, com a mão direita, levar a alavanca do ferrolho para à
frente, e com a mão esquerda em concha, recolher os cartuchos que forem sendo ejetados.
Repetir quantas vezes forem necessárias para esvaziar totalmente a arma;
4. Primeiro passar a arma (aberta) e, após a verificação, passar a munição.

Para quem recebe a espingarda ou carabina:


1. Receber a arma aberta, com a mão direita;
2. Verificar se não há obstrução no cano e as condições de funcionamento da arma;
3. Fechar a arma, levar o cão a posição de descanso (na carabina) e colocar a arma em posição
de alimentação, na mão esquerda; recebendo as munições com a mão direita;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


128LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
128
4. Com a mão direita, introduzir os cartuchos no carregador tubular da arma e travá-la (no
caso da espingarda);
5. Só introduzir um cartucho na câmara (carregar) na saída para a missão, assim mesmo
mantendo a arma travada (espingarda) ou o cão na posição de descanso (carabina).

Ao manusear uma arma, o operador, para não confundir, deverá utilizar-se dos seguintes
termos:
No revólver
• Municiar é introduzir o cartucho no tambor;
• Carregar é introduzir o tambor na arma (fechar);
• Engatilhar é trazer o cão à retaguarda, pronto para o disparo.

Na pistola
• Municiar é introduzir o cartucho no carregador;
• Carregar é introduzir o carregador na arma;
• Alimentar é levar um cartucho à câmara da arma;
• Engatilhar é trazer o cão à retaguarda, pronto para o disparo.

Na espingarda ou carabina
• Carregar é introduzir o cartucho no carregador tubular;
• Alimentar é levar um cartucho à câmara da arma;
• Na carabina, engatilhar é trazer o cão à retaguarda, pronto para o disparo;
• Na espingarda o cão (martelo) não é visível e não desarma, devendo a arma permanecer
travada.

Desconfie do destino e acredite em você.


Gaste mais horas realizando que sonhando,
fazendo que planejando, vivendo que esperando porque,
embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Sarah Westphal

JORGE HELENO DE ARAÚJO


129LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
129
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE MUNIÇÃO

Cartucho: é o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo.


Munição: é o conjunto de cartuchos necessários ou disponíveis para uma arma ou uma ação
qualquer em que serão usadas armas de fogo.
O cartucho para arma de defesa contém um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no
seu interior; em sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de
iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras partes do cartucho, tem
formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas diversas operações, como
carregamento e disparo.
O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada a frente quando da
detonação, é a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo.
Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é obtida pelo
propelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora, que, ao queimar,
produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no interior do estojo,
suficiente para expelir o projétil.
Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a certa
quantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito e gera
energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciador geralmente está
contido dentro da espoleta.

Um cartucho completo é composto de:

1 - Projetil
2 - Estojo
3 – Carga de projeção
4 - Espoleta

JORGE HELENO DE ARAÚJO


130LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
130
1 – Projétil
Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremessado, lançado. No universo das armas de
defesa, o projétil é a parte do cartucho que será lançada através do cano.
O projétil pode ser dividido em três partes:
o Ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre exposta, fora do estojo;
o Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à ação dos
gases resultantes da queima da pólvora.
o Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber graxa
ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.

Projéteis de Chumbo
Como o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com ligas desse metal. Podem
ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais diversos usos, os quais podemos
classificar de acordo com o tipo de ponta e tipo de base.

Tipos de pontas:

Ogival: uso geral, muito comum;

Canto-vivo: exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e fura o


papel de forma nítida;

Semi canto-vivo: uso geral;

Ogival ponta plana: muito usado no tiro prático por provocar menor número de
"engasgos";

Cone truncado: mesmo uso acima.

Semi-ogival: também muito usado em tiro prático;

Ponta oca: aumenta o diâmetro ao atingir um alvo humano, produzindo maior poder
de parada.

Projéteis encamisados
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou
jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e níquel; cobre, níquel e
zinco; cobre e zinco; cobre, zinco e estanho ou aço. O núcleo é constituído geralmente de chumbo
praticamente puro, conferindo o peso necessário e um bom desempenho balístico. Os projéteis
encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou
fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Os projéteis sólidos têm destinação militar,

JORGE HELENO DE ARAÚJO


131LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
131
para defesa pessoal ou para competições esportivas. Destaca-se sua maior capacidade de penetração
e alcance.
Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano é capaz
de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Esse tipo de projétil teve
seu uso proibido para fins militares pela Convenção de
Genebra. Os projéteis expansivos podem ser classificados
em totalmente encamisados (a camisa recobre todo o
corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa recobre
parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior
exposta. Os tipos de pontas e tipos de bases são os
mesmos que os anteriormente citados para os projéteis
de chumbo.

2 – Estojo
O estojo é o componente de união mecânica do cartucho, apesar de não ser essencial ao
disparo, já que algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se de um
componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes
necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e acelera o
intervalo em cada disparo.
Atualmente a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente o
latão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos construídos com diversos tipos de
materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão (espingardas) e
outros.
A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma a
aproveitar as suas características físicas.
Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos:
Quanto à forma do corpo:

Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão;


Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum; e
Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo).

Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá uma
pequena conicidade para facilitar o processo de extração. Os estojos tipo garrafa foram criados com
o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser excessivamente longo ou ter um diâmetro
grande. Esta forma é comumente encontrada em cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade
de energia e, muitas vezes, têm projéteis de pequeno calibre.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


132LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
132
Quanto aos tipos de base:

Com aro: com ressalto na base (aro ou gola);


Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura (virola);
Sem aro: tem apenas a virola; e
Rebatido: A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.

A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma


determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de possibilitar a
ação do extrator sobre o estojo.

Quanto ao tipo de iniciação:

Fogo Circular: A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detona
quando este é amassado pelo percursor;

Fogo Central: A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro da base
do estojo.

Cabe lembrar que alguns tipos de estojos nos diversos itens da classificação dos estojos não
foram citados por serem pouco comuns e não facilitarem o estudo.

3 – Carga de projeção
Carga de projeção, ou propelente, é a fonte de energia química capaz de arremessar o projétil
a frente, imprimindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima
do propelente, que possuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume
de matéria no interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil.
A queima da carga no interior do estojo, apesar de mais lenta que a velocidade dos explosivos,
gera pressão suficiente para causar danos na arma, isso não ocorre porque o projétil se destaca e
avança pelo cano, consumindo grande parte da energia produzida.
Atualmente, as cargas usadas nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química ou
pólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grande eficiência a

JORGE HELENO DE ARAÚJO


133LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
133
pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas para tiro esportivo. A
pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvora negra, além de ser
capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades.
Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizadas atualmente em armas de defesa:
Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose, gera menos calor durante a
queima, aumentando a durabilidade da arma;
Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo
energético.
O uso de ambos os tipos de pólvora é muito difundido e a munição de um mesmo calibre pode
ser fabricada com um ou outro tipo.

4 – Espoleta
A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e uma bigorna, utilizado em
cartuchos de fogo central. A mistura detonante é um composto que queima com facilidade, bastando
o atrito gerado pelo amassamento da espoleta contra a bigorna provocada pelo percursor. A queima
dessa mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo,
chamados eventos.
Os tipos mais comuns de espoletas são:

Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza de apenas um
evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga;

Berdan: utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é um pequeno ressalto no


centro da base do estojo estando a sua volta dois ou mais eventos; e

Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na espoleta de forma a ser
impossível cair, facilitando o processo de recarga do estojo.

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134LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
134
PROCEDIMENTOS DE ESTANDE

1º Passo
O instrutor verificará a presença de todos os operadores que participarão da instrução de tiro,
constantes na planilha de instrução.

2º Passo
O instrutor reunirá a turma, de preferência no estande, explicando, passo-a-passo, como
ocorrerão as diversas fases da instrução. Verificará, também, ao final da explicação, se ainda existem
dúvidas e, caso existam, saná-las antes de iniciar o tiro.

3º Passo
Dividirá a turma em grupos, de acordo com o número de raias ou alvos a serem utilizados.
Nessa divisão, cada operador já deverá ter ciência de sua posição em cada raia ou alvo.

4º Passo
Cada grupo de alunos, ao adentrar ao estande, ocupará a raia que lhe foi indicada,
permanecendo afastado cerca de um (01) metro do armamento (um passo atrás).
Nessa oportunidade, o instrutor conferirá se cada aluno está ocupando corretamente seus
lugares designados.

5º Passo
Para o tiro com revólver o instrutor comandará: “atiradores, a seus postos”; “com x cartuchos,
municiar o armamento”; “fechar o armamento e colocar sobre a banqueta”; “colocar os óculos e o
abafador”; guarnecer o armamento e permanecer na posição de retenção, pronto para o tiro”.

Para o tiro com pistola o instrutor comandará: “atiradores, a seus postos”; “com x cartuchos,
municiar o carregador”; pistola na mão direita e carregador na mão esquerda, introduzir o
carregador na pistola (carregar)”; “por ação do retém do ferrolho, introduzir um cartucho na câmara
da pistola (alimentar)”; “travar o armamento e colocar sobre a banqueta”; “colocar o óculos e o
abafador”; “guarnecer o armamento e permanecer na posição de retenção”; destravar o armamento
e permanecer pronto para o tiro”.

Para o tiro com espingarda ou carabina o instrutor comandará: “atiradores, a seus postos”;
“com x cartuchos, carregar o armamento”; “colocar a arma sobre a banqueta”; “colocar o óculos e o
abafador”; “guarnecer o armamento e permanecer em guarda alta”, “introduzir um cartucho na
câmara”, “tomar a posição de tiro e permanecer pronto para o tiro”.

6º Passo
O operador ouvirá do instrutor os seguintes comandos:
1. atenção atiradores (vocativo),
2. Pista quente (pronta para o tiro),
3. Alvo humanoide, a 5, 7 ou 10 metros (comando),
4. Tiro de ação simples, ou dupla, ou duble tape (comando),
5. Um disparo, dois disparos, seis disparos (comando),
6. A meu comando, a viva voz ou por apito (comando),
7. Esquerda pronta, direita pronta?

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8. Atiradores, fogo. (execução)

7º Passo
Terminada a série de disparos o operador ouvirá do instrutor:
1. Atenção atiradores (vocativo),
2. Quem terminou de atirar, abrir a arma, retirar os estojos, ou o carregador, e deixar a arma
sobre a banqueta, com o cano voltado para o alvo,
3. Um passo a retaguarda, permanecendo com óculos e abafador,
4. Pista fria (proibido o tiro),
5. Verificar os alvos.

POSIÇÕES DE TIRO

Atualmente, duas posições de tiro são utilizadas quando do emprego ou manuseio de armas
curtas (revólveres e pistolas):
Posição Isósceles: normalmente utilizadas quando com atiradores iniciantes. A rama pode ser
empunhada apenas com uma das mãos (tiro UIT – competição olímpica, Pág. 19) ou com as duas
mãos (clubes, escolas de tiro e tiro de defesa).
Posição Isósceles modificada: é normalmente utilizada para os tiros de defesa, combate ou
para os testes de capacitação técnica pelo CONAT/DPF. Nesta posição a arma será sempre
empunhada com ambas as mãos.

1 – Posições de tiro para arma curta


a) Posição inicial: de frente para o alvo, um passo à retaguarda da linha que marca a distância
do atirador ao alvo, os pés ficam em paralelo (posição Isósceles) e os braços relaxados e
ligeiramente estendidos ao longo do corpo.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


136LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
136

b) Posição 1: dá-se um passo à frente com a perna fraca (posição Isósceles modificado), ao
mesmo tempo em que se leva a mão também fraca na altura do abdome, empunhando-se a arma
com a mão forte, sem retirá-la do coldre.

c) Posição 2: saca-se a arma do coldre e, imediatamente, sem levá-la à frente, posiciona-se a mesma
em um ângulo de 45º, ao lado do abdome1. Nessa posição é possível realizar o chamado “tiro de
entrevista”, que se caracteriza pelo disparo de emergência para cessar a eventual agressão, logo que
a arma sai do coldre, onde não há tempo para o atirador terminar a empunhadura e ir até a posição
4.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


137LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
137

d) Posição 3: leva-se a arma à frente do abdome, em um ângulo de 45º do corpo do atirador,


completando a empunhadura com a mão fraca. A arma deve ficar junto ao corpo e o dedo
acionador do gatilho deve ficar sempre ao longo da armação.

e) Posição 4: leva-se a arma à frente dos olhos, apontando-se a mesma em direção ao alvo. O
dedo indicador é colocado na tecla do gatilho durante a transição da posição 3 para a posição 4.
Vale lembrar que não é a cabeça que se posiciona na altura da arma, e sim a arma que se
posiciona na altura da cabeça.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


138LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
138

Já, para os atiradores iniciantes, ou aqueles que se dedicam ao tiro de precisão, a sequência
partirá e continuará na posição Isósceles.

Posição inicial: de frente para o alvo, atrás da linha que marca a distância do atirador ao alvo, os
pés ficam em paralelo (posição Isósceles) e os braços relaxados e ligeiramente estendidos ao
longo do corpo.

Posição 1: Sem sair da posição inicial, ao mesmo tempo em que se leva a mão fraca na altura
do abdome, empunhando-se a arma com a mão forte, sem retirá-la do coldre.

Posição 2: saca-se a arma do coldre e, imediatamente, sem levá-la à frente, posiciona-se a


mesma em um ângulo de 45º, ao lado do abdome2.

Posição 3: leva-se a arma à frente do abdome, em um ângulo de 45º do corpo do atirador,


completando a empunhadura com a mão fraca. A arma deve ficar junto ao corpo e o dedo
acionador do gatilho deve ficar sempre ao longo da armação.

Posição 4: leva-se a arma à frente dos olhos, apontando-se a mesma em direção ao alvo. O
dedo indicador será colocado na tecla do gatilho após a arma estar apontada para o alvo.
Vale lembrar que não é a cabeça que se posiciona na altura da arma, e sim a arma que se
posiciona na altura da cabeça.

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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139

ANÁLISE DE ALVOS

JORGE HELENO DE ARAÚJO


140LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
140

OUTRAS REGRAS DE SEGURANÇA COM ARMAS DE FOGO

1. Regras Gera
2. is de Segurança com Armas de Fogo:
• Ao adquirir uma arma faça a escolha de acordo com seu real emprego – esporte ou defesa,
e compleição física.
• Conheça sua arma. Para usá-la corretamente e com segurança, leia e siga as instruções do
folheto que a acompanha;
• Aprenda como manusear sua arma com segurança. A não observação das instruções pode
resultar em danos pessoais graves;
• Se tiver dúvidas quanto ao manuseio de uma arma, antes de utilizá-la, obtenha
informações com um competente instrutor ou mesmo com o fabricante;
• Não modifique o peso do gatilho de sua arma sem ajuda de um armeiro qualificado, isto
poderá facilitar o disparo acidental;
• Mantenha sua arma sempre limpa e sempre em condições de uso. Peças gastas ou
danificadas podem ocasionar acidentes. Nunca altere ou faça ajustes em seu armamento.
Em caso de necessidade, procure o armeiro autorizado pelo fabricante;
• Use somente cargas normais para as quais a arma tenha sido construída;
• Munições velhas ou recarregada, e de origem desconhecida, devem ser evitadas,
principalmente para o tiro de defesa;
• Sempre que receber uma arma de outra pessoa não pergunte se está descarregada,
verifique você mesmo;
• Nunca deixe, de forma descuidada, uma arma carregada, principalmente ao alcance de
crianças;
• As travas de segurança de uma arma de fogo são apenas dispositivos mecânicos e não um
substituto do bom senso;
• Trate sempre sua arma como se ela estivesse sempre carregada e alimentada;
• Nunca aponte uma arma para alguém a não ser que pretenda atirar;
• Carregue e descarregue sua arma sempre apontando para uma direção segura;
• A arma, pistola ou revólver, deve sempre ser transportada em coldre, salvo quando houver
a consciente necessidade de utilizá-la;
• Certifique-se que sua arma está realmente descarregada e desalimentada antes de
qualquer limpeza;
• Quando a arma estiver fora do coldre e empunhada para o tiro, esteja absolutamente certo
de que não esteja apontando para alguma parte do seu corpo ou de outras pessoas à sua
volta;
• Em caso de falha, no tiro de defesa, ejete, imediatamente, o cartucho falho e parta para o
segundo tiro. O tempo é precioso para a sobrevida, em confrontos; e
• Álcool e arma não se misturam.

3. Regras de Segurança no Estande de Tiro:


• Antes do início e quando do término de qualquer exercício de tiro, mesmo de instrução
preparatória, todas as armas e munições de manejo deverão ser inspecionadas,
constituindo tal inspeção, responsabilidade do instrutor de armamento e tiro;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


141LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
141
• Durante todo o período de permanência no estande de tiro as armas deverão estar abertas
e sem o carregador, quando não empregadas;
• As armas que não estiverem na linha de fogo deverão permanecer guardadas ou em local a
elas destinado;
• Antes de utilizar munição de manejo (falsas), certifique se alguma delas possui carga de
projeção e espoleta.
• Todos os comandos de tiro serão dados pelo instrutor de tiro e devem ser imediatamente
obedecidos. A única exceção refere-se à ocorrência de ato atentatório à segurança, quando
a primeira pessoa que o perceber comandará imediatamente “suspender fogo”;
• Em hipótese alguma, a arma da linha de fogo poderá ter o cano voltado em outra direção;
que não seja a dos alvos;
• Tome cuidado com as obstruções no cano. Quando estiver atirando, caso ouça ou sinta algo
de anormal com o recuo ou som da detonação, interrompa imediatamente o tiro e
verifique cuidadosamente a existência ou não de obstruções no cano.
• Nunca atire em superfícies planas, duras e água, pois os projéteis podem ricochetear;
• Certifique se seu alvo e a zona que o circunda, são capazes de receber os impactos com
segurança, sem causar danos àquilo que estiver além do mesmo;
• Em caso de nega, mantenha a arma apontada para o plano de tiro e aguarde 30 segundos
antes de descarregá-la, evitando exposição com a culatra. Se o tiro for fraco, antes de
efetuar o próximo, verifique se o cano está desobstruído;

4. Regras de Segurança em Deslocamentos:


4.1. A Pé:
• Deslocando-se a pé e estando em local muito movimentado, verifique sempre se a arma
que carrega sob as vestes, está sendo percebida por estranhos;
• Evite levar a mão ao local onde carrega a arma, a não ser que pretenda utilizá-la;
• Trazer sempre a arma acondicionada em coldre próprio, evitando colocá-la diretamente
junto ao corpo;
• Não exibir a arma desnecessariamente;
• A arma deve ser conduzida de maneira que fique bem fixa, sem perigo de cair durante
deslocamentos, para isso utilize coldres adequados e em condições de que seja
rapidamente sacada em caso de necessidade;
• Use sempre uma arma cujas dimensões sejam compatíveis com seu tipo físico;
• Quanto à pistola, se optar por portá-la alimentada, utilizar sempre os sistemas de travas;
• Antes de utilizar sua arma, avalie bem as consequências do ato. Um simples telefonema
talvez resolva o problema;
• Havendo necessidade de sentar-se ou abaixar-se, tome cuidado para que a arma não seja
percebida por estranhos;
• Verificar sempre as condições de funcionamento da arma e das munições.

4.2. Com Motocicletas:


• Se militar, estando fardado, a arma deve ser mantida no coldre, o qual estará sempre
fechado, observando-se as condições do cordão de segurança (fiel) e sua correta utilização;
• Ao parar em semáforos, atentar para todas as pessoas que passam por perto, pois existe a
possibilidade de um ataque surpresa;

JORGE HELENO DE ARAÚJO


142LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
142
• O operador deverá optar por uma posição que melhor lhe convier, porém jamais portá-la
na região lombar, pois certamente ficará à vista e vulnerável, bem como não portá-la em
mochilas ou sacolas.
4.3. Em Carros:
• De acordo com sua comodidade, mantê-la sempre em condições de um pronto emprego,
embora sempre portada em coldre de cinta ou mesmo auxiliares. Nunca deixe a arma no
veículo quando tiver que se afastar.

4.4. Em Ônibus:
• Transportar a arma no coldre e na posição natural, pois qualquer mudança pode tornar
difícil um saque rápido;
• A mão que será usada para o saque nunca deverá segurar os apoios, deve ficar
naturalmente estendida em condições de um saque rápido;
• Evitar, quando possível, as aglomerações no coletivo;
• Procurar manter as costas voltadas para alguma proteção;
• Observar atentamente a movimentação dos passageiros;
• Se houver a necessidade de reação, evite tomar qualquer atitude que coloque em risco a
vida de outros usuários, aguarde o melhor momento;
• Observar a atitude dos ocupantes do coletivo, antes e quando adentrar ao mesmo;

TREINAMENTO DE TIRO (sugestões)

Diariamente, encontramos nos meios de comunicação, propagandas dos mais diversos cursos
de capacitação em armamento e tiro. A exceção do curso básico, que considero obrigatório a todos
aqueles que pleiteiam a participação em um clube ou estande de tiro, qualquer outro curso será em
vão se o interessado não treinar, exaustivamente, e, só passar para a fase seguinte, após dominar,
completamente, a fase anterior. Assim, apresentamos uma proposta de treinamento em que o
guarda municipal ficará dispensado do pagamento de cursos e treinamentos remunerados.
Comece com a distância de 5 metros, passando para 7 metros e posteriormente, a 10 metros.
Só passe para a fase seguinte, após obter um aproveitamento estabelecido por esta tabela.
Lembre-se que saltar fases não ajudará em seu treinamento.

Tiros de ação simples e ação dupla

Este treinamento poderá ser realizado com o revólver ou pistola e tem por objetivo que o
atirador domine os elementos fundamentais do tiro (posição, empunhadura, apneia, pontaria, e
acionamento da tecla do gatilho).
O atirador só passará para a fase seguinte ao atingir todos os dez (10) disparos na zona cinco
(5) do alvo humanoide.
Neste treinamento a arma estará empunhada à frente do corpo, com o cano voltado para a
frente e a 45º (para o chão), e o dedo fora da tecla do gatilho.

Tiro de ação simples – 10 disparos a 5 metros – sem tempo estabelecido

Tiro de ação simples – 10 disparos a 7 metros – sem tempo estabelecido

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Tiro de ação simples – 10 disparos a 10 metros – sem tempo estabelecido

Tiro de ação dupla – 10 disparos a 5 metros – sem tempo estabelecido

Tiro de ação dupla – 10 disparos a 7 metros – sem tempo estabelecido

Tiro de ação dupla – 10 disparos a 10 metros – sem tempo estabelecido

Tiro duble tape

Obs: O tiro duble tape é aquele realizado com o primeiro disparo em ação dupla e o segundo disparo
em ação simples.
Este treinamento poderá ser realizado com o revólver ou pistola e tem por objetivo que o
atirador domine os elementos fundamentais do tiro (posição, empunhadura, apneia, pontaria, e
acionamento da tecla do gatilho).
O atirador só passará para a fase seguinte ao atingir todos os dez (10) disparos na zona cinco
(5) do alvo humanoide.
Neste treinamento a arma estará empunhada à frente do corpo, com o cano voltado para a
frente e a 45º (para o chão), e o dedo fora da tecla do gatilho.

Tiro duble tape – 10 disparos a 5 metros – sem tempo estabelecido

Tiro duble tape – 10 disparos a 7 metros – sem tempo estabelecido

Tiro duble tape – 10 disparos a 10 metros – sem tempo estabelecido

Tiro duble tape (com tempo definido)

Este treinamento poderá ser realizado com o revólver, ou pistola, e tem por objetivo que o
atirador estabeleça a memória muscular, uma vez que, a partir de agora não terá tempo para realizar
uma pontaria precisa.
O atirador só passará para a fase seguinte ao atingir todos os dez (10) disparos na zona cinco
(5) do alvo humanoide.
Neste treinamento a arma, ainda, estará empunhada à frente do corpo, com o cano voltado
para a frente e a 45º (para o chão), e o dedo fora da tecla do gatilho e, após cada dois tiros o cão da
arma será desarmado.

Tiro duble tale – 02 disparos a 5 metros – em 5 segundos

Tiro duble tale – 02 disparos a 5 metros – em 4 segundos

Tiro duble tale – 02 disparos a 5 metros – em 3 segundos

Tiro duble tale – 02 disparos a 5 metros – em 2 segundos

JORGE HELENO DE ARAÚJO


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Tiro duble tale – 02 disparos a 7 metros – em 5 segundos

Tiro duble tale – 02 disparos a 7 metros – em 4 segundos

Tiro duble tale – 02 disparos a 7 metros – em 3 segundos

Tiro duble tale – 02 disparos a 7 metros – em 2 segundos

Treinamento para o tiro de defesa


0
Dominada as técnicas de tiro, em ação simples, dupla e duble tape, e formada a memória
muscular, o atirador diversificará seu treinamento, para situação que poderá se deparar no dia a dia
de suas atividades.
Este treinamento poderá partir da arma coldreada, com tiro parado, ou em movimento; no
tiro parado, poderá realizar um tiro de pé e outro ajoelhado; no tiro em movimento, poderá treinar o
tiro frontal ou com deslocamento lateral; poderá treinar o tiro sentado, a partir de uma mesa de bar
ou no interior de um veículo, e assim por diante. Cada atirador explorará a sua realidade e as suas
necessidades.
Outro detalhe importantíssimo é o treinamento e realização do disparo com a arma a altura do
quadril e o corpo lateralizado. Está provado que um oponente, há sete metros, consegue chegar na
vítima armada, antes que ela consiga efetuar seus disparos com a arma levantada. Assim, o tiro
realizado a partir do quadril, corpo lateralizado e braço esquerdo (para os destros), a frente,
permitirá, ao atirador, deter o agressor e, ao mesmo tempo, efetuar os disparos de contenção, a
altura do abdômen do agressor.
Vale lembrar, contudo, que ao portar uma arma deve fazê-lo com ela sempre em condições de
pronto emprego. As pistolas, por exemplo, devem estar, sempre, com munição na câmara
(alimentada), porém com o cão rebatido.

O mundo é uma escola


e a vida, um eterno aprendizado.
Cada oportunidade é única, não se repete.
Aproveite cada momento, para crescer
social, intelectual e profissionalmente.
Busque seus objetivos, lute, seja honesto.
Lembre-se que a semeadura é livre,
porém, tudo que plantar, colherá.

(prof. Jorge Heleno)

JORGE HELENO DE ARAÚJO


145LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
145

COLABORADORES DO LIVRO DO GUARDA MUNICIPAL

Muitos amigos e ex-companheiros da Guarda Municipal da cidade do Rio de Janeiro ajudaram


na realização do presente trabalho. Por suas experiências, na Coordenadoria de Desenvolvimento de
Pessoal – CDP, como instrutores dos diversos cursos de Formação e Reciclagem, não só da Guarda
Municipal carioca, mas também de outras que nos solicitaram apoio, à época, esses Guardas
instrutores opinaram e revisaram os diversos tópicos, o que os torna dignos de meu agradecimento
particular.

Relações Humanas no Trabalho


Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Arminda Otília Pereira de Sampaio Costa (guarda municipal - revisora)

Legislação Brasileira
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Charles Felipe da Rocha Lima (guarda municipal - revisor)

Segurança Patrimonial
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
João Bosco Fernandes (guarda municipal - revisor)

Instrução Básica
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
João Bosco Fernandes (guarda municipal - revisor)

Técnicas Operacionais
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Antônio Carlos dos Santos Pires (guarda municipal - revisor)

Prevenção e Combate a Incêndios


Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Antônio Carlos dos Santos Pires (guarda municipal - revisor)

Drogas e DST
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
João Bosco Fernandes (guarda municipal - revisor)

Primeiros Socorros
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Maria de Fátima de Oliveira L. Marins (guarda municipal - revisora)

Armamento Munição e Tiro


Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Miguel Donato (engenheiro e esportista - revisor)

Educação Física

JORGE HELENO DE ARAÚJO


146LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
146
Jorge Heleno de Araújo (pedagogo e autor)
Carlos Vinícius Pereira Barros (guarda municipal - revisor)

Desenhos
Antônio Carlos dos Santos Pires (gm e designer gráfico)

Revisão geral
Luciam Moraes Araújo de Gouveia (professora)

Mas, esta homenagem não seria justa se também não fossem lembrados todos os guardas do
corpo de instrutores, com quem tive o prazer de trabalhar, que tanto me incentivaram, e que foram
os responsáveis pela formação dos novos guardas municipais hoje em serviço. Àqueles que tiveram a
paciência em frequentar os diversos cursos, palestras e jornadas pedagógicas; organizados pelos
coordenadores da CDP, senhora Kátia Amendola de Souza e, mais tarde, pelo senhor Sérgio Oliveira
dos Santos (falecido). Excedendo, muitas vezes, os horários estabelecidos, e sempre buscando o
crescimento da instituição, esses profissionais conseguiram dar à CDP uma filosofia própria, com uma
instrutoria de guardas municipais para guardas municipais.
▪ Adilson Moreira de Araújo – mat. 634.900-6
▪ Alberto de Oliveira – mat. 632.148-3
▪ Alexandre Paiva Cardoso – mat. 630.845-4
▪ André da Costa Gonçalves – mat. 630-185-0
▪ Antônio Carlos dos Santos Pires – mat. 632.618-3
▪ Antônio Carlos Gonçalves dos Santos – mat. 635.130-0
▪ Arminda Otilia Pereira de Sampaio Costa – mat. 634.738-1
▪ Aurélio Augusto G. de Fernandes – mat. 635.190-6
▪ Carlos Alberto da Rocha Vasconcelos – mat. 635.815-9
▪ Carlos Eduardo de Azevedo Chaves – mat. 633.070-8
▪ Carlos Eduardo Iribarne Martins – mat. 632.124-0
▪ Carlos Henrique Lagame – mat. 635.878-0
▪ Carlos Vinícius Pereira Barros – mat. 630.281-6
▪ Charles Felipe da Rocha Lima – mat. 630.700-0
▪ Cid Baptista de Paula – mat. 633.691-7
▪ Cláudio Araújo Farias – mat. 639.714-0
▪ Cléber de Araújo Santos – mat. 630.517-138-9
▪ Durval Lopes Braga Junior – mat. 630.291-9
▪ Edson Luiz Machado – mat. 631.999-3
▪ Erlei Lopes Soarse – mat. 631.807-1
▪ Ernesto Siqueira Monegalha – mat. 633.285-7
▪ Flávio dos Santos Silva – mat. 632.962-7
▪ Flávio Leonardo S dos Santos – mat. 634.040-4
▪ Geciel de Almeida Martins – mat. 634.045-3
▪ Geraldo José Ribeiro Paes – mat. 634.941-9
▪ Gilson Pereira Bento – mat. 633.256-0
▪ Gustavo Gomes de Souza – mat. 631.544-6
▪ Hamilton Marques dos Santos – mat. 532.935-4
▪ Idnei Teixeira – mat. 630.723-1
▪ Isídio Xavier dos Santos – mat. 623.925-1

JORGE HELENO DE ARAÚJO


147LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
147
▪ Jailton Volotão – mat. 632.302-9
▪ Jamilson Alfredo dos Santos – mat. 632.142-2
▪ João Bosco Fernandes – mat. 635.451-8
▪ João Francisco Rosa – mat. 633.457-8
▪ João Luiz F. de Miranda – mat. 635.994-2
▪ Jones Baumgarten Filho – mat. 634.064-7
▪ Jorge José da Silva – mat. 635.915-2
▪ Jorge Luis dos Santos – mat. 635.317-4
▪ José de Arimatéia do Nascimento – mat. 631.923-3
▪ José Joaquim da Silva Neto – mat. 635.191-8
▪ José Luis da Silva Alves – mat. 632.803-9
▪ José Luis Pinto Ferrão – mat. 632.387-0
▪ José Ricardo Constantino de Souza – mat. 631.218-4
▪ José Ricardo Soares da Silva – mat. 632.703-5
▪ Júlio Albino do Nascimento – mat. 634.091-0
▪ Karla Osana Oliveira – mat. 636.432-9
▪ Lílian Fernandes de Melo – mat. 636.541-3
▪ Lúcia Helena Rubim Ferreira – mat. 634.441-0
▪ Luis Cláudio Afonso Ribeiro – mat. 632.959-7
▪ Mara Cristina Miras Santos – mat. 635.692-8
▪ Marcelo de Souza – mat. 635.098-7
▪ Marcelo dos Santos – mat. 635.286-8
▪ Márcia Cristina Flávio Ferreira – mat. 637.138-3
▪ Márcia Rodrigues da Silva Jardim – mat. 636.562-0
▪ Márcio Alexandre da Silva Ferreira – mat. 630.232-4
▪ Marcos Cosme P. Lauriano – mat. 632.635-0
▪ Marcos de Araújo Pinto – mat. 634.432-0
▪ Marcos Felix de Oliveira – mat. 634.984-5
▪ Marcos Silveira Bruno – mat. 631.814-9
▪ Maria de Fátima de Oliveira Marins – mat. 634.727-7
▪ Mário Luiz Gomes de Freitas – mat. 631.494-6
▪ Paulo César de Souza Tavares – 634.834-8
▪ Paulo Roberto Vitorino – mat. 632.626-6
▪ Renato Moraes Barbosa – mat. 633.817-3
▪ Roberto Rodrigues de Souza – mat. 630.739-5
▪ Rogério Barroso Alves – mat. 634.876-2
▪ Ronaldo da Silva Cardoso – mat. 630.648-2
▪ Ronaldo Messias Cavalcante – mat. 630.432-1
▪ Ronaldo Vieira Rocha – mat. 633.314-0
▪ Ronilson Patrocínio Alves – mat. 634.302-8
▪ Sérgio Heleno Missel de Araújo – mat. 637.365-3
▪ Sidney Teixeira – mat. 632.975-5
▪ Ubiramar Silva – mat. 634.041-6
▪ Walter Raimundo Pereira – mat. 632.876-3
▪ Wenceslau Guerra Werneck – mat. 634.837-3
▪ Willian Alexandre Ribeiro – mat. 636.706-9

JORGE HELENO DE ARAÚJO


148LIVRO DO GUARDA MUNICPAL VOLUME 2
148
Referências bibliográficas

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149
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JORGE HELENO DE ARAÚJO


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CONHECENDO O AUTOR

Jorge Heleno de Araújo é militar da reserva remunerada do Corpo de


Fuzileiros Navais – CFN. Com especialização no quadro de artilharia, em 1976
realizou o Curso Especial de Comandos Anfíbios – CESCOMANF, no Batalhão de
Operações Especiais de Fuzileiros Navais – Btl. Tonelero.
Em 1980, realizou o curso de operador de campo, nas Atividades de
Inteligência, na Presidência da República; em 1993, retornou ao Btl. Tonelero,
passando a integrar o Grupamento Especial de Retomada e Resgate – GERR e
encarregado da instrução de armamento e tiro para as companhias de Comandos
do batalhão. Participou de missões no Brasil e fora dele, de interesse da Marinha e
da Presidência da República.
Foi gerente de Planejamento de Ensino da Guarda Municipal da cidade do Rio
de Janeiro, na gestão do comandante Paulo Cesar Amendola de Souza.
Ao sair da GM Rio, criou a ONG Movimento Nacional pela Segurança nas
Cidades – MNSC e o Grupamento de Resgate em Locais Perigosos – GRELP, tendo
sido seu 1º comandante. Essas instituições ministraram diversos cursos e
treinamentos, entre eles: Cursos de Formação para Guardas de Proteção
Ambiental, cursos de Sobrevivência em Ambientes Natural, Montanhismo, e
Emergência Pré-Hospitalar.
É atirador e instrutor de esportivo, registrado no SFPC/EB/7ª RM, e instrutor
de Armamento Munições e Tiro, com credenciamento na Polícia Federal
(atualmente inativo).
É pedagogo, com especialização em Orientação Educacional; cristão; e autor
de livros voltados à segurança – Livro Básico do Vigilante; Segurança Pessoal de
Personalidades; e Livro do Guarda Municipal.

JORGE HELENO DE ARAÚJO

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