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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL

Crimes Contra o Patrimônio – Furto


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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO – FURTO

1. Estrutura do Delito

A estrutura dos dispositivos jurídicos do artigo 155 do Código Penal (CP) que
regem o crime de furto se dá por:
a) Furto simples: Caput.
b) Causa de aumento de pena do repouso noturno: § 1º.
c) Furto privilegiado: § 2º.
d) Furto de energia: § 3º.
e) Furto qualificado: § 4º.
f) Furto de veículo automotor: § 5º.
g) Furto de animal semovente domesticável de produção: § 6º (Incluído
pela Lei n. 13.330/2016 – 03/08/2016).

2. Furto

O furto é regido pelos seguintes dispositivos jurídicos:

Código Penal
Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Furto Qualificado
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I – Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II – Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
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III – Com emprego de chave falsa;


IV – Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo auto-
motor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semo-
vente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Furto de Coisa Comum
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena – Detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação.
§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente.

2. Elementos do Furto

Sujeito Ativo: O furto trata-se de um crime comum, ou seja, em regra, qual-


quer pessoa pode praticá-lo. Em algumas situações excepcionais, determinadas
pessoas não praticarão o crime de furto. Veja abaixo alguns exemplos dessas
situações excepcionais:
a) Proprietário: O proprietário que subtrai coisa própria na posse legítima
de terceiro responde pelo crime de subtração, supressão ou destruição de coisa
própria na posse legítima de terceiro (art. 346 do CP). Se a posse do terceiro é
ilegítima, responde por exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 do CP).

Código Penal
Exercício Arbitrário das Próprias Razões
Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora le-
gítima, salvo quando a lei o permite:
Pena – Detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente
à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.
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Art. 346. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de
terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena – Detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

b) Condômino/Coerdeiro/Sócio: Pratica o crime do artigo 156 do CP, furto


de coisa comum. Esse crime somente se procede mediante representação e é
um crime de menor potencial ofensivo.

Atenção!
• Esse crime não é punível quando se tratar da subtração da cota a que
tem direito o agente, desde que fungível (substituível) (art. 156, § 2º, do
CP). Exemplo: um dos herdeiros subtrai de uma conta bancária, na qual
estava depositado o dinheiro de sua herança, um valor equivalente à cota
da herança a que tem direito. Sendo o dinheiro considerado como infungí-
vel, ou seja, insubstituível, esse herdeiro responderá criminalmente. Caso
a subtração fosse de um bem fungível (substituível) e não ultrapassasse a
cota a qual tem direito, esse herdeiro não responderia pelo crime previsto
no art. 156.
• A natureza jurídica do art. 156, § 2º, é de causa excludente da ilicitude.

c) Possuidor: Se o possuidor passa a agir como proprietário (invertendo o


título da posse) ele poderá responder por:
I – Apropriação Indébita (art. 168): Desde que o dolo do agente seja super-
veniente à aquisição da posse ou detenção. Exemplo: um síndico de um prédio
recebeu um bem pelos correios que na verdade pertence a outro morador, porém
como este não se encontrava no momento da entrega, o síndico ficou responsá-
vel por receber a encomenda. Depois de receber o bem, o síndico decidiu tomar
o bem para si, apropriando-se indebitamente do bem alheio.
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Código Penal
Apropriação Indébita
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa.

II – Estelionato (art. 171): Se o dolo de apropriação era anterior (dolo “ab


initio”) à aquisição da posse ou detenção e o agente utiliza meio fraudulento para
obtê-la. Exemplo: um síndico de um prédio recebeu um bem pelos correios que
na verdade pertence a outro morador, porém como este não se encontrava no
momento da entrega, o síndico ficou responsável por receber a encomenda. Mas
antes mesmo de receber o bem, o síndico já queria tomá-lo para si, caracteri-
zando assim a prática do estelionato.

Código Penal
Estelionato
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, indu-
zindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena – Reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis.
§1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar
a pena conforme o disposto no art. 155, §2º.

d) Funcionário Público (Art. 312): O agente que se aproveita da sua quali-


dade de funcionário público para subtrair o bem pratica o crime de peculato-furto.

Código Penal
Peculato
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou des-
viá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – Reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em pro-
veito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.
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Atenção!
Se o funcionário não se aproveitar dessa sua qualidade, cometerá apenas o
crime de furto.

Sujeito Passivo: Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do furto, seja o
possuidor ou o proprietário da coisa. Exemplo: locatário (possuidor) ou locador
(proprietário)

Atenção!
• Não é necessário individualizar a vítima. Basta que fique comprovado que
o autor atingiu um bem jurídico de terceiro para que o delito de furto esteja
caracterizado.
• Ladrão que furtar ladrão responderá pelo crime de furto, porém o sujeito
passivo (real vítima) será o dono da coisa alheia móvel.

Bem Jurídico Tutelado: A criminalização do furto busca proteger o patrimônio.


Tipo Subjetivo: O tipo subjetivo do furto é o dolo, não sendo praticado na
modalidade culposa. Exige-se ademais, um dolo específico, qual seja, o de apo-
deramento definitivo da coisa (para si ou para outrem).

Atenção!
• Não existe furto culposo, e sim furto doloso.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.
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