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QUEIXA-CRIME

Sr(a) Aluno(a):

Ao elaborar a sua queixa-crime, por favor, atentar para:


a) É a própria AÇÃO PENAL!
b) CP, art. 100, §§ 2º,3º e 4º; 103; 104; 105; 107, IV
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer
dos crimes é cometido:
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a
pena em dobro. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019 – Lei ou Pacote Anticrime)
c) CPP, arts. 29 a 38; 41; 44; 46, § 2º; 47 a 60; 395 e 396 e 520 (519 ao 523);
d) L. 9.099/95, art. 60 e ss
e) L. 5.250/67 (Lei de Imprensa), art. 20 a 26 (ADPF 130-7 Suspensão dos dispositivos art. 20 a
23 da LI) – LEI DE IMPRENSA REVOGADA.
f) Procuração com poderes especiais – mesmo que o referido mandato já tenha os poderes
peculiares, aconselha-se que o Querelante também assine a petição inicial.
g) Menção a doutrina e jurisprudência (?) - divergência.
h) Custas: Tabela de Custas e Emolumentos 2020

 Nos processos criminais de qualquer natureza: R$ 159,18

i) EM SENDO O CASO DE JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL:


1) Ver a competência;
2) “(...) seja designada a audiência preliminar para eventual composição ou
transação, ou então se infrutífera, seja intimado para apresentação da defesa
preliminar, seguindo-se o recebimento da queixa-crime, citação e designação de
audiência de instrução, debates e julgamento, ouvindo-se as testemunhas abaixo
relacionadas, nos termos do rito sumaríssimo, art. 77 a 83 da Lei nº 9.099/95 até
final sentença e condenação.” (VKI).

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CASO PARA A PETIÇÃO ABAIXO

“C” e “D”, em reunião de prestação de contas da empresa, da qual participaram vários diretores
e gerentes, imputaram a “F”, sabendo-o inocente, a conduta de ter constrangido, mediante grave
ameaça, o contador “H” a não exercer sua atividade, regularmente, de modo que os dados de
lucros e perdas não espelhassem a realidade. “F”, assim teria agido, com o propósito de se
vingar da gerência que não o promoveu ao posto almejado. “F”, sentindo-se caluniado, contratou
advogado para promover a medida penal cabível. (Este exemplo foi extraído de NUCCI,
Guilherme de Souza & NUCCI, Nália Cristina Ferreia. Prática forense penal. 3 ed. ver., atual. e
ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. A petição sofreu modificações)

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA
____.ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RECIFE/PE.

JUÍZO DE DIREITO DA ____.ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RECIFE/PE.

JUÍZO DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RECIFE/PE.

10 ESPAÇOS

Boletim de Ocorrência nº __________


Inquérito n.o_____________________

“F” (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular da carteira de identidade
Registro Geral n.o____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o n. o____, domiciliado em
(cidade), onde reside (rua, número, bairro), por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, propor

QUEIXA-CRIME
contra “C” (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular da carteira de
identidade Registro Geral n.o____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o n. o____,
domiciliado em (cidade), onde reside (rua, número, bairro) e “D” (nome completo), (nacionalidade),
(estado civil), (profissão), titular da carteira de identidade Registro Geral n.o____, inscrito no
Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.o____, domiciliado em (cidade), onde reside (rua, número,
bairro), com fundamento no art. 30 do Código de Processo Penal em combinação com o art. 145,
caput, do Código Penal, baseado nas provas colhidas no inquérito policial que segue juntamente
com esta, pelos seguintes motivos:

I – DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS

No dia ____, por volta das ____, em reunião realizada na sede da empresa ____, situada na
____, nesta cidade, na presença de inúmeros diretores e gerentes, muitos dos quais constam do

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rol de testemunhas abaixo indicado, os QUERELADOS imputaram ao QUERELANTE a prática do
crime descrito no art. 197, I, do Código Penal, abaixo indicado:

Atentado Contra a Liberdade de Trabalho


Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a
trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados
dias:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência;
(...) Realces meus

Afirmaram, sabendo ser o proponente inocente, que os dados contábeis da empresa não se
encontravam regulares, tendo em vista que o QUERELANTE, por ter sido preterido em promoção
realizada no dia X, para vingar-se da gerência que deixou de indicá-lo ao posto, teria constrangido
o contador “H”, mediante grave ameaça, a deixar de realizar sua atividade, durante certo período.
A ameaça fundar-se-ia na expulsão do filho do contador da escola Saber Eterno, onde atualmente
cursa a 2.ª série do ensino fundamental, levando-se em conta que a esposa do querelante é a
diretora-geral do referido estabelecimento de ensino.

A criativa história idealizada pelos QUERELADOS teve o fim de prejudicar o QUERELANTE,


conspurcando sua reputação diante de terceiros, sendo certo saberem eles que nada foi feito
contra “H”. Apurou-se no incluso inquérito ter este negligenciado seus afazeres em virtude de
problemas pessoais, razão pela qual os dados estavam, de fato, incompletos, porém, nada disso
teve por origem qualquer conduta do querelante.

Os QUERELADOS não somente sabiam ser inocente o QUERELANTE como também


engendraram a versão apresentada na reunião mencionada, onde participaram cerca de 10
pessoas (Doc. 07) com o objetivo de macular a sua imagem entre diretores e gerentes,
justamente para afastá-lo da concorrência ao próximo cargo de gerência a ser disputado dentro
de alguns meses, quando ocorrerá a aposentadoria do atual ocupante. Logo, segundo os
depoimentos colhidos (fls.13 a 17 do inquérito – Docs. 02 a 06), observa-se que, na última
promoção, estava o querelante impossibilitado de ser beneficiado, em razão da notória
especialidade do posto, incompatível com sua habilitação. Portanto, maliciosamente, os
QUERELADOS, concorrentes do QUERELANTE, buscaram vincular a negligência do contador da
empresa a uma inexistente grave ameaça, associada a um desejo de vingança igualmente fictício.

Torna-se nítida, pois, a prática do delito de calúnia por parte dos querelados, sem perder de vista

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que foi o fato divulgado na presença de várias pessoas, além de possuir o QUERELANTE
mais de sessenta anos, o que acentua a gravidade do delito.

A Calúnia está fincada no Diploma Repressivo, mais precisamente em seu artigo 138, a saber:

Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime:
Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Realces meus.

Ora, Culto Julgador, percebe-se, notoriamente, que agiram dolosamente os Querelados, com o
denominado animus caluniandi posto que houve a perfeita realização (atribuição) de uma
acusação falsa – de um fato definido à luz da legislação penal como crime -, usurpando do
querelante a sua credibilidade e boa fama no seio da sua comunidade. O dolo, já dito, está
indiscutivelmente concretizado.

Entende a jurisprudência pátria que tenha existido – como o presente caso trazido à apreciação
de V. Exa. – a indispensabilidade da imputação:
RTJ, 579:856; JTACrimSP, 88:167 e 83:319

Faz-se aplicável ao presente fato a causa de aumento de pena, existente no CP, art. 141, III:
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço,
se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo
estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas , ou por meio que facilite a
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de
deficiência, exceto no caso de injúria.  (Acrescentado pela L-
010.741-2003) Realces meus.

Neste sentido, Damásio de Jesus leciona que


“Crime cometido na presença de várias pessoas (III)
Exige-se, no mínimo, que sejam três, não ingressando no cômputo o
ofendido e o co-autor ou partícipe. (...)”
JESUS, Damásio E. de. Código penal anotado. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2004, p. 505. Realces meus.

Conforme Ata de Reunião da Empresa (Doc. 07) vislumbra-se o quorum de 10 pessoas.

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Contando-se com os Querelados (dois), Querelante (um) e o Contador (um), perfazendo o total de
04 (quatro) pessoas, teremos ainda 06 (seis) pessoas que assistiram à imputação do fato
criminoso, sendo, sem qualquer discussão, aplicável a causa de aumento de pena,
consubstanciada na fundamentação acima citada.

Além disso, Ínclito Julgador, o delito ocorrido foi cometido contra maior de 60 anos!! O Querelante
contava à data do fato 62 (sessenta e dois anos) (Doc. 08 e 09). Ou seja, deve-se também incidir
a causa de aumento de pena para os delitos contra honra perpetrados em desfavor dos idosos.

II – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência seja recebida a presente Queixa-Crime, após a
realização do procedimento descrito no art. 520 do Código de Processo Penal, contra “C” e “D”,
incursos nas penas do art. 138, caput, c.c. art. 141, III e IV, do Código Penal, para que, citados e já
que não é possível a aplicação dos benefícios da Lei 9.099/95 no caso em tela, apresentem a
defesa que tiverem, sejam colhidas as provas necessárias e, ao final, possam ser condenados.
Requer-se a oitiva do ilustre representante do Ministério Público, além da ficha de antecedentes
criminais dos QUERELADOS.

Termos em que,
Pede deferimento.
Recife, 00 de abril de 2020.

OOOOOOOOOOOOOOO
OAB/PE 00.000

XXXXXXXXXXXXXXXXX (nome do querelante) – Ele assina!


RG nr. 2222222222 (RG do querelante)

Rol de Testemunhas:

1. NOME COMPLETO / ENDEREÇO / DATA NASCIMENTO / PROFISSÃO


2. NOME COMPLETO / ENDEREÇO / DATA NASCIMENTO / PROFISSÃO
3. NOME COMPLETO / ENDEREÇO / DATA NASCIMENTO / PROFISSÃO

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Rol de Documentos:
1) Procuração (Doc. 01)
2) Depoimentos colhidos do inquérito policial (Docs. 02 a 06).
3) Ata de reunião da empresa (Doc. 07)
4) Certidão de Casamento e Registro Geral do Querelante (Docs. 08 e 09)
5) Comprovante do pagamento de custas / Atestado de Pobreza (Doc. 10)

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CASO PRÁTICO

Direito Penal - XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2014.3) Preliminar. FGV - Prova aplicada em
11/01/2015.

Enrico, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em uma das redes
sociais existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus amigos, parentes
e colegas de trabalho. Enrico utiliza constantemente as ferramentas da Internet para contatos
profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no mundo contemporâneo.

No dia 31/04/2018, sexta-feira, Enrico comemora aniversário e planeja, para a ocasião, uma reunião à
noite com parentes e amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói, no
estado do Rio de Janeiro. Na manhã de seu aniversário, resolveu, então, enviar o convite por meio da
rede social, publicando postagem alusiva à comemoração em seu perfil pessoal, para todos os seus
contatos.

Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também possui perfil na referida rede social e está
adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do motivo da comemoração. Então, de seu
computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia de Icaraí, em Niterói, publicou na
rede social uma mensagem no perfil pessoal de Enrico.

Naquele momento, Helena, com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguinte comentário:
“não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem
vergonha!”, e, com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas de trabalho e denegrir sua
reputação acrescentou, ainda, “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele
cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a
empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”.

Imediatamente, Enrico, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por meio de seu
tablet, recebeu a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos de Helena em seu
perfil pessoal.

Enrico, mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial a Carlos, Miguel e Ramirez, que
estavam ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Enrico tentou disfarçar o constrangimento
sofrido, mas perdeu todo o seu entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de ser realizada. No dia
seguinte, Enrico procurou a Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de
Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando o conteúdo impresso da mensagem
ofensiva e a página da rede social na Internet onde ela poderia ser visualizada. Passados cinco meses
da data dos fatos, Enrico procurou seu escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você, na
qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do Rio
de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto
acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de habeas corpus, sustentando,
para tanto, as teses jurídicas pertinentes.

A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
pretensão. A peça deverá ser datada do último dia do prazo.
Em seu texto, não crie fatos novos. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação. 

Não esquecer: Procuração com poderes especiais. CPP, art. 44.

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