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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

DA COMARCA DE ALAGOINHAS - BAHIA

ANTÔNIO KLEBER SOUZA BARBOZA, já devidamente qualificado nos autos em epigrafe,


razão qual vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu
patrono que ao final subscreve -- instrumento procuratório acostado - onde, em atendimento aos
ditames contidos no art. 39, inciso I do CPC, para ajuizar, com supedâneo nos art. 702 e segs.
da Legislação Adjetiva Civil, a presente

AÇÃO INCIDENTAL DE EMBARGOS MONITÓRIOS

contra LUIZ FABIANO GOMES DE OLIVEIRA, em decorrência das justificativas de ordem


fática e de direito abaixo delineadas.

1 – REALIDADE DOS FATOS LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Os acontecimentos evidenciados na ação de execução foram grosseiramente distorcidos. Há uma


“grave omissão”, intencional, a qual comprometeria, se estipulada pelo Embargado, o
recebimento de seu pretenso crédito.

Consideramos como “grave omissão”, porquanto o Código de Processo Civil disciplina que:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


Código de validação do documento: 6118bbca a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
(...)

No alígero quadro fático estipulado na inicial da ação executiva, o Embargado revelou que os
cheques, alvo da pretensão deduzida em juízo, era fruto de “uma dívida do réu com o autor”.
Contudo, não afirmou, lógico, maiores detalhes acerca desta inverídica dívida. Ao revés, o
Embargado andou longe de sequer mencionar os fatos relacionados à execução, quando assim
impõe a Legislação Adjetiva Civil. Se desta forma fizesse, evidente que com maior facilidade
seria desmascarada a farsa, recôndita nas superficiais linhas inaugurais. Entretanto, com a prova
documental que ora acostamos, não haverá nenhuma dificuldade na elucidação do propósito
injurídico que envolve a pendenga executiva.

Em verdade, o crédito perseguido tem origem ilícita: a odiosa agiotagem.

O Embargado, ressalte-se, é notório agiota que atua nesta cidade.

Cabe aqui destacar, desde logo que o Embargado é famoso agiota que age na cidade tendo
inclusive diversos processos no âmbito criminal e no JEC por conta da sua conduta agressiva,
ameaçadora contra suas vítimas.

O Embargante aproveita e junta espelhos dos processos que prova que o Embargado é réu em
Ações Penais que versa sobre o crime de agiotagem, onde praticou crime contra a economia
popular (0004840-12.2012.8.05.0004/ Crimes contra a Economia Popular - Réu: Luiz
Fabiano Gomes de Oliveira - Recebido em: 24/07/2012 - 1ª Vara Criminal) nesse processo
ficou preso cautelarmente sendo que hoje encontra-se em liberdade provisória, é réu em mais
processos por ter praticado crime de extorsão - agiotagem (0501966-55.2016.8.05.0004 - Ação
Penal - Procedimento Ordinário / Extorsão - Réu: Luiz Fabiano Gomes de Oliveira -
Recebido em: 01/06/2016 - 1ª Vara Criminal) – (0300832-74.2016.8.05.0004 - Ação Penal -
Procedimento Ordinário / Extorsão - Réu: Luiz Fabiano Gomes de Oliveira - Recebido em:
27/07/2016 - 1ª Vara Criminal).

No âmbito do JEC o Embargado possui procedimentos contrário sendo todos sobre crime de
ameaças que envolve agiotar (0003990-21.2013.8.05.0004 e 0004065-21.2017.8.05.0004) sendo
o segundo processo a vítima o Embargante onde o Embargado em plena praça do Carneirão
ameaçou o Embargante cobrando juros de uma dívida que já foi quitada, conforme se depreende
dos documentos anexos. Embargado age frequentemente com ameaças se valendo do medo e do
desespero das suas vítimas.

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Responde ainda por um crime de ameaça versando o delito pela conduta da agiotagem (0004583-
84.2012.8.05.0004 Ação Penal - Procedimento Ordinário / Ameaça - Autor do Fato: Luiz
Fabiano Gomes de Oliveira - Recebido em: 16/07/2012 - 1ª Vara Criminal). Fora que o
Embargado é réu também em diversas ações decorrente de Violência Doméstica – Lei Maria da
Penha com acusações graves que envolve ameaças e agressões.

Deste modo, a conduta do Embargado é ilegal fere a ordem jurídica praticando crime contra a
economia popular, nos termos da alínea “a” do artigo 4º da lei 1.521/51, que prevê pena de
detenção de 06 (seis) meses a 02 (dois) anos para aquele que “cobrar juros, comissões ou
descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa permitida por lei.

Deste modo, devido ao longo histórico de processos que versam sobre o crime de agiotagem resta
claro que a referida dívida é ilegal oriunda de uma simulação de dívida acumulada de juros que
foge do mercado, pura usura.

MM. Juiz, na verdade o Embargante foi forçado assinar os referidos cheques por ameaças de
morte por telefone, Whatsapp, no momento não tinha outra opção, o Embargante não suportava
mais ter que viver com a pessoa do Embargado ameaçando publicamente sua família. Tanto é que
procurou a delegacia e registrou ocorrência (TCO nº 0004065-21.2017.8.05.0004) sobre o
mesmo fato que versa a ação monitória, onde o Embargado ameaçou publicamente o Embargante
perante sua família e amigos na praça do Carneirão alegando que este devia a quantia de
R$30.000,00 (trinta mil reais) de juros de um empréstimo.

O Embargante registrou ocorrência na DEPOL e tem provas (gravações com as ameaças praticada
pelo Embargado cobrando o tal juros dos cheques objeto da ação monitória, bem como
testemunhas) suficientes que atestam que tudo não passa de agiotagem com ameaças graves com
o intuito de cobrar os juros do empréstimo alicerçado nos talonários dos cheques que o
Embargante assinou sobre pressão.

Ademais, a ação monitória é o expediente adequado para o credor pleitear o recebimento de


crédito representado por cheque prescrito. Constituindo este ordem de pagamento à vista a quem
indicar, ou simplesmente ao portador, dispensa-se a parte autora do dever de declarar na petição
inicial a sua causa subjacente. Ao se valer dos embargos para impedir o acolhimento do pedido,
porém, o devedor passa a ter direito de produzir a prova necessária à comprovação dos fatos que
impeçam, modifiquem ou extingam o direito do autor, no caso, a prática de agiotagem e usura por
parte do credor. Por isso, não deve o Juiz, por amor à presteza jurisdicional, julgar

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antecipadamente a lide sem oportunizar ao interessado a produção da prova que lhe é conveniente,
sob pena de olvidar princípio maior constitucionalmente assegurado (art. 5º, LV, da CF).

O Embargado, pois, acossado por injustas ameaças do Embargado, foi forçado, quando já sem
direito a assinar tais talonários de cheques, forçadamente por ameaças, sendo que o debito original
já foi pago na sua integralidade.

(2) – DO DIREITO

2.1. – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA INDÍCIOS DE VEROSSIMILHANÇA DAS


ALEGAÇÕES (MP nº. 2.172-32/2001)

Dispõe a Medida Provisória nº. 2.172-32/2001 que:

Art. 3º - Nas ações que visem à declaração de nulidade de estipulações com amparo no
disposto nesta Medida Provisória, incumbirá ao credor ou beneficiário do negócio o
ônus de provar a regularidade jurídica das correspondentes obrigações, sempre
que demonstrada pelo prejudicado, ou pelas circunstâncias do caso, a verossimilhança
da alegação.

Claro na norma que, para que o Embargante faça jus ao benefício da inversão do ônus da prova,
em contraposição aos ditames da Legislação Processual Civil (art. 373), compete-lhe,
primeiramente, provar a “verossimilhança da alegação”, fato constitutivo de seu direito.

Existindo, portanto, “indício”(s) ou “começo de prova” acerca dos fatos alegados, a regra é a
inversão do ônus da prova, conforme os ditames da legislação em espécie.

Segundo as lições de DE PLÁCIDO E SILVA, “indício” vem a ser:

“Do latim ´indicium´ ( rastro, sinal, vestígio ), na técnica jurídica, em sentido


equivalente a presunção, quer significar o fato ou a série de fatos, pelos quais se pode
chegar ao conhecimento de outros, em que se funda o esclarecimento da verdade ou do
que deseja saber. “ (In, Vocabulário Jurídico. Forense, 1991, p. 456)

Com apoio na prova documental acostada aos presentes embargos, há vestígios (notórios) de que,
efetivamente, ocorreu a cobrança de juros onzenários, maiormente quando o Embargado por meio
de ameaças forçou o Embargante a assinar os cheques com os valores cobrados no objeto da ação

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monitória. Ademais, a simples devolução das cártulas, sem sequer serem apresentadas à câmara
de compensação, demonstra, também, que os cheques ficaram retidos como forma de pressionar
o Embargante a pagar os juros extorsivos.

A esse respeito, colacionamos os seguintes julgados:


APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHEQUE EMITIDO EM
BRANCO. EMPRÉSTIMO.
Cobrança de juros em mais de 1% a.m. Reconhecimento da nulidade do título. Extinta
a execução. Prática de agiotagem. Defesa infirmada. Ônus da prova. Inversão.
Aplicação da m.p. Nº 2.172-31 de 26.07.01. Desconstituição de penhora da execução.
Verba honorária em 20% sobre o valor da causa embargada face à nulidade da ação de
execução. Recurso conhecido. E parcialmente provido. Decisão por maioria de votos.
(TJPA - AC 20093006571-6; Ac. 105742; Belém; Primeira Câmara Cível Isolada; Rel.
Juiz Conv. Edinea Oliveira Tavares; Julg. 19/03/2012; DJPA 27/03/2012; Pág. 150)

EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA. ALEGAÇÃO DE


AGIOTAGEM. PRELIMINARES
Julgamento de agravo retido com pedido de inversão do ônus da prova com base na
medida provisória nº 2.172-32 de 2001 - Possibilidade da inversão - Nulidade da
sentença - Retorno dos autos à instância de origem. Para que haja a inversão do ônus da
prova, nos termos do art. 3º da MP 2172-32/2001 é necessário, primeiramente, que se
comprove a verossimilhança da alegação sobre a prática de agiotagem. Acolheram a
preliminar para dar provimento ao agravo retido e anular a sentença. (TJMG - APCV
0006580-57.2010.8.13.0002; Abaeté; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Des.
Domingos Coelho; Julg. 29/02/2012; DJEMG 12/03/2012)

COBRANÇA. CHEQUES. Indícios de prática da agiotagem por parte do autor.


Inversão do ônus da prova, nos termos do art. 3º da medida provisória nº 1965-11/2000.
Sentença desconstituída, com o retorno dos autos ao primeiro grau para propiciar ao
autor desincumbir-se do ônus probatório ora imposto. Desconstituíram a sentença,
julgando prejudicado o recurso. (TJRS - RecCv 30545-77.2011.8.21.9000; Canoas;
Terceira Turma Recursal Cível; Rel. Des. Pedro Luiz Pozza; Julg. 28/02/2012; DJERS
07/03/2012)

EMBARGOS À EXECUÇÃO NOTA PROMISSÓRIA ALEGAÇÃO DE


EMPRÉSTIMO COM AGIOTAGEM COMPROVADA.

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Código de validação do documento: 6118bbca a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Inversão do ônus da prova constante do artigo 3º, da MP 2.172-31/01, relativa à alegação
de agiotagem que diante da verossimilhança dessa prática ilícita impunha ao apelante
comprovar a regularidade da dívida e sua origem. Ilícito que elide a responsabilidade
do aval. Recurso desprovido. (TJSP - APL 9206525-17.2007.8.26.0000; Ac. 5693841;
Barra Bonita; Vigésima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Cunha Garcia; Julg.
30/01/2012; DJESP 05/03/2012)

2.2. – NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA

Caso Vossa Excelência não entenda que existam indícios de prova da prática de usura, com a
necessária inversão do ônus da prova (MP nº. 2.172-32/2001), o que diz apenas por argumentar,
de já o Embargante evidencia a necessidade de produção de provas.

É costume daqueles que primam pela usura não destacarem em suas articulações em juízo, como
requer a lei, a verdadeira origem de seu crédito.

A tese de defesa destes, por outro lado, em uníssono, trilha pela vaga alegação de que “aos títulos
cambiários devemos aplicar as regras de abstratividade, pois inerente ao Direito Cambial,
impossibilitando a investigação da causa debendi.”

É consabido que a agiotagem é uma prática nefasta que acompanha as transações negociais do
homem há muito tempo. Tal odiosa atitude costuma desenvolver-se na calada da noite, em
contatos e visitas sem a presença de testemunhas, através de vozes baixas e veladas, sempre de
forma obscura, simulada, disfarçada. Ninguém se denomina à sociedade como agiota, maiormente
quando sendo este seu único meio de subsistência. De outro turno, quando maior a desgraça
financeira que acometa o devedor, com maior vigor o mesmo age sobre a vítima. Quem se socorro
de agiota está no fundo do poço, não detém crédito ou até mesmo credibilidade no mercado, não
sabendo mais a quem recorrer.

Assim, poucas são as chances de se produzir provas contra esta sinistra atitude, daí a lei, em bom
tempo, propiciar a inversão do ônus da prova.

Por esse ângulo, o Julgador deve ficar atendo a esta situação de desvantagem do devedor que
esteja em juízo. Restringir a produção de provas, seria o mesmo que condená-lo ao pagamento do
débito discutido em juízo.

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


Código de validação do documento: 6118bbca a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Assim, o julgador, ao decidir antecipadamente a lide (CPC, art. 355), deve antes atentar aos
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, a fim de não subtrair das partes
o direito de provar o fato constitutivo de seu direito ou as causas extintivas, modificativas ou
impeditivas. Na hipótese em estudo, o eventual julgamento precoce ensejaria na extirpação do
direito do Embargante de discutir a relação material, inclusive de produzir provas dos fatos que
ora alega nesta defesa.

Com efeito, vejamos as seguintes notas jurisprudenciais:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO.


Alegada transferência de imóvel em garantia de empréstimo com juros abusivos.
Suposta agiotagem. Pedido de nulidade do contrato de compra e venda e de locação.
Julgamento antecipado da lide por ausência de prova documental. Cerceamento de
defesa. Caracterização. Prova de simulação exclusivamente testemunhal.
Admissibilidade. Inteligência do art. 404 do CPC. Recurso provido para cassar a
sentença e determinar o prosseguimento da instrução processual. (TJSC - AC
2008.045799-7; Urussanga; Sexta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Subst. Cinthia
Beatriz da Silva Bittencourt; Julg. 16/02/2012; DJSC 14/03/2012; Pág. 153)

Embargos a execução cheque origem do débito alegação de pagamento parcial do


débito, cobrança de juros abusivos e prática de agiotagem julgamento antecipado da lide
indmissibilidade necessidade de dilação probatória para comprovação de eventual
prática de agiotagem cerceamento de defesa caracterizado sentença anulada apelo
provido. (TJSP - APL 0006897-79.2009.8.26.0438; Ac. 5670811; Penápolis; Trigésima
Sétima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Dimas Carneiro; Julg. 02/02/2012; DJESP
10/02/2012)

2.3. – DA “NULIDADE” DO ATO JURÍDICO OBJETO ILÍCITO


CC, art. 104, inc. II

A convenção das partes, qual seja o empréstimo mediante juros além do patamar legal,
sinaliza nulidade(absoluta) do pacto.

Dec. Lei nº 22.626, de 7 de abril de 1933

Art. 1º - É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos
taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal.

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


Código de validação do documento: 6118bbca a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
[...]
Art. 11 - O contrato celebrado com infração desta Lei é nulo, ficando assegurado ao
devedor a repetição do que houve pago a mais.
(destacamos)

Esta é, aliás, a diretriz do art. 104 do Código Civil, o qual preceitua que a validade do ato jurídico
requer objeto lícito e que não tenha por objetivo fraudar lei imperativa (CC, art. 166, II e VI).

‘Nulidade contratual’ é a sanção imposta pela norma jurídica em estudo, determinando a


privação de seus efeitos jurídicos, inclusive quanto aos juros cobrados, partindo-se do princípio
que a nulidade da obrigação principal implicará a da acessória (acessorium sequitur suum
principale).

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. ENTREGA DE COISA CERTA. EXCEÇÃO


DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. DILAÇÃO PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. REQUISITOS DE VALIDADE.
AUSÊNCIA DE NULIDADE. RECURSO PROVIDO.
1) a exceção de pré-executividade é via procedimental excepcional, somente admissível
nos casos em que se pretende submeter ao conhecimento do julgador, nos próprios autos
da execução, independentemente de penhora ou embargos, matérias de ordem pública,
suscetíveis de serem apreciadas de ofício, e que não demandem dilação probatória.
2) tendo-se em vista que o contrato particular assinado pelas partes e por duas
testemunhas é título executivo extrajudicial, nos temos do art. 585, II, do CPC, e não
havendo nenhuma nulidade do negócio jurídico celebrado entre as partes, deve-se
reconhecer a validade de tal documento. A sentença apenas se apresenta extra petita
(fora do pedido), quando decide causa diversa da que foi posta em juízo ou condena em
objeto diferente do que foi demandado, sendo desarrazoado falar em nulidade da
sentença quando se verifica que o julgador considerou tanto o pedido, quanto a causa
de pedir, com plena observância dos dispositivos processuais vigentes. V. V. Apelação
- Execução - Contrato de compra e venda de café - Requisitos formais - Preenchimento
- Agiotagem - Prova testemunhal - Atividade ilícita - Vício na emissão do título -
Nulidade absoluta antecendete à constituição do crédito - Julgamento extra petita (fora
do pedido) - Inocorrência - Extinçaõ do feito sem resolução de mérito. É nula a execução
de título extrajudicial amparada em relação proveniente de ato ilícito. O art. 333, I, do
código de processo civil, estabelece que compete ao autor a inequívoca demonstração
dos fatos constitutivos de seus direitos. (TJMG - APCV 0077686-39.2003.8.13.0515;

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


Código de validação do documento: 6118bbca a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Piumhi; Décima Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Marcelo Rodrigues; Julg.
18/01/2012; DJEMG 24/01/2012)

Devemos sopesar, ademais, que a taxa de juros legais permitida no Código Civil é de 1% a.m.
(CC, art. 406).

Assim, tendo em vista o dispositivo do art. 1º do Decreto-Lei nº 22.626/33 (Lei de usura), que
permite a pratica do dobro da taxa legal, pode-se concluir, sem embargo, que a cobrança de juros
por entes que não integram o sistema financeiro nacional, deverá observar aos ditames da
legislação em destaque. Qualquer percentual acima disto configura ato ilícito, que foi o
acontecido.

2.4. – DA “ANULABILIDADE” DO ATO JURÍDICO COAÇÃO


CC, art. 171, in. II

Provar-se-á, de outro tocante, que o Embargante foi coagido a assinar a cártula em debate, com o
fito de se ver livre das ameaças de morte constante conforme será demostrado durante a instrução
processual do feito, frente ao forte conjunto probatório que será construído.

Como é curial de todos que lidam com este “ramo”, há, sempre, nestas relações, uma animosidade
e vindita reinante, quando o infeliz devedor não lograr êxito em pagar seu débito, ou mesmo os
juros, na data aprazada. E o caso do Embargante não poderia fugir da regra.

Assinou a nota promissória em estudo debaixo de ameaças de agressões física ou morte,


situação esta que será provada a instrução probatória.

A este respeito estipula o Código Civil que é anulável o ato jurídico:

Art. 171 – Além dos casos expressamente declarado na lei, é anulável o negócio
jurídico:
...
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores.”

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


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A coação, que consiste na eliminação da vontade do declarante mediante ameaça de mal injusto
e grave, acarreta a anulabilidade do negócio jurídico, conforme ensina Pablo Stolze Gagliano,
em Curso de direito civil, 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2004, vol. I, p. 365:

"Entende-se como coação capaz de viciar o consentimento toda violência psicológica


apta a influenciar a vítima a realizar o negócio jurídico que sua vontade interna não
deseja efetuar.
A respeito do tema assim se manifesta o Prof. FRANCISCO AMARARAL: ´a coação
é a ameaça com que se constrange alguém à prática de um ato jurídico. É sinônimo de
violência, tanto que o Código Civil usa indistintamente os dois termos (...). A coação
não é, em si, um vício da vontade, mas sim o temor que ela inspira, tornando defeituosa
a manifestação de querer do agente. Configurando-se todos os seus requisitos legais, é
causa de anulabilidade do negócio jurídico.”

Por mais esta razão, a ação não merece prosperar, vez que ajoujada em título originário de coação.

(3) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

Por tudo que foi exposto, pede e requer o Embargante que:

a) Determinar a intimação do Embargado, por seu patrono regularmente


constituído nos autos da Execução, para, no prazo de 15(quinze dias), querendo,
vir impugnar a presente Ação Incidental;

c) Julgar procedentes os pedidos formulados na presente Ação Incidental de


Embargos à Execução, nos termos do quanto pleiteado, condenando o Embargado
no ônus de sucumbência, definindo mais que:

(1) Seja declarado nulo o título executivo atrelado à ação de execução, porquanto
fruto de objeto ilícito e coação, afastando, assim, toda e qualquer cobrança
referente ao mesmo;

(2) Como pedido sucessivo, pede o afastamento dos juros superiores ao teto legal,
reduzindo-os do valor principal, compensando-se com todos os pagamentos antes
efetuados, antes repetindo-os de forma dobrada;

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


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(3) Que o Embargado seja condenado, por definitivo, a não inserir o nome do
Embargante junto aos órgãos de restrições e Cartório de Protesto, sob pena de
pagamento da multa evidenciada em sede de pedido de tutela antecipada;

(d) Requer seja invertido o ônus da prova, tendo em vista tratar-se de fatos que
destacam a figura da agiotagem. Sucessivamente, almeja provar o alegado por toda
espécie de prova admitida (CF, art. 5º, inciso LV), nomeadamente pelo depoimento
do Embargado, oitiva de testemunhas, juntada posterior de documentos como
contraprova e perícia grafodocumentoscópica, tudo de logo requerido.

Concede-se à causa o valor de R$30.000,00 (trinta mil reais), que é o mesmo concedido à ação
de execução.

Respeitosamente, pede deferimento.


Alagoinhas, 26 de março de 2018.

Alames Fabian Costa Ramos


Advogado – OAB/BA 44.151

Assinado eletronicamente por: ALAMES FABIAN DA COSTA RAMOS;


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