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DOUTOR JUÍZO DA 5O VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO LUÍS -

MARANHÃO

“SALUTE VITA”, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o


n.o 33.12345/0001-66, estabelecida na Avenida dos Holandeses, n.o 705, em São Luís
-Maranhão, com endereço eletrônico salute@gmail.com, vem, por seus procuradores
ao fim subscritos, com escritório estabelecido na Avenida dos Holandeses, endereço
eletrônico escritóriohca@gmail.com, onde recebem intimações, vem respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, nos termo do art. 335, I, do Código de Processo Civil,
propor

CONTESTAÇÃO

a ação de OBRIGAÇÃO DE FAZER, ajuizada por ZUCHER DOS SANTOS DA


SILVA, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe.

1- BREVE SÍNTESE

Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c pedido de tutela antecipada de


urgência, na qual narra o Autor que lhe foi negada a cirurgia cardiovascular e alega
também danos morais.

Ocorre que, diferentemente do que foi narrado na inicial, não foi negada
cirurgia cardiovascular em si, mas somente que essa cirurgia deveria ser feita pela
técnica tradicional em São Luís. Além do que, a respeito dos danos morais, não há
embasamento, pois, já que havia uma outra solução possível em São Luís, acabava
por se tratar de um mero aborrecimento.

2- DO DIREITO

2.1 Da inexistência de dano moral

Pela doutrina e jurisprudência, o dano moral é conceituado e exclusivamente


como aquele que abala a honra e a dignidade humana, sendo exigido para sua
configuração um impacto psicológico, humilhação ou severo constrangimento, como
leciona renomada doutrina sobre o tema:

"Atualmente, observa-se certa tendência jurisprudencial de


restringir as hipóteses em que, nas relações de consumo, o
descumprimento de dever por parte do fornecedor seja reconhecido
como causa de danos morais ao consumidor. Sustenta-se que o mero
descumprimento de obrigação contratual ou dever legal, per se, não é
suscetível de fazer presumir o dano.(...) Critério mais utilizado para
distinção entre o dano indenizável e o mero dissabor será a reiteração
da conduta ou da falha do fornecedor, a lesão decorrente da exposição
ao risco, ou ainda a falha ou negligência do fornecedor na correção de
falhas na sua prestação. Esta tendência, contudo, não é isenta de
críticas, em especial quanto ao que se identifica como certa
condescendência jurisprudencial em relação a conduta reiterada de
certos fornecedores, a desconsideração de expectativas legítimas do
consumidor em relação à aquisição de produtos e serviços e sua
posterior frustração. (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor - Editora RT, 2016. versão e-book,3.2.3.4.1. Danos
materiais e morais)

No entanto, a inicial não descreve qualquer linha acerca de alguma humilhação


ou constrangimento à honra ou à imagem do Autor.

Pelo contrário, diante do primeiro contato, o Réu se prontificou a resolver o


infortúnio ocorrido com o Autor, bem como , além de não tratar-se de conduta
reiterada, razões pelas quais não há que se falar em cabimento de dano moral.

Entretanto, a parte autora da demanda requer do réu que ele indenize no valor
de R$10.000,00 (dez mil reais), pela negação da da cirurgia com técnica cirúrgica de
circulação intra-corpórea.

Ocorre que não há nenhum dano como o ZUCHER DOS SANTOS DA


SILVA, tentou demonstrar em seus fatos relatados, pois em nenhum momento há a
negação da solicitação da cirurgia, apenas que o plano em que autor possuía não
cobria por cirurgias fora do Estado, mas em momento algum lhe negava o direito da
cirurgia ou algum outro tratamento.

O réu, em momento algum, negou a existência da doença, a falta de


necessidade de tratamento ou, até mesmo da cirurgia, apenas, baseado no contrato,
não cobria planos cirúrgicos realizados fora do Estado, como supracitado.
O que é possível de se observar, é o fato de que a ré não possuiu a intenção de
causar danos ao autor e que foi de irresponsabilidade do autor a compra e a viagem de
forma antecipada à cidade de São Paulo, sem antes consultar a ré ou o contrato.

O dano moral se configura quando a parte que ocasiona danos que possam
violar o direito da personalidade ou atinjam a pessoa diretamente no meio social. Em
nenhum momento por meios das conversas é possível ver que a situação do caso
apresentado conseguiu atingir de tal forma o autor.

Nesse sentido a jurisprudência é pacificada que meros dissabores do dia a dia


não são passíveis de configurar abalo à moral, como destaca o STJ:

Nesse sentido coaduna ampla jurisprudência:

Ou seja, o mero aborrecimento do dia a dia não tem o condão de conferir o


direito à danos morais, sob risco de banalizarmos o instituto do dano à dignidade,
transformando em verdadeira indústria de indenizações.

2.2 DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Conforme disposição expressa do Código de Processo Civil, em seu

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato


incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Portanto, considerando a manifesta intencionalidade do autor em mover uma ação


infundada, fica caracterizado o abuso das ferramentas processuais, devendo ser
aplicada a multa por litigância de má-fé. Isso pois, devido ao grau de conhecimento da
parte autora, decidiu pedir por danos morais, mesmo sabendo que não possuía direito,
apenas para se beneficiar.

A doutrina ao caracterizar tal ato, esclarece:

"Conceito de litigante de má-fé. É a parte ou interveniente que,


no processo, age de forma maldosa, com dolo ou culpa, causando
dano processual à parte contrária. É o improbus litigator, que se
utiliza de procedimentos escusos com o objetivo de vencer ou que,
sabendo ser difícil ou impossível vencer, prolonga deliberadamente o
andamento do processo procrastinando o feito." (NERY JUNIOR,
Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil
Comentado. 17ª ed. Editora RT, 2018. Versão ebook, Art. 80)

Para tanto, o litigante de má-fé deve ser condenado a pagar multa de dez por cento do
valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e
a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

Afinal, mover a máquina pública conscientemente da improcedência da ação, com o


intuito ardil de prejudicar a outra parte configura nítida litigância de má-fé. Nesse
sentido:

AÇÃO INDENIZATÓRIA - DANOS MORAIS - RENÚNCIA


DO AUTOR- LITIGÂNCIA MÁ FÉ - Reputa-se litigante de má-fé a
parte que altera/a verdade dos fatos, devendo haver condenação desta
ao pagamento de multa, conforme ó disposto no art.80 e 81 do CPC.
(TJ-MG - Apelação Cível 1.0000.19.143151-9/001, Relator(a): Des.(a)
Estevão Lucchesi, julgamento em 23/01/2020, publicação da súmula
em 23/01/2020)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO


MONITÓRIA. — CERCEAMENTO DE . DEFESA. INEXISTÊNCIA.
— DOCUMENTOS|/) . APRESENTADOS SUFICIENTES PARA( O
DESLINDE DA DEMANDA. CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA
ADVOGADOS LITIGÂNCIA MÁ-FÉ. IMPOSSIBILIDADE.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. OCORRÊNCIA. DISTORÇÃO DOS
FATOS ALEGADOS PELO AUTOR NA INICIAL, DEVER DE
ARCAR COM ÔNUS. 1. O juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe
a palavra final sobre a suficiência dos autos para a formação do seu
convencimento, mormente quando oportunizada à parte Apelante a
manifestação acerca das provas que pretendia produzir, quedou-se
silente. Preliminar de cerceamento (e defesa inexistente. 2. A parte que
se utiliza do processo para alterar a verdade dos fatos deve arcar com
os ônus previstos na legislação processual, como multa. Condenação
por litigância de má-fé confirmada 3. Impossibilidade de aplicação de
multa por litigância de má-fé solidariamente aos advogados, por força
do artigo 79 do CPC/2015 e do artigo 32, parágrafo único, do Estatuto
da Advocacia. 4. Recurso parcialmente provido, (TJ-AC; Relator (a):
Denise Bonfim; Comarcaí (Rio Branco;Número do
Processo:0707767,51:2017.8.01.0001;Órgão julgador: Primeira
Câmara Cível; Data do julgamento: 13/05/2019; Data de registro:
15/05/2019)

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. Configura litigância de má fé a


dedução de defesa contra fato incontroverso, restando devida a multa a
ser paga em benefício da parte contrária. TRT-2, 1001454-60.2019
5.0210063, Rel. PATRICIA THEREZINHA DE TOLEDO - 3º Turma
- DOE 04/02/2020)

Motivos pelos quais requer a condenação do autor a multa por Litigância de má-fé.

3. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO

 Que seja declarado inexistente o dano, pois se observa que aceitá-lo seria um
absurdo, visto a parte ré nunca ter tido a intenção de ofender a honra ou a imagem
do(a) autor(a).

 Face ao exposto, requer-se a condenação do autor ao pagamento de multa por


litigância de má fé nos termos do art. 81 do CPC. VII no valor de R$ 1.000 (mil
reias)

Termos em que, pede deferimento.

São Luís, 30 de novembro de 2022.


Advogado Paulo Santos Cosata

OAB/ 59.445

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