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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA

CÍVEL DE NOVA FRIBURGO – RJ

ELENILCE ARAUJO HONÓRIO, brasileira, divorciada, do lar, portadora da


cédula de identidade nº 09.204.666-3, expedida pelo DIC/RJ, inscrita no CPF sob o
nº 018.833.067-44, residente e domiciliado a Rua Jaccoud, nº 19, Cordoeira, CEP:
28.613-650, por intermédio de sua procuradora subscrita, vem a presença de
Vossa Excelência, com fulcro no art.946 e ss. do CPC, propor a presente

AÇÃO DE DIVISÃO DE CONDOMÍNIO COM PEDIDO


LIMINAR

em face de MARCIO ADRIANO LANNES, brasileiro, solteiro, comerciante,


inscrito no CPF sob o nº 957.029.207-59, residente e domiciliado à Estrada Velha
do Amparo, Chácara de nº 1, Bairro Toledo, Amparo, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas.

Praça 1º de Março, nº 9 sl. 202, Vilage – CEP: 28605-170 – Nova Friburgo – RJ


Tel.: (22) 2528-5174 – teixeira_advogados@outlook.com
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, afirma, sob as penas da lei e de acordo com o que dispõem os


artigos 2º e 4º da Lei nº 1.060/50, atualizada pela Lei nº 7.510/86, ser pessoa
juridicamente necessitada, não possuindo condições financeiras de arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de sua família e do seu
próprio sustento, razão pela qual faz jus à gratuidade de justiça.

I – DOS FATOS

A requerente viveu maritalmente com o Requerido por 18 anos. Período


durante o qual amealharam diversos bens em comum, dentre os quais se destacava
o imóvel de cerca de 200 m² situado à Avenida Nossa Senhora do Amparo, na
localidade conhecida como Curral do Sol, no Bairro Duas Pedras.

No ano de 2002, após o término do relacionamento o Réu passou a


acumular diversas dívidas que impediam-no de manter o alto custo da
propriedade. Desta forma, orquestrou diversas operações imobiliárias que
resultaram na transferência da casa à terceiros alheios a, e em troca receberam o
sítio localizado à Estrada Velha do Amparo, s/nº, inscrito na Municipalidade sob o
nº 06984.07829.000-9, designado por Chácara de nº 1, situado no lugar
denominado “Bairro Toledo”, desmembrado da Fazenda Nacional São José, em
Amparo com área total de 21.110,00 m², que atualmente tem seu valor apurado em
R$ 180.000,00 (cento oitenta mil reais).

Conforme consta na escritura de compra e venda anexa aos autos, a


propriedade foi transferida a ambos os ex-companheiros, restando para cada qual
a metade ideal do bem.

A divisão exata do novo imóvel ocorreu já em função da inexistência de


processo de reconhecimento e dissolução de união estável, como forma de garantir
minimamente os direitos a meação da Autora.

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Insta salientar que o Réu se desfez de todos os demais bens comuns, o que
inviabiliza a proposição de ação de reconhecimento e dissolução de união estável
infrutífera.

Imediatamente após a transação o Réu passou a morar no imóvel, que


dispunha de duas casas sendo uma principal e a segunda designada como de
caseiro. Atualmente a segunda casa foi destruída para propiciar a construção do
estabelecimento comercial montado no local.

Inicialmente prometeu a Requerente que esta poderia usufruir do bem nas


mesmas condições que ele, que poderia passar os finais de semana, inclusive ir
morar na casa secundária caso fosse de sua vontade, afirmando com veemência
que “metade de tudo isso é seu”.

Ocorre que todo o discurso demonstrou-se falacioso, pois sempre que a


Autora solicitava permissão para utilizar-se da propriedade tinha seu pedido
negado diante de uma interminável lista de desculpas.

Dessa forma, a Autora esteve no sítio apenas uma vez, por ocasião do
aniversário do Réu, que a convidou para a sua festa.

Após, constatar que não poderia usufruir do bem comum, a Autora decidiu
que a venda do imóvel seria a única forma de reaver parte daquilo que lhe foi
retirado por ocasião da separação do casal.

Por diversas vezes tentou entrar em acordo com o Réu para realizar a venda
da parte que lhe cabe no sítio, ou mesmo, que este pagasse a parte cabível a ela.
Entretanto, ambas hipóteses sempre foram prontamente rejeitadas pelo
Requerido, situação que gerou diversas discussões entre as partes.

A situação agravou-se com a notícia de que o Sr. Márcio Adriano havia


modificado uma das benfeitorias, que já existiam no imóvel a época da compra,
para construir um comércio no local, passando não apenas a usar o imóvel com
exclusividade, como também retirar-lhe os frutos.

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Ressalta-se que a Autora é portadora de doença incapacitante para o labor,
não tendo direito a obter o benefício previdenciário de auxílio doença ou
aposentadoria por invalidez apenas por inexistência de qualidade de segurado,
razão pela qual depende integralmente de sua filha e da ajuda de familiares e
amigos.

II – DO DIREITO

O art. 1320 do Código Civil prescreve que o cada condômino poderá, a


qualquer tempo, exigir a extinção do condomínio, com a consequente divisão do
bem comum, sem que para tanto apresente motivo justificador.

A possibilidade de extinção do condomínio encontra amparo na própria


natureza da propriedade. Sendo interpretado como forma anômala de titularidade,
o condomínio é essencialmente transitório. Explica ORLANDO GOMES que a
indivisão “é um estado inorgânico, uma situação excepcional, que não deve durar,
porque se contrapõe, econômica e socialmente, a forma normal do domínio”.1

A inexistência de prazos prescricionais para o pedido é magistralmente


salientada pelos autores, FARIAS E ROSENVALD, que entendem que:

“A faculdade de divisão é emanação do direito de propriedade,


não se sujeitando assim a prazos prescricionais. Por mais
que o condômino tenha se calado por longos anos, poderá
oportunizar o exercício à partilha da coisa quando assim o
entender. Daí a manifesta referência do art. 1.320 do Código
Civil ao direito de “a todo tempo” ser facultada a divisão da
coisa comum”.2

A necessidade de divisão do bem comum é ainda reforçada, no caso em


concreto, pela modificação unilateral da destinação do bem que desrespeita
frontalmente o disposto no parágrafo único do art. 1.314, segundo o qual “nenhum

1 GOMES, Orlando. Direitos reais. 19ª ed., p. 241.


2 FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direitos reais. 9ª ed., 696.

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dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou
gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros”.

Segundo os doutrinadores em comento, há “a impossibilidade de o


condômino alterar a destinação natural ou convencional da coisa comum – mesmo
a fim de beneficiá-la ou valorizá-la. Só mesmo a unanimidade expressa dos
condôminos permitirá a mudança da atividade econômica realizada sobre a coisa
comum” (grifo nosso).

Deste modo, inexistindo interesse dos condôminos em manter a comunhão


sobre o bem adquirido, torna-se imperiosa a extinção do condomínio através do
instituto da compra e venda.

2.1 – DO PEDIDO LIMINAR

O art. 1319 do Código Civil prescreve a responsabilidade dos condôminos


em repartir os frutos percebidos da coisa, assim como, pelos danos que poderá
causar-lhes. Nessa esteira, FARIAS E ROSENVALD aduzem que havendo o uso
exclusivo da propriedade por um dos cotitulares, “surge o dever de ressarcir os
demais, pagando aluguel, na proporção de sua cota, sob pena de
locupletamento indevido”.

O Superior Tribunal Justiça, por meio do voto da Ministra NANCY ANDRIGH,


posiciona-se de forma análoga, afirmando que há a obrigação de ressarcir o
cotitular que se vê privado da fruição do bem. Nesse sentido,

STJ. Informativo nº 421. É certo que a comunhão dos bens


cessa com a separação do casal. Daí que, se ainda não
ultimada a partilha do patrimônio comum, a título de
indenização, é facultado ao ex-conjuge exigir do outro que
está sozinho na posse e uso de imóvel parcela correspondente
à metade da renda de resumido aluguel (devida a partir da
citação). Enquanto não dividido o imóvel, remanesce a
propriedade do casal sobre o bem, mas sob as regras do
instituto do condomínio, tal qual a do art. 1.319 do CC∕2002,
que determina cada condômino responder pelos frutos que
percebeu da coisa. Conclui-se disso que, se apenas um deles

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reside no imóvel, abre-se a via de indenização ao que se
encontra privado da fruição da coisa. Contudo, em igual
medida, persiste a obrigação de ambos, na proporção de cada
parte, concorrer para as despesas de manutenção da coisa,
como as necessárias a regularização do imóvel junto aos
órgãos competentes, os impostos, as taxas e encargos que
porventura onerem o bem, além da obrigação de promover a
sua venda para a ultimação da partilha, tudo nos termos
acordados por ambos (art. 1.315 do CC∕2002). REsp 983.450-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi (grifo nosso).

DO FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN MORA

É de se considerar presente o fumus boni iuris, em especial pela


jurisprudência pertinente que confere indenização ao condômino que se vê
excluído da fruição do bem ante à utilização exclusiva de outro, bem como diante
da documentação carreada a esta inicial, que comprova efetivamente a
cotitularidade da Autora incidente sobre imóvel sub judice.

O periculum in mora está presente, na condição financeira da Requerente


que necessita da ajuda de familiares e amigos para a manutenção de seu sustento, e
hodiernamente, na necessidade de realização de exames médicos urgentes, uma
vez que apresenta a suspeita de ser portadora de câncer intrauterino.

Com isso, vemos claramente que a Requerente está na iminência de sofrer


prejuízo grave e irreparável.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A concessão do benefício da gratuidade de justiça;

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b) Que seja deferida tutela provisória de urgência, nos termos do § 7º
do art. 273 do CPC, determinando que o Requerido pague aluguel à Requerente no
montante equivalente à R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) a título de indenização
pela privação de fruição do bem, até que se proceda a venda do imóvel;

c) A citação do Requerido para, querendo, apresentar defesa, sob pena


de serem reputados como verdadeiros os fatos ora alegados, nos termos do art.
953 c/c 285 e 319 do Código de Processo Civil;

d) A extinção do condomínio do imóvel situado na Estrada Velha do


Amparo, s/nº, designado por Chácara nº 1, Amparo, nesta Comarca de Nova
Friburgo-RJ, com a respectiva expedição de alvará judicial determinando o
desmembramento do bem, bem como, a lavratura da escritura própria em nome da
Requerente da parte que lhe cabe, com isso, tendo a Requerente o direito de:

 colocar no referido imóvel placas de “vende-se”;


 ter cópias das chaves pertencentes ao imóvel;
 colocar anúncio em jornal para venda do imóvel;
 ter livre acesso no imóvel com o objetivo de levar possíveis
compradores para conhece-lo;
 vender o referido imóvel, sendo o produto da venda, após
descontados os devidos encargos, dividido entre os comunheiros;

e) Caso a Requerente não consiga por si só vender o referido bem num


período máximo de um ano, requer desde já, que após realizadas as avaliações
necessárias, seja o mencionado imóvel levado a hasta Pública, nos termos do artigo
1.117 do CPC, pelo valor apurado e, após os descontos necessários, o saldo dividido
em partes iguais à Requerentes e o Requerido.

f) Que seja o Requerido condenado a pagar as despesas e custas


processuais, bem como honorários advocatícios no montante de 20%.

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IV - DAS PROVAS

Requer a produção de prova documental, inclusive superveniente.

V – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais).

Termos que,
pede deferimento.

Nova Friburgo, 14 de abril de 2014.

____________________________________________
Thais Honório Teixeira
OAB/RJ 177.243

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