Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DO RIO GRANDE DO NORTE/RN.

JUSSARA BARRETO, brasileira, casada, advogada, nascida em 08/08/1980,


inscrita no CPF sob n° 098.234.444-99 RG sob nº 564.876 residente e domiciliado na
Rua da Maromba 99, Lagoa Nova, Natal/RN CEP: 59.078-900, dirige-se a Vossa
Excelência para submeter à vossa apreciação e julgamento da presente Ação.

AÇÃO DE DANOS MORAIS E OBRIGAÇÃO DE FAZER

Em face de SMART FIT, com sede na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXX,Número XXXX , Bairro


XXXXXXXXXXXX , Natal , Cep XX.XXX-XXX, no Estado do Rio Grande do Norte , inscrita
no C.N.P.J. sob o no XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com I.E. no XXXXXXX, com base nos fatos e
fundamento a seguir expostos:

I – DOS FATOS:

1. No dia 22/09/2022 a cliente Jussara foi constrangida pelo funcionário da empresa Smart
Fit ao utilizar o equipamento desocupado, o funcionário solicitou que a mesma cessasse o treino
porque já estava na esteira por meia hora e havia outras pessoas querendo usar. Ocorre que
nunca houve limitação de tempo para utilização dos equipamentos e o contrato firmado entre
ambos não reza tal limitação, foi quando a requerente ao se recusar a deixar o equipamento o
funcionário a empurrou, fazendo com que a mesma caísse sem machucar-se, porem lhe
causando constrangimento e perigo. No mesmo instante o funcionário proferiu palavras de
cunho ofensivo e alusivo a Injuria “Isso é o que dá todo tipo de gente frequentar a
academia” sem se preocupar ou mesmo importa-se. Ali mesmo várias pessoas viram e ouvirem
tal ofensa e constrangimento vivenciado peça requerente, sendo que duas delas bem próximas
ao ocorrido. Há duas testemunhas auditivas conforme (DOC 01).

2. A autora Constrangida, retirou-se do local e não voltou mais até tentar cancelar
a matrícula, quando foi informada que não era possível, uma vez que seu pacote acabara
de ser renovado no inicio de Setembro do ano vigente por mais seis meses conforme
contrato (DOC 02 ).
3. Assim sendo, não restou outra saída a Requerente, senão interpor a presente ação
para o fim de fazer com que a Requerida cumpra a sua obrigação e seja condenada a
efetuar o pagamento por Danos Morais causados a Requente.

II- DO DIREITO:

4. No caso em tela ocorreu que o funcionário da academia ‘’Smart Fit’’ foi


insultuoso com a requerente, lhe causando constrangimento, medo, sentimento de
impotência, frustração sem contar no perigo físico ao ser empurrada a ponto de cair ao
chão.

5. Ao ofender a requerente apenas por utilizar um dos aparelhos (esteiras) por 30


minutos ao qual ela tem total direito, além das falas de cunho racista Art. 140 do
Código Penal, ‘’ Isso que é o que dá todo tipo de gente frequentar a academia’’, o
funcionário da requerida ainda a empurrou do aparelho mencionado Art. 147 do
Código Penal, por sorte a requerente não machucou-se, porém sentiu sua integridade
física ameaçada.

6. Além disso a academia citada se recusou a cancelar o plano da autora, a


justificativa seria que seu pacote havia sido renovado pelos próximos seis meses, o que
configura uma prática abusiva como dispõe o Art. 51 do Código de Defesa do
Consumidor, já que a autora tem total direito de ter o cancelamento do seu plano, nem
que seja com o pagamento de uma multa, que de acordo com o Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor, não pode exceder os 10% do valor proporcional aos meses
restantes até o final do contrato.

Código Penal:

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável,


provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista
em outra injúria.
§2º - Se a injúria consiste em violência ou vias
de fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa, além da pena correspondente à violência.
§3º - Se a injúria consiste na utilização de
elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência: (Redação dada pela
Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito
ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo Único. somente se procede mediante
representação.

Código de defesa ao Consumidor:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de


consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos


vícios de qualidade que os tornem impróprios
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade
com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos
ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
X - elevar sem justa causa o preço de produtos
ou serviços

Código Civil:
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida
em razão e nos limites da função social do
contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a
guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e
boa-fé.
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos,
quando as declarações de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio.

Caso semelhante ocorreu no Tribunal de Justiça


do Distrito Federal (TJ-DF).

CIVIL. PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR.


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃ INDENIZATÓRIA.
DANOS MORAIS. OFENSAS E AMEAÇAS
DENTRO DE ACADEMIA DE
MUSCULAÇÃO. PRELIMINARES DE
NULIDADE DA SENTENÇA POR
CERCEAMENTO DE DEFESA E NULIDADE
DA PROVA TESTEMUNHAL. REJEIÇÃO.
CONJUNTO PROBATÓRIO QUE
CONFIRMA OS FATOS ALEGADOS NA
EXORDIAL. OFENSAS QUE SUPERAM O
MERO DISSABOR. DANO MORAL
CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA ENTRE OFENSOR E A PESSOA
JURÍDICA FORNECEDORA DOS
SERVIÇOS. AUSÊNCIA DE EXCLUDENTES
DE NEXO CAUSAL. NÃO VERIFICAÇÃO DE
CULPA EXCLUSIVA OU CONCORRENTE.
AUSÊNCIA DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
DAS PARTES PROCESSUAIS.
GRATUIDADE DE JUSTIÇA MANTIDA.
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA.
APELAÇÃO DESPROVIDA.
1. Não se verifica nulidade processual por
cerceamento de defesa quando o magistrado de
primeira instância reputou suficientes os
elementos de informação constantes dos autos
para a formação de sua convicção, indeferindo
outros pedidos probatórios. Rejeitada a
presente preliminar.
1.1. Tampouco constitui fundamento idôneo
para sustentar nulidade de prova testemunhal a
alegada falha na narração da testemunha sobre
elemento fático secundário, falha que sequer
restou demonstrada. Preliminar rejeitada.
2. O abalo decorrente de injúrias, ofensas e
ameaças dentro de academia de musculação tem
o condão de gerar dano moral, atraindo,
portanto, a responsabilidade pela compensação
dos danos causados.
2.1. A responsabilidade civil se perfaz de forma
solidária entre o causador do dano e a pessoa
jurídica prestadora do serviço, na medida em
que esta se apresenta como fornecedora nos
termos do CDC, com responsabilidade objetiva.
2.2. Não se verificam excludentes de nexo
causal, tampouco culpa exclusiva da vítima, na
medida em que o conjunto probatório
demonstra que as ofensas foram praticadas
unilateralmente pelo réu e superam as relações
de cordialidade e educação sociais, bem como se
apresentam desproporcionais e desarrazoáveis.
3. A quantificação dos danos morais deve
obedecer a critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, levando-se em conta, além
da necessidade de compensação dos danos
sofridos, as circunstâncias do caso, a gravidade
do prejuízo, a situação do ofensor (banco) e a
prevenção de comportamentos futuros análogos.
Normativa da efetiva extensão do dano ( CC,
art. 944).
3.1. Verificado que o valor estabelecido a título
de compensação por danos morais se revela
proporcional e razoável à realidade das partes,
incabível a sua redução ou majoração.
4. Não configura litigância de má-fé, tampouco
caráter meramente protelatório, a propositura
de ação ou apresentação de recurso à sentença
contrária aos seus interesses, mas mero
exercício do direito que lhes é
constitucionalmente garantido, ainda que de
forma equivocada.
5. Mantém-se a gratuidade de justiça do autor,
ora apelado, quando se verifica que este atendeu
despacho do magistrado de primeira instância e
juntou os documentos pertinentes à
comprovação de sua hipossuficiência
econômica.
6. Apelação conhecida, preliminares rejeitadas
e, no mérito, desprovida.
(TJ-DF XXXXX20198070001 DF XXXXX-
86.2019.8.07.0001, Relator: ALFEU
MACHADO, Data de Julgamento: 11/11/2020,
6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado
no DJE : 30/11/2020 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

Nesse sentido, necessário se faz mencionar o


entendimento dos ilustres Nelson Nery Júnior e
Rosa Maria de Andrade Nery que preconizam,
in verbis: Código de Processo Civil Comentado
e Legislação Extravagante (má fé é aquele que
age de forma maldosa, com dolo ou culpa,
causando danos processual à parte contrária).

7. A requerente apesar de todo constrangimento vivido tentou positivamente e


amigavelmente encerrar seu contrato junto a requerida, não obtendo êxito, diante disso,
espera que se faça justiça em sua demanda.

III – DO PEDIDO:

Diante de todo exposto, requer o Autor a Vossa Excelência:

a) O (A) autor (a) não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa,
com fundamento no Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e Art. 98 do Código de
Processo Civil. Desse modo, o (a) autor (a) faz jus à concessão da gratuidade de
Justiça.
A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser o (a) autor (a) pobre em
sentido legal, conforme os preceitos do Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e
Art. 98 do Código de Processo Civil e declaração de hipossuficiência;
b) Seja cancelado seu contratado sem nenhum ônus por parcelas em atraso desde a data
dos fatos,
c) Seja a requerida condenada ao pagamento a titulo de Danos morais no Valor de
R$30.000,00 (Trinta Mil Reais)

d) a CITAÇÃO DO REQUERIDO, na pessoa do seu representante legal;


provar o alegado por todos os meios facultados em direito

e) VALOR DA CAUSA: R$ 30.000,00

Nestes Termos
Pede Deferimento.

Natal-RN, 01 de Novembro de 2022.

JUSSARA BARRETO

Você também pode gostar