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PETIÇÃO INICIAL

JOSÉ LUCAS ALVES ANDRADE

IGUATU – CE
2019
AO JUÍZO DA _____ VARA DA COMARCA DO MUNICÍPIO DE IGUATU, ESTADO
DO CEARÁ

FRANCISCO ANTÔNIO TAVARES, brasileiro, solteiro, frentista,


inscrito no CPF sob o nº 312.890.654-62 e no RG sob o nº 2008769854-7,
residente na Rua Pe. Cícero, nº 56, Centro, CEP: 63.504-098, Iguatu-CE,
vem respeitosamente a este Juízo, por meio do seu advogado constituído
(procuração em anexo), propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de ANA BOLENA DA SILVA, brasileira, solteira, servidora


pública, inscrita no CPF sob o nº 453.904.672-10 e no RG sob o nº
2004517841-0, residente na Avenida Carlos Roberto Costa, nº 102, Veneza,
CEP: 63.500-075, Iguatu-CE, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

1. INICIALMENTE
1.1. GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Requerente é pobre no sentido legal da palavra, sendo que não pode
arcar com as custas processuais sem que venha comprometer seu sustento e a garantia das
suas necessidades, principalmente agora depois do ocorrido. Portanto, cabe a ele o
benefício da justiça gratuita, conforme os arts. 98 e 102 da Lei 13.105/2015.

2. EXPOSIÇÃO DOS FATOS


O Requerente é aluno da Universidade Regional do Cariri, no Município
de Iguatu. Ocorre que no dia 21/06/2019, o Demandante estava saindo da referida
instituição quando, ao atravessar a avenida, em cima da faixa de pedestres, foi atropelado
por um carro em alta velocidade, que estava sendo pilotado pela Requerida.
Tendo sido atropelado, o Autor precisou ser levado às pressas para o
hospital, pois, com o ocorrido, ficou desacordado e com fratura de fácil constatação. Ao
chegar ao hospital, ficou confirmado que ele sofreu uma fratura exposta no fêmur.

A Requerida chegou a prestar o devido socorro, mas nunca mais, depois


do dia do fato, entrou em contato com o Requerente ou deu resposta ao ser contatada.

Diante do ocorrido, o Requerente precisou gastar R$ 5.000,00 (cinco mil


reais) com os custos referentes à cirurgia e ao pós-operatório, sendo que nenhuma parte
dessa quantia foi dada pela Demandada, causadora do fato.

Desde o acidente, tamanho é o abalo emocional sofrido pelo Requerente,


pois, além de todo gasto imprevisível que ocorreu, ele se encontra impossibilitado de
realizar suas atividades acadêmicas bem como suas atividades laborativas.

Com o atropelamento o Requerente, no presente momento, possui


limitações físicas, não podendo desenvolver suas atividades básicas do dia-a-dia dentro da
normalidade, portanto, passa por situação de grande preocupação e angústia.

Diante da breve narração fática, de todo sofrimento ao qual o Requerente


foi submetido e da inércia da Requerida na resolução da questão, não resta alternativa
senão acionar o Poder Judiciário, para que sejam resguardados os direitos do Autor e
sejam ressarcidos todos os danos sofridos por ele.

3. FUNDAMENTOS JURÍDICOS
3.1. DO CRIME DE TRÂNSITO

A ação praticada pela Demandada é ato ilícito, crime de trânsito tipificado


no Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 303, como podemos com a transcrição do
referido dispositivo:

“Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer


das hipóteses do § 1o do art. 302.”
Como se pode observar com a leitura do dispositivo legal, existem causas
de aumento de pena para este crime e uma destas causas é a prática criminosa em cima da
faixa de pedestre, como acentua o inc. II do § 1º, art. 302 da mesma codificação.

3.2. DO DANO MATERIAL

Ao sofrer o acidente, o Requerente teve de passar por vários


procedimentos médico-hospitalares, inclusive cirurgia, por conta da fratura exposta. Todo
aparato financeiro para estas despesas partiu do próprio Autor e da sua família.

Em momento algum a Suplicada ofereceu qualquer ajuda financeira,


mesmo tendo sido procurada para tal. Pelo contrário, a todo tempo esquivou-se da sua
responsabilidade, já que ela mesma deu causa ao ocorrido.

Como já foi dito na exposição fática supra, o valor total das despesas do
Requerente foi de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), valor este que deve ser imputado à
Requerida como forma de indenização, além do valor atribuído ao dano moral, pois ela, e
somente ela concorreu para o acontecimento.

3.3. DO DANO MORAL

O Requerente, diante toda situação, passou, e ainda passa, por grande


abalo emocional. Ter sua vida negativamente modificada por um ato ao qual não deu
causa lhe traz muita angústia e impotência.

Estando abalado tanto física quanto psicologicamente, é justo e necessário


que o dano a ele causado seja reparado de alguma forma, sendo a indenização a forma
mais plausível para que isso aconteça, mas sabendo que um dano de cunho moral nunca
será totalmente sanado.

A moral é um bem jurídico de extrema relevância, por isso possui


proteção no texto da Constituição Federal, como podemos visualizar no inc. X do seu art.
5º:

“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;”
Além do texto constitucional, a moral também encontra sua devida
proteção no Código Civil, senão vejamos:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

Referente a presente questão, a jurisprudência é pacífica com relação à


imputação da indenização por dano moral e material àquele que cometeu o ato danoso:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) – AÇÃO


INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO NO QUAL HOUVE
ATROPELAMENTO EM FAIXA DE PEDESTRE – INSURGÊNCIA DO
MOTORISTA RÉU.

1. Inexistente violação dos artigos 165, 458, II, e 535 do CPC, porquanto
clara e suficiente a fundamentação adotada pelo Tribunal de origem
para o deslinde da controvérsia, revelando-se desnecessário ao
magistrado rebater cada um dos argumentos declinados pelo
insurgente.
2. A alegada violação dos arts. 131, 333, I, 485, IX, § 1º e 944 do Código
Civil, não pode ser apreciada em sede de recurso especial, na presente
demanda, tendo em vista que a Corte de origem não emitiu, apesar de
terem sido opostos embargos de declaração, juízo de valor sobre tais
dispositivos normativos, o que atrai o óbice da Súmula 211/STJ.
3. Verifica-se que a pretensão do recorrente esbarra no verbete da Súmula
07/STJ, na medida em que o acórdão recorrido, após minuciosa análise
do contexto probatório dos autos, concluiu pela culpa do recorrente,
bem como pela existência de dano material (valor da medicação
utilizada pela parte recorrida). Infirmar tais fundamentos demandaria,
necessariamente, a análise das provas dos autos, o que é defeso nesta
instância especial, a teor da Súmula supramencionada.
4. No que tange à verba indenizatória, nos termos da orientação deste
Pretório, o valor estabelecido pelas instâncias ordinárias pode ser
revisto tão somente nas hipóteses em que a condenação se revelar
irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de razoabilidade,
o que não se evidencia no presente caso, em que o quantum
indenizatório pelos danos morais foi arbitrado em R$ 5.000,00 (cinco
mil reais).
5. Agravo regimental desprovido.

(STJ – AgRg no AREsp: 87729 MG 2011/0209119-0, Relator: Ministro


MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 08/04/2014, T4 – QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 14/04/2014)”

Diante do exposto, resta patente que o Requerente sofreu os danos morais,


cabendo-lhe receber a devida indenização.

4. CONCLUSÃO E PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

4.1. A citação da Requerida, para, querendo, apresentar defesa dentro


do prazo legal, sob de sofrer os efeitos da revelia e serem reputados
como verdadeiros os fatos alegados nesta inicial;
4.2. A concessão do benefício da gratuidade da justiça, tendo em vista a
hipossuficiência do Requerente;
4.3. Condenação da Requerida ao pagamento de R$ 5.000,00 referentes
aos danos materiais supracitados;
4.4. Julgar PROCEDENTES todos os pedidos formulados na presente
ação, principalmente com relação ao pagamento de indenização por
danos morais no valor de R$ 6.000,00;
4.5. Produção de provas por todos os meios admitidos em direito,
sobretudo documental e testemunhal.
Dá-se à causa o valor de R$ 11.000,00.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Iguatu-CE, 08 de novembro de 2019

José Lucas Alves Andrade

Acadêmico de Direito

OBS: OS DADOS APRESENTADOS NAS QUALIFICAÇÕES DAS


PARTES SÃO MERO PREENCHIMENTO, SENDO ELES
IMAGINÁRIOS.

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