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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da (..)ª Vara Cível de (...

Recurso de Apelação Cível


Processo Nº : (...)

CARLOS ... , menor impúbere, representada por sua mãe ..., nos
autos do processo em epígrafe, inconformada com a r. sentença de fls. ____, vem
respeitosamente à presença de V. Exa., com fundamento nos artigos 1009 do Novo
Código de Processo Civil, interpor a presente

APELAÇÃO

Diante do exposto:

a) Requer que seja intimada a parte contrária para interpor contra- razões,

b) Requer a remessa dos autos para o exame do do Egrégio Tribunal de Justiça de (...),

Nestes termos,
Pedem deferimento.

Belo Horizonte,01 de Maio de 2016


Advogado
OAB/MG xxx

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da (..)ª Vara Cível de (...)


Razões de Apelação

Processo: N° ...
Apelantes: CARLOS...
Apelados: ESTADO DE MINAS GERAIS...
Origem: (...)ª Vara Cível de (...)

Eméritos Julgadores,

Colenda Turma,

Eméritos Desembargadores,

I – SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de ação de reparação de danos patrimoniais e morais, na qual pleiteia o


Apelante o ressarcimento em face dos danos materiais e morais sofridos após receber a
terceira dose da vacina antirrábica fornecida pelo Estado,que gerou lhe graves danos à
saúde.
Em breve síntese, o Apelante foi atendido em um hospital público quando tinha
5 anos de idade e devido a má prestação de serviço médico neste hospital ,lhe teria
causado sequelas graves e danos irreparáveis à saúde.

Em sede de contestação, alegou o Apelado que a demanda está prescrita, com


base no disposto no art. 1.º do Decreto n.º 20.910/1932, o qual estabelece que as dívidas
passivas do Estado prescrevem em cinco anos, contados da data do ato ou do fato de
que se originaram. Como entre a data do fato e o ajuizamento da demanda
transcorreram sete anos, teria segundo o mesmo ocorrido a prescrição.

O MM. Juízo a quo, a despeito dos atos probatórios que atestaram a ocorrência
do dano e do nexo de causalidade, proferiu decisão que acolheu a alegação de
prescrição, e eximindo de culpa o Apelado, julgando o processo extinto com resolução
de mérito nos termos do art. 487, II, do Novo Código de Processo Civil.

II- DO DIREITO
O presente recuso a preenche os requistos de admissibilidade,

CABIMENTO DA PRESENTE APELAÇÃO

Conforme previsto nos artigo 1009 º do Novo Código de Processo Civil

TEMPETIVIDADE

Conforme posto, a sentença foi publicada no dia... . O prazo para a interposição


de recurso de apelação é de 15 (quinze) dias conforme os artigos. 219, 1.003, §5 º do
Novo Código de Processo Civil , portanto é tempestivo.

PREPARO

Conforme guia de recolhimento anexado ao presente recurso, o recorrente


demonstra que preencheu o requisito de admissibilidade do preparo.

III- RAZÕES NA REFORMA

- DA NÃO OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO EM FACE DOS MENORES DE


DEZESSEIS ANOS

O acolhimento pela r. sentença da alegação do Apelado de que o direito da


Apelante estaria prescrito, em detrimento de que entre a data do fato , onde o apelante
tinha 05 anos de idade, e o ajuizamento da demandada onde atualmente encontra-se
com 12 anos de idades , transcorreram-se sete anos, não merece amparo, como
demonstrado abaixo:
Conforme o Código Civil, há situações jurídicas nas quais não correm prazos
prescricionais , como disposto no art. 198, inc. I,
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos
Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em
tempo de guerra.

No caso em lide,conforme a documentação anexadas aos autos o Apelante,


encontra-se representado processualmente por sua genitora, não possui e não possuía na
época dos fatos a plena capacidade para os exercícios da vida civil, uma vez que é
menor de dezesseis anos.
Portanto, não deve prosperar a extinção do processo com fulcro na prescrição
quinquenal, uma vez que o art. 1º do Decreto nº. 20.910/1932, não se sobrepõe aos
ditames do Código Civil Brasileiro, o qual é uma norma posterior a tal Decreto, bem
como trata especificamente da situação em comento.
– DA COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO DANO E DO NEXO DE
CAUSALIDADE

Em primeiro grau de jurisdição, na instrução processual, foram realizados


perícias e demais atos probatórios, tendo todos atestado a ocorrência do dano e do nexo
de causalidade provenientes do mau atendimento ofertado pelo hospital durante terceira
dose da vacina antirrábica fornecida .
Segundo consta no atual Código Civil Brasileiro prevê, em seu artigo 936, a
responsabilidade civil do dono de animais, perigosos ou não, ex vi: “O dono, ou
detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maiores”.
A responsabilidade civil do Estado segue as mesmas linhas da responsabilidade
civil privada, descrita no artigo 936 do CC, apesar de ter princípios próprios e
compatíveis com a sua posição jurídica, por isso é mais extensa que a aplicável às
pessoas privadas. Ressalta-se, que atualmente é pacífico o entendimento, nos mais
diversos ordenamentos jurídicos do mundo, incluindo o Brasil, de que o Estado é
responsável pelos atos praticados por seus agentes, tendo, consequentemente, o dever de
ressarcir às vítimas, eventuais danos causados.
Confirmada pela teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos
documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política de 1946, revela-se
fundamento de ordem doutrinária subjacente à norma de direito positivo que instituiu, no
sistema jurídico brasileiro, a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros (CF, art. 37, § 6º).

Essa concepção teórica - que informa o princípio constitucional da


responsabilidade civil objetiva do Poder Público - faz emergir, da
mera ocorrência de lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de
indenizá-la pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido,
independentemente de caracterização de culpa dos agentes estatais ou
de demonstração de falta do serviço público, consoante enfatiza o
magistério da doutrina .(HELY LOPES MEIRELLES, “Direito
Administrativo Brasileiro”, p. 650, 31ª ed., 2005)

A responsabilidade é inerente ao Estado de Direito. É também consequência


necessária, devido à crescente presença do Estado nas relações sociais, interferindo cada
vez mais nas relações individuais.

Por meio de silogismo com o posto no artigo 936° CC, pode-se associar a
existência de nexo de causalidade entre o serviço prestado no hospital, representante do
Estado, e o dano verificado ao Apelante, para que surja o dever de indenizar, fato este
que amolda-se perfeitamente para a caracterização da responsabilidade objetiva do
Estado, uma vez que condiciona ao preenchimento de três requisitos: conduta estatal,
dano e nexo de causalidade entre a conduta e o dano, gerando o direito a
indenização .Conforme decisão proferida pelo TRF- CE:
CONSTITUCIONAL, CIVIL E ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ERRO MÉDICO.
DANOS MATERIAL E MORAL. RAZOABILIDADE DA
REPARAÇÃO FIXADA NA SENTENÇA. APELAÇÕES E
REMESSA OFICIAL IMPROVIDAS. 1. Em face da responsabilidade
objetiva do Estado, de assento constitucional, cabe à vítima de erro
médico em hospital público, não havendo culpa sua, concorrente ou
exclusive, indenização pelos danos materiais e morais que sofrer. 2. A
reparação dos danos físicos há de buscar, o quanto possível, o retorno
à situação anterior ao evento, e basear-se na efetiva extensão e
repercussão das lesões e seqüelas, conforme apurado em perícia, não
na simples afirmação de uma gravidade não de todo comprovada. 3. É
inviável indenizar alegados traumas psíquicos cuja demonstração não
foi feita, muito menos uma perda de função ¾ ainda mais de caráter
íntimo ¾ não constatada, mas apenas aduzida, sem suporte probatório.
4. A indenização dos danos materiais há de incidir sobre as lesões
patrimoniais efetivamente demonstradas, não se podendo perseguir
valores, ainda mais de elevadíssimo valor, com base em especulações
sem qualquer base concreta, muito menos no tocante a supostos lucros
cessantes de uma carreira profissional inteiramente ainda em projeto.
5. A indenização do puro dano moral não pode constituir-se em
enriquecimento ilícito; conquanto imensurável, há de conter-se nos
limites da razoabilidade, que se têm exteriorizado, na melhor, mais
fundamentada e prevalente jurisprudência, por montantes que se
ajustam à realidade do caso concreto. 6. Tendo fixado reparação
coerente com essas características, impondo ao estado a obrigação de
reparar o dano causado por imposição, de um lado, de obrigação de
fazer (dar tratamento, cirúrgico e clínico, recuperar), e, de outro, de
pagar (os danos materiais efetivamente apurados, e, em padrão
aceitável, o dano moral) a sentença é de ser mantida. 7. Apelações e
remessa oficial às quais se nega provimento.

(TRF-5 - AC: 236711 CE 0055831-57.2000.4.05.0000, Relator:


Desembargador Federal Marcelo Navarro, Data de Julgamento:
24/01/2006, Quarta Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário da
Justiça - Data: 17/02/2006 - Página: 916 - Nº: 35 - Ano: 2006)
Assim, diante do conjunto fático-probatório dos autos, assiste a Apelante o
direito de ser ressarcidas pelos danos morais e materiais oriundos da conduta do
Apelado, nos termos pleiteados na exordial.
IV – CONCLUSÃO

Pelo exposto requer à Vossas Excelências:

a ) Que acolhido e processado o recurso interposto, julgando-se, ao final, provido, para


fins de reformar totalmente a sentença. Condenando o Réu a pagar :

- à pagar de R$40.000,00, pelos danos morais sofridos, com correção monetária desde a
data dos fatos e juros de mora;

- à pagar R$50.000,00, pelos danos materiais sofridos, com correção monetária desde o
desembolso dos valores e juros de mora;

- ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

- inversão dos ônus sucumbenciais.

b) Que seja o presente recurso recebido em duplo efeito

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

CIDADE, ANO

Advogado
OAB/MG xxx

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