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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA CÍVEL DA CIDADE.

[ JUSTIÇA GRATUITA ]

MARIA DA SILVA, casada, comerciária, inscrita no CPF (MF) sob


o nº. 111.222.333-44, e BELTRANO DA SILVA, casado, mecânico, ambos residentes e
domiciliados na Rua das Marés, nº. 333, em Cidade – CEP nº. 112233, ambos com endereço
eletrônico ficto@ficticio.com.br, vêm, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência,
por intermédio de seu patrono que abaixo assina, o qual, à luz do art. 77, inc. V c/c art. 287,
caput, um e outro do Estatuto de Ritos, indica-o para as intimações que se fizerem
necessárias, para, com supedâneo do art. 186 e art. 948, inc. II, ambos do Código Civil,
ajuizar a presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS,


“dano material e moral”

contra EMPRESA DE ÔNIBUS LTDA, estabelecida na Av. das pedras, nº. 0000, em São
Paulo (SP) – CEP 332211, possuidora do CNPJ (MF) nº. 11222.333/0001-44, com endereço
eletrônico ficto@ficticio.com.br, em razão das justificativas de ordem fática e de direito, tudo
abaixo delineado.

1 - INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)


A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas do
processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as
despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

Destarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine,
ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório
acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

Lado outro, opta-se pela realização de audiência conciliatória


(CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247,
caput) para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c
§ 5º).

2 – LEGITIMIDADE ATIVA – SUCESSORES DO DE CUJUS


( CC, art. 943 e CPC, art. 613 )

De início, convém tecer linhas acerca da propriedade do


ajuizamento desta ação indenizatória, nomeadamente em face da legitimidade ativa.

Insta salientar que o dano moral, conquanto de natureza


personalíssima, inato aos direitos da personalidade, possui repercussão social e proteção
constitucional.

O fato de o ofendido ter falecido, não exime o ofensor da


reparação pecuniária de lesão direito à dignidade da pessoa humana, à integridade física ou
psíquica, à honra, à imagem etc. A personalidade do de cujus também é objeto de direito, na
medida em que o direito de reclamar perdas e danos do mesmo se transmite aos sucessores,
a teor dos arts. 12 e parágrafo único e art. 943, todos da Legislação Substantiva Civil, verbis:

CÓDIGO CIVIL
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida


prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou
colateral até o quarto grau.

Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a


herança.

Nesse trilhar, consideremos as lições de Maria Helena Diniz:

“Os lesados indiretos pela morte de alguém serão aqueles que, em razão dela
experimentarem um prejuízo distinto do que sofreu a própria vítima. Terão
legitimação para requerer indenização por lesão a direito da personalidade da
pessoa falecida, o cônjuge sobrevivente, o companheiro (Enunciado nº. 275 do CJF
da IV Jornada de Direito Civil), qualquer parente em linha reta ou colateral até o
segundo grau (CC, art. 12, parágrafo único). ” (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito
Civil Brasileiro. 24ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 88)

Bem a propósito o seguinte julgado:


DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
SERVIÇO DE TELEFONIA. CONTRATO MEDIANTE FRAUDE. INSCRIÇÃO INDEVIDA NO
SERASA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. DANOS REFLEXOS VERIFICADOS.
1. A responsabilidade civil do fornecedor de bens e serviços é objetiva e, sendo
assim, sua caracterização prescinde da existência de conduta dolosa ou culposa. 2. A
inclusão do nome da Apelante (primeira autora) indevidamente nos órgãos de
proteção ao crédito configura ato ilícito e enseja injustos e imensuráveis
constrangimentos que, por si só, configuram danos morais. 3. A verificação da
legitimidade ativa deve observância à teoria da asserção, atendo-se ao que foi
alegado na petição inicial, sem considerar se a pretensão será acolhida, ou não,
porque, não se examina o mérito. 4. Tem-se por dano moral reflexo, indireto ou por
ricochete aquele que, por ter originado necessariamente do ato causador de
prejuízo à personalidade de uma pessoa, atinge o direito de terceiro que mantenha
com ela um vínculo direto. 5. O valor da indenização por danos morais tem por
função compensar o sofrimento suportado pela vítima e punir o causador do dano,
coibindo-se novas condutas abusivas. 6. Apelação conhecida e parcialmente
provida. Preliminar acolhida. Unânime. (TJDF; APC 2015.08.1.002744-6; Ac. 969.740;
Terceira Turma Cível; Relª Desª Fátima Rafael; Julg. 08/09/2016; DJDFTE
07/10/2016)

Desse modo, é inquestionável a legitimidade ativa para perseguir


a reparação de danos em espécie.

3 – QUADRO FÁTICO
Os Autores são os pais da vítima, o qual veio a falecer no dia 00
de março de 0000, do que se constata das certidões de nascimento e óbito, ora anexadas.
(docs. 01/02)

Na data de 00 de março de 0000, por volta das 15:10h, a vítima


trafegava com seu pai, esse conduzindo a moto placas HWD-0000/PR. Na altura do
cruzamento da Avenida Xista com Delta, ambos foram colhidos pelo veículo Mercedez Bens,
tipo ônibus, de placas HUA-0000/PR. Esses fatos, descritos, encontram-se no laudo pericial
aqui carreado. (doc. 03)

O veículo automotor em questão é de propriedade da Promovida,


naquele momento conduzido pelo motorista de nome Antônio das Quantas. Esse, agindo com
extrema imprudência, avançou o sinal vermelho, vindo a colidir com a motocicleta utilizada
pela vítima e seu pai.

Em razão do acidente, o ofendido viera a falecer. Naquela


ocasião, esse tinha apenas a idade de 8 (oito) anos de idade. O mesmo, de mais a mais, era
filho único. Seu pai, no entanto, tivera sequelas nas pernas e no braço direito. (doc. 04)

Ainda por corroborar o quadro fático, acosta-se boletim de


ocorrência policial, o qual também dá conta dos acontecimentos que envolveram vítima e Ré
no evento em espécie. (doc. 05)

O acidente afetou emocionalmente (dano moral) os pais da vítima,


maiormente tamanha a dor pela perda de um ente querido, máxime com a tenra idade de
oito(8) anos de idade.
Dessa maneira, cabe à Ré a inteira responsabilidade civil pelo fato
do óbito citado.
4 – MÉRITO

4.1. Responsabilidade civil objetiva da Ré

Ademais, mister se faz uma breve digressão acerca da


responsabilidade civil.

Consabido que a responsabilidade civil se constitui na aplicação


de medidas que obriguem uma pessoa a reparar um dano, de caráter patrimonial ou moral, a
terceiros, causado em razão de ato seu ou de seu preposto. Nesse passo, a responsabilidade
civil se dá a partir da prática de um ato ilícito, ocasionando o surgimento da obrigação de
indenizar, mormente com o fito de colocar a vítima ao estado quo ante.

Por outro lado, a responsabilidade civil pode deter natureza


subjetiva ou objetiva.

Em apertada síntese, a natureza subjetiva se verifica quando o


dever de indenizar se originar face ao comportamento do sujeito que causa danos a terceiros,
por dolo ou culpa; na responsabilidade objetiva, todavia, necessário somente a existência do
dano e o nexo de causalidade, para, assim, emergir a obrigação de indenizar. Sem relevância,
por isso, a conduta, culposa ou não, do agente causador.

Noutro giro, aqui, inegavelmente restou demonstrada a existência


da culpa da Ré, bem como o nexo de causalidade. Incontroverso que o de cujus fora
atropelado, exclusivamente, em face de imprudência daquele que dirigia o veículo
mencionado.
Os artigos 186 e 927 do Código Civil consagram a regra de que
todo aquele que causa dano a outrem, é obrigado a repará-lo.

Segundo o magistério de ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO (in,


Teoria Geral das Obrigações. São Paulo: Atlas, 1999), da responsabilidade aquiliana advêm
duas outras subespécies:

"a responsabilidade delitual ou por ato ilícito, que resulta da existência deste fora do
contrato, baseada na idéia de culpa, e a responsabilidade sem culpa, fundada no
risco".

Na primeira, portanto, deve-se aferir se o causador do prejuízo


agiu com dolo ou com culpa na prática danosa; já na segunda, verifica-se apenas o
acontecimento de determinado fato, previsto em lei, que enseje reparação, sem se perquirir a
concorrência do elemento subjetivo ou psicológico - é essa, como antes aludida, a teoria da
responsabilidade objetiva, fundada no risco da atividade do causador do dano,
independentemente da verificação do dolo ou da culpa.

Com efeito, a par das disposições já mencionadas, o parágrafo


único do art. 927 do Código Civil inclui o risco da atividade do causador do dano nas
hipóteses de responsabilização objetiva:

“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos


especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

Desse modo, a Ré tem o dever de arcar com a indenização


almejada, mesmo se não comprovada sua culpa no evento, sendo suficiente a mera criação
do risco, em virtude do exercício de atividade econômica.
4.2. Do dano moral

Tocante ao dano moral, segundo o magistério de Yussef Said


Cahali, o mesmo se caracteriza:

“Parece mais razoável, assim, caracterizar o dano moral pelos seus próprios
elementos; portanto, ‘como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um
valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a
liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e demais
sagrados afetos’; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a ‘parte social do
patrimônio moral’ (honra, reputação etc) e dano que molesta a ‘parte afetiva do
patrimônio moral’ (dor, tristeza, saudade etc); dano moral que provoca direta ou
indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc) e dano moral puro (dor,
tristeza etc.). “ (CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 4ª Ed. São Paulo: RT, 2011, pp. 20-
21)

Assim, não há qualquer óbice para que seja pretendida a


indenização, esse na forma do dano em ricochete. O infortúnio, ocorrido com o de cujus,
proporcionou dano moral em cada um dos entes queridos. Por consequência, cada um deles
detém o direito de postular, em seu próprio nome, um dano a sua personalidade, o que ora se
faz em nome dos pais da vítima.

No que tange ao arbitramento da condenação, mister registrar que


essa deve ter um conteúdo didático, visando tanto compensar a vítima pelo dano - sem,
contudo, enriquecê-la - quanto punir o infrator, porém, sem arruiná-lo.

Além disso, o valor da indenização, por dano moral, não se


configura um montante tarifado legalmente.
A melhor doutrina reconhece que o sistema adotado pela
legislação pátria é o sistema aberto, no qual o Órgão Julgador pode levar em consideração
elementos essenciais. Desse modo, as condições econômicas e sociais das partes, a
gravidade da lesão, sua repercussão, as circunstâncias fáticas, o grau de culpa, tudo isso
deve ser considerado. Assim, a importância pecuniária deve ser capaz de lhe produzir um
estado tal de neutralização do sofrimento impingido, de forma a " compensar a sensação de
dor" experimentada e representar uma satisfação, igualmente moral.

Anote-se, por oportuno, que não se pode olvidar que a presente


ação, nos dias atuais, não se restringe a ser apenas compensatória; vai mais além, é
verdadeiramente sancionatória, na medida em que o valor fixado a título de indenização se
reveste de pena civil.

Dessarte, diante dos argumentos antes verificados, pede-se


indenização pecuniária no valor correspondente a valores entre 300 (trezentos) a 500
(quinhentos) salários mínimos, a cada um dos autores, à guisa de reparação dos danos
morais.

A propósito, vejamos julgado do STJ nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


ACIDENTE AÉREO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. PATAMAR RAZOÁVEL EM
CONSONÂNCIA COM OS VALORES ESTIPULADOS POR ESTA CORTE EM CASOS
ANÁLOGOS. SÚMULA 07/STJ. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA.
RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. DATA DA CITAÇÃO.
1. A jurisprudência desta corte superior tem arbitrado, em regra, para as hipóteses
de dano-morte, a indenização por dano moral em valores entre 300 e 500 salários
mínimos. Montante arbitrado pelo tribunal de origem que não representa
condenação exorbitante. 2. Termo inicial dos juros de mora. Responsabilidade civil
contratual. Contrato de transporte. Inteligência do artigo 405 do Código Civil.
Dissídio entre o acórdão recorrido e a orientação desta corte superior. Modificação
do marco inicial para a data da citação. 3. Agravo regimental parcialmente provido.
(STJ; AgRg-REsp 1.362.073; Proc. 2013/0004943-8; DF; Terceira Turma; Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino; DJE 22/06/2015)

4.3. DANO MATERIAL

4.3.1. Danos emergentes

Devida, tal-qualmente, a condenação da Ré em reparação de


danos materiais, na ordem dos danos emergentes.

Segundo enfatizado pela Legislação Substantiva Civil:

Art. 948 - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras


reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da


família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em


conta a duração provável da vida da vítima.

Nesse compasso, a Ré deverá ser condenada a ressarcir todas as


despesas experimentadas com o funeral, jazigo, luto da família, tudo a ser apurado em
liquidação de sentença.
4.3.2. Lucros cessantes

A atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, reportando-


se à possibilidade da indenização por danos materiais, no tocante ao pensionamento dos
pais, mesmo em caso de menor falecido, tem assim se manifestado, in verbis:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CONDENATÓRIA


("INDENIZATÓRIA"). ATROPELAMENTO MORTE FILHO MENOR DE IDADE. DECISÃO
MONOCRÁTICA NEGANDO SEGUIMENTO AO APELO EXTREMO. INSURGÊNCIA
RECURSAL DA RÉ.
1. A alegação genérica de ofensa ao artigo 535 do código de processo civil
[CPC/2015, art. 1022] enseja a aplicação, por analogia, da Súmula nº 284/STF, ante a
manifesta deficiência na fundamentação. 2. A responsabilidade civil da ré foi aferida
com base nos elementos fático-probatórios constantes dos autos; rever tal
conclusão, nos termos pretendidos pela recorrente, encontra óbice na Súmula nº
7/STJ. 3. Em sede de Recurso Especial, a revisão da indenização por dano moral é
admitida apenas se o quantum indenizatório, fixado pelas instâncias ordinárias,
revelar-se irrisório ou exorbitante, o que não se verifica na hipótese dos autos. 4.
Tratando-se de responsabilidade extracontratual, os juros de mora incidem a partir
do evento danoso, nos termos da Súmula nº 54/STJ. 5. A morte de menor em
acidente (atropelamento, in casu), mesmo que à data do óbito ainda não
exercesse atividade laboral remunerada ou não contribuísse com a composição da
renda familiar, autoriza os pais, quando de baixa renda, a pedir ao responsável
pelo sinistro a reparação por danos materiais, aqueles resultantes do auxílio que,
futuramente, o filho poderia prestar-lhes. Precedentes. 6. "em se tratando de
pensionamento decorrente de ato ilícito, conforme a reiterada jurisprudência desta
corte e do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista o seu caráter sucessivo e
alimentar, é possível a vinculação da pensão ao salário mínimo, presumivelmente
capaz de suprir as necessidades materiais básicas do alimentando. Estendendo a
este as mesmas garantias que a parte inicial do artigo 7º, IV, da Constituição Federal
concede ao trabalhador e à sua família. " (AgRg no RESP 949.540/SP, Rel. Ministro
luis felipe salomão, quarta turma, julgado em 27/03/2012, dje 10/04/2012) 7. Não
tendo a agravante trazido qualquer razão jurídica capaz de alterar o entendimento
sobre a causa, mantenho a decisão agravada pelos seus próprios fundamentos. 8.
Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg-REsp 1.367.338; Proc. 2013/0041018-4;
DF; Quarta Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; DJE 19/02/2014)

Destarte, o STJ entende que deve existir o pensionamento aos


pais, mesmo que, à época dos fatos, o menor não exerça atividade remunerada. Os pais do
infante-vítima, resta saber, não são possuidores de bens materiais substantivos, maiormente
quando se revelam como simples empregados com baixa renda.

Quanto ao valor, esse poderá ser, até mesmo, vinculado ao


salário mínimo, como se observa do aresto abaixo indicado:

CIVIL.
Processual civil. Agravo em Recurso Especial. Recurso manejado sob a égide do
CPC/73. Ação de indenização por danos materiais e morais. Queda de árvore. Morte
do genitor do autor. Danos materiais e morais comprovados. Omissão. Ausência.
Legitimidade da ré comprovada. Responsabilidade de indenizar. Demonstrada.
Alteração do decidido. Reexame do conjunto fático probatório. Incidência da
Súmula nº 7 do STJ. Julgamento ultra petita. Inocorrência. Interpretação lógico-
sistemática do pedido. Livre convencimento do julgador. Vinculação do
pensionamento ao salário mínimo. Verba de caráter alimentar. Possibilidade.
Precedentes. Incidência da Súmula nº 83 do STJ. Percentual fixado para os
honorários e sucumbência. Alteração. Incidência da Súmula nº 7 do STJ. Agravo
conhecido. Recurso Especial conhecido em parte e, nessa extensão, não provido.
(STJ; AREsp 1.002.890; Proc. 2016/0277089-7; BA; Terceira Turma; Rel. Min. Moura
Ribeiro; DJE 02/12/2016)

Quanto ao termo final do pensionamento, o Superior Tribunal de


Justiça, mais uma vez, na hipótese, revela que a pensão por morte do menor deve persistir
até a idade que o mesmo completaria 65 anos de idade, como abaixo se verifica:

RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.


FALECIMENTO DE MENOR IMPÚBERE VÍTIMA DE AFOGAMENTO EM PISCINA DE
CLUBE ASSOCIATIVO. CULPA IN VIGILANDO. RESPONSABILIDADE CONCORRENTE
DOS PAIS. NÃO OCORRÊNCIA. PENSIONAMENTO AOS PAIS. FIXAÇÃO DO TERMO
FINAL. DATA EM QUE A VÍTIMA COMPLETARIA 65 ANOS DE IDADE, SOB PENA DE
JULGAMENTO ULTRA PETITA, ASSEGURADO O DIREITO DE ACRESCER. RECURSO
ESPECIAL DA RÉ DESPROVIDO E PROVIDO PARCIALMENTE O DOS AUTORES.
1. Trata-se de ação de indenização por danos materiais e morais decorrentes do
falecimento de menor impúbere, com 8 (oito) anos de idade, respectivamente, filho
e irmão dos autores, o qual, entre o término da aula na escolinha de futebol e a
chegada do responsável para buscá-lo, dirigiu-se à área da piscina na companhia de
seu irmão, de 7 (sete) anos, vindo a se afogar. 2. Os autores fundaram o pedido
inicial de responsabilização da associação recreativa nos arts. 159, 1.518, e 1.537, I e
II, do CC/1916, sob o enfoque da responsabilidade subjetiva da ré em face da
omissão de seus prepostos como causa do fatídico acidente, razão pela qual o
julgamento do recurso deve ser realizado sob esses parâmetros, sem a necessidade
de pronunciamento a respeito da incidência ou não das normas consumeristas à
hipótese, por se tratar de questão que ainda enseja cizânia tanto no campo
doutrinário quanto jurisprudencial, dada a diversidade de situações envolvendo
clubes recreativos que, a depender do caso concreto, poderá ou não atrair sua
aplicação. 3. Tratando-se de acidentes em piscinas, poços, lagos e afins, em
princípio, a responsabilidade de quem explora esse tipo de atividade é presumida,
embora decorra da existência de conduta culposa, ou seja, proveniente da
responsabilidade subjetiva, a qual só poderá ser elidida mediante a comprovação de
alguma situação excludente prevista na Lei, como motivo de força maior, fato de
terceiro ou fato exclusivo da vítima. 4. No caso, conforme se depreende da moldura
fática delineada pelo Tribunal estadual. O que afasta a incidência da Súmula nº
7/STJ., não se verifica a presença de nenhuma circunstância que possa afastar a
responsabilização da demandada pelo evento danoso e, consequentemente, pelo
dever de indenizar os danos causados. 5. Diversamente, a partir do momento em
que a associação recreativa permitiu que os pais deixassem os filhos menores
impúberes na portaria do clube para frequentar as aulas na escolinha de futebol. O
que inclusive se tornou corriqueiro., aceitou a incumbência de guarda sobre eles,
surgindo, em contrapartida, para ela o dever de zelar por sua incolumidade física ou
demonstrar que, se não o fez, foi por algum motivo que escapou ao seu controle, a
fim de tornar evidente que não incorreu em falta de vigilância ou não agiu com
culpa. 6. A jurisprudência desta Corte tem reconhecido o dever de indenizar em
decorrência de acidente em piscina, tendo por base a negligência quanto à
segurança ou, em certos casos, o descumprimento do dever de informação (REsp n.
1.226.974/PR, Relator o Ministro João Otávio de Noronha, Terceira Turma, DJe de
30/9/2014 e REsp n. 418.713/SP, Relator o Ministro Franciulli Netto, Segunda
Turma, DJ de 8/9/2003). 7. Na hipótese, não deve ser acolhida a alegação de culpa
concorrente dos pais, o que importaria em redução do valor da indenização, haja
vista que, tendo havido a aceitação tácita por parte da associação do dever de
guarda dos filhos dos autores, reside nesse fato o elemento ontológico da
responsabilidade, o qual se sobrepõe à eventual ausência dos pais no momento do
trágico incidente, como causa direta e imediata do dano. 8. Segundo precedentes
deste Tribunal, é devido o pensionamento aos pais, pela morte de filho, nos casos
de família de baixa renda, equivalente a 2/3 do salário mínimo ou do valor de sua
remuneração, desde os 14 até os 25 anos de idade e, a partir daí, reduzido para 1/3
até a data correspondente à expectativa média de vida da vítima, segundo tabela do
IBGE na data do óbito ou até o falecimento dos beneficiários, o que ocorrer
primeiro. No caso, tendo os recorrentes formulado pedido apenas para que o valor
seja pago até a data em que o filho completaria 65 (sessenta e cinco) anos, o
recurso deve ser provido nesta extensão, sob pena de julgamento ultra petita. 9.
Cessando para um dos beneficiários o direito ao recebimento da pensão, sua cota-
parte será acrescida, proporcionalmente, em favor do outro. 10. Recurso especial da
ré desprovido e provido parcialmente o dos autores. (STJ; REsp 1.346.320; Proc.
2012/0204252-7; SP; Terceira Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; DJE
05/09/2016)

CIVIL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/73. ACIDENTE


AUTOMOBILÍSTICO. MORTE DE FILHO MENOR. FIXAÇÃO DE PENSÃO MENSAL.
1. O pensionamento, no caso de morte de filho menor, é devido aos pais na
proporção de 2/3 do salário percebido (ou o salário mínimo quando não exerça
trabalho remunerado) até o tempo em que a vítima completaria 25 anos; a partir
daí, é reduzido a 1/3 do salário até quando completaria 65 anos. 2. Recurso Especial
conhecido e provido. (STJ; REsp 1.417.342; Proc. 2013/0368982-3; SP; Terceira
Turma; Rel. Min. João Otávio de Noronha; DJE 22/08/2016)

Por esse ângulo, compete à Ré pagar indenização mensal


(pensionamento) equivalente a dois terços (2/3) do salário mínimo, a partir da data em que a
vítima completaria 14 anos de idade, até a data em que ela atingiria 65 anos de idade. Após,
reduzindo-a pela metade (1/3 do salário mínimo), no dia em que ele faria 25 anos.

5–PEDIDOS e requerimentos

Diante do que foi exposto, os Autores pleiteiam:


5.1. Requerimentos

a) opta-se pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual
se requer a citação da Promovida para comparecer à audiência designada para essa
finalidade (CPC, art. 334, caput);

b) requer, ademais, seja deferida a inversão do ônus da prova, maiormente quando a


hipótese em estudo é abrangida pelo CDC, bem assim a concessão dos benefícios da
gratuidade da justiça.

5.2. Pedidos

a) pede-se a condenação da Promovida a pagar, para ambos os autores, a título de


danos morais (ricochete), a quantia equivalente a 500 (quinhentos) salários mínimos,
valor esse compatível com o grau de culpa, a lesão provocada e a situação econômica
de ambas as partes envoltas nesta querela. Subsidiariamente (CPC, art. 326), pleiteia-
se o valor correspondente a 300 (trezentos) salários mínimos, e;

b) também condená-la a indenizar a parte autora em lucros cessantes (CC, art. 948,
inc. II), com a prestação de alimentos mensais, correspondentes a dois terços (2/3) do
salário mínimo, a contar da data em que a vítima completaria 14 anos de idade,
findando até a data em que ela atingiria 65 anos de idade; reduzindo-se, pela metade
(1/3 do salário mínimo), no dia em que o mesmo faria 25 anos;

c) pleiteia que seja definida por sentença a extensão da obrigação condenatória, o


índice de correção monetária e seu termo inicial, os juros moratórios e seu prazo inicial
(CPC, art. 491, caput);
Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da
data do efetivo prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de


responsabilidade extracontratual.

d) pede, outrossim, a condenação ao pagamento de despesas com funeral, jazigo, a


ser apurado em liquidação de sentença;

e) por fim, seja a Ré condenada em custas e honorários advocatícios, esses arbitrados


em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação (CPC, art. 82, § 2º, art. 85 c/c
art. 322, § 1º), além de outras eventuais despesas no processo (CPC, art. 84).

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas


admitidos, nomeadamente pela produção de prova oral em audiência, além de perícia, juntada
posterior de documentos.

Levando-se em conta que há pedido subsidiário ao principal, dá-


se à causa o valor de R$ 000.000,00 (.x.x.x.), correspondente a 500 (quinhentos) salários
mínimos (CPC, art. 292, inc. VIII).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de janeiro de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB 12345

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