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JOSÉ DE TAL, brasileiro, solteiro, empresá rio, portador da Cédula de Identidade nº X SSP/X,
inscrito no CPF sob o nº X, residente e domiciliado na Quadra X, Alameda X lote X CEP X,
Bairro X , na cidade X, Estado X , por meio de sua advogada, vem, respeitosamente, com
fulcro no artigo no artigo 5º, incisos V e LXXIV da CRFB/88; artigos 186, 187 e 927, todos
do Có digo Civil; e artigos 28 e 29, inciso II, ambos do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, à
presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS
em face de JOÃ O DE TAL (condutor do veículo) , brasileiro, inscrito no CPF sob o nº X
(domicílio com base no art. 319 § 1 c/c art. 6º do CPC) e em face de FRANCISCO DE TAL
(proprietá rio do veículo), residente e domiciliado em cidade, Estado em endereço nã o
sabido (qualificaçã o com base no art. 319 § 1 c/c art. 6º do CPC) telefone (xx) xxxxx, pelas
razõ es de fato e de direito que passa a expor.
I – PRELIMINARMENTE
I. I DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 319 DO CPC.
O artigo 319, II do CPC dispõ e que a petiçã o inicial deverá conter “os nomes, os prenomes, o
estado civil, a existência de uniã o está vel, a profissã o, o nú mero de inscriçã o no Cadastro de
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrô nico, o
domicílio e a residência do autor e do réu”. Todavia percebe-se a incompletude da
qualificaçã o dos réus.
Trata-se de acidente de trâ nsito. Em relaçã o ao condutor do veículo, é desconhecido pela
parte autora seu domicílio, informaçã o necessá ria para que se possa efetuar a citaçã o e
notificaçõ es do decorrer do processo.
Por serem, o proprietá rio do veículo e o condutor, pessoas distintas, configura-se um caso
de litisconsorte passivo facultativo, e a parte autora deseja veementemente exercer a
faculdade de peticionar em desfavor de ambos, com fito de que seja obtido maior êxito na
resoluçã o da lide.
O requerente se informou com conhecidos que o proprietá rio do veículo envolvido na lide é
o senhor Francisco de tal, soube que o Francisco residia na quadra x, Alameda x, lote x, em
cidade tal. Diante dessa informaçã o o autor se dirigiu até o local a fim de resolver
amigavelmente a lide, todavia, o local nã o é mais domicílio do senhor Francisco. No
endereço foi encontrado o senhor Fá bio, que informou que o Francisco nã o mora mais no
local, mas que conhecia Francisco e informou ao requerente um telefone de contato do Réu.
Posto isso, o autor ligou para Francisco no nú mero (xx) xxx e manteve contato com ele, que
informou morar em cidade tal e nã o demonstrou nenhum interesse em resolver
amigavelmente a situaçã o, tampouco informou seu endereço na cidade tal.
Embora essas informaçõ es estejam incompletas na inicial, o Có digo de Processo civil, em
seu artigo 319, trata da hipó tese do autor desconhecer a qualificaçã o dos réus, vejamos:
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz
diligências necessárias a sua obtenção.
Ademais, o novo código de processo civil inovou no que se refere ao princípio da cooperação,
estatuído no artigo 6º, uma vez que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva" (grifo
nosso), corroborando ainda mais com o que estabelece o artigo 4ºdo CPC e com princípio da
primazia do mérito.
Diante dessas circunstâncias, é indispensável que Excelentíssimo Juiz mande expedir ofício ao
DETRAN para que informe os dados do proprietário do veículo de placa xxx, cidade tal, e
posteriormente expeça um ofício ao INSS, para que forneça os dados cadastrais de JOÃO DE
TAL E FRANCISCO DE TAL, bem com o extrato do CNIS para que seja possível ter
conhecimento do lugar onde os réus são empregados para que se possa fazer uma citação
com êxito, pois tanto poderá citar os réus em sua residência como em seu domicilio
profissional.
Subsidiariamente, caso o INSS não tenha as informações, que oficie a ENERGISA a fim de
saber se existe alguma unidade consumidora em nome dos réus, para que se possa fazer uma
citação com êxito tendo em vista que mandados devolvidos sem cumprimento é o que gera
maior morosidade no processo.
I.II DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Em que pese o que dispõe o artigo 98 do Código de Processo Civil, o peticionante informa que,
diante de sua situação econômica (conforme declaração de hipossuficiências em anexo), não
pode promover o custeio das despesas processuais e o pagamento dos honorários advocatícios
sem prejuízo seu e de sua família.
Nesse diapasão, para a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita não é
necessário o caráter de miserabilidade do requerente, pois em princípio, a simples afirmação
da parte no sentido de que não está em condições de pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou da família, é suficiente para o deferimento
(art. 98 do CPC).
Por derradeiro, o juiz somente deve indeferir o pedido diante à ausência dos pressupostos
legais para a concessão do benefício citado e, ainda, nestes casos, antes de indeferir, deve
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos pressupostos legais, conforme art.
99 do CPC em seu § 2º, vejamos:
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
Não obstante o Código Civil brasileiro ter adotado o princípio da culpa como fundamento da
responsabilidade, muito embora haja concessões à responsabilidade objetiva, em casos de
acidentes de trânsito é costumeiro nos tribunais a aplicação da teoria da guarda da coisa, o
que justifica a responsabilidade solidária do condutor e do proprietário do veículo e
consequentemente o litisconsorte passivo.
Nesse diapasão, o proprietário é presumido como guardião da coisa, desta sorte, em
ocorrendo fato danoso, contra ele, ergue-se a presunção de culpa. Deste modo, havendo
responsabilidade solidária o requerente tem a faculdade de ajuizar ação em face do
proprietário do veículo, do condutor do veículo ou de ambos conjuntamente. Na prática,
numa obrigação solidária, opta-se por recorrer àquele que melhor tem condições de reparar o
dano causado ou a ambos com fito de assegurar o cumprimento da sentença.
O Tribunal de Justiça de Sergipe reconheceu a responsabilidade solidária entre o condutor e o
proprietário do veículo na AC 2012205708, vejamos:
APELAÇAO CÍVEL - AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS C/C COBRANÇA DE PENSÃO MENSAL
VITALÍCIA E DANOS ESTÉTICOS - LEGITIMIDADE PASSIVA DO REQUERIDO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO
PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO COM O CONDUTOR - APLICAÇÃO DA TEORIA DA GUARDA DA COISA PERIGOSA OU
DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA - NULIDADE DA SENTENÇA - PROVIMENTO DO APELO - DECISÃO
UNÂNIME. (TJ-SE - AC: 2012205708 SE, Relator: DES. ROBERTO EUGENIO DA FONSECA PORTO, Data de
Julgamento: 11/06/2012, 1ª.CÂMARA CÍVEL) ( grifo nosso)
Destarte, estamos diante de uma presunçã o relativa de culpa daquele que, em determinado
acidente automobilístico, bateu seu veículo na traseira de outro que estava à sua frente,
entendimento corroborado pelo Tribunal Regional Federal da 2º Regiã o na AC
201051010049621 RJ, vejamos:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. PRESUNÇÃO RELATIVA DE CULPA POR BATIDA NA TRASEIRA. 1.
O art. 29, II, do CTB institui a presunção relativa de culpa daquele que bate na traseira do veículo de outrem,
sendo ônus da apelada ilidi-la. 2. No caso em tela, não foi produzida qualquer prova apta a afastar a
responsabilidade da apelada, sendo que há comprovação nos autos da direção pouco cautelosa do motorista da
recorrida para as condições de tráfego no momento do acidente. 3. Apelação provida. (TRF-2 - AC:
201051010049621 RJ 2010.51.01.004962-1, Relator: Desembargador Federal LUIZ PAULO S. ARAUJO FILHO, Data
de Julgamento: 25/05/2011, QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data:02/06/2011 -
Página:137) ( grifo nosso)
III-I DO DANO MATERIAL
Em que pese o que se extrai do artigo 186 do CC, sã o elementos indispensá veis à
caracterizaçã o do dano moral, com a sua consequente obtençã o de indenizaçã o, (a) a
ocorrência induvidosa do dano; (b) o nexo causal, que é a vinculaçã o entre determinada
açã o ou omissã o e o dano experimentado; e (c) a culpa, que, genericamente, engloba o dolo
(intencionalidade) e a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia),
correspondendo em qualquer caso à violaçã o de um dever preexistente.
É indiscutível o preenchimento desses requisitos, pois o réu descumpriu os artigos 28 e 29
do Có digo de trâ nsito brasileiro, e da sua conduta foi ocasionado o dano material ao autor
no valor em média de R$ 11.602, 24(onze mil seiscentos e dois reais e vinte e quatro
centavos), conforme uma média de três orçamentos de oficinas mecâ nicas em anexo.
III.II DO DANO MORAL
Na época dos fatos, o Autor transitava tranquilamente com seu veículo na via pú blica,
sempre guardando perfeita harmonia com a velocidade permitida da via que percorria e
adotando todas as providências necessá rias para assegurar a segurança. Contudo, apesar
de ter sido extremamente diligente em suas açõ es, o Autor fora surpreendido pela
conduta negligente e imprudente exclusiva do Réu que não observou a distância e a
velocidade compatível com o veículo automotor que estava parado à sua frente, de
propriedade do Autor, abalroando-o em sua traseira e dando causa ao aludido
acidente. Ademais, cumpre enfatizar que o Réu tentou evadir-se do local
imediatamente sem prestar esclarecimentos e não obstante tenha sido impedido
pela polícia que conseguiu lavrar o boletim de ocorrência o réu depois de
dispensado pela polícia saiu sem nenhum interesse em resolver aquele impasse de
maneira salutar e amigável, demonstrando total má-fé e desinteresse em solucionar
a situação.
Assim, o autor fora obrigado a suportar um profundo abalo do seu estado psíquico, moral e
intelectual, e, além disso, o prejuízo do veículo foi de tã o grande monta que o carro
simplesmente nã o funciona, pois o estrago foi tã o grande que é impossível rodar com o
carro. O que leva o autor a procurar outros meios de se locomover para ir par ao trabalho.
O requerente está andando de ô nibus, pois nã o tem condiçõ es de arcar com despesas de
taxi, ou moto taxi, e o tempo que o autor gasta para trafegar no ô nibus é bem maior do que
o que gastava de carro, o que fez com que o autor tivesse que mudar toda a sua rotina para
conseguir chegar ao trabalho no horá rio e conseguir resolver suas coisas do cotidiano.
Consequentemente isso vem lhe tirando o sossego e até mesmo o sono, situaçã o esta que
constitui, juridicamente, a existência de danos morais indenizá veis, conforme
jurisprudência:
DANO MORAL PURO. CARACTERIZAÇÃO. Sobrevindo, em razão de ato ilícito, perturbação nas relações psíquicas,
na tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral, passível de
indenização.” (REsp. Nº 8.768-SP, rel. Min. Barros Monteiro, julg. 18.02.1992, RSTJ 34/284)
Para tanto, a quantificaçã o do valor a ser arbitrado deverá atender nã o só uma possível
reparaçã o do prejuízo sofrido, mas também servir de caráter punitivo ou pedagógico,
de modo com que se iniba a consecução de práticas semelhantes e impossibilite que
estas possam ser reiteradas futuramente pelo agente causador do dano. O caráter
pedagógico vislumbra-se no sentido de inibir o réu a sair trafegando
irresponsavelmente, sem carteira de habilitação, causando prejuízo a terceiros.
Portanto, requer-se, desde já , que o quantum indenizató rio referente aos danos morais
experimentados pelo Autor possa ser arbitrado, por este douto Juízo, no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais)
III-III DO FORO ESPECIFICIDADE DO ART. 53, V.
Conforme boletim de ocorrência em anexo, a placa do veículo conduzido pelo réu é de
(cidade), e embora o Domicílio do Condutor seja desconhecido, é sabido que o proprietá rio
do veículo reside em (cidade) em local nã o sabido.
A fim de afastar qualquer preliminar de incompetência territorial que porventura venham
a ser suscitada pelos réus justifica-se a escolhe desse foro para propositura da açã o a
natureza da causa, pois estamos diante da relativizaçã o do artigo 46 do Có digo de Processo
Civil, aplicando-se o que dispõ e o artigo 53 inciso V do mesmo có digo, in litteris:
Art. 53. É competente o foro: [...] V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a açã o
de reparaçã o de dano sofrido em razã o de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.
IV- DOS PEDIDOS