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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO JUIZADO

ESPECIAL DA COMARCA DE VITÓRIA/ES.

A Requerente requer a tramitação do

presente feito pelo Juízo 100% digital,

conforme resolução n° 345 de 2020 do

CNJ.

ARIANE DE OLIVEIRA, brasileira, casada, administradora,


portadora da cédula de identidade n° 1597725, inscrita no CPF n° 88410803020,
residente e domiciliada na Rua Humberto Martins de Paula, 195, Torre Soho 2701,
CEP: 29050-225, Vitória/ES, por intermédio do seu advogado infrafirmado, conforme
procuração em anexo, vem, à presença de Vossa Excelência, propor a presente.

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS

Em face da GOL LINHAS AÉREAS S/A, inscrita no CNPJ/MF n.


07575651000159, com sede na Praça Senador Salgado Filho, S/N, Centro, CEP
20021340, Rio de Janeiro/RJ, consubstanciado nas razões de fato e de direito adiante
aduzidas.

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I. DOS FATOS

Inicialmente importa evidenciar que a parte autora se vinculou com a


empresa ré com o fulcro de ter segurança nas suas operações, bem como dispor dos
benefícios ofertados pela acionada.

In casu, a parte autora adquiriu passagens aéreas com partida dia 17 de


novembro de 2022, em Porto Alegre, às 13h35 min, escala em Congonhas e destino
final em Vitoria/ES, TRATAVA-SE DE UMA VIAGEM DE RETORNO DE
FÉRIAS.

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Ocorre que para a surpresa da parte Autora, o voo de conexão foi
modificado para Guarulhos, gerando diversos transtornos para a mesma, que
esperava chegar em casa as 17h35m, mas somente chegou ás 22h30m, mais de
05(cinco) horas depois, sentindo cansaço extremo, UM ABSURDO!

DESGASTE IMENSO PARA QUEM VOLTAVA DE UMA


TRANQUILA VIAGEM DE FÉRIAS, ONDE BUSCARA PAZ DE ESPÍRITO E
ACABOU RETORNANDO PARA CASA FRUSTRADA, E TAMBEM FOI
OBRIGADA A PERDER UM DIA DE TRABALHO, HAJA VISTA O CANSAÇO
QUE SENTIU PELOS ATRASOS.

Ao identificar os atrasos do voo, a parte requente entrou em contato


com a empresa aérea imediatamente, no entanto fora bruscamente informada de
que nada poderia ser feito quanto. PASME, EXCELENCIA!

Urge ainda salientar que de acordo com a ANAC (Agência Nacional de


Aviação Civil) em situações de atraso superior a 4 (quatro) horas o consumidor terá
direito a:

1. O PASSAGEIRO DEVE RECEBER GRATUITAMENTE DA


COMPANHIA AÉREA MEIOS DE COMUNICAÇÃO, COMO LIGAÇÕES
E ACESSO À INTERNET;

2. A EMPRESA AÉREA TAMBÉM DEVE OFERECER ALIMENTAÇÃO


AOS CLIENTES QUE FORAM AFETADOS. PODE SER NA FORMA DE
LANCHES E BEBIDAS DA PRÓPRIA COMPANHIA OU, AINDA, DE
VOUCHERS PARA CONSUMO NO AEROPORTO;

3. ALÉM DE TODAS AS ASSISTÊNCIAS JÁ CITADAS, AINDA É


RESPONSABILIDADE DA EMPRESA OFERECER UMA OPÇÃO DE
ACOMODAÇÃO OU HOSPEDAGEM, E TAMBÉM O TRANSPORTE ATÉ
O LOCAL DE HOSPEDAGEM. CASO O PASSAGEIRO ESTEJA NA SUA

3
CIDADE DE RESIDÊNCIA, ELE TERÁ DIREITO APENAS AO
TRANSPORTE ATÉ A SUA CASA E, DEPOIS, AO TRANSPORTE DE
VOLTA PARA O AEROPORTO

Portanto, não restou à requerente alternativa senão o ajuizamento da


presente demanda.

Resta claro a falha na prestação de serviço, decorrente das ações pérfidas e


negligentes da Ré, que permaneceu inerte ante as necessidades da Demandante, diante
de imbróglios causados por culpa exclusiva da requerida.

À vista disso, restam claros os relevantes prejuízos de ordem moral sofridos


pela Parte Autora, que agora urge por uma solução vinda do judiciário a fim de reparar
os danos suportados.

Em razão disso, restou apenas a propositura de ação judicial com vistas


a reparar o prejuízo que lhe foi causado, bem como pelo abalo psicológico advindo
da alteração de sua reserva.

Diante do exposto, resta claro que a Parte Acionante fora maculada,


ludibriada, humilhada e constrangida, sofrendo relevantes prejuízos à esfera subjetiva
do seu direito, legitimando-se para postulação da presente ação.

II) DO DIREITO
A) DA RESPONSABILIDADE CIVIL
No caso versado, não resta dúvida de que ocorreram danos a Parte
Autora, que encontra guarida na legislação pátria, em especial no instrumento jurídico
denominado responsabilidade civil, que abarca todos os acontecimentos que extravasam
o campo de atuação do risco profissional.

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Caracterizada está a culpa in vigilando e in eligendo, importando na
responsabilidade civil para o fim da reparação danos.

É corolário do disposto nos artigos 186, 187, 927 e 932 do CC:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito a titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigada a repará-lo.

Parágrafos único. Haverá obrigações de reparar o dano, independente de


culpa, nos casos especificada sem lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano, implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e


prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

Caio Mário da Silva Pereira ensina que:

O indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, o bom


conceito que desfruta na sociedade, os sentimentos que estornam a sua
consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção da
ordem jurídica" (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil.
9ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2012. p. 59).

O ilustre jurista Rui Stoco nos traz que:

A noção de responsabilidade é a necessidade que existe de responsabilizar


alguém por seus atos danosos (Responsabilidade Civil e sua Interpretação
Judicial, 4ª Editora RT, p..59)

5
Clayton Reis, em sua obra, assevera que:

Deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os


seus direitos e obrigações, pois "quanto maior, maior será a sua
responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica,
maior será o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio
necessário na condução de sua vida social". Continua dizendo que "dentro
do preceito do in dubio pro creditori consubstanciada na norma do art. 948
do Código Civil Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte
do processo indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma que a
compensação corresponda ao seu direito maculado pela ação lesiva
(Avaliação do Dano Moral, 2013, p. 221, Ed. Forense).

Vejamos o art. 14 do CDC:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

Do exame dos fatos, resta mais do que evidenciado que a hipótese


tratada é de responsabilidade civil objetiva decorrente de relação de consumo,
enquadrando-se Autores e Réu, respectivamente, nas definições legais de consumidor e
fornecedor de serviços, conforme artigos 2º e 3º da Lei nº 8.078/90.

Este diploma legal, instituído para atender o disposto pelo art. 5º, inciso
XXXII, da C.F., tem por objetivo o equilíbrio das relações de consumo e assegura os
direitos do consumidor, garantindo-lhe indenização por danos causados por defeitos

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relativos à prestação de serviços, independentemente da existência de culpa, na forma
do seu art. 14, já citado.

Acerca da matéria especificamente tratada nos autos, a jurisprudência


tem se manifestado no seguinte sentido:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRANSPORTE AÉREO DE PESSOAS. FALHA DO SERVIÇO. ATRASO
EM VOO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA RECONHECIDA A PARTIR DOS ELEMENTOS FÁTICOS
DOS AUTOS. SÚMULA 7/STJ. ACÓRDÃO ALINHADO À
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO. 1. A responsabilidade da companhia aérea é objetiva, pois "O
dano moral decorrente de atraso de vôo opera-se in re ipsa. O desconforto,
a aflição e os transtornos suportados pelo passageiro não precisam ser
provados, na medida em que derivam do próprio fato" (AgRg no Ag
1.306.693/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, DJe de
6/9/2011). Tribunal local alinhado à jurisprudência do STJ. 2. As
conclusões do aresto reclamado acerca da configuração do dano moral
sofrido pelos recorridos encontram-se firmadas no acervo
fático-probatório constante dos autos e a sua revisão esbarra na Súmula 7
do STJ. 3. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no Ag: 1323800
MG 2010/0113581-9, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de
Julgamento: 03/04/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
12/05/2014)

Restando presente os indícios da conduta ilícita e as ofensas praticadas,


patente está a configuração da responsabilidade de reparação civil.

B) DANOS MORAIS
Na presente demanda a parte acionante têm enfrentado grande prejuízo
em razão da falha na prestação de serviço perpetrada pela parte ré.

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DIREITO DO CONSUMIDOR. CANCELAMENTO INDEVIDO DE
RESERVAS DE PASSAGENS AÉREAS. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
DANO MORAL E MATERIAL CONFIGURADOS. RAZOABILIDADE DO
ARBITRAMENTO DA INSTÂNCIA INFERIOR. 1. A responsabilidade dos
fornecedores de serviços por danos causados aos usuários por
cancelamento indevido de passagens reservadas previamente é objetiva,
somente podendo ser afastada quando o defeito na prestação do serviço
inexistir ou ficar caracterizada a culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiros (art. 14, do CDC). 2. O cancelamento de voo, por situação alheia
ao passageiro, traduz dever de restituição do valor adimplido. 3. Deve-se
levar em conta a necessidade de atenuar o desconforto da vítima, bem
como dissuadir o causador de praticar novos atos considerados abusivos.
4. À míngua de critérios estritamente objetivos definidos em lei para a
fixação da indenização por dano moral, o valor arbitrado pelo juiz a quo,
quando não seja vil ou exorbitante, deve ser mantido. 5. Recurso de
apelação a que se nega provimento

(TJ-PE - APL: 4251636 PE, Relator: Democrito Ramos Reinaldo Filho,


Data de Julgamento: 23/03/2017, 1ª Câmara Regional de Caruaru - 2ª
Turma, Data de Publicação: 27/03/2017)

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS. TRANSPORTE AÉREO. RÉ QUE
OFERECEU PASSAGENS AÉREAS CORTESIA PARA COMPENSAR
ALTERAÇÃO DE VOO. CANCELAMENTO DA RESERVA DO VOO
CORTESIA, SEM AVISO PRÉVIO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO E DE
ASSISTÊNCIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MATERIAIS E MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO EM
R$3.000,00, PARA CADA AUTOR, POIS DE ACORDO COM OS

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PARÂMETROS ADOTADOS PELA TURMA RECURSAL EM CASOS
ANÁLOGOS. TERMO INICIAL DOS JUROS QUE DEVE OBSERVAR A
CITAÇÃO, VEZ QUE ATINENTE A RELAÇÃO CONTRATUAL.
PRECEDENTE DO STJ. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Recurso
Cível Nº 71006828883, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Luis Antonio Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em
20/10/2017).

(TJ-RS - Recurso Cível: 71006828883 RS, Relator: Luis Antonio


Behrensdorf Gomes da Silva, Data de Julgamento: 20/10/2017, Quarta
Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
24/10/2017)

A reparabilidade do dano moral é incontroversa, conforme dispõe a CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.

Ademais, assim dispõe o Código Civil brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e


prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.

O dano significou uma “agressão” à liberdade, intimidade, autoestima,


afirmação social e a própria honra, bens, inquestionavelmente, tutelados pela CF.

Nesta senda, a Lei nº. 8.078/90 – CDC dispõe que:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VI. “A garantia a efetiva prevenção, reparação de danos patrimoniais,


morais, individuais coletivos e difusos, assim órgãos judiciários e
administrativos, visando à prevenção ou reparação desses danos.

Caio Mario da Silva Pereira ensina sobre a fixação do dano moral:

A vítima de uma lesão a algum daqueles direitos sem cunho patrimonial


efetivo, mas ofendida em um bem jurídico que em certos casos pode ser
mesmo mais valioso do que os integrantes de seu patrimônio, deve receber
uma soma que lhe compense a dor ou o sofrimento, a ser arbitrada pelo
juiz, atendendo às circunstâncias de cada caso, e tendo em vista as posses
do ofensor e a situação pessoal do ofendido. Nem tão grande que se
converta em fonte de enriquecimento, nem tão pequena que se torne
inexpressiva (Da Responsabilidade Civil, nº 49, pág. 60, 16ª Edição, Ano
2012).

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O arbitramento do dano moral, segundo conhecida lição de Sergio
Cavalieri Filho, deverá observar os princípios da lógica do razoável, a saber:

Creio, também, que este é outro ponto onde o princípio da lógica do


razoável deve ser a bússola norteadora do julgador. Razoável é aquilo que
é sensato, comedido, moderado; que guarda uma certa proporcionalidade.
A razoabilidade é o critério que permite cotejar meios e fins, causas e
consequências, de modo a aferir a lógica da decisão. Para que a decisão
seja razoável é necessário que a conclusão nela estabelecida seja
adequada aos motivos que a determinaram; que os meios escolhidos sejam
compatíveis com os fins visados; que a sanção seja proporcional ao dano.
Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma
quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a
reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento
experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano,
as condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se
fizerem presentes (Programa de Responsabilidade Civil, item 19.5, págs.
97/98, 10ª Edição, Ano 2012).

O civilista Yussef Said Cahali afirma que:

Como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo


na vida do homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade
individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos.

Com relação à quantificação dos danos, registra-se a posição do STJ:

Na fixação do valor da condenação por dano moral, deve o julgador


atender a certos critérios, tais como nível cultural do causador do dano;
condição socioeconômica do ofensor e do ofendido; intensidade do dolo ou
grau da culpa (se for o caso) das repercussões do fato na comunidade em
que vive a vítima. Ademais, a reparação deve ter fim também pedagógico,

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de modo a desestimular a prática de outros ilícitos similares, sem que
servisse, entretanto, a condenação de contributo a enriquecimentos
injustificáveis (STJ – 3° Turma – Resp. 355.392 – RJ – Rel.a Min.a Nancy
Andrighi).

Não se pode deixar de favorecer compensações psicológicas aos


ofendidos moral que, obtendo a legítima reparação satisfatória, poderá, porventura, ter
os meios ao seu alcance de encontrar substitutivos, ou alívios, ainda que incompletos,
para o sofrimento.

Já que, dentro da natureza das coisas, não pode o que sofreu lesão moral
recompor o "status quo ante" restaurando o bem jurídico imaterial da honra, da moral,
da autoestima agredidos, por que o deixar desprotegido, enquanto o agressor se quedaria
na imunidade, na sanção? No sistema capitalista a consecução de recursos pecuniários
sempre é motivo de satisfação pelas coisas que podem propiciar ao homem.

Harmonizando os dispositivos legais feridos é de inferir-se que a


reparação satisfatória por dano moral é abrangente a toda e qualquer agressão às
emanações personalíssimas do ser humano, tais como a honra, dignidade, reputação,
liberdade individual, vida privada, recato, abuso de direito, enfim, o patrimônio moral
que resguarda a personalidade no mais lato sentido.

Não há, assim, que se perquirir acerca das repercussões do dano moral,
ou da efetividade lesiva por ele provocada, quando não é postulado ressarcimento de
cunho material, porquanto, como é elementar, independentemente da existência e prova
de prejuízos financeiros, por si só acarreta transtornos psíquicos, abalando-lhe a honra
subjetiva.

O DANO SIMPLESMENTE MORAL, SEM REPERCUSSÃO NO PATRIMÔNIO,


NÃO HÁ COMO SER PROVADO. ELE EXISTE TÃO-SOMENTE PELA OFENSA,

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E DELA É PRESUMIDO, SENDO BASTANTE PARA JUSTIFICAR A
INDENIZAÇÃO” (TJPR - REL. WILSON REBACK – RT 681/163).

Acresça-se a isso ser a responsável por essa reparação, instituição de


grande solidez e com forte atuação no mercado nacional e, inclusive, internacional, em
expressivo lucro anual e com excelente reconhecimento no mercado, a respeito da qual,
inclusive, mostram-se desnecessárias maiores digressões.

Como consequência lógica, parece-nos que a condenação deve ter um


alto valor arbitrado, para que esse valor tenha também um aspecto educativo, visando
reprimir a forma de atuação das empresas, forçando-a a repensar essa atuação, como
modo de inibir a repetição de atos como o denunciado nesta peça vestibular.

O dano moral é a dor em função da conduta contrária ao direito, ou o


efeito moral da lesão a interesse juridicamente protegido.

O valor da indenização a este título estabelecida se sujeita ao controle


do Superior Tribunal de Justiça, sendo certo que, na sua fixação, recomendável que o
arbitramento seja feito com moderação, não devendo constituir causa de
enriquecimento, mas sim indicar um juízo de reprovação.

Sua quantificação possui evidentemente um caráter subjetivo que acaba


variando de um magistrado para outro.

Todavia, certo é que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma
quantia que, de acordo com seu prudente arbítrio, se aproxime de uma compensação
capaz de amenizar o constrangimento experimentado, seja compatível com a
reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado
pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano e as condições sociais do
ofendido, além de observar o caráter preventivo, punitivo e pedagógico da verba.

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Vejamos o entendimento da Jurisprudência a respeito dos elementos que
devem ser considerados na quantificação da indenização:

APELAÇÃO - ATRASO DE VOO INTERNACIONAL - APLICAÇÃO DO


CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - INOCORRÊNCIA DA
PRESCRIÇÃO - DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO DANO
MORAL - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - REPARAÇÃO -
MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - RECURSO PROVIDO À
UNANIMIDADE. 1. A jurisprudência dominante do STJ se orienta no
sentido de prevalência das normas do CDC, em detrimento das Convenções
Internacionais, como a Convenção de Montreal precedida pela Convenção
de Varsóvia, aos casos de atraso de voo, em transporte aéreo internacional.
2. Os fatos ocorreram no dia 25 de julho de 2006 e a ação foi ajuizada em
22 de julho de 2009, portanto dentro do prazo prescricional de cinco anos
previsto no CDC. 3. A reprogramação imotivada de voos, surpreendendo os
passageiros que se apresentam para o embarque, configura efetiva falha na
prestação do serviço de transporte aéreo, ensejando o dever de reparação.
4. Os prejuízos advindos do atraso de voo não necessitam de comprovação
do abalo à honra ou à reputação do passageiro, pois afiguram-se in re
ipsa, isto é, são presumidos, em face de a prova nesta modalidade
mostrar-se difícil e pela obviedade dos efeitos noviços causados pelo
evento. (...) (TJ-PE - APL: 1264623920098170001 PE
0126462-39.2009.8.17.0001, Relator: Francisco Eduardo Goncalves
Sertorio Canto, Data de Julgamento: 16/02/2012, 3ª Câmara Cível, Data
de Publicação: 38)

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA A


INADMISSÃO DERECURSO ESPECIAL. TRANSPORTE AÉREO DE
PESSOAS. FALHA DO SERVIÇO. ATRASO EM VÔO. PERDA
DECONEXÃO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS.
QUANTUMINDENIZATÓRIO RAZOÁVEL. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O dano moral decorrente de atraso de
vôo opera-se in re ipsa. O desconforto, a aflição e os transtornos
14
suportados pelo passageiro não precisam ser provados, na medida em que
derivam do próprio fato. 2. O entendimento pacificado no Superior
Tribunal de Justiça é deque o valor estabelecido pelas instâncias
ordinárias a título de reparação por danos morais pode ser revisto tão
somente nas hipóteses em que a condenação revelar-se irrisória ou
exorbitante, distanciando-se dos padrões de razoabilidade, o que não se
evidenciando presente caso. Desse modo, não se mostra exagerada a
fixação, pelo Tribunal a quo, em R$ 8.000,00 (oito mil reais) a título de
reparação moral em favor da parte agravada, em virtude dos danos
sofridos por ocasião da utilização dos serviços da agravante, motivo pelo
qual não se justifica a excepcional intervenção desta Corte no presente
feito, como bem consignado na decisão agravada. 3. A revisão do julgado,
conforme pretendido, encontra óbice na Súmula 7/STJ, por demandar o
vedado revolvimento de matéria fático-probatória. 4. Agravo regimental a
que se nega provimento. (STJ - AgRg no Ag: 1306693 RJ 2010/0085321-0,
Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 16/08/2011, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/09/2011)

Destarte, configurados o ato ilícito, o dano e o nexo causal, presente


está o dever de indenizar os danos morais reclamados, restando ainda o exame do valor
da indenização dos danos morais.

Portanto, conclui-se que a qualquer modalidade de dano moral,


deverá responder a uma justa reparação, a partir do momento em que ficar caracterizado
o ilícito civil gerador da obrigação de indenizar.

IV. DOS PEDIDOS:

Neste diapasão, em consonância com a norma processual que rege a


presente ação, requer a procedência dos seguintes pedidos:

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a) A citação da Parte Ré para, querendo, contestar o feito, sob pena de
revelia;
b) Em face dos danos relatados atinentes aos fatos, que Parte Ré seja
condenada ao pagamento de indenização por dano moral na quantia de R$ 30.000,00
(trinta mil reais);
c) Inversão do ônus da prova em favor da Parte Autora, conforme
autoriza Art. 6º, Inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
d) Requer se necessário, provar o alegado pelos meios admitidos em lei
e pelo depoimento pessoal do representante legal, e ainda, provas documentais, periciais
e testemunhais.
e) O Autor requer a tramitação do presente feito pelo Juízo 100%
digital, conforme resolução n ° .345 de 2020 do CNJ;
f) Diante do exposto, requer a tramitação do processo no modelo juízo
100% digital, na qual permite a realização de audiência por videoconferência, baseado
no princípio da celeridade e economia processual, informando para tanto os dados
necessários: E-mail - ovc@ovcadvogados.com.br / telefone: (71) 99600-1114;
g) A habilitação EXCLUSIVA dos advogados VICTOR VALENTE
SANTOS DOS REIS, inscrito na OAB/BA sob no 39.557, JOSÉ CRISOSTEMO
SEIXAS ROSA JUNIOR, inscrito na OAB/BA sob o no 41.361 e DAVID OLIVEIRA
DA SILVA inscrito na OAB/BA sob o no 32.387 nos autos da presente ação, conforme
procuração já anexa;

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

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Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Salvador, 08 de fevereiro de 2023.

DAVID OLIVEIRA DA SILVA


OAB/BA 32.387

RODRIGO FERNANDES
OAB/BA 38.993
LUIZY BEATRIZ SANTOS MELO
ESTAGIÁRIA DE DIREITO

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