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Em face de AZUL LINHAS AÉREAS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob
nº 09.296.295/0001-60, empresa cadastrada em citaçã o eletrô nica, pelos fatos e
fundamentos que passa a expor:
1. NARRATIVA FÁTICA.
Voo cancelado sem aviso prévio. Viagem a trabalho. Cancelamento de atendimentos.
Cabe salientar que o Autor ficou aguardando a resoluçã o do problema por diversas horas,
sem qualquer assistência de transporte e alimentaçã o, resultando em perda de tempo ú til,
estresse e prejuízos.
Como consequência direta do cancelamento repentino do voo, o Autor, que é dentista, teve
que cancelar e remarcar vá rios atendimentos odontoló gicos com os pacientes agendados
para o mesmo dia em Tefé-AM, resultando em perda de renda e danos financeiros
considerá veis.
Portanto, o Autor busca reparaçã o por meio deste processo judicial, solicitando
compensaçã o pelos danos sofridos, incluindo a perda de renda e os prejuízos financeiros
resultantes do cancelamento do voo, de acordo com as leis de proteçã o do consumidor e
demais normas aplicá veis.
Os Autores tiveram sua viagem remarcada para o dia 25/09/2023, mais de 24 horas apó s o
cancelamento, ou seja, tampouco importava se os Autores tinham compromissos ou
tiveram gastos extras em razã o do cancelamento.
Vê-se, portanto, Excelentíssimo Juiz, que os Autores perderam mais de 1 dia, o que,
evidentemente, tal fato lhes causaram significativa frustraçã o, já que se tratava de uma
viagem curta, em razã o dos atendimentos que iria realizar no dia 24 e 25/09.
Excelência, o Autor teve que remarcar todos seus atendimentos, prejudicando inclusive os
posteriores que também estavam agendados, virando uma “bola de neve”. Segue algumas
conversas sobre os atendimentos. (anexo ao processo).
Além disso, nã o se pode ignorar todo o cansaço e irritaçã o que envolveu aguardar um dia
inteiro para embarcar somente no outro dia, e mesmo assim sem ter certeza de que o voo
efetivamente seria realizado, o que lhe causou tensã o durante o período entre o voo no
qual deveria ter embarcado e aquele em que de fato embarcou.
2. DA FUNDAMENTAÇÃO.
Do Ato ilícito praticado pela Ré. Falha na prestaçã o de serviço – Cancelamento de voo Compensaçã o
por dano extrapatrimonial – Responsabilidade Objetiva.
Conforme relatado, o Autor teve seu voo cancelado e nã o houve qualquer auxílio, gerando
diversos transtornos, pois a remarcaçã o do voo aconteceu somente para 1 dia depois.
Sabe-se que pela legislaçã o, a companhia aérea tem no mínimo a obrigaçã o de remanejar
para outro voo mais pró ximo, além de prestar auxílio de transporte, alimentaçã o e
eventualmente hotel, o que nã o ocorreu no presente caso.
Trata-se de dano inequívoco causado pela empresa Ré, gerando o dever de indenizar.
Afinal, todo planejamento dos Autores foi rompido por uma falta de cautela da Ré, gerando
o dever de ressarcir todo o prejuízo causado.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente processo, a
empresa Ré ao falhar na sua prestaçã o de serviços, deixou de cumprir com sua obrigaçã o
primá ria de zelo e cuidado com os clientes, expondo os Autores a um constrangimento
ilegítimo, gerando o dever de indenizar.
De início, cumpre enfatizar que os danos morais suportados pelo requerente decorreram
nã o apenas do cancelamento do voo sofrido, e sim de todos os compromissos e todo o
desgaste físico e emocional passado pelos Autores, que piora pelo fato de o Autor ter
compromissos com terceiros, ou seja, seus pacientes.
Os danos morais caracterizam-se pelo desgaste físico e psíquico anormal enfrentado pelo
consumidor e devem ser reparados, conforme garantia constitucional, na exata proporçã o
em que sofridos, vedada qualquer limitaçã o contratual ou legal (art. 25 do CDC).
O dano moral é aquele que afeta a personalidade e, de alguma forma, ofende a moral e a
dignidade da pessoa. Doutrinadores têm defendido que o prejuízo moral que alguém diz ter
sofrido é provado in re ipsa (pela força dos pró prios fatos). Pela dimensã o do fato, é
impossível deixar de imaginar em determinados casos que o prejuízo aconteceu.
Nada obstante, a situaçã o dos autos, sem dú vidas, deixa claro que houve inegá vel subtraçã o
indevida do tempo do autor pela ré – tempo esse extremamente essencial na sociedade
contemporâ nea, conforme liçã o de Claudia Lima Marques e Bruno Miragem.1
Nessa ordem de ideias é que vem ganhando relevo na doutrina e jurisprudência brasileiras
a tese do chamado “dano temporal”, que diz respeito à quelas situaçõ es em que o
consumidor é submetido à perda de seu tempo de vida por conta de atos e omissõ es dos
fornecedores no mercado de consumo.
1
“O nosso tempo é finito, e economicamente, o tempo do homo o economicus et culturalis do século XXI é o tempo
do lazer, da família e do prazer, um tempo de realização e acesso às benesses da sociedade de consumo, mas cada
vez mais é um tempo de conflito com os fornecedores...
Por sua vez, também o STJ já sinaliza no sentido do acolhimento da reparabilidade do
desperdício indesejado do tempo do consumidor, tendo a Ministra Nancy Andrighi se
manifestado nesse sentido ao relatar o REsp 1.634.851.
Perceba-se que, quanto ao valor pretendido a título de compensaçã o por danos morais em
casos como o dos autos, o TJAM o tem fixado em R$10.000,00 (dez mil reais).
Perceba-se, Excelência, que nã o se pede nestes autos compensaçã o por dano moral stricto
sensu, mas sim compensaçã o pela perda de parte do tempo de vida do autor. Afinal, como
valorar o tempo, as experiências perdidas e as expectativas frustradas de uma viagem?
a. A citaçã o do Réu, de forma online, haja vista a empresa operar por essa modalidade de
citaçã o, para que, querendo, apresente Contestaçã o e proposta de acordo, sob pena de
revelia e confissã o.
b. A citaçã o para que seja determinado a apresentaçã o de proposta de acordo no mesmo prazo
da Contestaçã o.
c. A Procedência da Açã o, para condenar o Réu ao pagamento de indenizaçã o por danos
morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para PEDRO
d. A condenaçã o do réu ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios advocatícios,
nos termos do artigo 85 do Có digo de Processo Civil.
Victor
OAB/