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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA DO JUIZADO

ESPECIAL DA COMARCA DE CUIABÁ/MT

xxxxxx (qualificação completa), por intermédio de sua advogada e bastante procuradora


(procuração em anexo), com escritório profissional sito à Rua xxxxxxx, onde recebe
notificações e intimações, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a
presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face da LATAM Airlines Brasil pessoa jurídica de direito privado, CNPJ


02.012.862/0001-60, situada na situada no Aeroporto Internacional Marechal Rondon na

Avenida João Ponce de Arruda, s/n, Jardim Aeroporto, Várzea Grande – MT, CEP 78.110-
370, na pessoa de seu representante legal, pelas razões de fato e de direito que passa a
expor

I – DOS FATOS

As Requerentes logo que souberam do VI Encontro nacional e VI Colóquio Internacional


“CORPO FREUDIANO ESCOLA DE PSICANÁLISE”, em maio/2016, em Búzios/RJ,
começaram a se organizar para participar do mesmo e então fizeram cotação de passagens
aéreas e inscrição no referido Congresso.

Verifica-se que, as autoras adquiriram, através de uma agência de viagens, com a


colaboradora Luciana, bilhetes de transporte aéreo junto à requerida saindo de Cuiabá/MT
no dia 24 de novembro de 2016 e voltando, do Rio de Janeiro/RJ, no dia 27 de novembro
de 2016 às 22:15hs com chegada em Cuiabá as 23:27hs, conforme passagem em anexo.

Ocorre Excelência, que a viagem programada não transcorreu da forma que as autoras
haviam pactuado com a requerida, a qual gerou graves transtornos e danos irreparáveis
que explanaremos a seguir.

Pois bem, no dia 01 de novembro de 2016, as Requerentes foram avisadas que a


Requerida cancelou o voo de volta (27/11/16), sem apresentar nenhuma justificativa, e não
aceitou realoca-los em outros voos, para que fosse mantido o horário.

Insta salientar que os voos foram escolhidos com muita cautela, pois era necessário
compatibilizar o horário do fim do Congresso, tempo de trajeto de Búzios até o Rio de
Janeiro, ter tempo suficiente para realizar o check-in com, pelo menos, 01 (uma) hora de
antecedência e no dia seguinte estar no destino final para trabalhar.

Então as Requerentes pesquisaram outros horários e se viram com duas opções: perder o
último dia do congresso (27/11) ou perder um dia de trabalho (28/11), visto que o horário do
novo voo imposto pela companhia passou a ser as 16:30hs, fazendo com que as Autoras
tivessem que sair de Búzios logo no dia 27/11 pela manhã e, consequentemente, perdendo
o último dia do Congresso.
Dessa forma, as Autoras optaram por voltar no dia 28/11, pois esperaram muito tempo para
participar do referido congresso e então, depois de todo transtorno causado pela Ré,
desmarcaram todos os pacientes agendados para a data.

Ressalta-se que as Autoras são profissionais liberais e não podem se dar ao luxo de perder
um dia de trabalho, então era de suma importância retomarem suas atividades no dia
seguinte (segunda-feira), o que não ocorreu e, se viram obrigadas a cancelar a agenda
inteira de pacientes, conforme documento acostado aos autos.

Em razão do renome que a empresa possui no mercado, as requerentes confiaram na boa


fé da requerida e na qualidade de seus serviços, contudo, não obteve êxito, vez que
presenciou o total descaso da empresa com os seus consumidores, pois a Ré não arcou
com nenhuma despesa adicional e, não programada, das Requerentes, como a
hospedagem e alimentação do dia 27/11, sob a alegação de que o trecho comprado era Rio
de Janeiro – Cuiabá e o fato de as Requerentes irem para Búzios (local que não possui
aeroporto) não haveria, então, obrigação de arcar com nenhum custo adicional.

Sendo assim, as Requerentes pagaram o valor de R$ 140,00 de hotel e toda a alimentação


no dia 27/11 e 28/11.

Diante do acontecido as requerentes sentiram-se impotentes, inseguras e angustiadas ao


verem impedidas de embarcarem em seu voo no horário e data previamente programado e
ver seus compromissos prejudicados em decorrência do cancelamento do voo, bem como,
ficaram indignadas pela má prestação de serviço da empresa, vez que houve claro
rompimento do contrato firmado com o consumidor.

Tal prática é comum pelas companhias aéreas, que vendem mais bilhetes do que assentos
e aeronaves disponíveis, que alegam motivos operacionais, manutenção não programada
nas aeronaves e remanejamento da malha aérea, bem como cancela a qualquer hora os
voos sem prévia comunicação, causando assim, tais transtornos e abalos psíquicos na vida
dos consumidores.

II – DO DIREITO

DA CONFIGURAÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO

Inicialmente, cumpre trazer alguns esclarecimentos acerca do Código Brasileiro de


Aeronáutica, da Convenção de Varsóvia e do Código de Defesa do Consumidor
contrapondo-a.

É incontestável que a empresa Requerida é fornecedora de serviços e as requerentes são


consumidoras desses serviços, caracterizando-se assim a relação de consumo, e a
consequente aplicação do Código de Defesa do Consumidor.

Este é categórico ao classificar como fornecedor aquele que presta serviço de qualquer
natureza, ressalvando expressamente no § 2º do art. 3º, que serviço é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza da
presente, um serviço público de transporte realizado mediante permissão concedido pelo
Estado.

O CDC, reforçando, impõe aos permissionários públicos o dever de fornecer serviços


adequados, eficientes, seguros e contínuos. Destarte, as empresas de transportes,
constituídos como verdadeiros prestadores de serviços públicos, de acordo com o Código
de Defesa do Consumidor, devem responder objetivamente, segundo os critérios da
responsabilidade independente de culpa, pelos prejuízos causados a seus clientes e meros
usuários.

Veja Excelência, a empresa Requerida não cumpriu com os termos do contrato firmado, que
seria transportar as requerentes ao seu destino dentro da data programada, desta forma,
deverá indenizar dos prejuízos sofridos. O dever de indenizar do transportador em serviços
aéreos decorre de Lei e está previsto nos artigos 256, 257 e 287 da Lei 7565/86, cumprindo
trazer à baila a transcrição de tais disposições:

"Art. 256. O transportador responde pelo dano decorrente:

1- de morte ou lesão de passageiro, causada por acidente ocorrido durante a execução do


contrato de transporte aéreo, a bordo de aeronave ou no curso das operações de embarque
e desembarque;

II - de atraso do transporte aéreo contratado.

§ 1º O transportador não será responsável:

a) no caso do item I, se a morte ou lesão resultar, exclusivamente, do estado de saúde do


passageiro, ou se o acidente decorrer de sua culpa exclusiva;

b) no caso do item II, se ocorrer motivo de força maior ou comprovada determinação da


autoridade aeronáutica, que será responsabilizada.

§ 2º A responsabilidade do transportador estende-se:

a) a seus tripulantes, diretores e empregados que viajarem na aeronave acidentada, sem


prejuízo de eventual indenização por acidente de trabalho;

b) aos passageiros gratuitos, que viajarem por cortesia."

Portanto, o passageiro que tem grandes problemas com o cancelamento injustificado de


voo, é considerado consumidor, pois se encaixa na definição do Código de Defesa do
Consumidor, configurando-se, entre o passageiro e a companhia aérea, a relação
"CONSUMIDOR-FORNECEDOR-PRODUTO OU SERVIÇO".

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Existem no Código de Defesa do Consumidor dois modelos de responsabilidade, quais


sejam, por vícios de qualidade ou quantidade dos produtos ou serviços e por danos
causados aos consumidores, os propalados acidentes de consumo. Nos casos de acidente
de consumo o defeito no serviço ultrapassa os limites do próprio defeito do serviço, ou seja,
em decorrência desse defeito são causados danos aos consumidores.

Apenas para exemplificar, no caso de vido de qualidade ou adequação, previsto no art. 18 e


seguintes do CDC, a perda patrimonial não ultrapassa os limites de valor do próprio serviço
defeituoso, na exata medida da sua imprestabilidade. Já nos ditos acidentes de consumo ou
defeitos de insegurança, previsto nos arts. 12 a 17 do CDC, os danos ultrapassam em muito
os limites valorativos do serviço.

Desta feita, a responsabilidade civil das empresas áreas se explica nos termos do art. 14 do
CDC, ou seja:

"O fornecedor de serviço responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação de danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua fruição e
riscos".

Então, como prestador de serviços, a Requerida deve responder pelos vícios na prestação
do serviço, e principalmente pelos danos decorrentes dos aludidos acidentes de consumo.

Nesse diapasão, o ilustre professor Zelmo Denarí, assevera que:

A colocação de bens ou serviços no mercado de consumo a cargo dos fornecedores in


genere suscita, em contrapartida, a relação de responsabilidade, decorrente do
inadimplemento de obrigação contratual (responsabilidade, decorrente do inadimplemento
de obrigação contratual (responsabilidade contratual) ou da violação de direitos tutelados
pela ordem jurídica de consumo (responsabilidade extracontratual).

Nesta hipótese, invertem-se os papéis dos respectivos partícipes, pois os consumidores é


que figuram no polo ativo da relação da responsabilidade, com vistas à reparação dos vícios
de qualidade ou de quantidade dos produtos ou serviços, bem como dos danos decorrentes
dos acidentes de consumo."

(DENARI, Zelmo in CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Comentado


pelos Autores do Anteprojeto. 7. A ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2001, pp. 154-
55).

Conforme se vê no caso em tela a responsabilidade é objetiva, ou seja, independe de culpa.


Nesse diapasão colacionamos a magistral lição do mestre Rui Stocco, in Tratado de
Responsabilidade Civil, 5a edição - São Paulo - Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 500,
vejamos:

se o fornecedor - usada a expressão em seu caráter genérico e polissêmico - se propõe a


explorar atividade de risco, com prévio conhecimento da extensão desse risco; se o
prestador de serviços dedica-se à tarefa de proporcionar segurança em um mundo de crise,
com violência exacerbada da atividade criminosa, sempre voltada para os delitos
patrimoniais, há de responder pelos danos causados por defeitos verificados nessa
prestação, independentemente de culpa, pois a responsabilidade decorre do só fato objetivo
do serviço e não da conduta subjetiva do agente.

Assim, não há que cogitar a existência ou não de culpa, pois a responsabilidade é pelo fato
do serviço, não sendo necessário investigar a conduta do fornecedor de serviços, mas
apenas se deu causa ao serviço, ou seja, se é o responsável pela sua colocação no
mercado de consumo.

Para que a responsabilidade se aperfeiçoe, há necessidade do concurso de três


pressupostos, que são: a) defeito do serviço; b) evento danoso; e c) nexo de causalidade
entre o defeito do serviço e o dano. No caso sub judice resta claro a presença de todos os
requisitos acima descritos.

DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Como já aludido, as permissionárias de serviços públicos quando da prestação de serviços


aéreos devem pautar suas ações por um respeito irrestrito aos interesses do cliente,
devendo exercer vigilância contínua sobre as unidades de seus complexos, devendo,
outrossim, executar seus serviços com esmero e lisura, sob pena de prestar um serviço
defeituoso ou com vicio.

Conforme brilhantemente preleciona o Ilustre Professor Zelmo Denari, entende-se por


defeito ou vido de qualidade a:

"... Qualificação de desvalor atribuída a um produto ou serviço por não corresponder à


legítima expectativa do consumidor, quanto à sua utilização ou fruição (falta de adequação),
bem como por adicionar riscos à integridade riscos à integridade física (periculosidade) ou
patrimonial (insegurança) do consumidor ou de terceiros. Partindo desse conceito, um
produto ou serviço é defeituoso quando não corresponde à legítima expectativa do
consumidor a respeito de sua utilização ou fruição, vale dizer, quando a desconformidade
do produto ou serviço compromete a sua prestabilidade ou servibilidade. Nesta hipótese,
podemos aludir a um vício ou defeito de adequação do produto ou serviço. Por outro lado,
um produto ou serviço é defeituoso, da mesma sorte, quando sua utilização ou fruição é
capaz de adicionar riscos à segurança do consumidor ou de terceiros. Nesta hipótese,
podemos aludir a um vício ou defeito de segurança do produto ou serviço (...) A insegurança
é um vício de qualidade que se agrega ao produto ou serviço como um novo elemento de
desvalia. De resto, em ambas as hipóteses, sua utilização ou fruição suscita um evento
danoso (eventus damni) que se convencionou designar como "acidente de consumo".
(DENARI, Zelmo in CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Op. Cit., pp.,
155-56)

Ao realizar o serviço para qual se prestou, as empresas de transporte aéreo assumem os


riscos pelo defeito no serviço. Esta responsabilidade se traduz simplesmente no fato
concreto de dever a mesma prestar um serviço à altura da dignidade do ser humano, o que
não aconteceu no presente caso, já que uma grande sequela emocional foi deixada,
resultada do serviço defeituoso oferecido por parte da Requerida.
Esses fatos por si só evidenciam o defeito na prestação do serviço de maneira
inquestionável.

DO DANO MORAL

Os problemas causados em razão da negligência da Requerida, decorrente do


cancelamento injustificado do seu voo, ausência de informações prévias sobre o
cancelamento, a falta de assistência com os custos de mais um dia de viagem, o não
embarque das requerentes no dia previsto contratualmente, geraram o sentimento de
impotência, desrespeito, insegurança e angústia as requerentes, além do irrefutável fato das
mesmas, se verem impedidas de embarcarem em seu voo no horário previamente
programado e ver seus compromissos profissionais prejudicados em decorrência dos fatos.

Depreende-se que as Requerentes foram vítimas da negligência da Requerida. As


Requerentes pela prática de atos ilegais perpetrados pela Requerida, experimentaram o
desrespeito, demora, desconforto, aflição e demais transtornos enquanto passageiro, fatos
que por si só traduzem na clara obrigação da Requerida de indenizar, a título de dano
moral.

O dano moral suportado pelas Requerentes é ainda agravado pelo fato da mesma ser
coagida a fazer uma opção de voo num horário e data que não foi a que escolheram e
compraram, E, AINDA, VER SEUS COMPROMISSOS PROFISSIONAIS PREJUDICADOS,
CHEGANDO NO DESTINO FINAL SEM O DESCANSO SUFICIENTE PARA RETORNAR
AS SUAS ATIVIDADES DIÁRIAS.

Eduardo Arruda Alvim e Flávio Cheim Jorge ensinam:

"Há, é claro, que se analisar, se o caso concreto, está em face de relação albergada pelo
Código de Proteçâo e Defesa do Consumidor. Tal poderá perfeitamente suceder se estiver
em face de uma relação de consumo, pura e simples, como é o caso do consumidor que
sofre danos em sua bagagem. Nesse caso, a responsabilização do fornecedor
transportador aéreo não se limita ao teto do art. 260 da Lei 7.505/86, supramencionada"
(Op. Cit. Pág. 133).

A previsibilidade de problemas técnicos ou operacionais que culminam em cancelamento e


atrasos de voos traduzem em riscos da sua própria atividade empresarial. O cancelamento
de voo se traduz em ato ilícito passível de indenização. Assim, a falta de justificativa pela
Reclamada para o ocorrido cancelamento, deve ser identificada como dano causado a
outrem, na forma preconizada no artigo 927, do Código Civil, in verbis:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

De igual feita, o Código de Defesa do Consumidor estabelece quanto a responsabilidade


objetiva do prestador de serviços, no artigo 14 já supracitado. A jurisprudência pátria há
muito vem reconhecendo de forma pacifica o dano moral em circunstância análoga a
relatada nos autos. A respeito do tema, o colendo

Superior Tribunal de Justiça orienta:

APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE. TRANSPORTE DE PESSOAS. AÇÃO


CONDENATÓRIA POR DANOS MORAIS. CANCELAMENTO INJUSTIFICADO DE VOO.
PERDA DE EXPEDIENTE DE TRABALHO. "QUANTUM" INDENIZATÓRIO. Desbordam da
esfera do mero dissabor cotidiano e configura dano moral, as circunstâncias de
cancelamento injustificado do vôo inicialmente aprazado pela autora e do seu remanejo
para vôo em data anterior, acarretando-lhe a perda do expediente de trabalho. Dano moral
na modalidade "in re ipsa", inerente ao próprio fato. "Quantum" indenizatório fixado em
R$3.500,00 (três mil e quinhentos reais), com acréscimo de juros de mora, de 1% ao mês,
desde a citação, e correção monetária, pelo IGP-M, desde este julgamento (Súmula n.
362/STJ). Recurso de apelação provido. (Apelação Cível Nº 70058768276, Décima
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack,
Julgado em 23/04/2015). (TJ-RS - AC: 70058768276 RS, Relator: Umberto Guaspari
Sudbrack, Data de Julgamento: 23/04/2015, Décima Segunda Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 27/04/2015)

Isto posto toma-se imperativa a apuração dos danos morais em favor das Requerentes,
devidamente arbitrados por esse Juízo e mensurados conforme exporemos no tópico
seguinte.

DO "QUANTUN" INDENIZATÓRIO

Inexistindo critérios objetivos traçados em lei para chegar-se diretamente ao valor da


indenização, e porque é mesmo da essência do dano moral não possuir medida material ou
física correspondente, o nosso ordenamento pátrio adotou o arbitramento como melhor
forma de liquidação do valor indenizatório. A regra está contida no artigo 944 do Código
Civil: "A indenização mede-se pela extensão do dano."

A moderna noção de indenização por danos morais, quanto aos seus objetivos imediatos e
reflexos, respectivamente, funda-se no binômio 'Valor de desestímuloevalor
compensatório".

O valor de desestímulo deve se atrelar sobremaneira a intimidar o reclamado a evitar a


prática de novos atos neste mesmo sentido, ou ainda, a prestar os esclarecimentos e
atendimentos primordiais aos seus clientes caso ocorra fatos análogos.

Por seu turno, o valor compensatório deve pautar-se pelo fato de compensar os danos
sofridos no âmago íntimo por parte do reclamante.

Isto posto, para evitar maiores erros por parte da Requerida, inclusive na sua má prestação
de serviços, e evitar novamente que cometa abusos, imperioso se faz em fixar o montante
referente à indenização por danos morais no valor equivalente a R$ 30.000,00 (trinta mil
reais), do qual deverá ser corrigidos monetariamente pelo INPC, mais juros moratórios de
um por cento desde a data do evento danoso ( CC, art. 398), somente assim irá respeitar os
ditames consumerista.

DO DANO MATERIAL

Quanto à lei, doutrina e à jurisprudência não resta qualquer dúvida de que os danos
deverão ser suportados pela Ré. A obrigação de indenizar nasce, no caso em tela, da
ausência de assistência para hospedagem e alimentação da Ré diante das Autoras.

Conforme menciona o CDC, o fornecedor dos serviços responde pela reparação dos danos
causados ao consumidor, mesmo que o fornecedor seja independente de culpa, como já
exposto acima.

Dessa forma, as Requerentes têm o direito de pedir que lhe sejam reparados os danos
materiais em função da deficiência na prestação dos serviços, pois, não são raras as vezes
que a Ré desmarca voos ou altera seus horários, então, imagina-se que o mínimo que
poderia ser feito seria fornecer hospedagem e alimentação para seus consumidores.

O CDC é claro quando dispõe, em seu art. 14, já citado acima, que o fornecedor responde
por todos os prejuízos causados ao consumidor. Tal prejuízo é comprovado por documento
acostado aos autos e merece reparação.

Além disso, a jurisprudência é pacifica no assunto, vejamos:

JUIZADOS ESPECIAIS. CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. CANCELAMENTO DE


VOO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. PASSAGEIRO OBRIGADO A PERNOITAR
NO EXTERIOR. CUSTEIO DE DIÁRIAS DE HOTEL E ALIMENTAÇÃO. DANO MATERIAL.
COMPROVAÇÃO. EMPRESA AÉREA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. EXCLUDENTE.
NÃO CONFIGURAÇÃO. DANO MORAL. VALOR. ADEQUAÇÃO. RECURSO CONHECIDO
E PARCIALMENTE DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Trata-se de recurso
interposto em face da sentença que, resolvendo a ação de reparação de danos em razão
do cancelamento de voo e permanência de 2 dias em cidade do exterior, julgou
parcialmente procedentes os pedidos e condenou a TAM Linhas Aéreas S/A a pagar à parte
autora a quantia de R$ 2.993,43 (dois mil, novecentos e noventa e três reais e quarenta e
três centavos), a título de indenização por danos materiais, e de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), a título de indenização por danos morais. 2. A cópia de procuração e de
substabelecimento comprovam de forma satisfatória o mandato, dispensada a autenticação
ou a juntada posterior dos originais (Precedentes do STJ: REsp 1204556 RS, REsp
1151790 RS). Preliminar de não conhecimento suscitada nas contrarrazões rejeitada. 3.
Pela sistemática do Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 14, a responsabilidade
civil nos casos como o dos autos é objetiva, a qual independe de demonstração de culpa.
Não sendo reconhecida a excludente prevista no § 3º, inciso II, do citado artigo, surge o
dever de indenizar atribuído à empresa aérea. 4. Incontroverso o cancelamento do voo do
trecho Nova York-Guarulhos, com embarque previsto para o dia 13/02/2014, às 07h45, e
desembarque no mesmo dia, às 20h20, o que acarretou a necessidade de permanência da
recorrida em Nova York/EUA por 02 dias e, por consequência, o pagamento de despesas
realizadas com estadia e alimentação (fls. 34 e 36). Não há dissenso, pois, quanto a esses
fatos narrados pela recorrida e comprovados nos presentes autos. 5. No caso, deve ser
ressaltado que eventual cancelamento decorrente de força maior não exime a empresa
aérea de prestar a devida assistência material, conforme determinação do art. 14, § 1º, III,
da Resolução da ANAC n.º 141, de 9 de março de 2010. 6. De seu turno, a falha na
prestação do serviço causou transtornos que ultrapassam o mero aborrecimento do
cotidiano, o que impõe o dever de indenizar os danos morais suportados. Desta feita,
restando caracterizado o dano moral, cabe ao magistrado mensurar o valor da indenização,
considerando a sua indenização e os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade. 7. A
primeira finalidade da reparação do dano moral versa sobre a função compensatória,
caracterizada como um meio de satisfação da vítima em razão da privação ou violação de
seus direitos da personalidade. Nesse caso, o sistema jurídico considera a repercussão do
ato ilícito em relação à vítima. Outrossim, a segunda finalidade refere-se ao caráter punitivo,
em que o sistema jurídico responde ao agente causador do dano, sancionando-o com o
dever de reparar a ofensa imaterial com parte de seu patrimônio. Por último, a terceira
finalidade da reparação do dano moral relaciona-se ao aspecto preventivo, entendido como
uma medida de desestímulo e intimidação do ofensor, mas com o inequívoco propósito de
alcançar todos integrantes da coletividade, alertando-os e desestimulando-os da prática de
semelhantes ilicitudes. 8. Além do mais, ao mensurar o quantum indenizatório, há que se
considerar os critérios da equidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como
atender critérios específicos, tais como o grau de culpa do agente, o potencial econômico e
características pessoais das partes, a repercussão do fato no meio social e a natureza do
direito violado, esclarecendo-se que o valor do dano moral não pode promover o
enriquecimento ilícito da vítima e não deve ser ínfimo a ponto de aviltar o direito da
personalidade violado. 9. Desta feita, considerados os parâmetros acima explicitados, o
valor arbitrado pelo juízo monocrático não se mostra excessivo, devendo ser mantida a
indenização na quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 10. Recurso inominado conhecido
e desprovido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Condenada a recorrente
ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o
valor da condenação. 11. A súmula de julgamento servirá de acórdão, conforme regra dos
artigos 27 da Lei n.º 12.153/09 e 46 da Lei n.º 9.099/95.

(TJ-DF - ACJ: 20140110836080, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO, Data de


Julgamento: 03/02/2015, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal,
Data de Publicação: Publicado no DJE: 09/02/2015. Pág.: 349)

Assim, requer as Autoras a indenização no valor de R$ 140,00 (cento e quarenta reais) a


título de danos materiais, visto que as Requerentes não tiveram nenhuma assistência com
custos adicionais, não planejados/provocados por elas.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Em razão da presente tratar de relação de consumo, onde se discute defeito na prestação


de serviços e tendo em vista que a matéria em comento possui contornos de
conhecimentos técnicos que colocariam o consumidor em desvantagem processual, tem-se
que deve ser aplicada a inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do Código de
Defesa do Consumidor.

III – DOS PEDIDOS


Em harmonia com o acima exposto, as Requerentes respeitosamente requererem:

A) A citação da Requerida, para que, querendo, responder ao termo da presente, sob pena
de não o fazendo serem considerados verdadeiros os fatos alegados e sofrerem o efeito da
revelia;

B) Que seja condenada a Requerida, nos termos dos art. 5º, inc. V e X da CF/88 c/c 186 e
927 do C/C2002 e art. 6º, inc. VI da Lei. 8.078/90, a pagar aos Autores a quantia justa e
razoável de 40 (quarenta salários mínimos), que nesta data corresponde a um total de R$
30.000,00 (trinta mil reais) à titulo de Indenização por Danos Morais, ou, em quantia a ser
aferida mediante o prudente arbítrio do Juízo, mas que seja capaz de penalizar a atitude
omissa da Requerida, e assim, coibi-la de novos atentados contra os direitos dos
consumidores, pois já cometera defeito na prestação de serviço ao requerente.

C) Seja julgada procedente a presente ação, condenando-se o estabelecimento Requerido


ao pagamento de dano material no valor equivalente a R$ 140,00 (cento e quarenta reais),
acrescido de correção monetária e juros de mora, a título de danos materiais;

D) A inversão do ônus da prova; nos exatos termos do artigo 6º, VII, do Código de Defesa
do Consumidor;

Pretende demonstrar a verdade dos fatos por todos os meios de provas admitidos em
direito, especialmente documental, pericial e depoimento das partes e eventualmente de
testemunhas, com ampla produção de prova inclusive requisição e exibição de documentos,
e tudo mais que seja necessário a fiel comprovação dos fatos aqui narrados.

Dá a causa o valor de R$ 30.140,00 (trinta mil, cento e quarenta reais).

Nestes Termos, Pede e espera deferimento.

Araguaína, Estado do Tocantins

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