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EXCELENTÍSSIMO SR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DE MANAUS – AM

ANA CRISTINA DA SILVA SOARES, que figura no polo ativo da presente


demanda, brasileira, modelo profissional fotográfica, casada, domiciliada e
residente na Rua Rotary Neves, nº 580, apartamento 701, bairro Alphavile,
Cep: 12.123-123, Manaus- AM, Cédula de Identidade nº 12.123.123-0,
regularmente inscrita no CPF sob nº 123.000.123-00, com endereço eletrônico
ana.cristina.silva.soares.internet.com, por meio de suas advogadas que estas
subscrevem, com escritório profissional localizado na Rua Torres, nº 123, sala
01, Aterrado, Cep: 12.123-12, na cidade de Volta Redonda – RJ, vem
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE
PROCEDIMENTO COMUM com PEDIDO DE RESSARCIMENTO E
INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS MORAIS, MATERIAIS E
ESTÉTICOS, com fundamento no artigo 5º, incisos V e X, da Constituição
Federal de 1988, combinado com o artigo 12 da Lei nº 8.078/90 e os artigos
318 e seguintes do Código de Processo Civil, em face da empresa BRASIL
CONNECTION LTDA. que figura no polo passivo da presente demanda,
inscrita no Cadastro de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda sob o nº
12.123.123/0001-12, com filial na Rua Antares, nº 30, Cep: 12.123-123 na
cidade de CURITIBA -PR, e em face da empresa SALÃO DE BELEZA HAIR
representada por JOÃO MACEDO que figura no polo passivo da presente
demanda, inscrita no Cadastro de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda
sob o nº 12.123.123/0001-12, com filial na Rua B, nº 300, Cep: 12.123-123
na cidade de SÃO PAULO-SP, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:
I – DOS FATOS

A autora viajou no dia 23/09/2021 de onde reside para a cidade de São Paulo,
capital, com o fim de prestigiar a cerimônia de casamento de sua filha (doc 1).
Ao chegar em seu destino, a mesma procurou um salão de beleza para realizar
alguns procedimentos, como, lavar seu cabelo, incluindo pintar e fazer um
penteado para o evento citado acima. O serviço foi prestado pelo réu João
Macedo, proprietário do Salão de Beleza Hair, no qual lhe cobrou R$ 500,00
(quinhentos reais) pelo serviço que foi prontamente pago (doc 2). Após lavar os
cabelos da autora, o profissional aplicou uma tintura referente a uma marca
francesa ABC da empresa BRASIL CONNECTION LTDA., pela qual foi
importada pelo réu para comercializar aqui no Brasil. Ocorre que, alguns
minutos após a aplicação dessa tintura, a autora sofreu uma reação alérgica
que demandou atendimento médico-hospitalar bem como dois dias de
absoluto repouso que impossibilitaram sua presença no casamento de sua
filha (doc 3). Os gastos hospitalares equivaleram a R$ 1.000,00 (um mil reais)
(doc 4).

Além disso, a autora perdeu grande parte de seu cabelo, tendo permanecido
com manchas em seu rosto por dois meses em consequência da reação
alérgica, conforme mostrado em algumas fotografias ora juntadas (doc 5 ao
10). Esse fato fez com que a demandante perdesse um dia extremamente
importante, o casamento de sua filha, e um ensaio fotográfico profissional pela
qual já havia sido contratada meses antes no valor de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) (doc 11). Seguidamente foi averiguado e comprovado que
o produto utilizado pelo réu e proprietário do Salão de Beleza Hair continha
substâncias químicas extremamente perigosas à saúde dos consumidores e,
por este motivo, foi banida de circulação. A fabricante ABC já havia sido
condenada pela justiça francesa a encerrar a fabricação e comercialização do
produto (doc 12).

Diante do exposto da presente demanda, a autora solicita seus direitos pelos


danos causados, com a finalidade em receber de volta os valores gastos
durante a viagem e a estadia no hospital, valores das medicações e
tratamentos pela qual realizou por dois meses, e ainda, o valor que iria receber
pelo serviço que havia sido contratada.

II – DO DIREITO

A princípio reconhece o ato de negligência por parte dos réus ao comercializar


e utilizar o produto que já havia sido proibida a comercialização por motivos de
oferecer perigo a saúde e a vida dos consumidores.

Por essa razão o artigo 186 do Código Civil norteia em face dos requisitos no
que tange a responsabilidade civil, gerando o dever de indenizar pelos danos
morais, materiais e estéticos,

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,


violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.”

É cabível ressaltar também o artigo 927 do Código Civil,

“Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”

A autora sofreu o que está predisposto no Artigo 949 do Código Civil no


tocante ao dano estético que sofreu,

“No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido


das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.”

Ainda, por parte do réu proprietário do salão de beleza Hair, vale ressaltar o
artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor,

“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.”
O artigo 14 do Código de Defesa do consumidor trata da responsabilidade
objetiva do fornecedor de serviço. Funda-se na teoria do risco do
empreendimento, segundo a qual todo aquele que se dispõe a exercer alguma
atividade no campo do fornecimento de bens e serviços têm o dever de
responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento
independentemente de culpa.

Resta caracterizada a falha do requerido SALÃO DE BELEZA HAIR, na


prestação de serviço, sendo caso de aplicação do art. 14 do Código de Defesa
do Consumidor, segundo o qual os fornecedores respondem,
independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos aos serviços prestados, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. E, na
hipótese, é notório que a empresa se houve com desídia quanto à adoção das
medidas ao seu alcance para evitar infortuno iguais ao ora ocorrido, sendo
obrigada a prestar um serviço com padrões de qualidade e regularidade
adequados à sua natureza, inclusive e especialmente, aquelas que viessem a
preservar o consumidor de elevados e consideráveis prejuízos, procedendo com
a devida reparação moral.

Em relação ao requerido BRASIL CONNECTION LTDA. podemos citar ainda o


artigo 12, parágrafo primeiro, incisos I ao III, do Código de Defesa do
Consumidor na Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990 que dispõe sobre a
proteção do consumidor,

“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos."

§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente


se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

Vale enfatizar o direito à reparação de lucros cessantes que está relacionado a


responsabilidade civil, o dever de indenizar os danos materiais causados em
função de ato ilícito contra o ofendido por culpa, omissão, negligência, dolo ou
imperícia praticados pelo ofensor.

III - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão do


ônus da prova ante a autenticidade das alegações, conforme disposto no
artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

“VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus


da prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de
expectativas.”

Desse modo, cabem os requeridos demonstrar provas em contrário ao que foi


exposto pela autora. Resta informar ainda que algumas provas seguem em
anexo. Assim, as demais provas que se acharem necessárias para resolução
da lide, deverão ser observadas o exposto na citação acima, pois se trata de
princípios básicos do consumidor.

IV - DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, MATERIAL E ESTÉTICO

DO DANO MORAL
A autora almeja reparação pelos constrangimentos causados, pois a mesma
se viu abatida pela conduta erronia das empresas citadas, haja vista
comprovantes em anexo.

Tal infortúnio trouxe para a autora grandes aborrecimentos e frustrações,


sofrendo grandes abalos emocionais, proveniente de um sentimento de ter
sido enganada, pois por negligência dos réus não foi possível participar da
cerimônia de casamento de sua única filha e, ainda, houve o cancelamento do
contrato profissional e o afastamento da autora durante o tratamento clínico.
Contemplando o direito à reparação do dano causado a requerente, o Código
Civil nos artigos 186 e 927 garantem o ressarcimento pelos abalos causados,
cometendo assim ato ilícito.

Ora, tal ato ilícito não pode ficar sem a devida repressão, a fim de que o dano
sofrido pela autora seja minimamente compensado e que os réus não voltem a
realizar tal conduta reprovável.

DO DANO MATERIAL

Artigo 402 do Código Civil:

“Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas


ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.”

No que tange ao dano material, podemos destacar o dano emergente, que é o


efetivo prejuízo experimentado pela autora, o que ela perdeu (despesas
hospitalares), e os lucros cessantes, aquilo que a autora deixou de lucrar por
força do dano (contrato profissional cancelado no valor de R$ 50.000,00). O
referido artigo vai de encontro com os presentes fatos, pois a autora teve
prejuízos consideráveis em razão dos dias em que ficou hospitalizada e
outrossim, em razão do período de restabelecimento durante os quais ficou
sem poder exercer sua profissão de modelo fotográfica.

Destarte, não se pode olvidar as despesas havidas com o tratamento da


autora, que em razão do acidente, teve uma perda considerável de cabelo e
manchas em seu rosto pelo período de dois meses, como dito anteriormente,
permanecendo internada dois dias no hospital, o que gerou um débito de R$
1.000,00. Além disso, há de se considerar os gastos com remédios e
tratamentos estéticos (doc 13 ao 17).

Assim, faça-se constar, que a autora sofreu um dano material na monta de


R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), referente ao período de dois meses em que
ficou sem trabalhar, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), as despesas com o
tratamento estético/clínico, incluindo gastos com medicações e internação,
num valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e referente ao valor de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais) do contrato profissional cancelado por razões
do acidente.

DO DANO ESTÉTICO

Durante o procedimento realizado no salão de beleza Hair que deveria ter


sido normal, começou a tribulação na vida da autora. Foi notado uma
reação alérgica devido ao uso inadequado de um produto citado
anteriormente, resultando em uma internação da autora. Logo após esse
acontecimento foi feito o devido tratamento por dois meses. Todas essas
medidas que evoluíram para o seguinte resultado: sofrimento e vergonha
nesses 60 dias e gastos absurdos com tratamentos estéticos. Depois de
todos os danos causados pela reação alérgica, incluindo tratamento
hospitalar e logo após a repulsa, frustração e a angústia causada pela
perda de cabelo e manchas em seu rosto, e o fator que a autora tinha a
princípio o objetivo de poder realizar sua profissão, se revelou em um
resultado aterrorizador, deixando sequelas emocionais. Após o acidente a
autora teve enormes gastos em sua recuperação, gastos vultosos com
medicamentos por tempo prolongado, nunca obteve ajuda de nenhum dos
requeridos, contando dessa forma somente com o apoio dos familiares. O
sentimento de repulsa e frustração levou a gastos com profissionais da área
psicológica (doc 19).

V – DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a autora a Vossa Excelência:

1 - A parte autora tem o direito de ser indenizada por todas as áreas que
sofreu pelos danos permanentes e temporários, ser reembolsada no valor que
gastou no total de R$30.000,00 (trinta mil reais) e no que perdeu quanto ao
ensaio fotográfico que havia sido contratada por R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais), totalizando o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);

2 - Conceder a Inversão do Ônus da Prova em favor da autora;

3 - Tendo em vista o teor do Novo Código de Processo Civil, requer a Vossa


Excelência que seja designada data para realização de audiência de
conciliação;

4 - Que seja deferido à parte autora a produção de todas as provas admitidas


em direito, notadamente, perícia, a juntada posterior de documentos, tudo de
logo requerido, ouvida de testemunhas;

5 - A citação das empresas réus, por meio eletrônico, no endereço


mencionado, a ser cumprida por oficial de justiça, na pessoa de seu
representante, para que compareça à audiência de conciliação ou mediação a
ser designada e, sendo esta ineficaz, querendo, ofereça a defesa no prazo de
quinze dias, sob pena dos efeitos da revelia;

6 - Julgar totalmente procedente os pedidos formulados na presente inicial,


condenando os réus ao pagamento de indenização por dano moral, material e
estético no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais);

7 – Por fim, seja os réus condenados em custas e horários advocatícios, esses


arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação (artigo 82,
§2º; artigo 85 c/c artigo 322, §1º do Código de Processo Civil), além de outras
eventuais despesas no processo (artigo 84 do Código de Processo Civil).

Ainda que seja com ônus invertido, protesta prova o alegado por todos os
meios admissíveis em direito assegurados em direito.
Atribui-se à causa o valor de R$ 145.000,00 (cento e quarenta e cinco mil
reais), valor esse correspondente a soma das quantias condenatórias (artigo
292, incisos V e VI do Código de Processo Civil).

Respeitosamente, nestes termos pede deferimento.

Volta Redonda, 26/09/2022.

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Advogada: Gabrielly Frauches Gama de Souza
OAB/RJ: xxx.xxx.xxx

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Advogada: Gabriele Vitória Silva Alves
OAB/RJ: xxx.xxx.xxx

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