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Prof.

MICHEL BARBOSA

Caso Concreto 1
AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO-RJ.

10 (dez) linhas

CAIO, brasileiro, solteiro, estudante, portador da cédula de identidade nº..., expedida pelo..., inscrito no
CPF sob o nº..., e-mail: ..., telefone:.., residente e domiciliado na Avenida Presidentes Vargas, n° 01, Centro, Rio de Janeiro, RJ,
CEP: 20.510-049, vem, em causa própria, com espeque na Lei 8.078/90 e demais dispositivos pertinentes, perante a V. Exa.
formular a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

em face de BLACK, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 35.012.556/0051-73, a ser
citada na pessoa do seu representante legal, situada na Rua Fonseca Estrada dos Pinheiros, nº 100, São Paulo, SP, Cep:
22.556-89, mediante os pressupostos fáticos e jurídicos que passa a expor:
I - DOS FATOS

Inicialmente informa a V.Exa. que a parte autora é cliente da ré, pois na data de 05/02/2019 comprou no
valor de R$ 800,00 o celular Black, em oito parcelas, no cartão de crédito Mastercard, estando configurado a
relação de consumo entre as partes, conforme documentação anexa.

Ocorre que após duas semanas utilizando o aparelho telefônico o mesmo apresentou
problemas, qual seja, a tela do celular apagava e acendia inúmeras vezes, impossibilitando o autor de
fazer o uso pleno e adequado do produto, um verdadeiro absurdo e falta de respeito com o consumidor.

Registre-se que a parte ré constatou por meio de laudo técnico que o aparelho tinha problemas
desde sua fabricação e, que os celulares do lote nº 105GXT52490PP, seriam reparados, para resolução
do problema, porém, a ré não cumpriu com o combinado.

Destarte, ocorridos 30 (trinta) dias da reclamação a parte ré manteve-se inerte, para o conserto
do aparelho telefônico, orientando a parte autora a procurar seus direitos, um verdadeiro atentado ao
direito do consumidor, que é a parte amais frágil da relação jurídica.

Não se pode olvidar que tais fatos vêm ocasionando abalos emocionais e psicológicos a parte
autora, rompendo ao extremo com sua honra subjetiva, o que de forma cristalina e incontestável
ultrapassa e extrapola o limite da moral, razoabilidade e proporcionalidade da dignidade da pessoa
humana.

Por fim, cristalino o abalroamento ao Princípio da Confiança e do Consumidor, tendo em vista


que, a aparte autora é vulnerável a tal relação jurídica consumerista, sendo a parte mais frágil da
relação de consumo.

Pelos fatos e fundamentos acima expostos, não restou à parte autora alternativa a não ser
recorrer a este D. Juízo a fim de obter a tutela jurisdicional.
II - DA INCIDÊNCIA DO CODECON
Hodiernamente, é inconteste a natureza da relação jurídico-material que se estabelece entre as partes, qual seja: relação jurídica de
consumo. A aplicabilidade, portanto, das disposições do Código de Defesa do Consumidor para o caso concreto, é inevitável, senão vejamos:

“Art. 4º - A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995).

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;”.

É oportuno ainda, observarmos que ficou evidente que através de seus atos, a empresa demandada não prestou o serviço de forma
adequada, sendo totalmente responsável pelos danos advindos da má prestação do serviço, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do
Consumidor (Lei 8.078 de 11/09/1990), que diz:

““Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação”.

Eminente Julgador, estando patente a configuração de prática abusiva cometida pela requerida, em cobrar e não instalar os serviços
contratados pelo autor. Portanto, não restam dúvidas quanto a sua responsabilidade pela reparação dos danos causados, pois nesse ponto, o Código
de Defesa do Consumidor foi taxativo, sem dar margem a qualquer outro tipo de interpretação.

Portanto, nos contratos de prestação de serviço, a responsabilidade do prestador de serviços, pelos vícios ou defeitos do serviço,
ressalvado as hipóteses excludentes da responsabilidade (art. 14, §3º do CDC), hipóteses que não se enquadram no caso em tela, é sempre objetiva.
Não é necessário se provar dolo ou culpa.

Ainda sobre o caso em tela, trata-se este de evidente vício do produto, previsto no CDC, em seu art. 18, senão vejamos:

“Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente


pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas”.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos.

Por estes motivos, baseando-se na verossimilhança das alegações e na hipossuficiência do consumidor, aplica-se à demanda as
disposições do Código de Defesa do Consumidor, inclusive no que tange à inversão do ônus probatório, nos termos do artigo 6º, VIII, da Lei nº
8.078/90 e dispositivos constitucionais pertinentes.
III - DA REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

Cabe ressaltar além do que foi exposto que toda essa situação causada pela empresa ré causou ao
autor um dano psicológico.

A falta de lealdade em sede de negócio jurídico enfraquece, sem a menor sombra de dúvida, a crença do
particular nas grandes pessoas jurídicas, que violam em tempo integral toda a sorte de direito dos consumidores,
que se sentem impotentes diante dos referidos abusos.

Nesse diapasão, todo esse ocorrido veio causar a parte autora grandes transtornos e aborrecimentos,
diante da evidente falha na prestação no serviço da empresa demandada, devido ao descaso e desrespeito da
empresa ré para com sua pessoa, pois prevaleceu-se da sua hipossuficiência.

Toda vez que um incidente altere o equilíbrio emocional crie constrangimento ou atrapalhe a rotina do
consumidor, in casu, a lei autoriza a se pleitear a indenização por dano moral.

CDC - Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990.


Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos”.

Refletindo-se sobre os aspectos, os elementos que devem ser utilizados quando da fixação de
condenação a título de danos morais, sugere-se neste momento que se pense no porte econômico da empresa
demandada e na qualificação pela mesma sustentada.

A Constituição Federal garante a indenização por dano moral em seu art. 5º, inciso X – “são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Destarte, a função do critério pedagógico, é estimular o ofensor a rever o seu modus operandi, visando
não mais causar danos a outrem, sendo certo que o critério compensatório deve se restringir ao impacto gerado
pela angústia sofrida pelo ofendido.
IV – CONCLUSÃO E PEDIDOS
Em face do exposto de forma cristalina, torna-se demonstrada a indiscutível a conduta abusiva e irresponsável da parte ré. Nessas
condições, e confiando na sensibilidade jurídica e experiência profissional que notabilizam V. Exa., espera e requer a parte autora, à luz
da Lei e do melhor direito, o seguinte:

a) A citação da demandada no endereço preambularmente declinado para comparecer à audiência de


conciliação, sob pena de revelia e confissão ficta da matéria de fato e julgamento antecipado da lide;

b) Que determine a inversão do ônus da prova em favor da parte autora, conforme preconiza o artigo 6o, inciso
VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

c) Seja julgado procedente o pedido para a ré RESTITUIR a títulos de danos materiais o valor de R$ 800,00
(oitocentos reais) corrigidos e atualizados monetariamente referente ao produto, em favor da parte autora;

d) Seja julgado procedente o pedido para indenizar a parte autora o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) pelos
danos morais que a ré causou diante de todos os fatos aqui narrados.

V - DAS PROVAS

Requer a produção de todos os meios de provas em direito admitido, especialmente documentais


suplementares.

VI - DO VALOR DA CAUSA

Atribui-se a causa, para efeito de alçada o valor de R$ 7.800,00 (sete mil e oitocentos reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB

Questões Objetivas:

1) B 2) A 3) A 4) B 5) C

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