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Por mais que a execução seja fundada num título que contenha uma obrigação certa,
líquida e exigível, é possível que esse título contenha algum defeito ou mesmo a obrigação não
apresente de fato todas as características necessárias para se exigir o seu cumprimento forçado,
de forma que o executado deve ter a oportunidade de apontar essas possíveis falhas.
Veremos a seguir as formas que o executado tem para se defender, que irão variar
principalmente com relação ao título executivo apresentado, se judicial ou extrajudicial.
O § 8º autoriza o efeito suspensivo “parcial”, de modo que, recaindo sobre parte do objeto
da execução, prosseguirá quanto à parte restante. É viável também, segundo o § 9º, a concessão
de efeito suspensivo a apenas um dos devedores, no caso, aquele que impugnou.
Sendo assim, nos processos autônomos de execução, o executado poderá exercer o seu
direito de defesa constitucionalmente assegurado através dos embargos à execução. Estes
embargos do devedor têm natureza jurídica de ação, sendo que o ingresso dessa espécie de
defesa faz com que no mesmo processo passem a tramitar duas ações: a execução e os embargos
à execução.
A natureza jurídica dos embargos pode ser inteiramente creditada à tradição da autonomia
das ações, considerando-se que no processo de execução busca-se a satisfação do direito do
exequente, não havendo espaço para a discussão a respeito da existência ou da dimensão do
direito exequendo, o que deverá ser feito em processo cognitivo, chamado de embargos à
execução. Ainda que a tradição da autonomia das ações esteja sendo gradativamente afastada
com a adoção do sincretismo processual, o legislador parece ter preferido manter a tradição de
autonomia dos embargos como ação de conhecimento incidental ao processo de execução.
Os embargos terão o caráter de uma nova ação, na qual o devedor - executado passa a ser
o demandante, recebendo a nomenclatura de embargante; já o credor - exequente, que foi quem
propôs a execução, passará a ser o demandado, ou seja, o embargado.
Aquele que for considerado responsável patrimonial, podendo ser afetado pela atividade
judicial satisfativa, terá legitimidade para propor os embargos à execução. Assim sendo, não
apenas o executado, mas, por exemplo, o consorte que responder pela dívida contraída com seus
bens próprios ou da meação. Contudo, quem não faz parte da execução, nem tem
responsabilidade patrimonial, se tiver um bem indevidamente constrito por ato judicial, deve
buscar a desconstituição da decisão por meio de embargos de terceiro, falecendo legitimidade
para apresentar embargos do devedor.
O prazo para embargos é de quinze dias, contados da juntada do mandado citatório (art.
915, CPC). Mesmo que haja litisconsórcio facultativo, não será necessário se aguardar a juntada do
último mandado, iniciando-se o prazo para cada executado a partir da juntada do seu mandado.
Para que os embargos sejam recebidos, é preciso atender a certos requisitos. Assim, os
embargos do devedor só poderão ser recebidos se forem tempestivos. Contudo, se liminarmente
indeferidos, são indevidos honorários advocatícios.
As matérias oponíveis em sede de embargos à execução estão previstas no art. 917 do CPC.
O § 1º traz a possibilidade de impugnação de incorreções da penhora ou avaliação, que poderá ser
oposta por simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato. É importante,
principalmente, quando a apresentação dos embargos ocorre antes da penhora. Como nota-se em
doutrina, o processamento da impugnação nos próprios autos, quando houver ampliação da
atividade cognitiva, pode se demonstrar inadequado.
Para que o juiz possa atribuir esse efeito suspensivo, contudo, será preciso que a execução
esteja garantida. Assim, interpretando-se o dispositivo de forma literal, vai se concluir que deve se
fazer depósito ou prestar caução correspondente ao valor executado. Contudo, há entendimento
doutrinário que sustenta que a norma deve ser interpretada de acordo com as forças patrimoniais
do executado, devendo-se suspender a execução, mesmo sem garantia, quando for demonstrada
a evidência ou a urgência do direito requerido nos embargos.
Serão tidas como causas de rejeição liminar dos embargos, pelo juiz a intempestividade, a
inépcia da petição inicial ou quando forem manifestamente protelatórios, assim considerada a
conduta atentatória à dignidade da justiça e o oferecimento de embargos manifestamente
protelatórios.
No caso de intempestividade, fica fechada a via dos embargos para o executado exercitar
sua pretensão jurisdicional, o que não quer dizer que ele não possa mais se manifestar sobre
questões de ordem pública ou fatos novos.
No caso de embargos protelatórios, será imposta pelo juiz, em favor do exequente, multa
ao embargante em valor não superior a 20% do valor em execução, regra do parágrafo único do
art. 920 do CPC.
Tal modalidade de defesa não encontra previsão legal expressa e é fruto de construção
doutrinária e jurisprudencial. Ela acabou sendo mais conhecida como exceção de pré-
executividade, mas parte da doutrina critica a falta de técnica nesta nomenclatura. Objeções
consistem em matérias que o magistrado pode conhecer de ofício, enquanto as exceções
demandam alegação por parte do interessado para seu reconhecimento.