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PROCESSO DO TRABALHO II

RESENHA: EXECUÇÃO TRABALHISTA

Autor: Lúcio Rodrigues de Almeida (Advogado, Mestre em Direito, Professor de


Direito Processual do Trabalho da PUC/MG).

Inicialmente Carnelutti não incluiu a execução como objeto da jurisdição,


mas após um período admitiu a natureza jurisdicional da execução. Assim
surgiu o processo de execução que é a obrigação de realizar a prestação que é
incumbida ao devedor. Tal cumprimento pode ser classificado como
espontâneo ou forçado. Para o autor, o processo de execução é o instrumento
jurisdicional que dá uma atuação prática à vontade concreta da lei. Quando a
decisão condenatória transita em julgado e a parte não a cumpre passa-se à
execução forçada com o processo de execução discutido pelo autor,
objetivando o cumprimento da sentença.

Diferentemente do processo de conhecimento, no processo de execução


o objetivo é tornar concreto, mesmo que forçadamente, tudo o que foi definido
no processo de conhecimento. (...)

O autor refere que a execução é essencialmente patrimonial que atinge


bens do devedor e algumas vezes de terceiros e que há dois tipos de
responsabilidade, quais sejam a patrimonial e a processual na qual a primeira o
devedor vincula seu patrimônio ao pagamento da dívida e a segunda em caso
de inadimplência o patrimônio fica sujeito à execução forçada.

Em uma análise mais abrangente o autor discorre a respeito do


processo de execução trabalhista que é regido pela Consolidação das Leis do
Trabalho nos artigos 876 a 892. Menciona que o processo de execução por
quantia certa tem preferência na Justiça do Trabalho conforme artigo 880 da
Consolidação das Leis do Trabalho e que por se tratar de obrigação infungível
deve o executado cumpri-la nos exatos termos da sentença que o condenou,
mas não poderá ocorrer uma execução forçada até que transite em julgado a
decisão. Poderá assim a execução ser provisória, não podendo ultrapassar a
penhora e nem envolver a alienação.
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Considerações foram feitas também em relação ao artigo 729 da CLT


que remete a imposição de multa ao empregador que não cumpre a decisão
transitada em julgada a respeito da readmissão ou reintegração do empregado.
Ademais, a readmissão e a reintegração do empregado estável são tratadas
nos artigos 495 e 496 ambos da CLT. Este empregado estável é aquele com
mais de 10 anos de trabalho na empresa, quando a reintegração não for
aconselhável. Em relação ao cumprimento das decisões de dissídios coletivos
vale ressaltar que o cumprimento do julgado é realizado através de ação de
cumprimento, conforme prevê o artigo 872 da CLT.

De acordo com o autor a execução não está sujeita somente às


condições da ação e dos pressupostos processuais, no que tange a
admissibilidade da execução, esta deve sujeitar-se também a requisitos
específicos como o inadimplemento, o título executivo e a exigibilidade da
obrigação. Além do mais, cabe mencionar que a pessoa que pode promover e
contra qual pode ser promovida a execução poderá ser parte, sendo
denominado como sujeito ativo qualquer interessado ou Juiz /Presidente do
Tribunal competente e sujeito passivo aquele que é réu ou réu condenado,
sejam eles principais, solidários ou subsidiários.

Quanto a liquidação de sentença, importante salientar que sendo ilíquida


a condenação, a parte promoverá a liquidação antes de iniciar a execução, que
poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos (...)

Em casos de impugnação aos cálculos de liquidação trabalhista que


dispõe o artigo 879, da CLT, poderá ser aberto prazo pelo juiz para as partes,
mas este não está obrigado. Após, requerida ou determinada a execução e
fixada a quantia será expedido mandado de citação para que a decisão seja
cumprida, pagando em dinheiro em até 48 horas ou garantindo a execução sob
pena de penhora conforme artigo 880, da CLT. No entanto, o devedor dispõe
de embargos para opor-se à execução forçada e em defesa de seus
interesses. Estes embargos poderão ser à execução de título judicial, à
arrematação e à adjudicação. Além do devedor, os terceiros com
responsabilidade executiva também podem opor embargos e o terceiro, caso
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tenha bens atingidos pela constrição judicial, poderá opor embargos de terceiro
com o fim de livrar-se da penhora.

Os embargos à execução trabalhista também foi bastante discutido pelo


autor que mencionou que é oposto mediante petição escrita, dirigida ai juiz e
sem necessidade de apensamento, o prazo é de 5 dias e no processo civil são
10 dias. O prazo inicia-se a contar do depósito da quantia da condenação ou
da assinatura do termo de penhora e o prazo para impugnação aos embargos
também é de 5 dias. Não se pode inclusive discutir no processo de execução,
matérias já discutidas ou decididas no processo, contudo pode ser alegada a
nulidade da sentença, por falta ou nulidade da citação se caso a ação tenha
corrido à sua revelia.

Por fim, vale ressaltar que o juiz julgará, na mesma sentença, os


embargos do devedor e a impugnação do credor, conforme o artigo 884, §4°,
da CLT. O prazo para o exequente impugnar os cálculos de liquidação é de 5
dias a contar de quando fica ciente da garantia da execução, da penhora ou do
pagamento. Apesar do que foi definido pelo §3° do artigo 884 da CLT, que
indica que só o executado pode impugnar a sentença de liquidação nos
embargos à penhora, a jurisprudência tem entendido que se o executado e o
exequente não se manifestam quanto aos cálculos, preclui o direito de
embargar e impugnar. Ademais, os embargos poderão ser rejeitados quando
forem apresentados fora do prazo legal ou quando a matéria de defesa exceder
as alegações de cumprimento da decisão ou acordo, quitação ou ainda da
prescrição da dívida e se julgada subsistente a penhora, o juiz presidente
ordenará o leilão, o que será anunciado por edital fixado na sede do juízo e
havendo, publicado no jornal local, com antecedência de 20 dias.

REFERÊNCIA:

Almeida, Lúcio Rodrigues de. Execução Trabalhista. Rio de Janeiro: AIDE


Editora, 1997.

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