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3.

DA EXECUÇÃO
8.1. Liquidação: No processo do trabalho, a liqui dação do título executivo judicial é um
procedimento incidental, situado entre o processo de conhecimento e a execução, com o
objetivo de tornar líquido o crédito, isto é, apurar o valor devido, inclusive de verbas pre
videnciárias. Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem
discutir matéria pertinente à causa principal.

8.2. Espécies de liquidação: A) Por cálculos: a apuração se dá por simples operações


aritméticas; B) Por arbitramento: é cabível quando seja necessário dispor de conhecimentos
técnicos e científicos especí ficos para determinação do valor da condenação (nas obrigações
de pagar) ou individualização do seu objeto (nas obrigações de fazer e não fazer); C) Por
artigos: é necessária a cognição do juízo, por meio das alegações e provas de fatos novos. A
liquidação por artigos só pode ser promovida pelo exequente, em face da necessidade de
alegação e prova de fato novo.

8.3. Impugnação à conta de liquidação: A sen tença de liquidação possui natureza


interlocutoria.e, portanto, é irrecorrível de forma imediata. Para impug ná-la, o executado terá
que interpor embargos à execu ção. No caso do exequente e da União, a irresignação pode ser
apresentada por meio de impugnação à sentença de liquidação. A revisão da sentença de liqui
dação ou dos embargos à execução pode ser efetivada por meio do agravo de petição.

8.4. Procedimento da liquidação: Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às
partes prazo comum de oito dias para impugnação funda mentada com a indicação dos itens e
valores objeto da discordância, sob pena de preclusão (art. 879, §2º, da CLT).

8.5. Execução: A execução trabalhista é a fase do processo em que se impõe o cumprimento


do título exe cutivo judicial ou extrajudicial, o que inclui a cobrança forçada feita a devedores
para garantir o pagamento de direitos trabalhistas. A ordem de aplicação normativa (fonte
normativa) na execução trabalhista é a seguinte: CLT, Lei de Execuções Fiscais e CPC.

8.6 Título executivo: É o instrumento, judicial ou extrajudicial, que representa um direito de


crédito líquido e exigível, que possibilita seu titular ou outra pessoa designada por lei, ajuizar
uma ação de execução forçada para fazer cumprir a obrigação do devedor. São titulos
executivos judiciais: as decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido
recurso.com efeito suspensivo e os acordos, quando não cumpridos. São títulos executivos
extrajudiciais: os termos de ajuste de conduta-TAC's firmados perante o MPT e os termos de
conciliação firmados perante as CCP's. Não há necessidade de homologação do TAC para que
ele ostente a natureza de título executivo. Quando o Minis tério Público do Trabalho for
solicitado pelas partes para atuar como árbitro, o laudo arbitral derivado de sua atuação
também é considerado como título executivo extrajudicial (art. 31 da Lei nº 9.307/96).

8.7. Relativização da coisa julgada: é o instituto pelo qual se considera inexigível o titulo
judicial fun dado em lei ou ato normativo declarados inconstitucio nais pelo STF ou em
interpretações tidas por incompati veis com a Constituição Federal. Essa alegação pode ser
feita em sede de embargos à execução e, se acolhida, a execução é extinta pela inexigibilidade
do titulo, elemento este essencial para a execução.

8.8. Execução provisória: Na execução provisória, a fase de conhecimento ainda não se


encerrou, restando pendente recurso não dotado de efetivo suspensivo, que é a regra no
processo do trabalho (art. 899 da CLT). A execução provisória é permitida até a penhora. É
pos sível a penhora em dinheiro em execução provisória.

8.9 Acordo em execução: A existência de cál culo de liquidação do titulo, anteriormente ao


acordo entabulado, não obsta a homologação judicial, mesmo que da avença conste renúncia
ou desistência de parte do crédito. Cabe ao juiz apreciar a conveniência da homologação do
acordo. A legislação processual auto riza que as partes transacionem em Juízo na fase de
execução quando se tratar de direitos patrimoniais disponíveis, sem que se possa falar de
qualquer ofensa à coisa julgada (sendo o anterior titulo executivo judicial regularmente
substituído pelo termo de conciliação, que terá idéntica natureza juridica executiva, por força
do parágrafo único do artigo 831 da CLT). É devida a contribuição previdenciária sobre o
valor do acordo celebrado e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial,
respeitada a proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indeni
zatória deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo.

8.10. Execução por quantia certa contra devedor insolvente: Inicia-se com o despacho do juiz
deter minando a citação do executado. Após a Reforma Tra balhista, a execução não poderá se
processar de ofício pelo juiz, exceto quando a parte estiver desassistida de advogado ou em
caso de execução de contribuição previdenciária. É expedido um mandado de citação, a ser
cumprido pelo oficial de justiça, nele constando a ordem para que o executado pague a dívida
ou nomeie bens à penhora no prazo de 48 horas, sob pena de serem penhorados tantos bens
quantos bastem para a garantia do juízo e futura satisfação do credor. Não se aplica a revelia
na execução.

8.11 Embargos do devedor: Os embargos à execu ção (ou embargos do devedor) constituem
uma medida judicial autónoma, incidental ao processo de execução, cuja finalidade é
desconstituir o título executivo judicial ou extrajudicial. A oposição dos embargos do devedor
suspende o processamento da execução forçada no processo do trabalho.

98.10 Prazo: O prazo para oposição dos embargos à execução é de cinco dias, sendo de trinta
dias para a Fazenda Pública. A contagem do prazo inicia-se na data em que o devedor tomou
ciência da penhora ou do momento em que efetuou o depósito da quantia devida para garantir
o juizo. No caso da Fazenda Pública, o prazo para apresentação dos embargos à execução
inicia-se com a citação.

8.11 Matérias que podem ser alegadas: A maté ria de defesa podem ser alegações de
cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida. O executado também
poderá alegar: 1- falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à
revelia; II - ilegitimidade de parte; III-inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
obrigação; IV-penhora incorreta ou avaliação errônea; V-excesso de execução ou cumulação
indevida de execuções; VI- incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII -
qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.

8.12Procedimento: Recebida a petição inicial dos embargos, o juiz analisa a presença dos seus
requisitos e, caso presentes, concede vista à parte contrária para oferecer defesa no prazo de
cinco dias. Se necessário, é designada de instrução para colheita de prova oral (depoimento
pessoal e/ou testemunhal). A oposição dos embargos do devedor suspende o processamento
da execução forçada no processo do trabalho, seja por título judicial ou extrajudicial. O juiz
irá proferir sentença no prazo de 5 dias, analisando, no mesmo ato, eventuais impugnações
ajuizadas pelo exequente e União. Os embargos são processados nos próprios autos da
execução e podem ser rejeitados liminarmente quando: 1) intempestivos; 2) a inicial for
inepta; 3) manifestamente protelatórios; 4) o juízo não estiver seguro.
Tendo em vista o princípio da impenhorabilidade dos bens públicos, a execução contra a
Fazenda Pública, não existe obrigatoriedade de garantia do juízo para que a Fazenda possa
interpor Embargos à Execução.

8.13. Embargos à execução por carta precatória: Na execução por carta precatória, os
embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo
deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.

8.13. Protesto e inscrição do débito: A decisão judicial transitada em julgado somente poderá
ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do execu tado em órgãos de proteção ao crédito
ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de
transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado, se não houver
garantia do juízo (art. 883-A da CLT).

8.14. Exceção de pré-executividade: Em caso de nulidades processuais insanáveis e demais


matérias de ordem pública ou alegações de extinção da obriga ção (ex. pagamento), o
executado pode opor Exceção de Pré-executividade. A característica principal desse
instrumento é dispensar a necessidade de garantia do juízo.
8.15.1. Prazo dos embargos de terceiro: No processo de conhecimento, os embargos de
terceiro podem ser opostos a qualquer tempo, enquanto não transitada em julgado a sentença.
Já no processo de execução, o prazo é de até cinco dias depois da arre matação, adjudicação
ou remição, mas sempre antes da assinatura do respectivo auto ou carta. O prazo para
contestar os embargos de terceiro, com o novo CPC, passou de 10 para 15 dias.

8.15.2. Competência: Na execução por carta pre catória, os embargos de terceiro serão
oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo depre cante o bem constrito ou se
já devolvida a carta (art. 676, parágrafo único, do CPC de 2015).

8.16. Incidente de desconsideração da perso nalidade jurídica: será instaurado pela parte ou
pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir no pro cesso. A desconsideração da
personalidade jurídica exige a comprovação dos pressupostos específicos previstos em lei,
fraude ou abuso da personalidade jurídica e confusão patrimonial. A existência dos refe ridos
pressupostos deve ser demonstrada sob o crivo do contraditório, exigindo-se a citação do
sócio ou da pessoa jurídica (no caso de desconsideração inversa), para manifestar-se sobre o
incidente. O prazo para manifestação é de 15 (quinze) dias. A instauração do incidente
suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar
de que trata o art. 301 do CPC (art. 855-a, §2º, da CLT e art. 6º, § 2º, da IN No 39/2016 do
TST.

8.17. Recuperação judicial ou falência do empre gador: A decretação da falência ou o


deferimento do processamento da recuperação judicial da empresa empregadora implica a
suspensão dos processos de execução em curso na Justiça Laboral (art. 6º da Lei n°
11.101/05). Essa suspensão não se aplica na fase de conhecimento. A Justiça do Trabalho
mantém a sua competência para processar e julgar as ações ajuiza das em face das empresas
submetidas a processo de falência ou de recuperação judicial, limitada à fase de
conhecimento. Após o trânsito em julgado e a liquida ção da sentença trabalhista é feita a
habilitação respec tiva no juízo universal da falência ou da recuperação judicial, com a
inscrição no quadro-geral de credores. Em se tratando de recuperação judicial, a suspensão
dos processos de execução não pode ser superior a 180 dias. Transcorrido esse prazo, as
execuções trabalhistas seguem o seu curso normal na Justiça do Trabalho, ainda que o crédito
respectivo tenha sido incluído no quadro-geral de credores.

Principais artigos: 876, 878, 879, 880, 882, 883-A e 884. Súmulas 10 e 399 do TST; Súmula
458 do STF; 

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