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Noções Gerais sobre a Liquidação de sentença

O presente trabalho visa demonstrar que nas sentenças trabalhistas de obrigações


de pagar, de fazer ou não fazer, em que o valor da condenação não está quantificado, ou seja,
não foi individualizado o objeto da obrigação, se faz necessário a liquidação da sentença, para
tornar possível a entrega daquilo que foi reconhecido no julgamento da ação, ou seja, é
atribuída a ela um valor específico.

A incerteza do valor devido ou do objeto da demanda, existente na sentença


ilíquida impede o exercício imediato do direito, por esta razão, é preciso o juiz na prolação da
decisão da fase de conhecimento definir os critérios e a forma da liquidação de sentença.

Neste sentido, é consultado a CLT, doutrinas jurídicas e outras legislações que


tratam da liquidez do título executivo, com o propósito de fornecer informações relativas às
formas de liquidação, que em frente a omissão da CLT e a utilização subsidiaria do CPC e
Lei Federal 6.830/1998, apresenta as regras básicas e a sequência lógica na elaboração da
conta, bem como o momento correto de exercer o direito de recurso.

Portanto, para dar início ao processo de execução é imprescindível tornar a


sentença líquida, o que é feito por meio do procedimento intitulado “liquidação de sentença
trabalhista”. É esta etapa que traz clareza com relação aos valores devidos no processo e que
devem ser pagos em favor da parte ganhadora da ação.

Na Justiça do Trabalho as sentenças do processo de conhecimento, quanto a


liquidez, podem ser liquidas ou ilíquidas.

1. A sentença liquida é aquele em que o valor da condenação ou a homologação é certo,


estando determinado o objeto, permitindo a execução imediata.
2. A sentença Ilíquida é aquele em que não foi fixado o valor da condenação ou não foi
individualizado o objeto da obrigação.
Assim, quando a sentença for ilíquida será necessário procedimentos para
quantificar, ou seja, tornar claro o objeto da obrigação, estando disciplinado no capítulo V,
artigo 879 da CLT.
Formas de Liquidação

Nos termos do caput dos artigos 876 e 897 da CLT, sendo ilíquida a sentença e
com o trânsito em julgado da decisão, o magistrado intimará as partes para apresentar o
cálculo da liquidação, inclusive a contribuição previdenciária incidente.
“Art. 879 – Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á,
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
arbitramento ou por artigos.”

A liquidação de sentença trabalhista pode ser realizada de diferentes formas:


1. por cálculo apresentado pela parte, por cálculo realizado pelo contador judicial;
2. por arbitramento (cálculo pericial); ou
3. por artigos de liquidação (procedimento judicial específico).

Na liquidação, as partes não podem modificar a sentença, vindo a ampliar o título


executivo judicial, o que importaria em excesso de execução. Não é possível ainda, discutir o
mérito da ação de conhecimento.
Desta forma, na elaboração do cálculo, as partes devem seguir rigorosamente o
descrito na sentença, atentando para o significado de verba principal, verba acessória,
reflexos, base de cálculo, juros e correção monetária, contribuição previdenciária, imposto de
renda retido na fonte, prescrição (total ou parcial) e tudo aquilo necessário para a satisfação
da obrigação.
A liquidação de sentença poderá ser na execução provisória, isto é, ainda não há
transitado em julgado da sentença. Cabe ressaltar que perderá o seu efeito caso a sentença
seja modificada ou anulada. Tal execução é realizada em autos apartados
Como preleciona a melhor doutrina, representada por Pedro Paulo Teixeira Manus
(2005, p. 25), entende que liquidação de sentença é:

[...] conjunto de atos processuais necessários para aparelhar o título


executivo, que possui certeza, mas não liquidez, à execução que se
seguirá. Com efeito, tratando-se de condenação do reconhecimento de
obrigação de dar quantia certa, quase sempre a decisão que se executa,
embora certa quanto ao seu objeto, não traz os valores devidos de forma
líquida.

É uma fase intermediária, entre a fase de conhecimento e a fase de execução da sentença


propriamente dita. Dá-se início a execução da sentença no momento em que não é possível
mais interpor recursos sobre a sentença.

Natureza Jurídica

Existe uma divergência doutrinaria quanto a sua natureza, para alguns


doutrinadores ela é declaratória e para outros, como Mauro Schiavi. ela tem natureza
integrativa, visando a apurar o quantum debeatur.

Procedimento

Como exposto, a liquidação é uma etapa que antecede a execução da sentença


trabalhista. Ela é necessária, pois permite definir e delimitar os valores que serão executados.
Antes de proferir a sentença de liquidação, é comum que o juiz abra vistas às partes para
manifestação. Caso estas não se manifestem, haverá a preclusão do direito e as partes não
terão outra oportunidade para impugnar o cálculo

Isso significa que, nos casos em que houver a homologação direta dos cálculos,
poderá haver uma impugnação posterior. Essa situação só se aplica se o magistrado não tiver
aberto prazo para manifestação na etapa de apresentação dos cálculos.

Depois de proferida a sentença de liquidação, o executado é intimado a pagar a


dívida ou oferecer bens à penhora no prazo de até 48 horas. Havendo penhora, os bens são
vendidos para pagar o valor devido.

No processo trabalhista há uma infinidade de recursos que podem ser interpostos


em diferentes fases do processo. No caso específico do cálculo, a parte interessada, após
realizar o depósito, garantia ou penhora, tem o prazo de cinco dias para realizar a
impugnação. Não se esqueça de que este prazo só se aplica se o juiz não tiver concedido o
prazo para contestação antes de proferir a sentença.
Nestas situações, é possível interpor dois recursos: embargos à execução ou
impugnação à sentença de liquidação. Depois da decisão do magistrado acerca de qualquer
um desses recursos, ainda é possível ingressar com o recurso de agravo de petição, que será
julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho.

Em última instância poderá ser interposto o Recurso de Revista para os tribunais


superiores, entretanto, ele só é cabível nas situações em que houver argumento embasado de
ofensa à Constituição Federal.

Quando um processo trabalhista entra no que chamamos de “fase de execução”, é


sinal de que já existe uma decisão formada no que diz respeito ao mérito da ação. Esta é uma
etapa em que se “executa” a sentença. Sendo assim, o procedimento se resume da seguinte
forma:

1. Primeira etapa: liquidação da sentença — quantificação de valores devidos, incluindo


as contribuições previdenciárias.
2. Segunda etapa: sentença de liquidação — decisão do juiz sobre os cálculos.
3. Terceira etapa: citação do executado pagar a dívida ou garantir a execução. A garantia
pode ser dada de diferentes formas: depósito do valor em juízo, nomeação de bens à
penhora ou, ainda, apresentação do seguro garantia judicial. Depois de garantida a
execução, poderá entrar com recurso.
4. Quarta etapa: penhora/bloqueio de bens — se não houver apresentação de garantia, o
magistrado realizará a penhora de bens utilizando: BacenJud, RenaJud e/ou por meio
de Oficial de Justiça. Nesta fase, ainda cabem recursos.
5. Quinta etapa: sentença de embargos e impugnação — é proferida a decisão de
embargos e impugnação; delas, ainda é possível entrar com recursos em instâncias
superiores, avaliadas as particularidades de cada processo.
6. Sexta etapa: leilão — se não houver pagamento dos valores devidos, será realizado
leilão judicial com o objetivo de levantar o valor necessário para pagar o exequente.
7. Sétima etapa: crédito ao exequente — pagamento dos valores ao exequente.
8. Oitava etapa: arquivamento do processo — cumprido o pagamento das obrigações, a
execução será finalizada e o processo arquivado em definitivo.

Importa repisar que além da Consolidação das Leis Trabalhistas e das Súmulas do
TST, é necessário ficar atento às normas do Código de Processo Civil e à Constituição
Federal, tendo em vista que elas trazem diretrizes importantes acerca dos direitos e
procedimentos a serem adotados em processos trabalhistas.

Referência Bibliográfica

1. https://www.jusbrasil.com.br/artigos/liquidacao-de-sentenca-no-processo-do-
trabalho/164518954
2. https://www.jusbrasil.com.br/artigos/liquidacao-da-sentenca-e-execucao-trabalhista/
468420814
3. https://www.mutuus.net/blog/liquidacao-de-sentenca-trabalhista/

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