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AULAS PRÁTICAS – DIREITO

PROCESSUAL CIVIL III


PROFESSOR DOUTOR RUI PINTO

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa – 2017/2018


Joana Maria Costa Lopes
Direito Executivo Joana Costa Lopes

§ CASO PRÁTICO 1

Temas: Título executivo, Certeza, exigibilidade e liquidez da obrigação exequenda.


Legitimidade das partes.

Na sequência de um aparatoso acidente rodoviário, A e B foram condenados pelo tribunal


competente a ressarcir C dos danos patrimoniais e não patrimoniais resultantes do acidente
que envolveu o automóvel daqueles e a motorizada, desta, de acordo com ao valores que
se viessem a apurar futuramente, atendendo à impossibilidade de calcular, desde
logo e em termos definitivos, os danos sofridos por C.
Munida da referida sentença, C pretende agora propor ação executiva para pagamento de
quantia certa contra A e B apresentado, para tal, um requerimento executivo, no qual após
juntar ps valores que considera necessários para a liquidação da obrigação , conclui por um
pedido de 12, 500, 00 euros.

1. Celeste tinha um título executivo? Analise a pretensão desta , atendendo aos


pressupostos de exequibilidade extrínseca e intrínseca .

1. Qual é o título executivo? – 703.º - Sentença condenatória – conmando de


atuação ao réu.
2. Qualificar o estado da obrigação exequenda. São certas, líquidas e exígevveis.
– art. 713.º e ss CPC
3. Qual é a forma do processo? Ordinária ou Sumária; 550.º CPC + art- 626.º
CPC + art. 85.º CPC. – o requerimento executivo é recebido pelo juiz que
condenou, se houver juiz de execução deve ser remetida a esta. Neste caso à partida
é o art. 626/2.º CPC, porque é um sentença proferida pelo tribunal português, art.
85.º CPC, sem prejuízo do art. 550/3.º CPC, estamos no caso excecional? (Art.
550/3.º - 716/4.º ), - art. 550/3/c) – 741.º CPC,

Forma de Processo Sumária: podemos já penhorar sem aviso prévio, se não pagar, depois a
sentença declarativa, o devedor sabe que os seus bens podem ser executados.

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4. Qual é o tribunal competente. Art. 85 º


5. Se as partes são legitimas. 53 e 54.º CPC

a) Liquidação que não depende de cálculo aritmético;


b) Liquidação que depende de cálculo aritmético;

Temos duas obrigações, a dos danos patrimonais e danos não patrimoniais, quando
chegamos à execução , a obrigação é certa, está qualititivamente determinada, é liquida,
(qualitativamente determinada), e é exigível.

Sim, este título executivo, corresponde a uma sentença condenatória nos termos doa rt.
703/1/a) CPC, no processo executivo está-se já no exercício de um direito reconhecido por
procedência de uma prentensão e por isso não há condições materiais de procedência que
relevem nele mesmo e juízos de absolvição/condenação no pedido. Na verdade esse juízo
de absolvição/condenação no pedido já teve lugar na ação declaratva prévia, ou está
consumido por título executivo extrajudicial.
- O título determina o porquê , contra quem e para quê: qe o credor requer a execução. Trata-
se da função delimitadora consagrada no art. 10/5.º do CPC, e apotanda pelo Prof. MTS
como o âmbito objetivo e subjetivo da ação executiva que são delimitados pelo título
executivo.
- desta, de acordo com ao valores que se viessem a apurar futuramente, atendendo à
impossibilidade de calcular, desde logo e em termos definitivos, os danos sofridos
por C – cumpriu com os trâmites do art. 716.º CPC. /1 + art. 713.º CPC.
Rui Pinto: (aula prática).
Art. 716/1.º - depende de cálculo aritmético, depende a quantificação da dívida, que conugue
somente normas jurídicas e matéria de facto não controvertida – o prof. costuma dizer a
ligação está abrangida pela segunraça do título executivo, basta fazer contas, temos de aplicar
as protarias que tipificação os juros de mora, e matéria de facto, o dia do incumprimento, em
princípio das ornigações com prazo, são de conhecimento oficioso, o art. 716/1.º CPC, vale
para qualquer juro executivo, é um mecanismo que vale para qualquer título executivo.
Imaginem que as contas são complicadas, pedir um orçamento (quando batemos com o
carro), quando seja necessário apresentar documentos, uma perícia para saber um relatório
médico, há de facto dívidas que não estão quantificadas, pelo que é necessário fazer provas,
tem de haver um incidente de liquidação, e temos de disntiguir, o tipo de título, se for uma

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sentença condenatória, ninguém pode entrar na ação executiva sem ter liquidado a sentença
lá atrás, na parte que não depende de cálculo aritmético, quando seja incidente de liquidação
de sentença -a rt. 358.º , quando seja título diverso de sentença /sentença arbitral, então vale
o art. 716/4.º CPC.

Matéria:

1. Para que possa ter lugar a realização coativa duma prestação devida, há que satisfazer
dois tipos de condição, dos quais depende a exequibilidade do direito à
prestação:

a) O dever de prestar deve constar de um título: o título executivo. Trata-se dum


pressuposto de caracter formal, que extrinsecamente condiciona a
exequibilidade do direito, na medida em que lhe confere grau de certeza que o sistema
reputa suficiente para a admissibilidade da ação executiva.
b) A prestação deve mostrar-se certa, exigível e líquida ( e não paralisável pela
exceção de não cumprimento ). Certeza, exigibilidade e liquidez são os
pressupostos de carácter material, que intrinsecamente condicionam a
exequibilidade do direito, na medida em que sem eles não é admissível a
satisfação coativa da pretensão.

Prof. Lebre de Freitas: quanto à certeza, à exigibilidade e à liquidez da prestação, embora


também como pressupostos usem aparecer, entre nós, qualificadas, dir-se-ia que melhor lhes
cabe a qualificação de condições da ação executiva, enquanto características conformadoras
do conteúdo duma relação jurídica de direito material. Mas a certeza, a exigibilidade e a
liquidez só constituem requisitos autónomos da ação executiva quando não resultem
já do título executivo, caso contrário diluem-se no âmbito das restantes características da
obrigação e a sua verificação é presumida pelo título, sem qualquer especialidade de
regime a ter em conta. Trata-se assim de exigências de complemento do título executivo,
que acabam por exercer uma função processual paralela à deste.
A certeza, a exigibilidade, e a liquidez da prestação, desde que entendidas menos como
características duma relação de direito material do que como verificação autónoma dessas
características, quando elas não contem do título executivo, constituem pressupostos
processuais.

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Diverso é porém, o estatuto da liquidez , desde a reforma da ação executiva, quando


referida à sentença judicial condenatória: esta só constitui título executivo após a liquidação
da obrigação pecuniária que não dependa de mero cálculo aritmético, a qual tem lugar no
próprio processo declarativo , nesse caso, a liquidez integra o próprio título, em vez de
complementar um título já constituído. Integra também o próprio título executivo a liquidez
da obrigação pecuniária (sempre ressalvada a liquidação por mero cálculo aritmético), quando
se está perante documento particular.
Como pressupostos processuais, o título executivo e a verificação da certeza,
exigibilidade e da liquidez da obrigação exequenda são requisitos de admissibilidade
da ação executiva, sem os quais não têm lugar as providências executivas que o tribunal
deverá realizar com vista à satisfação da pretensão do exequente e que são, no processo
executivo, o equivalente à decisão de mérito favorável no processo declarativo, dificilmente
se podendo encontrar no processo executivo um equivalente da decisão de mérito
desfavorável.
- Art. 609/2.º CPC, não podemos ir para a ação executiva sem liquidar – a sentença genérica
não é título executivo; Art. 704/6.º CPC: - a sentença só constitui título executivo após a liquidação a
títilo executivo.
- Art. 855.º - agente de execução – processo sumário: alínea a) -

§ TÍTULO EXECUTIVO;

1. Noção;

O título executivo constitui a base da execução, por ele se determinando o fim e os limites
da ação executiva, isto é o tipo de ação, e o seu objeto, assim como a legitimidade ativa e
passiva para ela, e sem prejuízo de poder ter que ser complementado , em face dele se
verificando se a obrigação é certa, líquida e exigível.

Toda a execução tem por base um título, pelo qual se determinam o fim, e os limites da ação executivs – art.
10/5.º CPC.

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1.1 Introdução: a exigência legal de título executivo, e de obrigação certa, líquida


e exigível.

´ Ao mesmo tempo o artigo 725/1/d) e 855/2/a) do CPC estatui que a secretaria


(forma ordinária) ou o agente de execução (forma sumária), recusa receber o requerimento
quando não seja apresentado título executivo ou sua cópia. Além disso o artigo 726/2/alínea
a) do CPC determina um despacho liminar de indeferimento quando seja manifesta a falta
ou insuficiência do título, causa essa que pode conduzir, até ao primeiro ato de transmissão
de bens penhorados, a uma extinção superveniente da execução, ao abrigo do art. 734.º/1
do CPC.
Tanto a falta, como a insuficiência, como a inexequibilidade de título são fundamento
de oposição à execução, nos termos do art. 729/1/a) CPC.

ü Por um lado, o título deve demonstrar uma obrigação, que se pde que seja
certa, líquida e exigível.

Assim, o art. 713.º determina que a execução principia pelas diligências, a requerer pelo
exequente destinadas a tornar a obrigação certa, exigível e líquida, se não for em face do título
executivo.
A falta deste caracteres impede a execução da pretensão, como se depreende da leitura
dos artigos.

• Art. 724/1/h);
• Art. 725/1/a); e c)
• Art. 726/2/ al. c);
• Art. 729 alínea e);
• Art. 734/1; - princípio da gestão processual – art. 6/2.º CPC.
• Art. 855/2/ alínea a).

Na forma ordinária - desde que não haja caso julgado formal – o despacho é provisório
de abertura, na forma sumária o juiz nem sequer há despacho liminar.

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ANSELMO DE CASTRO: qualificam a exigência de título executivo e de obrigação certa, líquida,


e exigível como pressupostos processuais específicos.
PALMA CARLOS, CASTRO MENDES , LEBRE DE FREITAS designa-os como pressuposto formal
e pressuposto material da ação executiva, respetivamente;
Teixeira de Sousa, radicando nesta orientação, ensina que o primeiro constitui a
exequibilidade extrínseca e o segundo a exequibilidade intrínseca, respetivamente;

Concretizando melhor, para o Prof. Lebre de Freitas, tanto o título executivo, quanto a
verificação de certeza, exigibilidade e liquidez da obrigação são pressupostos processuais
específicos da ação executiva.
O título é um pressuposto processual “sem prejuízo da sua articulação com o direito
exequendo”

2. Espécies;

O art. 703.º CPC, enumera nas suas alíneas quatro espécies de título executivo:
a) Sentença condenatória;
b) Documento exarado;
c) Títulos de crédito;
d) Documentos com força executiva;

ü Sentença condenatória;

Ao utilizar o art. 703/1/a) do CPC a

1. Manteria a sua resposta se Amílcar e Bento tivessem interposto recurso da decisão


judicial?

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Temos de ter em conta o art. 704.º CPC/1 .º CPC – para que a sentença seja exequível, é necessário
que tenha transitado em julgadom que seja insuscetível de recurso ordinário ou de reclamação, - art.
628.º CPC, salvo no caso do art. 704/1/in fine.

2. Explique de que forma seria liquidável a quantia exequenda, bem como a


admissibilidade e o meio processual a que Amílcar e Berto poderiam recorrer para
contestar o valor indicado no requerimento executivo por Celeste.

- Diverso é porém, o estatuto da liquidez , desde a reforma da ação executiva, quando


referida à sentença judicial condenatória: esta só constitui título executivo após a liquidação
da obrigação pecuniária que não dependa de mero cálculo aritmético, a qual tem lugar
no próprio processo declarativo , nesse caso, a liquidez integra o próprio título, em vez de
complementar um título já constituído. Integra também o próprio título executivo a liquidez
da obrigação pecuniária (sempre ressalvada a liquidação por mero cálculo aritmético), quando
se está perante documento particular.

- Art. 713.º CPC + art. 716.º CPC + art. 724/1/h) CPC.

- Meio processual para contestar o valor indicado no requerimento executivo: art. 729.º/e) CPC –
(oposição à execução).

3. Poderia Celeste, no momento da liquidação da obrigação exequenda, incluir os


montantes relativos a juros de mora, apesar de a sentença não fazer qualquer
referência a estes? Se sim, a partir de quando?

- Art. 703/2.º do CPC: + art. 716/2.º CPC , veio acrescentar que a liquidação pelo agente de
execução de juros moratórios vincendos quando não decorram do título e documentos
complementares, será feita “em função das taxas legais de juros de mora aplicáveis”:
- Todavia, o preceito, por tratar apenas do âmbito objetivo do título executivo,. Não dispensa o
credor de ter de expressamente deduzir o respetivo pedido acessório de juros. (Prof. Paula Costa e
Silva).
Este é uma solução excdcional, a consagração limitada confirma-o , que para o legislador as
obrigações prejudicadas não estão abrangidas pelo título judicial tendo o autor o óus de as pedir
cumulativamente,

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Como é que se faz o recurso de apelação da sentença? O art. 647.º CPC permite, (recorrente)
possa pedir a suspensão da sentença, o réu prestando caução, o réu peça o efeito suspensivo,
por outro lado o art. 604.º CPC. – Art. 704.º CPC
Recurso de apelação for favorável -
Quid iuris? Quando a ação executiva acabar, e o recurso der razão aos réus executados.

Quando temos uma sentença condenatória com um valor ilíquido em que data
começa a contar a mora? Se se tornar exígível, será que mora coincide com a data
do acidente , ou com a data da sentença condenatória da liquidação? 805 CC (fico
com isto) – Acórdão de Uniformização de jurisprudência.

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/-/E0EA44FE1AAD123B802574390049F290 - AC. STJ – 15-


06-1994.

Acórdão fundamento - razões

a) O problema da determinação do momento da constituição em mora do devedor dos juros


devidos pôs-se na vigência do Código Civil de 1867, conduzindo a jurisprudência e a doutrina
vária.
b) O actual Código Civil veio a tratar a matéria em causa nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 805.º,
tendo de aquele último número sido alterado (acrescentamento) pelo Decreto-Lei n.º
262/83, de 16 de Junho.
c) No seguimento da anterior problemática levantada sobre a questão formaram-se duas
correntes doutrinais de apreciação e decisão:

i) Uma, procurando a conciliação dos n.os 2 e 3 do citado artigo 805.º do Código Civil,
em termos de se considerar que o devedor de juros, por indemnização ilíquida, só
incorria em mora, depois de aquela se tornar líquida, mediante convenção das partes ou
decisão definitiva do tribunal, a não ser que a iliquidez fosse imputável ao devedor;

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ii) Outra, afirmando que a obrigação de indemnização, por facto ilícito, nascia com
o mesmo, sendo devidos juros de mora a partir desse momento.

d) A alteração introduzida no artigo 805.º, que consistiu no acrescentamento ao seu


referenciado n.º 3, não tem como determinante o anterior conflito de doutrina e
jurisprudência, já que o mesmo se esbateu desde a entrada em vigor do novo Código Civil,
com o predomínio do entendimento de que não havia mora enquanto o crédito não se
tornasse líquido.

e) Os termos da alteração introduzida no n.º 3 do citado artigo 805.º, fixando o momento


do início dos juros de mora - não a partir do facto ilícito, nem da liquidação definitiva
mas da citação -, tem carácter inovador, sendo, por isso, só aplicável aos factos posteriores
ao do começo da sua vigência "precisamente, porque se trata de norma que regula os efeitos
dos factos geradores de responsabilidade civil" (cf. artigo 12.º do Código Civil).

Acórdão recorrido - razões

a) Nos termos da alínea b) do n.º 2 do artigo 805.º do Código Civil existe mora do devedor
- independentemente de interpelação - se a obrigação provier de facto ilícito.
b) Um acidente de viação é um facto ilícito quando viola direitos de terceiro, por culpa do
violador.
c) Atenta a modificação introduzida no n.º 3 do artigo 805.º e à circunstância de, na hipótese
sub judice, ter sido invocado, no momento da propositura da acção, o direito a juros com o
pedido de contagem a partir da petição inicial, o direito a indemnização e o
correspondente dever de indemnizar reportam-se ao cometimento do facto ilícito (o
acidente teve lugar em 1982), considerados o tempo em que se verificou e as suas
consequências.
d) A constituição do devedor em mora reporta-se ao momento em que o dever
correspondente ao direito devia ser cumprido, sendo certo que uma coisa é o dever de
indemnizar - para o qual existe um momento em que tem de ser cumprido - outro é o dever
de pagar juros de mora, quando aquele dever não foi cumprido no momento em que o devia
ter sido.

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e) O Decreto-Lei n.º 262/83 estabeleceu para futuro um momento especial de constituição


em mora pelo devedor da indemnização por facto ilícito, qual seja o da sua citação para a
acção.

Considerações históricas

Ao artigo 805.º do actual Código Civil correspondiam na matéria em análise os artigos 711.º
e 732.º do Código Civil de 1867.
A alteração introduzida no artigo 805.º, citado, pelo Decreto-Lei n.º 262/83, de 16 de Junho,
consistiu no acrescentamento ao seu n.º 3 da determinação de que:
[...] tratando-se, porém, de responsabilidade por facto ilícito ou pelo risco, o devedor
constitui-se em mora desde a citação, a menos que já haja então mora, nos termos da
primeira parte deste número.
Em reporte temporal (antes de mais), face a tal alteração introduzida no n.º 3 do artigo 805.º,
impõe-se saber se a mesma se assume com carácter e natureza inovadora ou meramente
interpretativa.
E, de algum modo, o porquê da alteração.

Parece claro poder-se concluir que (v. preâmbulo do Decreto-Lei n.º 262/83) se considerou
menos justa - nas suas consequências, naturalmente - a lei na redacção inicial dada
ao n.º 3 do artigo 805.º do Código Civil.

Assim, o legislador, enquanto originariamente consagrava que "sendo ilíquido o crédito


proveniente de facto ilícito, não haveria mora enquanto (o mesmo) se não tornasse
líquido, salvo se a falta de liquidez fosse imputável ao devedor", veio com o Decreto-
Lei n.º 262/83 consignar "que o devedor por crédito ilíquido derivado de responsabilidade
por facto ilícito ou pelo risco se constituía em mora desde a citação, a menos que já então
haja mora por a falta de liquidez ser imputável ao próprio devedor".

Na sequência, em consonância com a ratio legis - como se disse -, uma questão:


A de saber se a alteração da lei (acrescentamento) se assumia - e assume - com carácter
inovador ou, contrariamente, tão-só interpretativo (com todas as consequências daí
decorrentes).

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- Ao longo dos anos, alguma jurisprudência - mais, a dos Tribunais das Relações de Lisboa e
de Évora - vem defendendo o carácter interpretativo da norma alterada. E o Acórdão
recorrido do Supremo Tribunal de Justiça de 12 de Dezembro de 1991.

Outra jurisprudência - de longe a dominadora - vem considerando que a norma, na redacção


que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 262/83, é inovadora, aplicando-se apenas para
futuro (e não retroactivamente).

- Uma conclusão - a despeito do tal posicionamento (constituição em mora, no momento da


citação, nos casos de obrigações de indemnização derivadas de factos ilícitos) não ser já
novidade, porquanto defendido por jurisprudência anterior ao Decreto-Lei n.º 262/83 -
parece ser de tirar do n.º 3 do preâmbulo daquele mesmo decreto, qual seja a de que a
alteração legislativa em causa tem natureza inovadora.
Trata-se de elemento histórico que se impõe.

Trata-se do artigo 566.º, n.º 2, do Código Civil, onde se consagra que:


[...] a indemnização em dinheiro tem como medida a diferença entre a situação patrimonial
do lesado na data mais recente que puder ser atendida pelo tribunal e a que teria nessa data
se não existissem danos.
Dizem os Profs. Pires de Lima e Antunes Varela no Código Civil Anotado, vol. II, 3.ª ed., p.
66, comentando-a, que:
Desde que a situação patrimonial hipotética a que o n.º 2 do artigo 566.º se refere, como
aditivo na diferença patrimonial que há-de ser reparada ao lesado, envolva a eliminação de
todos os danos causados pelo facto lesivo a partir da verificação desse facto, é evidente que
o critério geral estabelecido naquela disposição legal é, em princípio, mais favorável para o
lesado e mais severo para o lesante que a nova regra inserida pelo Decreto-Lei n.º 262/83,
na parte final do n.º 3 do artigo 805.º, que apenas põe a cargo do devedor (responsável pelo
facto ilícito ou pelo risco) os danos (moratórios) verificados, após a citação, na acção de

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condenação.

Tudo visto.

Considerando que todo o sistema legal configurado como o de obrigação de


indemnização, nos termos do artigo 483.º do Código Civil, leva depois a que se estatuam
normas de realização desse mesmo direito, afigura-se-nos (dentro do enquadramento supra-
referenciado) que o n.º 3 do artigo 805.º do Código Civil deve ser tido e qualificado
como um "modo" de realização de um direito e não como "constitutivo" desse
mesmo direito (cf. citado parecer, p. 49).
Esse seria o critério fundamental de análise a ter em conta na consideração do problema
levantado.
Ademais, a antecipação do momento da mora, em casos de responsabilidade civil resultante
do facto ilícito, poderia ser uma solução pior para o lesado "do que as alcançáveis mediante
um cálculo que atenda aos prejuízos efectivos" (cf. Dr. Simões Patrício, "As novas taxas de
juro do Código Civil", in Boletim do Ministério da Justiça, n.º 305).

Conclusões

a) Tendo em conta o referenciado, deve ter-se como critério geral, no ponto em


estudo, a norma decorrente do estatuído no n.º 2 do artigo 566.º do Código
Civil, em que se permite se tomem em linha de consideração todos os factos que
recaiam sobre o património do lesado até à data mais recente que puder ser atendida
pelo tribunal.

b) Todavia, face ao disposto no n.º 3 do artigo 805.º e ao decorrente do critério geral


citado inserto no artigo 566.º, n.º 2, pode cair-se numa "duplicação dificilmente
justificável no plano de conciliação dos interesses em jogo" consequente ao "terem-
se feito incidir os juros moratórios sobre uma indemnização que de si (dado o

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desfasamento temporal a que se atende) já inclui os juros compensatórios" (cf. Dr.


Ribeiro de Faria, Direito das Obrigações, citado no parecer).

c) Assim, a nova norma decorrente do acrescentamento feito ao n.º 3 do artigo 805.º


tem de ser qualificada, não como um "novo" direito indemnizatório que se
somaria aos já constantes da lei, mas sim como uma "alternativa" dada ao
lesado de pedir indemnização por danos posteriores à data da propositura da
acção, consequentes do protelamento da liquidação (cf. Dr. Ribeiro de Faria,
ob. cit., e parecer).

d) Pelo que o lesado, ao pedir juros desde a citação, tem apenas direito aos danos
verificados no momento da propositura da acção, renunciando
(implicitamente) aos, eventualmente passíveis de consideração, que possam ter
lugar entre a data da propositura da acção e a da liquidação (cf. Profs. Pires de
Lima e Antunes Varela, p. 67, em que se sustenta "que o intérprete avisado há-de
acrescentar à ressalva expressamente formulada na nova redacção do n.º 3 do artigo
805.º a dos casos em que o lesado prefira a aplicação do critério geral estabelecido
no n.º 2 do artigo 566.º do Código Civil).

e) A nova redacção do n.º 3 do artigo 805.º dá ao lesado a possibilidade de pedir apenas


o pagamento da indemnização respeitante ao dano verificado na data da
propositura da acção, renunciando, desse modo, ao maior benefício que
resultaria da sua opção pelo critério geral do n.º 2 do artigo 566.º (cf. Profs.
Pires de Lima e Antunes Varela, ob. cit.).

f) A vantagem decorrente para o lesado pela sua opção pelo uso da faculdade que
lhe é dada pela nova redacção do n.º 3 do artigo 805.º resultaria de não ter de
fazer prova de qualquer facto para ser indemnizado por danos posteriores à data da
citação, por mero decurso do tempo.

g) Assim, o n.º 3 do artigo 805.º do Código Civil (na sua formulação acrescentada)
não vem dar ao lesado um direito novo mas um modus operandi diverso (processual)
para uma mais fácil obtenção da indemnização por danos consequente à demora no
processo.

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h) Tal indemnização era já devida ao lesado (por direito), tendo o mesmo, porém,
de fazer a prova dos danos que causa.

i) A concessão dada ao lesado cifra-se na possibilidade de optar por uma avaliação


abstracta dos danos indemnizáveis, em substituição de uma avaliação concreta dos
mesmos (cf. Prof. Antunes Varela, Das Obrigações em Geral, vol. II, p. 116, nota

j) Nestes termos, há que concluir - e, como tal, se conclui - que a norma do n.º 3 do
artigo 805.º do Código Civil se configura como um meio dado ao lesado para
conseguir a satisfação integral da parte respeitante aos danos (moratórios)
posteriores à propositura da acção e anteriores à sua liquidação.

k) Pode definir-se como uma "norma intrumental", devendo ser tida com uma "norma
de processo", com todos os efeitos consequentes, nomeadamente quanto à sua
aplicação no tempo, a processar de modo idêntico às normas de direito adjectivo (cf.
Prof. Baptista Machado, ob. cit., p. 23, e parecer junto aos autos).

Quando temos uma sentença condenatória com um valor ilíquido em que


data começa a contar a mora? Se se tornar exígível, será que mora coincide
com a data do acidente , ou com a data da sentença condenatória da
liquidação? 805 CC (fico com isto) – Acórdão de Uniformização de
jurisprudência.

Ac. STJ 4/2002 de 27 de junho.

Sempre que a indemnização pecuniária por facto ilícito ou pelo risco tiver sido
objecto de cálculo actualizado, nos termos do n.º 2 do artigo 566.º do Código
Civil, vence juros de mora, por efeito do disposto nos artigos 805.º, n.º 3
(interpretado restritivamente), e 806.º, n.º 1, também do Código Civil, a partir
da decisão actualizadora, e não a partir da citação.

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Se não tivesse sido alterado no sentido em que o n.º 3 do artigo 805.º foi pelo
legislador de 1983, não seria possível contar juros de mora sobre o montante
indemnizatório a partir da sentença condenatória, independentemente do
trânsito em julgado (a «teoria da diferença» só opera até à sentença); a partir desta, já
nada obsta, por aplicação do n.º 3 do artigo 805.º, a que comecem a contar-se juros
de mora.

5 - Acerca do momento a partir do qual devem ser contados, no caso concreto,


submetido a recurso, os juros moratórios, quer para a indemnização fixada
pela Relação de Évora relativamente aos danos não patrimoniais sofridos pelo
recorrente João Francisco Horta, quer quanto à indemnização, agora
arbitrada, por danos patrimoniais futuros e por danos não patrimoniais
sofridos pelo menor Daniel de Matos Lérias Pires, deve ponderar-se que os
quantitativos indemnizatórios atribuídos na esteira do que fora
oportunamente decidido pelas instâncias - já tiveram em linha de conta o
critério actualista definido no n.º 2 do artigo 566.º, compreendendo, assim, uma
avaliação dos danos reportada à data da sentença da 1.ª instância - cf. fls. 217 e 263
v.º Improcede, pois, neste ponto a pretensão dos recorrentes, devendo os juros
moratórios, conforme o decidido pelas instâncias, e de acordo como atrás exposto,
correr a partir da data da prolação da sentença em 1.ª instância.

O legislador, aliás, optou por uma solução de equilíbrio, de compromisso:

- apesar de se tratar de obrigação proveniente de facto ilícito não manda contar a


mora a partir da lesão [cf. artigo 805.º, n.º 2, alínea b), do Código Civil], mas
apenas a contar da citação (artigo 805.º, n.º 3, do Código Civil).

2 - Entre as duas posições em confronto, discutidas no acórdão, ainda é possível uma


terceira, intermédia, visando conciliar o disposto nos artigos 566.º, n.º 2, e 805.º, n.º
3, parte final, do Código Civil, em lugar de sacrificar a segunda (como se fez
neste acórdão.

15
Direito Executivo Joana Costa Lopes

É possível (e fácil de aplicar) calcular a indemnização em termos actualizados à


época da sentença (o que corresponde à consideração da inflação entre a época do
dano e da sentença) e acrescentar o diferencial entre a taxa da inflação e a dos juros
pelo tempo que medeia entre a citação e a sentença.
Por outras palavras, a questão coloca-se em relação ao tempo que vai da citação
à sentença.
No acórdão em que fico vencido sacrifica-se o artigo 805.º, n.º 3, segunda parte, do
Código Civil, em relação a este tempo.

Na interpretação que aqui proponho, considera-se que a actualização a que se


refere o artigo 566.º, n.º 2, do Código Civil, ou seja, a inflação, está compreendida na
taxa dos juros de mora, pelo que, aplicando esta taxa, nos termos do artigo 805.º, n.º
3, do Código Civil, se respeita igualmente o disposto no artigo 566.º, n.º 2, do Código
Civil.

Em caso de responsabilidade civil por facto ilícito, ou pelo risco, mesmo sendo o
crédito ilíquido, o devedor constituiu-se em mora a partir da interpelação feita
mediante citação para a acção judicial em que se peça a sua condenação a pagar.

A data mais recente é a data em que o juiz condena, qual é o ultimo valor, quando
haja um valor que tenha de ser atualizado segundo a taxa de inflação – art. 566/3.
CC: é necess+aria uma sentença de liquidação. – o que conta não é a citação mas a
própria liquidação – a data em que o o juiz fez as contas.

CASO PRÁTICO 2

Josefina celebrou um contrato-promessa de compra e venda com Mimi, nos termos do qual
ficou acordado que ambas celebrariam no mês seguinte um contrato de compra e venda da casa de
férias desta última. Posteriormente, tendo Mimi recusado celebrar o contrato prometido, Josefina
pediu a execução específica do contrato prometido, o que veio a acontecer. No entanto, Mimi teima
em não entregar a chave da casa a Josefina.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

1. Pode Josefina propor acção executiva contra Mimi para forçar a entrega da chave da casa ou
deve recorrer a uma nova acção declarativa?

2. Admitindo que a pretensão de Josefina relativa à entrega da chave se encontrava abrangida


pelo título executivo, pronuncie-se sobre a consequência de Josefina propor, desde logo,
uma nova acção declarativa, desconsiderando a exequibilidade do documento em causa.

Há um problema geral que é o seguinte: a esmagadora maioria da doutrina refere que


diz que é possível haver um título executivo, sempre que haja uma ação constitutiva
e declarativa, e seja rpodecdente e haja obrigação de pagar ou contituir, então não
precisamos de constituir mais nenhuma obrigação, e implicitamente o juiz será
condenado, quem tem um contrato formado à força, se o contrato de compra e venda
for anulado. Nunca houve nenhuma condenação implícita, há uma eficácia implícita,
a ser alguma coisa implícita, dã-se ume feito implícito: esta tese da cosnteatação
implícita, vai à decisão buscar a condenação, o juiz nunca quis impor um comando
diferente. O n.2 do art. 703 CPC: podia dar, mas não dá, porque a condenação
implícita, poe em causa o direito da defesa do devedor, o juiz não pdoe condenar se
não houver pedido expresso do autor, e o réu nem pode constestar nem recorrer, se
o réu contestar a uma coisa que não foi pedida o que é que o juiz pode dizer? Essas
exceções perentórias , apesar de não serem factos supervenientes: o credor quando
não pede o pedido expressamente, e há um pormenor, a sentença executada na forma
sumária, o réu não sabe o que está no título executivo, é o credor qu vai dizer na sua
potencialidade o que é que está no título executivo.

Os direitos fundamentais da defesa, não é um direito absoluto, a questão prende-se


na proporcionalidade, podia ou não podia o credor ter feito o pedido? O pedido da
restituição da casa, o autor pode pedir a restituição da casa logo? Sim porque nesses
casos, pode ser feito um pedido de condenação in futurum, há interesse processual
nestes casos, estas orbigações só se constituíem depois de cumpridas, estas
obrigações nem existem. O credor não tem como pedir a condenação in futurm
, este pedido não é admissível, aí não faz sentido esperar pela violação, o art. 556.º
CPC das condenações pressupõe que admite, é preciso provar que há um dequilibrio
excessivo.

17
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Nota final: será que o problema se coloca nos documentos particulares?os títulos
extrajudiciais englobam as obrigações que estão expressamente enunciados nele, e as
orbigações que sejam típicas daquele contrato, mas não abrange das cláusulas
acessórias que não estejam

Acórdão à duas semanas: no conmtrato mútuto em que A pede a execução de B,


contrato nulo, título executivo : restituição do dinheiro – contrato de mútuo nulo,
serve para executar de restituir o capital quando o contrato é nulo, qualquer contrato
nulo serve para executar os efeitos da jurisprudência: 3/2018. (STJ) – Doutrina do
título implícito;

Notas ao CPC – art. 30.º CPC.

CASO PRÁTICO 4

Osvaldo, empreiteiro analfabeto, em agonia no leito da morte, pediu à sua namorada


Nandinha para esta lhe redigir e assinar, a seu rogo, o seu testamento. Elaborado de acordo
com as instruções de Osvaldo, do testamento cerrado constava o seguinte:
(i) Um legado a Nandinha da sua casa de férias na Comporta, hipotecada a favor de Miquelino;
(ii) Sem prejuízo do legado, deixou todos os seus bens ao seu único herdeiro, o irmão Leopoldo;
(iii) Reconheceu ter uma dívida de 100.000,00 EUR para com Miquelino, resultante de um
fornecimento de calçada portuguesa, dívida essa garantida pela hipoteca já constituída e que
onerava a sua casa de férias na Comporta.

Osvaldo faleceu uns meses depois, tendo Nandinha prontamente aceitado o legado e
Leopoldo prontamente aceitado a herança. Miquelino pretende agora, no âmbito da partilha do
acervo hereditário de Osvaldo, reclamar o pagamento dos 100.000,00 EUR.

1. Miquelino tem título executivo? Contra quem?

M tem um título executivo? Constituem títulos executivos, extrajudiciais privados, por


força da alínea b) do n.º 1 do art. 703.º do CPC os documentos autênticos – art. 363/2.º do
CC, ou autenticados – art. 363/3.º CPC: por notário ou por outras entidades ou profissionais

18
Direito Executivo Joana Costa Lopes

com competência para tal que importem constituição ou reconhecimento de qualquer


obrigação.
No plano formal, cabem assim tanto as escrituras e testamentos públicos, como os
testamentos cerrados(2206/1 e 4 .º CC), no seu original ou na sua certidão ou fotocópia
autêntica (art. 386.º e 387.º CC).

Prof. Lebre de Freitas: Evidentemente que o testamento, ato de disposição de bens por
morte, não pode constituir título executivo enquanto nele radica a transmissão dos bens do
testador. Mas já o será, por nos situarmos então no campo das obrigações, quando o testador
nele confessa uma dívida sua ou constitui uma dívida que impõe a um sucessor.

A obrigação tanto pode ser pagamento de quantia certa, de entrega de coisa certa e de
prestação de facto;

ü h á t í tulo executivo, mas teria de ser autenticado pelo notário. O que constitui
título é o testamento e não a aceitação.
ü Estamos perante um Testamento cerrado ( nos termos do art. 2206 º CC) – pelo
que teria de ser reconhecido pelo notário.
ü No entanto, falta na mesma a forma (458 º /2 CC). Se fosse assinado pelo devedor,
n ão havia problema com o reconhecimento da dívida. Seria necessário juntar o
documento da hipoteca com o testamento para executar a hipoteca. Art. 708
º CPC.
ü Art. 703º/1 al. b) CPC. 351º/2 CPC. Para se verificar a transmissão da dívida, a
herança tem de ser aceite. Art. 715º CPC.

ü Vícios: Mas neste caso, o Miquelino tem título executivo (o testamento ). Seria um
documento privado de reconhecimento de dívida. Sendo um testamento cerrado,
este era um documento autenticado que reconhece a divida. Mas este testamento
está viciado de duas formas: o beneficiário do testamento não pode fazer o
testamento (2197º CC) e ele não sabia ler nem escrever (2199º CC).

ü Ele aparenta ser um título executivo, mas a parte contrária pode vir a invocar
a anulabilidade deste testamento. São anulabilidades que nem são de
conhecimento oficioso. Estas anulabilidades seria deduzidas na oposição à
execução.

ü Se o testamento foi ao notário, no plano formal não temos nada a dizer.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Se o testamento não foi ao notário, haveria uma nulidade formal e aí de facto


não era válido como testamento nem valia como título executivo -

ü Aqui, partindo do princípio que havia título executivo, este processo seguia a forma
sumária, nos termos do art. 550º/2 al. C). CPC

§ Pergunta de contra quem.

Contra quem? Se fosse o testamento, quem tinha legitimidade passiva? Quem é o devedor? Quem
aceitar a herança como herdeiro também vai aceitar a dívida. Então, o Leopoldo é o devedor.
Se a herança for jacente, o devedor é o patrimônio. Como é que o credor comprova que o
Leopoldo é o devedor? Através da Habilitação de herdeiros.
O credor vai juntar o título executivo e vai, ou através do título, ou através de uma prova
complementar ao título (715º), ele deve juntar ao título, se necessário, um documento que
comprove a aceitação da herança.
Se a acção for colocada contra a herança jacente e o Leopoldo aceitou a herança entretanto. Abre-
se um processo de habilitação (351º). Se nada fosse dito, o devedor Leopoldo era quem tinha
legitimidade nos termos do artigo (54º/1).

2. Pronuncie-se sobre a relevância da aceitação do legado e da herança para a


exequibilidade da pretensão de Miquelino.

Prof. Lebre de Freitas: Evidentemente que o testamento, ato de disposição de bens por
morte, não pode constituir título executivo enquanto nele radica a transmissão dos bens do
testador. Mas já o será, por nos situarmos então no campo das obrigações, quando o testador
nele confessa uma dívida sua ou constitui uma dívida que impõe a um sucessor.

ü Em ambos os casos, tem de se verificar a posterior aceitação da herança pelo


sucessor, (que foi o caso), a qual constitui, no primeiro caso, condição da
transmissão da dívida, e portanto fundamento da legitimidade passiva do
sucessor para a execução, e no segundo momento, condição suspensiva da
própria obrigação.
ü Art. 54 º /1 CPC – para se formar o título executivo, é importante a aceitação
o (transmissão da esfera jurídica do de cujus para outra esfera) – 2109 º CC.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Aceitação como condição de legitimidade e de transmissão de dívida (54 º /1


CPC). Testamento e aceitação não são autônomos, dependem um do outro. Para
haver título executivo é necessário testamento e aceitação. Art. 715 º /1 CPC.
ü A prestação era líquida, certa e exigível. Vamos presumir que era exigível. A
herança tinha de ser aceite para que a acção fosse colocada contra Leopoldo.

Por isso a aceitação tem de ser alegada, e pelo menos no segundo caso, provada pelo
exequente nos termos do art. 54/1.º do CPC e art. 715/1.º CPC.

ü Mas o título executivo é sempre o testamento, e não contrariamente ao que, para o


segundo caso já se defendeu por Eurico Lopes Cardoso, o ato de aceitação da
herança.

ü Quando tenha ocorrido sucessão, singular ou universal na titularidade da obrigação,


quer do lado ativo, quer do lado passivo, desta, a execução deve ser promovida por
ou contra os sucessores da pessoa, que como credor ou devedor, figura no título,
pelo que o exequente deve, no próprio requerimento para a execução, alegar os
factos constitutivos da sucessão. – art. 54/1.º CPC

ü Em abstracto, se Leopoldo não aceitasse a herança, esta ficava com bens e com a
dívida. Podia os executar a herança (12º). A herança jacente tem legitimidade activa
e passiva. Portanto, havendo título executivo, haveria sempre possibilidade de
execução

3. Miquelino propõs acção executiva apenas contra Leopoldo, apresentando o


testamento em questão. Leopoldo afirma que a execução deve iniciar-se pelo bem
hipotecado, a casa de férias na Comporta. Quid juris?

ü Art. 54/1 º CPC – devia propor contra Nandinha, visto ser ela a proprietária da casa
de férias. Há ilegitimidade passiva aqui.
ü Art. 735 º /2 CPC – de acordo com o princípio do dispositivo, o autor pode escolher
quem quer executar . Pode escolher não fazer valer a garantia.
ü Quando existe garantia real, a execução começa pelo bem com garantia real.
Miquelino não tem razão, com base no artigo 697º CC.

21
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Dúvidas:

Se nada fosse dito, o devedor Leopoldo era quem tinha legitimidade (54º/1) e iríamos fazer a
penhora de bens que o Leopoldo recebeu.
Todavia, há uma garantia real (697º CC e 752º CPC). Se o credor indicar que há garantia real,
executa-se a garantia em primeiro lugar. Isto é imposto ao agente de execução através do 752º CPC.
Se houver uma hipoteca sobre bens de terceiro, o credor pode executar como quiser. Ou executa
o Leopoldo ou executa a garantia real.
A nandinha tem legitimidade executiva, apesar de não ser devedor, porque ela aceitou o legado
(54º/2). Se houver garantia real sobre bens de terceiro, a dívida, então a lei autoriza que se
execute directamente só a fernandinha. Aí chama-se o título executivo, mas também a hipoteca
para provar a legitimidade da fernandinha. Em suma, para a fernandinha aplicava-se o 54º/2, mas
para ela não se aplicava o benefício da excussão real.

4. Imagine que, iniciada a execução contra Leopoldo, Miquelino constata que o valor dos bens
herdados é inferior ao valor da obrigação exequenda e pretende demandar Nandinha, que se
defende, afirmando que Miquelino renunciou tacitamente à execução da hipoteca. Quid juris?

A garantia real só pode ser renunciada expressamente (forma exigida para a sua
constituição). A mera proposituRa de uma acção em que a garantia não seja invocada não
tem valor de renúncia tácita. Pode renunciar expressamente no requerimento de execução.
735º/2 CPC. 54º/2 CPC 752º CPC
O mero não exercício da hipoteca não é uma renúncia à hipoteca. Só se pode renunciar a
hipoteca segundo a forma legalmente prescrita. Aqui, não há forma. E a afirmação que há
uma vontade tácita não tem fundamento legal.

5. Suponha que Miquelino propõe acção executiva apenas contra Nandinha,


apresentando o testamento em questão e percebendo, mais tarde, que o valor da casa
de férias é manifestamente inferior ao valor da obrigação exequenda. Quid juris?

Art. 54/3.º do CPC

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Sim, isto está expressamente previsto na lei. O testamento não servia neste caso como título
executivo. Podia ser o documento da hipoteca. Temos de provar que ela aceitou o legado (através do
registo). Podemos usar como título a própria escritura da hipoteca. Temos sempre de provar que
Leopoldo aceitou.

717º/2 CC. 818º CC

6. Imagine que Leopoldo, cabeça-de-casal da herança, procedeu, de má-fé, à alienação gratuita


dos bens que compõem a herança a favor de Patrícia. Patrícia tem legitimidade passiva para
a acção executiva intentada por Miquelino?

Pode a patrícia ser executada? 818º, 2º parte CC – SIM. Esta é uma impugnação pauliana (610º
CC). 54º/2 CPC – não está expressamente prevista no CPC.

7. Suponha que, em execução movida contra Leopoldo, Miquelino indicou à penhora uma
famosa escultura que Leopoldo herdara da sua mãe. Leopoldo pretende opor-se a esta
penhora. Quid juris?
8. Considere agora que Miquelino fornecera igualmente calçada portuguesa a Leopoldo e que
Leopoldo, tal como outros tantos clientes de Miquelino, lhe devia 50.000,00 EUR, dívida
essa titulada por sentença de condenação proferida em acção declarativa que já decorrera.
No âmbito de uma operação de cobrança em massa das dívidas dos seus clientes, Miquelino
pretende propor apenas uma acção executiva contra Leopoldo, pelas dívidas deste e pela
dívida contraída pelo falecido Osvaldo, com eventual chamamento à demanda de Nandinha,
bem como contra Pedrito, outro cliente que também não lhe pagara os fornecimentos de
calçada portuguesa e cuja dívida se encontrava igualmente titulada por sentença de
condenação proferida em acção declarativa. Quid juris?

CASO PRÁTICO 5

Pedro vendeu um barco a Raquel, por 20.000,00 EUR, no dia 3 de Abril. No dia 5 de Abril,
Pedro dirigiu-se ao Banco X para apresentar a pagamento o cheque que Raquel lhe entregara.
Contudo, o pagamento foi-lhe recusado por falta de provisão.

23
Direito Executivo Joana Costa Lopes

1. Pode Pedro intentar uma acção executiva contra Raquel, anexando ao requerimento
executivo o cheque sem provisão? Manteria a sua resposta se, em vez de um barco, o negócio
subjacente fosse a compra e venda de um imóvel?

R: Neste caso prático, estamos perante um título executivo nos termos do art. 703/1/ alínea
c) do CPC: a letra, a livrança e o cheque, são pois, os únicos documentos particulares
a que a lei geral hoje confere exequibilidade.

§ MATÉRIA TEÓRICA | RUI PINTO:

Títulos de crédito: a primeira parte da alínea c) está agora dedicada aos “títulos de crédito,
ainda que meros quirógrafos”. Portanto, e antes de mais, trata-se de uma categoria de
documentos tendencialmente particulares que incorporam a própria obrigação e que
oferecem elevada segurança formal e substantiva, dotados, aliás, de força executiva prevista
nas respetivas leis especiais, máxime, as leis uniformes das letras, livranças. E cheques.
Desaparecida como categoria legal na reforma de 1995/1996 regressa agora. Em abstrato
podem , no plano prático, passar a titular dívidas que antes estavam tituladas por
simples documento particular.

§ MATÉRIA TEÓRICA | LEBRE DE FREITAS;

Quanto ao cheque, alguma jurisprudência minoritária tinha entrado, após a revisão do CPC
de 1961, a negar-lhe a exequibilidade, com o argumento de que ele mais não é do que uma
ordem de pagamento, pela qual não se constitui nem reconhece qualquer obrigação. Assim
se esquecia (Lebre de Freitas), que o preenchimento do cheque à ordem ou a sua entrega ao
portador tem implícita a constituição ou o reconhecimento duma dívida, a satisfazer
através da cobrança dum direito de crédito (cedido), contra a instituição bancária.

§ Resolução do caso:

ü Se fosse um contrato de compra e venda de um imóvel? A relação jurídica


subjacente é irrelevante e o que interesse é o título. A causa de pedir é o cheque
ser sacado, não interessa o que deu origem. Se foi a compra e venda de um imóvel
ou a compra e venda do barco.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Em suma era sempre título executivo. Já era relevante se fosse mero


quirógrafo. 1 (o documento escrito de próprio punho e assinado somente pelo
devedor de uma obrigação. )

§ Ac. Tribunal da Relação de Lisboa | 23-02-2006

ü O cheque, enquanto mero quirógrafo, não tem força bastante para importar,
por si só, a constituição ou reconhecimento de obrigação pecuniária. É,
apenas, um meio de mobilização de fundos depositados pelo sacador em
estabelecimento bancário e não importa, em si mesmo, a constituição ou o
reconhecimento de obrigações pecuniárias a favor de terceiro de quem é emitido.
ü Privado da sua eficácia cambiária, não pode o cheque ser qualificado como
documento consubstanciador do reconhecimento de uma obrigação
pecuniária, donde decorre que o cheque, enquanto mero documento particular ou
quirógrafo, apenas servirá como um meio de prova da relação fundamental, que terá
de ser demonstrada pelo credor na acção.

Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra | 16-03-2016 | (Maria João Areias).

ü No recurso a um título de crédito como mero quirógrafo, a obrigação exequenda


deixa de ser abstrata e passa a ser causal, razão pela qual exige sempre a
indicação do respetivo facto constitutivo.

1 O título de crédito, enquanto quirógrafo: prescrita a obrigação cartular, constante de uma letra, livrança

ou cheque, poderá o título de crédito continuar a valer como título executivo, desta vez enquanto escrito
particular consubstanciando a obrigação subjacente?
Assim foi entendido na vigência do CPC de 1961, antes e depois da revisão de 1995-1996: (José Alberto dos
Reis), embora com vozes discordantes ( Eurico Lopes Cardoso e João de Castro Mendes).
Quando o título de crédito mencione a causa da relação jurídica subjacente, o título prescrito vale como
documento particular respeitante à relação jurídica subjacente.
Quanto aos títulos de crédito prescritos dos quais não conste a causa da obrigação, há que distinguir
consoante a obrigação a que se reportam emerja ou não dum negócio jurídico formal. No primeiro caso, uma
vez que a causa do negócio jurídico é um elemento essencial deste, o documento não constitui título executivo
(art. 221/1.º CC e art. 223.º CC).
No segundo caso, porém a autonomia do título executivo em face da obrigação exequenda e a consideração do
regime do reconhecimento de d+ivida (art. 458/1.º CC), leva a admiti-lo como título executivo, sem prejuízo
de causa da obrigação dever ser invocada na petição executiva e poder ser impugnada pelo executado, mas se
o exequente não a invocar, ainda que a título subsidiário, no requerimento executivo, não será possível fazê-lo
na pendência do processo, após a verificação da prescrição da obrigação cartular e sem o acordo do executado
(art. 264.º), por tal implicar alteração da causa de pedir. – Ac. STJ de 30.10. 2013.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü 2. Se a obrigação reconhecida no título executivo tem por fonte um negócio nulo


por falta de forma, o juiz só pode reconhecê-lo, não lhe incumbindo qualquer
atividade com vista à averiguação sobre se uma vez declarado nulo tal negócio
sempre se imporia a restituição da quantia peticionada (ou de parte dela) pelo
exequente.
ü 3. A invalidade formal do negócio jurídico afeta não só a constituição do
próprio dever de prestar, como a eficácia do documento enquanto título
executivo.
ü 4. O cheque prescrito não constitui título executivo quando para o negócio
subjacente à sua subscrição a lei exija a celebração de escritura pública, sendo
este nulo por falta de forma.

2. Imagine que Pedro se dirigia ao Banco X no dia 24 de Abril do mesmo ano. Manteria
a sua resposta?

Nos do art. 29 º | Lei Uniforme Relativa ao Cheque – já teria passado o prazo.


Pedro teria 8 dias a contar da data do cheque para apresentar o pagamento. Aqui foi apresentado
fora do prazo.
Há autores que entendem que a obrigação prescreve logo e há outros autores que dizem
que se for pago, não prescreve. Embora o devedor pode revogar unilateralmente o pagamento.
Passados 8 dias, o banco ainda pode pagar, só que o título pode ser revogado pelo credor.
Podíamos falar aqui em obrigações naturais, potencialmente. Mas há um acórdão que diz
que ainda não prescreveu, porque o banco ainda pode pagar.

ü O STJ decidiu, após como antes da revisão de 1995-1996, ser imprescindível a


apresentação do cheque a pagamento no prazo de oito dias do art. 29.º da LUC, sem
a qual não pode funcionar, enquanto tal, como título executivo: assim por
exemplo, nos acs. Do STJ de 14.06.1983.

ü No entanto, como também decidiu o STJ nos acs. De 30.1.01 do STJ (Garcia
Marques) e de 29.01.02 do STJ (Azevedo Ramos), não apresentado o cheque dentro

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

desse prazo, pode o credor, no requerimento executivo, invocar a relação


fundamental – esta parece ser a orientação do ac. STJ de 18.01.2001, relatado
por Sousa Diniz, embora não seja claro se exige a indicação da causa na petição
inicial executiva ou se limita a entender como os acórdãos em primeiro lugar
referidos, é particularmente incisivo , quanto a essa questão, o de 16.10.2001, que o
cheque não pode funcionar como quirógrafo por não conter, ele próprio, a menção
da causa da obrigação subjacente.

§ Esquema:

1. Não questiona a aptidão do cheque como título executivo e


enquanto título de crédito, desde que observados os prazos
estabelecidos na L.U.C ( Lei Uniforme Relativa ao Cheque).

2. Em particular a sua apresentação a pagamento no prazo de


oito dias contados da data da sua emissão ( art.º 29.º), a
documentação da recusa de pagamento por ato de protesto ou
declaração (art. 40.º) efetuada no referido prazo de oito dias ou,
caso a apresentação ocorra no último dia do prazo, no primeiro dia
útil seguinte (art. 41.º).

3. … e que a ação contra o sacador seja instaurada no prazo de seis


meses contados do termo do prazo de apresentação, sob pena de
prescrição ( art.º 52.º).

ACSTJ de 11-01-2007

Título executivo Cheque Cheque sem provisão Documento particular Endosso


Requerimento executivo .

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

I - Não constitui título executivo um cheque apresentado a pagamento e devolvido por falta
de provisão - em 24-11-2004 - antes da data que nele consta como data de emissão -
29-11-2004; uma coisa é a obrigação do banco de pagar, logo que o cheque é
apresentado (art. 28.º da LUCh) e outra a obrigação do portador de apresentar o
cheque a pagamento no prazo de oito dias a contar da respectiva data de emissão
(art. 29.º da LUCh).

II - E também este cheque não pode ser considerado título executivo, como mero
documento particular (quirógrafo), ao abrigo do disposto no art. 46.º, al. c), do CPC - o
cheque não contém o reconhecimento da obrigação pecuniária anteriormente constituída, a
obrigação que deu causa à emissão do cheque.
III - Acresce que, no caso concreto, o exequente adquiriu o cheque por endosso; por isso,
não pode invocar o reconhecimento unilateral da dívida, de acordo com o art. 458.º do CC.
IV - Por outro lado, como a relação subjacente não foi invocada no requerimento inicial de
execução, é também de excluir a exequibilidade do cheque como documento particular com
base na invocação dessa relação.

3. Imagine que Pedro se dirigia ao Banco X no dia 20 de Dezembro do mesmo ano.


Manteria a sua resposta?

ü O que alterava era a data em que Pedro se dirigia ao banco. Já passaram os seis meses
(nos termos do art. 52.º da LUC) (prazo de prescrição). São seis meses a contar do
prazo da apresentação. Há um segundo prazo, portanto. Se houver incumprimento
por falta de pagamento, há um prazo de seis meses para a ação executiva que se
contam a partir do final do prazo de oito dias acima mencionado. Prescreve a
obrigação cambiária, mas a dívida subjacente continua lá;

Consequência da prescrição: exceção perentória: absolvição do réu da instância.

O art. 40.º LUC: tem a ver com o título. Temos de cumprir umas formalidades de
segurança exigidas no art. 40.º LUC, é preciso um ato formal que certifique que não existe
previsão, se faltar algum destes requisitos, o cheque não tem força executiva (não é
obrigação).

28
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Artigo 40º - Acção por falta de pagamento


O portador pode exercer os seus direitos de acção contra os endossantes, sacador e outros co-obrigados, se o cheque,
apresentado em tempo útil, não for pago e se a recusa de pagamento for verificada:
1º Quer por um acto formal (protesto);
2º Quer por uma declaração do sacado, datada e escrita sobre o cheque, com a indicação
do dia em que este foi apresentado;
3º Quer por uma declaração datada duma câmara de compensação, constatando que o
cheque foi apresentado em tempo útil e não foi pago
.

ü São requisitos de exequibilidade do próprio título. Se o credor, mesmo assim,


executa o cheque tal qual, o art. 303.º CC diz que a prescrição não é de
conhecimento oficioso, donde nem o agente de execução nem o juiz podem
conhecer. Então o devedor, na oposição á execução terá de alegar a prescrição.

ü Depois, de prescrito, o cheque ainda vale como mero quirógrafo?

R: Mesmo que o cheque prescreva, pode ainda valer como documento particular. Vale a
relação subjacente como reconhecimento da dívida – art. 703/c) do CPC: - documento
particular de reconhecimento da dívida assinado pelo devedor;

Requisitos:

a) Documento particular assinado pelo devedor;


b) Factos constitutivos da relação subjacente tem de estar no documento ou ser sito no
requerimento executivo (como causa de pedir).
c) A lei antiga acrescentava mais dois requisitos: i) a natureza não formal da relação
subjacente, ou seja, tinha de ser um não solene ( aqui no caso do barco, estava
cumprido, mas se fosse compra e venda de imóvel já não estaria cumprido o
requisito).
d) Princípio material subjetivo: ou seja as relações têm de ser imediatas.
e) O Quirógrafo é o documento autografo de reconhecimento da dívida;
f) Para o Rui Pinto não há reconhecimento de dívida, mas a lei expressamente
g) diz que tem força executiva;

29
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Acórdão do S. T. J., de 29/04/2014 (Fernandes do Vale), no qual se enuncia a vasta


jurisprudência e doutrina que a sustentam, aí se afirmando que “quer a jurisprudência deste
Supremo, a qual vem sustentando, ao que cremos, “una voce”, que, embora extinta, por
prescrição, a obrigação cambiária incorporada no cheque, este pode continuar a
valer como título executivo, enquanto documento particular assinado pelo devedor, no quadro
das relações credor originário/devedor originário e para execução da respetiva obrigação subjacente,
causal ou fundamental, desde que, nesse caso, o exequente haja alegado, no
requerimento executivo, essa obrigação (a relação causal) e que esta não constitua
um negócio jurídico formal”.

Ac. STJ | 23-02-2017 (Tomé Ramião).

ü Prescrita a obrigação cartular incorporada no cheque ( art.º 52.º da L. U. C),


este mantém a sua natureza de título executivo, enquanto documento
particular assinado pelo devedor, nos termos do pretérito art.º 46.º /1, al. c) do
C. P. Civil e atual art.º 703.º/1, al. c), desde que no requerimento executivo se
mencionem os factos constitutivos da relação subjacente ou causal.

4. Suponha que Pedro tinha endossado o seu cheque a Quina, e que esta, no
dia 20 de Dezembro do mesmo ano, apresentou o cheque a pagamento no
Banco X, que lhe comunicou a falta de provisão de Raquel. Quina poderia
usar o cheque como título executivo?

Não há uma relação imediata entre o credor e o devedor imediato. O quirógrafo só


vale como título nas relações imediatas;

30
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Ac. Tribunal da Relação de Guimarães: 06-03-2014 (Moisés Silva).

ü O cheque é um título executivo nos precisos termos em que a Lei Uniforme do


Cheque lhe confere tal eficácia.

ü O art.º 703 alínea c) do CPC alargou-lhe a validade executiva, como documento


quirógrafo, mas desde que: nele ou no requerimento executivo esteja invocada a
relação causal (a menos que para a relação causal seja exigida qualquer formalidade
especial ali não cumprida), e, em qualquer caso, apenas no âmbito das relações
imediatas em que o cheque é nominativo, excluindo as mediatas ou aquelas em que
o cheque é ao portador.

ü (…) que só é possível alguém socorrer-se do reconhecimento unilateral de dívida


(que o cheque também é, diz-se que vale como quirógrafo) nas relações imediatas
credor originário/ devedor originário.

31
Direito Executivo Joana Costa Lopes

CASO PRÁTICO 8

Nuno celebrou com o Banco Cantander um contrato de abertura de crédito que fora
autenticado por um notário, nos termos do qual este se obrigava a disponibilizar àquele, durante
um ano, um montante máximo de 50.000,00 EUR, após a devida solicitação por Nuno. Foi acordada
uma taxa de juro de 5% (a incidir sobre o montante solicitado), bem como comissões
correspondentes a uma taxa de 3% (a incidir sobre o montante disponibilizado).

1. Nuno solicitou apenas 30.000,00 EUR, que foram prontamente disponibilizados pelo Banco
Cantander mediante transferência bancária, mas Nuno recusa-se a reembolsar o capital
e a pagar os juros e as comissões devidas. O Banco Cantander pretende exigir o
pagamento em falta, apresentando, para tal, o contrato de abertura de crédito, do qual consta
a seguinte cláusula: «O presente documento constitui título executivo». Quid juris?

ü Temos um contrato de abertura de crédito, que configura um contrato preparatório de


prestação de crédito, portanto uma obrigação futura;

ü Ac. Tribunal da Relação de Coimbra: 21-03-2013 - Os contratos de abertura de crédito


em conta-corrente de utilização simples não representam qualquer constituição ou
reconhecimento de dívida dos executados, mas apenas representam os termos e condições
em que estes podem utilizar o dinheiro que a exequente lança na conta de depósitos à ordem
aí identificada, a débito e a crédito, e para utilização no desenvolvimento da actividade
empresarial do executado e sempre a pedido deste.

ü Só surgindo a obrigação deste – o creditado - no momento em que o crédito é concedido,


nascendo, consequentemente, a dívida quando levanta o dinheiro ou recebe os bens a
consumir.
ü Assim sendo necessária a prova complementar a fazer ao abrigo do disposto na norma do
artigo 707.º CPC.

Exequibilidade do contrato de abertura de crédito:

32
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Pela intervenção do notário, nos termos do art. 703.º, al. b) e 707.º CPC, o contrato de
abertura de crédito podia ser título executivo; admitindo-se força executiva para este
documento, desde que se provasse a disponibilização dos 30.000,00 EUR (prova
complementar do título).
ü A prova complementar do título deveria ser feita por documento passado em
conformidade com as cláusulas constantes do contrato (por exemplo, extratos de conta
corrente, outros documentos contratuais ou por documento revestido de força executiva
própria);
ü Explicação de que era o contrato de abertura de crédito o título executivo e não o título
complementar, só havendo exequibilidade extrínseca com os dois documentos;
ü Referir e distinguir os três momentos:
(i) Celebração do contrato;
(ii) Disponibilização efetiva dos 30.000,00 EUR (constituição da obrigação
exequenda), passível de prova por documento;
(iii) Propositura da ação executiva; distinguir ainda os juros que incidiam sobre o
montante imobilizado (exigíveis desde o início) dos que incidiam sobre o
montante solicitado (para os quais também era necessária a prova da
disponibilização do dinheiro).
.

ü Art. 703/1/b) CPC desde que haja prova complementar;


Em princípio a obrigação não será exigível;
ü O documento complementar tem de se referir ao acto concreto de entrega. A lei quer
documentos autênticos ou autenticados que sejam recognitivos da dívida;
ü Só se aplica o art. 707.º CPC quando a prestação é futura. Tem de ser um documento
que ou constitua ou reconheça a obrigaçãp exequenda. Tem de ser um documento que prove
o ato. Portanto é ineficaz esta cláusula, até pelo princípio da tipicidade dos títulos executivos.
ü Se houve só uma vontade negocial, não foi necessária um segunda vontade, então estamos a
falar de uma obrigação que ainda não é exigível por ainda não se ter vencido.
ü Agora se tivermos dois momentos negociais, então aí já estamos em sede de 707.º.
ü Se for uma obrigação condicional, ela é futura, mas quanto à sua exigibilidade, não quanto a
sua existência (aplica-se o art. 715.º CPC). Se a obrigação não for exigível em face do título,
é um problema de condição material (art. 550/3/a) do CPC.

§ ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE COIMBRA; 02-02-2016 (CATARINA GONÇALVES).

33
Direito Executivo Joana Costa Lopes

I – Um contrato de abertura de crédito, ainda que seja um contrato consensual – por se considerar
concluído com o mero acordo das partes –, não importa, só por si, a constituição da obrigação
de reembolso de qualquer capital; tal obrigação apenas se constitui a partir do momento em
que o cliente ou creditado utilize, efectivamente, qualquer capital, nos termos contratados.

II – Não resultando do aludido contrato que, no momento da sua celebração, tenha sido,
desde logo, disponibilizado qualquer capital, nenhuma obrigação de reembolso se poderá
considerar constituída nesse momento e, como tal, o documento que titula esse contrato não
constitui título executivo para o efeito de exigir o cumprimento daquela obrigação.

III – O art. 50º do anterior CPC – assim como o art. 707º do actual CPC – apenas se aplica a
documentos autênticos ou autenticados, pelo que, estando em causa um documento particular,
não é admissível a prova complementar a que alude a norma citada para o efeito de provar a
constituição da obrigação que nele foi prevista e que se pretende executar; tais documentos
(particulares) apenas poderão servir de base à execução se reunirem as características que
são exigidas pela alínea c) do art. 46º, ou seja, desde que esses documentos – assinados pelo
devedor – importem (eles mesmos e independentemente de qualquer outra prova) a
constituição ou o reconhecimento de uma obrigação, cujo valor seja determinado ou
determinável nos termos ali previstos.
IV – A prova complementar a que alude o art. 804º do anterior CPC – bem como o art. 715º do
actual CPC – não pode ter como objecto o facto de que depende a constituição da obrigação,
destinando-se apenas a provar o facto (seja ele uma condição suspensiva ou uma prestação
a executar pelo credor ou por terceiro) do qual depende a exigibilidade da obrigação cuja
constituição ou reconhecimento já terá que resultar do título executivo.

V – A efectiva disponibilização de fundos ou capital ao abrigo de um contrato de abertura de


crédito não corresponde a uma prestação da qual dependa a exigibilidade da obrigação de reembolso
desse capital, antes corresponde a uma prestação da qual depende a constituição desta obrigação e,
como tal, a prova da realização dessa prestação não pode ser efectuada ao abrigo do disposto no art.
804º do anterior CPC (715º do actual CPC).

VI – Assim, um contrato de abertura de crédito do qual não resulte que tenha sido, desde logo,
disponibilizado qualquer capital e que esteja formalizado em documento particular não
constitui título executivo para o efeito de exigir o cumprimento da obrigação de reembolso
de qualquer capital, ainda que seja acompanhado de qualquer outro documento que, sem qualquer
intervenção do devedor, vise demonstrar a efectiva disponibilização ou utilização de fundos nos
termos contratados.

34
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Os documentos apresentados como títulos executivos direito documentos particulares que


documentam a celebração de contratos de abertura de crédito em conta corrente, o qual
genericamente se define como a convenção nos termos da qual uma entidade bancária se obriga a
conceder a outra entidade um crédito, até certo montante, por tempo determinado ou não,
obrigando-se o beneficiário do crédito concedido ao reembolso das somas utilizadas, bem como ao
pagamento dos juros e encargos acordados.

Constata-se, assim, que o contrato prevê a existência de prestações futuras para a conclusão do
contrato de mútuo, isto é, para a conclusão do contrato de mútuo é ainda necessário que se demonstre
que efectivamente houve a entrega da quantia alegadamente mutuada dado que estamos perante um
contrato real quanto à constituição.

Deste modo, exige o artigo 707.º do Código de Processo Civil que tal negócio jurídico conste de
documento autêntico ou autenticado, não sendo bastante um mero documento particular com
reconhecimento de assinaturas - neste sentido: RUI PINTO.

2. Imagine agora que o Banco Cantander propôs acção executiva antes do vencimento
da obrigação de Nuno, na sequência de Nuno ter declarado, verbalmente, e de forma
muito assertiva, que não iria cumprir. Não tendo em seu poder qualquer documento
que comprove a declaração antecipada de incumprimento de Nuno, o Banco
Cantander receia não ter título executivo para propor a referida acção executiva. Quid
juris?

R: Aqui a obrigação ainda não é exigível. A exigibilidade não é sinónimo de obrigação vencida (por
exemplo: obrigações puras sem prazo).

ü No entanto, não poderia haver ação de execução sem incumprimento. Seria


necessário perceber se as declarações de Nuno valiam como declaração antecipada de
não cumprimento (aceitando que sim, haveria vencimento do prazo).
ü A obrigação só seria exigível a partir do momento em que houvesse incumprimento. A
causa de vencimento antecipado também teria de ser provada.

35
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Assim, o Banco Cantader teria de juntar aos documentos atrás referidos (nos termos do art. 707.º) a
prova da causa de vencimento antecipada, nos termos do art. 715.º, podendo esta ser
documental ou outra (715.º, n.º 2 a contrario), sendo neste caso apreciada pelo juiz (715.º, n.º 3)
– referir e explicar o âmbito de aplicação do art. 715.º

A obrigação ainda não é exigível porque ainda não se venceu, mas a própria lei permite que
se provoque a exigibilidade da prestação. Como ?

a) Art. 808.º CC: perda do interesse do credor ou recusa do cumprimento. Se o credor , em


consequência da mora, perder o interesse que tinha na prestação (por exemplo, precisava
daquele dinheiro para fazer uma obra) ou se esta não for realizada no prazo admonitório,
considera-se não cumprida a obrigação.
b) Juntamos isto ao art. 715.º do CPC, tem de haver uma prova da vontade de não cumprir;
c) Assim torna-se exigível;
d) A mora para efeito da ação executiva, é o art. 805.º CC. Mas no caso temos uma mora
antecipada, nos termos do art. 808.º do CC.
e)

CASO PRÁTICO 10

Fernando e Mara celebraram, por escritura pública, um contrato de compra e venda de um


imóvel, no valor de 100.000,00 EUR, tendo ficado acordado que Mara pagaria aquela quantia em dez
prestações iguais, durante dez meses. Mara só pagou três prestações e recusa-se a pagar as
prestações seguintes.

1. Poderá Fernando intentar, no final do 4.º mês, uma acção executiva contra Mara?
Determine a obrigação exequenda.

Ao fim do quarto mês, há um mês que está em mora. Que título executivo temos para os 10.000
euros? Temos de ter em conta o art. 703/1/alínea b) do CPC. O título será o que constitui essas
obrigações, a escritura pública.

Aqui pergunta:

36
Direito Executivo Joana Costa Lopes

a) Quanto à causa de pedir em acção executiva, há quem entenda que ela se reconduz ao
próprio título accionado (Alberto dos Reis, Lopes Cardoso, e Ac. do STJ de 24-11-83),
enquanto outros sustentam que ela é antes constituída pela factualidade essencial de onde
emerge o direito, reflectida embora no próprio título (Castro Mendes, e Lebre de Freitas).

Aqui a causa de pedir seria a escritura pública segundo Alberto dos Reis, e seria a factualidade
essencial de onde emerge o direito de propriedade neste caso, (contrato de compra e venda)
– Castro Mendes. Plano substantivo vs. Plano adjetivo;

Os defensores da 2ª teoria não retiram qualquer relevo ao título executivo, limitando-se a


enquadrá-lo no seu meio próprio, que é o processual, do mesmo passo que enquadram a
factualidade causal no seu meio próprio, que é o substantivo.

Escritura Pública: é um título executivo de índole negocial: pelo que constitui um documento
autêntico, na medida em que foi documento exarado por notário: art. 363º nº 2 do CC.

Dúvida: As escrituras públicas nas quais se convencionem prestações futuras, podem servir
de base à execução, desde que se prove, por documento passado em conformidade com
as cláusulas da escritura ou revestida de força executiva, que alguma prestação foi
realizada em cumprimento. - Para que o contrato real tivesse fórmula executória era necessário
que se provasse a contratação da obrigação exequenda, não sendo bastante a apresentação da
escritura. Neste caso, para além da apresentação da escritura seria necessário apresentar,
também, um outro documento que estivesse em conformidade com o exposto na escritura
e onde se provasse as prestações nele estabelecidas38. Com esta nova revisão, importa frisar
que os documentos exarados ou autenticados por notário ou outras entidades, que convencionem
prestações ou obrigações futuras podem servir de título executivo, desde que haja prova
documental do acordo em causa –

Prof. Rui Pinto: Não se podem executar obrigações futuras. Tem de haver um
incumprimento ou um vencimento da obrigação. Isto corresponde há condição material da
acção executiva. Estamos perante uma obrigação não exigível quando: O prazo da obrigação
de prazo certo ainda não foi ultrapassado – artigo 779º CC.

Os 10.000 euros já são exigíveis porque já se venceram dentro de um prazo, temos de ter
em conta também o art. 703/2.º do CPC;

37
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Sim pode intentar uma ação executiva contra Mara. Porque tendo título executivo, tem uma
obrigação que lhe é devida ainda porque é certa, líquida e exigível, que já se venceu ( 10.000 euros).
Mas se ela está a dizer que não vai pagar as 6 prestações seguintes, o que vai acontecer? Art. 781.º
CC, mas temos de considerar o regime especial da venda a prestações nos termos do art. 934.º CC;
A resposta é a do art. 934.º CC, até 1/8 não há perda do benefício do prazo. Para já só pode
executar os 10.000 euros.

Quanto à exequibilidade intrínseca: explicar e referir o âmbito do art. 715.º, cruzando-o


com o artigo 934.º do Código Civil, que determina que a falta de pagamento de uma só
prestação que não exceda a oitava parte do preço não dá lugar à resolução do contrato nem
importa a perda do benefício do prazo relativamente às prestações seguintes, sem embargo
de convenção em contrário. Assim, poderia haver um problema de exigibilidade, sendo
necessário perceber quantos meses haviam passado para saber se o Fernando podia exigir o
pagamento apenas de uma prestação em falta ou dos 100.000 euros € correspondentes à
totalidade do valor em dívida.

Artigos 781.º e 934.º do CC; conjugação do artigo 715.º com o artigo 934.º do CC: poderia haver
um problema de exigibilidade, sendo necessário perceber quantos meses haviam passado para
determinar se Fernando poderia executar a totalidade do valor do imóvel e apresentar prova da
resolução do contrato por aplicação analógica do artigo 715.º.

Prof. Rui Pinto: Não se podem executar obrigações futuras. Tem de haver um
incumprimento ou um vencimento da obrigação. Isto corresponde há condição material da
acção executiva. Estamos perante uma obrigação não exigível quando: O prazo da obrigação
de prazo certo ainda não foi ultrapassado – artigo 779º CC.

Art. 934.º CC- há entrega ou não do imóvel? – o art. 934.º CC- se temos um contrato de compra
e venda,_ não é qualquer kora que permite o vencimento do resto das prestações:

A forma de processo será o processo sumário. Basta ter a escritura pública de compra e venda para
ter força executiva, art. 550/2/alínea d) do CPC;

2. Poderá Fernando intentar, no final do 8.º mês, uma acção executiva contra Mara? Determine
a obrigação exequenda.

38
Direito Executivo Joana Costa Lopes

No 8.º mês já tem em mora 5 prestações, já é mais de 1/8. Ao fim do 8.º mês já há
perda do benefício do prazo. Art. 934.º CC – o valor exequível já seriam 70.000 euros.

Pagamento antecipado das sete prestações. O comprador iria perder o benefício do prazo.
Já pode exigir todas as prestações. Este casa trata de uma situação de vencimento antecipado.

A forma de processo será o ordinário, não cabe no art. 550/2.º CPC, e por isso cabe
no processo ordinário.

Sub hipótese:

Art. 850.º CPC – se houver uma obrigação com trato sucessivo, o exequente pode pedir a
reabertura da ação executiva para pedir mais prestações, mesmo antes de ação executiva estar
extinta, o legislador aceita supervenientemente que se peça o alargamento do objeto da
execução. Princípio do aproveitamento mesmo já fechada, podemos apreveitá-la para a ação
executiva pendente (mesma dívida) .
Art. 709.º , 710.º, e 711.º - compilações de outras dívidas;

Conjugando o art. 850.º com o art. 711.º do CPC, a lei aceita a comutação sucessiva de novos
valores em dívida em ação já pendente.

Imagnem que a dívida é de 100.000 euros – conta o valor do título ou do pedido? É do título
da obrigação pecuniária vencida: é para impedir que o credor mexa na forma do processo: a
lei quer garantir de forma segura: não é em função de dívida exequenda, mas sim da dívida
vencida!

Art. 850.º CPC: só depois de 1/8 as pessoas ou esperam para vencer tudo, ou então começam
por executar uma parcela da dívida, se pagar a d+ivida, acabou extingue-se a execução, mas
noa rt. 850.º CPC sempre que se renovarem as prestações, renova-se a ação executiva: art.
711.º CPC- trata da mesma dívida mas extinta: sempre que uma dívida se vai vencendo.

39
Direito Executivo Joana Costa Lopes

CASO PRÁTICO 11

Fausto deslocou-se ao stand de automóveis do seu amigo Gualdino, pretendendo comprar o


novo automóvel PMW para oferecer à sua filha Helga como prenda de casamento.
Foi, desde logo, celebrado o contrato de compra e venda entre Fausto e Gualdino,
autenticado por José, um notário amigo de Fausto. Ficou estipulado que o contrato apenas produziria
os seus efeitos após a celebração do casamento de Helga. Fausto encontrava-se indeciso em relação
à cor do carro (rosa, roxo ou amarelo) a escolher. Tendo Gualdino dois carros de cada uma destas
cores no seu stand, ficou acordado que Helga telefonaria a Gualdino, durante aquela semana, a indicar
a cor escolhida.
Helga casou com um conhecido actor (o casamento foi noticiado em todas as revistas cor-
de-rosa) sem ter escolhido a cor do seu novo automóvel. Fausto, por seu lado, cumpriu a sua
obrigação de pagamento do preço no dia seguinte ao do casamento, na presença da sua mulher,
Ivone.

1. Pode Fausto propor acção executiva contra Gualdino para a entrega forçada do
automóvel? E Helga?

Art. 703/b) – o contrato de compra e venda autenticado por notário, há título executivo;
Art. 270.º CC condição suspensiva (casamento de belga). Exigibilidade complexa porque há
um facto constitutivo complementar;
Art. 713.º do CPC – o credor terá de demonstrar a ocorrência do facto n os termos do art.
715.º CPC;
Tem de ser feita a prova da condição. Pode fazê-lo através das fotografias da revista.
Isto é um contrato sinalagmático, e é necessário provar a contraprestação e pode fazê-lo ao
Juntar o extrato ou comprovativo de transferência;
Processo ordinário, forma única para entrega de coisa certa nos termos do art. 550/4.º do
CPC;
Se o título fosse sentença condenatória, entrega-se primeiro a coisa, e depois faz-se a citação
nos termos do art. 626/3.º CPC;
Posso pedir ao juiz que não se faça a citação com receio da perda do carro? O art. 727.º CPC
fala apenas para a penhora.

40
Direito Executivo Joana Costa Lopes

2. Se sim, pronuncie-se sobre o título executivo em questão, em especial sobre (i) a relevância
da celebração do casamento para a acção executiva; (ii) a importância da natureza
sinalagmática do contrato em questão.

Temos de ter em conta o art. 713.º CPC;


A obrigação não é certa nos termos do art. 400.º CC, é necessária a especificação. A
determinação qualitativa (art. 539.º CC) e temos de ter em conta o art. 543.º CC, faltava
concentrar; (art. 408/2.ºCC);

Aqui a escolha era de terceiro. Na falta de escolha de terceiro devolvia-se ao devedor (nos
termos art. 542.º CC), e só se o devedor não escolhesse é que se devolvia ao credor.
Aplicamos o art. 549.ºCC com o art. 542/2.ºCC.

a) Dúvida 549.º (obrigação alternativa), art. 542.º CC: obrigação genérica: tem de haver
uma ação: qual é o regime que se aplica quando o terceiro não escolhe, mas quando o terceiro
não escolhe será o 549.º, mas é para obrigações alternativas: o prof. aplica o art. 542.º CC,
ou aplicamos o 714.º CPC? Como é que isto de resolve afinal? Se´ra que é assim ou devemos
sempre citar o devedor?

Concentração da obrigação genérica pelo devedor (art.º 539 do CCiv) ou pelo credor ou
terceiro (cfr. art.º 542 do CCiv).

RAÚL VENTURA, referia que “Na venda de coisa indeterminada, a determinação da coisa
acarreta a transmissão da propriedade (art. 408.º, n.º 2) e essa determinação pode ser feita
por um ato do vendedor (art. 539.º), mas basta ver a possibilidade de a concentração
se operar por outros meios (arts. 541.º e 542.º) para se compreender que o ato de
concentração pelo vendedor tem a natureza não translativa dos outros modos de
concentração.

41
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Estaremos perante uma obrigação genérica quando o objeto da prestação se encontra


determinado apenas por referência a uma certa quantidade, peso ou medida de coisas dentro
de um género, com regulação nos artigos 887.º e ss. do CC, de acordo com o disposto no
artigo 539.º do CC. Nestas situações, as partes não referiram, aquando da celebração do
contrato, nenhuma coisa concreta, mas apenas o próprio género da mesma, tendo de ocorrer
um processo de individualização dos espécimes, denominada “escolha nos termos do artigo
400.º do CC. Essa escolha cabe, normalmente ao devedor, como dispõe o artigo 539.º,
podendo em situações excecionais, enunciadas no artigo 542.º do CC, caber ao credor
ou a terceiro.

Quando a escolha compete ao credor ou a terceiro, o que acontece nos termos do artigo
542.º do CC, a lei adota a teoria da escolha, de modo que, uma vez realizada a escolha
pelo credor ou pelo terceiro, esta passa a ser irrevogável, concentrando imediatamente
a obrigação, quando declarada ao devedor ou a ambas as partes.

ü Aqui como vimos a escolha era de terceiro, na falta de escolha de terceiro devolvia-se ao
devedor nos termos doa rt. 542.º CC, e só se o devedor não escolhesse +e que se devolvia
ao credor. Aplicamos o art. 549.º CC, com o art. 542/2.º CC.
ü Legitimidade: nos termos do art. 53.º do CPC, seria Fausto até porque, a autenticação foi
entre Fausto e Aldino; Se fosse contrato a favor de terceiro, aí a Belga já teria legitimidade e
seria na mesma o artigo 53.º do CPC. Ela aqui não teve nada a ver com o contrato, não é
parte do mesmo.
ü O art. 727.º do CPC é aplicável se houver perigo de desaparecimento do automóvel
na execução para a entrega de coisa certa? O art. 727.º do CPC fala de penhora, e na
entrega de coisa certa há apreensão do bem, pelo que não é incompatível, no geral é
aceitável?
ü O art. 861/1.º do CPC, manda aplicar subsidiariamente as regras da penhora à
entrega de coisa certa. No caso não se aplica o art. 727.º do CPC, por causa do art.
715 e o art. 553.º A diz que neste caso não se aplica o processo sumário, e o art. 727.º
CPC converte o processo em sumário;

- a execução para entrega de coisas certa, de art. 550/4.º do CPC, se for execução
para entrega de coisa certa com base em sentença, apreende-se primeiro e notifica-
se depois: o art. 727.º do CPC, o exequente por pedir ao juiz que não cite o executado:

42
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Art. 626/3.º do CPC + art. 550.º/3 CPC;

ü O credor tem duas vias processuais, o credor pode tentar resolver o problema da
escolha antes da execução, portanto a lei diz que processualmente se trata da escolha,
uma fez feita a escolha do terceiro, o devedor vai cumprir, mas se não quiser escolher, a lei
facilita a vida, cabendo a escolha a terceiro, notifica-se ao terceiro a escolha, ou o terceiro
não escolhe e utiliza o art. 1004.º do CPC, ou notifico para escolher.

ü Este é o sistema que a lei nos dá: o art. 704/2.º CPC, mesmo que o prazo já tenha
acabado, o art. 714.º/3.º se o terceiro não escolher (…).

CASO PRÁTICO 14 – COMPETÊNCIA;

Diga se o tribunal em causa é competente para as seguintes acções executivas, referindo ainda
as consequências de uma eventual incompetência:

(i) Acção executiva proposta no Tribunal da Relação de Évora por Núria, residente em
Lisboa, contra Olga, residente em Évora, ambas magistradas, para execução de uma
decisão judicial proferida no Tribunal da Relação de Évora que condenou Olga a
pagar 40.000,00 EUR a Núria;

A) Aqui não há nenhum problema de competência internacional; (art. 59.º + art. 63.º + art. 65.º)
+ Competência interna:
a) Competência em relação à matéria; ver 55.º e 73.º CPC – temos de ver o art. 81.º da
LOSJ: art. 81/2/g) + art. 65.º CPC ( competência em razão da matéria);
b) Competência em relação à hierarquia, aqui é que é importante vermos o art. 86.º CPC,
c) Competência em razão do território: em função do mapa judiciário é que sabemos a
Comarca, dentro do território, é vamos ter de responder à pergunta: ou há juiz de
execução ou não há juiz de execução.

B) Art. 89.º do CPC: é competente o tribunal do domicílio do executado; (Regra geral), mas
temos de ter em atenção o art. 86.º do CPC neste caso prático, porque a ação é
intentada no tribunal da Relação.

43
Direito Executivo Joana Costa Lopes

C) O título executivo é a sentença condenatória nos termos do art. 703/1/a) do CPC;


D) A LOJJ ( art. 81.º + 129.º ) + O DL 49/2914 prevè que haja secção de execução. A secção de
execução fica em Montemor o Novo, na comarca de Évora. – art. 77.º 1/f) ROFTJ.
E) A forma de processo é a forma sumária, nos termos do art. 550/2.º a) do CPC:
F) Esta sentença provêm de um tribunal superior, mas o processo declarativo vai baixar à
primeira instância e portanto, para todos os feitos, ela não vai ser executada no mesmo
tribunal. Portanto não é um caso do art. 85.º, mas sim do art. 86.º do CPC. Porque os autos
declarativos não ficam junto do tribunal, é uma norma de competência hierárquica (conjugada
com a LOJ), baixa para que comarca? Do domicílio do executado.
G) Se for uma comarca que não tem secção de execução: distinguir se é sentença, (vale o art.
85/1.º do CPC, é um artigo de competência territorial pura). , se não há sentença, temos de
ter em conta o valor da ação: até 50.000 euros, a incompetência em razão dov alor, só acontece
neste caso.
H) Comarca com juíz de execução: executa tudo, nos termos do art. 129.º da LOG, mas temos
de ter em conta o art, 129/2.º da LOG, ou é sentença ou não é sentença;

Consequência: Incompetência absoluta: 99.º CPC + art. 96.º do CPC. Despacho liminar nos
termos do art. 726/2/b) do CPC.

Ao contrário da incompetência abolsuta - há remessa para o tribunal competente, vai haver um


despacho liminar de aperfeiçoamento, atrvés do envio para o tribunal competente. Este despacho
não está expressamente previsto, (art. 105/3.º do CPC), mas nos termos do art. 6/2.º (dever de gestão
processual), e art. 726/4.º do CPC.

(ii) Acção executiva proposta na 1.ª Secção cível do Tribunal Judicial da Comarca do
Porto por Nando, residente no Porto, contra Óscar, residente em Viseu, para
execução de uma decisão judicial da 1.ª Secção cível do Tribunal Judicial da Comarca
do Porto (resultante de recurso interposto para o Tribunal da Relação do Porto), que
condenou Óscar a pagar 50.000,00 EUR a Nando;

Art. 85/1//2.ª parte do CPC – o título executivo é uma sentença executada dentro dos próprios
autos. O que resulta de aqui é que há uma coincidência territorial entre a ação executivo e declarativa;
A comarca que condenou é a comarca que executa, depois ou há juízo de execução ou não há juízo
de execução.

44
Direito Executivo Joana Costa Lopes

À partida, os tribunais declarativos também têm competência executiva para executar as


suas próprias decisões, a não ser que haja na comarca uma secção especializada de execução,
nos termos do art. 85/2.º CPC.
A lei quer que se deduza requerimento executivo junto do tribunal da condenação e está é remetida
depois para o tribunal de execução;

Subhipótese: competência internacional: estava resolvido pelo o art. 62/a) (princípio da


coincidência), porque há competência territorial;
Sentença estrangeira – artigo 90.º do CPC;

(iii) Acção executiva proposta na 1.ª Secção de execução do Tribunal Judicial da Comarca de
Lisboa por Móveis Luisinha, Lda., com sede em Lisboa contra Madeiras Pimpão, Lda., com
sede em Vila Real, para execução de uma sentença proferida na 1.ª Secção de comércio do
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa e cuja obrigação exequenda ascende a 500.000,00
EUR;

O tribunal do comércio tem competência especializada, 129/2.º

(iv) Acção executiva proposta na 1.ª Secção cível do Tribunal Judicial da Comarca do Porto por
Eva, residente no Porto, contra Fabiana, residente em Beja, para execução de um
requerimento de injunção ao qual foi aposta fórmula executória e cuja obrigação exequenda
ascende a 5.000,00 EUR;
(v) Acção executiva proposta na 1.ª Secção cível do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa por
Take Away Custódio, Lda., com sede em Lisboa, contra Frangos Damião, Lda., com sede
em Castelo Branco, para execução de uma dívida titulada por contrato celebrado no Porto,
cuja obrigação exequenda ascende a 20.000,00 EUR e que tem como garantia uma hipoteca
constituída sobre um imóvel sito na Guarda;
(vi) Acção executiva proposta na 2.ª Secção de execução do Tribunal Judicial da Comarca de
Lisboa por Catarina Modista, Lda., contra Roupas Caló, ambas com sede em Lisboa, para
execução de uma dívida titulada por contrato de fornecimento, cuja obrigação exequenda
ascende a 10.000,00 EUR, tendo sido indicado à penhora no requerimento executivo um
armazém da executada, sito em Almada;

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

(vii) Acção executiva proposta na 1.ª Secção de execução do Tribunal Judicial da Comarca de
Lisboa com apresentação de uma livrança como título executivo, cujo local de pagamento
era uma agência bancária de Braga. A livrança serviu para garantir a dívida emergente de um
contrato, nos termos do qual as partes (exequente e executado) atribuíram competência aos
tribunais da comarca de Lisboa para dirimir todos e quaisquer litígios que resultassem do
incumprimento do contrato;

(viii) Acção executiva proposta na 1.ª Secção cível do Tribunal Judicial da Comarca de
Lisboa por Teresa, residente em Lisboa, contra Samanta e Rubina, ambas residentes
em Coimbra, para execução de uma sentença judicial, proferida no Tribunal Judicial
da Comarca de Lisboa, que condenou Samanta a pagar 50.000,00 EUR a Teresa e
Rubina a entregar-lhe uma autocaravana que, de momento, se encontra em Faro;

Temos uma coligação, nos termos do art. 56.º do CPC: o lado da conexão, mas falta saber se estão
satisfeitos os requisitos da cumulação; interessa-nos o art. 710.º do CPC; não aplicados o art. 709.º
do CPC, portanto aplicamos o 710.º do CPC, é possível no Código novo executar duas execuções
com qualidades diferentes, o tribunal competente é qual? Comarca de Lisboa, tem várias comarcas,
art. 85/1.º do CPC, mas remete para o art. 85/2.º do CPC; se isto fosse tribunal de comércio era
outra coisa.

(ix) Considere a hipótese anterior. A sua resposta seria igual se: (a) fossem apresentados,
como títulos executivos, duas sentenças? (b) o título em causa fosse extrajudicial?

Ao serem duas sentenças, temos dois dados, o art. 56.º CPC não admite coligação quando há
obrigação em dois títulos diferentes, têm de constar do mesmo título, o art. 56/2ª parte rejeita esta
coligação, de todo o modo, há que averiguar como são dois títulos, se respeita o art. 709.º do CPC,
vai dizer que não pode não é possível cumular duas sentenças nacionais, elas tem de ser executadas
nos próprios autos _ art. 709/d), do CPC, para além de que as duas sentenças têm finalidades
diferentes: 1 razão para não haver coligação e duas razões para não haver cumulação; há uma recusa
deste objeto processual;

Art. 709.º CPC quando cumulam dois pedidos, mas pode acontecer que não: não há problema
nenhum, qual é a comarca competente: art. 709/4.º do CPC, não há previsão de duas sentenças, -
aplica-se por analogia do art. 82.º/2 .º do CPC, quando os tribunais são diferentes, o exequente
escolha, mas para a caravana era o juiz de execução de Loulé, salvo se for incompetência territorial
de conhecimento oficioso;

46
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Temas: A fase inicial da acção executiva. Agente de execução.

CASO PRÁTICO 15

Descreva pormenorizadamente a fase inicial da execução nas seguintes acções executivas:


(i) Acção executiva proposta com base em requerimento executivo onde não são expostos os
factos que fundamentam o pedido nem é designado o agente de execução;

§ Processo ordinário e processo sumário;

Se faltar causa de pedir (faltarem factos), a secretaria pode recusar receber o requerimento, no prazo
de 10 dias, se se verificarem as omissões previstas no art. 724.º do CPC, em especial está em causa a
omissão prevista no artigo 724.º do CPC/ alínea e);

PROCESSO SUMÁRIO:

Não há despacho liminar do juiz, nos termos do art. 855.º CPC;


SE faltar causa de pedir (faltarem factos), o agente de execução pode recusar -se a receber o
requerimento executivo? É o agente de execução que faz o controlo liminar nos termos do art.
855/2/a) do CPC e art. 725/1/c) do CPC. Se não for designado agente de execução, se o
processo tiver de seguir forma sumária, a secretaria designa o agente de execução para
efetuar o controle nos termos do art. 720/2.º do CPC + (Portaria n.º 349/2015, de 13/10) –
Art. 2/2.º 2 - Sempre que o exequente não designe o agente de execução no requerimento executivo, a designação referida
no n.º 2 do artigo 720.º do Código de Processo Civil é realizada automaticamente no momento do preenchimento do
requerimento.

Para dar início a uma ação executiva , é necessário que o exequente, ou o seu mandatário apresentem
um requerimento executivo, nos termos do art. 724.º CPC, junto da secretaria, do qual devem constar
os elementos do art. 724.º alíneas a) a k), nomeadamente os factos que fundamentam o pedido
quando não constem do título executivo, nos termos do art. 724/1/e) do CPC, e sendo que o
dito requerimento deverá ser acompanhado de cópia ou do original do título executivo nos termos
do art. 724/4/a) do COC, dos documentos de que o exequente disponha relativamente aos bens
penhoráveis nos termos do art. 724/4/b) do CPC, e do comprovativo de pagamento da taxa de
justiça, nos termos do art. 724/4/c) do CPC;

47
Direito Executivo Joana Costa Lopes

• O requerimento deve ser entregue via eletrónica (é a regra imposta no art. 712.º e art. 132.º
do CPC (princípio da economia processual); ou em papel nos termos do art. 724/4/a) e
art. 131/3.º do CPC, junto da secretaria (art. 157/1.º CPC.) que por sua vez recebe e procede
o seu registo informático nos termos do art. 717.º do CPC ou recusa o requerimento com
base nos fundamentos do art. 725.º do CPC, na forma ordinária.
• Na forma sumária, é o agente de execução que recebe o requerimento executivo nos termos
do art. 855/2/a) do CPC .

- Quando a execução se funde em título de crédito, e o requerimento executivo tenha sido entregue
por via eletrónica, o original deve sempre ser enviado no prazo de 10 dias subsequentes à distribuição
(nos termos do art. 724/5.º do CPC). No caso de falta de exposição dos factos que fundamentam o
pedido (art. 725/1/c) do CPC, deve a secretaria no prazo de 10 dias a contar da distribuição recusar
receber o requerimento ou quando não seja apresentado a cópia ou o original do título executivo (art.
725/1/d) do CPC.

ü O exequente pode então apresentar novo requerimento executivo nos 10 dias subsequentes
à recusa do recebimento nos termos do art, 725/3.º do CPC, sob pena de extinção da
execução;

ü Da mesma forma que deve constar do requerimento executivo, a designação do agente de


execução, nos termos do art. 724./1.º alínea c), art. 552/1/g), e art. 552/7.º. entre os
registados em lista oficial (art. 720.º do CPC).

ü Se o exequente não designar o agente de execução, a designação é feita pela secretaria


segundo a escala constante de lista oficial através de meios eletrónicos que garantam a
aleatoriedade do resultado. Neste caso, o requerimento executivo e os documentos que
acompanham são imediatamente enviados via eletrónica ao agente de execução (art. 855/1.º).
Isto na forma ordinária;

ü Também o agente de execução pode recusar o requerimento com as necessárias adaptações


com base nos pressupostos do art. 725.º , na forma sumária.

(ii) Acção executiva proposta pelo mandatário do exequente com base em requerimento
executivo entregue em suporte papel;

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Foi apresentado o requerimento executivo em papel, o art. 712.º do CPC manda a


apresentação eletrónica. O mandatário existe, há um patrocínio judiciário, porque se não
houvesse patrocínio, poderíamos atender ao art. 144/7.º do CPC.
ü Aplica-se o art. 712.º do CPC (art. 132.º do CPC).
ü Nos termos do art. Art.2/1.º2 e art. 3/1.º3 da Portaria n.º 349/2015, de 13/10 REGULAMENTA
VÁRIOS ASPETOS DAS AÇÕES EXECUTIVAS CÍVEIS, se houver mandatário (como é o caso),
tem de haver entrega em suporte eletrónico.

(iii) Acção executiva proposta sem apresentação de título executivo;

Neste caso temos de ter em conta o art. 725/1/d), e o art. 724/4/ alínea a) do CPC,
pelo que aplicamos, neste caso prático, o número 2, 3 e 4 do art. 725.º do CPC.

ü Se fosse forma sumária, aplicava-se o art. 855/1.º do CPC, só vai a secretaria se não fosse
designado agente de execução, pelo que na forma sumária, é o agente de execução que
aceita ou recusa o requerimento executivo.
ü Não sendo designado o agente de execução, o processo vai a secretaria para que designe
o agente de execução, nos termos do art. 720/2.º do CPC.

(iv) Acção executiva proposta com apresentação de título executivo de onde resulta uma
dívida de 2.000,00 EUR, tendo o exequente apresentado um pedido de 4.000,00 EUR;

Se for sentença, a forma de processo é sumária nos termos do art. 550/2/a) do CPC: significa isto
que não há despacho liminar, pelo que é o agente de execução que vai aceitar ou recusar o
requerimento nos termos do art. 855/2.º do CPC, isto deveria haver despacho liminar, mas o agente

2 1 - O requerimento executivo é apresentado por mandatário judicial através do preenchimento e submissão do formulário
eletrónico de requerimento executivo constante do sítio eletrónico http://citius.tribunaisnet.mj.pt, nos termos do artigo
132.º do Código de Processo Civil e de acordo com os procedimentos e instruções aí constantes, ao qual se anexam os
documentos que o devem acompanhar (…)
3 1 - Quando a parte não esteja representada por mandatário judicial, ou, estando, haja justo impedimento para a prática do
ato nos termos do artigo anterior, o requerimento executivo pode ser apresentado em suporte físico, por entrega na
secretaria judicial ou remessa pelo correio, sob registo, ou por telecópia, no tribunal competente, utilizando o modelo de
requerimento executivo que consta do anexo I do presente diploma ao qual se anexam os documentos que o devem
acompanhar. (…)

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

de execução, ao abrigo do art. 855/2.º alínea b) pode suscitar a intervenção do juiz, pode assim
provocar, um despacho liminar.
Há despacho de indeferimento liminar parcial nos termos do art. 726/3.º do CPC, porque parte
do pedido excede o limite constante do título, (indeferimento no que seja excessivo);
Atenção que: o art. 6/2.º do CPC justifica a aplicação do art. 726/3.º do CPC, apesar do art.
855/2/b) ser omisso quanto a esta possibilidade, pelo que não refere expressamente o art.
726/3.º do CPC.

(v) Acção executiva em que o título executivo é uma sentença judicial que condenou o
executado no pagamento de um montante de 5.000,00 EUR; considere agora, nesta
hipótese, as seguintes sub-hipóteses autónomas:

a) O exequente requer a citação prévia do executado;

Na forma sumária por regra, não há citação prévia, a lei não prevê esta situação, imaginando que
esse pedido era feito, podia o juiz autoriza a citação prévia? Em face do art. 547 e art. 6.º do CPC, do
dever de adequação formal o juiz pode, quando for o melhor para a causa, adaptar a forma
processual, é possível o juiz ad hoc, autorizar, há uma permissão para que sejam decretados atos
processuais inovatórios.

Na forma ordinária, há citação prévia a penhora, e há despacho liminar do juiz. Na forma sumária
a citação é posterior à penhora, e não há despacho do juiz, nos termos do art. 726.º e art. 875.º, há
dispensa de citação prévia.

Se houver citação (art. 732.º) o executado tem 20 dias para se defender através da oposição à
execução.

b) É executado apenas o fiador;

Art. 550/3.º do CPC alínea d) – isto convoca a forma ordinária:

Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra 12-12-2017 :

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

– Face ao atual Código de Processo Civil (na redacção decorrente da Lei nº 41/2013,
de 26.06), com referência à execução sob a forma ordinária, na medida em que a mesma
corresponde à execução com citação prévia e constitui a forma-regra, importa concluir
que ao ter lugar a citação (prévia) dos Executados, teve lugar o exercício do direito
potestativo de resolução do contrato, com a concomitante interpelação para o
pagamento do montante total em dívida, montante este tornado exigível por via do seu
operado vencimento, isto é, a resolução foi comunicada e operada com a citação dos
Executados nos presentes autos.

c) Verifica-se incompetência absoluta do tribunal para a acção executiva;

Deve haver indeferimento liminar, porque a incompetência absoluta não é sanável, (art. 96.º), se já
houve citação do executado, há absolvição da instância nos termos do art. 726/2/b) do CPC.

d) Verifica-se incompetência relativa do tribunal para a acção executiva;

Há remessa para o tribunal competente, vai haver um despacho liminar de aperfeiçoamento,


atrvés do envio para o tribunal competente. Este despacho não está expressamente previsto, (art.
105/3.º do CPC), mas nos termos do art. 6/2.º (dever de gestão processual), e art. 726/4.º do CPC.

(vi) Acção executiva em que o título executivo é um requerimento de injunção ao qual


foi aposta fórmula executória;

Forma sumária, nos termos do art. 550/2/ alínea b) do CPC + art. 14.º ao anexo do DL 269/98
de 1 de setembro:
Artigo.14.º
Aposição.da.fórmula.executória
1 - Se, depois de notificado, o requerido não deduzir oposição, o secretário aporá no requerimento de injunção a seguinte fórmula: 'Este
documento tem força executiva.'
2 - O despacho de aposição da fórmula executória é datado, rubricado e selado ou, em alternativa, autenticado com recurso a assinatura
electrónica avançada.
3 - O secretário só pode recusar a aposição da fórmula executória quando o pedido não se ajuste ao montante ou finalidade do
procedimento.
4 - Do acto de recusa cabe reclamação nos termos previstos no n.º 2 do artigo 11.º
5 - Aposta a fórmula executória, a secretaria disponibiliza ao requerente, preferencialmente por meios electrónicos, em termos a definir
por portaria do Ministro da Justiça, o requerimento de injunção no qual tenha sido aposta a fórmula executória.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

(vii) Acção executiva em que o título executivo é uma escritura pública de compra e venda
a prestações de um imóvel, estando em dívida o pagamento das duas últimas
prestações, cujo valor total ascende a 100.000,00 EUR;

O título executivo é a escritura pública, nos termos do art. 703/1/b) do CPC: tendo em conta o
art. 550/1.º do CPC, concluo que estamos peranto um processo comum ordinário para pagamento
de quantia certa, pois estamos perante um título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, cujo
valor excede o dobro da alçada do tribunal da primeira instância, ou seja excede os 10.000 euros (art.
44.º /1 da Lei 62/2013.)
Feita a distribuição eletrónica, na forma ordinária, o requerimento executivo carece de ser objeto
de ato liminar de recuso ou recebimento pela secretaria judicial, para apurar se se encontram
preenchidos os requisitos do art. 725.º do CPC.
Ora, julgo que o problema aqui se prende com a liquidez, uma vez que não é dito o valor das
últimas duas prestações em dívida, mas apenas o valor total da venda. Então falta uma liquidação por
simples cálculo arimético, pois assenta em factos abrangido pelo título executivo (art. 716/1.º do
CPC);
A liquidação por simples cálculo aritmético, deve ser feita pelo exequente no requerimento
executivo, nos termos do art. 724/1/h) do CPC. Como o não foi feito, o art. 725/1/c) do CPC diz-
nos que a secretaria deve recusar receber requerimento.
Nos termos do art. 725/2.º do CPC, desta recusa cabe reclamação para o juiz, cuja decisão +e
irrecorrível.
Em alternativa, nos termos do art. 726/3.º do CPC, pode o exequente apresentar outro
requerimento executivo, com os elementos em falta no prazo de 10 dias a seguir à recusa do
recebimento ou notificação da decisão judicial que o confirme. Findo o prazo, se nada for feito,
extingue-se a execução nos termos do art. 725/4.º do CPC.
Se o requerimento executivo for eceite, a secretaria envia o requerimento executivo ao juiz, para
despacho liminar , nos termos do art. 726.º do CPC. Este ato de aceitação pela secretaria judicial
constitui a relação jurídica processual na data do recebimento do requerimento, de acordo com os
artigos 259/1.º e art. 154.º do CPC.
No despacho liminar, há indeferimento nas situações que caíam no art. 726/2 do CPC, o despacho
de indeferimento é passível de recurso para a relação, independentemente do valor da causa, nso
termos dos artigos 551/1.º , art. 629./3/c), e art. 853/3.º do CPC.
Não havendo irregularidades ou falta de pressupostos processuais, o juiz profere despacho de
citação – art. 726.º/6 do CPC.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

(viii) Acção executiva em que o título executivo é um contrato de mútuo no montante de


100.000,00 EUR, garantido por penhor de estabelecimento comercial, tendo o
exequente alegado a comunicabilidade da dívida no requerimento executivo;

Como estamos perante um contra de mútuo no valor de 100.000 euros, de acordo com o artigo
1143.º do CC, esse contrato só será válido, se for celebrado por escritura pública, portanto temos
título executivo nos termos do art. 703/1/b) do CPC;
Estamos perante um processo comum ordinário para pagamento de quantia certa, porque apesar
de termos um penhor de estabelecimento comercial , que cairia na situação especial do art. 855/5.º
do CPC, alega-se também no requerimento executivo a comunicabilidade da dívida, fazendo com que
a situação se enquadre no art. 550/3.º do CPC.
A alegação dos factos que fundamentam a comunicabilidade da dívida, prevista no art. 724/1/e)
do CPC é um elemento opcional.
Por estarmos na forma ordinária, cabe à secretaria averiguar a verificação dos pressupostos do
artigo 725 do CPC. Não havendo motivos para reusa, a secretaria envia o requerimento para o juiz
para que este profira despacho liminar. Aqui o juiz dev e proferir despacho de citação do cônjuge do
executado, nos termos do art. 741/2.º do CPC. Ou seja o cônjuge do executado é citado para, no
prazo de 20 dias, declarar se aceita ou não a comunicabilidade da dívida. Se nada disser, a dívida será
considerada comum e a execução prossegue contra os dois.
Mas o cônjuge não executado pode impugnar a comunicabilidade da dívida nos termos do artigo
741/3.º do CPC.
Sendo a dívida considerada comum, a execução segue contra o cônjuge não executado, cujos bens
próprios podem ser subsidiariamente penhorados (artigo 741.º/5 do CPC. Se a dívida não for
considerada comum e tenham sido penhorados bens comuns do casal, o cônjuge do executado tem
20 dias após o trânsito em julgado para requerer a separação de bens.
Este incidente de comunicabilidade da dívida é um título judicial impróprio, pois a decisão final
do juiz irá qualificar a dívida como comum e consequentemente estender subjetivamente o título
executivo.
No entanto esta dívida encontra-se garantida por penhor de estabelecimento comercial, o que nos
termos do artigo 1682-A do CC, carece do consentimento de ambos os cônjuges, salve se entre eles
vigorar o regime da separação de bens. Assim sendo, segundo o artigo 34/3.º do CPC, estamos
perante um litisconsórcio conjugal passivo. Então, ou ambos os cônjuges são citados, ou quando
somente um é executado, aplica-se o art. 786/1/a) do CPC, ou seja é citado o cônjuge do executado
quando a penhora tenha recaído sobre estabelecimento comercial.
Se não houver essa citação, há ilegitimidade nos termos do art. 33.º/1 do CPC, de conhecimento
oficioso e sanável, podendo constituir uma exceção dilatória que pode ser de fundamento à oposição
à execução – art. 729/c) do CPC.

53
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Assim sendo, o tribunal deve proferir despacho liminar ou superveniente de aperfeiçoamento nos
termos dos artigos 726/4 e art. 734.º do CPC.
A sanação dá-se pela intervenção principal do interessado faltoso, ao abrigo do artigo 316/1.º do
CPC.

(ix) Acção executiva em que o título executivo é um cheque no valor de 3.000,00 EUR, tendo
sido indicado à penhora, pelo executado, o seu direito de superfície sobre um prédio rústico;
(x) Acção executiva em que o título executivo é um contrato de mútuo com hipoteca de casa
para habitação, tendo o exequente pedido dispensa de citação prévia.
(xi) Acção executiva em que o título executivo é um contrato de compra e venda no valor de
50.000,00 EUR, do qual não resulta a entrega do bem vendido pelo exequente (vendedor) ao
executado (comprador), sabendo o exequente que o executado pretende alienar todo o seu
património.

CASO PRÁTICO 18

Maria propôs acção executiva contra Nuno, munida de sentença que condenava este a pagar
àquela a quantia de 15.000 EUR.
Citado para a acção executiva, Nuno deduziu oposição à execução trinta dias depois, com os
seguintes fundamentos:
(i) A dívida fora parcialmente perdoada (no montante de 5.000 EUR) por Maria já antes
da propositura da acção declarativa, numa festa em que ambos se encontravam, embora
Nuno se tenha lembrado desse facto apenas agora. Nuno afirma que a dívida foi parcialmente
extinta, arrolando dez testemunhas que também se encontravam na festa, apesar de não
ter qualquer prova documental para apresentar em oposição à execução;

O título executivo era uma sentença (nos termos do art. 626/2.º do CPC), a forma a seguir é a sumária.

É uma ação declarativa funcionalmente executiva, o direito de defesa é exercido à parte, em


que a contestação tem a forma de petição inicial. Não há contestação na ação executiva, o que
hã é a oposição à execução, na forma de petição inicial, e depois var ser o credor que v ai exercer
contestação, mas já dentro da oposição à execução.

• Vale sempre o art. 728.º do CPC, o problema é que na forma sumária não há citação prévia
à penhora, e na forma comum a citação é prévia. Mas temos de atender ao art. 856.º do CPC,
porque estipula a execução à penhora na forma sumária.

54
Direito Executivo Joana Costa Lopes

• Atenção que em função do título executivo, os fundamentos para a oposição são


diferentes, se for título extrajudicial, vamos poder opor de forma irrestrita nos termos do art.
731.º do CPC.

• Se for título judicial, aqui já vamos ter as preclusões, nos termos do art. 729.º do CPC. A
oposição à execução, é restringida por causa da preclusão, ou seja, o réu já teve o seu
momento processual legal para contestar.

O fundamento aqui invocado é que a dívida foi perdoada, é uma exceção perentória extintiva.
Temos de distinguir se os factos são antigos (ou seja se deviam ter sido levantados e invocados na
ação declarativa), ou se são supervenientes; note-se que se for na forma sumária temos de atender ao
art. 857/1 – com a ressalva de que este artigo foi considerado inconstitucional (perguntar ao Prof.
RP) – Acórdão do TC n.º 264/2015 de 12/05/2015.

• O artigo 729/alínea g) do CPC, refere que os factos têm de ser objetivamente


posteriores ao encerramento do processo declarativo (até ao encerramento da
audiência de julgamento) – art. 588/3.º do CPC.
• O perdão da dívida foi anterior ao encerramento da audiência, então é um facto
objetivamente antigo;
• Mas o réu alega que é subjetivamente superveniente: (o conhecimento é posterior), esta
alínea acrescenta uma restrição aos meios de prova, exige prova documental. Apenas
a prescrição é que pode ser provada por qualquer modo.
• Rui Pinto: O Professor refere que o problema não está na questão do facto ser
superveniente ou não, está exatamente no meio de prova utilizado, que não é admissível;

• Prof. Teixeira de Sousa: tem defendido que cabem no âmbito do art.729/g) do CPC os factos
subjetivamente supervenientes, relativamente aos quais não haja culpa no seu
desconhecimento. O Prof. defende o aproveitamento da oposição à execução para
rever a sentença, admitindo qualquer meio de prova (porque há uma restrição
excessiva ao direito de prova);

• Aqui só se fala em factos modificativos ou extintivos, não fala dos factos impeditivos
(contrato era nulo por exemplo), não se coloca aqui os factos impeditivos porque o facto já
existia desde o inicio do processo, ou seja pela própria lógica já deviam ter sido discutidos
no processo declarativo, (nunca são supervenientes em princípio).

55
Direito Executivo Joana Costa Lopes

• Mas o Prof. considera que há factos impeditivos que só se revelam à posteriori , por
exemplo se a coação terminou depois de finalizar a ação declarativa;

ii) Nuno detinha um contra-crédito sobre Maria, cujo valor ascendia a 30.000,00 EUR, que
se constituiu antes da propositura da acção declarativa, mas que apenas se tornou exigível
na pendência da acção declarativa. Nuno apresentou um documento a provar a sua
pretensão, que revestia todos os pressupostos de exequibilidade extrínseca e intrínseca.
Tendo em conta o exposto, pretende compensar a sua dívida remanescente de 10.000,00 EUR
e apresentar reconvenção quanto aos restantes 20.000,00 EUR;

847.º CPC – compensação. – na ação declarativa o sistema em vigor é o seguinte: A pede a


condenação de B em 10.000 euros, temos de disintguir a compensação, se a compensação não é
automática, antes da ação declarativa, deve ser feita na reconvenção; não há ónus de reconvir,
querendo comepsar tem de ser na reconvenção, temos de distinguir, entre compensação extrajudicial
e judicial;

Na ação executiva, se a compensação já foi feita, é a alínea g) do art. 729.º do CPC, se a declaração
nunca foi feita, na ação executiva, como não há reconvenção, temos a alínea h) , se já foi feita a
declaração de compensação, temos a alínea g), mas se ainda não foi feita, temos a alínea h), pode fazer
a declaração pela primeira vez, os pressupostos já aconteceram, se o requisito da superveniência vale
para a línea h), nem o requisito da superveniência , nenhhuns não estão na alínea h), (MTS), a alínea
h), não tem limites, o Prof. Rui Pinto refere que tem de ter os limites da alínea g).

• Estamos no âmbito da análise do art. 729/h) do CPC, pelo que a compensação é um facto
extintivo. Para o Prof. Lebre de Freitas, se o facto for superveniente, não há problema. Se já
existia antes, durante a ação declarativa, o réu devia ter deduzido reconvenção, seria ainda
possível trazer a questão do contra-crédito em articulado superveniente.

• Para o Prof. Rui Pinto, à partida, aplicam-se os mesmos requisitos da alínea g). Só se
admitem créditos objetivamente supervenientes.

• É possível ele no processo executivo fazer um contra – pedido contra o exequente, naquilo
que o seu crédito excede a sua dívida? Não se admite contra pedido contra o credor, nos
termos do art. 267.º do CPC. Esta ação tem uma função de defesa e não de contra-ataque.
Ela apenas visa matar a ação executiva.

56
Direito Executivo Joana Costa Lopes

• O art. 732.º do CPC diz que temos PI, despacho liminar, contestação, seguindo sem mais
articulados, o processo comum. Isto quer dizer que não se admite réplica. Portanto, mesmo
do ponto de vista formal, não se admite reconvenção porque o art. 732.º do CPC não admite
mais articulados. Mas a mais a lei obriga a que a reconvenção seja por escrito:

Análise do texto do Prof. Rui Pinto:

• Portanto, tal como na ação declarativa, também na oposição á execução a compensação


extrajudicial opera como exceção perentória extintiva, tendo o ónus de alegar e provar o
facto (passado) da declaração de compensação do qual adveio o efeito extintivo — na ação
condenatória, nos termos gerais dos artigos 571º nº 2 in fine e 572º al. c); na ação executiva
nos termos da al. g) do artigo 731º.
• Compensação superveniente judicial (al. h) do artigo 729º) - 1. Do atrás exposto
resulta que a al. h) do artigo 729º apenas se aplica às situações de compensação
judicial .
• Assim, TEIXEIRA DE SOUSA, refere que “há um total paralelismo quanto ao tratamento
da compensação judicial e da compensação extrajudicial no processo declarativo e no
processo executivo: […] A compensação judicial exige, no processo declarativo, a dedução
de um pedido reconvencional (cf. art. 266.º, n.º 2, al. c), CPC) e, no processo executivo, a
dedução de embargos de executado (cf. art. 729.º, al. h), CPC); […] A compensação
extrajudicial permite a invocação de um facto extintivo (e, portanto, de uma excepção
peremptória) tanto no processo declarativo (cf. art. 571.º, n.º 2, 572.º, al. c), e 573.º, n.º 1,
CPC), como no processo executivo (cf. art. 729.º, al. g), CPC)”. Diversamente, LEBRE
DE FREITAS: a al. h) abrange toda e qualquer compensação.

• Efetivamente, considerando que o devedor executado pode pretende operar a compensação


superveniente na execução, e uma vez que não se admite reconvenção na ação executiva, o
legislador viu-se na necessidade de criar a nova a al. h). Deste modo, a compensação da
al. h) é necessariamente superveniente, e judicial. Em claro paralelismo com o que vimos
suceder em sede de artigo 266º nº 1 al. c), nos embargos à execução o devedor terá o ónus
de alegar e de provar os factos essenciais que se configuram como requisitos materiais da
compensação, como impõem o artigo 5º nº 1 primeira parte e o artigo 342º nº 1 CC.

• 2. Que meios de prova são admissíveis?

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü No quadro da al. g) do anterior artigo 814º, a compensação carece de ser provada


documentalmente. A mesma al. g) ainda atualmente contém essa exigência para
qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação.
ü Diversamente, a al. h) não impõe limites à prova do contra crédito do réu.

ü RUI PINTO: Salvo melhor opinião, a al. h) deve ser interpretada à luz da al. g): não
admite qualquer meio de prova, mas somente prova documental — embora não com
força executiva. Essa é a interpretação que é coerente com o sistema processual no
seu todo.

• Efetivamente, a exigência de prova documental que é feita na al. g) não é um mero capricho
arbitrário do legislador, não constituindo uma violação do direito à prova. Ela tem a
seguinte razão: a oposição à execução de sentença não é uma “pura” ação de simples
apreciação negativa do crédito exequendo, mas uma ação constitutiva extintiva da execução
por afastamento do efeito de um ato processual decisório, já transitado em julgado.

• Em suma: uma vez que, no plano da relação com o caso julgado (e que justifica os limites de
prova) não há nenhuma diferença entre o executado compensar fora ou dentro da execução,
deve entender-se que também na al. h) os pressupostos da compensação devem ser provados
por documento.

Neste sentido, foi julgado pelo ac. RC 21-4-2015 (BARATEIRO MARTINS) que o “art.
729.º/h do NCPC admite expressamente a compensação como fundamento de
oposição à execução”, mas, “baseando-se a execução em sentença, só é invocável a
compensação superveniente (em relação ao encerramento da discussão no processo de
declaração), aferida pela data da “situação de compensação” (e não pela data da “declaração
de compensação”); mais, tem a compensação (o seu facto constitutivo, os respectivos
pressupostos) que ser/estar provada por documento (embora não com força executiva)”

ü Em suma: tem de ser um crédito certo, exigível e líquido. O documento exigido para a
respetiva prova não é a mesma coisa que documento com força executiva.

ü segunda nota é a de que, dado o teor do atual artigo 732º nº 5, a sentença de embargos que
dita a extinção da obrigação por compensação fará caso julgado material quanto à existência

58
Direito Executivo Joana Costa Lopes

da dívida exequenda, à laia de simples apreciação da dívida. Por outras palavras, a extinção
(parcial ou total) do crédito exequendo será declarada com valor de caso julgado oponível
em qualquer futura ação judicial, declarativa ou executiva, ou em procedimento
administrativo de cobrança, como o procedimento de injunção.

(ii) Nulidade da citação para a acção executiva.

Isto não é fundamento de oposição a execução. Isto é só nos casos que a lei tipifica; No art.
729/d) do CPC, temos previsto a falta de citação, mas é da ação declarativa. Aqui, neste caso, era a
falta de citação para a ação executiva, devendo arguir a nulidade da citação, nos termos do art. 191.º
do CPC e artigo 851.º do CPC;
O juiz devia, perante este fundamento, devia decidir nos termos do art. 723/1/d) do CPC;

Para que a falta de citação na ação declarativa possa ser reconhecida como fundamento válido e
atendível em sede de oposição à execução.

• Veja-se o Acórdão do STJ de 08.05.2006:

A preterição de uma formalidade da citação (por exemplo a falta de publicação de um edital)


, gera a nulidade da citação, a qual, sendo cometida na ação declarativa, pode ser invocada
como fundamento na oposição à execução. Este Acórdão vai no sentido de este
fundamento se restringir aos casos de nulidade ou falta de citação na ação
declarativa, não se aplicando às situações em que tal nulidade ou falta se verifique
na própria ação executiva.

Ac. TRP de 05.03.2015;

59
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Se o executado deduzir oposição à execução no âmbito da qual invoca tão só uma nulidade
processual, consubstanciada na falta de citação na ação executiva, os embargos de executado
“devem ser convolados numa reclamação por nulidade” – nos termos do art. 193/3.º do CPC;

1. Analise a oportunidade e a admissibilidade dos fundamentos e das provas


apresentados por Nuno.
2. Considere o fundamento (ii) apresentado por Nuno. Poderia Nuno reconvir?

3. Pronuncie-se sobre os efeitos do recebimento da oposição à execução sobre a acção


executiva em curso.

• Relativamente aos efeitos ao recebimento do embargos do executado, o art. 733.º do


CPC determina que, em regra, o recebimento de embargos não suspende o processo
executivo, ainda que o executado alegue que o prosseguimento da execução causar-lhe-á
prejuízos irreparáveis: - o que se compreende na medida em que se torna necessário garantir
o pagamento da dívida, exequenda mediante a penhora dos bens do executado.

• Assim, regra geral, o recebimento dos embargos só suspenderá a execução mediante a


prestação da caução, atrvés do incidente previsto nos artigos 906.º e ss, a qual “visa pôr o
exequente a coberto dos riscos da demora no seguimento do processo, objetivo que se
adequa à função de garantia geral das obrigações que a lei civil (art. 623.º CC) lhe assinala.

• Considerando as finalidades da caução a ser prestada em sede de oposição à execução, o seu


valor deve garantir o pagamento da quantia exequenda, dos juros de mora, das custas da
execução e dos honorários e despesas do agente de execução;

• Suspende-se a execução (na oposição à execução), se o executado prestar caução ou se


impugnar a sua própria assinatura, mas também se tiver sido impugnada, no âmbito da
oposição deduzida, a exigibilidade ou a liquidação da obrigação exequenda e o juiz
considerar, ouvindo o embargo m que se justifica a suspensão sem prestação de caução, nos
termos do art. 733/1/c) do CPC;

• Nos termos do art. 733/3.º do CPC, a execução suspensa prossegue se os embargos


estiverem parados durante mais de trinta dias, por negligência do embargante em promover
os seus termos;

60
Direito Executivo Joana Costa Lopes

• Por outro lado, mesmo que a execução prossiga na pendência de embargos, nem o
exequente nem qualquer outro credor pode obter pagamento sem prestar caução.
Com efeito, esta medida visa proteger o executado na eventualidade de a oposição à execução
vir a ser julgada procedente.

• Se o bem penhorado for a casa de habitação efetiva do embargante, o juiz pode, a


requerimento daquele determinar que a venda executiva fique a aguardar a decisão que
vier a ser proferida em primeira instância sobre os embargos, quando tal venda seja suscetível
de causar prejuízo grave e dificilmente reparável, nos termos do art. 733/5.º do CPC.

• No âmbito da ação executiva para pagamento de quantia certa sob a forma de


processo sumário, o art. 856.º do CPC não contém qualquer disposição especial
concernente aos efeitos da oposição à execução que venha a ser deduzida pelo
executado. Come feito o art. 856/5.º do CPC prevê tão só a possibilidade de o executado
que se oponha à execução requerer nessa sede a substituição dos bens penhorados por
caução idónea que garanta igualmente os fins da execução.

• Ora nos termos doa rt. 551/3.º do CPC aplicam-se subsidiariamente ao processo executivo
de forma sumária, as disposições previstas para o processo executivo ordinário. Assim
estando em causa uma ação executiva sob forma sumária, a dedução de embargos de
executado só suspenderá a execução desde que se verifique algum dos casos previstos no art.
733.º do CPC.

• Ainda que a execução fique suspensa, tal não obsta, no entanto à prática de tos urgentes, que
se destinem a evitar um dano irreparável. É o que sucede por exemplo, com a venda
antecipada de bens penhorados.

4. Sendo a oposição à execução procedente, comente as consequências dessa


procedência, considerando, em especial: (i) a natureza da sentença que julgue a
oposição à execução procedente; e (ii) a possibilidade de formação de caso julgado
material.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Temos de ter em conta o art. 732/4.º do CPC: - a procedência dos embargos do executado extingue
total ou parcialmente a execução conforme a oposição à execução seja total ou parcialmente
procedente (nos termos do art. 732/4.º do CPC), acresce que à luz do art. 732/5.º do CPC, para
além da procedência da oposição à execução extinguir no todo ou em parte a ação executiva,
a sentença proferida na oposição à execução , que se pronuncie sobre o mérito da causa,
produz igualmente efeitos de caso julgado quanto à existência, validade e exigibilidade da
obrigação exequenda. (Neste sentido o Prof. Lebre de Freitas):

No sentido de este efeito do caso julgado apenas se produzir entre o exequente e o executado
embargante, ficando dele excluídos os demais executados que não tenham deduzido oposição por
embargos: Lebre de Freitas;

Significa isto que, sob pena de violação do caso julgado, o exequente não pode repetir na
causa contra o mesmo executado e com base na obrigação exequenda.

Sendo a ação executiva para pagamento de quantia certa tramitada sob forma sumária, o executado
deve cumular os embargos de executado com a oposição à penhora que pretenda deduzir, nos termos
do art. 856/3.º do CPC.

ii) Art. 732/5.º do CPC; FORMA CASO JULGADO SOBRE OBRIGAÇÃO EXEQUENDA – a
regra é que só faz caso julgado sobre o pedido; e não sobre os fundamentos: o prof. MTS
defende que também faz caso julgado face aos fundamentos.

5. Imagine agora que Nuno não deduziu oposição à execução, apesar de regularmente
citado para o efeito. Encontra-se numa situação de revelia? A sua resposta seria a
mesma se, tendo Nuno deduzido oposição à execução, Maria não contestasse?

Nuno: nós não estamos perante um contra articulado e portanto a lei não associa nenhuma
consequência de revelia neste caso, do executado. Não há um ónus de abrira ação, pelo que não há
revelia para Nuno. A única consequência que ele teria, sem prejuízo de poder haver oposição à
execução superveniente, se não se defender agora, não se poderia defender mais tarde.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

O executado não tem nenhum ónus de discutir direitos, não tem o ónus de deduzir a oposição à
execução.

Maria encontra-se em revelia: , mas é inoperante nos termos do art. 568/d) do CPC.

Quer o perdão da dívida, quer a existência de contra crédito. Diferente é se os requisitos da


compensação estão cumpridos. Neste caso, tem de estar no CC que os factos só podem ser provados
por prova documental. Relativamente ao contra-crédito, o silencia dele equivale a uma confissão, pelo
que o contra crédito é um facto novo, portanto é uma confissão operante.

Já o perdão da dívida é diferente. Ao não negar o perdão da dívida, está a confessá-lo? Se fosse um
negócio solene, o perdão da dívida tinha de ser por documento, se ele afirmou que era credor em
princípio., a data do requerimento executivo não tinha perdoado a dívida. O perdão da dívida não
está no título executivo. O art. 568.º /d) fala de factos que exigem um determinado meio de prova,
em regra nem o perdão da dívida, ne, o reconhecimento da dívida exigem prova específica, então aqui
há revelia operante.

• Art. 732/3.º do CPC:

Maria: Se o exequente não apresentar contestação , aplica-se o regime da revelia relativa prevista no
artigo 567.º/1 do CPC, podendo essa revelia ser inoperante nos casos previstos no artigo 568.º do
CPC – em sentido contrário, o Ac. do TRP de 13.11.1995 no qual se considerou que a falta de
contestação aos embargos do executado não equivale à revelia, mas antes à falta de um
articulado – não se considerando no entanto confessados os factos alegados na oposição à execução
que estiverem em contradição com os alegados pelo exequente no requerimento executivo.

O mesmo é dizer que a falta de contestação aos embargos de executado não têm ,
necessariamente, efeito cominatório:

6. Imagine que Nuno pretendia opor-se à execução com base em fundamentos cuja
demonstração não carecem de prova. Considera a oposição à execução o meio mais
adequado?

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Este meio podia ser demasiado excessivo: há mais um meio de oposição à execução que não a
oposição à execução em sentido estrito. Tem se defendido que se for um facto de conhecimento
oficioso que não careça de prova, então não impede que o devedor envie um requerimento ao juiz
dizendo que há um facto de conhecimento ao juiz, nos termos do artigo 723/1/d) do CPC; oposição
por simples requerimento;

Há pelo menos mais dois fundamentos que não estão cobertos pelo artigo 729.º do CPC: i) é a falta
de indicação do valor da causa e ii) é o erro na forma do processo – pelo que estes dois erros, vícios
são de conhecimento oficioso, pelo que podemos resolver nos termos do art. 731.º do CPC, se se
entendesse que não, sempre poderia caber no art. 729/1/c) do CPC;

Mas o simples requerimento não pode ser regra.

BLOG DO IPPC: ACÓRDÃO DE NÃO DEDUÇÃO À OPOSIÇÃO;

7. Considere agora os seguintes dados: (i) a acção executiva provocou danos sérios na esfera
jurídica de Nuno; (ii) a oposição à execução promovida por Nuno foi parcialmente
procedente (apenas procedeu o fundamento (ii), embora tenha sido rejeitada a reconvenção).
Pode Nuno formular um pedido indemnizatório contra Maria? E pode fazê-lo numa acção
declarativa autónoma?

A responsabilidade do exequente no processo sumário encontra-se no artigo 858.º do CPC. São


necessários alguns requisitos:

a) A oposição seja julgada procedente ainda que de forma parcial;


b) Têm-se discutido no âmbito

64
Direito Executivo Joana Costa Lopes

CASO PRÁTICO 19

Óscar propôs acção executiva contra Pipo e Quitéria, casados no regime da comunhão geral
de bens, apresentando como título executivo um cheque emitido por Pipo para pagamento do
preço de um imóvel, no montante de 300.000,00 EUR, bem como a escritura pública de hipoteca
da casa de morada de família de Pipo e Quitéria, que foi constituída para garantia do pagamento da
dívida. A casa hipotecada foi avaliada em 50.000,00 EUR. Óscar alegou que o cheque apresentado
não tinha provisão.
Citados para a acção executiva, tanto Pipo como Quitéria deduziram oposição. Pipo alegou
a falsidade da sua assinatura no cheque. Quitéria, por seu turno, alegou ser parte ilegítima.

1. ANALISE A ADMISSIBILIDADE DOS FUNDAMENTOS APRESENTADOS.

Tópicos de resolução: ele ao executar a hipoteca abate a dívida do cheque;

a) Quanto aos fundamentos que Pipo apresenta na oposição à execução, temos a regra
geral do artigo 729.º do CPC, mas como os fundamentos não se baseiam numa sentença (art.
703/a) do CPC), então aplicamos o artigo 703/ alínea b) do CPC, e por conseguinte
aplicamos o artigo 731.º do CPC, portanto Pipo poderia impugnar a assinatura, (defesa por
impugnação, não há a sujeição à taxatividade do artigo 729.º do CPC.
b) Porque a escritura pública da hipoteca é um reocnehicmento de um dívida;

c) Quanto aos fundamentos que Quitéria apresenta, (a falta de legitimidade), temos também de
ter em conta, o artigo 729/alínea c) do CPC, pelo que temos uma exceção dilatória;

ü Pipo e Quitéria estão casados no regime geral de bens, pelo que esses bens são comuns e há
uma prestação de garantia sobre a casa de morada de família, pelo que haveria aqui
comunicabilidade da dívida nos termos do art. 1691.º do CC. Ao abrigo do artigo
34/3.º do CPC haveria aqui uma situação de litisconsórcio necessário conjugal,
portanto Quitéria era parte legítima e portanto tinha de figurar necessariamente na
ação;
ü Partindo do pressuposto que os requisitos do cheque estão preenchidos, ele pode passar para
a ação executiva, nos termos do artigo 724/1/e) do CPC;

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü No processo executivo vigora o princípio da legitimidade formal, nos termos doa rt. 53.º
do CPC, razão pela qual a ação executiva deve ser promovida pela pessoa que, no título
executivo, figure como credora, e deve ser proposta contra a pessoa que, no título executivo,
figure como devedora;
ü Contudo, para além das exceções ao princípio da legitimidade formal previstas no artigo 54.º
do CPC, a lei processual civil prevê igualmente a possibilidade de o exequente alegar, de
forma fundamentada, que a dívida é comum ou comunicável ao cônjuge do devedor,
ainda que aquele não figure como devedor do título executivo: portanto nos termos do
art. 1690.º do CC, qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o
consentimento do outro. As dívidas conjugais podem ser comunicáveis quando
responsabilizam ambos os cônjuges (nos termos doa rt. 1691.º , n.º 1 e art. 2.º , art. 1694.º
n.º 1 e 2 do CC).
ü Assim nos termos do artigo 741/1.º do CPC, sendo movida ação executiva contra apenas
um dos cônjuges (por ser ele a figurar em exclusivo com essa qualidade no título executivo),
o exequente pode, de forma fundamentada, alegar que a dívida é comum do casal, quer
a totalidade dos vens comuns do casal, quer os bens próprios de qualquer um dos
cônjuges.
ü Art. 786/1/a) do CPC;
ü Art. 787.º do CPC;
ü Contudo o exequente só pode alegar que a dívida é comum do casal se o título
executivo revestir natureza extrajudicial, pois que, se o título executivo o

ü Temos de ter sempre em atenção ao seguinte: qual é o regime de bens? É importante por
causa do regime da responsabilidade objetiva. Havendo separação de bens, o modo de
responsabilidade é diferente. Se houver comunhão de bens, se as dívidas forem da
responsabilidade de ambos respondem i) primeiro as dívidas comuns e depois a
meação nos bens próprios. E se houver uma dívida própria, os bens próprios de cada um
e depois metade nos bens comuns. Se for regime de separação de bens, só há bens próprios.
Mesmo quando há bens em comunhão, são bens em compropriedade.

ü Responsabilidade subjetiva da dívida: ou é da responsabilidade de ambos, ou só de um.


ü Neste caso, por um lado o cheque é só de uma dívida própria, mas depois o art. 741.º do
CPC confere a possibilidade do exequente alegar a comunicabilidade da dívida; Aqui os
dois já podem ser executados, e é vantajoso comunicar a dívida, neste caso o documento era
próprio, mas podíamos deduzir a comunicabilidade.

66
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Depois ainda tínhamos de analisar a hipoteca, o contrato de hipoteca podia servir


como prova de que a dívida era comum , sendo comum , podemos executar os dois,
como supra referi.

2. IMAGINE QUE QUITÉRIA NÃO TINHA DEDUZIDO OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO E QUE O


TRIBUNAL CONSIDERARA A DEFESA DE PIPO PROCEDENTE. A OPOSIÇÃO DEDUZIDA

POR PIPO APROVEITA A QUITÉRIA?

ü Está em causa o aproveitamento da defesa. Como estamos perante um litisconsórcio


necessário, o Prof.º MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA aplica nestes casos o artigo 634.º do
CPC, por analogia, porque há uma lacuna, - como é litisconsórcio necessário aproveita
sempre ao outro, embora não seja necessário intentarem ambos a ação, o Prof. Rui Pinto
denomina estes casos como sendo de litisconsórcio unitário necessário .

§ Acórdão do TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO PORTO | 24-05-2012 (FILIPE CAROÇO)

• Como a oposição à execução funciona no nosso sistema processual como um meio


de impugnação, tem-se entendido ser aplicável o que dispõe o art.º 683º, nºs 1 e 2,
em matéria de recursos. A oposição deduzida por um dos executados aproveita aos demais:
em caso de litisconsórcio necessário, desde que os fundamentos da oposição pudessem ter
sido invocados pelos não oponentes; quando o fundamento for comum a todos; quando
o executado não oponente for portador de um interesse que dependa essencialmente do
interesse do oponente; e ainda quando o executado não oponente for um devedor solidário,
a menos que o fundamento invocado pelo oponente só a ele diga respeito. – Prof. Miguel
Teixeira de Sousa;

Sendo B… marido da oponente, e ambos executados em razão de facto praticado por ambos os cônjuges (a
subscrição de um contrato de mútuo), ainda que se deva excluir o litisconsórcio necessário passivo por se tratar
de uma execução e ter, em regra, legitimidade passiva quem figura no título como devedor (art.º 55º, nº 1),
podendo o exequente executar apenas um deles, é manifesto que o fundamento da oposição também lhe assiste
e é comum.

67
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Não há um ónus de deduzir a oposição à execução, as soluções: depois o que se passa quanto
à sentença final;

Prof. RUI PINTO E O PROF. LEBRE DE FREITAS não concordam: como não há lacuna, não
aplicamos por analogia o artigo 634.º do CPC, sendo um litisconsórcio necessário a posição
afeta todos, o Professor diria que valem todas as regras do caso julgado, a exceção de caso
julgado vale para toos, os efeitos do caso julgado abrangem todos, o problema é que no
litisconsórcio não é assim, atenção à chamada autoridade do caso julgado, porque quando há
uma relação de prejudicialidade; o professor ia pelas regras gerais da autoridade do caso
julgado, uma coisa que não se aplica: a incapacidade do cônjuge não se aplica a outro, não é
comum, mas se se considerou que a divida estava paga para um também estava pago para
outro; (artigo 581.º do CPC + art. 619.º do CPC),

• Art. 732/4.º do CPC: a procedência dos embargos extingue a execução, no todo ou em parte;

3. Pipo pretende suspender a acção executiva com a dedução da oposição à execução,


sem prestar caução. Quid juris?

ü Estando em causa uma execução fundada em documento particular , títutlo


de crédito, (cheque neste caso) os embargos suspendem a execução se o
embargante tiver impugnado a genuidade da respetiva assinatura,
apresentando documento que constitua princípio de prova. (cópia do BI,
CC, passaporte ou Carta de Condução); e se o juiz entender, ouvido o
embargado que se justifica a suspensão sem prestação de caução, nos termos
do art. 733/1/b) do CPC;
ü No sentido de nesse caso recair sobre o embargado/exequente o ónus da
prova da autenticidade da assinatura constante do título executivo –
Acórdão do TRP de 21.02.2002 + Acórdão do STJ de 08.10.2002 + bem
como Acórdão do TRL de 27.01.2015.

68
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Pronunciando-se no sentido de recair sobre o executado a prova indiciária


de que a assinatura constante do título executivo não é dele - Ac. TRG de
27.11.2002.

Com efeito , para que se verifique a suspensão da execução com base neste fundamento
torna-se necessário que o juiz, face ao princípio da prova produzida, se convença “da séria
possibilidade de a assinatura não ser do devedor”, isto é, que a impugnação da
autenticidade da assinatura é “séria e minimamente consistente” com base num
juízo de “probabilidade quanto a essa não genuinidade” – Ac. TRP de 22.02.2007.

Contudo, estando a assinatura do executado reconhecida presencialmente, a prova


plena que decorre do reconhecimento presencial da assinatura, nos termos do art. 357/1.º
do CC, só pode ser destruída se o executado invocar e provar a falsidade do próprio ato de
reconhecimento presencial da sua assinatura, atendo ao disposto no artigo 375.º /2 do CC;

4. Óscar pretende que o saldo da conta bancária de Pipo, que já fora penhorado, seja
transferido para a sua conta bancária. Pipo exige, para tal, que Óscar preste caução.
Quid juris?

Art. 780.º CPC; + art. 751/7.º do CPC;

No artigo 751/7.º do CPC, na oposição à execução pode se rpara levantar penhoras,

ü Art. 798.º do CPC; se a penhora tiver recaído sobre moeda corrente, depósito bancário em
dinheiro ou outro direito de crédito pecuniário cuja importância tenha sido depositada, o
exequente iu qualquer outro credor que deva preteri-lo é pago do seu crédito pelo dinheiro
existente , sendo o dinheiro entregue atrvés através do pagamento de cheque, ou
transferência bancária, (art. 798.º do CPC), . Neste caso verifica-se uma execução direta,
na medida em que o credor obtém a satisfação imediata do seu direito de crédito
atrvés da entrega do próprio dinheiro penhorado, sem necessidade de se proceder a
qualquer venda.

69
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ü Quando há uma penhora de saldo bancário ou de um salário, tem de haver a chamada


adjudicação; nos termos do artigo 799.º do CPC;

ü Neste caso, segue o regime do artigo 733/4.º do CPC, quando a execução prossiga, nem
embargos , sem prestação caução;

ü Prestação de caução: artigo 906.º do CPC;

Como é que está configurado: temos um cheque mais uma escritura de hipoteca, é possível haver
uma dívida com dois títulos executivos ? Sim. Mas neste caso Temos duas dívidas, e dois títulos
executivos. Atenção à escritura pública, mas a hipoteca, só se refere a 5000.000 euros, temos dois
títulos para duas dívidas;

A citação para a ação declarativa, ou executiva, interrompe o prazo de rpescrição do direito de crédito:
323.º CC interrompe, a ntoficiação ou citação para o rpcoediemnto de injução também interrompe o
prazo de rpexrição: também se aplica ao procedimento de injunção. Efeitos matérias para a injunção:
Doutor Luis Carvalho,

Caução vs. Benfeitorias – Trazer caução;

CASO 20;

Em acção executiva proposta por Rita contra Sofia, com base num requerimento de injunção
ao qual foi aposta fórmula executória, Sofia opõe-se à execução com base nos seguintes fundamentos:
(i) Não fora notificada em sede de processo de injunção;
Ver o Manual do Rui Pinto;

Art. 857/1.º que remete para o artigo 729/alínea d) do CPC; quando interpretado no sentido de que
a oposição à execução só se admitiam os fundamentos da sentença, proque viola a proibição de
defesa, happy hour: o Rui Pinto refere que o art. 729.º e 731 e o 857 não dá para aplicar; - o 857.º do
CPC deve ser didático, podem se ralegados não apenas os fundamentos de embargos previstos no
artigo 729.º do CPC, (com as devidas adaptações), mas também quaisquer outros (art. 731 in fine), que
possam ser invocados na defesa como processo de declaração, o prof. está a interpretar o artigo 857.º
do CPC como se estivesse a ler o arrigo 731.º do CPC, o artigo 729.º do CPC; é que vai à alínea a); A

70
Direito Executivo Joana Costa Lopes

prescrição aplicamos ao rtigo 729.º do CPC, a questão da superveniência não interess,a mas é uma
exceção perentória ormal, aplicamos o regime geral; não há problemas de preclusão;

Art. 191.º do CPC; nulidade da citação;

(ii) A dívida em causa encontrava-se prescrita já antes da aposição de fórmula executória


ao requerimento de injunção.

Em primeiro lugar, podemos referir que a prescrição não é de conhecimento oficioso, nos
termos do art. 303.º do CC, pelo que a invocação da prescrição cabe no âmbito do artigo
729/alínea g) do CPC, mas isto é aproveitável ao artigo 729/g) em virtude da preclusão? Isto
é um processo de injunção. Desde que seja feita uma citação regular, tem um prazo para
deduzir contestação, se foi regularmente citada no requerimento de injunção, há preclusão
(este fundamento já deveria ter sido deduzido na oposição).

- No caso não houve citação regular, e invocámos que este facto era subjetivamente
superveniente à luz do artigo 729/g) , não foi invocado na altura, mas sem culpa;
Acrescentamos ainda o art. 857/2.º do CPC, não vai para o art. 857/3.º do CPC, porque
esta exceção não é de conhecimento oficioso;

1. Pronuncie-se desenvolvidamente sobre a defesa de Sofia.

2. A sua resposta seria diferente se Sofia tivesse sido regularmente notificada em sede
de processo de injunção?

Sim porque aí havia preclusão, a não ser que se invocasse a inconstitucionalidade da equiparação;
art. 13.º do DL n.º 269/98 de 1 de setembro; - quanto à prescrição, podemos ver o artigo 13/2.º
deste DL;

Temas: Estatuto processual do cônjuge do executado. Execução de dívidas conjugais.

71
Direito Executivo Joana Costa Lopes

CASO PRÁTICO 21

António é casado com Benta no regime da comunhão de adquiridos.

a) Responsabilidade objetiva: Comunhão de adquiridos: são bens próprios os que levaram


para o casamento e os que adquiriram por herança ou doação. São comuns os adquiridos
durante o casamento; (1721º e seguintes CC)

b) Responsabilidade subjetiva: quem é que tem de pagar a dívida? O consentimento tem


de ser provado, as dívidas comuns são as assinadas pelos dois (Rui Pinto), tem de
haver prova; A responsabilidade subjectiva própria do cônjuge que deu causa a dívida é,
primariamente, residual perante a responsabilidade subjectiva comum;

ATENÇÃO:

• Para alguma doutrina a dívida comum pode ser executada singularmente e tratar-se-á
de um litisconsorcio voluntário (LEBRE DE FREITAS). Deste modo, uma sentença
condenatória pode ser executada apenas contra um dos cônjuges, bem como o
contrato ou a letra, por ex.. Isto porque estes autores defendem que a regra do 34º/3 é
apenas para a acção declarativa.
• Para RUI PINTO, a responsabilidade comum, para poder ser realizada nos seus exactos
termos, apenas o pode ser contra o casal. Menos que isso é gerar uma responsabilidade
comum parcial que a lei não permite. No plano literal, a lei não distingue o tipo de acção e
no plano material seria incoerente que quisesse uma definição comum da dívida sem
correspondência no momento da execução. Desse modo, se decorrer do título que a dívida
foi contraída por ambos, deverá a execução ser contra o casal. O professor adere por isso à
linha doutrinal de TEIXEIRA DE SOUSA que defende que a dívida comum apenas pode
ser executada colectivamente sob pena de violação do regime substantivo.
• Há assim litisconsorcio necessário passivo tanto na declaração como na execução emergentes
de facto praticado por ambos os cônjuges.

1. Analise as seguintes hipóteses, enunciando as formas de tutela do credor Capitolino


e do cônjuge do executado, quando aplicável.

72
Direito Executivo Joana Costa Lopes

(i) António e Benta, necessitando de fazer obras na casa de ambos, celebraram validamente com
Capitolino um contrato de mútuo no valor de 250.000,00 EUR. O casal não cumpriu o seu
dever de reembolso do capital e de pagamento de juros.
a) Capitolino propõe acção executiva apenas contra António, que deduz incidente de
comunicabilidade da dívida a Benta;

• Trata-se de uma dívida comum, tendo em conta que o contrato é celebrado por
ambos os cônjuges: nos termos do artigo 1691/a) do CC; Há aqui um litisconsórcio
necessário passivo; mas atenção que o Prof. Lebre de Freitas utiliza o artigo 740.º do CPC
para tudo;
• Em face do haver litisconsórcio necessário aplica-se o artigo 34/3.º do CPC, havendo
ilegitimidade, essa ilegitimidade é apreciada no despacho liminar.
• Se for na forma sumária o agente de execução tem de remeter para o juiz. O juiz convida o
credor a chamar o cônjuge e se não chamar, há ilegitimidade.
• Temos de ter em conta o despacho de aperfeiçoamento nos termos do artigo 726/3.º
do CPC. É uma exceção dilatória de conhecimento oficioso;
• O próprio exequente pode mandar citar supervenientemente para suprir a ilegitimidade,
nos termos do artigo 316.º do CPC;
• A dívida já é comum portanto não se pode comunicar uma dívida que já é comum: o
juiz, quando receber o requerimento vai dizer que não há necessidade de comunicabilidade
porque a dívida já nasceu comum, este incidente não tem efeito útil;

b) Capitolino propõe acção executiva contra António e Benta.

A propositura da ação está correta, pelo que primeiro responderiam os bens comuns do casal e na
insuficiência destes, solidariamente, os bens próprios de cada um, (art. 1695.º CC) e nos termos do
artigo 745/5.º do CPC;

(ii) António comprou a Capitolino um robot de cozinha, para ele e Benta cozinharem. O contrato
de compra e venda foi autenticado por notário. O preço não foi pago.

Não é dívida comum, porque foi António que comprou, mas pode ser comunicável, mas existe uma
presunção natural: porque pressupõe-se que o robot de cozinha é para a utilização de ambos, em
conjunto: assim sendo a dívida é comunicável;

73
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Art. 703/b) do CPC; título executivo;

a) Capitolino propõe acção executiva contra António e Benta;

Em face do título, não pode partir de C propor a ação contra os dois. António é que pode depois
alegar a comunicabilidade da dívida, nos termos do artigo 742.º do CPC, e pode vir posteriormente
o exequente , ao abrigo do artigo 741.º do CPC interpor um incidente de comunicabilidade da dívida,
porque até aqui a Berta é parte ilegítima em face do título;

O cônjuge não executado pode ainda impugnar a comunicabilidade da dívida – nos termos
do artigo 741/3.º do CPC: sob pena de confessar que a dívida é comum?

b) Capitolino propõe acção executiva apenas contra António, alegando a


comunicabilidade da dívida a Benta, que rejeita a comunicabilidade da dívida;

Art. 741/3,º do CPC; e art. 742/2.º do CPC;

c) Capitolino propõe acção executiva apenas contra António, sem alegar a


comunicabilidade da dívida a Benta.

Então se apenas propôs a ação de execução contra António, só pode penhorar os bens próprios do
António, parece que estamos perante um ónus de alegação quanto ao incidente da comunicabilidade
da dívida, isto porque tem de ser alegada ou pelo exequente, ou pelo executado: mas podemos ter em
atenção o artigo 786/1/a) do CPC; e em consequência o artigo 740/1.º do CPC;

Temos de ter em conta também o artigo 787/1.º do CPC; (estatuto processual do cônjuge executado);

§ HAVENDO INCIDENTE DE COMUNICABILIDADE, DE QUE FORMA É QUE ISTO AFETA A


FORMA DO PROCESSO?

Art. 550/3/c) do CPC, é sempre forma ordinária, porque estamos perante um incidente judicial,
porque o exequente alegou a comunicabilidade da dívida nos termos do artigo 741.º do CPC; (mas
para o artigo 742.º do CPC já não);

74
Direito Executivo Joana Costa Lopes

(iii) António celebrou validamente com Capitolino um contrato de mútuo no valor de 50.000,00
EUR, tendo em vista a aquisição de electrodomésticos para a casa que partilha com
Benta. António não restituiu o capital nem pagou os juros.

a) Capitolino propõe acção executiva apenas contra António;

b) Capitolino propõe acção executiva contra António, alegando a comunicabilidade da


dívida a Benta.

(iv) António comprou a Capitolino um veleiro para passear com a sua amante de longa data. O
contrato de compra e venda foi autenticado por notário. O preço não foi pago.

a) Capitolino propõe acção executiva contra António e Benta;

Artigo1692.º
(Dívidas da responsabilidade de um dos cônjuges)

São de exclusiva responsabilidade do cônjuge a que respeitam:


a) As dívidas contraídas, antes ou depois da celebração do casamento, por cada um dos cônjuges
sem o consentimento do outro, fora dos casos indicados nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo anterior;

b) Capitolino propõe acção executiva apenas contra António, alegando a


comunicabilidade da dívida a Benta;
c) Capitolino propõe acção executiva apenas contra António, sem alegar a
comunicabilidade da dívida a Benta.

(v) António e Benta celebraram verbalmente um contrato de compra e venda com


Capitolino. O preço não foi pago. Face à inexistência de título executivo, Capitolino
intentou acção declarativa contra António. Munido da respectiva sentença condenatória,
Capitolino intentou acção executiva contra:

Art. 703/a) do CPC;

75
Direito Executivo Joana Costa Lopes

a) António, alegando a comunicabilidade da dívida a Benta; aqui não era preciso


haver comunicabilidade, porque i) a dívida é comum, ii) Berta é parte
legítima, ela consta do título executivo;

• A preterição de litisconsórcio necessário é causa de ilegitimidade nos termos do 33º/1 CPC.


É de conhecimento oficioso e é sanável, constituindo uma excepção dilatória que pode ser
fundamento de oposição à execução ao abrigo do 729º al. C) CPC.

b) António, sem alegação da comunicabilidade da dívida a Benta;


c) António e Benta.

2. Considere a hipótese (i). Imagine que logo após celebração do contrato de mútuo,
António e Benta se divorciaram e que António casou, mais tarde, com Dolores, no
regime da comunhão geral de bens. Como poderia ser executada a dívida emergente
do contrato de mútuo?

Estamos perante um dívida comum, eles contraem os dois a dívida, porque celebram ambos o
contrato de mútuo, mas depois divorciam-se: pelo que não obstante o divórcio, temos de ter em
conta o artigo 1691/a) .

Primeiro casamento entre A e B, têm uma dívida comum, a divida qualificada, no momento em que
se constitui; data da constituição da dívida;

Havendo divórcio, a dívida vai continuar a ser dívida comum; enquanto não houver separação de
bens, continua haver bens comuns e próprios, a comunhão de bens continua para além do divórcio;

Imaginemos que o A que se casa com a D, quando o Ase casa com D, ele trás dívidas, e dentro das
suas dívidas tem uma dívida própria no segundo casamento; executa-se apenas o A?

Penhoram-se os bens próprios dele e depois bens comuns do casamento atual; aplicamos o art. 740
.º do CPC;

76
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Art. 819.º CC;

3. Imagine agora que António e Benta eram casados no regime da separação de bens.
Analise a hipótese (ii) com base neste pressuposto.

• Por seu turno, aos regimes de separação de bens (1735º CC), não há bens em comunhão,
quanto muito há bens em compropriedade. O que quer dizer que não há relações de
subsidariedade na responsabilidade por dívidas dos cônjuges.
• Nestes casos, pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges podem responder de
imediato todos os bens dos cônjuges, que respondem como devedores parciários, pois a sua
responsabilidade não é solidária (1695 º /2 CC). O credor apenas pode pedir a cada cônjuge
a respectiva quota-parte na prestação. Pelas dívidas de responsabilidade singular do cônjuge
respondem os bens próprios do devedor, não existindo a meação nos bens comuns a que
se refere o 1696 º CC.

4. Considere a hipótese (ii). Pronuncie-se sobre a possibilidade de Benta, seja na qualidade de


cônjuge do executado, seja na qualidade de executada, se opor à execução, invocando a
compensação da dívida exequenda com base num contra-crédito do mesmo valor que detém
sobre Capitolino.

CASO 23 |

CASO PRÁTICO 23

Vasco, casado com Xica no regime geral da comunhão de bens, adquiriu diversos
electrodomésticos para equipar a casa que comprara com Xica, pelo valor global de 50.000,00 EUR,
tendo pago através de cheque à ordem de Wortin.
No acto da compra, Zito, pai de Vasco, foi parte no contrato, na qualidade de fiador.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Todavia, dois dias depois, a Wortin verificou que o cheque não tinha provisão, razão pela
qual intentou imediatamente uma acção executiva contra Zito, requerendo a dispensa de citação
prévia de Zito.

1. Poderia a Wortin propor acção executiva apenas contra Zito? Pronuncie-se


desenvolvidamente sobre a legitimidade passiva de Zito e sobre os seus meios de tutela.

Se tivermos em conta o disposto no art. 1691º nº 1 do Código Civil relativo às dívidas


que são da responsabilidade de ambos os cônjuges, sobressai o conceito das dívidas
contraídas por um dos cônjuges mas em proveito comum do casal. (art. 53.º do CPC)

Dívida própria comunicável;

Finalmente, se houver um devedor principal é um devedor subsidiário, máxime, um fiador,


ambos legitimados ex vi 53º/1 CPC, o credor pode optar entre demandar um deles ou ambos, já que
a eventual alegação do benefício da excussão prévia não respeita à legitimidade (745º CPC).

Litisconsórcio superveniente:
Do devedor principal ou do fiador, na execução movida respectivamente contra o fiador ou contra
o devedor principal (745º/2 CPC).

É executado apenas o fiador;


Art. 550 º /3 n.3 al í nea d) CPC – isto provoca a forma ordin á ria.

O facto de a acção ser interposta contra o fiador e não também contra a sua mulher, que
não teve qualquer participação na prestação da fiança, não determina ilegitimidade passiva
desse fiador uma vez que nos encontramos numa situação de litisconsórcio voluntário e não
necessário (Lebre de Freitas);

§ ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA | 18-09-2014

Conquanto o art.º 101º do Código Comercial remeta em matéria de responsabilidade do


fiador, para o regime da solidariedade, não se trata de uma verdadeira solidariedade, mas tão
só do afastamento do benefício da excussão.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

II - O título executivo previsto no artigo 15º, n.º 2 do NRAU/art.º 14.º-A do NRAU 2012,
é restrito ao arrendatário, não abrangendo o fiador daquele, ainda que tenha intervindo no
contrato de arrendamento e renunciado ao benefício da excussão prévia.”.

2. Considere agora que a Wortin, não tendo título executivo contra Zito, intentou uma acção
declarativa apenas contra este, e que este, enquanto fiador, foi condenado a responder pela
dívida contraída por Vasco. Mudaria alguma coisa na sua resposta à questão anterior?

Art. 642/2.º do CC – muda a forma do título executivo; o outro é sempre parte ilegítima;

3. Explique a diferença entre os conceitos «excussão prévia» e «insuficiência de bens», bem


como a sua relevância na penhorabilidade subsidiária.

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa | 27-11-2008

Por força da subsidiariedade da fiança, assiste ao fiador o direito de recusar o cumprimento


da obrigação enquanto não estiverem excutidos todos os bens do devedor principal e,
inclusivamente, depois dessa excussão, se provar que o crédito não foi satisfeito por culpa
do devedor.
2 – O fiador pode, porém, renunciar expressa ou tacitamente ao benefício da excussão.
3 – O fiador, ao responsabilizar-se, por vontade própria, solidariamente com o devedor
perante, renunciou tacitamente ao benefício da excussão prévia, passando a responder
perante o credor comum pela prestação integral, pelo que o cumprimento da dívida pode ser
exigido ao fiador, no todo ou em parte, como pode ser exigido ao devedor.
4 – Tratando-se, como se trata, de uma obrigação solidária, não é lícito ao fiador, enquanto
devedor solidário, opor o benefício da divisão.

4. Imagine que Zito revelou ao agente de execução que Vasco escondia jóias bastante valiosas
num cofre em sua casa. O agente de execução desconsiderou as indicações de Zito, acabando
por concluir que o património do(s) devedor(es) principal(ais) é insuficiente. Quid juris?

79
Direito Executivo Joana Costa Lopes

5. Imagine ainda que, para garantia da dívida de 50.000,00 EUR, Urraca, mãe de Xica,
hipotecou o seu T0 dois dias depois da constituição da fiança. Esta hipoteca
favorece, de algum modo, Zito?

Art. 639.º do CC; + art. 640.º do CC;

6. As regras da penhorabilidade subsidiária também podem ser aplicadas em execução


de dívida com garantia real que onere bens pertencentes ao devedor?

Ou se comunica a dívida e a dívida fica, comum e respondem os bens próprios e


depois os bens comuns, no regime de separação, só respondem as dívidas do próprio, se for
o devedor casado: o devedor principal pode estar casado, nos termos que conhecemos, o
fiador também é um devedor, e pode estar casado: se a dívida é própria ou comum do casal:
se os dois assinam fiança é comum, se apenas um assinou é própria; - as dividas do fiador ,
são próprias: o fiador que pagou a dívida tem sempre direito de regresso;

Art. 639.º do CC aplica-se sem benefício da excussão prévia; ? –

O benefício da execução existe quando o i) devedor tem património suficiente


para satisfazer a obrigação ou ii) quando existem garantias reais anteriores à prestação da
fiança, e é a este último caso que se refere o artigo 639º.
De acordo com este artigo “Se, para segurança da mesma divida, houver garantia real
constituída por terceiro, contemporânea da fiança ou anterior a ela, tem o fiador o direito de exigir a execução
prévia das coisas sobre que recai a garantia real.”, ou seja, havendo garantia real anterior à
constituição da fiança deve ser a mesma usada para garantia do cumprimento da
obrigação do devedor e só depois a fiança. No entanto, e como refere o n.º 2 do mesmo
artigo, se as coisas oneradas garantirem outros créditos do mesmo credor, só poderá o fiador
exigir a execução prévia das coisas que recai a garantia real, se for suficiente para satisfazer
todos os créditos.

80
Direito Executivo Joana Costa Lopes

A 2ª parte do n.o 1 do artigo 639º do Código Civil reconhece ao fiador "o


direito de exigir a execução prévia das coisas sobre que recai a garantia real" e
consagra a presunção implícita de que, existindo garantia real contemporânea, o garante
"não quis responsabilizar-se pela dívida senão depois de excutidos os bens onerados".

Estando a dívida garantida por bens de terceiro, da análise conjugada dos no


2 e 3 do artigo 54º CPC resulta que "(...) o credor está obrigado a intentar a
execução contra o possuidor dos bens dados em garantia" e só depois de
reconhecida a insuficiência desses bens é que poderá executar também o
devedor",

A obrigação assumida pelos fiadores que renunciam ao benefício da


excussão, continuando a ser acessória, deixa de ser subsidiária, equiparando-se aqueles, nos
termos referidos, a devedores solidários. Renunciando ao benefício da excussão, os
fiadores não podem opor ao credor os meios de defesa, previstos nos artigos 637º,
638º e 639º, do C. Civil.

Prof. Antunes Varela e Pires de Lima: art. 639.º do CC: entre uma fiança e uma
garantia real constituída por terceiro, a lei dá preferência a esta, desde que seja
contemporânea da fiança e anterior a ela. Presume-se que havendo uma daquelas
garantias , o fiador não quis responsabilizar-se pela dívida, senão depois de executivos os
bens onerados. Sendo esta a razão da lei, nada obsta que se estipule o contrário, e
que o fiador se responsabilize em primeiro lugar. O número 1.º não tem carácter
imperativo.

CASO PRÁTICO 24

81
Direito Executivo Joana Costa Lopes

O Dr. João Beleza, famoso cirurgião plástico, executado numa acção executiva que corre
seus termos no tribunal competente, foi confrontado com diversas pesquisas ao seu património por
parte do agente de execução, bem como com uma visita deste à vivenda de luxo que habita. Após as
consultas e diligências prévias à penhora, o agente de execução identificou os seguintes bens no
património do Dr. João Beleza:

(i) Um Bentley, o seu único automóvel, que todos os dias utiliza para levar os filhos ao
colégio e para se deslocar à clínica privada da qual é dono;

Art. 768.º CPC; - Penhora de coisas móveis sujeitas a registo;

(ii) Cinco gramas de cocaína, para consumo próprio;

Este bem é absolutamente impenhorável, porque se trata de um objeto cuja apreensão é ofensiva
aos bons costumes; Art. 736/c) do CPC;

(iii) Uma pedra de basalto que encontrou no chão numa ilha dos Açores e que guarda
com grande carinho;

(iv) Um frigorífico americano com tecnologia de ponta, que não foi pago pelo Dr. João
Beleza e que deu origem à presente acção executiva;

(v) Três televisores plasma de última geração, todas elas acompanhadas de um sistema
home cinema topo de gama;

(vi) Uma caixa de cateteres que costuma utilizar nas cirurgias que realiza;

§ Instrumentos de trabalho e objetos indispensáveis ao exercício da atividade ou formação


profissional do executado: Art. 736/2.º do CPC;

Por razões de natureza económica e social, são relativamente impenhoráveis os instrumentos de


trabalho e os objetos indispensáveis ao exercício da atividade ou formação profissional do executado,
salvo, se i) o executado os indicar para a penhora; ii) a execução se destinar ao pagamento do preço
da sua aquisição ou do custo da sua reparação; ou iii) forem penhorados como elementos corpóreos
de um estabelecimento comercial;

82
Direito Executivo Joana Costa Lopes

A nossa jurisprudência tem vindo a entender que a norma em análise não se aplica às pessoas
coletivas, porque assim o património as sociedades estava todo isento de penhora: portanto este
preceito apenas será aplicável às pessoas singulares , sendo que o legislador presume que a
subsistência destas pessoas, bem como do seu agregado familiar, fica essencialmente dependente do
exercício do seu trabalho;

Não obstante, alguma jurisprudência tem vindo a interpretar esta limitação à penhora de forma
muito restritiva. Assim no Ac. TRL de 23.05.1996 decidiu-se que “dado o carácter excecional da
norma, só em casos extremos se hão de considerar substraídos à penhora bens e artigos usados na
profissão do executado, nos termos da alínea d) do art. 823.

Do mesmo modo um Ac. do TRL de 17.03.1994, sustentou-se que os meios indispensáveis ao


exercício da atividade profissional do executado “são aqueles sem os quais é impossível ao executado
exercer a sua atividade habitual” -

(vii) Um jazigo ornamentado com anjos de bronze que o seu avô lhe ofereceu e que, de
momento, está vazio. O jazigo foi doado com uma cláusula de exclusão da
responsabilidade por todas e quaisquer dívidas (passadas, presentes e futuras) do Dr.
João Beleza;

Os túmulos apenas serão impenhoráveis se se encontrarem colocados no cemitério: ,


independentemente de estarem ou não ocupados, compreende-se que não exista qualquer limitação
legal quanto à penhora de túmulos ou de caixões quando esteja em causa uma ação executiva movida
contra uma entidade que se dedique à produção ou ao comércio desses bens.

Art. 736/e); do CPC;

(viii) Uma capelinha que compreende um dos anexos da vivenda que habita, aberta
anualmente ao público (na altura das festas religiosas da vila) e muito visitada pelo
seu extraordinário altar;

Art. 736/d) do CPC;

No tocante à impenhorabilidade absoluta de objetos especialmente destinados a culto público; (do


mesmo modo o art. 514/1.º do CPC italino dispõe que são absolutamente impenhoráveis as coisas
sagradas e as que sejam utilizadas no exercício do culto;

83
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Aqui o legislador procurou tutelar os interesses sócio-religiosos, os quais se sobrepõem aos


interesses particulares do exequente no tocante à satisfação do seu direito de crédito. São por isso
impenhoráveis entre outros, “as igrejas , as capelas , os santuários, os vasos sagrados, os paramentos
e alfaias religiosas” ;

No nosso caso prático: ficam excluídos desta limitação os objetos que, apesar de revestirem uma
natureza religiosa, não se destinem ao culto público. Assim, por via de regra, os bens religiosos
depositados numa capela particular serão penhoráveis, salvo se nessa capela for igualmente praticado
o culto público. O CPC de 1961 preceituava no seu art. 822.º /3.º , que as capelas particulares podiam
ser penhoradas na falta de outros bens, assim como os objetos que aí se destinassem a exercer o culto
religioso.
Esta capela não se destinava ao culto público, apenas uma vez por ano, portanto é penhorável.

(ix) Um conjunto arrojado de roupa interior, totalmente tecida em finos fios de ouro,
comprado num momento de loucura no Dubai e que o Dr. João Beleza costuma
utilizar em ocasiões muito especiais;

Bens relativamente impenhoráveis: o art. 737.º do CPC regula o regime os bens


relativamente impenhoráveis. Diversamente do que sucede com os bens absolutamente
impenhoráveis – os quais, nunca podem ser penhorados, os bens relativamente impenhoráveis
são aqueles que, em princípio, não podem ser penhorados, salvo em algumas situações excecionais e
particulares previstas na lei;

§ Bens imprescindíveis a qualquer economia doméstica;

egra geral, estão igualmente isentos de penhora os bens imprescindíveis a qualquer economia
doméstica, que se encontrem na casa de habitação efetiva do executado, salvo quando se trate de
execução destinada ao pagamento do preço da respetiva aquisição ou do custo da sua reparação, nos
termos do art. 737/3.º do CPC;
A nossa jurisprudência tem vindo a considerar que “o conceito de bens imprescindíveis a uma
economia doméstica tem variado ao longo da história, de acordo com o grau de desenvolvimento
social, cultural e económico e o padrão das necessidades essenciais para uma família, razão pela qual
deve ser aferido em função do nível sociocultural, e económico de qualquer família média portuguesa.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Assim a televisão , o frigorífico, o computador m a mesa de cozinha , a mesa de sala e as cadeiras


onde o agregado se senta diariamente para fazer as suas refeições, ou até mesmo a cómoda onde são
guardadas as roupas do agregado constituirão bens essenciais à economia doméstica, só se
encontrando excluída tal essencialidade se se tratarem de objetos valiosos ou decorativos, e
sem utilidade na satisfação das necessidades básicas , que era o caso do conjunto arrojado de
roupa interior, totalmente tecida em finos fios de ouro:
EM espanha , a LEC, no art. 606.º determina que são impenhoráveis os móveis e os utensílios
domésticos , assim como as roupas do executado e da sua família, na medida em que não possam ser
considerados como supérfluos,

(x) Dois dentes do siso, feitos em ouro, do Dr. João Beleza;

(xi) Um cão de uma raça muito valiosa, vencedor de todos os concursos caninos da sua categoria
(arrebatando avultados prémios) e de quem o Dr. João Beleza é inseparável;

(xii) Um rebanho de quinhentas ovelhas;

Temas: Função e efeitos da penhora. Objecto da penhora. Meios de oposição à penhora.

CASO PRÁTICO 28

Numa acção executiva proposta contra Clotilde foi penhorado um valioso colar de safiras
que esta herdara da sua bisavó.
No dia seguinte ao da constituição da penhora, e já sem o colar em seu poder, Clotilde vendeu
o colar a Diamantina (apesar de o mesmo não ter sido entregue a esta), que nada sabia sobre a penhora
em curso. Acresce que, uma semana depois, Clotilde empenhou o mesmo colar a favor de Estela.
(Estela tem um direito real de garantia, porque o colar foi empenhado em favor de E: deste
modo, os direitos reais de garantia que incidam sobre os bens penhorados não são incompatíveis com
a penhora, ou seja não permitem, a dedução de embargos de terceiro . já que a venda executiva
extingue esses direitos. – mas temos de ter em atenção: 667/1.º do CC (legitimidade para empenhar);
+ o art. 669.º do CC (constituição do penhor), vimos que não houve entrega do colar, pelo que o

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

penhor só produz efeitos se houver, entrega da coisa empenhada, ou documento que confira a
exclusiva disponibilidade dela, não nos podemos esquecer que o penhor é um contrato real
quaod constitutionem.

1. APÓS A PENHORA, QUEM É O PROPRIETÁRIO DO COLAR DE SAFIRAS? E O POSSUIDOR?


E O DETENTOR?

Resposta: Perda do poder de fruição ou limitação ao seu exercício: a penhora pode, implicar a
perda da posse do executado sobre os seus bens, os quais são apreendidos e posteriormente
entregues a um fiel depositário: Prof. Menezes Leitão: a penhora desempenha, neste caso, uma
função conservatória dos bens, é o que sucede com os bens móveis não sujeitos a registo: que
sejam encontrados na posse do executado: nestes casos a penhora implica a transferência para o
tribunal dos poderes de gozo que integram o direito do executado, perdendo este, assim, o poder
de fruição da coisa derivado do direito de propriedade: a perda da posse do bem penhorado é a
“antecâmara de um outro efeito mais violento para o executado, qual seja a perda do direito de
propriedade desse bem por via da sua venda executiva. Seja como for, até que se verifique a venda
executiva do bem penhorado, a penhora “não transfere quaisquer direitos dominiais” sobre os bens
penhorados, privando, antes , o dono dos bens penhorados do pleno exercício de poderes sobre esses
bens. E mesmo que o executado não seja privado da posse do bem, ainda assim o âmbito do seu
poder de fruição do executado sobre os seus bens penhorados sobre restrições ou limitações
significativas. Isto porque, após a concretização da penhora, o executado que conserve na sua posse
os bens penhorados passa a detê-los como fiel depositário, com todas as limitações que decorrem do
exercício dessa função de direito público.

Doutrina maioritária: há um desapossamento , o Estado é um possuidor, o executado é o


proprietário; e o depositário é o detentor; O Prof. Rui Pinto concorda com o Prof. MTS.

§ A ação executiva pode ser movida contra o sucessor na obrigação, designadamente quando essa
sucessão revista de natureza mortis causa, (art. 54/1.º do CPC); ora se uma ação executiva for motiva
contra o herdeiro do devedor, só podem penhorar-se os bens que ele tiver recebido do autor da
herança (art. 744.º do CPC), ou seja aplica-se aqui a regra de que, pelas dívidas da herança , apenas
respondem os bens da herança, não podendo ser penhorados outros bens. Com efeito dispõe o art.
2068.º do CC que a herança responde (…); Com efeito a responsabilidade pelo herdeiro depende da

86
Direito Executivo Joana Costa Lopes

modalidade de aceitação da herança, assim se a herança tiver sido aceite em benefício de inventário,
só respondem pelas dívidas da herança os bens inventariados.

Tendo em vista impedir o executado pudessem por qualquer forma, diminuir o valor os bens
penhorados, ou inutilizar a sua venda executiva, a lei substantiva determina, que sem prejuízo das
regras do registo, são inoponíveis à execução, os atos de disposição, oneração, ou
arrendamento dos bens penhorados.

Significa isto que a disposição, a oneração ou o arrendamento de um bem penhorado, feita por um
executado, é válido, já que a penhora não extingue o direito de propriedade do executado, sobre o
bem por ela atingindo, como referem os autores Alberto dos Reis e Miguel Mesquita, “apesar de a
penhora não interferir no direito de propriedade existente sobre os bens penhorados, ela afeta os poderes diretos que o
executado ou terceiros exerçam sobre esses bens”. – limitando apenas a possibilidade de disposição do
bem por ela individualizado, mas a eficácia plena desse ato fica dependente do desfecho de
execução, sendo inoponível à própria execução;

Prof. MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA: apesar de a alienação de um bem penhorado ser ineficaz face
à execução (venda de bens onerados – art.819.º do CC), em determinados casos esse ato pode
representar uma vantagem processual para o executado, é o que sucede na eventualidade de este
lograr obter, com o produto da venda , os fundos necessários ao pagamentos do crédito exequendo
e demais custas e despesas do agente de execução, com a subsequente extinção da execução.

Ora, não obstante a penhora, o devedor-executado pode alienar os bens penhorados, sem
reflexos na execução, pois, nos termos constantes do art. 819º do Código Civil, sem prejuízo
das regras do registo, são inoponíveis à execução os actos de disposição, oneração ou
arrendamento dos bens penhorados.

Como alude LEBRE DE FREITAS4, «O executado perde os poderes de gozo que integram
o seu direito, mas não o poder de dele dispor. Mantém, assim, a titularidade dum direito
esvaziado de todo o seu restante conteúdo. E, sendo assim, continua a poder praticar, depois da
penhora, actos de disposição ou oneração.

Os actos de disposição ou oneração dos bens penhorados comprometeriam, no


entanto, a função da penhora se tivessem eficácia plena. Por isso são inoponíveis à
execução. Não se tratando de actos nulos, mas apenas relativamente ineficazes, eles readquirirão

4
in, A Acção Executiva, à luz do CPC de 2013, 6ª. ed. pág. 302-303

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

eficácia plena no caso de a penhora vir a ser levantada. Mas se, pelo contrário, da execução
resultar a transmissão do direito do executado, o direito do terceiro que tiver contratado com
o exequente caduca, embora transferindo-se, por sub-rogação objectiva, para o produto da
venda».

Portanto: C, executado, vende o bem x (colar), após a penhora, a D; D adquire o direito


de propriedade sobre o bem x (colar), mas este direito é inoponível à execução; se a
penhora for levantada, D poderá exercer plenamente o direito que adquiriu; mas, se o
bem x (colar) for vendido na execução, o direito de D caduca.

O Estado será mera detentor e não possuidor dos bens; mas vejamos: Quando a penhora incide
sobre um objeto corpóreo de um direito real penhora de bens imóveis, penhora de bens móveis,
penhora de quota em bem indiviso - a transferência dos poderes de gozo implicam uma
transferência da posse: mas, a posse exige um elemento material, o corpus e um elemento
psicológico, o animus. Se falta o animus (que se traduz na intenção de se comportar como
titular do direito real correspondente aos atos praticados), estamos perante uma mera
detenção ou posse precária (art. 1253.º do CC):

O executado continua a ser proprietário do bem, ele perde os poderes que detinha sobre a
coisa, os quais se transferem para o tribunal, que geralmente exercerá através de um
depositário. Mesmo que seja nomeado depositário dos seus bens, a sua posse é em nome alheio.
Ficando o executado impossibilitado de “lançar mão aos meios de defesa da posse (art. 1276.º e ss.
do CC), a menos que sendo depositário dos bens, use dos meios de defesa da posse que,
excecionalmente são facultados aos meros detentores (art. 1188.º, n.º 2 do CC para o depositário).

Os bens são apreendidos pelo agente de execução que os entrega a um depositário (arts.
757.º, 764.º, n.º 1 e 768.º n.ºs 2 e 3 do CPC). Assim, os poderes de uso, fruição e administração
passam para a responsabilidade do agente de execução a partir do momento em que são
apreendidos, e nunca antes. Posição diferente possui ANSELMO DE CASTRO, defendendo que a
perda dos poderes se dá antes da apreensão, logo que a notificação seja estabelecida.

§ No que respeita às consequências que advém da apreensão no plano da posse afirma


JOSÉ LEBRE DE FREITAS que finda a posse do executado e dá início a uma nova posse pelo
tribunal, sendo o depositário em nome deste que passa a possuir a posse do bem penhorado.

88
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Na visão DE TEIXEIRA DE SOUSA, a penhora estabelece ao executado um desdobramento da


posse sobre os seus bens: permanece possuidor em nome próprio dos bens penhorados, mas
forma-se sobre eles uma posse que é exercida pelo depositário.
Caso o executado permaneça depositário dos bens penhorados, a sua posse é nessa qualidade e
não como titular do direito real sobre esses bens (art. 756.º, n.º 1 do CPC).
O executado continua com o poder de detenção sobre os bens, mas perde a posse, o poder
de gozo, visto que, “quem tem a coisa em seu poder e não exterioriza um direito real de gozo sobre
ela, não tem posse, apenas detenção; inversamente, aquele que atuando sobre a coisa, exteriorize um
direito próprio sobre ela, tem posse”. (JOSÉ ALBERTO VIEIRA);
O executado não será possuidor da posse porque: se lhe é retirado o bem da sua
disponibilidade na sequência da penhora, perde os poderes de fruição, perdendo o corpus; e
se mesmo não lhe sendo retirado o bem da sua disponibilidade, o executado pode dispor do bem,
mas na qualidade de depositário, com os poderes inerentes ao depositário.

2. Pronuncie-se sobre o desvalor dos negócios jurídicos celebrados por Clotilde após a
penhora.

Art. 819.º do CC;

Tendo em vista impedir o executado pudessem por qualquer forma, diminuir o valor os bens
penhorados, ou inutilizar a sua venda executiva, a lei substantiva determina, que sem prejuízo das
regras do registo, são inoponíveis à execução, os atos de disposição, oneração, ou
arrendamento dos bens penhorados.

Significa isto que a disposição, a oneração ou o arrendamento de um bem penhorado, feita por um
executado, é válido, já que a penhora não extingue o direito de propriedade do executado, sobre o
bem por ela atingindo, como referem os autores Alberto dos Reis e Miguel Mesquita, “apesar de a
penhora não interferir no direito de propriedade existente sobre os bens penhorados, ela afeta os poderes diretos que o
executado ou terceiros exerçam sobre esses bens”. – limitando apenas a possibilidade de disposição do
bem por ela individualizado, mas a eficácia plena desse ato fica dependente do desfecho de
execução, sendo inoponível à própria execução;

Prof. MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA: apesar de a alienação de um bem penhorado ser ineficaz face
à execução (venda de bens onerados – art.819.º do CC), em determinados casos esse ato pode
representar uma vantagem processual para o executado, é o que sucede na eventualidade de este
lograr obter, com o produto da venda , os fundos necessários ao pagamentos do crédito exequendo
e demais custas e despesas do agente de execução, com a subsequente extinção da execução.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Em tal situação, a “traditio” efectuada não o foi por quem, então, poderia ser
considerado titular da respectiva posse (o Estado), atenta a correspondente
indisponibilidade - inoponibilidade objectiva ou situacional, na terminologia do Prof.
Castro Mendes -, sendo, nos termos do disposto no art. 819º do CC, considerados
ineficazes em relação ao exequente os actos que envolvam alienação ou oneração dos
bens penhorados.

Há o efeito interno da penhora, e externa, porque há transmissão; - na insolvência, os atos de


venda são ineficazes, aqui diz-se que é inoponível; à execução, mas é oponível ao resto das pessoas;
O E tem uma garantia real (imaginemos que o contrato foi válido), o E tem direito, se fosse válido,
pode fazer uma reclamação de créditos, porque é credor, tem de apresentar o título exequível, e
depois o juiz faz a ordenação dos credores, e depois quanto muito pode pedir uma indemnização;
temos uma escondida credora que pode reclamar (o problema grande é que o penhor não se
constitui);

3. QUE CONSELHOS DARIA A DIAMANTINA?

Meios de reação à penhora:

a) Oposição por simples requerimento | art. 764/3.º do CPC;


b) Incidente de oposição à penhora | art. 784 e art. 785.º do CPC;
c) Embargos de terceiro (art. 342.º e ss do CPC; )
d) Ação de reinvidicação (art. 1311.º do CC e 840.º e 841.º do CPC);

Os embargos de terceiros consideram-se um incidente (de intervenção de terceiro) da ação


executiva, quando deduzidos contra a penhora consistem numa tramitação declarativa que corre por
apenso ao processo executivo (art. 344.º, n.º 1 do CPC), constituindo uma forma de reação ou de
defesa.
Trata-se de um incidente de instância deduzido por quem seja terceiro em relação à causa e, no
caso específico da ação executiva, deverá ser deduzido por quem não seja exequente ou executado
no processo. Este incidente tem como propósito defender a posse ou qualquer outro direito que
confira poderes de facto ao terceiro sobre os bens da diligência.
Por outro lado, há que considerar ainda que, os embargos tanto podem ser deduzidos a título
preventivo – são deduzidos antes da realização da diligência ofensiva do direito do terceiro, desde
que depois de ter sido ordenada a diligência, com o intuito de impedir a realização (art. 350.º do CPC);

90
Direito Executivo Joana Costa Lopes

como podem ser deduzidos a título repressivo ou reparador– são deduzidos só depois da realização
da diligência ofensiva do direito de terceiro, com o propósito de repor a situação anterior à
concretização da diligência (art. 342.º e ss. do CPC).
Também o cônjuge do executado pode ser terceiro para efeitos de embargos, ex vi do art. 343.º
do CPC, desde que não seja parte na ação como executado ou como cônjuge citado, este possui
legitimidade singular para se defender por meio de embargos em duas situações. A primeira situação
ocorre quando a penhora incide sobre um bem próprio do cônjuge não executado, em
desconformidade com o artigo 735.º, n.º 2 do CPC320. Tratando-se de bens próprios a penhora não
pode subsistir, uma vez que, quando respondem pela dívida segundo o direito substantivo, não
podiam ser apreendidos sem que o seu proprietário fosse executado. A segunda situação ocorre
quando o cônjuge terceiro tem a possibilidade de defender os seus direitos sobre os bens comuns
que tenham sido indevidamente penhorados. Ou seja, a penhora indevida ocorre quando se penhora
um bem comum sem que o cônjuge seja citado, como se pode comprovar nos artigos 740.º, n.º 1 e
in fine do 786.º, n.º 1, alínea a) do CPC. Porém, tratando-se de bens comuns, cônjuge do executado
não pode embargar quando tenha sido chamado à ação executiva.
Contudo, repare-se que poderá embargar de terceiro não só o proprietário, mas também o
possuidor. Entende-se por possuidor aquele que tem um “poder que se manifesta quando alguém
atua por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade ou de outro direito real”, à luz
do art. 1251.º do CC. O possuidor para defender a sua posse ofendida por penhora, pode deduzir
embargos de terceiro (art. 1285.º do CC) para ser mantida ou restituída a sua posse, consoante tenha
sido ordenada ou efetivamente realizada a penhora.

É de referir que, nos termos do art. 342.º, n.º 1 do CPC, veio estender a legitimidade dos embargos
de terceiro: por um lado, para além da posse, veio admitir embargos que se fundem “em qualquer
direito incompatível com a realização ou o âmbito da diligência” ; por outro, concedeu a todo o
possuidor (quer em nome próprio, quer em nome alheio) cuja posse seja incompatível com essa
realização ou esse âmbito.

Os embargos são consentidos, seja qual for o terceiro que tenha derivado o seu direito. Em sentido
diverso, não é incompatível com a penhora a presença de um direito real de aquisição ou um direito
real de garantia, porque o respetivo titular encontra-se satisfeito no âmbito da ação executiva, não se
verifica incompatibilidades. Logo, a posse é incompatível com a penhora, aquela que é exercida em
nome próprio, constitui presunção da titularidade do direito de propriedade incompatível.

À conclusão que chegamos, cumpre salientar que o terceiro embargante terá de fundamentar a sua
pretensão com base em duas vertentes: por um lado, ser o proprietário, possuidor ou titular do direito
sobre a coisa objeto da diligência, por outro, que a diligência efetuada perante embargos repressivos

91
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ou reparadores, ou ordenada no caso de embargos preventivos, ofende a posse ou qualquer outro


direito seu.

4. A penhora é uma garantia real? Justifique.

Penhor é uma garantia real das obrigações que incide sobre certa coisa móvel, ou sobre
créditos ou outros direitos não susceptíveis de hipoteca, pertencentes ao devedor ou a
terceiro e que confere ao credor o direito de ser pago com prioridade face a todos os outros
credores através do produto da venda do bem penhorado.

Ora, o penhor não se confunde com a penhora . Penhor é o ato ou efeito de


empenhar; penhora é o ato ou efeito de penhorar.

Ø Penhor é um direito real de garantia: o devedor, para garantir o pagamento da dívida,


entrega um bem (também há penhor de direitos).
Ø Penhora é a apreensão judicial de bens, que tem como verbo correspondente
penhorar. – O Estado não tem um direito real sobre os bens penhorados: o Prof.
MTS, não há direito real, porque não há sequela, a penhora não vai atrás dos bens; os bens
não saem da esfera jurídica do executado;

A preferência do art. 822.º do CC é um direito real? Se houver uma hipiteca judicial depois
da penhora, a hipoteca tem de ser paga primeiro, quando chegar à reclamaºão de créditos,
vem tudo; Esta preferência é real ou não, o Prof. Lebre de Freitas, refere que é um direito de
preferência processual; Rui Pinto defende que isto é uma preferência pessoal e não real,
porque não é dotado de sequela; (ação acessória da reclamação de créditos), é uma
preferência que não é oponível erga omnes.

Constitui direito real de garantia, o penhor (art. 666.º do CC).

92
Direito Executivo Joana Costa Lopes

5. Imagine agora que o colar fora alienado por Clotilde a Diamantina antes da penhora,
uma vez que Clotilde, prevendo uma iminente agressão judicial dos seus bens,
começou a dispor do seu património ao desbarato. Ainda assim, o exequente
pretende penhorar o referido colar. Quid juris?

Dispõe o art.º 610 do Código Civil, sob a epígrafe “requisitos gerais”, que “Os actos que
envolvam diminuição da garantia patrimonial do crédito e não sejam de natureza pessoal
podem ser impugnados pelo credor, se concorrerem as circunstâncias seguintes:

a) Ser o crédito anterior ao acto ou, sendo posterior, ter sido o acto realizado dolosamente com
o fim de impedir a satisfação do direito do futuro credor;
b) Resultar do acto a impossibilidade, para o credor, de obter a satisfação integral do seu crédito,
ou agravamento dessa impossibilidade”.

Qual o efeito da impugnação em relação ao credor e a terceiros? Rege quanto ao primeiro o


art.º 616:
“1. Julgada procedente a impugnação, o credor tem direito à restituição dos bens na medida do
seu interesse, podendo executá-los no património do obrigado à restituição e praticar os actos
de conservação da garantia patrimonial autorizados por lei.
2. O adquirente de má fé é responsável pelo valor dos bens que tenha alienado, bem como dos
que tenham perecido ou se hajam deteriorado por caso fortuito, salvo se provar que a perda ou
deterioração se teriam igualmente verificado no caso de os bens se encontrarem no poder do devedor.
3. O adquirente de boa fé responde só na medida do seu enriquecimento.
4. Os efeitos da impugnação aproveitam apenas ao credor que a tenha requerido”.

O art.º 617.º, sobre as “relações entre devedor e terceiro” dispõe que:

“1. Julgada procedente a impugnação, se o acto impugnado for de natureza gratuita, o devedor só
é responsável perante o adquirente nos termos do disposto em matéria de doações; sendo o acto
oneroso, o adquirente tem somente o direito de exigir do devedor aquilo com que este se
enriqueceu.
2.Os direitos que terceiro adquira contra o devedor não prejudicam a satisfação dos direitos
do credor sobre os bens que são objecto da restituição”.

Regra geral:

93
Direito Executivo Joana Costa Lopes

a) Não sendo a obrigação cumprida de forma voluntária, tem o credor o direito de apreender
bens que integram o património do devedor. Esta é a regra geral no que se refere aos bens que
podem ser objeto da execução (cf. art. 817.º do CCiv; art. 735.º, n.º 1, do nCPC).

Porém, também existem alguns casos, especialmente previstos na lei, em que é


admissível a penhora de bens de terceiro: i) quando o terceiro tenha dado de garantia do
crédito exequendo um bem que lhe pertence; ii) quando a aquisição do bem seja objeto de
uma impugnação pauliana julgada procedente (art. 818.º do CCiv).

É, todavia, condição legal para que a execução possa prosseguir para penhora e
venda dos bens de terceiro que este tenha sido citado (art. 735.º, n.º 2, parte final,
do nCPC).

Ø A ação de impugnação pauliana não visa a declaração de nulidade ou a anulação dos


negócios realizados pelo devedor. Dirige-se, antes, a atos do devedor que não
enfermam de qualquer vício. Compreende-se, por isso, o regime previsto no art. 616.º,
n.ºs 1 e 4, do CCiv quanto aos efeitos da procedência da impugnação pauliana, pelo
que, neste sentido, esta impugnação pode ser caracterizada como uma ação pessoal.

Ø O efeito decorrente da procedência da impugnação pauliana não é, assim, a destruição


do ato, mas apenas a inoponibilidade do mesmo à execução na exata medida da
necessidade satisfação da pretensão do credor, mediante a mera ineficácia
(situacional) desse ato. Tudo à semelhança do que se estabelece no art. 819.º
do CCiv quanto aos efeitos da penhora.

Ø A procedência da impugnação pauliana tem como resultado a possibilidade


de o terceiro adquirente ser demandado numa execução, isto é, a procedência
da pauliana atribui legitimidade processual ao terceiro adquirente do bem que foi
objeto da impugnação para ser demandado na execução. A intervenção do terceiro
adquirente em sede executiva coloca, pois, um problema de legitimidade
processual, e não de (in)existência de título executivo quanto a esse
adquirente.

ü Considerando que a execução apenas pode prosseguir para penhora e venda do bem
que foi objeto da impugnação paulina se a execução também seguir contra o titular
deste bem, o que está em causa é a intervenção do terceiro adquirente no processo

94
Direito Executivo Joana Costa Lopes

de execução, mantendo-se como título executivo o documento inicialmente dado à


execução pelo credor. Não existe, pois, uma substituição em nenhuma das partes da
execução, porque o devedor não deixa de estar vinculado à obrigação exequenda
pelo facto de ter transmitido o bem a terceiro, quer antes, quer depois da instauração
da execução.
ü O credor pode demandar, em litisconsórcio voluntário inicial, o devedor e o terceiro
adquirente ou optar por demandar inicialmente apenas este terceiro e só fazer
intervir, de forma subsequente, o devedor, se o valor do bem for insuficiente para o
pagamento integral do crédito exequendo.

ü O credor pode ainda optar por demandar primeiro o devedor e só depois requerer a
intervenção principal do terceiro titular do bem, nos termos dos arts. 316.º a 320.º do
nCPC, se esse credor pretender penhorar e vender o bem que foi objeto da impugnação
pauliana para completa satisfação do seu direito.

ü Não existe, contudo, nenhum ónus de o credor exequente requerer a intervenção do


terceiro adquirente, pelo que não fica precludida a faculdade de esse credor instaurar uma
nova ação executiva apenas contra o titular do bem.

ü A falta de intervenção do terceiro na execução inicial apenas impede que a mesma


prossiga para penhora e venda do bem que foi objeto da impugnação pauliana.

ü Como não existe uma substituição de partes na execução, o meio processual


adequado para a demanda do terceiro adquirente é o incidente da intervenção principal
provocada desse terceiro, e não o incidente de habilitação, porque não ocorre nenhuma
transmissão da dívida para o terceiro adquirente do bem (cfr. art. 262.º, al. a), do nCPC).

ü Na sequência do que se expôs, o terceiro é parte legítima na execução quando o


credor exequente pretenda executar o bem que foi objeto da impugnação pauliana
(cfr. art. 818.º do CCiv), podendo, na parte restante, aplicar-se, por analogia, o disposto
nos n.ºs 2 e 3 do art. 54.º do nCPC. A intervenção do terceiro é mesmo necessária como
forma de evitar a previsível oposição que este venha a deduzir à penhora do bem mediante
embargos de terceiro.

ü Porém, a intervenção processual do terceiro adquirente, tendo em vista que o mesmo


só é chamado à execução na qualidade de titular do bem que se pretende vender, limita-

95
Direito Executivo Joana Costa Lopes

se à fase da venda, podendo exercer nesta fase os mesmos direitos que a lei reconhece
ao executado.

ü Assim, tendo o agente de execução penhorado o bem do terceiro adquirente, para


que a execução possa prosseguir sobre o bem sobre que incidiu a impugnação
pauliana, o juiz, ao abrigo do disposto no n.º 1 do art. 6.º e dos n.ºs 2 e 3 do art.
316.º do nCPC, pode convidar o credor exequente a requerer a intervenção
principal provocada do terceiro, seguindo-se os demais termos deste incidente da
instância, sob pena de a execução não poder prosseguir quanto a esse bem. Tudo
isto sem prejuízo de, se o credor exequente assim o preferir, esse credor poder vir
a instaurar uma futura execução apenas contra o terceiro adquirente.

ARRESTO: o arresto, antes do devedor vender bens, vamos pedir que seja decretada
um providência cautelar antecipatória da penhora (Rui Pinto), que vem antes da
penhora, há uma norma do CC, que refere que o arresto tem os mesmos efeitos da penhora,
relativamente ao património, é também uma providência cautelar conservatória do
património: o arresto como antecipa os efeitos da penhora, sem título executivo, o arresto
caduca se não se interpor uma sentença condenatória, em 30 dias, antes de vendidos os bens
ao terceiro, podemos decretar o arresto, porque os bens estão arrestados, porque mais
adiante, a a penhora vai dicar com a data do arresto, o arresto converte-se em penhora; art.
762.º do CPC;

Nota final: se pode haver arresto, sobre aquele que pode é fraudulento? requisitos do
arresto: temos de ter em conta o art. 619.º do CC5; é possível arrestar os bens de terceiro sim.
Temos de antecipar a penhora, enquanto esperamos pela sentença da procedência da
impugnação pauliana;

5
Artigo 619.º - (Requisitos)

1. O credor que tenha justo receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito pode requerer o

arresto de bens do devedor, nos termos da lei de processo.

2. O credor tem o direito de requerer o arresto contra o adquirente dos bens do devedor, se tiver sido

judicialmente impugnada a transmissão.

96
Direito Executivo Joana Costa Lopes

CASO PRÁTICO 29

Ludovina propôs acção executiva contra Belmira para pagamento de uma quantia
em dívida que ascende a 250.000,00 EUR, indicando no requerimento executivo os seguintes
bens à penhora:
(i) O recheio da casa que Belmira habita com a sua família;
(ii) A casa de férias de que Belmira é comproprietária, sendo Cervantes o outro comproprietário;
(iii) A papelaria de Belmira, localizada num imóvel arrendado a Emília, a senhoria;
(iv) O automóvel comercial que Belmira utiliza ao abrigo de um contrato de locação financeira
celebrado com a Locacar, S.A.;
(v) Uma bicicleta que se encontra no jardim de Belmira e que foi comprada a Felisberto com
reserva de propriedade, não tendo ainda sido pago o preço.

1. Considere a sub-hipótese (i) e responda às seguintes questões:

(i) O recheio da casa pode ser penhorado? Se sim, de que forma?

I. L, nos termos do art. 724.º nº1 i) e nº2, indica no requerimento executivo o recheio da casa
de Belmira. Nos termos do art. 737.º nº3, os bens que fossem imprescindíveis a qualquer
economia domestica não poderiam ser penhorados. Porém, os que não fossem necessário a
uma vida económica média, poderão ser penhorados nos termos do art. 764.º nº1.
Caso seja necessário forçar a entrada no domicilio do executado, através de auxilio das
autoridades policiais, tal intervenção fica sujeita a despacho judicial prévio, nos termos do
art. 757.º nº4 ex vi 765.º nº4

(ii) Poderia Belmira exigir que os bens ficassem depositados num depósito particular?´

O exercício da função de fiel depositário na penhora de bens móveis não sujeitos a registo
compete ao agente de execução que, para tanto, procede à apreensão e remoção dos mesmos
(cf. artigo 764.º do CPC), salvo se o exequente consentir que seja depositário o próprio
executado ou outra pessoa designada pelo agente de execução. Pode solicitar nos termos do
art. 756.º do CPC.

97
Direito Executivo Joana Costa Lopes

(iii) Imagine que na cave dos executados se encontra um tonel de vinho muito pesado e cuja
remoção se apresenta bastante dispendiosa. Quid juris?

ü Art. 764/2/2ªparte do CPC; - se no presente caso, se o valor da remoção for superior


ao valor dos bens, não haverá lugar à remoção dos bens, sendo que o executado é
designado como fiel depositário após as diligências previstas no art. 764/2.º do CPC.

(iv) Imagine agora que o agente de execução encontrou duas notas de 500,00 EUR em
cima da mesa da sala de jantar, correspondentes ao salário de Belmira. Podem estas
notas ser penhoradas? De que forma?

Temos de ter em contra o art. 738.º do CPC: quanto aos bens parcialmente impenhoráveis: os
bens parcialmente impenhoráveis são aqueles que, tal como o nome indica, só podem ser penhorados
em parte;
O art. 738/1.º do CPC; - são impenhoráveis dois terços da parte líquida dos vencimentos, salários:
o conceito de “vencimento “ ou de “salário”, deve ser interpretado em sentido amplo. De facto
segundo, o art. 258/2 e 3.º do CT, “A retribuição compreende a retribuição base e outras prestações
regulares e periódicas feitas, direta ou indiretamente, em dinheiro ou em espécie, presumindo-se
constituir retribuição “qualquer prestação do empregador ao trabalhador”. Por sua vez, de acordo
com o art. 260.º do CT/3 são englobadas as diversas gratificações; - paralelamente o art. 2/2.º do
CIRS, preceitua que os rendimentos de trabalho dependente são os seguintes: salários; vencimentos,
gratificações (…);
O novo CPC veio pôr termo, em definitivo , à divisão doutrinária e jurisprudencial quanto à
questão de saber se a impenhorabilidade parcial das prestações periódicas devia incidir sobre o seu
valor ilíquida ou líquido: , preceituando agora que essa impenhorabilidade é calculada em função da
parte líquida:
O montante impenhorável neste caso são 666,6 euros (2/3) do seu salário, é penhorável 1/3 –
333, 3 euros: o montante impenhorável, previsto no art. 738.º/1 .º do CPC, encontra duas
limitações, a primeira destinada a proteger os interesses do exequente e a segunda visando
salvaguardar a situação económica e social do executado à luz da exigência constitucional de proteção
da dignidade da pessoa humana, assim , o montante impenhorável , ou seja dois terços não podem
ser superiores ao montante equivalente a três salários mínimos nacionais, à data de cada apreensão: e
se o executado não tiver outro rendimento , não ode ser inferior a um salário mínimo nacional;
Resposta mais correta: relativamente às notas, sendo apreendidas no ato de penhora são
depositadas numa instituição de crédito, conforme o art. 764/5.º do CPC. Sendo que o dinheiro
corresponde ao salário de B, será um bem parcialmente impenhorável nos termos doa rt. 738.º do

98
Direito Executivo Joana Costa Lopes

CPC. Assim sendo, apenas pdoerá ser penhorados 1/3 da parte líquida so salário, o que neste caso
será 333 euros. Não é necessário fazer qualquer correção à parte impenhorável, na medida em que
fica assegurado o salário mínimos nos termos do art. 738.º/3.º do CPC;

(v) Belmira recusou-se a abrir a porta ao agente de execução, tendo este, prontamente e
sem quaisquer rodeios, destruído a porta e entrado à força na casa de Belmira;
descobriu-se, dias mais tarde, que Belmira ocultara bens que integravam o recheio
da casa. Quid juris?

ü Art. 764/4.º do CPC + art. 757/5/6/7.º do CPC; + art. 767.º do CPC


ü Art. 767.º do CPC;

Neste caso, tendo B recusado abrir a porta , nos termos do art. 767/1.º do CPC deverá atender-
se ao disposto no art. 757.º do CPC. Uma vez que se trata do domicílio, a solicitação de auxílio de
autoridades policiais carece de prévio despacho judicial, nos termos do art. 747/4.º do CPC. Assim
o executado poderia reclamar o ato, segundo art. 723/1/c) do CPC; Sendo que o executado , obstou
à penhora tendo em vista a ocultação de determinados bens, nos termos do art. 767/2.º fica sujeito
ao regime de litigância de má-fé nos termos do art. 542.º do CPC, sendo aplicável, n número 2/d) do
CPC;

(vi) O agente de execução, aquando da penhora do recheio da casa, lavrou auto da


penhora, atribuindo um valor de 10,00 EUR a um jarrão decorativo que, na verdade,
vale 5.000,00 EUR, dado que é feito de porcelana chinesa muito valiosa. Quid juris?

Temos de ter em conta o art. 766.º do CPC; - o agente de execução deverá recorrer à ajuda de um
perito quanto à avaliação dos bens, nos termos do art. 766/2.º do CPC. O executado poderá reclamar
segundo o art. 723/1/c) do CPC. Para além disso, caso se verifique que valor do bem excede
proporcionalmente, poderá o executado opor-se à penhora nos termos do art. 784/1/a) do CPC, por
violação do princípio da proporcionalidade, segundo o art. 735/3.º do CPC.

2. Considere novamente a sub-hipótese (i). Imagine que o agente de execução decidiu penhorar:
(i) Uma máquina de lavar louça que fora emprestada, no dia anterior, a Belmira, pela
loja responsável pela reparação da sua máquina e que se encontrava coberta de

99
Direito Executivo Joana Costa Lopes

inúmeros autocolantes fluorescentes com o seguinte texto: «Repara Tudo, Lda. –


Reparar sem parar de funcionar». Quid juris?

Na penhora temos de ter em conta o princípio da proporcionalidade, sempre !

Segundo o art. 735/1.º do CPC e art. 818.º do CC, só estão sujeitos à penhora os bens do
devedor. Contudo, nos termos do art. 764/3.º do CPC presumem-se que pertencem ao executado
todos os bens que foram encontrados em seu poder. Para ilisão desta presunção é necessário prova
documental da qual resulte inequivocamente (genuiedade do documento, é uma fatura com a AT
– a identidade clara da pessoa – e a data, o Lebre de Freitas diz que basta um documento simples)
que os bens pertencem a terceiro, nomeadamente por apresentação de documento autêntico com
data anterior à penhora ou de documento particular que tenha sido autenticado. A ilisão faz-se perante
o juiz, nos termos do art. 723/1/c) do CPC ou d):
Lebre de Freitas: quando se nota que o bem não é manifestamente seu.

Assim a Repara Tuda, Lda, poderá deduzir embargos de terceiro, nos termos do art. 342.º do
CPC/1. O art. 342.º do CPC confere a tutela da posse, sendo um meio paralelo as ações de
prevenção, manutenção e restituição da poesse e portanto facultado, em primeira mão, ao possuídor
em nome próprio , nos termos do art. 1285.º do CC.
Invocado pelo embargante na petição inicial o direito de propriedade ou de posse sobre os bens
móveis penhorados, os embargos são decididos no plano da titularidade do direito de fundo, quando
sejam alegados e provados os factos em que eles se baseiam. Sendo a posse , ou a propriedade os
fundamentos dos embargos de terceiro, é evidente que é sobre o embargante que recai o ónus da
alegação da prova dos factos que se traduz cada elemento que as integra. Quem invoca um direito
tem de alegar e provar os seus elementos constitutivos nos termos gerais do art. 342.º do CC.

Acórdão: os embargantes arrogaram-se a qualidade de possuidores em nome próprio dos bens


penhorados, sendo a posse efetiva ou material exercida através do possuidor em nome alheio, - o
comodatário (art. 1252/1.º do CC.); Se na vigência dos artigos 1037.º do CPC, a doutrina mais
recente e alguma jurisprudência vinham defendendo a tese de que a posse jurídica era tão
relevante como a posse material para basear os embargos de terceiro, atualmente, face ao texto
legal vigente, não se pode por em dúvida que a mera posse jurídica assume relevância idêntica à da
posse material;
Assim sendo, e tendo os embargantes alegado terem celebrado com o executado um
contrato de comodato - contrato que ficou provado, como provado ficou que os
bens emprestados foram penhorados - tal significa que se deve ter como provada
a sua qualidade de possuidores em nome próprio daqueles bens e o executado

100
Direito Executivo Joana Costa Lopes

como mero possuidor em nome alheio, no caso em nome dos embargantes.


Assim sendo, gozam os embargantes da presunção da titularidade do direito
correspondente à sua posse (cf. arts. 1268º, nº 1 e 1251º do CC) - no caso, do direito
de propriedade -, “pelo que lhe deve ser consentido valer-se dessa presunção até que ela
seja ilidida, mediante a demonstração de que o proprietário do bem penhorado é o
executado” (Lebre de Freitas, ob. cit., pág. 228).

• Art. 764.º do CPC: número 3 – presume-se que pertencem ao executado os bens


encontrados em seu poder, mas , feita a penhora, a presunção pode ser ilidida perante
o juiz, quer pelo executado, ou por alguém, em se eu nome, ou mesmo um terceiro
– mediante prova documental inequívoca

(Acordão do tribunal da relação de Lisboa 06-03-2018)

Do acima exposto decorre com mediana clareza que o agente de execução deve
proceder à penhora dos bens encontrados em poder do executado, por se presumir
que estes lhe pertencem, cabendo, depois, ao executado ilidir, querendo, essa
presunção perante o juiz mediante a apresentação de requerimento acompanhado
da prova documental donde resulte manifesto o direito do terceiro sobre os bens
penhorados.

Lebre de Freitas defende, ao mesmo tempo, que se o agente de execução for


confrontado com a prova evidente do direito do terceiro no próprio ato da penhora
deve obstar à mesma, mas cita Paula Costa e Silva que, defendendo a desejabilidade
desta solução, entende, todavia, que a lei não a permite([3]).

Pensamos que, de acordo com o princípio da economia processual, e tendo em conta


o disposto nos arts. 735 e 751 do C.P.C., se o agente de execução for, por antecipação,
no ato da penhora, confrontado com prova documental inequívoca do direito de
terceiro sobre os bens em questão, deve, naturalmente, abster-se de praticar o ato.
Mas, se não lhe for apresentado documento comprovativo ou se o exibido lhe suscitar
dúvidas sobre o direito do terceiro, então deve realizar a penhora, sem prejuízo da

101
Direito Executivo Joana Costa Lopes

ilisão vir a ter lugar perante o juiz, conforme previsto no art. 764, nº 3, do C.P.C.. – O
Rui Pinto não concorda com esta solução, porque é contra a lei; proque tem de ser o
juiz, nos termos doa rt. 723.º do CPC;

(ii) Cinco garrafas de vinho do Porto, apesar de Belmira tentar impedir o agente de execução,
afirmando que aquelas garrafas pertencem à sua mãe, facto que foi desconsiderado.
Mesmo após a mãe de Belmira se deslocar a casa desta para confirmar, perante o agente de
execução, que as garrafas eram suas, apresentando inclusivamente um talão do Club del
Gourmet do El Corte Português, onde comprara as garrafas, o agente de execução mantém a
penhora das garrafas. Quid juris?

O TALÃO NÃO SERVE, tem de ser uma fatura discriminada; -

(iii) O computador de Juvenal, que este emprestara a Belmira, e que, por sua vez, lhe fora locado
por Mauro. Quid juris?

O bem é de terceiro ou do executado?

Quanto a embargo de terceiros por parte do locatário (J):


A questão levanta-se por causa da natureza precária da posse que exerce sobre os bens
dados de locação.
Não há dúvida de que, no plano dos princípios, a posse do locatário, seja a locação de
que natureza for, tem natureza precária, uma vez que o locatário não é titular do
direito à luz do qual exerce a sua posse. Possuidor em nome próprio é apenas o
proprietário ou o titular de outro direito real menor (usufrutuário, usuário, etc.).
Porém, apesar disso, ou seja, apesar da natureza precária da posse do locatário, atendendo
à importância da relação que se estabelece entre o locatário e a coisa locada, a lei confere
expressamente a protecção da posição do locatário, pelo recurso aos meios de defesa da
posse, mesmo contra o locador que é quem exerce a posse em nome próprio.
É o que resulta do disposto no art. 1037º nº 2 do C.Cv. quando aí se diz que o locatário
que for privado da sua coisa ou perturbado no exercício dos seus direitos pode usar,
mesmo contra o locador, dos meios facultados ao possuidor nos artigos 1276º e
seguintes.

102
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Lebre de freitas : não são admissíveis embargos de terceiros visto que no confronto entre
dto real e dto de crédito, este, independentemente da data sua constituição terá que ceder
perante o primeiro. Assim, o art. 1037 não tem aplicação aos embargos de terceiro, em
qe não está em causa a defesa do possuidor em nome alheio em face da pessoa que
através dele possui, mas a sua defesa perante o terceiro exequente que através da penhora
agride o património.
Mas quando a posse tiver lugar em nome dum terceiro, da sintonia entre o interesse deste
e do possuidor em nome alheio resulta a legitimação extraordinário deste ultimo para
embargar, em substituição processual daquele. Daqui resulta a necessidade de o
possuidor em nome alheio, na petição de embargos, alegar o titulo da sua posse e
identificar a pessoa em nome de que possui, em regime diverso vigente para o possuidor
em nome próprio e justificado pela excecionalidade da sua legitimação para embargar.

Mauro – ação de reivindicação, protesto pela reivindicação nos termos doa rt. 840.º do
CPC,

(iv) Considerando a alínea anterior, se Juvenal fosse usufrutuário do computador, a sua resposta
seria igual? E se fosse um credor pignoratício, a quem o computador fora entregue, depois
de empenhado por Mauro?

Sendo o usufruto o direito real, que nos termos do art. 1439.º CC, tem posse em nome proprio.
Assim, nos termos do art. 824.º nº2 cc, sendo um o usufruto anterior à penhora, este é um direito
incompatível à ação executiva. Assim sendo, o usufrutuário poderá deduzir embargos de terceiro.
Credor pignoriticio possui um direito real de garantia 669.º nº2. Segundo Lebre freitas, este tem
posse em nome proprio, referida ao penhor e uma posse em nome alheio, referida ao direito de
propriedade. Porém, a sua posse não é ofendida pela penhora, pois tem mero fim de garantia dum
crédito do possuidor e, reclamando-o no processo de execução, o credor verá o seu interesse
totalmente satisfeito. Fundamentação: art. 824.º nº2 1ª parte + nº3. A venda executiva extingue
este direito. Se for penhorado um bem sobre o qual um terceiro seja titular de um dto real de garantia,
este tem o dto de reclamar o seu crédito na execução – art. 786.º nº1 + art. 788.º

103
Direito Executivo Joana Costa Lopes

(v) Imagine que a casa de Belmira era também a sede social da Belmiriti, Unipessoal,
Lda., sociedade da qual Belmira era sócia única. Poderia a Belmiriti, Unipessoal,
Lda. opor-se à penhora, alegando que o recheio da casa lhe pertencia?

3. Considere a sub-hipótese (ii). Como seria penhorada a casa de férias, admitindo que:
(i) O exequente pretende penhorar igualmente a quota de Cervantes;
(ii) Cervantes pretende contestar a existência da quota de Belmira;
(iii) Cervantes pretende impugnar a penhora da quota de Belmira, afirmando que seria necessário
o seu consentimento para a penhora e alienação judicial da mesma;
(iv) Cervantes pretende vender a sua quota ao adquirente da quota de Belmira.

4. Considere a sub-hipótese (iii). Como será feita a penhora da papelaria, assumindo


que:
(i) Ludovina pretende que a papelaria continue em funcionamento depois da penhora, embora
pretenda que a mesma não seja gerida por Belmira;

A penhora da papelaria deve seguir os tramites do art. 782.º (estabelecimento comercial), dispondo
o art. 782.º nº2 que a papelaria pode continuar em funcionamento. De acordo c o nº3, todavia teria
de opor fundamentadamente a que B continuasse na gestão do estabelecimento, cabendo ao juiz a
designação do administrador

(ii) Fora constituída, dez dias antes, uma penhora sobre o computador da papelaria a favor de
Guilhermina;

A penhora da papelaria consiste na penhoralidade da universalidade de bens e direitos que


essencialmente integra a noção de estabelecimento comercial em concreto. Não se pode confundir a
penhoralidade dos bens depositados no estabelecimento com a penhora do principio do
estabelecimento. Assim, tendo existido uma penhora sbre o computador, de acordo c o art. 787.º nº5,
não é penhorável.

104
Direito Executivo Joana Costa Lopes

(iii) Depois da penhora, Belmira deixou de pagar as rendas devidas a Emília. Emília decidiu
resolver o contrato de arrendamento com justa causa, tendo enviado uma comunicação a
Ludovina, nos termos da qual constava o valor em dívida e o seu NIB, caso esta pretendesse
obstar à resolução do contrato de arrendamento;

A penhora do estabelecimento comercial não obsta ao regular funcionamento do mesmo,


admitindo-se, o direito ao arrendamento para Belmira – art. 781.º nº1. Assim, B continua
obrigada a pagar as rendas vencidas antes e depois da penhora, mantendo o senhorio o direito a pedir
a resolução do contrato com fundamento na falta de pagamento.

No Acórdão deste Supremo Tribunal de Justiça, de 24.11.1987, in BMJ 371-427 –


decidiu-se:

“Penhorado em acção executiva o “direito ao arrendamento e trespasse” de estabelecimento


comercial instalado no prédio arrendado e entregue o mesmo a fiel depositário, incumbe a
este o giro do estabelecimento bem como a obrigação de pagar as rendas (art. 843.° do
Código de Processo Civil). Mas o pagamento pode ser feito pelo arrendatário executado que,
não obstante a penhora, continua sujeito da relação locativa e portador de interesse em que
ela não finde; ou, ainda, pelo credor exequente, detentor de similar interesse na manutenção
do arrendamento (art. 767.°, nº1 do Código Civil).

(iv) Depois da penhora, Emília denunciou o contrato de arrendamento.

No Acórdão deste Supremo Tribunal de Justiça, de 30.1.1997 – Proc. 96B825 –


in www.dgsi.pt (só o sumário) pode ler-se:

105
Direito Executivo Joana Costa Lopes

“I – Penhorado o direito ao arrendamento e ao trespasse de estabelecimento comercial, essa


penhora não afecta o direito de propriedade do senhorio sobre o prédio onde está situado esse
estabelecimento, nem, consequentemente, a subsistência do contrato de arrendamento respectivo.
II – Daí decorre que o executado continua obrigado a pagar as rendas vencidas antes e
depois dessa penhora e que o senhorio mantém o direito de propor acção de despejo para resolução
do contrato com o fundamento da falta de pagamento dessas rendas.
III – Tal acção, deve ser proposta contra o arrendatário mesmo depois de ordenada
aquela penhora”.

5. Considere a sub-hipótese (iv) e responda às seguintes questões:

(i) O automóvel comercial é penhorável?

À priori, sendo o automóvel comercial e, consequentemente, adstrito à atividade profissional de


B, poderia considerar-se um bem relativamente impenhorável nos termos do art. 737.º nº2

(ii) Sendo penhorado o automóvel, quem é o depositário do mesmo?

Sendo o bem móvel sujeito a registo, a penhora procederá nos termos do art. 755.º ex vi 768.º nº1.
É ainda aplicável subsidiariamente, as disposições relativas à penhora de imóveis, segundo o art. 772.º.
Assim, conforme o disposto no art. 756.º o depositário será o agente de execução.

(iii) O agente de execução penhorou do direito de propriedade do automóvel. Que conselhos


daria à Locacar, S.A.?

Neste caso, poderia embargar de terceiro, por a penhora ser incompatível com o direito de
propriedade, nos termos do art. 342.º nº1, com fundamento na posse. Poderia ainda, recorrer a uma
ação de reivindicaçãoo nos termos do art. 1311.º cc

(iv) O agente de execução penhorou a expectativa de aquisição da Belmira em relação


ao automóvel. Pode a Locacar, S.A. opor-se?

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

Nos termos do art. 778.º nº1, às expectativas de aquisição aplica-se o regime da penhora
de crédito, previsto no art. 773.º. Como neste caso, a penhora não incide sobre a coisa, mas
sim sobre o direito de aquisição, L apenas poderá opor-se nos termos do art. 775.º nº1 e 2.
Caso o exequente mantenha a penhora, o crédito torna-se litigioso.

(v) O agente de execução penhorou a expectativa de aquisição de Belmira em relação


ao automóvel, tendo apreendido o automóvel. Belmira pretende reagir a essa
apreensão. Quid juris?

Tendo sido penhorado o direito de aquisição do automóvel, nos termos do art. 778.º nº2, poderá
proceder-se à penhora do bem desde que esteja na posse no executado. Quando o executado não
tenha a posse6 da coisa, mas a ela tenha direito por via do contrato, o ato de reconhecimento da
contraparte, serve de base à formação de titulo executivo, em que se pode fundar numa execução
para a entrega de coisa certa contra elea dirigida – art. 773.º nº3 por via de remissão do art. 778.º nº1
Assim, aplicar-se-á o procedimento previsto no art. 768.º

A existência de uma expectativa de facto tem sido objecto de discussão, não sendo unânime que
haja solidez e probabilidade de aquisição do direito subjectivo pelo locatário. Alguma jurisprudência
tem entendido que diferentemente de uma situação de compra e venda a prestações com reserva de
propriedade, não existe aqui uma expectativa de aquisição, pois esta depende da vontade do
locatário no sentido de celebrar um contrato de compra e venda. Este segundo contrato estará na
base da aquisição do direito de propriedade sobre o bem e não o contrato inicial. Nós seguimos o
entendimento do Professor Gravato Morais, de que basta a possibilidade de aquisição para
estarmos perante uma expectativa para se aplicar o disposto no art. 778.º nº2

(vi) O agente de execução penhorou a expectativa de aquisição do automóvel, mas Belmira veio
a adquirir o automóvel, mediante o exercício da sua opção de compra, antes da venda
executiva. Quid juris?
(vii) O agente de execução penhorou a expectativa de aquisição do automóvel. Tendo o contrato
de locação financeira chegado ao seu termo, Belmira recusa-se a adquirir o automóvel

6
Tem posse o locatário financeiro - o diploma que regula a locação financeira vai mais
longe, prescrevendo norma que não deixa qualquer dúvida nesta matéria. No citado art. 10º nº 2
alínea c), confere expressamente ao locatário o direito de usar das acções possessórias mesmo
contra o locador.

107
Direito Executivo Joana Costa Lopes

mediante o exercício da opção de compra. Ludovina pretende obrigar Belmira a comprar o


automóvel, sob pena de a penhora em curso ficar prejudicada. Quid juris?
(viii) O agente de execução penhorou a expectativa de aquisição do automóvel. Chegada a fase da
venda executiva, o adquirente pretende que apenas lhe seja transmitida a opção de compra e
não a posição contratual de Belmira no contrato de locação financeira em vigor. Quid juris?

6. Considere a sub-hipótese (v) e resposta às seguintes questões:


(i) Foi penhorado o direito de propriedade sobre a bicicleta. Pode Felisberto opor-se a esta
penhora?
(ii) Foi penhorada a expectativa de aquisição da bicicleta. Belmira deixou de pagar as prestações
devidas as Felisberto. O que pode Ludovina fazer?
(iii) Imagine agora que Belmira não pagou a totalidade do preço da bicicleta a Felisberto e este
decide propor igualmente uma acção executiva contra Belmira, indicando à penhora a
bicicleta que lhe vendera com reserva de propriedade. Quid juris?

§ Penhora;

A penhora enquanto “garantia especial das obrigações”, traduz-se numa


apreensão judicial do património do executado com vista à sua venda executiva e
subsequente satisfação da obrigação exequenda através do produto dessa alineação forçada;
com efeito se o devedor não cumprir voluntariamente uma obrigação a que se encontre
vinculado, o credor tem o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o
património do devedor, nos termos do art. 817.º do CC.
Neste âmbito a lei consagra o princípio da patrimonialidade, segundo o qual
respondem, em regra, pela obrigação, todos os bens do devedor que sejam suscetíveis de
penhora (art. 601.º do CC e art. 735.º do CPC);

108
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Excetuam-se no entanto, deste princípio as situações em que a lei preveja a


impenhorabilidade dos bens ou a autonomia patrimonial decorrente da separação da
patrimónios.

Enquadram-se no primeiro caso os regimes:

e) Penhorabilidade absoluta;
f) Penhorabilidade relativa; ou parcial;

Previstos no artigo 736.º a 739.º do CPC;

§ LIMITES À PENHORA;

§ Penhora de bens do devedor;

Dispõe o art. 735.º do CPC quanto ao objeto da execução, que estão sujeitos à execução
todos os bens do devedor suscetíveis de penhora que, nos termos da lei substantiva,
respondem pela dívida exequenda. Com efeito, a regra geral vigente no processo
executivo é a de que só podem ser penhorados os bens que pertençam ao devedor, desde
que a execução tenha sido movida contra ele. Por conseguinte, sendo penhorados bens
que pertençam a um terceiro, este poderá, em regra, deduzir embargos de terceiro,
enquanto meio de defesa em relação à penhora dos seus bens, nos termos dos artigos
342.º do CC, salvo os casos excecionais em que a lei permite a penhora de bens de
terceiro.

Casos: 29. ii) ; + 31 ; + 40 + 42;

CASO PRÁTICO 31

Guiomar propôs acção executiva contra Hércules, tendo sido indicada à penhora a totalidade
do salário mensal de Hércules, que ascende a 600,00 EUR. Acresce que foi ainda penhorado um

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

crédito de Hércules sobre a Sempre Seguro, S.A., no montante de 300,00 EUR mensais, a título de
pagamento vitalício de uma indemnização devida na sequência de um aparatoso acidente de trabalho
que provocou lesões físicas irreversíveis em Hércules.

Para proteger o exequente – renova-se a execução extinta;

1. Pronuncie-se sobre a admissibilidade e forma por que seria feita a penhora dos
rendimentos de Hércules, referindo ainda o prazo e a natureza do meio de oposição à
penhora de Hércules. – art. 820.º CC;
2. Imagine que a obrigação exequenda era uma obrigação de alimentos. Manteria a sua
resposta à questão anterior? – art. 738/3,º do CPC, número 4.º.
3. Considere agora que Hércules tem três filhos e que a sua mulher se encontra
desempregada. Com o seu salário penhorado, Hércules não tem forma de pagar as
despesas mensais do seu agregado familiar, razão pela qual se encontra numa situação de
desespero. O que pode Hércules fazer de forma a mitigar os efeitos desta penhora?

Aqui tínhamos de ter em conta o art. 738.º do CPC; o número 6 – pode fazer um
requerimento excecional –
Pode um salário ser penhorado duas vezes? – como é que faz quando a outra pessoa tem uma
penhora sobre o mesmo salário, tem de esperar? Sim.
O título é s sentença da graduação de créditos;
Dúvida: penhoram-se duas vezes a mesma casa, imaginemois que na segunda execução, o
credor chegou a acordo com o executado, e utilizar o 806 e 807, para fazer um plano de
pagamento, de houver um acordo prestacional, se a penhora se transforma em hipoteca, pode
haver hipoteca depiis da penhora? Deve-se reclamar o crédito? – MTS deu uma solução para
isto;

4. Uma semana depois da penhora do seu salário, Hércules é despedido com justa causa.
Quid juris?

CASO PRÁTICO 32

Geraldo propôs acção executiva contra Hugolina, tendo sido indicada à penhora metade do
salário mensal de Hugolina, que, de momento, ascende a 6.000,00 EUR, bem como a pensão de
alimentos que Hugolina recebe do seu ex-marido e que ascende a 3.000,00 EUR mensais.

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

1. Pronuncie-se sobre a admissibilidade e forma por que seria feita a penhora dos rendimentos
de Hugolina.

Caso prático 31

Guiomar propôs acção executiva contra Hércules, tendo sido indicada à penhora a totalidade
do salário mensal de Hércules, que ascende a 600,00 EUR. Acresce que foi ainda penhorado
um crédito de Hércules sobre a Sempre Seguro, S.A., no montante de 300,00 EUR mensais,
a título de pagamento vitalício de uma indemnização devida na sequência de um aparatoso
acidente de trabalho que provocou lesões físicas irreversíveis em Hércules.

A penhora de créditos, consiste na notificação ao devedor do executado pode responder,


não há nenhum incidente, ~e convocado o exequente, e depois decidem se mantém o crédito
ou não - art. 775.º - crédito que se pode comprar – e art. 739.º do CPC;
Envelope com dinheiro – depende da proveniência – pode penhorar tudo menos o salário;
- a penhora de 2/3

5. Pronuncie-se sobre a admissibilidade e forma por que seria feita a penhora dos
rendimentos de Hércules, referindo ainda o prazo e a natureza do meio de oposição
à penhora de Hércules.
6. Imagine que a obrigação exequenda era uma obrigação de alimentos. Manteria a sua
resposta à questão anterior?
7. Considere agora que Hércules tem três filhos e que a sua mulher se encontra
desempregada. Com o seu salário penhorado, Hércules não tem forma de pagar as
despesas mensais do seu agregado familiar, razão pela qual se encontra numa situação
de desespero. O que pode Hércules fazer de forma a mitigar os efeitos desta penhora?
8. Uma semana depois da penhora do seu salário, Hércules é despedido com justa causa.
Quid juris?
Tema: Reclamação de créditos

CASO PRÁTICO 40

111
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Numa acção executiva proposta por Felismina contra Girão, em que a obrigação exequenda
ascende a 200.000,00 EUR, foram penhorados os seguintes bens de Girão:
(i) Um colar de safiras empenhado a favor de Mauro, para garantia de uma dívida no
montante de 50.000,00 EUR, que neste momento também se encontra penhorado a
favor de Nimas, numa execução cuja obrigação exequenda ascende a 30.000,00 EUR;

Art. 786/b) do CPC; - só há obrigação de citação nos termos do art. 786.º do CPC, depois
nos termos do art. 788.º do CPC; à

(ii) Um crédito de 25.000,00 EUR que Girão detém sobre Justina, embora empenhado a favor
do Banco LLVA, para garantia de uma dívida emergente de um financiamento
pessoal, no montante de 30.000,00 EUR, que apenas se vencerá daqui dois anos;

Art. 679.º do CC; -- art. 791 / 3 e ex vi art. 788/ 7 .º do CPC à faz caso julgado … MTS ; Rui
Pinto caso julgado material sobre a garantia; Bom tema de oral de melhoria;;

(iii) Uma casa de férias no Algarve, no valor estimado de 120.000,00 EUR, onerada com
uma hipoteca a favor de Hugolina, até ao valor máximo de 50.000,00 EUR, que neste
momento se encontra retida pela empreiteira Isménia, por falta de pagamento do preço do
imóvel (100.000,00 EUR);

Direito de Rentençáo, Hipoteca e Penhora; à 822.º CC, Art. 759.º do CPC;

(iv) Um veleiro com o valor estimado de 80.000,00 EUR; Osvaldo, contratado especialmente por
Girão para cuidar do veleiro, afirma ter vinte ordenados em atraso, num valor global de
60.000,00 EUR; --
(v) Uma motorizada, alugada a Paulino, que se encontra retida na oficina do mecânico
Quirino, devido ao facto de Paulino não pagar a sua dívida relativa à reparação da
motorizada (2.000,00 EUR).

Exceção de não cumprimento do contrato de prestação de serviços; à O "direito de


retenção" pertence à categoria dos direitos de garantia, encontrando-se enunciado no artigo
754º do Código Civil.
São momentos fundamentais do instituto 1) Que o devedor seja obrigado a entregar uma
coisa susceptível de penhora; 2) que seja simultaneamente titular de um crédito sobre a
pessoa a que esteve obrigado a entregar a coisa; 3) Que exista uma conexão causal entre a
coisa e o crédito sobre a pessoa que a deva receber podendo essa conexão resultar de

112
Direito Executivo Joana Costa Lopes

despesas feitas por causa da coisa ou danos por ela causados (754º) ou de uma relação legal
ou contratual que tenha implicado a detenção da coisa e cuja garantia que a lei atribua a esse
efeito ou de uma relação legal ou contratual que tenha implicado a detenção da coisa a cuja
garantia que a lei atribua esse efeito.
Art. 788/1.º do CPC, e art. 788/3.º do CPC, à

Dúvida:

Os interesses do titular da reserva de propriedade entram não raro em conflito com os do


beneficiário da excepção do não cumprimento do contrato, colocando-se o problema de
aquilatar da respectiva prevalência. Nos termos do nº 2 do mencionado preceito legal
"Tratando-se de coisa imóvel, ou de coisa móvel sujeita a registo, só a cláusula constante do
registo é oponível a terceiros".

Nesta conformidade mau grado a reparadora de uma viatura tenha direito de retenção
sobre a mesma pelo valor da reparação, certo é que estando o veículo em causa cativo de
"reserva de propriedade" registada a favor do Banco que mutuou determinada importância
ao adquirente da mesma que por seu turno contratou com o responsável pela oficina a
reparação do veículo tal cláusula prevalece sobre o direito de retenção desta última.

Ver no Manual; à A posição do Professor;

1. Explique como poderiam as pessoas identificadas nas alíneas acima intervir na acção
executiva em curso. Indique, desenvolvidamente, o momento para tal intervenção, o
responsável pela promoção da citação de tais pessoas, o meio processual adequado,
respectivos pressupostos e possíveis fundamentos.

2. Considere a hipótese (i). Identifique as consequências de uma penhora prévia sobre o colar
de safiras para a acção executiva em curso. Pronuncie-se ainda sobre a tutela de Felismina
caso a execução intentada por Nimas se encontre parada.

§ Sustação: paragem/ suspensão;

113
Direito Executivo Joana Costa Lopes

§ Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra; | 04-04-2017;

ü Com o estatuído no art.º 794º, n.º 1 do CPC pretende-se evitar que em processos
diferentes se opere a adjudicação ou a venda dos ´mesmos bens`; a liquidação tem de ser
única e há-de fazer-se no processo em que os bens foram penhorados em primeiro lugar.
ü Considerando que a reclamação de créditos constitui uma fase da instância executiva,
não tendo autonomia processual própria, a sustação da execução por existência de uma
penhora anterior sobre um bem (art.º 794º, n.º 1 do CPC) determina, necessariamente, a
sustação do apenso de reclamação e graduação de créditos no que a esse bem respeita, e
nunca a extinção deste por inutilidade superveniente da lide.
ü Com a sustação, a reclamação de créditos não se tornou inútil, uma vez que a execução poderá continuar.

O exequente pode reclamar o crédito no processo em que a penhora seja mais antiga (art.
794/1.º do CPC);
Art. 794/2.º do CPC;
Art. 794/3.º do CPC;:

Em princípio esta penhora não seria válida, e oposição de Nimas através de embargos
de terceiro (artigos 362 e ss.), acção de reivindicação (artigos 1311.º e ss. do Código Civil)
ou protesto, por simples requerimento, do acto da penhora (artigo 764.º, n.º3); a penhora
não começa necessariamente pelo bem dado em garantia (não são aplicáveis o artigo
752.º, n.º1 e o artigo 687.º do Código Civil);

Penhora prévia sobre o colcar de safiras? Isto não é Processo sumário?

3. Considere a hipótese (ii). Imagine que o Banco LLVA não foi citado para reclamar o
crédito e que Felismina já recebeu o produto da satisfação do crédito em questão. O
que pode o Banco LLVA fazer?

114
Direito Executivo Joana Costa Lopes

Podíamos falar o art. 786/6.º do CPC, mas tínhamos visto neste caso que aqui não deveria haver
citação obrigatória nos termos do art. 786.º do CPC, porque se não foi citado, então podem reclamar
espontaneamente o seu crédito até à transmissão dos bens penhorados; (art. 788/3.º do CPC; ) à
Problema na admissibilidade da impugnação dos créditos quando não houve citação, nem reclamação
nos termos doa rt. 789(3.º do CPC;
Há uma nulidade, por falta de citação sim; mas tem de ser antes da venda; -- art. 187.º CPC

4. Considere novamente a hipótese (ii). Imagine que o Banco LLVA, tendo reclamado
oportunamente o seu crédito, alega ficar prejudicado com a reclamação de créditos,
uma vez que a sentença de graduação determinou um desconto correspondente ao
benefício da antecipação, o que ditou que o Banco LLVA viesse a receber um valor
inferior a título de juros remuneratórios em relação ao que fora acordado no contrato
de financiamento com o executado. Quid juris?

Art. 788/7.º do CPC e art. 781/3.º do CPC, tem de se fazer desconto de juros, há uma antecipação
para o vencimento; - vai pedir a totalidade do crédito;

5. Considere a hipótese (iii). Imagine que a hipoteca a favor de Hugolina tinha sido constituída
para garantia dos créditos «presentes, futuros e de todos aqueles que ainda se venham
a constituir no âmbito das relações negociais presentes e futuras entre as partes».
Apesar de na presente reclamação de créditos Hugolina apenas apresentar um pedido de
20.000,00 EUR, esta pretende manter a hipoteca no que respeita aos créditos que ainda se
venham a constituir no âmbito das relações negociais futuras. Quid juris?

Casa de férias no Algarve à hipotecas quando por efeito da venda executiva – caducam – 824.ºç
do CC, os bens que são transmitidos caducam; à caducidade da hipoteca generica, caduca ou não
com a venda; na Banca é comum a admissibilidade destas hipotecas genéricas; art. 707.º e art. 715.º
do CPC;
Com base na prática corrente bancária vem sendo admitida a designada “hipoteca global”, também
designada “hipoteca genérica”, que é uma hipoteca voluntária em que se convenciona que o devedor
a constitui para todas e quaisquer dívidas que tenha assumido ou venha a assumir (dívidas futuras)
com o credor, independentemente da sua causa, apenas se exigindo que no contrato conste um

115
Direito Executivo Joana Costa Lopes

critério minimamente objectivo para determinação da prestação garantida ou a garantir,


nomeadamente quanto aos limites dos montantes dos créditos garantidos.
A vulgarmente designada hipoteca genérica, para ser válida, tem de obedecer a parâmetros
objectivos de determinabilidade, uma vez que o objecto da obrigação não pode ser indeterminável,
sob pena de nulidade, de acordo com o disposto no nº 1 do artº 280º do Código Civil.
Não se verifica tal indeterminabilidade se constar do registo o valor máximo garantido pela
hipoteca, visto que, neste caso, esta estará sempre limitada pelo montante constante do registo.
Artigo 716º - nulidade das hipotecas genéricas (que incidem sobre todos os bens dos devedores,
sem os determinar).

6. Considere a hipótese (iv). Pode Osvaldo (trabalhador); impugnar o crédito exequendo,


com base no facto de uma vez ter subscrito a favor de Felismina, a pedido de Girão,
um cheque no valor de 100.000,00 EUR para pagamento parcial da dívida exequenda?

Art. 789/1.º, mas em especial o número 3 e 4. à paralelo com a oposição à execução;

7. Considere a hipótese (v). Admita que Paulino, em virtude da penhora, fica furioso por não
poder continuar a utilizar a motorizada, tal como inicialmente acordado no contrato de
locação, pelo que apresenta uma pretensão indemnizatória contra Girão, titulada por
sentença condenatória. Para tal, surge espontaneamente na fase da reclamação de créditos,
defendendo que tem direito ao remanescente do produto da venda, na medida do seu crédito
indemnizatório. Quid juris?

A locação caduca com isto; - os contratos de locação posteriores à garantia executada caducam; será que o
meu crédito indemnizatório tem direito ao remanescente à se os credores que não são
reclamantes podem pedir o remanescente, se sobrar dinheiro, enquanto o dinheiro não for
entregue ao exequente, tem direito a vir buscar o seu remanescente, reclamação de de créditos
atípica, enquanto o dinheiro não for entregue, Porf. MTS + LF;

Rui Pinto: primeiro são os credores reclamantes,

8. Imagine que Felismina empenhou o seu crédito exequendo a favor do Banco X, seu credor.
Pode o Banco X intervir na fase da reclamação de créditos da acção executiva em curso?

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Direito Executivo Joana Costa Lopes

F à é o credor, e temos G que é o devedor, se do lado do G tiver dívidas perante outros, os outros
podem entrar no concurso de credores, se houver dívidas ao Banco, desde que tenha uma garantia
real, tem legitimidade para reclamar os créditos à é dever perante o Banco? Quando contraiu o
empréstimo, o Banco pediu uma garantia aso Banco, foi sobre créditos, mas na condição em que há
uma constituição da garantia real , este penhor , este crédito tem um ponto fraco, porque é um crédito
que o exequente fez a favor de terceiro;
Ação executiva contra F à art. 752.º do CPC, temos de penhorar primeiro o crédito; art. 687.º do
CC; Penhora de direitos de crédito – art. 733.º do CPC

9. Na sequência da venda/entrega dos bens indicados, apurou-se um total de 297.000,00 EUR,


dividido da seguinte forma:
(i) Colar de safiras – 40.000,00 EUR;
(ii) Crédito sobre Justina – 22.000,00 EUR;
(iii) Casa de férias no Algarve – 150.000,00 EUR;
(iv) Veleiro – 80.000,00 EUR;
(v) Motorizada – 5.000,00 EUR.
Proceda à graduação dos créditos em causa (incluindo o crédito exequendo), considerando
que 1.000,00 EUR são devidos a título de custas judiciais e que os honorários do agente de
execução ascendem a 2.000,00 EUR.
10. A sentença de verificação e graduação de créditos produz caso julgado quanto ao
reconhecimento dos direitos de crédito dos credores reclamantes?

Art. 786/6º do CPC; art. 791/3.º do CPC; à aquilo que vincula a esfera jurídica,

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