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CC, CPC
Três problemas:
1. Determinar qual é o órgão competente: qual é a jurisdição, podendo não ser o tribunal a ser
competente, mas o notário, a administração…
§ Ver se o tribunal português é competente: Reg. Bruxelas I + CPC ≠ de quando tribunal
português é competente aplicar-se sempre a lei do foro
2. Determinar qual a lei/direito materialmente competente: recorrer às normas de conflitos (25º e
ss CC)
3. Determinar a eficácia dos atos - Direito do Reconhecimento - ver se são eficazes noutras ordens
jurídicas
Competência do tribunal (CPC, Reg.Brux.) ≠ Lei competente (!!!!) —> normas de conflito
*Casos excepcionais: situações em que a atribuição de competência ao tribunal está na
dependência da atribuição da competência ao direito do mesmo estado
ELEMENTOS DE CONEXÃO:
- Nacionalidade
- Situações em que nacionalidade não é relevante para a situação
1. supõe que em cada direito, segundo as normas de conflito, é aplicado o direito material do foro a
situações transaccionais - MÉTODO JURISDICIONALISTA (MC??):
Problemas: consequências de harmonia internacional e de segurança jurídica que este método não
permite - cria situações bastante diferentes
CASO PRÁTICO 2
A (brasileiro) residência habitual em Portugal e quer casar-se, info:
Materialmente a lei da nacionalidade impede casamento, norma portuguesa permite, no brasil
norma de conflitos relevante manda aplicar lei do domicilio
MÉTODO CONEXÃO (lei material)
A) Pode casar-se em Portugal? Norma de conflitos portuguesa (49º) aplica a lei pessoal (31º) e
teríamos de ir à lei brasileira que nos diz que ele não pode casar.
B) Pode casar-se no Brasil? Norma de conflitos brasileira manda aplicar a lei do domicilio e a lei
portuguesa permite o casamento
O elemento de conexão nestas normas de conflito é diferente, numa o elemento é o da
nacionalidade noutro o elemento é o da residência
Art. 18.º do CC – quando o DIP do foro remete para uma legislação estrangeira, legislação
estrangeira essa que não se considera competente e devolve à lei do foro – isto é o reenvio de
primeiro grau.
Há situações em que apesar do elemento de conexão ser o mesmo, pode conduzir a uma desarmonia
jurídica, se a interpretação do elemento for diferente.
Caso n.º 3*
Em janeiro de 1977, discute-se perante tribunais portugueses qual a lei reguladora dos efeitos do
casamento celebrado entre Aníbal, cidadão italiano habitualmente residente em Portugal, e Berta,
cidadã espanhola habitualmente residente na França.
Diga, justificadamente, qual é a lei reguladora dos efeitos do casamento, sabendo que:
a) de harmonia com o art. 36.º, n.º 3, da CRP de 1976, «[o]s cônjuges têm iguais direitos e deveres
quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos»;
b) em janeiro de 1977, o artigo 52.º do Código Civil dispunha: «[s]alvo o disposto no artigo
seguinte, as relações entre os cônjuges são reguladas pela lei nacional comum» (n.º 1); «[n]ão
tendo os cônjuges a mesma nacionalidade, é aplicável a lei da sua residência habitual comum e,
na falta desta, a lei pessoal do marido» (n.º 2);
c) em janeiro de 1977, o artigo 31.º, n.º 1, do Código Civil tinha redação idêntica à atual;
d) os cônjuges residiram na França entre 1960, data em que se casaram, e 1974, data em que
Aníbal abandonou o lar conjugal e fixou residência em Portugal.
RESPOSTA:
52.º/1 - ver se há uma lei nacional comum – não existe;
52.º/2 – não há residência comum, portanto vamos à lei pessoal do marido.
Indo à lei pessoal do marido, traz algum problema no nosso ordenamento jurídico? Levanta, uma
vez que é contrário ao art. 36.º/3 CRP.
A justiça do DIP não pode ficar alheia ao direito material e aos princípios materiais,
nomeadamente a igualdade.
O DIP não é um campo axiologicamente neutro, ao não podermos aplicar certas normas de
conflitos, teríamos uma lacuna de direito de conflitos.
DMV – pode ser recusada a aplicação da norma se violar princípios constitucionais, princípios de
direito material – estaria aqui em causa a violação do princípio da igualdade. Consideraríamos esta
norma inconstitucional e não podia ser aplicada.
1) Poderíamos recorrer aos tribunais franceses, uma vez que teriam lá residido os dois e seria,
portanto, a ligação familiar mais estreita;
CASO 4
DMV – entende que, neste caso, aplicar-se-ia a lei mexicana: o acórdão nada tem a ver com esta
matéria, é uma matéria do tratado da UE, a matéria do casamento nada tem a ver com matérias do
tratado. Por ser uma matéria diferente, deve prevalecer a nacionalidade com a qual há uma maior
conexão que seria neste caso a mexicana – princípio da nacionalidade efetiva.
LP – aplicar-se-ia a lei italiana: ainda que numa matéria fora do acórdão, o professor Lima Pinheiro
e por uma questão do princípio da harmonia, considera que deve ser relevante o princípio e deve
prevalecer a nacionalidade do Estado-Membro.
Caso n.º 5*
(Ver Ac. do TJ de 14 de outubro de 2008, Stefan Grunkin e Dorothee Regina Paul, proc. n.º C353/06)
António Paulo e Belarmina Gomes, casados um com o outro, são nacionais alemães e residem
habitualmente na Dinamarca.
Em 27 de junho de 2008, nasceu, na Dinamarca, o filho de ambos, também ele nacional alemão. O
filho foi registado na Dinamarca com o nome de Carlos Paulo-Gomes, uma vez que a lei
dinamarquesa permite apelidos compostos, quando um dos progenitores não tenha assumido o apelido
do outro.
Agora, os pais do menor pretendem reconhecer e registar o nome de Carlos Paulo-Gomes na
Alemanha, para efeitos de emissão do passaporte de Carlos.
Porém, a Conservatória do Registo Civil alemã recusa-se a reconhecer o nome porque considera
aplicável ao caso o Direito material alemão, que não admite apelidos compostos.
António e Belarmina consideram que Carlos tem direito a ver o seu nome reconhecido na
Alemanha tal como foi registado na Dinamarca, país onde todos residem.
Admitindo que o Direito de Conflitos alemão estabelece que os nomes das pessoas regem-se pela lei do
Estado da sua nacionalidade, diga, fundamentadamente, se a pretensão de António e Belarmina procede.
Pode haver limitação da liberdade de circulação se for proporcional ao objetivo que se pretende
legitimar – neste caso não seria, porque eram razões de ordem administrativa.
NORMA DE CONFLITOS – é a norma à qual vamos recorrer para determinarmos qual é que o
direito materialmente competente.
Esta qualificação dá-nos o método para apurar qual a regra que vamos utilizar.
CASO 7
Para chegarmos à norma de conflitos, temos de interpretar o conceito quadro – seria neste caso,
CASAMENTO.
1. INTERPRETAÇÃO
2. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO
Como compatibilizar o 1577.º que tem determinados elementos que impediam o casamento com a
interpretação do 171.º do CC francês?
Com os dados que tínhamos e partindo da interpretação do conceito quadro sem a autonomização,
nem sequer haveria lugar à aplicação do 49.º porque nem sequer haveria casamento.
Se nos autonomizarmos e partirmos para uma interpretação com base na lei competente, as normas
materiais francesas, da lei competente, trazem-nos determinadas notas ao conceito de casamento
que não podemos ir buscar ao OJ português.
Essas notas essenciais do conceito quadro podem partir do direito do foro, mas temos de nos
autonomizar com recurso à lei competente.
Se é uma nota essencial e não nos podemos autonomizar, não aplicando o 49.º, podemos recorrer
ao 25.º? Não, porque o 25.º é uma norma geral que está acima do art. 49.º.
Ou entendemos que o objeto da qualificação são as normas materiais (as aplicáveis ao caso) ou
entendemos que o próprio objeto são as próprias situações privadas internacionais.
Independentemente disto, temos que as caracterizar – aferir a sua relevância jurídica.
Ao caracterizarmos o objeto, vamos ver se estas normas podem não ser reconduzíveis ao conceito
quadro que já foi caracterizado.
Ex.: direito sobre uma coisa, desconhecido no direito material português, temos que retirar notas do
nosso direito para a definição de ‘direito real’ do artigo 46º - LP: atribuição de uma coisa corpórea
independentemente da existência de uma relação intersubjetiva que funda pretensões perante
terceiros que exprimem a sequela.
Caso n.º 8
(Exame de 16 de julho de 2010)
Em 1985, ARY, brasileiro, casou-se com BIA, portuguesa e brasileira nascida e residente
no Rio de Janeiro.
Desde a data do casamento até 2007, o casal e seus filhos, CELSO e DANI, ambos
nacionais brasileiros, viveram sempre no Rio de Janeiro. Em Janeiro de 2007, ARY mudou a
sua residência habitual para Lisboa, tendo BIA e os filhos do casal continuado a residir na casa
do Rio de Janeiro.
Em Janeiro de 2010, ARY vendeu a CELSO um terreno situado no Alentejo de que era
proprietário, sem o consentimento de BIA ou DANI. O contrato foi celebrado em Portugal,
onde CELSO se encontrava de férias, não tendo as partes escolhido a lei aplicável.
DANI pretende a anulação da venda por ARY a CELSO do terreno situado no Alentejo,
por não ter dado o seu consentimento a tal venda.
RESPOSTA:
Estamos perante um conflito plurilocalizado pois tem contacto com várias ordens juridicas,
nomeadamente a brasileira (nacionalidade de todas as partes e residência de B, C e D) + portuguesa
(nacionalidade de B e residência de A desde 2010, venda do imóvel em portugal)
1º) Qual a norma material a aplicar? Artigo 877º - relações familiares* = 496º CC Brasileiro
2º) Qual a norma de conflitos a aplicar? Artigo 57º, excluída a aplicação do Reg. Roma I por
descartarmos anteriormente que não se tratava de relações obrigacionais mas sim familiares.
O artigo 57º fala-nos sobre as relações entre pais e filhos. *Discute-se na doutrina se o artigo
877º, apesar de estar inserido no capitulo obrigacional, pode caracterizar-se como sendo uma norma
respeitante a relações entre pais e filhos, e visto que o seu objetivo é regular de certo modo as relações
familiares fazendo com que ninguém fique prejudicado tentando manter uma certa igualdade entre
filhos, faz sentido, e é de entendimento maioritário, que esta norma é relativa às relações entre pais e
filhos e por isso, segundo o artigo 15º, pode subsumir-se ao artigo 57º referente às relações entre pais e
filhos. (= para artigo brasileiro). Não há problema de interpretação
*BIA: artigo 27º LN, para a lei portuguesa esta tem nacionalidade portuguesa.
Aplicando o artigo 57º, e não tendo estes nacionalidade comum, nem residência habitual comum,
aplica-se a lei pessoal do filho que é a lei brasileira (496º CC Brasileiro), que requere o consentimento
dos filhos e do cônjuge.
Caso n.º 9
(Frequência de 18 de dezembro de 2007)
Admitindo que:
RESPOSTA:
Trata-se de um conflito plurilocalizado, entre duas ordens juridicas, a Portuguesa (por ser a
residência habitual das partes e Beatriz ser portuguesa) e a Brasileira (nacionalidade dos dois
cônjuges).
1º) Qual a norma material a aplicar? 1639º CC brasileiro (pode escolher o regime de
comunhão geral de bens) / 1699º/2 não permite casar em comunhão geral —> sucessões,
proteção da sucessão
2º) Norma de conflitos? artigo 62º —> regulada pela lei pessoal (31º/1)
*BEATRIZ - dupla nacionalidade - artigo 27º LN - quando existe conflitos de
nacionalidades para efeitos da lei portuguesa esta vale em detrimento das outras nacionalidades.
Em 1983, António, natural de São Paulo, emigrou para a Suíça e fixou residência em
Lausanne. Em 1994, António casou-se com Elaine, de nacionalidade suíça.
Em 2012, António veio viver para Portugal e fez testamento em que instituiu como seus
herdeiros, no que respeita aos bens imóveis situados em Portugal, a sua mulher Elaine e o seu
pai Ricardo. António faleceu em 2014.
Sabendo que António:
— era considerado cidadão brasileiro pelo Direito da nacionalidade brasileiro;
— era considerado suíço pelo Direito da nacionalidade da Confederação Helvética;
— era considerado cidadão do Cantão de Vaud segundo o Direito daquele Cantão;
determine qual a lei reguladora da sucessão de António (admitindo que, na Suíça, seria
aplicada a lei suíça).
RESPOSTA:
No caso em apreço existe um conflito plurilocalizado pois António para além de múltiplas
nacionalidades, realizou testamento em Portugal respeitante a um imóvel lá sito. O artigo 62º do CC diz
que a sucessão por morte é regulada pela lei pessoal do autor da sucessão. Para determinar a lei pessoal
do autor diz-nos o artigo 31º/1 que é a lei da nacionalidade do indivíduo, no entanto surge um
problema em determinar qual a nacionalidade do indivíduo?
Interpretar a nacionalidade + concretizar: conteúdo múltiplo - ir à LN (lex foro)
António possuí três nacionalidades: brasileira, nacionalidade primária na Suíça do Cantão de Vaud,
e como nacionalidade secundária a da Confederação. Trata-se de um conflito positivo de nacionalidades
que é resolvido pela nossa LN no seu artigo 28º (afasta-se aplicação do artigo 27º por nenhuma das
nacionalidades ser portuguesa) que diz que releva a nacionalidade onde este possuí a sua residência
habitual. Surge então o problema de definir: qual a residência habitual de António? A residência
habitual é um elemento de conexão utilizado pelas regras de DIP, como nos diz LP a residência para ser
habitual exige um certo grau de estabilidade e permanência, sendo estabelecida sem limite temporal. No
caso em apreço não nos é dada muita informação, mas julga-se que este se muda a titulo definitivo, ou
pelo menos sem prospecções de ir embora futuramente, o que faz com que Portugal fosse no momento
da realização do testamento a sua lei pessoal. No entanto António não tem nacionalidade portuguesa
por isso teríamos que nos socorrer ao segundo critério que é o da ‘’conexão mais estreita’’ - Suíça.
REENVIO
Caso n.º 13*
Determine a lei aplicável à sucessão de um argentino que morreu, em 2014, com último
domicílio na França, deixando bens imóveis situados no Paraguai, admitindo que:
a) as normas de conflitos argentinas e paraguaias submetem a sucessão mobiliária e
imobiliária à lei do último domicílio do de cujus;
b) as normas de conflitos (de fonte interna) francesas sujeitam a sucessão imobiliária à
lei do lugar da situação do imóvel;
c) todos os ordenamentos jurídicos envolvidos praticam, no caso, devolução simples.
Sub-hipótese
E se o argentino tivesse falecido em 2016?
RESPOSTA:
Neste caso temos como elementos de conexão: a nacionalidade (Argentina); ultimo domicilio
(França) e lugar da coisa (Paraguai) —> quer se regular a sucessão do bem imóvel (conflito pluriloc.)
Estando em causa matéria sucessória cumpre analisar primeiro se é de aplicar o Regulamento
650/2012, visto que este irá prevalecer sobre o direito nacional se for de aplicar. Não está verificado o
âmbito de aplicação temporal do regulamento (art. 83º/1) que nos diz que o regulamento apenas é
aplicável as sucessões das pessoas falecidas depois de 17 Agosto de 2015, o que não é o caso.
A norma de conflitos reguladora de sucessões em Portugal (62º) diz que a sucessão é regulada pela
lei pessoal do autor da sucessão (31º/1 - Argentina). A regra geral que o nosso ordenamento segue, é
que esta referência feita pela norma de conflitos é uma referência material (ou seja vai-se aplicar o
direito interno desse estado, 16º), no entanto surgem excepções que permitem que esta seja uma
referencia global e que por isso engloba as normas de direito internacional privado do outro país,
aceitando o reenvio/transmissão de competência.
O artigo 17º/1 diz-nos que se o dip de Argentina remeter para outra legislação (Paraguai - porque
pratica devolução simples) e esta se considerar competente é esse o direito que regula. Paraguai não se
considera competente (remete para a lei francesa) e por isso não se aplica a sua legislação interna.
Porém, o Paraguai aplica o sistema de devolução simples (devolve para França, que por sua vez devolve
para o Paraguai) e por isso é competente. 17º/1.
RESPOSTA SUB HIPÓTESE:
ROMA IV —> Verificado o âmbito de aplicação do regulamento, aplica-se o 21º/1 aplicando-se a
lei do estado onde o falecido tinha a residência habitual. Temporal (83º/1); Espacial (38º, não basta que
seja Estado Membro, é estar ou não estar vinculado ao Regulamento (!!) considerandos 82,83); Material
(1º/1/2, 3º/1 a).
Regras de conflitos primária (22º) / subsidiária (21º)
Norma expressa sobre reenvio (34º) - ÚNICO REGULAMENTO QUE ADMITE
REENVIO —> pressuposto: só vamos ao 34º e só há reenvio se tiver verificado uma remissão
para um Estado não vinculado ao regulamento. No caso, havia uma remissão para França e
por isso aplica-se a referência material.
Alain e Beatrice são cidadãos franceses, casados um com o outro sem convenção
antenupcial, e residem habitualmente em Lisboa.
Beatrice tinha adquirido, antes do casamento, uma casa no Luxemburgo e vendeu-a,
depois do casamento, a Charles.
Determine qual a lei reguladora do regime de bens deste casamento admitindo que:
a) os órgãos aplicadores do Direito competentes são os portugueses;
b) quer no ordenamento jurídico francês quer no luxemburguês vigora a Convenção da
Haia de 1978 sobre a lei aplicável ao regime de bens do casal;
c) de acordo com as normas de conflitos previstas nesta Convenção, a lei aplicável para
regular o regime de bens do casal será a do país onde os imóveis do casal se
encontrarem, desde que os cônjuges assim o acordem. Alain e Beatrice celebraram,
aquando do casamento, um tal acordo, determinando que, no que respeitasse às
questões suscitadas pelos imóveis próprios ou comuns sitos no Luxemburgo, seria
aplicável ao regime de bens a lei luxemburguesa;
d) no âmbito da referida Convenção da Haia de 1978, é excluído o reenvio, praticando-se,
pois, referência material.
RESPOSTA:
Reg. 2016/1103 (regimes matrimoniais) —> não se aplica.
(!!!!!) QUALIFICAR NORMA
Artigo 53º , 31º/1 —> lei pessoal (França - país onde os imóveis estiverem Lux.)
Artigo 16º —> regra geral: referência material
França aplica a Convenção de Haia - normas de conflitos da convenção sobrepõem-se às
normas de conflitos internas (?) + pratica-se a referência material —> elemento conexão: sitio do
imóvel (se estes acordarem), o que se verifica no caso, e por isso seria regulado pelo direito de
Luxemburgo.
No entanto, seria necessário que o ordenamento português permitisse esta transmissão de
competência. Aplicação do 17º/1 —> referência global, no entanto seria necessário que
Luxemburgo se considerasse competente, tendo de analisar as normas de dip de Luxemburgo, neste
caso a convenção, este pais faz referencia material para o direito inteiro e por isso considera-se
competente.
Aplica-se 17º/2.
Carlos, nacional suíço com última residência habitual no estado da Luisiana (EUA), falece
em 15 de setembro de 2015 deixando bens imóveis no Brasil.
Determine qual a lei reguladora da sucessão imobiliária, considerando que:
a) os tribunais portugueses são internacionalmente competentes;
b) o Direito de conflitos suíço determina que a lei reguladora da sucessão imobiliária é a
do último domicílio do autor da sucessão e pratica o sistema de devolução simples;
c) os EUA não dispõem de Direito Internacional Privado e de Direito interlocal
unificados;
d) o Direito de conflitos do Luisiana determina que a lei reguladora da sucessão
imobiliária é a lex rei sitae e pratica o sistema de devolução dupla;
e) o Direito de conflitos brasileiro regula a sucessão pela lei da última residência habitual
do de cujus e estabelece que a remissão feita pelas suas normas de conflitos a
ordenamentos estrangeiros abrange apenas as normas de Direito material destes;
f) no Direito brasileiro, quando a norma de conflitos remeta, sem ser em razão da
nacionalidade, para ordenamentos complexos, o elemento de conexão da norma de
conflitos brasileira define não só o ordenamento soberano como o ordenamento
jurídico local.
Reg. n.º 650/2012 - matéria de sucessões - artigo 83º —> regulamento não se aplica porque é apenas
aplicável a pessoas falecidas depois de 17 de setembro de 2015 e Carlos faleceu a 15.
Artigo 62º CC remete para a lei pessoal (31º/1) que neste caso é a lei Suíça. Para sabermos se se trata
de uma referencia material ou global temos de analisar se alguma das excepções ao artigo 16º se
verifica (???????) supostamente não se verifica. A suíça considera competente a lei do último
domicilio, remetendo neste caso para um ordenamento plurilegislativo, os EUA. Temos que ver
então que direito irá regular a situação:
Artigo 20º/1: aplica-se quando existe uma remissão para o ordenamento complexo em razão da
nacionalidade, resultando na aplicação do direito interno local desse Estado. Quando não existe
esta remissão pela nacionalidade:
ISABEL MAGALHÃES COLAÇO que diz que nestes casos então a referência é feita para o
ordenamento do Estado soberano.
FERRER CORREIA diz que o elemento de conexão aponta para determinado lugar no espaço, sendo
esse o sistema em vigor que será competente.
Artigo 20º/2: não existem normas internas locais a regular a situação (?) e é-nos dito que os EUA não
têm o DIP unificado, e por isso nestes casos considera-se como lei pessoal do interessado a lei da
sua residência habitual —> R.: Suíça considera então competente a lei do ultimo domicilio
que será a lei de Louisiana e não dos EUA. Tratando-se de um país que pratica a devolução
simples, é feita uma referencia global (são consideradas as normas de conflito) para Louisiana, e
uma referência material para a lei que este considerar competente.
As normas de conflito de Louisiana consideram que a lei competente é a do lugar do imóvel, neste
caso a lei brasileira - para se verificar o 17º/2 era necessário que a lei brasileira se considerasse ela
mesma competente: a lei brasileira considera competente a lei da residência habitual e pratica
referência material, o que faz com que considere competente a lei dos EUA:
(!!! coloca-se novamente a questão de saber se considera o direito do Estado Federal competente,
ou o do Estado Federado).
No caso, é-nos dito que a lei brasileira tem uma norma especifica que regula a situação, dizendo que
quando há uma remissão para um ordenamento plurilegislativo sem ser pela nacionalidade (é o
caso) o elemento de conexão define o ordenamento soberano como o ordenamento jurídico local,
tendo depois de se averiguar entre os dois qual é o regime aplicável.
No entanto, a lei brasileira não se considera ela mesma competente e por isso não há lugar à aplicação
do artigo 17º/1, resolvendo-se a questão pela lei Suíça (16º - referência material).
RESERVA DE ORDEM PÚBLICA INTERNACIONAL: artigo 35º, apenas é aplicável quando exista
uma manifesta incompatibilidade com a ordem pública do foro.
Principio do foro: intangibilidade da legitima.
Mark, nacional dos E.U.A. e da Califórnia, residente até 1989 em San Diego (Califórnia) e
a partir dessa data em Lisboa, e Teresa, de nacionalidade portuguesa, pretendem casar-se em
Lisboa.
Sabendo que nos E.U.A. não existe Direito interlocal ou DIP unificado, determine face a
que lei ou leis deve o conservador do registo civil verificar a capacidade matrimonial dos
nubentes.
RESPOSTA:
Conflito plurilocalizado por se trata de pessoas com diferentes nacionalidades;
Para aferir qual a lei reguladora da capacidade matrimonial —> regras de conflitos portuguesas
Artigo 49º CC —> lei pessoal (art. 31º/1):
- capacidade de Mark: lei dos EUA (ordenamento jurídico complexo) !!
- capacidade de Teresa: lei portuguesa
As normas de conflitos portuguesas, para aferirem a capacidade matrimonial de Mark, remetem para a
sua lei pessoal, a lei dos EUA, porém trata-se de um ordenamento jurídico complexo onde vigora
simultaneamente diferentes sistemas jurídicos. Temos então de saber qual a lei aplicável. Para tal: artigo
20º/1 diz-nos que quando em razão da nacionalidade seja designado um ordenamento jurídico
complexo recorre-se ao direito interlocal, ou seja às regras de conflitos interlocais (interpretação do
artigo DMV). Porém é-nos dito no caso que não existe direito interlocal. Por isso, passamos para o
artigo 20º/2 que nos diz que na falta deste, recorre-se ao DIP desse Estado (se possuir um sistema de
regras de conflitos unificadas), o que no caso também nos é dito que não acontece.
Posto isto, temos de aplicar a 2ª parte do 20º/2 que nos diz que na falta de direito interlocal e
dip unificado considera-se a lei pessoal do interessado a lei da sua residência habitual.
Mark já outrora teve residência habitual nos EUA, na Califórnia, mas atualmente possuí
residência habitual em Lisboa, desde 1989. Isto quer dizer que Mark não tem residência habitual dentro
do ordenamento complexo e por isso coloca-se a questão de saber se o 20º/2 se aplica às situações em
que o sujeito tem residência habitual fora do ordenamento, ou apenas quando é dentro do
ordenamento jurídico complexo? Há duas posições:
§ Escola de Coimbra (Ferrer Correia, Batista Machado e Marques dos Santos): defendem que se
aplica a lei da residência habitual mesmo que ela se situe fora do Estado da nacionalidade. Sendo
também este o entendimento da jurisprudência (ex.: Ac. 16 Maio 2018, STJ) e o possível entendimento
do legislador (entendimento mais parecido à letra da lei) - FC: elemento histórico visível nos trabalhos
preparatórios
§ ISABEL MAGALHÃES COLAÇO + DMV+ LP: defendem a aplicação deste preceito
apenas quando a residência habitual se encontre no ordenamento plurilegislativo em questão. O prof.
Dario defende uma redução teológica do preceito pois o preceito revela uma incongruência com o
espirito do sistema pois ao aplicar a lei da residência habitual não estaríamos a aplicar a lei pessoal de
maneira nenhuma, e o ordenamento jurídico português atribui um relevo e preponderância pelo
elemento da nacionalidade, sendo o elemento de conexão primário. Tratando-se de uma lacuna oculta
(pois não regula as situações em que a residência se encontra fora do ordenamento complexo) cabe-nos
ir ao artigo 10º/3 do CC e por isso ir à norma que o próprio intérprete criaria se houvesse de legislar
dentro do espirito do sistema —> isto leva-nos ao critério da ‘conexão mais estreita’, pois só aplicando
a lei mais próxima do indivíduo é que se assegura uma salvaguarda das suas expectativas jurídicas.
Neste caso a lei mais próxima de Mark e que melhor salvaguarda as suas expectativas, seria a lei
da Califórnia por ter sido lá que viveu toda a sua vida até 1989 onde se mudou para Portugal.
A sociedade imobiliária X, com sede efetiva em Lisboa, vendeu, por contrato celebrado
em Loures, a António, português, residente habitualmente no Texas (E.U.A.), um imóvel
situado no Estado do Texas.
Sabendo que nos E.U.A. não existe Direito interlocal ou DIP unificado, determine qual a
lei competente para regular o regime dos direitos reais sobre o imóvel.
RESPOSTA:
Conflito plurilocalizado - contrato celebrado em Lisboa, imóvel nos EUA, residência EUA
Necessário averiguar normas de conflitos portuguesas —> artigo 46º/1 —> sitio onde as coisas
estão situadas, que no caso é nos EUA (Texas). A norma de conflitos portuguesa remete-nos então para
um ordenamento jurídico complexo, com diferentes sistemas jurídicos, os EUA. Importa averiguar que
sistema jurídico irá então regular a situação: artigo 20º/1 - diz-nos que quando em razão da
nacionalidade de certa pessoa for competente a lei de um estado complexo (…) —> no caso a lei dos
EUA é competente em razão de estar lá situado o imóvel (elemento de conexão: sitio da coisa) e não
pela nacionalidade.
Problema: como proceder quando o elemento de conexão que define a lei aplicável não seja a
nacionalidade, mas outro?
FERRER CORREIA: quando o elemento de conexão aponta para determinado lugar no espaço,
será competente o sistema em vigor nesse lugar, remissão direta do elemento de conexão para a ordem
jurídica competente —> nem sequer vão equacionar ser um problema de ordenamento complexo
porque não vai ao 20º + *DMV - o juizo de valores que está por detrás da regra de conflitos, ou sejas as
suas razões justificativas, procedem em casos que o lugar designado é um estado unitário, como no caso
em que esse lugar é apenas uma parcela de um ordenamento jurídico complexo —> ex.: Roma I (22º/
1); Roma II (25º/1), Roma III (art. 14º a), b)) —> dizem que não há lacuna que apenas há elemento de
conexão diferente.≠ norma de conflitos interlocal aponta solução completamente diferente
ISABEL MAGALHÃES COLAÇO + LP: remissão da norma de conflitos é feita, em princípio,
para o ordenamento do Estado soberano.
***DMV entende que se aplica lugar especifico mas não como Ferrer Correia que faz remissão
direta, este professor faz uma remissão indireta (ou seja, é feita remissão para regra de conflitos da OJ
do Estado soberano, pois faz parte do objetivo do próprio dip esta resolução das situações
transnacionais)
Seguindo o entendimento de que a referência é feita diretamente para o ordenamento local em
causa, então a referência do ‘’sitio do imovel’’ é feita para a lei de Texas, e por isso seria esta a lei a
regular o regime dos direitos reais — APLICAÇÃO ANALÓGICA 20º ATÉ ONDE É POSSÍVEL -
p.e.: matéria de estatuto real que remete para o lugar das coisas (não faz sentido falar de residência
habitual do 20º/2 e por isso não há caso análogo e termina aqui a analogia - remissão é feita na mesma
para a ordem jurídica local - DMV: porque não há outra solução)
VIII. Normas internacionalmente imperativas
Regulamento de Roma I
Em 30 de Janeiro de 2013, ABM, sociedade comercial com sede no Texas (EUA), vendeu à
BoaBase, sociedade comercial com sede em Portugal, 10 computadores. O contrato foi
celebrado em Portugal e os computadores foram entregues em Portugal. No contrato, as
partes incluíram a seguinte cláusula: “É aplicável ao contrato a lei brasileira”.
Qual a lei aplicável à questão, admitindo que a questão é colocada perante os tribunais
portugueses?
RESPOSTA:
*Artigo 288º TFUE: temos de verificar se o órgão aplicador pertence a um Estado vinculado
Artigo 3º/1 do Regulamento —> AP das partes - ‘’lei brasileira’’ - expressa e total
1. Imagine que as partes não tinham escolhido a lei aplicável. Qual é a lei reguladora do
contrato?
RESPOSTA:
Artigo 4º - aplica-se na falta de escolha (sem prejuízo do art. 5º ao 8º que não se preenchem)
a) contrato de compra e venda de mercadorias regula-se pela lei onde o vendedor tem a residência
habitual - a sociedade ABM tem a sua sede no Texas (EUA) + 4º/3 (quando exista conexão mais
estreita clara com outro pais?) - ORDENAMENTO PLURILEGISLATIVO 22º/1 ambas as
unidades territoriais consideradas como um país se tiverem normas diferentes e por isso aplicava-se
a lei do Texas.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
Regulamento de Roma II
Em janeiro de 2016, o veículo de Jean, cidadão francês com residência habitual na França,
que se encontrava a passar férias em Portugal, colide frontalmente na EN 125 com o veículo
de Benedita, cidadã espanhola com residência habitual na Espanha. Benedita propõe ação
junto de tribunais portugueses para ser ressarcida dos danos patrimoniais sofridos. Qual é a
lei que vai regular a pretensão de Benedita?
• Imagine que, durante a pendência da ação, Jean e Benedita acordam entre si que a lei
que deve regular o ressarcimento dos danos é a lei alemã. Quid juris?
• Considere que Jean tem residência habitual na Espanha. Qual é a lei aplicável?