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1. O art. 4./1 do Reg. Roma II, em conjugação com o art. 14.º, constitui uma
conexão sucessiva e subsidiária: a lei do lugar do dano só é aplicável
quando as partes não tenham feito uma escolha válida da lei competente, e
para compreender o art. 4.º, bem como as valorações subjacentes é útil ter
em conta os Considerandos n.s 15 a 18, ora no presente caso prática as partes
não estipularam a lei aplicável.
1
Casos Práticos Joana Costa Lopes
Para fazer face a estas dificuldades o art. 17.º estabelece que ao avaliar o
comportamento da pessoa cuja responsabilidade é invocada, são tidas em conta a
título de matéria de facto e na medida em que for apropriado, as regras de segurança
e de conduta em vigor no lugar e no momento em que ocorre facto que dá origem à
responsabilidade.
ilicitude da conduta (em que também as regras de conduta do lugar do facto podem
ser tidas em conta=. Neste segundo caso, deve distinguir-se entre:
i) Regras permissivas;
O considerando n-17 que a lei aplicável deverá ser determinada com base do
local onde ocorreu o dano , independentemente do país ou países onde possam ocorrer
as consequências indiretas do mesmo. Assim sendo, em caso de danos patrimoniais ou
não patrimoniais , o país onde os danos ocorrem deverá ser o país em que o dano tenha
sido infligido, respetiviamente, ao património ou à pessoa.
Pode afirmar-se que regra geral, é a competência da lei do país que em que
e produzo efeito lesivo (lei do lugar do efeito lesivo).
1. Nesta matéria há que ter em conta em primeira linha o Reg. (EU) nº 1259/2010 que cria
uma cooperação Reforçada no Domínio da Lei Aplicável em matéria de Divórcio e
Separação Judicial (doravante designado Regulamento Roma III.
instaurados a partir de 21 de junho de 2012 (art. 18.º/1), sendo que este processo
foi intentando a 22 de maio de 2017, não há problemas quanto ao Âmbito
temporal.
5. Na ausência de escolha pelos cônjuges da lei aplicável, nos termos do art. 5.º do
Reg, determina-se que o divórcio e a separação são regidas pela Lei do Estado no
(art.8.º), e em primeiro lugar, por exclusão da aplicação da alínea a), devíamos analisar
a alínea b) que nos refere que a lei aplicável seria do Estado da última residência
habitual dos cônjuges, ou seja nesta lógica seria aplicável a Lei Alemã, o problema é
que esta alínea faz uma ressalva “desde que o período de residência não tenha
terminado há mais de um ano antes da instauração do processo em tribunal”, ora
Bernardo abandona a casa do morada de família a 1 de maio de 2016, e começa a
viver sozinho a 20 de Maio, e a 22 de Maio de 2017 instaura uma ação de decretamento
de divórcio: problema passaram 1 ano e 2 dias, assim sendo aplicar-se-á o art. 8/d) do
REG. III, a lei aplicável será a portuguesa, pois foi em Portugal que o processo foi
instaurado, o art. 8.º contém elementos de conexão subsidiários.
§ SUB-HIPÓTESES;
- O regulamento consagra uma autonomia das partes limitada na escolha da lei (art.
5.º). As partes só podem escolher a lei de um Estado com a qual tenham uma
determinada conexão estreita ou lei do foro a e a lei escolhida deve respeitar os
direitos fundamentais reconhecidos pelos Tratados e pela CDFUE (Considerandos
n.14 e 16). Parece que esta segunda exigência é concretizada pelo disposto no art. 10.º,
adiante referido: a lei escolhida deverá conhecer o instituto do divórcio e permitir o
igual acesso ao divórcio ou à separação por ambos os cônjuges.
✓ O juiz deverá ter em conta o considerando n.17 e 18.º que estipula a escolha
esclarecida de ambos os cônjuges, sendo que este postulado constitui um
princípio essencial do presente regulamento, sendo que o considerando 24.º
refere expressamente que quando a lei aplicável não conceda a um dos
cônjuges igualdade de acesso ao divórcio, deverá ser aplicada a lei do
tribunal em que o processo foi instaurado, neste caso seria a lei portuguesa.
de um dos cônjuges não ter acesso igualitário ao divórcio, que é o nosso caso,
pois o cônjuge homem tem o direito unilateral de se divorciar.
§ O DIVÓRCIO E A SEPARAÇÃO;
Nesta matéria há que ter em conta em primeira linha o Reg. (EU) nº 1259/2010 que
cria uma cooperação Reforçada no Domínio da Lei Aplicável em matéria de
Divórcio e Separação Judicial (doravante designado Regulamento Roma III). Este
regulamento é aplicável aos processos instaurados a partir de 21 de junho de 2012 (art.
18.º/1). 2
2O art. 18/1.º acrescenta que o Regulamento se aplica aos acordos de escolha da lei aplicável
celebrados a apritr de 21 de junho de 2012, mas também que um acordo celebrado
anteriormente produz efeitos desde que cumpra o disposto nos artigos 6.º e 7.º do
Regulamento.
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Separação de Pessoas, uma vez que após a denúncia da Convenção por outros Estados
Contratantes, apenas são partes Portugal e a Roménia.
Assim os cônjuges , podem, em princípio, escolher uma das seguintes leis (art.
5/1.º):
ii) Lei do Estado da última residência habitual dos cônjuges, desde que um
deles ainda aí resida no momento da celebração do acordo;
Um acordo sobre a lei aplicável por ser celebrado e alterado a qualquer momento
até à data da instauração do processo em tribunal (art.5/2.º=. A lei do foro pode permitir
que os cônjuges designem a lei aplicável durante o processo, caso em que essa
designação será registada em tribunal nos termos da lei do foro ( por “tribunal” entende-
se no Regulamento qualquer autoridade competente nas matérias reguladas – art. 3/2.º)
e art. 5/3.º).
✓ “Se lei de foro assim o determinar” sugere que é necessária uma disposição
interna nesse sentido, sendo insuficiente que a lei de foro não coloque
impedimento à eficácia do acordo. Em qualquer caso, para evitar incertezas, é
conveniente que o legislador português introduza uma disposição permitindo a
designação da lei aplicável depois de instaurado o processo.
Suscita, porém maiores dúvidas que os cônjuges possam escolher a lei de um foro
indeterminado, o que aliás entraria em contradição com o Considerando n.18 , quando
declara que a “escolha esclarecida de ambos os cônjuges constitui um principio
essencial do presente regulamento” e que cada “cônjuge deverá saber exatamente quais
são as consequências jurídicas e sociais da escolha da lei aplicável. Razão por que
parece defensável que a escolha da lei do foro só é válida quando é feita à data da
instauração do processo em tribunal, ou quando a ação é proposta no foro claramente
tudo em consideração nessa escolha (além da possibilidade de uma designação feita
durante o processo quando permitida pela lei de foro.
- Da última residência habitural dos cônjuges, desde que esse período não tenha
terminado há mais de um anos antes da instauração do processo em tribunal na emdida
em que um dos cônjuges ainda resida nesse Estado no momento da instauração do
processo em tribunal ou, na sua falta,
Na realidade, porém, esta opção parece dever-se mais ao interesse dos Estados
que são predominantemente destinos de imigração na integração dos imigrantes, na
coesão jurídica interna e na facilitação da administração da justiça, mediante a limitação
dos casos em que é, aplicável uma lei estrangeira.
CASO N.º 4
Não obstante a autonomia privada adjacente do art. 22.º, lei reguladora da sua
sucessão, tem de ser muito limitada, por forma a assegurar que a sucessão é regida por
uma lei que apresenta uma ligação íntima e estável com o autor da sucessão e que é
minorado o risco de se frustarem expetativas justificadas das pessoas com o direito á
legítima, neste sentido: considerando n.º 38.
Resposta final: Neste caso a lei aplicável, seria o direito material inglês. + art.
36/2/b). – Este regulamento admite devolução ao reenvio.
1. Não seria a mesma resposta, neste caso teremos de atender à regra supletiva na
falta de escolha de lei, neste caso o art. 21.º do Reg. Das Sucessões: que nos diz
que a regra geral é “onde o falecido tinha residência habitual no momento do
óbito”, neste caso seria a lei material portuguesa.
2. Ratio: Como justificação para esta opção pela lei do Estado da residência
habitual o Considerando n.º 23 invoca a crescente mobilidade das epssoas e a
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3. Atenção que neste caso, o Considerando n.º 23 na parte final faz uma ressalva
importante: refere que a residência habitual assim determinada deverá revelar
uma relação estreita e estável com o Estado em causa tendo em conta os
objetivos específicos do presente regulamento; - Ora vejamos alguns elementos
que indicam uma relação estreita e estável com o Estado em causa:
O regulamento também cria o certificado sucessório europeu (art. 62.º ss) com o
objetivo de facilitar a determinação dos direitos dos herdeiros e legatários segundo a lei
aplicável bem como da qualidade de executor testamentário ou administrador da
herança e dos seus poderes noutros Estados-Membros, em especial aqueles em que se
situam bens da herança. O efeito essencial do certificado é o de criar a presunção da
herança. O efeito essencial do certificado é o de criar a presunção de veracidade dos
elementos nele contidos, em especial a qualidade das pessoas indicadas e os seus
direitos e poderes (art. 69/2.º).
4. No Estado-Membro do foro.
Regra geral é aplicável a lei do Estado onde o falecido tinha residência habitual no
momento do óbito – art. 21.º/1. Como justificação para esta opção pela lei do Estado da
residência habitual o Considerando n.º 23 invoca a crescente mobilidade das epssoas e a
facilitação da administração da justiça, uma vez que sendo comeptentes, em princípio,
os órgãos jurisdicionais do mesmo Estado-Membro (art. 4.º), estes aplicarão, em regra,
o Direito Material de foro.
Assim por um lado, caso resulte claramente do conjunto das circunstância sdo caso
que, no momento do óbito, o falecido tinha uma relação manifestamente mais estreita
com o Estado diferente do Estado cuja lei seria aplicável nos termos do n.1, é aplicável
à sucessão, a título excecional, a lei desse outro Estado. (art. 21/2.º).
Uma pessoa com nacionalidade múltipla pode escolher de qualquer dos Estados de
que é nacional no momento em que faz a escolha.
A escolha deve ser feita expressamente numa declaração que revista a forma de uma
disposição por morte ou resultar dos termos dessa disposição (art. 22/2.º). A escolha
tácita pode resultar, por exemplo, da referência a normas específicas da lei do Estado da
sua nacionalidade ou de outra menção a essa lei, bem como a institutos dessa lei que
sejam desconhecidos da lei da residência habitual.
A formação do consentimento no ato pelo qual foi feita a escolha da lei, bem como a
sua alteração ou revogação, são reguladas pela lei escolhida (art. 22/3.º e Considerando
n.º40).
Quanto ao âmbito da lei reguladora da sucessão, importa sublinhar que rege toda a
sucessão, incluindo designadamente designamente (art.23).
no dia em que fez a disposição (art. 24.º/1 e quanto aos pactos sucessórios relativos à
sucessão de uma só pessoa, art. 25.º).
No entanto, a lei da nacionalidade pode ser escolhida pelo autor da sucessão para
regular a disposição por morte (art. 24/2.º), ou no caso dos pactos sucessórios relativos à
sucessão de uma só pessoa, art. 25/3.º).
Um pacto sucessório, que seja admissível nestes termos rege-se, em princípio, por
aquelas dessas leis com a qual tem uma ligação mais estreita (art. 25/2/2). No entanto as
partes podem submete-lo à lei da nacionalidade de uma delas (art. 25/3.º).
Mas deve sublinhar-se que a “validade material” que está aqui em causa abrange
apenas as questões enumeradas no art. 26.º: capacidade do autor da disposição; causas
concretas que impedem o autor da disposição de dispor a favor de determinadas pessoas
ou impedem uma determinada pessoa de receber bens da sucessão do autor da
disposição (…).
Caso prático n.6;
- Lei aplicável: Mais uma vez seria a lei pessoal: lei espanhola. Mas há uma
divergência doutrinária, consoante se adote a conceção ampla do Prof. Lima
Pinheiro ou concepção restrita.
Para LIMA PINHEIRO, uma norma de remissão condicionada é aquela que tem
em conta a competência da lei estrangeira segundo o respectivo DIP.
Não se confunda com devolução, uma vez que esta se verifica se a lei estrangeira
designada pela nossa norma de conflitos não aceitar a competência, caso em que cabe
aplicar a lei portuguesa.
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O art. 47.º CC manda aplicar a lex rei sitae à capacidade para constituir
direitos reais sobre imóveis ou para dispor deles, desde que essa lei assim o determine.
Se a lex rei sitae não considerar competente, aplica-se a lei pessoal.
- A vontade de aplicação das normas em causa também não tem de ser especial
ou excecional face às normas de conflitos gerais do sistema a que pertencem. Ela pode
resultar do respetivo Direito de Conflitos em geral.
§ CASO 7/ 2ª SUBHIPÓTESE:
3. Portanto teríamos de aplicar o art. 52/2/in fine: CC: sendo que temos de
averiguar qual é a lei dos país com o qual a vida familiar se ache mais estreitamente
conexa.
Em Abril de 2006, Paco, profissionalmente desiludido com Portugal que diz ser um país
demasiado pequeno para o seu talento gastronómico, adquire um imóvel no Bairro de
Salamanca, em Madrid, onde tenciona gerir um restaurante próprio.
Paco regressa a Lisboa para o consultar a si, eminente advogado, pedindo-lhe que o
esclareça sobre a possibilidade de invocar a nacionalidade italiana para efeitos do exercício
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Considerando que:
1) A lei italiana da nacionalidade considera cidadão italiano os filhos de pai ou mãe
italiana;
4. Iremos tentar sustentar, que nestes casos a nacionalidade que deve prevalecer é a
do Estado-Membro (a italiana), para efeitos de liberdade de estabelecimento;
MATÉRIA TEÓRICA;
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- Este último entendimento parece, segundo o Prof. Lima Pinheiro, mais conforme com
o sentido do Tratado, e mais ajustado ao atual estádio da integração europeia. O Prof.
Crê que não se podem inferir soluções conflituais das nromas europeias que consagram
as liberdades de circulação e o direito de estabelecimento, e que as normas de Direito
Privado, não constituem, em regra restrições a essas liberdades.
a) Centros (1999);
b) Uberssering (2002);
d) Cartesio (2008);
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e) Vale (2012);
Vieram estabelecer uma série de limites à atuação das normas de Direito Internacional
Privado, em conexão com o exercício do direito de estabelecimento. Estes limites atuam
com respeito pelas regas de conflitos que vigorem na ordem jurídica do Estado-
Membro, em que essas sociedades exercem ou pretendem exercer o direito de
estabelecimento
- Prof. Lima Pinheiro: constituem exceção as normas de Direito Privado que estejam
funcionalmente subordinadas ao regime de acesso e exercício de atividades económicas,
designadamente as que estabeleçam uma sanção jurídico-privada, para a violação de
normas de Direito Público da economia.
Segue o critério de aplicação formal, visto que apenas se verifica uma norma
de aplicação necessária porque há uma norma unilateral especial ad hoc que reitera a
sua aplicação.
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Nega o critério material das normas de aplicação necessária porque para este
não esta em causa uma critério de natureza valorativa “cuja observação seja necessária
para a salvaguarda da organização, social e política do pais”.
Como refere o Prof, subjacente à norma unilateral ad hoc podem estar em causa
normas que visam proteger a parte contratual tipicamente mais fraca.
Marques dos santos: Não se aplica a norma imperativa, uma vez que já não
estará em causa o principio da conexão estreita e a necessidade de assegurar os
interesses do estado. Os fins prosseguidos pela norma já não estão em causa.
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§ Caso número 9
Jacques verificou que, por causa da pintura defeituosa efetuada pela Sociedade
Painters'R'Us, a sua casa de férias no Algarve tinha agora problemas graves de
infiltrações. Em ação intentada perante um tribunal português contra a sociedade
Painters'R'Us, Joaquim requer uma indemnização pelos danos sofridos e alega que, ao
abrigo do Direito Português, a cláusula de exclusão de responsabilidade constante do
contrato não é válida. Na contestação, a sociedade alega que nada deve e que a
cláusula de exclusão de responsabilidade é válida à luz da lei escolhida pelas partes. (lei
francesa).
§ RESUMOS:
Para MARQUES DOS SANTOS, as normas unilaterais implícitas (vg art. 1682º-A,
nº 2) devem ser criadas pelo intérprete por via da interpretação, enquanto que
LIMA PINHEIRO sustenta que tal operação interpretativa é impossível, sendo
necessária também a supra mencionada “valoração conflitual”.
1. Normas que têm uma esfera de aplicação no espaço mais vasta do que
aquela que decorreria do Direito de Conflitos geral: o já referido art 38º
DL Contrato de Agência – norma que alarga a competência atribuída à
lei portuguesa pelas normas de conflitos gerais. Revendo a sua posição,
LIMA PINHEIRO não mais considera as normas de aplicação necessária ou
imediata (vg lois de police ou overriding statutes) sejam uma modalidade de
normas “autolimitadas” deste primeiro tipo.
Hoje considera que esse tipo de normas são um modo de actuação de certas
normas “autolimitadas” (a norma pode actuar como norma de aplicação necessária, ou
ser susceptível de aplicação necessária, mas não ser, à partida, e sem mais, de aplicação
necessária).
Casos Práticos Joana Costa Lopes
3. Normas que têm uma esfera de aplicação no espaço mais restrita do que
aquela que decorreria do Direito de Conflitos geral
o Se criar uma solução conflitual ad hoc à luz da teoria das lacunas da lei – na
maioria dos casos, tratar-se-á de uma lacuna oculta, já que a maior parte das lacunas
encontram solução numa norma do sistema de Direito de Conflitos; a revelação de uma
lacuna pressupõe, assim, uma interpretação restritiva ou uma redução teleológica da
norma de conflitos geral.
Exemplo: quando a norma de conflitos não tutela o valor que está subjacente à
norma ou à lei material em causa, cumpre integrar essa lacuna nos termos seguintes –
vg normas de conflitos vigentes em matéria de contratos e, por isso, aplicáveis aos
contratos de arrendamento (ROMA): não atendem ao fim de protecção da parte
contratual mais fraca (o arrendatário).
Logo, deve entender-se que existe uma lacuna no Direito de Conflitos geral,
que deve ser integrada por uma solução ad hoc que determine a aplicação das normas
protectoras do arrendatário a todos os arrendamentos de imóveis situados em Portugal. o
Se vigorar uma cláusula geral que coloque o problema da aplicabilidade da norma
material em função das circunstâncias do caso.
Se, excepcionalmente, certas normas ou leis materiais devam ter uma esfera de
aplicação no espaço diferente daquela que resulta do sistema de Direito de Conflitos, o
legislador deve antes formular normas de conflitos ad hoc apropriadas.
✓ Nesta matéria há que ter em conta em primeira linha o Reg. (EU) nº 593/2008 obre a lei
aplicável às obrigações contratuais (ROMA I).
✓ Âmbito material de aplicação: Temos de ter em conta o art. 1.º/1 + art. ¼.º + art.
2.º + art. 22.º Reg.
✓ Agora nestes termos, e neste caso prático em concreto temos de analisar o art.
9.º do Regulamento Roma I: em primeiro lugar o n,.º 1 deste artigo é
fundamental para analisar o alcance desta disposição: ou seja quanto ao critério
formal: as normas de aplicação necessária são normas que em determinados
casos reclamam a aplicação apesar de ser competente, segundo o Direito de
Conflitos geral, uma lei estrangeira: este critério formal é aferido no art. 9/1.º
quando se refere que “são normas aplicáveis “independentemente da lei que de
outro modo seria aplicável ao contrato”.
✓ Portanto a lei aplicável irá ser a lei portuguesa: ex vi art. 9/1.º + 9/3.º do
Reg. Roma I e art. 21/d) e art. 23.º da LCCG.
§ Caso número 10
c) a lei marroquina sobre cláusulas contratuais gerais, tal como a espanhola, não
tem normas equivalentes aos artigos 21.o, 22.o e 23.o do Decreto-Lei que institui o
Regime das Cláusulas Contratuais Gerais.
Quid juris?
- Art. 3.º Reg. Roma I - O contrato rege-se pela lei escolhida pelas partes. – Lei
portuguesa: o Joaquim tem nacionalidade portuguesa, a a ação foi instaurada em
Portugal:
✓ Nestes termos, dir-se-ia que o art. 21, 22, e 23.º da Lei das CCL quanto às
cláusulas absolutamente e relativamente proibidas, teria aplicação, uma vez que
integra a ordem jurídica portuguesa.
✓ A autolimitação no espaço significa que não se pode aplicar uma norma que
não quer ser aplicada: ora o art. 21/1/d) da LCCG, por força do art. 23/2 desse
diploma, não “quer ser aplicado”, uma vez que “no caso de o contrato apresentar
uma conexão estreita com o território de outro Estado membro da Comunidade
Europeia aplicam-se as disposições correspondentes desse país na medida em
que este determine a sua aplicação.” Nestes termos há uma relação mais estreita
com o Estado Espanhol porque o imóvel está cito em Espanha.
✓ O que distingue as duas teses é que MARQUES DOS SANTOS não estabelece a
fronteira entre âmbito de aplicação possível (ou susceptível de aplicação
necessária) e âmbito de aplicação necessária, enquanto que o resto da doutrina
(por todos, LIMA PINHEIRO) assim o faz. O art. 21/1/d) º da LCCG é uma
norma susceptível e aplicação necessária, pelo que prevaleceria sobre as
regras gerais do Direito das Obrigações.
✓ Modo funcionamento: o art. 21/1/d quando é chamado pelo art. 23.º é chamado
para ser aplicado de uma forma necessária: mas pode ser aplicado de forma não
necessária: temos então o art. 21/1/d) da LCGG, porque também é uma norma
material.
É como o art. 21.º tivesse dois amores: aplica-se de forma necessária quando a norma
de conflitos o ditar nos termos do art. 23.º, e aplica-se de forma não necessária, quando
as partes mandam aplicar a lei portuguesa, sendo certo que art. 21/1/d) é uma norma
material do ordenamento jurídico português: portanto seguindo a posição do Prof. Lima
Pinheiro: chegamos à conclusão que aplicávamos o art, 21/1.º/d) LCCG, sem que o
art, 23.º estivesse preenchido, e neste caso não estava preenchido, mas se seguíssemos
a posição do Porf. Marques dos Santos, não poderíamos aplicar o art. 21/1/d), mas
aplicávamos a regras do Direito das Obrigações Geral. (provavelmente chegaria á
mesma conclusão).
Casos Práticos Joana Costa Lopes
§ CASO N.O 11
1. O art. 1682-A/2.º CC: só será aplicável se o art. 52.º CC mandar aplicar: Prof-
Lima Pinheiro;
§ Resolução:
Aqui, os cônjuges têm a mesma nacionalidade, pelo que se aplica a lei inglesa.
casa de morada de família se situe em Portugal. Di-lo por via interpretativa, partindo
da ratio da norma material, identificando nesta sede uma norma de conflitos implícita,
unilateral ad hoc.
Nota: O Prof. Marques dos Santos tem este entendimento porque mais
importante que proteger o direito de propriedade, é proteger a paz social: garantindo
uma proteção reforçada ao bem que garante um tecto ao elemento nuclear da sociedade:
a família. A norma de conflitos unilateral ad hoc – servem para tutelar este núcleo
familiar, e só acontece quando a casa de morada de família esteja em Portugal.
LIMA PINHEIRO não corrobora deste entendimento, uma vez que repudia a
criação de normas de conflitos implícitas pela via interpretativa, como é o caso.
§ Caso n.o 12
O contrato foi celebrado mediante recurso a cláusulas contratuais gerais fixadas pela
Sociedade Painters'R'Us. Nas cláusulas contratuais gerais dispunha-se que:
portugueses."; e
- "As partes desde já excluem toda e qualquer responsabilidade que pudesse ser
assacada à Sociedade Painter'R'us, nomeadamente mas sem limitar, a que, nos termos da
lei, pudesse resultar de vícios no cumprimento da prestação a que se obrigou a
Sociedade neste contrato".
Jacques verificou que, por causa da pintura defeituosa efetuada pela Sociedade
Painters'R'Us, a sua casa de férias na Suíça tinha agora problemas graves de infiltrações.
Joaquim requer uma indemnização pelos danos sofridos e alega que a cláusula de
exclusão de responsabilidade constante do contrato não é válida. Na contestação, a
sociedade alega que nada deve e que a cláusula de exclusão de responsabilidade é válida
à luz da lei escolhida pelas partes.
Sistematização:
Cumpre distinguir:
Problemas:
O LIMA PINHEIRO: levada às suas últimas consequências, esta tese impediria qualquer
desenvolvimento e aperfeiçoamento do sistema pela jurisprudência e pela ciência
jurídica.
• Teoria da conexão especial: o Cláusula geral segundo a qual serão aplicadas, além
das normas jurídicas que pertençam ao estatuto obrigacional, as de qualquer outra
ordem jurídica, desde que exista uma relação suficientemente estreita entre a ordem
jurídica em causa e o contrato, e tendo como limite a sua conformidade com a ordem
pública do foro. (é o caso do art. 9/3.º do Reg. Roma I).
o PARA LIMA PINHEIRO E MARQUES DOS SANTOS, deve ser adoptada uma “regra de
reconhecimento” que dê um título e legitime a relevância, no Estado do foro, das
normas de aplicação imediata estrangeiras, de acordo com as condições e dentro dos
limites fixados pelo Estado do foro.
4. A esta luz cabe distinguir entre normas imperativas da lex causae – a lei
designada pelo sistema de Direitos de Conflitos – e as normas imperativas de
terceiros ordenamentos.
Por exemplo: caso se entenda que pelo que toca aos seus efeitos sobre a validade de um
contrato, são aplicáveis as normas de defesa da concorrência do Estado em que ocorram
as práticas restritivas da concorrência ou em que se produzam os seus efeitos, não serão
chamadas as normas de defesa da concorrência do Direito regular do contrato, quando
não seja o do mesmo Estado.
Só não será assim se for configurada uma conexão cumulativa, por forma a que tais
normas imperativas, sejam aplicáveis quer quando integram a lex causae quer quando
vigoram na ordem jurídica do Estado que apresenta a conexão especial com a situação.
Art. 9/3.º R. Roma I: que permite dar prevalência às normas de aplicação imediata
do país da execução do contrato, na medida em que segundo essas normas a execução
seja ilegal. Trata-se agora apenas das normas de aplicação imediata de um país que
apresenta uma conexão determinada com o contrato e que tenham um certo conteúdo.
Ora isto segundo o PROF. LIMA PINHEIRO não é justificado: por que razão há-se
tratar diferentemente as normas imperativas de terceiros Estados, que apresentam uma
ligação significativa com a situação, conforme na ordem jurídica estrangeira sejam ou
não encarados como “normas de aplicação necessária?”.
Na formulação que lhe foi dada pelo primeiro Wengler, traduz-se numa
cláusula geral segundo a qual serão aplicadas, além das normas jurídicas que
pertençam ao estatuto obrigacional, as de qualquer outra ordem jurídica dispostas
a aplicar-se, desde que exista uma relação suficientemente estreita entre a ordem
jurídica em causa e o contrato e tendo como limite a sua conformidade com a rodem
pública internacional do foro.
Estado de foro, de tais regras, de acordo com as condições e dentro dos limites fixados
por este último Estado”.
✓ Mas não tem em conta o bem comum universal, que postula uma
determinada relevância de normas imperativas de terceiros
ordenamentos que prossigam finalidades relevantes para a ordem
jurídica do foro ou amplamente acolhidas na comunidade internacional,
nem a harmonia internacional com outros ordenamentos que podem ter
uma conexão significativa com o caso, nem tão pouco as exigências
que podem decorrer da cooperação entre os Estados-Membros da União
Europeia.
Por exemplo:
A mais importante é a que consta no art. 9/3.º do Reg. Roma I: pode ser dada
relevância às normas de aplicação imediata da lei do país em que as obrigações
decorrentes do contrato devam ser ou tenham sido executadas, na medida em que,
segundo essas normas de aplicação imediata, a execução do contrato seja ilegal. Para
decidir se deve ser dada prevalência a essa normas, devem ser tido em conta a sua
natureza e o seu objeto, bem como as consequências da sua aplicação ou não aplicação.
Este preceito converge com a posição que o Porf. Defende de iure condendo
embora esteja redigido de forma mais restritiva e apenas permita a relevância de
“normas de aplicação imediata”. Não obstante, aparece defensável o entendimento
segundo o qual abrange não só normas de aplicação imediata relativas à execução do
contrato, mas também as que estabeleçam requisitos de validade do conteúdo e do fim
do contrato. Também é sugerido que possam ser aplicadas não só regras imperativas
proibitivas mas também regras imperativas prescritivas que regulem as obrigações das
partes.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
Por outro lado, embora o preceito tenha claramente uma intenção restritiva,
deve entender-se que el se refere apenas à aplicabilidade das normas de aplicação
imediata de terceiros ordenamentos e já não da sua relevância como pressupsotos de
factos das normas materiais da lex causae – art. 9/3/ in fine que refere expressamente à
aplicação dessas normas.
do Regime das CCG, por isso não se pode tirar um princípio geral sobre a relevância de
outras normas de terceiros Estados.
§ CASO N.O 13
Mark, cidadão dos Estados Unidos da América, residente até 1999 em San
Diego(Califórnia) e a partir dessa data em Lisboa, e Teresa de nacionalidade
portuguesa, pretendem casar em Lisboa.
• EUA
• Canadá
• Suiça
o A lei local: do Estado federado, vg. Para os elementos de conexão que não a
nacionalidade:
§ Pergunta que se tem de fazer: quando é que a norma de conflitos remete para o
ordenamento jurídico complexo no seu conjunto?
Há duas posições:
4º: Estado federado onde se situa a capital do Estado soberano (no caso dos EUA, o
Estado de Washington, DC).
o Não cabe aplicação do art. 20º, pelo que estamos perante uma lacuna.
Não sendo possível resolver a questão com base no Direito interlocal vigente na
ordem jurídica complexa, o n.2 do art. 20. E também se não houver Direito
Internacional Privado unificado?
Por exemplo: a lei reguladora do estatuto pessoal do súbdito do Reino Unido com
residência habitual em Portugal.
Como este preceito não fornece um critério para determinar o sistema aplicável
quando a residência habitual se situa fora do Estado da nacionalidade, surge uma
lacuna. Esta lacuna deve ser integrada com recurso ao princípio da conexão mais
estreita.
Prof. LIMA PINHEIRO: Crê que este é o melhor entendimento, por certo que o
recurso à lei da residência habitual, quando o ordenamento complexo não dispõe de
Direito interlocal ou de Direito Internacional Privado Unificados evita certas
dificuldades na determinação da lei aplicável. Mas é de rejeitar, porque significa tratar
Casos Práticos Joana Costa Lopes
5 Dos trabalhos preparatórios que estão na génese do art. 20.º pode retirar-se o argumento em
sentido contrário. O art. 32.º do Anteprojeto de 1951 consagrava esta solução e no entanto foi alterado no
Anteprojeto de 1964 (art. 6.º), que adotou a redação que veio constar do art. 20.º CC. Este argumento é
invocado por Ferrer Correia para defender uma interpretação declarativa do art. 20.º.
Mas este argumento não é conclusivo de uma intenção legislativa de aplicação da lei da
residência habitual quando a pessoa tenha residência habitual fora do estado da nacionalidade. Além disso
a interpretação exige uma inserção do preceito no seu contexto significativo e a consideração dos vetores
do sistema.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
Resolução:
1. A única norma a aplicar, seria o art. 20/2/in fine do CC: 2. Na falta de normas
de direito interlocal, recorre-se ao direito internacional privado do mesmo
Estado; e, se este não bastar, considera-se como lei pessoal do interessado a lei
da sua residência habitual.
4. Neste caso seria a lei portuguesa, a lei com a conexão mais estreita: • 3º:
Estado local (último domicílio/residência habitual.
§ CASO N.O 14
Determine, sabendo que nos E.U.A. não existe direito interlocal ou DIP unificado,
qual a lei competente para regular o regime dos direitos reais sobre o edifício.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
3. O art. 46/2.º CC refere que no que conta à transferência de direitos reais sobre
coisas em transito, estas são havidas como situadas no país de destino, portanto
EUA.
Este caso não é contemplado pelo art. 20.º CC, razão porque fora do âmbito de
aplicação e instrumentos supraestaduais, segundo Isabel Magalhães Colaço há uma
lacuna. Esta lacuna deve ser integrada por aplicação analógica do art. 20.º CC.
Quer isto dizer que no caso de remissão para um ordenamento complexo de base
territorial se deve sempre atender ao Direito interlocal e ao Direito Internacional
Privados unificados de que o ordenamento complexo disponha.
ii) Quanto aos elementos de conexão que não indiquem um preciso lugar
no espaço – por exemplo, a designação das partes, atender-se-á
igualmente ao sistema local para que diretamente remetam.
Caso n.o 16
O artigo 59.o do Código Civil, à data em que foi proferido o Acórdão em que se baseia
o caso, dispunha:
2. As relações entre pais e filhos ilegítimos são reguladas pela lei nacional comum dos
progenitores e, na falta desta, pela lei da sua residência habitual comum; se os pais
tiverem a residência habitual em países diferentes, é aplicável a lei pessoal do filho.
3. Se o filho estiver reconhecido apenas por um dos progenitores, ou algum deles tiver
falecido, é competente, no primeiro caso, a lei pessoal daquele relativamente ao qual se
verifica o reconhecimento e, no segundo caso, a lei pessoal do sobrevivo.
– como uma remissão direta e imediata para o Direito material da lei designada.
Não interessa o Direito de Conflitos da lei designada.
✓ Para Batista Machado: o art. 16.º CC não contém um principio geral mas uma
regra “pragmática” que admite desvios nos casos em que se aceita a devolução.
Indo mais longe poderia pretender-se que o prceito do art. 16.º tem uma
plaicação residual, porque a regra seria a devolução.
Portanto para a lei do paraguai a lei que regula a capacidade para contrair casamento é
a lei portuguesa.
A devolução simples leva a aceitar o retorno direto mesmo que a L2 não aplique
L1.
D ) Segundo o direito material argentino, Alberto não teria capacidade para casar;
6 Esta teoria foi adotada pelos tribunais portugueses antes da entrada em vigor do CC vigente
e é seguida pelos tribunais franceses e alemães.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
casamento.
LIMA PINHEIRO rejeita este entendimento, uma vez que umas e outras são
suficientemente autónomas para que outra ordem jurídica determine a aplicação
desse Direito material apesar de não ser competente segundo o Direito de
Conflitos.
O STJ aceitou o retorno, neste caso, e aplicou o Direito português. Quid iuris se
a questão tivesse sido apreciada num tribunal francês? Este aceitaria o retorno e
aplicaria o Direito francês.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
✓ 3 requisitos: do art. 19.º CC: não nos podemos esquecer que quando há
um negócio jurídico válido num país e noutro não, temos de desconfiar
da aplicação do art. 19.º CC.
Caso n.o 18
privado unificado;
nos termos (82) Nos termos dos artigos 1.o e 2.o do Protocolo n.o 21 relativo
à posição do Reino Unido e da Irlanda em relação ao Espaço de Liberdade,
Segurança e Justiça, anexo ao Tratado da União Europeia e ao Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia, estes Estados-Membros não participam na
adoção do presente regulamento, não ficando por ele vinculados nem sujeitos
à sua aplicação. Tal não prejudica, contudo, a possibilidade de o Reino Unido
e a Irlanda notificarem a sua intenção de aceitar o presente regulamento após
a sua adoç gerais.
§ Matéria Teórica:
4. Em segundo lugar, parece que o preceito admite a devolução sempre que a lei
de um terceiro Estado considera aplicável a lei de um Estado-membro, mesmo
que não seja o Estado-membro do foro. Isto abrange por conseguinte, nos casos
de transmissão de competência (para a lei de um Estado-membro que não é o do
foro) e casos de retorno.
5. A aceitação do retorno parece justificada, neste caso, desde que se entenda que
ele só opera quando a lei do terceiro estado considere aplicável o Direito
material do foro ou de outro Estado-Membro.
Caso número 19
Analise o caso n.o 9 da secção I do livro de casos práticos e represente o caso em
esquema.
✓ Dir-se-ia que a remissão em causa é para todo o Direito material da lex causae,
independentemente do ramo de Direito. Assim não o é em Portugal: segundo o
art. 15º, a competência atribuída a uma lei abrange somente as normas que, pelo
seu conteúdo e pela função que têm nessa lei, integram o regime do instituto
Casos Práticos Joana Costa Lopes
L1 ! L2 ! L3
O Sistema angolano vê este caso como retorno direto, portanto tem um sistema
semelhante ao nosso, aplica-se o art. 18/1.º CC.
Art. 17/1.º CC, ver o art. 17/2.º CC, quando é um sistema PALOP temos de ter em
atenção porque tivemos de analisar o art. 17.º e art. 18.º do CC
Caso número 20
Carlos, nacional suíço, com última residência habitual em Luisiana (EUA), falece em
15 de setembro de 2015, deixando bens imóveis no Brasil.
Art. 34/1.º : a L2 é a lei de um Estado terceiro: (qualquer estado que não esteja
vinculado ao regulamento, este requisito comula com o segundo que é alternativo: a L2
aplica a Lei de um Estado-Membro, ou a alínea b), a L2 aplica Ln (Estado terceiro), tem
de ser lei de um Estado terceiro: e a Lei N, aplica o seu próprio direito material:
Esquema do Prof. João Gomes de Almeida;
L1 ! L2 (EUA) ! L1
CASO NÚMERO 21
Diga qual a lei que o conservador do registo civil deve aplicar, considerando que:
b) o direito de conflitos nova iorquino regula a questão pela lex loci celebrationis,
considerando, no caso concreto, que a sua norma de conflitos remete, única e
exclusivamente, para as normas de direito material de ordenamentos jurídicos
estrangeiros;
Resolução:
L1(art. 49.º CC – lei pessoal de cada nubente – lei da nacionalidade: art. 31/1.º CC) !
L2 (lei da nacionalidade EUA) ! L1 ! L3 ! L2.
Vamos analisar:
Pela primeira parte do art. 18/2.º do CC: fica excluída a aplicação do art. 18.º do CC,
porque como se trata de matéria compreendida no estatuto pessoal (a capacidade para
contrair casamento é aferida pela lei pessoal), mas a lei só é aplicável se o interessado
tiver residência habitual em Portugal, e tem residência habitual em Itália, portanto a
primeira parte não se aplica.
Pela segunda parte do art. 18/2.º do CC: ou se a lei do país desta residência habitual
considerar igualmente competente o direito interno português:
O problema é que a norma de conflitos italiana remete para a lei da nacionalidade que
são os EUA: portanto fica excluído o âmbito de aplicação do art. 18.º do CC:
Caso 23.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
L2- por hipótese, para a lei inglesa por ser o sistema dentro da ordem jurídica complexa
da nacionalidade, que tem conexão mais estreita com o de cuiús (interpretação restritiva
do art. 20.ºCC).
O art. 17º, nº 1 admite a transmissão de competência: se, porém, o DIP da lei referida
pela norma de conflitos portuguesa remeter [leia-se, aplicar] para outra legislação e esta
se considerar competente para regular o caso, é o direito interno [leia-se, Direito
material] desta legislação que deve ser aplicado. É necessário, pois, que L2 aplique
outra ordem jurídica estrangeira (e não a lei do foro) e que esta aceite a
competência.
Cessa o disposto no nº 1, se (art. 17º, nº 2): … a lei referida pela norma de conflitos
portuguesa for a lei pessoal e o interessado residir habitualmente em território
português não é o caso) ou em país cujas normas de conflito considerem competente o
Direito interno [leia-se, Direito material] do Estado da sua nacionalidade .
Este preceito obstaria em preincípio ao reenvio uma vez que que o DIP do país da
última residência habitural considera o Direito da nacionalidade (direito inglês).
Art. 17/3.º
Caso n.o 22
Adalberto e Belarmina, cidadãos dos EUA, consultam-no, pois pretendem saber se têm
capacidade para contrair casamento. Apesar de residirem habitualmente em França
desde 2007 (anteriormente residiam em Nova Iorque), o seu sonho é casar em Sintra.
b) o direito internacional privado de Nova Iorque submete a capacidade para casar à lei
L1 (art. 49.º CC e art. 31/1.º CC manda aplicar a lei da nacionalidade que é a lei
americana) a L2 (manda aplicar a lei da celebração do contrato – PT – faz referência
material para PT), uma vez que existe a aplicação da L2 pela L1 vamos recorrer ao art.
18/1.º CC , o art. 18/1.º está preenchido, o art. 18/2.º / 1ª parte não está preenchido mas
a segunda parte está, porque o Estado americano aplica a lei material portuguesa – agora
improta saber se existe alguma coisa que faça parar o reenvio o art. 19.º do CC, o art.
19/1.º está preenchido porque o 16.º faz referência material à L2 uma vez que o estado
português priva a capacidade matrimonial que de outra forma pela lei dos EUA não é
privada, portanto o art. 16.º faz a questão ser válida ao contrário do art. 18.º CC.
L1 (a francesa) ! Lei da nacionalidade que é dos EUA (L2) – faz devolução simples
(remete mas não aplica), ! L3 (portuguesa) – mas a L3 cessa a capacidade de contrair
matrimónio, portanto aplicamos a L2.
CASO N.O 28
António, cidadão brasileiro com residência habitual em Portugal, pretende casar com
Beatriz, cidadã portuguesa com residência habitual em Portugal e mãe de 2 filhos.
António e Beatriz pretendem casar em Portugal.
Casos Práticos Joana Costa Lopes
Beatriz quer casar com António em comunhão geral de bens, mas o conservador do
registo civil português recusa-se a casá-la nesse regime, com fundamento no artigo
1699.o, n.o 2, do Código Civil português.
Admita que:
b) segundo o art. 10.o da Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro, a “sucessão por
morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”;
d) o art. 16.o, n.o 1, da Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro estabelece que a
referência das regras de conflitos brasileiras a uma ordem jurídica estrangeira é uma
referência material;
e) o Código Civil brasileiro não prescrevem restrição equivalente à do art. 1699.o, n.o 2,
do Código Civil português e permite a escolha do regime de comunhão geral de bens.
Atenção ao art. 1720/b) do CC: porque neste caso concrento – a matéria é matéria
pertencente à matéria familiar, sendo certo que o ratio desta alínea +e proteger o
cônjuge, não é de matéria sucessória.
L1 (lei brasileira manda aplicar a lei do domicílio dos nubentes) ! L2 (lei portuguesa,
considera-se competente – art. 53/2.º CC, sendo certo que também à referência material
para a lei portuguesa, mas a lei portuguesa diz que não pode atribuir capacidade para
contrair casamento em regime de comunhão de bens a Beatriz por causa do art. 1699/2.º
CC)
• Apenas uma regra de conflitos remete para a norma material – é esta a norma
material aplicável – portanto art. 1699/2.º CC?
Caso n.o 29
Por que razão decidiu Portugal participar na cooperação reforçada que culminou
com a aprovação do Regulamento (UE) 2016/1104 do Conselho, de 24 de junho de
2016, que implementa a cooperação reforçada no domínio da competência, da lei
aplicável, do reconhecimento e da execução de decisões em matéria de efeitos
patrimoniais das parcerias registadas?
✓ Dada a redacção do art. 3.º, n.º1, a), do Regulamento 2016/1104, que define,
para efeitos da sua aplicação, parcerias registadas como “o regime de vida em
comum entre duas pessoas em que é previsto por lei, cujo registo é obrigatório
ao abrigo dessa lei e que satisfaz as formalidades legais exigidas por essa lei
para o seu estabelecimento”, e o teor do Considerando 16: “…devendo
distinguir-se entre os casais cuja união é formalmente consagrada pelo registo de
uma união junto de uma autoridade pública e os casais que vivem em união de
facto. Embora alguns Estados -Membros regulamentem as uniões de facto, estas
Casos Práticos Joana Costa Lopes
✓ Caso não o façam, e podem efectivamente não o poder fazer no caso previsto no
art. 9.º, n.º 3, devem conhecer a questão e aplicar a lei correspondente, nos
termos do Regulamento 2016/1104. E se a lei aplicável for a portuguesa (ou
outra) que não reconhece este tipo de pareceria registada nem lhe atribui (quase)
nenhum efeito patrimonial?
✓ Esta pode ser uma situação delicada para as partes embora seja residual ou até
meramente académica: na realidade, não só podem as partes evitar a situação
através de um pacto de jurisdição e colocando a acção no Estado-Membro onde
registaram a parceria, por exemplo, como podem escolher a lei, nomeadamente a
lei do Estado segundo a qual estabeleceram a parceria que será, aliás, a lei
supletivamente aplicável na falta de escolha (art. 26.º).
✓ Além do mais, a escolha de lei deve ser em favor de uma lei que atribua
efeitos patrimoniais à união de facto registada (art. 22.º) e se tal não
acontecer aplica-se a lei supletiva com as mesmas consequências.
Caso n.o 30
FRAUDE À LEI
§1: NOÇÃO A fraude à lei consiste na utilização de um tipo negocial não proibido para
contornar uma proibição legal. Desta feita, as partes conseguem alcançar o resultado
que a norma proibitiva visava evitar. Em Portugal, o instituto da fraude à lei constitui
um instrumento da justiça da conexão e um limite ético à autonomia privada na
modelação do conteúdo concreto dos elementos de conexão.
Elementos de fraude:
Casos Práticos Joana Costa Lopes
• Elemento objectivo
• Doutrina recente e art. 21º: o Estado do foro não pode recusar a naturalização, mas
sim a produção de efeitos na aplicação da norma de conflitos. A fraude à lei
estrangeira também deve ser sancionada.
• A lei estrangeira defraudada não sanciona a fraude mas está em causa, do ponto de
vista do DIP do foro, um princípio do mínimo ético nas relações internacionais.
Caso n.o 31
António, português, quer privar da legítima, Bruno, seu filho, para deixar todos os seus
bens a Carla, sua segunda mulher. Com vista a obter este resultado, António obtém a
Casos Práticos Joana Costa Lopes
nacionalidade do Reino Unido e dispõe, ao abrigo do Direito inglês, dos bens imóveis
que se situam em Portugal e que integram toda a sua herança a favor de Carla.
Atendendo a que:
d)Os tribunais ingleses praticam a dupla devolução. Admitindo que António veio a
falecer em 30 de Maio de 2015:
▪ Procedimento pelo qual o particular utiliza um tipo legal em vez de outro a fim
de provocar a consequência jurídica pretendida;
▪ A pessoa manipula um tipo legal com vista a obter uma consequência jurídica.
§ Pressupostos
a) O seu objecto é constituído pela norma de conflitos (ou parte da norma) que manda
aplicar o direito material a que o fraudante pretende evadir-se, contanto que seja
afectado o fim da norma material a cuja aplicação o fraudante quis escapar;
d) Intenção fraudatória.