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CASOS PRÁTICOS I
a. O pedido
e. A causa de pedir (é útil o art. 581.º/4) – conceitos jurídicos não integram a causa de pedir, apenas factos
1. A descobre que o seu cônjuge B teve relações sexuais com C. A instaura contra B uma ação
MTS – ausência de factos complementares leva a chamada para complementar, da petição inicial através do
despacho pré saneador, para LEBRE DE FREITAS, gera ineptidão
€150.000, procedendo ao seu registo. Nesse Verão, ao chegar à casa, percebe que esta está
ocupada por C, que se recusa a sair. Assim, A instaura contra C uma ação de reivindicação do
imóvel.
a) Ação de reivindicação
b) Constitutiva
c) Art. 302 – 150.000
d) .
e) Celebração do contrato e ocupação
€9.000. Entregue o quadro, B recusa-se agora a pagar. A instaura uma ação de cumprimento.
a) Pagamento do preço
b) Condenação
c) Art. 302 – 9 mil
d) .
50.000 euros, o qual foi incumprido por este último. A, promitente-comprador, requer a
5. B chocou com o carro de A, por estar a guiar distraído ao telefone, partindo o braço de A e
danificando o seu carro. A intenta contra B uma ação judicial na qual pede uma indemnização
prazos acordados, B não pôde começar a viver na sua casa, pelo que teve de viver num hotel
durante um mês. B instaurou uma ação judicial pedindo uma indemnização pelos prejuízos
a) Indenização de 3740.98
b) Condenação
c) 3748
d) .
e) Contrato de empreitada e a não entrega da obra atempadamente
a) Reconhecimento da paternidade de B
b) Constitutiva
c) 30001 – art. 303
d) .
e) Nascimento do filho
8. A celebra com B um contrato de compra e venda de uma casa, pois este mostrou-lhe
documentos e brochuras que demonstravam que o local onde o imóvel se situava era
despoluído e seguro. Vindo a perceber, uma semana depois, que tinha sido enganado, A
propõe uma ação contra B, pedindo ao tribunal a anulação do contrato com base em dolo.
a) Nulidade do contrato
b) Simples apreciação
c) Não
d) .
e) Nulidade baseado em erro
Acórdão
Segundo A. Anselmo de Castro, para a teoria da individualização, “a alegação dos factos é apenas condição
do êxito da acção, não elemento individualizador”. Como exemplo, aponta o direito de propriedade ou os
próprios direitos absolutos: “seja qual for a causa de pedir concreta da relação jurídica invocada, tais direitos
são sempre os mesmos, individualizando-se pelo objecto e não pela causa”. E “assim, numa acção de
reivindicação, a causa de pedir será o direito de propriedade em si próprio, dado que tal direito é o mesmo,
quer tenha como fonte a sucessão, a compra e venda, a prescrição, a doação ou qualquer outro título”.
Consequentemente, “no domínio dos direitos absolutos, o âmbito do objecto do litígio reveste maior
amplitude na teoria da individualização, pois se coenvolverão na acção todas as possíveis causas de pedir
concretas”.
“Pelo contrário – continua, embora advertindo mais adiante que a noção de causa de pedir pode variar
conforme os efeitos, exemplificando com o caso julgado, e embora entendendo que é esta a que a nossa lei
consagra – para a teoria da substanciação, a causa de pedir, ainda nos direitos absolutos, será o facto
gerador do direito, divergindo a acção sempre que seja diferente o facto constitutivo invocado (diferente
como acontecimento concreto)”.
Para o mesmo autor, segundo a teoria da individualização, “direitos, como a propriedade, susceptíveis de
identificar-se pelo seu objecto, independentemente do facto concreto invocado como causa de pedir, o caso
julgado envolverá todos os factos constitutivos do direito” e “contrariamente, na teoria da substanciação,
sem distinção da natureza do direito, todas as acções se configurarão por ambos os elementos: pedido e
causa de pedir concreta.”
Segundo Lebre de Freitas, “Para a teoria da individualização, bastava ao autor indicar o pedido, com o que
todas as possíveis causas de pedir podiam ser consideradas no processo, de tal modo que, ao responder
afirmativa ou negativamente à pretensão, a sentença decidia em absoluto sobre a existência ou inexistência
da situação jurídica afirmada pelo autor”. E exemplifica: “afirmada a titularidade do direito de propriedade,
todas as causas possíveis de aquisição do direito podiam ser consideradas no processo, com a consequência,
no caso de absolvição do pedido, de não poder o autor propor nova acção em que alegasse uma causa de
pedir que não tivesse sido efectivamente considerada no processo anterior”.
“Para a teoria da substanciação – que considera também ser a inequivocamente considerada na nossa lei –
ao invés, a afirmação da situação jurídica tem de ser fundada em factos que, ao mesmo tempo que integram,
tal como os outros factos alegados pelas partes, a matéria fáctica da causa, exercem a função de
individualizar a pretensão para o efeito de conformação do objecto do processo.”
Segundo este autor, a definição do artº 498º, nº 4, “aponta, como referência fundamental do conceito, para
as normas de direito substantivo em cuja previsão se contém o facto para a qual estatuem o efeito jurídico
pretendido”, embora noticie que, a partir de certos casos concretos em que o efeito jurídico pode ser obtido
a partir de mais do que uma norma de direito material e em que, portanto, o conceito de causa de pedir teria
de ser alargado por forma a abranger a fatispécie de várias normas implicadas, o núcleo deste (causa de
pedir) foi-se deslocando, na Doutrina, para o “acontecimento natural” ou para o “acontecimento histórico”
ou, ainda, para o “acontecimento da vida”, conclui que aquele conceito mantém a sua valia, embora
temperado pela ideia de que “o acontecimento da vida narrado pelo autor é susceptível de redução a um
núcleo fáctico essencial, tipicamente previsto por uma ou mais normas materiais como causa do efeito
pretendido”.
Igualmente Antunes Varela concorda que a nossa lei adjectiva rejeitou a teoria da individualização e
consagrou a da substanciação, a qual “exige sempre a indicação do título (facto jurídico) em que se baseia o
direito do autor”, ao passo que aquela “prescinde, pelo contrário, da indicação desse título, sempre que,
como sucede nas acções reais (e ao invés do que sucede nas acções creditórias), ela não seja necessária para
identificar o direito invocado pelo autor”. Daí a importância da alusão ao facto concreto (ocupação, acessão,
usucapião), sendo certo que a instauração de uma acção com base na usucapião não obsta à instauração de
uma nova acção com base noutro título. Isto porque, na sentença, “só constituirá caso julgado a resposta
final dada à pretensão concretizada no pedido e coada através da causa de pedir”, concluindo que a nossa lei
perfilha uma concepção mais restrita da eficácia de caso julgado, confinando a respectiva autoridade à
relação jurídica que serve de base à pretensão e afastando-a de todos os motivos da decisão que com aquela
se não conformem.
Também A. S. Abrantes Geraldes refere que é clara, no nº 4, do artº 498º, a opção legislativa pelo sistema da
substanciação da causa de pedir em detrimento do da individualização. Neste, “bastaria a indicação do
pedido, devendo a sentença esgotar todas as possíveis causas de pedir da situação jurídica enunciada pelo
autor, impedindo-se que após a sentença houvesse alegação de factos anteriores e que porventura não
tivessem sido alegados ou apreciados”. Naquele, é necessário “articular os factos de onde deriva a sua
pretensão, formando-se o objecto do processo e, por arrastamento, o caso julgado, apenas relativamente
aos factos integradores da causa de pedir invocada”.
Assim, “a causa de pedir é integrada pelo facto ou factos produtores do efeito jurídico pretendido e não deve
confundir-se com a valoração jurídica atribuída pelo autor, a qual, de todo o modo, não é vinculativa para o
tribunal, devido ao princípio, consignado no artº 664º, segundo o qual o tribunal conhece oficiosamente do
direito aplicável”, ou seja, “a causa de pedir é consubstanciada tão só pelos factos que preenchem a previsão
da norma que concede a situação subjectiva alegada pela parte”.
Dicas caso 2:
Analise objeto: pedido, causa de pedir, cumulação existe?, é aceitável? Se não for, quais as consequências
Defesa apresentada: qualificar a defesa, possível replicar ou responder? Se sim, em que momento
CASOS PRÁTICOS II
- Há cumulação? Sim, simples, uma vez que estamos diante da mesma relação jurídica, os pedidos não são
incompatíveis, as duas ações têm processo comum e supõe-se que o tribunal é o tribunal competente
Correção:
Os pedidos são simples porque o autor pretende que os dois pedidos sejam procedentes. A compatibilidade
substantiva quer dizer que, sendo os dois pedidos procedentes, não podem ser contraditórios na prática. A
compatibilidade processual significa que as formas do processo são iguais, e a competência do tribunal.
Há quem entenda que a conexão objetiva é requisito e há outra doutrina que diz que não, como MTS, que diz
que é desejável, e aplica nos casos em que não exista a conexão objetiva o art. 37/4, e quando existe
conexão, aplica-se o art. 38, nesse, não há uma ponderação pelo juiz. Se considerarmos que a conexão é
requisito, o juiz chama o autor a escolher um dos pedidos.
Nesse caso, há conexão objetiva por ter a mesma causa de pedir. Ir sempre ao 36, porque na cumulação há
um requisito à coligação de autores
b. Imagine agora que B. contesta invocando que o prazo para arguir a anulabilidade do negócio já tinha
decorrido. Como qualifica a defesa apresentada?
Quando o réu contesta a pretensão do autor baseando-se na decorrência do prazo para arguir a
anulabilidade, estamos diante de uma defesa por exceção perentória, prevista no art. 576/3, e a modalidade
presente é a extintiva uma vez que consiste na alegação de um facto (decurso do prazo) que extingue o
direito do autor, tendo por decorrência a absolvição do reu do pedido.
Correção:
A prescrição é uma exceção perentória modificativa porque Converte obrigação exigível coercivamente numa
obrigação natural
A defesa apresentada consiste numa exceção perentória extintiva, o qual foi alegado um fato novo, a
caducidade do prazo para arguir a anulabilidade do contrato, dessa forma, de acordo com o art. 3/4 e com o
princípio do contraditório, o autor tem direito a replica que terá lugar na audiência previa, art. 591, e se não
for possível, na audiência final, art. 604.
Correção:
2. C. celebra um contrato com D. para que este lhe forneça 30 maçãs. D. não o fez, pelo que C. propõe
contra ele uma acção em que pede o cumprimento do contrato, e a declaração da sua nulidade por ter
feito a sua declaração negocial sob coacção moral.
- Causa de pedir: não fornecimento das maças e ter feito a declaração negocial sob coação moral
- Há cumulação? Não, uma vez que os pedidos se neutralizam já que o reconhecimento da nulidade do
contrato implica a não produção de efeitos jurídicos, e não poderia existir em simultâneo com o pedido de
cumprimento.
Correção:
A cumulação de pedido existe, mas é invalida por faltar o requisito da compatibilidade inicial. A consequência
processual disso é a ineptidão da petição inicial
Ineptidão da petiça
b. Imagine agora que B. contesta invocando que a consequência da coacção moral não é a nulidade, mas
sim a anulabilidade do contrato. Como qualifica a defesa apresentada?
Nesse caso estamos diante de uma impugnação de direito uma vez que o reu contradiz o efeito jurídico, de
nulidade, que foi alegado pelo autor.
Não.
3. E. e F. celebraram um contrato em que aquele se obriga a vender a este um carro de colecção dos anos
20 ou um carro de colecção dos anos 50 pelo mesmo preço de 15.000 euros, ficando a escolha do carro de
colecção a vender ao critério de F.. Acordaram ainda que a entrega do carro de colecção ocorreria no prazo
de uma semana na casa de F., no Porto. Apesar de já ter recebido o preço, E. recusa-se a entregar qualquer
dos carros. F. propõe acção contra E. em que pede a entrega de um deles. Quid iuris?
F comprador - credor – pagou – escolha do carro - propõe ação sem determinar a prestação
Nest caso, há um pedido de cumprimento do contrato de compra e venda, celebrado entre E e F, a causa de
pedir é o contrato de compra e venda, mas estamos perante uma situação de alternatividade, em que as
obrigações são originalmente alternativas, como previstas no art. 543 do CCiv, neste caso, a escolha por corre
por conta de F, e E é exonerado da obrigação ao cumpri-la.
Estudar situação da escolha, há doutrina que se o autor propõe a açao, deve já ter escolhido!
Correção:
Estamos ao abrigo de um pedido alternativo, uma vez que estamos diante de uma obrigação
alternativa prevista no art. 543 do CCiv. Aqui, o autor/credor precisa fazer a escolha, já que cabe a ele. Sobre
pena da sua petição ser considerada inepta. O que acontece relativamente à escolha é que há uma
divergência, no caso de MTS, a escolha não tem que ser feita aquando da propositura da ação mas sim na
execução. A ausência de escolha pode ser uma estratégia, contudo, admite-se a posição contraria que
conjuga a posição do art. 549 e art. 542/2 do CCiv, dizendo que o F tem que fazer a escolha aquando da
propositura da ação e deve então passar a ser do credor.
CASO III
a. Na contestação, M afirma que estes pedidos não podem ser formulados na mesma ação. Tem razão?
Não. Nesse caso estamos diante de pedidos subsidiários, o pedido da prestação de facto, que é
principal, e o pedido da indenização por incumprimento. O art. 554 permite a existência de pedidos
subsidiários e o nº 2 remete para os requisitos da coligação previstos no art. 36 que diz que é necessário que
a causa de pedir seja a mesma e única, o que se verifica com a contrato de prestação de serviço.
Correção:
Nesse caso, estamos diante de uma exceção dilatória, uma vez que o réu alegou questões processuais que
obstam o tribunal de conhecer do mérito da causa, essa exceção está prevista no art. 576 do CPC, e a
consequência da procedência dessa ação é a absolvição do réu da instância
Correção:
A replica é um articulado, uma replica processual, como articulados temos a petição inicial, a
contestação e se houver lugar, a replica. A resposta é o exercício do direito contraditório nos factos trazidos
como novos, na audiência previa ou na audiência final, e pode ser exercido oralmente, diferente dos
articulados que são escritos. Quando não há replica, pode haver respostas, são figuras autónomas. A
ineptidão da petição, art. 186/2 al. c) surge quando o problema da cumulação e esta relacionada com a
compatibilidade substantiva, tendo em conta que estamos diante de uma cumulação subsidiária, e não é
requisito a compatibilidade substantiva, então a consequência só poderia ser, já que estamos em exceção
dilatória, a absolvição do reu da instancia ou remessa pro tribunal
b. M alega ainda que não pintou o vitral porque O não lhe pagou o preço acordado. Qualifique o tipo de
defesa apresentado e as consequências processuais.
Quando M alega que não pintou o vitral porque O não lhe pagou, estamos diante de uma exceção perentória
modificativa, uma vez que o réu alega factos de caráter inovatório, o que acarreta na absolvição do réu do
pedido como previsto no art. 576/3.
Correção:
Estamos diante de uma exceção perentória modificativa se for temporária (porque é até ao pagamento do
preço, art. 610), o tribunal diz que ou M esta obrigado a pagar o vitral assim que O lhe pagar o preço, mas o
O pode nunca lhe pagar e o M nunca mais pintar o vitral. O réu deveria alegar a exceção e a titulo
reconvencional pediria o pagamento do preço, pois se não fiz o tribunal apenas diz que M é obrigado a
pintar o vitral quando O lhe pagar o preço, podendo O nunca lhe pagar, já no caso de reconvenção, o M vai
pagar o vitral assim que O lhe pagar o preço, reconhecendo o direito de crédito e sendo uma sentença que o
réu pode executar contra o autor.
c. Imagine que, já durante o decurso da ação, O descobre que quando M andou a fazer estudos para a
instalação do vitral, partiu um vaso muito valioso.
Correção:
Há que conciliar a matéria da modificação do objeto com os articulados supervenientes, isso porque há duas
possibilidades de modificar, há o princípio da estabilidade da instância e é esse que norteia a aceitação da
modificação do objeto: Há duas possibilidades, alterar (reduzir, ampliar modificar) por vontade estratégia ou
a necessidade (de ampliar reduzir ou trocar) por circunstâncias supervenientes, em que a circunstância
fáctica ainda não existia. Isso porque, nos articulados supervenientes há uma maior amplitude de
modificação do objeto, diferente de quando é apenas pela vontade.
Art. 264, os pedidos primitivos estão relacionados com responsabilidade civil, e esse primeiro pedido
estamos diante de uma responsabilidade extracontratual. A superveniência pode ser objetiva ou subjetiva,
nesse caso, estamos diante da última. MTS entende que a modificação que ocorra por efeito de um
articulado superveniente não esta sujeita aos limites do art. 265, fazer a modificação pelo art. 578 isso pelo
principio da economia processual
a. Pode ainda pedir uma indemnização por este dano? – pode pedir uma indemnização a acrescer?
Correção:
Embora se trate de uma troca, era necessário analisar os mesmos critérios. MTS nos diz que se o
legislador pressupor a possibilidade de redução e ampliação do pedido, então também deve estar abrangida
a possibilidade de troca dos pedidos, ou seja, se houver troca dos pedidos e causa de pedir., esta troca,
apesar de não ter previsão legal expressa, fica-nos art. 265. Mas não é possível esquecer que estamos no
âmbito da superveniência, então, não aplicamos o 266 mas sim o 588 uma vez que há pedidos e causas de
pedir totalmente diversos.
2. E propôs ação de reivindicação contra F, pedindo a restituição de um apartamento que diz ser seu, no
valor de 150.000,00 euros, invocando que é proprietário por a ter comprado a Z. F, na contestação, diz que
não sabe se tal contrato de compra e venda foi ou não celebrado, mas que tem direito a ocupar o
apartamento por ser usufrutuário, visto que celebrou um contrato com Z pelo qual adquiriu esse direito.
Correção:
Estamos no âmbito de uma ação de restituição, e quer dizer que se pretende que seja devolvido
aquele imóvel, estamos diante de uma exceção perentória impeditiva ( a impeditiva obsta o preenchimento
da norma legal e impede a consequência jurídica visada), uma vez que o usufruto impede o exercício da
restituição e não modifica. Não há lugar a replica uma vez não estarmos perante reconvenção e nem uma
açao de simples apreciação negativa. Mas já há direito de resposta pelo princípio do contraditório.
b. Que temas de prova deveria o juiz fixar, caso não F não tivesse respondido?
Correção:
O proprietário não fez prova da sua qualidade de proprietário, o título que confere a propriedade é o
contrato, mas não há indicação que o contrato está no processo, é obrigatória a junção da prova documental
nesse caso.
Há aqui também a matéria da revelia, que quer dizer que o reu não contestou, está, em princípio,
ausente do processo, isso porque a revelia pode ser absoluta (reu não deu sinal de vida no processo), relativa
(reu não apresentou contestação, mas interveio no processo), operante (a falta de contestação do reu
tornam os factos confessados), inoperante (aquela revelia não produz efeitos. confissão dos factos), art. 568
al d) a revelia é inoperante, o que quer dizer que a celebração do contrato de compra e venda esta sujeita a
prova, e se não for produzida, a ação é improcedente.
Na revelia o reu não apresenta de todo contestação, mas na situação do art. 574 o reu apresenta
uma contestação, mas há um conjunto de factos que não impugna, e apenas estes são admitidos por acordo.
Há doutrina que fale de contestação material, por exemplo, condenação no pagamento de 5 mil
euros, o reu não faz uma contestação que cumpra os requisitos mas apresenta um comprovativo de
pagamento, o reu não tem os factos por confessados
c. F, ainda na contestação, pede que o tribunal declare a existência do usufruto, ou, caso o usufruto não
fique demonstrado, que condene E no pagamento de 3.000 euros, valor que gastou na remodelação da
cozinha. Pede ainda que E seja condenada a devolver-lhe 10.000 euros que F lhe emprestara. Pode fazê-lo?
Neste caso, a contestação de F configura uma exceção perentória modificativa-impeditiva, uma vez
que F, ao pedir que o tribunal declare a existência do usufruto, alega factos que obstam o exercício do direito
alegado por E, essa exceção vem prevista no art. 576/3 do CPC. Contudo, o réu apresenta uma reconvenção a
titulo subsidiário pelo pagamento de 3 mil euros que gastou com a remodelação da cozinha caso a primeira
defesa não seja procedente.
A reconvenção vem prevista no art. 266 do CPC e tem requisitos processuais e materiais. Quanto aos
requisitos processuais, importa mencionar que são aqueles que normalmente são exigidos, como a
competência em razão da matéria, da nacionalidade e da hierarquia (juizo local cível, art. 130 da LOSJ,
tribunal de comarca) o que se verifica aqui (o nº 3 do art. 266 refere a exigência da mesma forma de
processo, caso estes não estejam preenchidos, o reconvindo pode ser absolvido da instância reconvencional.
Quanto ao requisito material, este traduz-se na conexão objetiva entre o pedido do autor e o pedido
reconvencional, tendo em conta que a causa do pedir é o direito de propriedade de E, essa conexão se
justifica.
A reconvenção é pedida ao abrigo do art. 266/1 al. b) quanto as despesas, e possibilita o pedido de
reconvenção subsidiário quando o pedido originário, do autor, seja procedente, o ponto que se coloca é o da
possibilidade de cumulação de pedido na reconvenção, tendo em conta que os requisitos processuais são os
mesmos, e considerando um principio de economia processual, caso existisse uma conexão objetiva entre o
pedido de pagamento aquando de um contrato de mutuo e o direito de propriedade de E, poderia existir
uma cumulação de pedidos nos termos dos art. 55, mas uma vez que essa conexão não se verifica, não há
motivo que justifique que haja uma cumulação na reconvenção.
Correção:
Pedido 2 – benfeitorias
A reconvenção é admissível de um pedido decorrente de facto que foi alegado em sede de defesa,
art. 266/1. A reconvenção é um contra pedido do autor, e estão sujeitos a mesmas exigências que uma
petição inicial do autor, é necessário alegar a causa de pedir do pedido reconvencional, isso para dizer que
também no pedido reconvencional pode haver uma convenção com uma cumulação subjacente.
A questão acaba por ser estratégica, o autor pede a declaração de existência do usufruto por exceção
impeditiva, mas o reu aproveita a mesma açao e vai mais longe, pede que o seu direito ao usufruto seja
reconhecido por sentença judicial que vai servir perante uma ou qualquer pessoa, e entao reconvem.
Há aqui duas cumulações, uma subsidiaria entre o 1 e 2/3, e uma simples e o pedido 2 e 3. Quanto
ao terceiro pedido da reconvenção de 10 mil euros, não podemos aplicar a al. da compensação, mas também
não temos o pedido formulado pelo reu o pedido da compensação, apenas pede uma devolução, e ainda que
o credito do autor fosse uma quantia pecuniária, se o reu não pedir a compensação, não podemos aplicar a
al. c).
Atendendo a que o requisito da conexão objetiva não esta preenchido, verifica-se uma exceção
dilatória inominada e por isso esse pedido não é admissível a titulo de reconvenção mas a reconvenção
continua. Caso esse pedido não caísse, não haveria nenhuma incompatibilidade substancial, quanto a
compatibilidade processual, não segue a forma da AECOP ou injunção, seguindo a doutrina mais restritiva,
mas, de acordo com a adequação formal seria possível ultrapassar. Aqui, quanto a competência, temos de
falar da absoluta
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3. A “crise mundial” levou a que as famílias P e Q, para manter as aparências, pedissem a um vizinho
comum, R, alguns empréstimos. Assim, P, desejando oferecer ao seu filho de 19 anos um bom automóvel,
pediu a R um empréstimo de 35.000 euros. P não pagou o empréstimo na data convencionada, pelo que R
propôs uma acção declarativa no Tribunal de Santarém. Do mesmo modo, Q, querendo oferecer um cavalo
à sua filha, pediu a R um empréstimo de 15.000 euros. Este empréstimo também não foi pago.
Q – R – 15 mil
Neste caso, foram realizados dois empréstimos, um entre P e R de 35 mil euros e outro entre Q e R
de 15 mil euros, a questão a saber é se R pode demandar P e Q conjuntamente uma vez que ambos
incumpriram os respectivos contratos de mútuo. Aqui, estaria em causa uma coligação passiva, em que R
demandaria P e Q por pedidos diferentes, mas a questão é que essa coligação não é procedente uma vez
que, ao abrigo do art. 36/1 do CPC, é preciso que exista a mesma causa de pedir ou que haja uma relação de
subordinação ou prejudicialidade entre os pedidos, o que não se verifica aqui.
Correção:
Era possível uma coligação passiva pelo art. 36/2 uma vez que aqui, mesmo não tendo a mesma
causa de pedir, “ou da interpretação e aplicação das mesmas regras jurídicas” e citar tambem a economia
processual. Quanto à compatibilidade processual, se entendêssemos que se aplicava o regime da AECOP,
entao estaria em causa um pedido com forma comum e outro com forma especial e pode, nesse âmbito, o
juiz em sede de adequação formal, de unir esses processos
b. Imagine que a ação é proposta apenas contra P, e que este, na contestação, invoca ainda que no passado
emprestara 45.000 euros ao autor, pelo que não deve ser condenado a pagar-lhe nada. Qualifique esta
afirmação do réu.
Neste caso, a questão passa por qualificar a defesa de P quando alega que tinha um contrato de
mútuo celebrado com R que não foi pago no valor de 45 mil e pede, por via da compensação, a extinção do
crédito do valor de 35 mil euros. A compensação, de acordo com o art. 847 do CCiv, opera como um modo de
extinção do crédito e com uma declaração de uma das partes. Foi alvo de discussão na doutrina se essa
defesa deveria ser considerada uma exceção perentória extintiva ou deveria ser deduzida a titulo
reconvencional ao brigo do art. 266/1 al. c) primeira parte. LEBRE DE FREITAS, sufraga a tese de que a
compensação deve ser sempre invocada por exceção perentória só existindo pedido reconvencional nos
casos em que o contra credito do réu é superior ao credito invocado pelo autor e apenas se o réu pretender
exercer o seu direito quanto a esse excedente, sendo essa a tese sufrada também pelo Supremo Tribunal de
Justiça através do assento de 2 de julho de 1974. Dessa forma, pretendendo P apenas a extinção da sua
obrigação por compensação do credito que tinha com o autor no valor de 35 mil euros, e não tendo,
aparentemente, interesse em ser restituído do excedente de 10 mil euros, a contestação deveria ser
interpostas a titulo de exceção perentória, que está prevista no art. 576/3, e, uma vez sendo procedente,
gera a absolvição do réu do pedido e a extinção do credito.
Correção:
A doutrina que ISABEL ALEXANDRE segue é que o CPC diz, no art. 266 que o pedido é na
reconvenção. Havia a doutrina que dizia que era sempre a titulo reconvencional, e há doutrina que dizia que
apenas a titulo reconvencional seria o excedente. Sempre falar dessa discussão mesmo que já resolvida pelo
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código. Hoje, a doutrina entende que a compensação é sempre uma reconvenção isso porque a
compensação implica no reconhecimento implícito do crédito, e esse é um novo pedido e por isso ser
necessário uma reconvenção.
Correção:
Correção:
A questão é, atendendo que é um facto sujeito a forma escrita, deve constar no art. 596? Ou
quando deve estar assente? (provado), não faz sentido esse facto estar no 596 porque já tem
que estar provado, isso porque a celebração do contrato é a causa de pedir e é necessário fazer
prova, e o momento da prova documental é no articulado. Se o contrato está sujeito a prova
escrita, essa deve ser junta com o articulado, se não o for, o juiz nos termos do art. 590/2 vem
pedir para o autor juntar os documentos no processo, e se isso não for feito, a ação cai,
despacho saneador, sentença. O reu não contestou, mas sua revelia é inoperante, seu facto não
fica assente. O art. 590/3 acontece antes do despacho saneador.
Ónus
Inversao
Valor probatorio
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Foi celebrado um contrato de mútuo nos termos do art. 1143 do CCiv que estabelece a
forma de escritura publica ou documento particular autenticado pelo valor ser de 50 mil
euros. Tanto a escritura publica quanto o documento particular autenticado fazem prova
plena pelo disposto nos art. 371 e 376 do CCiv, o que significa que só cedem mediante prova
em contrário. Como o contrato é a causa de pedir, supõe-se que o contrato foi juntado pelo
autor na petição inicial na fase dos articulados, como consta no art. 423/1. Quanto à
possibilidade de prova testemunhal, dispõe o art 393/2 do CCiv que não é admitida pelo fato
estar plenamente provado por documento com força probatória plena
Caso “os termos” em que se acordam se refira ao contrato de mútuo previsto no art. 1143 do
código civil, há uma forma requerida por lei que é da escritura pública ou um documento
particular autenticado. Para um documento ser um documento particular autenticado, há
que ter o reconhecimento notarial, como previsto no art. 363 do CCiv, assim como a escritura
pública deve ser exarada pelas autoridades públicas. Caso o contrato seja apresentado sem
alguma dessas formas, o juiz, através do principio da adequação formal e do previsto no art.
590/3 do CCiv, convida o autor a suprir a sua irregularidade na petição inicial, uma vez que,
pelo contrato ser a causa de pedir e para que tenha valor probartório de prova documental,
só pode ser apresentado nos termos explicitados.
Correção:
Art. 364/1, o documento que queriam apresentar tem força probatória bastante e a escritura
publica tem força probatória plena, não podendo aquele substituir por ter força probatória
inferior, então não é admissível
e. Na contestação, B alega que já pagou, mas A afirma que é mentira. B pode chamar os
mesmos amigos para testemunharem no sentido de o terem visto entregar um mês depois,
em notas, €50.000 a B?
Neste caso, A apresenta uma defesa por exceção perentória extintiva, prevista no art. 576/2,
uma vez que o pagamento consiste na extinção da obrigação como previsto no art. 762 do
CCiv. O art. 395 do CCis dispõe que não é admitida prova testemunhal relativa aos factos
extintivos da obrigação, dessa, dá-se a importância do documento de quitação aquando de
obrigações que que exigem essa forma especial.
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Neste caso, está em causa o fato de que o réu, na posse do documento que constitui meio de
prova, culposamente ter destruído o mesmo. O art. 417 do CPC estabelece o dever de
cooperação em busca da descoberta da verdade, e o nº 2 estabelece que o juíz “aprecia
livremente para efeitos probatórios” o que significa que confronta com outros meios de
prova de apreciação livre.
Uma vez que a recusa ocasionou a destruição da prova pela parte não onerada, há lugar a
inversão do ónus da prova, prevista no art. 344/2. – condenar o reu do pedido? Não, é o
próprio reu quem destrói o meio de prova para averiguação da verdade, servindo aqui, o art.
417, como uma sanção.
Correção:
Correto + o tribunal não decide da procedência ou improcedência do pedido com base nisso,
porque a consequência é a inversão do ónus da prova, não há logo a condenação do pedido
Caso se tratasse da compra e venda de um bem móvel, não há necessidade de forma especial, e já
não se faz necessário apresentação de algum documento no articulado para integrar a causa de
pedir, dessa forma, a prova testemunhal é admitida nos termos do art. 392 e 393/2 do CCiv a
contrario.
Liberdade de forma, não aplica o art. 393. É possível apresentar um guardanapo onde estão os
termos do negócio? Sim, também não há a limitação do art. 364, sendo assim, o documento com
prova bastante, é possível. Há aqui uma inversão do ónus da prova dado o art. 799 e a sua presunção
legal
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I contesta, invocando que celebrou antes um contrato de arrendamento com J, pelo que tem
direito a ficar na casa. – tema de prova: contrato de arrendamento
H responde, alegando que o arrendamento foi celebrado pela duração da vida da sua irmã J e que
esta já morreu. – tema de prova: duração do contrato de arrendamento
I alega que J ainda está viva e que tal cláusula é nula por contrariedade à lei. – tema de prova:
vida/morte de J
a. Fixe os temas de prova (olhando para um processo, tem que colocar quais os factos que tem
que ser provados), justificando porque é que cada um é objeto de prova.
O contrato de compra e venda, quem tem o ónus é autor (H), facto constitutivo do direito.
No caso do arrendamento, facto impeditivo da ação de reivindicação, o ónus é do réu. 342/2. A
duração do contrato de arrendamento é pela vida e ela está morta, o ónus da prova é do réu, facto
extintivo alegado pelo autor.
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c. Se, em cada tema, o juiz ficar na dúvida sobre o que aconteceu realmente, em que sentido
deve decidir?
3 - morte de j – tribunal tem duvidas sobre a morte, decide a favor do reu, ou seja, que o
contrato de arrendamento está em vigor e o absolve do pedido
d. Poderia H usar prova testemunhal para provar que o arrendamento foi constituído apenas
pela duração da vida de J?
Correção:
Não é possível, uma vez que a morte ou a vida de J só seria possível de ser provada através
de registo, dado o Codigo de Registo Civil
Correção:
A J não é parte no processo e não pode fazer confissão, art. 354 do CCiv. Alem do fato da
necessidade de documento
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4. C propõe ação contra D, alegando que a casa que este lhe vendeu tem determinados defeitos, e
pedindo a sua reparação. D afirma que a casa não tem quaisquer defeitos.
a. Para provar a existência dos defeitos, C fotografa a casa e junta as fotografias ao processo,
na audiência prévia. D não se pronuncia quanto às fotografias. Poderá o juiz decidir que os
defeitos que vê nas fotografias não existem? – não, porque se dá como admitido por
acordo, art. 574 – art. 444
Se a parte não impugnar a exatidão (mas impugna a veracidade, vídeo do chiauau e não do
pastor alemão), faz prova plena (impugna a verdade, prova material, deve fazer prova em
contrário).
Se impugnar a exatidão (vídeo adulterado), faz prova bastante, força probatória formal, fazer
a contraprova, gerando a dúvida – caminho menos penoso.
Na prova do contrario, 474? devo gerar uma prova no mesmo valor, enquanto na
contraprova eu apresento uma duvida. 374, mesma ideia para documentos quanto autoria e
assinatura. VER TODAS AS ALINEAS E A ALINEA QUE TOCA NO 374.
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b. D verifica que as fotografias foram alteradas em Photoshop para parecer que existem
defeitos que na verdade não estão lá. O que pode fazer?
c. C junta ao processo uma carta, escrita e assinada por si, que enviou a D, dando conta dos
defeitos que encontrou na casa, um mês antes da propositura da ação, e pedindo a
reparação. Em face desta carta, pode o juiz considerar provada a inexistência de defeitos?
Neste caso, a carta escrita e assinada por C é um documento particular nos termos do art.
373 do CCiv, e, embora não seja autenticada perante um notário, faz prova plena dos factos
ali alegados, o que significa que não tendo sido impugnada a letra ou a assinatura, este meio
de prova não pode ser apreciado livremente pelo juiz, apenas cedendo com a prova do
contrario.
Correção:
Quanto à letra e assinatura, força probatória formal, faz prova bastante, quanto às
declarações, força probatória material, prova plena, e é aqui que se aplica o art. 374. Quem
escreve a carta é C, e o art. 376/2 é aplicável quando o conteúdo daquela carta seja contrario
aos interesses do declarante, mas aqui, os factos alegados não são contrários ao declarante,
então não aplicamos o art. 376, e não vale essa carta como confissão. Com essa carta, C não
prova a existência ou inexistência dos defeitos
Correção:
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e. C pretende apresentar a sua mãe como testemunha. No entanto, a fase dos articulados já
passou. Quid iuris?
Correção:
Correção:
Articular o art. 496 e art. 466, se é parte não pode ser testemunha, mas se quiser intervir,
pode fazer declarações de partes, e o objetivo dessas é a parte intervir pessoalmente em
questões pessoais ou que tenha conhecimento, e pode fazer até ao inicio das alegações em
primeira instancia
Correção:
O depoimento de parte esta no 452, e se pretende a confissão, e cabe saber que quanto á
direitos indisponíveis, não há depoimento de parte. Cabe saber se pode o advogado
requerer, o fazer através do art. 453/3, no momento do articulado, e caso não seja feita, cabe
requerer ao juiz nos termos do art. 452 e o convença da pertinência do depoimento de
parte. Se as declarações de parte podem ser requeridas ate as alegações orais, não faria
sentido se o depoimento de parte ficasse cortado.
h. C apresenta uma outra testemunha, mas esta não se quer deslocar ao tribunal, e prefere
escrever o seu depoimento. Quid iuris? Pode eu acho
Correção:
É uma questão volitiva aqui, e se a testemunha não se deslocar, tem a consequência do art.
508, e não se esquecer do art. 417 em que a testemunha pode ser condenada em multa
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i. O juiz pretende realizar uma inspeção judicial e uma perícia, para averiguar da existência
dos defeitos, mas nenhuma das partes o requereu. Quid iuris? – acho que pode, poder
oficioso
Correção:
A prova pericial art. 467/1 e a inspeção judicial, art. 490/1, podem se determinadas
oficiosamente. A diferença entre inspeção judicial e perícia é quem a faz, na pericia, é o
perito, e na primeira é o juiz. 467. 490/1. Ambas podem ser determinadas oficiosamente
quanto a sua realização. A diferença entre inspeção judicial e perícia, os últimos quem faz é o
perito, que possui conhecimentos especiais que o tribunal não tem, já a inspeção judicial
quem faz é o juiz. A força probatória da perícia é de livre apreciação, assim como a inspeção.
A apreciação do juiz é da prova ao facto, não dos conhecimentos do perito. Por norma, não
se cumulam esses dois meios probatórios, neste caso, iria depender se o defeito pudesse ser
apreciado a olho nu ou se era um defeito mais técnico, como de eletricidade ou outros.
j. Imagine agora que existe uma cláusula do contrato, nos termos da qual, numa futura ação,
caberia ao autor o ónus da prova de todos os factos. Quid iuris? – acordo acho que pode
Correção:
Cabe ver o art. 345 do CCiv, e essa clausula é nula por tornar excessivamente o exercucio do
direito.
k. Imagine que M, testemunha arrolada por D, afirma que existem defeitos e os descreve tal
como constam da petição inicial. Pode o D pedir ao juiz que não valore o depoimento que
M prestou?
Pode o juiz dar como provados os factos alegados na petição inicial, com base no
depoimento de M?
António e Dália, casados, intentam contra Berta acção de reivindicação do apartamento que compraram a
Carlos. Berta, tendo investido na recuperação e remodelação do imóvel, apresentou a sua defesa, e pede a
António e Dália o valor de 30.000,00€ a título de benfeitorias.
Supondo que o regime de bens não seja o da separação, neste caso estamos diante de um litisconsórcio
necessário ativo, previsto no art. 34 do CPC uma vez que a ação de restituição pode implicar na perda do
bem imóvel caso a ação não seja procedente. Berta apresenta a sua defesa com um pedido reconvencional a
titulo de benfeitorias previsto no art. 266/2 al. b). Apenas Antonio pretende a desistência da instância, o que
remete para o art. 288 do CPC que consagra que em caso de litisconsórcio necessário, a desistência da açao
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só produz efeitos quanto às custas, isso porque, em caso de litisconsórcio necessário, dado o art. 35, a ação é
única, devendo produzir efeitos perante os litisconsortes.
Correção:
Os negócios processuais são três, desistência, transação ou confissão. A desistência do pedido quer
dizer que a pessoa não pretende nunca mais exercer aquele direito, ou seja, se desistir do pedido não pode
propor uma nova ação com aquele objeto, a desistência da instância é a desistência de um processo em si,
mas mais tarde pode propor ação com aquele objeto. A confissão é a confissão do pedido, mas não dos
factos como em sede de prova e em revelia, a confissão é o reconhecimento que o reu faz do pedido que foi
formulado contra si, e por isso está nos negócios processuais. A transação é o acordo das partes, o acordo
das partes tem subjacente uma confissão e uma desistência. O principio que está na base dos negócios
processuais é o principio da liberdade, mas esse principio não é ilimitado, há limites, por exemplo, no caso
dos direitos indisponíveis, em que a liberdade dos negócios processuais termina nos direitos indisponíveis,
exceto no caso do divórcio. Quanto à forma, há a possibilidade de celebrar esses negócios dentro (por
requerimento) ou fora (no âmbito de uma diligencia) – tem que ser sempre homologado pelo juiz.
O resto ta certo.
b) Qual o efeito da desistência de António quanto ao pedido (qual o efeito pra reconvenção) apresentado
por Berta?
Uma vez que a desistência da instância apenas produz efeitos quanto às custas dado o art. 288/2, Antonio
tem uma redução de 50% no valor das custas como previsto no art. 528/2, sendo que as custas abrangem a
taxa de justiça, os encargos e as custas de parte.
Tendo em conta que estamos diante de um litisconsórcio voluntário, há liberdade para desistência da
instância nos termos do art. 288/1. A desistência da instância é uma manifestação do princípio do
dispositivo, e constituiu um negocio jurídico processual uma vez que apenas versa no âmbito da instancia.
Uma vez que a desistência se deu após a contestação, é necessário o consentimento do réu para a
desistência, e será avaliado se procedente ou não, tendo lugar a sentença homologatória prevista no art.
290/3. A consequência da desistência da instancia
é a extinção da instancia perante antonio, como previsto no art. 277 al. d).
a absolvição de Antonio da instancia, mas isso não obsta que o pedido reconvencional
seja apreciado, enquadra-se aqui o previsto no art. 266/6
Correção:
A questão que se coloca é o efeito do pedido reconvencional. Para apreciar o pedido reconvencional,
é necessário fazer uma interpretação extensiva do art. 286/2 à desistência da instancia, dessa forma, era
necessário averiguar se o pedido da ré é dependente do pedido do autor, podemos concluir que era
dependente ou não, é necessário fazer uma conjugação com ao art. 266/6
c) António e Berta conseguem chegar a acordo no dia da audiência de julgamento: António aceita
que Berta ocupe o imóvel, pelo período de 24 meses, a título gratuito de forma a compensar o valor gasto
por Berta. Quid iuris?
Nesse caso, está em causa a transação prevista no art. 1248 do CCiv. Em que as partes acordam os precisos
termos do litígio. Há lugar à sentença homologatória e a posterior extinção da instância nos termos do art.
277
21
Correção:
Não estamos no âmbito dos indisponíveis, art. 283, referir o art. 284 e art. 1248, aqui, a transação foi judicial,
a forma é em ata, art. 290/4
Correção:
Art. 581/1 – exceção do caso julgado, efeito negativo negativo do caso julgado
e) E se na nova acção António não reivindicasse o imóvel, mas antes pedisse o valor de 10.000,00€ pela
utilização de Berta durante 1 ano?
Correção:
Caso Julgado:
3.1 contrário contraditório: impossibilidade de alguém, depois de transitado em julgado, propõe uma ação
contraria do já pedido e transitado em julgado
3.2 alternativa incompatível: esta relacionado com o facto da parte ter que alegar na primeira sentença, não
o podendo ser no segundo, perdendo a possibilidade
*os fundamentos não têm autonomia do caso julgado, o que forma caso julgado é a sentença em si, mas
existe exceções a essa não autonomia, e são as situações das relações sinalagmáticas, das relações de
prejudicialidade, da subsidiariedade legal e da absolvição temporária
Situações sinalg: vendedor açao pagamento do preço em divida e foi improcedente porque o contrato era
nulo, essa nulidade não pode ser deixada de
Situação prejudicialidade: a instaura uma açao para obter a anulação de um contrato que celebrou com o reu
com base numa coação e por isso é anulável, a acao é procedente e o contrato anulado, depois, o autor
intenta ação contra o reu uma açao para reaver os prejuízos pela celebração do contrato, aqui, há uma
relação de prejudicialidade entre a primeira e a segunda açao
Subsidiariedade legal: autor pede anulação de cv pq entendeu que o vendedor escondeu os vícios da coisa,
tribunal considera improcedente, o mesmo autor vai propor uma outra açao em que pede a redução do
preço da coisa adquirida, art. 913, situações em que a subsidiariedade resulta da lei, mas o julgamento da
existência ou não do defeito já deve ser trazido para a segunda açao para o tribunal não cair em contradição
Absolvição temporária: se a ação foi improcedente proque não estava verificado uma condição, pode haver
uma nova ação depois da verificação da condição/fato, mas aqui, o lapso temporário não permite que se
discuta a existência da obrigação, sendo apenas admissível a discussão da verificação iu não da condição pro
exemplo
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Formula MTS:
António instaurou acção declarativa de condenação contra Bento, pedindo que fosse declarado que é dono
e legítimo proprietário do imóvel x, por ter celebrado contrato de compra e venda do referido imóvel com
Carlos, e que o mesmo lhe fosse restituído livre de pessoas e bens. O Tribunal julgou improcedente a
acção.
1. Depois de transitada em julgado a sentença proferida, António intentou nova acção contra Bento com o
mesmo pedido, fundado na sua aquisição por usucapião. Quid iuris?
O trânsito em julgado da ação improcedente configura caso julgado material, previsto no art. 619 uma vez
que a decisão foi sobre a relação material controvertida, o que significa que tem força vinculativa dentro e
fora do processo.
Contudo, António pode instaurar a segunda ação com o mesmo pedido fundada numa diferente causa de
pedir, isso porque não há a configuração de uma situação de exceção do caso julgado, como prevista no art.
580, nem de autoridade do caso julgado, uma vez que não há uma relação de prejudicialidade entre a
primeira decisão de improcedência e a propositura da segunda ação.
A exceção do caso julgado, prevista no art. 581, visa prevenir situações de repetição quando haja o mesmo
pedido, causa de pedir e sujeitos, essa tríplice não se verifica, então, nada obsta que seja proposta segunda
ação.
Correção:
Ta certo
2. E, no caso de a sentença ter sido no sentido de considerar a ação procedente, Bento tivesse intentado
nova acção contra António pedindo que fosse declarado dono e legítimo proprietário do imóvel, baseando
a sua aquisição por usucapião?
Se considerarmos que o prazo para usucapião decorreu depois do trânsito em julgado da primeira ação,
Bento poderá intentar nova ação de acordo com o art. 611
Correção:
23
Estamos perante uma situação de autoridade do caso julgado na sua vertente de alternativa incompativel
Eva intentou contra Fernando uma injunção em que pedia o pagamento do valor de 10.000,00€ a título de
danos causados por acidente de viação. O Tribunal considerou que a injunção não era o meio processual
adequado, absolvendo Fernando.
Eva intentou ação declarativa de condenação formulando o mesmo pedido, e Fernando contesta por
exeção, invocando caso julgado. Quid Iuris?
Uma vez que o tribunal considerou que o meio processual não era o mais adequado para a ação, a decisão
não foi sobre o mérito mas sim com um carater processual, absolvendo o reu da instancia.
Quando há uma decisão processual, apos o transito em julgado da decisão, há caso julgado formal como
previsto no art. 620, sendo assim, apenas há força obrigatória entre as partes, dessa forma, nada obsta que
seja interposto nova ação, com o mesmo pedido, podendo o tribunal analisar novamente a questão de
mérito. Essa exceção deve ser julgada improcedente. Não fazendo exceção do caso julgado.
Correção:
Ta certo.
Procedimentos Cautelares:
Armando, por precisar urgentemente de uma casa para habitar perto do seu local de trabalho, começou de
imediato a habitar o referido apartamento, até porque ficara convencionado que o contrato definitivo de
compra e venda seria celebrado no prazo máximo de 15 dias após a assinatura do contrato-promessa.
Contudo, Armando tomou conhecimento por um amigo, que Eduarda preparava-se para vender a Bento o
mesmo apartamento que fora objecto do contrato-promessa.
Armando pode requerer ao tribunal uma providência cautelar não especificada proibindo que Eduarda venda
o imóvel a terceiros, no âmbito do procedimento cautelar comum previsto art. 362, essa providencia cautelar
é conservatória na medida que visa manter a situação de facto inalterada. Para poder requerer uma
providência cautelar, é necessário que haja aparência do direito do requerente, devendo a sua probabilidade
séria ser feita através de prova sumária, como prevista no art. 368/1, deve haver um receio de lesão do
direito e os danos a serem evitados pelo requerente não devem ser muito menores que os danos que a
requerida sofrerá.
Armando deve intentar ação principal dado a relação de dependência prevista no art. 364. Sob pena de
caducidade prevista no art. 373, Armando deve intentar essa ação no prazo de 30 dias depois da notificação
recebida do transito em julgado da decisão da providência. Pra que a providência cautelar seja efetiva,
Armando pode ou interpor a ação principal nos prazos, ou requerer a inversão do contencioso, previsto no
art. 369.
Correção:
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Há que referir os três requisitos, a proporcionalidade, o periculum in mora e o is bon iures que são sempre
obrigatórios, a menos que dentro do especificado, exista a dispensa de algum dos requisitos. Aqui, o
procedimento cautelar pode ser o do arrolamento que teria intuito de garantir o bem não seja entregue a
terceiros. Não é o arresto uma vez que o arresto é a garantia patrimonial de um direito de credito, e o
arrolamento não é obrigatoriamente. Mas também podemos considerar uma ação de providencia cautelar
não especificada se considerarmos que o intuito da providencia é a dispoente não vender a terceiros.
A inversão do contencioso pressupõe os requisitos do art. 369, é preciso que o juiz forme uma convicção da
existência do direito de Armando e que a natureza da providência seja adequada a realizar a composição
definitiva. Esse último requisito não se verifica uma vez que a providencia requerida tem a intenção de
impedir que Berta venda o imóvel a terceiros, e a ação principal que Armando iria intentar seria a de
cumprimento do contrato promessa, não visando a realização definitiva do litígio.
Correção:
Ta certo more
Presumindo que não houve audiência prévia, uma vez que esta poria em risco a eficácia da providencia já
que Berta poderia alienar o bem imóvel, no procedimento cautelar comum há lugar ao contraditório
subsequente previsto no art. 372, caso Eduarda pretenda alegar fatos novos, pode recorrer quando entenda
que a decisão não deveria ter sido deferida, caso pretenda alegar fatos novos ou produzir meios de provas
novos, Eduarda pode deduzir oposição.
Correção:
Ta certo de novo
Acontece que, em Abril de 2018 Inês soube que Daniel mantinha uma relação extraconjugal há mais de 1
ano com Catarina, razão pela qual Inês intentou a respectiva acção de divórcio sem o consentimento do
outro cônjuge, requerendo tanto o decretamento do divórcio como a fixação de uma pensão de alimentos,
por estar desempregada e ter problemas de saúde que levam à necessidade de acompanhamento médico
regular.
1. Inês poderia recorrer de algum meio processual para que a sua pretensão de alimentos fosse mais
célere?
Berta pode recorrer a uma providência cautelar especificada de alimentos previsto no art. 384. De acordo
com o art. 376/1, as disposições do procedimento comum aplicam-se com exceção do art. 368/2, sendo
assim, há a aplicação do art. 368 sendo necessário a verificação dos requisitos: é preciso que haja uma
aparência do direito de Berta, que haja um receio da lesão desse direito e que o prejuízo para o requerido
não exceda consideravelmente a providência visa evitar. Enetnde.se que estão preenchidos.
De acordo com o art. 2004 do CCiv, Berta é titular do direito de alimentos, e pode recorrer a uma providencia
cautelar especificada de alimentos provisórios, previsto no art, 384 do CPC.
25
Correção:
Certo !
2.Imagine que, tendo sido decretada procedente, a ação principal foi julgada improcedente, e Daniel
pretende que lhe sejam restituídos os alimentos prestados. Quid Iuris?
De acordo com o art. 387, o requerido só responde pelos danos caso tenha atuado com ma fé, o que não se
verifica no caso.
Correção:
Faltou citar o 373, que se extingue e uma referencia ao art. 2007/ 2 do CCiv.
O valor processual do procedimento é o que foi pedido de mensalidade multiplicado por 12 como previsto
no art. 304/3 al. a)
Berta 385
Correção:
Art. 362/3
Ter atenção à relação subsidiária dos procedimentos comuns em relação aos especificados.
MARCHA DO PROCESSO
2.1.3 Impugnação, passa para a fase imediata de gestão processual (aguarda a marcação de
audiência previa). Art. 574, factos não impugnados são admitidos por acordo, o que é
diferente de factos que se considerem confessados
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2.1.4 Pedido reconvencional, contra pedido então tem que alegar factos que integrem a
causa de pedir, há aqui a replica
* Diferença entre o acordo (art. 574) e os factos confessados é ter ou não contestação
3.1 Despacho pré saneador, art. 590/2: só existe se existir um problema nos articulados, e
precisar sanar, ou aperfeiçoar os factos alegados, ou junção de documento
3.2 Audiência prévia, que só é dispensável nos termos do art. 593, o primeiro objetivo é
tentar conciliar e o segundo é discutir a materia d efcato e de direito
3.3 Despacho saneador (na audiência previa quando houver, caso não haja, é no despacho
saneador) relacionado com objeto e temas da prova e programa a audiência final (marcar
data e indicar a ordem da realização da prova), art. 596 e fixa os temas da prova, ou seja, os
factos que não estão assentes, são os que são discutíveis e precisam ainda ser provados
4.2 Depoimento de parte – a parte pode confessar, e se o fizer, pode prescindir da prova testemunhal
466
* declarações de parte
27