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AULAS PRÁTICAS DIREITO COMERCIAL- David Teodósio Reis

davidnunesdospais@gmail.com

Índice
ARTIGO 2º- perspetiva subjetivista.................................................................................................................................1
ARTIGO 13º-noção de comerciante, ideia material.........................................................................................................2
ARTIGO 230º- problema das “empresas”........................................................................................................................2
CASO N.º 2......................................................................................................................................................................3
CASO N.º 3......................................................................................................................................................................4
CASO N.º 4......................................................................................................................................................................5
CASO N.º 5......................................................................................................................................................................6
Caso Prático n.º 7............................................................................................................................................................7
Caso Prático n.º 8............................................................................................................................................................9
A ESTUDAR.................................................................................................................................................................... 11
Caso 9............................................................................................................................................................................ 12
Caso 10.......................................................................................................................................................................... 12
CASO A distribuição.......................................................................................................................................................13
CASO B- distribuição......................................................................................................................................................14
CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO- CASO N.º 14................................................................................................................15
CONTRATOS DE ORGANIZAÇÃO- CASO N.º 15..............................................................................................................19
GARANTIAS BANCÁRIAS- CASO N.º 16..........................................................................................................................21

ver artigos 1º, 2º, 12º, 230º~

ARTIGO 1º- perspetiva objetivista

Rege atos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que neles intervenham

Factos jurídicos em sentido lato- contratos, negócios unilaterais, atos não negociais, factos stricto sensu

=Alcance amplo

ARTIGO 2º- perspetiva subjetivista


São comerciais, para além dos atos regulados especialmente no código, os praticados pelos comerciantes nessa
qualidade

Recorre a 2 critérios distintos para referenciar os atos de comércio

Objetivo- atos regulados no código

Não são todos os atos regulados no código, mas sim apenas os especialmente (desvio em relação ao
regime geral)
Não são apenas os atos nele regulados. EX: leis extravagantes- Leis Uniformes, Código das
Sociedades Comerciais

Subjetivo- atos de comerciantes

última parte delimita negativamente os atos que não são comerciais (EX: um comerciante de fruta ir de férias e
decidir comprar fruta não está a praticar ato comercial)

ARTIGO 13º-noção de comerciante, ideia material


Pessoa que pratica atos jurídicos patrimoniais em termos profissionais, ou seja, dirige a sua atividade económica
nesse sentido

Resumindo: comerciante é o profissional do comércio

Problemática: definição circular

“Capacidade” de exercício- há apenas uma minoria que considera ser capacidade de gozo

ARTIGO 230º- problema das “empresas”


2 interpretações:

Empresa-atividade- atuações ou conjuntos de atos enunciados no artigo

Leva ao conceito objetivo- permite enunciar novos atos como objetivamente comerciais

Empresa-organização- entidades singulares ou coletivas que desenvolvem depois as referenciadas atividades

MC concorda com esta

Leva ao conceito subjetivo- são referenciados comerciantes os autores de hipotéticos atos comerciais

CASO N.º 1
António, casado com Beatriz, e Carlos, solteiro, donos de uma pastelaria
na Avenida de Roma, compraram à sociedade Fruta, Lda. um carregamento de
mangas para fazerem os seus conhecidos sumos, que atraem multidões.
Pode a Frutas, Lda. demandar apenas António, exigindo-lhe o pagamento do preço
total?
E, em caso de não pagamento voluntário, pode esta sociedade executar os
bens comuns de António e Beatriz?
Quem são os sujeitos?
António, Beatriz, Carlos e a Frutaria
A é casado com B
História: dois donos vão comprar a uma sociedade mangas para fazer sumos
Compra e venda
Intuito- manga integrada no processo produtivo de sumo
Problema: saber se pode pedir o preço a apenas 1 das pessoas da contraparte, e caso não paguem,
posso executar os bens comuns de uma das minhas contrapartes e da sua mulher?
1. Ataque ao património de A (pedir tudo a uma das partes)
Se a resposta ao artigo 1º for que é um ato de comércio aplica-se o código comercial, senão
aplicamos a solução cível
Artigo 1º, logo 2º

2º- todos os atos (1), especialmente (2 face ao código civil, “cheirar a comércio”), regulados neste
código
É um contrato logo é ato, cheira a comércio e está regulado no 463º
=o ato é objetivamente comercial
=É subjetivamente comercial
(1) Contrato, (2) não ser exclusivamente civil, (3) contrário ao próprio ato, (4) de
comerciante- ver 13º
PODEMOS APLICAR CÓDIGO COMERCIAL
Pastelaria é comerciante- atividade lucrativa, autónoma, reiterada
100º- solidariedade dos coobrigados
Se a resposta fosse civil- 564º e vigora responsabilidade parciária
2. Bens comuns do casal respondem? 15º, 1691º alínea D, aplicando-se regime supletivo de
comunhão de bens

CASO N.º 2
David, fotógrafo, vende, todos os fins-de-semana, fotografias por si
captadas nas feiras da região. Cansado das longas deslocações, propõe a Elvira,
que se dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, que comprem em
conjunto uma carrinha para chegarem às feiras. Assim fizeram. No entanto, Elvira
arrepende-se e não quer pagar o preço acordado. Pode a sociedade Automóveis,
SA. demandar apenas David?
Sujeitos- David, Élvira, Sociedade automóvel
David tem como profissão fotografia
Elvira agricultora
Compram à sociedade um carro- troca-se dinheiro por carro
1º apenas se aplica a lei comercial se for ato de comércio
2º é ato de comércio? A COMPRA
Não porque não está no 463º
Não é subjetivamente comercial nem face ao David nem face à Elvira
2º é ato de comércio A VENDA?
13º Nº2 a sociedade é comerciante
É ato objetivamente comercial- 463º

VENDA É ATO COMERCIAL (do ponto de vista subjetivo e objetivo)


COMPRA NÃO É ATO COMERCIAL
A sociedade é comerciante
David e Elvira não são comerciantes
=ATO MISTO ou unilateralmente comercial- 99
Quanto à solidariedade- 100º parágrafo único, aplica-se lei civil
Não pode pedir apenas a 1. Pode demandar David mas apenas é satisfeito apenas em parte

COMPRA DA CARRINHA PODE SER ATO DE COMÉRCIO ACESSÓRIO?


Ato acessório- atos praticados por não comerciantes, não regulados no código, mas que estão ligados a
tos objetivamente comerciais
EX: comprar caixas para por os queijos que eu vendo
CRITICAS: no direito comercial primeiro vemos primeiro o regime aplicável e assim qualificamos o ato
AQUI primeiro qualificamos o ato e depois vemos o regime aplicável
VER:
ATOS COMERCIAIS POR ANALOGIA

CASO N.º 3
Frederico, advogado e amante de pintura, comprou um conjunto de
quadros de Júlio Resende numa galeria de arte, no Porto, pretendendo fazer uma
surpresa a Helena, sua mulher.
Helena, contudo, não gostou dos quadros e exigiu
que Frederico os tirasse rapidamente de casa.
Triste, Frederico decidiu vender
os quadros. Jeremias, comerciante de arte, mostrou-se logo interessado e a
venda realizou-se.
Ficou, no entanto, combinado que Frederico guardaria os
quadros durante 15 dias, pelo que este contratou o depósito dos quadros com a
galeria de arte onde os comprara, por aquele período.
Para garantir a segurança
dos quadros, Frederico contratou ainda um guarda para vigiar as pinturas. Qual a
natureza dos vários actos descritos?
Sujeitos- Frederico (vendedor), Helena (mulher de Frederico), Jeremias (comerciante de arte, comprador),
Júlio Resende (galeria)
1. Compra e venda de Frederico à galeria-
COMPRA- Não é objetivamente comercial nem subjetivamente comercial
VENDA- se galeria for pessoa coletiva ou fosse revendedor era ato comercial, se fosse o
próprio pintor não
2. Compra e venda de Frederico a Jeremias
VENDA- 463º não se aplica porque ele não tinha intenção de revenda, ele tinha como intuito
a afetação pessoal
Revenda ocasional- 464 logo não é ato objetivamente comercial
COMPRA- subjetivamente e objetivamente comercial (13º nº1 e 230º nº5) é ato comercial
3. Galeria de arte guardar os quadros- DEPÓSITO- 1185º, contrato pelo qual uma das partes entrega a
outrem uma coisa, móvel ou imóvel, para que a guarde, e restitua quando for exigida

Não se aplica o depósito mercantil porque não está destinado a ato de comércio porque o
Frederico nem é comerciante
CONTRAARGUMENTO- a propriedade é do Jeremias e o Jeremias é comerciante, logo o intuito é
comercial, para preservação do bem para sere revendido

4. Contrato com o guarda- não faz sentido ser contrato de trabalho, 1152º modalidade da
prestação de serviços com regulamentação autónoma (tem legislação avulsa)
Não se aplica regime comercial
Caracterizado pela retribuição e pela relação de subordinação do trabalhador face ao empregador
(trabalhador tem de cumprir as ordens do empregador, dentro do senso comum) - características: salário,
local, horário, subordinação…
Contrato de prestação de serviços
Não é subjetivamente nem objetivamente comercial

CASO N.º 4
Vasco, trabalhador dos correios, entra, todos os dias, às 9h00 e sai às
17h00. Amante de filatelia, decidiu, há algum tempo, montar um pequeno
quiosque numa Praça lisboeta, para se distrair um pouco ao fim do dia, antes de ir
ter com a mulher, por volta das 19h00. Para manter aberto o quiosque todo o dia,
Vasco contratou um empregado, Manuel. Qual a natureza (civil ou comercial) do
contrato celebrado?
Intervenientes- Vasco contrata Manuel (contrato de trabalho, visto que Manuel vai ser empregado de
Vasco)- da esfera de Vasco sai dinheiro e da do Manuel sai uma prestação

Objetivamente comercial? 2º nº1 primeira parte


2º- todos os atos (1), especialmente (2 face ao código civil, “cheirar a comércio”), regulados
neste código
É um contrato logo é ato,
Não cheira a comércio- parece contrato de trabalho e o código de trabalho não está
regulado na lei mercantil
=o ato não é objetivamente comercial

Subjetivamente comercial? 2º nº1 2º parte


(1) Contrato, (2) não ser exclusivamente civil, (3) contrário ao próprio ato, (4) de
comerciante- ver 13º
Vasco é comerciante- 13º nº1
Comerciante
Capacidade de exercício- 7º
Praticar atos de comércio- 230º
Exercer a título profissional
Fazer disso profissão- 4 critérios (lucrativo porque ele tenta estar aberto todo o dia, reiterado,
TENDENCIALMENTE exclusivo, autónomo porque não é subordinado)
É subjetivamente comercial
Aplica-se código comercial – ato misto visto que do lado do Manuel não é subjetivamente comercial
porque Manuel não é comerciante nem autónomo

CASO N.º 5
José e Luís, arquitectos, pretendendo remodelar o atelier de que são
proprietários, no Chiado, contrataram Matias, empreiteiro, para fazer as obras. No
dia 15 de Janeiro de 2019, já com as obras prontas e aprovadas, Matias
apresenta a factura a José, conhecido pelas suas maiores disponibilidades
financeiras. Contudo, até agora, José não pagou a dívida, alegando que só está
obrigado a pagar metade do valor da factura. (i) José tem razão? (ii) A dívida está
vencida? (iii) Em caso de mora, qual a taxa de juro aplicável, sabendo que nada
foi convencionado?
Sujeitos: Jose e Luis arquitetos, Matias empreiteiro
Ato objetivamente comercial?
Ato- sim, contrato de empreitada
Especialmente- Sim, 230º nº6
É ato objetivamente comercial
Pelo menos da parte do Matias empreiteiro
Ato subjetivamente comercial?
Contratos- sim contrato de empreitada
Comerciante? 13º
Pessoa- sim
Capacidade de exercício- 7º sim
Profissão- reiterada, exclusiva, autónoma, lucrativa- Não
Matias é subjetivamente comerciante
Natureza exclusivamente civil? Não
Contrário- não
É pessoa semelhante? Sim, do lado do J e L OU não
Ato é subjetivamente comercial OU não
1º aplica-se código comercial- ato misto 99º
(i) Tem razão porque não se aplica solidariedade, 100º nº2 porque J e L não são comerciantes,
513º C.C.
(ii) Atraso de pagamento- DL nº62/2013- 4º nº3
(iii) Aplica-se p 102º relativamente à taxa de juros moratórios
Ver taxas de juro

CASO N.º 6
Francisco, estudante, decidiu montar uma pequena livraria: tomou de
arrendamento uma loja na Baixa, comprou as estantes e todo o mobiliário
necessário, encomendou os computadores e celebrou um contrato de
fornecimento de livros com uma editora. No entanto, mesmo antes de a loja abrir,
Francisco apercebeu-se que o curso de Direito lhe deixava pouco tempo para
gerir o negócio, acabando por vender a loja a Gustavo e Octávio, estudantes de
gestão. Estes nunca pagaram o preço. A responsabilidade de Gustavo e Octávio
é solidária ou é conjunta?
Sujeitos: F estudante vende a livraria, antes de abrir, a O e G que são também estudantes a troco de um
preço
Ideia de livraria enquanto estabelecimento comercial é de F- projeto de F
Objetivamente comercial- venda do estabelecimento (não é o imóvel em si, mas o negócio até
porque eles arrendaram o espaço, mas o negócio é deles), venderam o estabelecimento com a posição de
arrendatário
1112º C.C. remete a comercial logo remete para a aplicação da lei comercial- trespasse

Subjetivamente comercial-
F- todos os atos que praticou até abrir a livraria consubstanciam uma prática reiterada pelo
que pode ser um comerciante
O e G são comerciantes porque há factos indicativos de que vão adotar determinado modo
de vida
Regra da solidariedade- pode demandar qualquer um

Caso Prático n.º 7


Albano tomou de arrendamento a Belarmina e Carmelinda um espaço no qual instalou
uma pastelaria, em 2009, a que chamou “Albanaria”. Segundo Albano, o espaço nunca
tinha sido usado para qualquer atividade, pelo que Albano teve de comprar e pagar todos
os móveis e produtos necessários ao funcionamento da sua pastelaria.
Em 2014, Albano, farto de servir tostas mistas, decidiu passar o negócio ao seu primo,
Diogo. Para o efeito, contactou Belarmina e Carmelinda para saber se nada tinham a opor
e, para sua grande surpresa, estas comunicaram-lhe que se opunham terminantemente a
tal transmissão, dizendo-lhe: «Não queremos cá esse seu primo que, toda a gente sabe, é um
caloteiro!».
Perante esta recusa, Albano não teve outro remédio senão continuar a servir tostas mistas.
Recorrendo a todas as forças que lhe restavam, promoveu o nome da Albanaria, melhorou
o serviço e passou a anunciar “as melhores tostas do mundo!”.
Dois anos mais tarde (2016), porém, um seu cliente de longa data, Ernesto, disse-lhe entre
duas dentadas numa tosta: «Oh Albano, se estás assim tão farto disto, eu dou conta do
recado! A Belarmina e a Carmelinda são loucas por mim!». Dito isto, logo ali acordaram no
preço, apertaram as mãos e deram o negócio por concluído.
Quem não gostou da situação foi Filipa, filha única de Albano que queria ficar com a
Albanaria e tinha planos para expandir o negócio, abrindo outras “Albanarias” por toda a
cidade. Albano, desolado, disse-lhe: «Oh filha, se eu soubesse... Agora é tarde para isso, mas
não te preocupes: ajudo-te a abrir uma pastelaria igualzinha a dois quarteirões daquele:
vamos chamar-lhe Nova Albanaria e vamos recuperar “as melhores tostas de Lisboa”!».
CONTEXTO DO CASO:
B e C com espaço arrendado a A
A quis fazer trespasse a D, mas B e C não concordaram
Faz trespasse a E
Filha F queria o estabelecimento- A e F combinam abrir novo espaço igual
1. Imagine que, perante a tentativa de Albano de “passar o negócio” ao seu primo,
Belarmina e Carmelinda pretendiam reagir. Segundo estas, o contrato celebrado
não era de arrendamento, mas de “cessão de exploração”: contrariamente ao
afirmado por Albano, com o gozo do espaço foi igualmente cedido mobiliário e
equipamento identificado num anexo ao contrato. Não existiam, porém, empregados
e clientela. Quid iuris?
Existe estabelecimento?
TESE de A- deu dinheiro e em troca recebeu um espaço vazio, logo não havia ainda um
estabelecimento
Contrato é meramente arrendamento para fins não habitacionais
Passa o gozo do espaço
TESE da B e C- contrato incidiu sobre um espaço que continha os elementos necessários para
ser considerado estabelecimento
Cessação de exploração- passaram a A o direito a explorar o estabelecimento visto que o
objeto era o próprio estabelecimento comercial
Direito a explorar, usar e fruir do estabelecimento comercial

Neste caso não temos um estabelecimento comercial visto que as coisas corpóreas, ou seja, os
móveis não diziam respeito ao exercício da prática comercial em concreto

NEGÓCIO- organização de meios afetos finalisticamente a uma determinada atividade


Elementos cumprem um fim/objetivo que é a prática comercial em concreto

2. Ignorando a pergunta anterior: Precisava Albano do consentimento das senhorias


para transmitir a sua posição a Diogo? E como é que as senhorias se poderiam
proteger face à perspetiva de ter um caloteiro como arrendatário?
Trespasse de estabelecimento comercial nã o precisa autorização se ele for arrendatá rio do
local e, portanto, a propriedade do estabelecimento é dele, pode trespassar
Se seguíssemos a tese de B e C, o proprietá rio era deles, o A tinha apenas direito de gozo
durante um prazo, nã o podendo alienar a propriedade de coisa que nã o tem.
1112º- alteraçã o subjetiva do contrato sem que a outra tenha de autorizar
Solução favorece o trá fego comercial
Senhorio é notificado, mas esta notificaçã o é instrumental ao exercício de
preferência e para este poder saber perante quem tem a relaçã o
ANÁ LISE 1112º
-Necessidade de transitar um mínimo do estabelecimento comercial
-Tem de haver continuidade da atividade exercida
-Tem de ser por escrito
-Necessidade de notificaçã o, nã o é autorizaçã o, mas mera notificaçã o
1112º nº5- MOTIVO: há atividades mais desgastantes que outras (necessidade de
preservar o bem, por exemplo, uma oficina desgasta mais que vender roupa), tipo de
clientela que arrasta (EX: material geriátrico nã o atrai o mesmo que loja de piercings)
Prazo- 1109º nº2 ou 1038º? 15 dias ou 30 dias

3. Imagine agora que a pastelaria não era de Albano, mas sim de uma sociedade por
quotas por si detida a 100%, cuja quota transmitiu a Diogo. Precisava Albano do
consentimento das senhorias para transmitir a sua quota, representativa de 100%
do capital social da sociedade, a Diogo?
1112º nã o precisa de consentimento dos senhorios
Agora pensamos que quem celebra o trespasse nã o é o proprietá rio Albano, mas sim a
sociedade
Operação- share deal aplica-se 1112º?
Alguma doutrina- trespasse escondido
STJ- considera que não há trespasse

4. Ernesto está furioso com a traição de Albano ao ajudar a filha a abrir a Nova
Albanaria ali tão perto. O que pode fazer?
3 limites: substancial, temporal, espacial
Fundamentos:

5. Imagine por fim que Albano tinha também arrendado um armazém de apoio ao
funcionamento da Albanaria. Pode trespassá-lo a sua filha para apoio ao
funcionamento da Nova Albanaria?
Armazém não é elemento essencial (tomando em consideração que este é para mero stock)
Armazém não é um estabelecimento comercial logo não há trespasse
Tendo em conta que trespassou o estabelecimento, ele tem apenas direito de gozo sobre o espaço
(é apenas arrendatário)

Caso Prático n.º 8


Continuação do caso n.º 7:
1. Quando tomou posse da Albanaria, Ernesto apercebeu-se de que Albano tinha
esvaziado o armazém, levando todo o stock de produtos necessário ao funcionamento
da pastelaria. Ligou a Albano a reclamar, mas este respondeu que o stock não tinha
sido transmitido. Analise a resposta de Albano e os eventuais meios de reação à
disposição de Ernesto.
O trespasse de um estabelecimento diz respeito ao seu todo ou como uma universalidade, não
podendo incidir apenas em alguns dos seus elementos, logo Albano não tinha razão
Âmbito natural, stock faz parte- estes elementos passam no silêncio das partes tendo em conta
uma determinada expectativa e interpretação do negócio
LIMITAÇÃO- autonomia privada tem como limite a preservação da atividade, estamos a
aplicar um regime pensado para estabelecimentos, portanto as modificações ao contrato têm esse
limite
CRITÉRIO: imprescindibilidade e substituibilidade dos bens (fácil reposição)
MOTIVO: autonomia das partes, facilidade do comércio
Compromete atividade?
POR OUTRO LADO- trespasse demora o seu tempo logo sendo os produtos perecíveis não
havia expetativa de os receber
Meios de reação- ação de cumprimento, execução específica, ação possessória

2. Imagine agora que, no contrato pelo qual Albano transmitiu a Albanaria a Ernesto, podia ler-
se:
«1. Pelo presente contrato, Albano transmite a Ernesto a pastelaria “Albanaria”, incluindo
a sua posição contratual em todos os contratos de fornecimento, por 100.000 euros.
Convenção para o trespasse
Teria de haver consentimento do fornecedor- 424º nº1
OUUUUUUU O.A. não precisa de consentimento para ser mais fácil o comércio e porque é um
contrato intrinsecamente ligado ao estabelecimento, tem de passar automaticamente
Há outras situações comuns em que a ligação é mais remota. EX: contrato de vigilância
PROBLEMÁTICA: trespassante oferece menos garantias como mau nome na praça, é
possível resolver; possibilidade de o contrato de fornecimento ser intuito personae (pessoa só
contratou com X por ser mesmo o X)
Tem de haver notificação à mesma- regularizar situação contratual

2. Ficam ainda expressamente incluídas as dívidas já vencidas a todos os fornecedores,


ficando Albano exonerado do seu pagamento.
Precisamos de autorização do credor
Cessão de posição contratual- 424º

3. Ficam expressamente excluídas: CONCLUSÃO- percebe-se que por muito que alguns
elementos possam ser substituídos, o seu conjunto ficar excluído descaracteriza o
estabelecimento e assemelha-se a um direito de gozo do espaço
a) O direito a usar o nome “Albanaria” para identificar o estabelecimento;
b) A máquina que permite fazer “as melhores tostas mistas do mundo”;
parte do âmbito natural, portanto no silêncio das partes transmite-se
1-parte essencial e indispensável logo tem de fazer parte do trespasse
2-facil substituição, logo pela autonomia das partes pode ser excluído
c) A marca “As melhores tostas mistas do mundo”;
d) A trabalhadora Maria Albertina.
285º Código de Trabalho, apenas por iniciativa da trabalhadora é que pode querer não
continuar vinculada ao contrato de trabalho
Motivo: garantias e situações de segurança, protege-se o trabalhador de trespasses para
despedir pessoas…
Exclusão por parte do trespassante e trespassário é inválida

4. Sem prejuízo do disposto na alínea a) do n.º anterior, Ernesto poderá usar a referência à
“Albanaria” na sua firma pessoal.»
Quid iuris?

3. Albano entretanto cedeu o direito a usar o nome “Albanaria” em estabelecimentos


comerciais à sua filha Filipa, para que o pudesse usar no seu novo projeto
empresarial. Quid iuris?
Válido

A ESTUDAR
DIREITO BANCÁRIO

CONTA BANCÁRIA- natureza, titularidade, movimentos de conta


CONTRATOS ESPECÍFICOS- abertura de conta, crédito, descoberto, abertura de crédito
RELAÇÃO BANCÁRIA GERAL

SEGUROS

RELAÇÃO e SUJEITOS de contrato de seguro- beneficiário, transferência de risco, prémio, apólice…

INSOLVÊNCIA-

Está em causa saber como alguém responde patrimonialmente ante outra pessoa- obrigações respondem os
bens suscetíveis de penhora; não havendo cumprimento voluntário da obrigação, o direito permite pedir
judicialmente o seu cumprimento

INTERESSES CONTRÁRIOS- comerciante insolvente pretende retardar insolvência, credores querem a


satisfação do maior possível o mais rápido possível (Satisfação do crédito na integra)

PRETENDE-SE A SATISFAÇÃO DO CRÉDITO DOS CREDORES

HÁ VARIAS DISPOSIÇÕES NA LEI QUE DEMONSTRAM A VONTADE DE AUMENTAR AUTONOMIA DOS


CREDORES- discricionariedade para eles intervirem na solução, capacidade decisória para decisões referentes ao
património e sua liquidação e distribuição

PROCESSO INSOLVENTE É SIMPLIFICADO- registos urgentes, sem suspensão na esfera judiciária

O QUE É- trâmites, objetivos


O que é ser ou estar insolvente
Tipologia dos créditos
Resolução em benefício da massa
Ler artigos anotados

Caso 9
A Praia e Campo, S.A. (PCSA) anda pelas ruas da amargura. Durante o passado inverno, tendo
em conta a sua actividade sazonal, decidiu investir os proveitos obtidos no verão em acções do
Banco Possível e Provavelmente Nacionalizado (BPPN). Estas acções do BPPN, praticamente o
único activo da PCSA, desvalorizaram fortemente nos últimos meses, e a probabilidade de uma
recuperação está completamente afastada.

As dívidas, essas sim, acumulam-se: a vários fornecedores, a instituições de crédito e ao Estado.


Estes credores começam a perder a paciência e equacionam requerer a declaração
de insolvência da PCSA. Caso decidam avançar, em 2020, (i) um dos sócios da PCSA invocaria
um crédito por suprimentos efectuados, (ii) o Banco Menos invocaria um crédito
hipotecário, (iii) um fornecedor de tendas de campismo invocaria um crédito relativo ao preço
de bens alienados e (iv) a Administração Tributária invocaria um crédito relativo ao Imposto
Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis devido pela aquisição da sede da
empresa, em 2018. (v) E o administrador da insolvência, a nomear pelo tribunal, também
quererá cobrar os respectivos honorários...

a) A PCSA pode ser considerada em situação de insolvência?


Pessoa coletiva pelo que nenhuma pessoa singular responde- 3º
CRITÉRIO DO BALANÇO

b) Em caso afirmativo, como seriam graduados os créditos sobre a massa insolvente e


sobre a insolvência?
CRÉDITOS GARANTIAS, SUBORDINADOS e COMUNS- 47º CIRE
48º Créditos subordinados

Créditos da autoridade tributária


Créditos por suprimento ou prestações acessórias
Créditos da segurança social
Créditos dos trabalhadores
Créditos que beneficiam de garantia real

Caso 10
Há mais de seis meses que Telma e Luísa, gerentes da Rainha dos Frangos, Lda. (RF) não
promovem o pagamento de salários aos trabalhadores da empresa. Sempre que estes se
queixam, as duas amigas respondem que o Estado está bem pior, uma vez que não entregam o
IVA que têm liquidado há mais de um ano. A situação financeira, de facto, não é famosa. Como
acto desesperado, as duas gerentes negociaram em nome da RF um contrato de abertura de
crédito com o Banco Crédulo Português (BCP), para a compra de frangos e venda dos mesmos,
assados, a € 1/kg, no afamado restaurante.
Situação desfavorável- créditos titulados por trabalhadores e créditos titulados por autoridade
tributária
a) A calma com que Telma e Luísa estão a lidar com a situação financeira da RF será
passível de censura, caso esta última venha a ser declarada insolvente?
ATO DESESPERADO- tem racionabilidade económica? Em abstrato sim porque tem mais liquidez
18º CIRE- dever de apresentar à insolvência
Não aconteceu e até podem ter agravado a situação ao juntar ao role de credores mais um
PRETERIÇÃO DO DEVER DE DECLARAÇÃO-
Insolvência culposa- 186º nº3 alínea B CIRE deviam informar nos 30 dias seguintes (18º CIRE)
Inibição para exercício de comércio, perda de créditos- 189º liga ao 186º
EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA
Responsabilidade extracontratual- danos pela consequência de atraso na apresentação aos credores
No caso de créditos constituídos a partir dessa data abrange-se o interesse contratual negativo (INCLUI
investimentos de negociação)

b) Caso a RF venha ser declarada insolvente em Janeiro de 2021, será que a sociedade
Frango Gorducho, S.A. (FG) pode compensar um crédito sobre a RF de que é titular,
emergente do fornecimento de frangos durante o primeiro semestre de 2020, com
uma dívida decorrente do fornecimento de almoços pela RF aos trabalhadores da FG,
durante setembro e outubro de 2020? Ambos os créditos deveriam ser pagos nos 30
dias seguintes ao fim do prazo do correspondente fornecimento.
99º nº1 alínea A- pressupostos legais da compensação quanto aos créditos de FG
Requisitos alternativos
Requisitos do 847º C.C.

c) Em caso de insolvência, o que sucede ao contrato de compra e venda celebrado entre


a RF (vendedora) e a Frango Imperial, S.A. (FI) relativo a uma carrinha de
distribuição? O contrato foi celebrado com reserva de propriedade, mas a carrinha
ainda não tinha sido entregue à FI, que, no entanto, já pagara metade das prestações.
102º- negócio celebrado, mas carrinha não entregue, 104º não se aplica por causa disso ainda que haja reserva de
propriedade, 105º segue o mesmo raciocínio por não haver transferência da propriedade

d) E o que sucede ao contrato de arrendamento, celebrado entre a RF e a Fábrica de


Miúdos e Miudezas, S.A. (FMM) por 10 anos, relativo a um armazém de que é
proprietária a RF, do qual consta uma cláusula resolutiva, em caso de insolvência de
uma das partes?
Ilicitude da cláusula- 119º CIRE

e) Por último, pronuncie-se sobre o seguinte acordo, celebrado entre a RF e a Piripiri,


Lda. (PP), em outubro de 2020: perante uma dívida de € 20.000, decorrente do
fornecimento de condimentos pela PP à RF, vencida em agosto do mesmo ano, esta
última comprometeu-se a pagar a quantia em apreço em 20 prestações mensais, a
partir de novembro de 2020, acrescida de uns simpáticos juros; para garantir o
cumprimento, foi constituída hipoteca sobre a sede da RF.
Devedor RF
120º e 121º

CASO A distribuição
António, conhecido produtor de frutos secos do Alentejo, celebrou com Beatriz, em janeiro
de 2021, um contrato sem prazo nos termos do qual esta promoveria os produtos de
António aos melhores restaurantes de Lisboa, entregando pequenos cabazes de cortesia.
Adicionalmente, como Beatriz tinha jeito para o negócio, obrigou-se também a adquirir
mensalmente a António 100 quilos de nozes, que revenderia aos restaurantes que se
mostrassem especialmente interessados.

Contudo, António e Beatriz rapidamente se desentenderam e Beatriz, com a firme


oposição de António, decidiu “cancelar” o contrato com efeitos imediatos, abrindo logo no
mês seguinte uma pequena mercearia, dedicada à venda de nada mais nada menos do
que… frutos secos. Quid júris?

Contrato de agência e contrato de concessão- CONTRATO MISTO, diferente de coligação de


contratos

27º nº1 contratos agência- contrato de duração indeterminada porque não foi estabelecido prazo

28º nº1- Denúncia do contrato

Sem pré aviso (“com efeitos imediatos”)- indemnização pelos danos, não deixa de ser
eficaz (29º)

Obrigação de não concorrência- 9º pós eficaz, não foi estipulado acordo portanto não deve haver
problema

CASO B- distribuição
No dia 2 de janeiro de 2021, André, casado com Carlota, decidiu começar o seu próprio
negócio. Para o efeito celebrou com a “BMX, Lda” um contrato nos termos do qual André
comprava àquela automóveis da marca “BMX” para depois os revender no
estabelecimento que abriu em Vilamoura. Ficou acordado que usaria as marcas e os
materiais publicitários da “BMX, Lda”. O contrato vigoraria por tempo indeterminado.
Em fevereiro de 2021, e percebendo que os automóveis da “Audex, Lda” estavam com
muito mais saída, André celebrou um contrato em tudo semelhante ao que tinha celebrado
com a “BMX, Lda”, mas, desta feita com a “Audex, Lda”. A nova loja seria exatamente ao
lado da primeira e o contrato vigoraria por tempo indeterminado.

Após um escândalo internacional envolvendo a “BMX, Lda”, André percebe que aquela
empresa não tem futuro. Em fevereiro de 2022 decide extinguir o contrato com efeitos a
partir de maio de 2022. Apesar de ser o melhor revendedor europeu daquela marca, com
uma vasta clientela angariada, diz que não quer a sua imagem manchada com tamanho
escândalo. Acontece, porém, que do ponto de vista comercial os timings não foram os
melhores e André não sabe o que fazer com os 100 carros da BMX que ainda tem em
mãos.

Concessão- alguém entre na cadeia de distribuição

Tipicidade meramente social

Compra para revenda


1. Tendo em conta o primeiro contrato celebrado entre André e a “BMX, Lda” estará
André impedido de celebrar o segundo contrato com a “Audex, Lda”?

Não concorrência é aplicável?

Regime da agência é aplicável por analogia, mas faz sentido aplicar todas as normas? EX: prazo
de denúncia deve ser o mesmo?

Documento escrito

Ad probationem- posso provar de outra forma

Ad substanciam- 219º exigência de forma legal não respeitada torna negócio nulo

Assistente considera ad substanciam

Exclusividade (posso ter vários trabalhos) é diferente de concorrência

2. Pronuncie-se sobre a cessação do contrato por parte de André. Adicionalmente, terá


André direito a algum tipo de compensação?

Denúncia – 28º

Indemnização de clientela – 33º

Requisitos: novos clientes aumentando o volume de negócios, outra parte beneficie


consideravelmente

Calculo segundo o 34º

3. Uma vez que André não quer assumir o prejuízo dos 100 carros, pronuncie-se sobre as
eventuais soluções a dar ao problema.

Concedente só tem de retomar stocks quando se obrigado a isso (quando tal foi acordado) OU há
dever de concedente retomar stocks quando resolução se deveu a culpa própria OU decorre da
boa fé concedente retomar stocks OU casuisticamente ver conteúdo do contrato para verificar
vontade hipotética das partes

CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO- CASO N.º 14


Aníbal andou de farmácia em farmácia, na zona centro do país, durante 5 anos, a
promover a venda dos produtos cosméticos da prestigiada marca “Beauty for ever”, da
sociedade com o mesmo nome (BFE – Beauty for ever, S.A.). A rotina era sempre a
mesma, definida por um manual de procedimentos extremamente detalhado, preparado
pela BFE. De acordo com tal manual, distribuído a cada distribuidor no início da sua
colaboração com a BFE, os distribuidores deviam limitar-se a explicar aos donos das
farmácias as maravilhas operadas por cada um dos produtos constantes do catálogo, o
quão fácil é vendê-los a senhoras descontentes com o peso da idade e o quão rentáveis são,
dada a diferença entre o preço de aquisição e o preço de venda ao público. Do manual
constavam instruções específicas quanto a encomendas e pagamentos: não podiam
“aceitar” encomendas ou pagamentos, mas apenas “transmitir” internamente os pedidos
dos clientes, a processar pelo departamento operacional. Do manual constavam ainda
regras claras quanto à apresentação: fato cinzento e gravata sóbria, sapatos engraxados,
cabelo curto e penteado, “sem modernices”; não podiam usar brincos, piercings ou outros
adereços que desvirtuassem a imagem que se pretendia sóbria. Deviam apresentar-se com
um cartão de visita da empresa e não podiam usar, nos seus contactos com os clientes,
outro endereço de e-mail que não o da empresa.

Do contrato assinado por Aníbal em 2016 constava (i) um prazo de 2 anos; (ii) um direito
de exclusivo na zona centro do país, (iii) que a sua remuneração se resumiria à comissão de
7,5% do preço de cada produto vendido pela BFE às farmácias contactadas por Aníbal,
incluindo esta comissão a compensação pela clientela criada pelo que, findo o contrato,
nada mais terá a haver da BFE; e (iv) uma obrigação de não concorrência por um prazo
de 5 anos após a cessação do contrato.

Em janeiro de 2019, Aníbal conheceu Carlota que tem a mania que é rebelde e
rapidamente fez dele “gato-sapato” e, em fevereiro, fez várias tatuagens e adotou um
penteado “radical” para demonstrar que estava à altura do desafio. Os donos das
farmácias com quem contactava diariamente começaram a olhá-lo com desconfiança.

Entretanto, Carlota convenceu Aníbal a promover junto das farmácias, juntamente com os
produtos da BFE, umas “ervas medicinais”, por si plantadas, que, segundo a mesma,
sendo misturadas com chá, produziam um efeito rejuvenescedor imediato. Alguns
farmacêuticos compraram as ervas que rapidamente demonstraram ser um sucesso entre
as senhoras de idade que, diziam, as faziam sentir mais jovens do que algum dia foram.
Descobriu-se em junho que, entre tais ervas, havia canábis com fartura...

Seria contrato de agência- mas falta autonomia das partes visto que há um manual de instruções
(não há liberdade de fixação de como irá promover)

Há regras claras quanto à apresentação

1. Em julho de 2019, a BFE escreveu a Aníbal, pondo fim imediato ao contrato. Aníbal,
incrédulo, disse que a BFE não tinha fundamento para isso: queria continuar a
trabalhar e a receber as comissões a que tinha direito.

Resolução alínea A- incumprimento porque incumpriu deveres de apresentação

Passaram 2 anos- 27º nº2 contrato por tempo indeterminado- pode ser sem pré aviso mas tem de
indemnizar = DENÚNCIA

2. Segundo Aníbal, mesmo que o contrato ficasse sem efeito, ele teria de ser
compensado pela clientela que criou. Afinal de contas, a BFE continuaria a receber
os proveitos do seu trabalho por muitos e bons anos: as farmácias que ele “mimou”
ao longo de anos continuariam a fazer encomendas sobre encomendas...

Indemnização de clientela- proveitos que continuam na esfera do principal depois do principal


ter cessado o contrato, ideia de justiça entre as partes
33º

Critério imputabilidade

Problema de no contrato haver limitação da compensação por clientela- não pode haver renúncia
antecipada dos direitos, nem haver uma compensação meramente simbólica porque se assemelha
a renúncia antecipada

Tal não está perante autonomia das partes limitar o direito a indemnização por clientela

Ratio da clientela. 33º. Problema da limitação. 33º nº3

3. O advogado de Aníbal sustentou ainda que este deveria reclamar à BFE a comissão
contratualmente prevista por cada produto vendido por esta às farmácias do centro
do país através da loja online criada em 2013.

4º, exigência de acordo escrito, direito especial a comissão fruto da exclusividade

4. Em agosto de 2019, a BFE reclamou um pagamento em atraso à Deolinda Farmácia


da Mouraria, Lda. Esta afirmou que já pagou a Aníbal em maio desse ano, pelo que
nada deve à BFE.

~2º nº1 e 3º nº2

23º- tutela representação e tutela eficaz negócio celebrado por quem não tem poderes

Poderes de representação

5. Na sua carta de resposta, a Deolinda Farmácia da Mouraria, Lda. reclamou ainda


uma compensação pelo facto de a BFE não ter entregado os produtos por si
encomendados 4 meses antes e que Aníbal garantiu que seriam entregues no mês
seguinte.

Compromisso vincula? Poderes de representação cingem-se à liberdade de celebração e não há


liberdade de estipulação

Não oponível a não ser que aplica-se 23º

6. Entretanto, em setembro de 2019, Aníbal decidiu montar o seu próprio negócio,


aproveitando um contacto da ECB - Empresa Cosmética Brasileira, S.A. que queria
introduzir os seus produtos no mercado português, aproveitando os contactos que Aníbal
tinha nas farmácias do centro do país.

Para o efeito, Aníbal deveria comprar os produtos à ECB e depois revende-los pelas
farmácias. Usaria para o efeito as marcas, os materiais publicitários e as amostras da ECB.
Aníbal não sabia se podia: lembra-se de uma qualquer obrigação de não concorrência no
contrato com a BFE e ligou ao seu advogado a perguntar.

Contrato celebrado é de concessão- compra para revenda

Contrato não cessou e A decide montar o seu negócio

Obrigação de não concorrência após cessação do contrato- por maioria de razão, também não
pode haver concorrência durante o contrato

6. As coisas correram bem entre a ECB e Aníbal durante pouco mais de um ano. No
final de outubro passado, a ECB enviou uma carta a Aníbal denunciando o contrato
com uma antecedência de 10 dias. Aníbal está novamente incrédulo: fez
investimentos avultadíssimos na promoção dos produtos da ECB e na constituição
de stocks, de acordo com o plano de negócios desenhado em conjunto com a ECB.

Denunciada com pré aviso sob pena de indemnização

Pré aviso com 1 mês antecedência

RETOMAR= readquirir o que vendeu ao concessionário

1. Concedente só tem de retomar stocks quando se obrigado a isso (quando tal foi
acordado)

Não há lugar a nada- obrigação de retoma apenas se as partes fixarem tal coisa

Sobretudo quando a parte que resolveu o contrato foi em fundamento em atitude


ilícita ou culposa por parte do concessionário

2. Há dever de concedente retomar stocks quando resolução se deveu a culpa própria


3. Decorre da boa fé concedente retomar stocks
4. Casuisticamente ver conteúdo do contrato para verificar vontade hipotética das partes-
comprei carros para vender, se soubesse que o contrato ia cessar comprava menos carros
5. Não faz sentido ele vender o que adquiriu- contrato que legitimava a venda era o de
concessão, que cessou

Mas por outro lado, o que adquiriu é sua propriedade

8. Carlota, quando percebeu que Aníbal não teria onde cair morto, logo o trocou por
Fausto, jovem empresário de sucesso que pretende abrir um restaurante igualzinho aos H4
que estão já espalhados por Lisboa e não sabe que contrato deve celebrar para o efeito.

Contrato franquia
CONTRATOS DE ORGANIZAÇÃO- CASO N.º 15
João Baralhado (JB) é um famoso investidor da Banca Portuguesa e fundador de uma
instituição mui especial sem fins lucrativos, designada Fundação “Moimême” (FMM). Em
janeiro, a FMM decidiu construir um magnífico pavilhão de exposição de arte bizantina
para dar a conhecer a coleção pessoal do seu fundador tendo vindo a adjudicar a obra a
“CCC – Consórcio Constrói e Cai”.

O CCC é composto pelas sociedades Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A., Edifica, S.A.
e pelo próprio JB. No contrato de consórcio, entre outros aspetos, vinha estipulado o
seguinte:

«1 –As partes procederão, em comum, à construção do pavilhão, ficando cada uma delas
responsável pelas seguintes tarefas:

a) à Cimentos Forte, Lda., caberá a construção de toda a estrutura do edifício,


orçamentada em € 1.500.000,00;

b) à Pedra e Cal, S.A. caberá a realização de todos os trabalhos de alvenaria,


orçamentados em € 1.000.000,00;

c) a Edifica, S.A. procederá à cobertura do telhado, à montagem de equipamentos, e


à finalização da obra, trabalhos orçamentados em € 500.000,00;

d) ao consorciado JB caberá contribuir com dinheiro equivalente a 10% do valor


total da empreitada que constituirá um fundo de maneio próprio do consórcio.

2 – Fica designado o consorciado JB como “Chefe do Consórcio”.

3 – As partes conferem os necessários poderes ao Chefe do Consórcio para em seu nome e


representação realizar todos os atos materiais e jurídicos necessários ou convenientes ao
desenvolvimento do Projeto, incluindo a negociação do contrato de empreitada, a sua
celebração e eventual modificação.

4 – O preço da empreitada, no valor global de € 3.000.000,00, será dividido do seguinte


modo: 75% para as sociedades construtores, na proporção da sua participação no
empreendimento; 25% para o JB. Os custos serão suportados na mesma proporção.»

O contrato de empreitada foi outorgado em 25 de Janeiro de 2021 pela Fundação e pelo


JB, tendo sido estipulado um prazo de 6 meses para a conclusão da obra. Em caso de
atraso, ficou estipulada uma cláusula penal equivalente a € 2.500,00/dia.

Para a construção da estrutura do edifício, a Cimentos Forte, Lda. subcontratou a


Moreira e Carvalho, Lda.. O preço do contrato de subempreitada nunca foi pago. Durante
a obra, morreu um trabalhador da Pedra e Cal, S.A. num acidente de trabalho grave, cuja
causa parece estar associada à violação de normas básicas de segurança.

1 – Como qualifica o contrato celebrado entre Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A.,
Edifica, S.A. e JB? Quais as partes do contrato de empreitada celebrado entre a FMM e o
CCC?
Contrato de consórcio- DL Nº231/81 de 28 de julho

Objeto- 2º alínea B “execução de determinado empreendimento”

Reduzido a escrito

5º nº2- consórcio externo

Chefe de consórcio- 12º a 14º , é JB

Partes- sem personalidade jurídica, cada uma das entidades jurídicas que integra o consórcio e a
fundação (JB como representante do consórcio)

2 – A sociedade Moreira e Carvalho, Lda. moveu uma acção de responsabilidade civil


contratual contra JB exigindo-lhe o pagamento dos valores acordados com Cimentos
Forte, Lda. entendendo que, tratando-se de uma subempreitada para a realização de uma
obra do CCC, os membros do consórcio seriam solidariamente responsáveis pelas
obrigações assumidas. Os familiares do trabalhador da Pedra e Cal, S.A. que morreu na
obra seguiram-lhe o exemplo. Quid juris?

So existe um devedor- não há pluralidade (não são todos devedores)

Na dúvida- 19º nº3

Logo não pode haver solidariedade

Não é por haver consórcio que 1 das partes não pode se vincular unicamente

3 – Oito meses após o início da obra, o pavilhão não estava ainda concluído mas o preço da
empreitada já estava todo pago. Poderia a FMM exigir à Pedra e Cal, S.A. a totalidade do
valor devido a cláusula penal?

19º nº2- cláusula geral compulsória relativamente a todos os membros do consórcio, presume-se
solidariedade passiva

OU

Elemento a contrario se forem previstas cláusulas penais não se presume solidariedade,


rementendo para 19º/1 – se ato de comércio: há solidariedade.

Ou seja ou aplicamos analogia ou argumento a contrário e damos a conclusões opostas

4 – Estava a administração da Pedra e Cal, S.A. a discutir com a FMM o diferendo supra
referido, quando a FMM recebeu uma comunicação da Cimento Forte, Lda. solicitando o
pagamento de € 1.500.000,00 devidos pela construção da estrutura, conforme o descrito no
orçamento de obra. A FMM respondeu dizendo que já tinha pago a totalidade do
empreendimento ao JP e que, sendo este Chefe do Consórcio, só ele podia solicitar algum
eventual valor em falta. Quid juris?

14º nº1 D remete para 16º nº1- 14º funciona como exceção ao 16º
16º nº2 e 3- vale para relações internas

770º C.C cumprir perante terceiro não iliba de cumprir a prestação perante o verdadeiro credor

5 – Tendo em conta a conduta da Cimentos Forte, Lda. e a forte suspeita de que a morte
do trabalhador da Pedra e Cal, S.A. se ficou a dever pela violação, pela parte desta, dos
mais elementares deveres de segurança, a Edifica, S.A. pretende abandonar o consórcio e
ainda ser ressarcido pelos danos causados à sua imagem e bom nome, causados pelo facto
de ser conhecido no mercado a sua pretença ao CCC e, logo, a sua participação em tão
nefasto empreendimento... Quid iuris?

3 modalidades de cessão do consórcio neste caso é Exoneração

Ele fez algo perante os restantes membros porque os deveres perante o consórcio não se limitam
aos das relações internas, também se estendem às relações externas com terceiros

GARANTIAS BANCÁRIAS- CASO N.º 16


Augusto já é uma lenda das armas para utilização recreativa. Através da sua sociedade, a
“Esmaga o Elfo Branquinho, S.A.” (“EEB”), inundou o mercado com armas mais
sofisticadas e mais baratas que as dos concorrentes – as MRD e as “Complexo do Alemão”
-, ao ponto de os levar à falência e ficar numa posição de domínio absoluto, no mercado
nacional. Mas o céu é o limite, para este jovem ex-estudante de Direito: quer atacar outros
mercados. A primeira encomenda foi recebida com júbilo: um cliente russo – Alexei -
encomendou 20.000 caçadeiras de canos serrados para fins recreativos, permitindo à EEB
faturar € 400.000. Como a EEB precisava da liquidez para comprar as matérias-primas,
convenceu Alexei a pagar antecipadamente metade do preço. Mas o comprador,
assessorado por um jurista português, exigiu à EEB que obtivesse uma garantia emitida
por um banco português. A EEB contactou então o Banco de Exportação Nacional, S.A.
(“BEN”), que emitiu em 2 de novembro de 2020 uma carta dirigida a Alexei com o
seguinte teor:

OU SEJA, EEB vai vender armas e o primeiro cliente é o Alexei que encomendou 20 mil
caçadeiras, pagando metade do preço antecipadamente (deu crédito) sem as ter recebido. Mas
pediu garantia de que EEB vai realizar. EEB apresenta garantia bancária.

“O BEN vem por este meio e por ordem da EEB, prestar irrevogável e incondicionalmente
a Alexei uma garantia bancária destinada a caucionar o cumprimento de todas as
obrigações assumidas pela EEB ao abrigo do contrato de compra e venda de 20.000
caçadeiras para fins recreativos, nomeadamente a obrigação de entrega das caçadeiras e a
obrigação de devolução do adiantamento dos € 200.000, declarando renunciar a todos os
meios de defesa próprios ou que possam competir à EEB e que de algum modo possam
obstar à execução total ou parcial da garantia (…). O BEN não poderá recusar, sob
qualquer alegação, o pagamento de qualquer quantia reclamada por Alexei ao abrigo
desta garantia, designadamente que não se encontra demonstrado o incumprimento total
ou parcial por parte de EEB”.

1. Considere as duas hipóteses alternativas:


a. Em 20 de Novembro de 2020, o BEN foi contactado por Verónica, que apareceu munida
de um contrato de cessão de “todas as posições ativas decorrentes da garantia bancária”,
celebrado com Alexei. Verónica exige ao BEN o pagamento de € 200.000, porque as armas
chegaram danificadas a Moscovo.

582º C.C.- transmissão de garantias

577º C.C.- admissibilidade da cessão de créditos, independentemente do consentimento do


devedor

PROBLEMA- no contrato de garantia temos 3 partes (vendedor de armas, particular


comprador beneficiário, e banco que me dá a garantia, sendo o garante), pelo que na garantia é
um contrato

b. Em 10 de Novembro de 2020, apenas 1 dia após a saída dos camiões TIR com as armas
de Portugal, Alexei exigiu ao BEN o pagamento dos € 200.000, correspondentes ao
adiantamento. O BEN questionou Alexei sobre o motivo do acionamento da garantia, mas
recebeu como resposta um seco “não podem recusar, sob qualquer alegação, o pagamento
de qualquer quantia reclamada por Alexei ao abrigo desta garantia”!

Garantia bancária autónoma- não está dependente do contrato base, contrato pode ter vícios que
não afetarão a garantia

Simples- exige prova de que é exigível/executável a garantia

Automática/ao primeiro pedido- banco é obrigado a pagar automaticamente sem


possibilidade de recusa, pode ser possível exigir prova documental mas dentro dos limites da
razoabilidade para não afetar a essência da automaticidade da garantia

2. Distinga a garantia bancária autónoma da fiança ao primeiro pedido.

GARANTIA-
FIANÇA- garantia pessoal visto que garante o património, há devedores principais e fiadores que são
devedores secundários, Banco em primeira linha pede ao devedor principal, e só em segunda linha vai ao
fiador que é obrigado por contrato a pagar
Defesas do fiador- benefício da execução prévia (638º C.C.) quando ainda não esgotou património
do devedor principal;
Diferente da fiança à primeira solicitação- fiador tem de pagar em primeira linha e pode
eventualmente cobrar ao devedor principal o montante que teve de pagar, não podendo exercer execução
prévia

Caso prático

Abel, proprietário de um imóvel no centro de Lisboa, pretende rentabilizar o mesmo mas


através de um qualquer negócio no qual “se identifique”. Nesse sentido, combinou com
Bento e Carlota, seus amigos de longa data, que poderiam utilizar o espaço para
concretizar o seu projeto de infância: abrir um café da marca “BudsCoffee”, exatamente
igual àqueles que os três amigos costumavam frequentar nas viagens que faziam juntos ao
estrangeiro. O imóvel de Abel era, de facto, o espaço ideal. E, por isso, facilmente
chegaram a um acordo: Bento e Carlota pagavam a Abel uma renda mensal simbólica de
450,00 EUR, suficiente para cobrir os custos com a manutenção do imóvel, acrescida de
15% dos lucros resultantes da exploração do café. O contrato foi celebrado por um
período de dois anos, renovável por iguais períodos. Bento e Carlota puderam, finalmente,
colocar em marcha o seu antigo projeto, celebrando com a sociedade BudsCoffee, Inc. um
contrato nos termos do qual abririam um café da marca no centro de Lisboa, contra o
pagamento de uma entrada inicial de 50.000,00 EUR e, ainda, de 10% dos lucros líquidos
como renda mensal. Entretanto, Bento e Carlota, vendo-se obrigados a dividir os seus
lucros com Abel e a BudsCoffee, Inc., acabam por deixar de pagar a esta última, vendendo
o café a Dário por 200.000,00 EUR, acordando, de entre outros aspetos, que este “teria de
fazer cessar os contratos de trabalho com os funcionários e pagar as compensações
eventualmente daí decorrentes”. Enviam, então, cartas a Abel, informando-o de que, a
partir de agora, deve pedir as rendas e a sua parte nos lucros a Dário, bem como à
sociedade BudsCoffee, Inc., comunicando-lhe a venda. Tomando conhecimento da
situação, Abel, perplexo, fica sem saber a quem pedir os montantes em causa, e a
BudsCoffee, Inc., que nem conhece Dário, pretende invalidar o contrato que Bento e
Carlota celebraram com este.

1. Pode a BudsCoffee, Inc. exigir o valor em dívida a Bento, conhecido por ser uma pessoa
com um avultado património, que se adensou significativamente quando se casou com
Francisca? Acrescidamente, ao montante em dívida poderia ser ainda peticionada uma
compensação pelo atraso no pagamento?

2. Qualifique o contrato celebrado entre Bento, Carlota e Abel e pronuncie-se sobre se, e
em que termos, é que Abel poderia, querendo, desistir do contrato.

3. Qualifique o contrato celebrado entre Bento, Carlota e Dário e pronuncie-se sobre se a


BudsCoffee, Inc. tem fundamentos para invocar a sua invalidade.

4. Quem é que deve ser responsável perante Abel, e em que termos?

33º nº3- Contrato Agência- critério da imputabilidade


Contrato que cesse por razões imputáveis ao agente- comportamento ilícito do agente, apenas
para os casos em que o contrato cessa em resolução fundada em comportamentos ilícitos e culposos por
parte do agente

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