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Direito-Comercial-práticas

Direito (Universidade de Lisboa)

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Direito Comercial – práticas

Jorge Simão 29.09.2017

Próxima aula – casos práticos


Bibliografia: MC + Coutinho de Abreu
Teste escrito: 21 de novembro
Fichas em papel
Josecaritasimão@fd.ulisboa.com
2.10.2017

Caso nº1
A casado com B, e Carlos solteiro, donos de uma pastelaria na Avenida de Roma,
compraram à sociedade fruta LDA, um carregamento de mangas, para fazerem os seus
conhecidos sumos que atraem multidoões.
1. Pode a frutas lda demandar apenas A exigindo o pagamento do preço total?
a. A sociedade pode só demandar A?
b. Pode atuar contra os bens comuns do casal?

2. Em caso de não pagamento voluntário, pode esta sociedade executar os bens


comuns de A e B?

1. Ato de comércio:

A obrigação é solidária de acordo com o 512º quando cada um dos devedores


responde pela prestação integral e esta a todos libera, ou quando cada um dos
credores tem a faculdade de exigir, por si só, a prestação integral e esta libera o
devedor para com todos eles.
De acordo com a artigo 513º são fontes de solidariedade de devedores só existe
quando da lei resulte da lei ou da vontade das partes.

De acordo com o 534º nas obrigações divisíveis os vários credores ou devedores, se


outra proporção não resultar da lei ou do negócio jurídico;

Embora as obrigações divisíveis sejam o regime geral, de acordo com o artigo 100º do
Código Comercial, encontra-se estabelecido, nas obrigações comerciais, a regra da
solidariedade:

“Artigo 100º

Nas obrigações comerciais os co-obrigados são solidários, salva


estipulação contrária. Esta disposição não é extensiva aos não

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comerciantes quanto aos contratos que, em relação a estes, não


constituirem actos comerciais.”

Assim em suma, através da conciliação dos artigos 513º e 534º CC, que estabelece o
regime geral (parciária) e o regime excecional da solidariedade, com o artigo 100º do
C.Comercial , que determina que se estivermos perante um ato de comércio, a
obrigação será solidária, concluímos que sendo este um ato de comércio a obrigação
será deste modo solidária podendo as frutas LDA exigir o pagamento do preço total a
A.

2. De acordo com o artigo 1695º de epigrafe “bens que respondem pelas dividas da
responsabilidade de ambos os cônjuges”, respondem pelas dividas que são da
responsabilidade de ambos os cônjuges os bens comuns do casal e na falta ou
insuficiência deles, solidariamente os bens próprios de qualquer dos cônjuges. Visto
nada no caso indicar que o casal se encontre o regime da separação de bens e
vigorando no nosso ordenamento, de acordo com 1717º, o regime supletivo do regime
de comunhão de adquiridos, a excepção do nº 2 do primeiro artigo não deverá aqui
será aplicada.

De acordo com o 1696º pelas dividas da exclusiva responsabilidade de um dos


cônjuges respondem os bens próprio do cônjuge devedor e subsidiariamente a
sua meação nos bens comuns. Respondem para além dos bens próprios do
cônjuge devedor os bens levados por ele para o casal ou posteriormente
adquiridos a titulo gratuito, bem como respetivos rendimentos; o produto de
do trabalho e os direitos de autor do cônjuge devedor; e ainda os bens sub-
rogados no lugar dos referidos na alínea a do artigo.
Assim sendo, respondem os bens do cônjuge devedor, e só na falta de liquidez é que
será responsabilidade de ambos, sendo que só em caso de separação de bens, ou não
ser para usufruto do casal é que apenas respondem os bens do devedor.

Porém o artigo 1691º/d estabelece que que são da responsabilidade de ambos os


cônjuges as dividas contraídas por qualquer um dos cônjuges no exercício do comércio
salvo se se provar que não foram contraídas em proveito comum do casal, ou se
vigorar entre os cônjuges o regime geral da separação de bens. Logo e de acordo com
o Art.º 15º CCOM que estabelece que “as dívidas comerciais do cônjuge comerciante
presumem-se contraídas no exercício do seu comércio” e tendo em conta que ambos
são comerciantes os bens de ambos respondem pelas dividas.

O CV pode ser um ato de comércio?


Numa primeira instância, o nosso CC define ato de comércio no seu artigo 2º:
 “Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados
neste Código” – Art. 2º, primeira parte;

 “todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente
civil, se o contrário do próprio ato não resultar” – art. 2º, última parte.

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Art.º1 CCOM – a lei comercial rege os atos de comércio

ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM


ESPECIALMENTE REGULADOS NESTE CÓDIGO1, E, ALÉM DELES, TODOS OS CONTRATOS E
OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES, QUE NÃO FOREM DE NATUREZA EXCLUSIVAMENTE CIVIL,
SE O CONTRÁRIO DO PRÓPRIO ATO NÃO RESULTAR.

Art.º 2º CCOM:
 Critério objetivo: é comercial todo o ato de comércio previsto na lei (lei comercial,
sociedades comerciais, lei extravagante) – art.º 2º, 1ª parte

463º/1 CCOM- AS COMPRAS DE COUSAS MÓVEIS PARA REVENDER, EM BRUTO OU


TRABALHADAS, OU SIMPLESMENTE PARA LHES ALUGAR O USO;

DD: é necessário que haja bilateralidade? Pode haver um negócio unilateral que pode
ser na mesma considerado um ato de comercio (criação de uma sociedade comercial).

464º CCOM

Atos, melhor palavra? Além dos contratos, temos atos unilaterais (ex. cheque).
 Critério subjetivo:
- Art.º 2ª parte – há ou não um comerciante envolvido?
o Comerciante – art.º 13º CCOM – é preciso saber se tem capacidade ou não –
art.º 7º CCOM.

ART.º 7.º CAPACIDADE PARA A PRÁTICA DE ATOS DE COMÉRCIO (CAPACIDADE DE GOZO


E CAPACIDADE DE EXERCICIO)

TODA A PESSOA, NACIONAL OU ESTRANGEIRA, QUE FOR CIVILMENTE CAPAZ DE SE


OBRIGAR, PODERÁ PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, EM QUALQUER PARTE DESTES REINOS E
SEUS DOMÍNIOS, NOS TERMOS E SALVAS AS EXCEPÇÕES DO PRESENTE CÓDIGO.

ART.º 13.º QUEM É COMERCIANTE

SÃO COMERCIANTES:

1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;

2.º AS SOCIEDADES COMERCIAIS

1
Interpretação extensiva: código comercial e demais lei extravagante

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O ato em causa é uma compra e venda com o fim de revenda- é um ato de comércio.
Primeira disti nção

O ato tem natureza exclusivamente civil? Pode ser regulado pelo direito comercial?
Embora seja realizada por um comerciante um ato caso tenha uma natureza
exclusivamente civil não adota um caracter comercial por quem o seu exercício ser
feito
Resulta o contrário do próprio ato?
O ato é comercial se dele não resultarem circunstâncias que não são comerciais (ex.
um comerciante comprar uma caravana e ir de férias).

O 463º e 464º CCOM - CV comerciais e não comerciais, enumeração de ambas.

ART.º 463.º COMPRAS E VENDAS COMERCIAIS

SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

1.º AS COMPRAS DE COUSAS MÓVEIS PARA REVENDER, EM BRUTO OU TRABALHADAS, OU


SIMPLESMENTE PARA LHES ALUGAR O USO;

2.º AS COMPRAS, PARA REVENDA, DE FUNDOS PÚBLICOS OU DE QUAISQUER TÍTULOS DE


CRÉDITO NEGOCIÁVEIS;

3.º A VENDA DE COUSAS MÓVEIS, EM BRUTO OU TRABALHADAS, E AS DE FUNDOS


PÚBLICOS E DE QUAISQUER TÍTULOS DE CRÉDITO NEGOCIÁVEIS, QUANDO A AQUISIÇÃO
HOUVESSE SIDO FEITA NO INTUITO DE AS REVENDER;

4.º AS COMPRAS E REVENDAS DE BENS IMÓVEIS OU DE DIREITOS A ELES INERENTES,


QUANDO AQUELAS, PARA ESTAS, HOUVEREM SIDO FEITAS;

5.º AS COMPRAS E VENDAS DE PARTES OU DE ACÇÕES DE SOCIEDADES COMERCIAIS.

ART.º 464.º COMPRAS E VENDAS NÃO COMERCIAIS

NÃO SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

1º AS COMPRAS DE QUAISQUER COUSAS MÓVEIS DESTINADAS AO USO OU CONSUMO DO


COMPRADOR OU DA SUA FAMÍLIA, E AS REVENDAS QUE PORVENTURA DESSES OBJECTOS SE
VENHAM A FAZER;

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2.º AS VENDAS QUE O PROPRIETÁRIO OU EXPLORADOR RURAL FAÇA DOS PRODUTOS DE


PROPRIEDADE SUA OU POR ELE EXPLORADA, E DOS GÉNEROS EM QUE LHES HOUVEREM
SIDO PAGAS QUAISQUER RENDAS; 2

3º AS COMPRAS QUE OS ARTISTAS, INDUSTRIAIS, MESTRES E OFICIAIS DE OFÍCIOS


MECÂNICOS QUE EXERCEREM DIRECTAMENTE A SUA ARTE, INDÚSTRIA OU OFÍCIO, FIZEREM
DE OBJECTOS PARA TRANSFORMAREM OU APERFEIÇOAREM NOS SEUS ESTABELECIMENTOS,
E AS VENDAS DE TAIS OBJECTOS QUE FIZEREM DEPOIS DE ASSIM TRANSFORMADOS OU
APERFEIÇOADOS;

4.º AS COMPRAS E VENDAS DE ANIMAIS FEITAS PELOS CRIADORES OU ENGORDADORES.

O contrato CV é objetivo em sentido objetivo (art.º 2 + 463º/1 CCOM). É igualmente


um ato em sentido subjetivo (463º).
O ato não teria natureza exclusivamente civil.
A obrigação é solidária (15º)
B também seria responsabilizada (15º + 1691º CC)
Ainda há a exclusão da 2ª parte, o objeto vai ser usado no âmbito do comércio.

Caso nº2
David, fotografo, vende todos os fins de semanas, fotografias por si
captadas nas feiras da região. Cansado das longas deslocações, propõe a
Elvira, que se dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, que
comprem em conjunto, uma carrinha para chegarem às feiras. Assim
fizeram. No entanto, Elvira arrepende-se e não quer pagar o preço
acordado.
Pode a sociedade automóveis CA. demandar apenas D?

Temos dois regimes que se contrapõe neste caso. O regime civil (em que coexistem o
regimes geral da parciaridade e o regimes especial da solidariedade e o regime
comercial.
De acordo com o 512º a obrigação apenas é solidária quando cada um dos
devedores responde pela prestação integral e esta a todos libera, ou quando
cada um dos credores tem a faculdade de exigir, por si só, a prestação integral
e esta libera o devedor para com todos eles.
De acordo com a artigo 513º são fontes de solidariedade de devedores só existe
quando da lei resulte da lei ou da vontade das partes.

De acordo com o 534º nas obrigações divisíveis os vários credores ou devedores, se


outra proporção não resultar da lei ou do negócio jurídico;

2
A escola de Coimbra considera agricultores, artesãos, industriais comerciantes.
Contudo a posição dominante (MC) não os considera comerciantes.

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Direito Comercial – práticas

Embora as obrigações divisíveis sejam o regime geral, de acordo com o artigo 100º do
Código Comercial, encontra-se estabelecido, nas obrigações comerciais, a regra da
solidariedade.

“Artigo 100º

Nas obrigações comerciais os co-obrigados são solidários, salva


estipulação contrária. Esta disposição não é extensiva aos não
comerciantes quanto aos contratos que, em relação a estes, não
constituirem actos comerciais.”

Para que o artigo 100º - o regime comercial da solidariedade- possa ser aplicado é
necessário que estejam preenchidos dois requisitos:
- Que sejam comerciantes;
- Que pratiquem atos comerciais.

De acordo com o artigo 13º são comerciantes: as pessoas, que, tendo capacidade para
praticar actos de comércio, fazem deste profissão;

Profissão requisitos (MC):


- Prática habitual
- lucrativa
- juridicamente autónoma
- tendencialmente exclusiva

O D é fotógrafo, de profissão mas não sabemos se esta é a sua atividade exclusiva.

O conceito de empresa no nosso código comercial não tem a mesma conotação que
nomeadamente tem no código alemão. Deste modo aplica-se a este caso o artigo 230º
- ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM ESPECIALMENTE


REGULADOS NESTE CÓDIGO – ATO COMERCIAL OBJETIVO

DAS EMPRESAS ART.º 230.º EMPRESAS COMERCIAIS

HAVER-SE-ÃO POR COMERCIAIS AS EMPRESAS, SINGULARES OU COLECTIVAS, QUE SE


PROPUSEREM:

5.º EDITAR, PUBLICAR OU VENDER OBRAS CIENTÍFICAS, LITERÁRIAS OU ARTÍSTICAS; .

§ 3.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O PRÓPRIO AUTOR QUE
EDITAR, PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.

Relativamente a E

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Direito Comercial – práticas

E de acordo com o artigo 7º tem de ter capacidade de gozo e exercício para poder
praticar atos comerciais.
ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM


ESPECIALMENTE REGULADOS NESTE CÓDIGO3, E, ALÉM DELES, TODOS OS CONTRATOS E
OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES, QUE NÃO FOREM DE NATUREZA EXCLUSIVAMENTE CIVIL,
SE O CONTRÁRIO DO PRÓPRIO ATO NÃO RESULTAR.

ART.º 464.º COMPRAS E VENDAS NÃO COMERCIAIS


2.º AS VENDAS QUE O PROPRIETÁRIO OU EXPLORADOR RURAL FAÇA DOS PRODUTOS DE
PROPRIEDADE SUA OU POR ELE EXPLORADA, E DOS GÉNEROS EM QUE LHES HOUVEREM
4
SIDO PAGAS QUAISQUER RENDAS;

A partir da conjugação do art 2º com o 464/2º do C.Com podemos retirar que E que se
dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, não pratica uma ato
comercial.
Consequentemente e tendo em conta o artigo 13º do C.Com E não é
comerciante.

ART.º 13.º QUEM É COMERCIANTE

SÃO COMERCIANTES:

1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;

2.º AS SOCIEDADES COMERCIAIS

Aula prática
3/2
ART.º 99.º REGIME DOS ACTOS DE COMÉRCIO UNILATERAIS
EMBORA O ACTO SEJA MERCANTIL SÓ COM RELAÇÃO A UMA DAS PARTES SERÁ REGULADO
PELAS DISPOSIÇÕES DA LEI COMERCIAL QUANTO A TODOS OS CONTRATANTES, SALVO AS QUE SÓ
FOREM APLICÁVEIS ÀQUELE OU ÀQUELES POR CUJO RESPEITO O ACTO É MERCANTIL, FICANDO,
PORÉM, TODOS SUJEITOS À JURISDIÇÃO COMERCIAL.

NOTA:
ATOS DE COMÉRCIO SUBJETIVO E ACESSÓRIOS
- ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS POR ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS OS QUE DEVEM A SUA
COMERCIALIDADE AO FACTO DE SE LIGAREM OU CONEXIONAREM A ATOS MERCANTIS

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Interpretação extensiva: código comercial e demais lei extravagante
4
A escola de Coimbra considera agricultores, artesãos, industriais comerciantes.
Contudo a posição dominante (MC) não os considera comerciantes.

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- TEM-SE QUESTIONADO A POSSIBILIDADE DE QUALIFICAÇÃO COMO COMERCIAIS DOS ATOS QUE


NÃO TENDO SIDO ESPECIALMENTE REGULADOS NA LEI MERCANTIL MAS ACESSÓRIO DE ATOS
OBJETIVAMENTE COMERCIAIS.
- EXEMPLOS: FIANÇA(101º), 231º, 403º
- POR EXEMPLO A COMPRA DE CAXAS E O ALUGUER POR UM AGRICULTOR DE UMA VIATURA
(QUE NÃP CABEM NO ARTIGO 463º/1º, NEM NO ARTIGO 481º, RESPETIVAMENTE) SÃO
QUALIFICÁVEIS COMO ATOS DE COMÉRCIO PELO FACTO DE SEREM ACESSÓRIOS DE UM ATO
MERCANTIL?
- DD: HÁ QUEM RESPONDA AFIRMATIVAMENTE (CUNHA GONÇALVES) E QUE DE ACORDO,
COM A CHAMADA TEORIA DO ACESSÓRIO, TODO O ATO DE UM NÃO COMERCIANTE
EFETIVAMENTE CONEXIONADO COM O ATO OBJETIVAMENTE MERCANTIL É UM ATO DE
COMÉRCIO.
UMA RESPOSTA NEGATIVA É DADA PELA DOUTRINA DOMINANTE- OU PORQUE SE CONSIDERA
INADMISSÍVEL O RECURSO À ANALOGIA, OU PORQUE SE ADMITE TAL RECURSO MAS DE MODO
RESTRITO (PINTO COELHO)
COUTINHO DE ABREU TAMBÉM NÃO ACOLHE A TEORIA DO ACESSÓRIO (NÃO CONSIDERA
LEGITIMO AFIRMAR UM PRINCIPIO GERAL SEGUNDO O QUAL TODO E QUALQUER ATO DE NÃO
COMERCIANTES SERIA MERCANTIL QUANDO CONEXIONADO COM ATOS OBJETIVOS DE
COMÉRCIO) CONTUDO ACEITA COMO LEGITIMO QUALIFICAR DE COMERCIAIS CERTOS ATOS DE
NÃO COMERCIANTES POR SEREM ANÁLOGOS A ATOS DE COMERCIO PREVISTOS NA LEI.
4/10
ESQUEMA

OBRIGAÇÕES singulares

Conjuntas (513º/534º)

plurais

Solidárias (100º C.COM)


SENTIDO OBJETIVO – 2º
C.COM + 463º/464º(230º)
SENTIDO SUBJETIVO- 230º + 464º E
2º 2ªA PARTE
– 13º (7º)
- 464º
TEM NATUREZA PURAMENTE CIVIL ?

CASO 2 – RESOLUÇÃO
FOTÓGRAFO NÃO É COMERCIANTE- NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O
PRÓPRIO AUTOR QUE EDITAR, PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.

PERANTE UMA DETERMINADA SITUAÇÃO DE VIDA QUAL DOS REGIMES SE APLICA- DEPENDE SE O ATO É
OU NÃO UM ATO DE COMÉRCIO
EXCLUSÃO DE ATOS COMERCIAIS EM SENTIDO OBJETIVO

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- ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM ESPECIALMENTE


REGULADOS NESTE CÓDIGO – ATO COMERCIAL OBJETIVO

DAS EMPRESAS ART.º 230.º EMPRESAS COMERCIAIS


HAVER-SE-ÃO POR COMERCIAIS AS EMPRESAS, SINGULARES OU COLECTIVAS, QUE SE
PROPUSEREM:

5.º EDITAR, PUBLICAR OU VENDER OBRAS CIENTÍFICAS, LITERÁRIAS OU ARTÍSTICAS;

§ 3.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O PRÓPRIO AUTOR QUE
EDITAR, PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.

A compra da carrinha não é um ato de comércio em sentido objetivo. O David não é


um comerciante (230º/3+464º).

Também E não é comerciante:


- E de acordo com o artigo 7º tem de ter capacidade de gozo e exercício para
poder praticar atos comerciais.

ART.º 464.º COMPRAS E VENDAS NÃO COMERCIAIS


2.º AS VENDAS QUE O PROPRIETÁRIO OU EXPLORADOR RURAL FAÇA DOS
PRODUTOS DE PROPRIEDADE SUA OU POR ELE EXPLORADA, E DOS GÉNEROS EM
QUE LHES HOUVEREM SIDO PAGAS QUAISQUER RENDAS; 5

- A partir da conjugação do art 2º com o 464/2º do C.Com podemos retirar que


E que se dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, não pratica
uma ato comercial.
Consequentemente e tendo em conta o artigo 13º do C.Com E não
é comerciante.

Embora a venda pela sociedade automóvel, seja um ato comercial (100º+ 99º), a
compra da carrinha por D e E já não o é:
ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM


ESPECIALMENTE REGULADOS NESTE CÓDIGO6, E, ALÉM DELES, TODOS OS
CONTRATOS E OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES, QUE NÃO FOREM DE NATUREZA
EXCLUSIVAMENTE CIVIL, SE O CONTRÁRIO DO PRÓPRIO ATO NÃO RESULTAR.

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A escola de Coimbra considera agricultores, artesãos, industriais comerciantes.
Contudo a posição dominante (MC) não os considera comerciantes.
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Interpretação extensiva: código comercial e demais lei extravagante

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Estamos assim perante um ato comercial unilateral mas não se retira quaisquer
consequências. Será então aplicado o regime da parciaridade (regime regra do código
civil - De acordo com o 534º nas obrigações divisíveis os vários credores ou devedores,
se outra proporção não resultar da lei ou do negócio jurídico): a sociedade automóvel
apenas pode pedir a D e E a parte que lhes corresponde da obrigação (50% do valor).

Caso 3
F, advogado e amante de pintura, comprou um conjunto de quadros de Julio resende
numa galeria de arte no Porto, pretendendo fazer uma surpresa a H, sua mulher. H
não gostou dos quadros e exigiu que F os retira-se rapidamente de casa. Triste F
decidiu vender os quadros. Jeremias comerciante de arte mostrou-se logo interessado
e a venda realizou-se. Ficou no entanto combinado que F guardaria o quadro durante
15 dias pelo que este contratou o depósitos dos quadros com a galeria de arte onde os
comprara por aquele período para garantir a segurança dos quadro F contratou ainda
um guarda para vigiar as pinturas.
Qual a natureza dos vários atos descritos?

Atos
 Compra de quadros por F (analisar a compra)
 Análise da Venda pela galeria de arte
 Venda dos quadros pelo F ao J
 Compra de J desses mesmos quadros
 Depósito desses mesmo quadros com a galeria de arte
 Contrato celebrado entre o F e o guarda (contrato de serviços de segurança)

Resolução
F é advogado
 Trata-se de uma profissão liberal.

Poderão os profissionais liberais equiparado aos comerciantes?


O professor MC considera que há três critérios para serem equiparados a
comerciantes:
- Autonomia (ausência de direção e de sujeição)
- prática de atos lucrativos a titulo regular
- organização mínima comprável a uma empresa
De acordo com o professor CA os profissionais liberais são pessoas singulares que
exercem de modo habitual e autónomo atividade primordialmente intelectuais,
suscetíveis de regulamentação e controlo próprio (ex: a cargo em grande medida se
associações- câmaras e ordens)- bem como sujeitos coletivos cujo objeto consista
numa atividade profissional-liberal (sociedades) também não são comerciantes.
Para alem de os atos típicos das atividades respetivas não serem qualificadas
legislativamente mercantis, a asserção é confirmada por diversos atos normativos.
Próximos dos atos profissionais liberais (e nalguns casos, dos artesãos) temos uma
série de trabalhadores autónomos igualmente não comerciantes (ex: escultores,
pintores, escritores, cientistas e músicos). Estas atividades própria destas pessoas não

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são legalmente qualificadas como mercantis (premissa reforçada pela letra do artigo
230º/3 do C.Comercial).
ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM


ESPECIALMENTE REGULADOS NESTE CÓDIGO7, E, ALÉM DELES, TODOS OS CONTRATOS E
OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES, QUE NÃO FOREM DE NATUREZA

ART.º 464.º COMPRAS E VENDAS NÃO COMERCIAIS

NÃO SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

1º AS COMPRAS DE QUAISQUER COUSAS MÓVEIS DESTINADAS AO USO OU CONSUMO DO


COMPRADOR OU DA SUA FAMÍLIA, E AS REVENDAS QUE PORVENTURA DESSES OBJECTOS SE
VENHAM A FAZER;

230º/§5 – a galeria é considerada uma empresa comercial


“230º EMPRESAS COMERCIAIS
HAVER-SE-ÃO POR COMERCIAIS AS EMPRESAS, SINGULARES OU COLECTIVAS, QUE
SE PROPUSEREM: 5.º EDITAR, PUBLICAR OU VENDER OBRAS CIENTÍFICAS,
LITERÁRIAS OU ARTÍSTICAS; “

MC: CONCEITO DE EMPRESA ENQUANTO CONCEITO ECONÓMICO -

NO DIREITO AS EMPRESAS REVELAM-SE HOJE DUAS ACEÇÕES PRINCIPAIS:


- Em sentido subjetivo (empresas como instrumentos ou atividade económica) –
evidência sobretudo ao nível da defesa de direito da concorrência: neste âmbito estas
aparecem como sujeitos de direitos e deveres.
- Em sentido objetivo (empresas como instrumentos ou estruturas produtivo-
económicos objetos de direitos e de negócios).
 Dentro do conceito de empresa em sentido objetivo encontramos o conceito de
empresas comerciais: são comerciais as empresas através das quais são exercidas
atividades de interposição nas trocas – máxime, compras de coisas para revenda e
vendas de coisas adquiridas para revender (463º), - atividades industrial-
transformadoras (art 230º/1) de serviços- agenciamento de negócios, exploração de
espetáculos públicos (230º/3 e 4), operações de banco (362º)- etc.
 Em suma são comerciais as empresas cujo objetivo se traduza na realização de atos
(ou atividades) objetivamente mercantis.

*CV F: natureza exclusivamente civil – 463º/1 não é um ato de comercio em


sentido objetivo, nem em subjetivo (não podia ser considerado comerciante nos
termos do artigo 13º).

ART.º 464.º COMPRAS E VENDAS NÃO COMERCIAIS

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Interpretação extensiva: código comercial e demais leis extravagantes

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Direito Comercial – práticas

NÃO SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

1º AS COMPRAS DE QUAISQUER COUSAS MÓVEIS DESTINADAS AO USO OU CONSUMO DO


COMPRADOR OU DA SUA FAMÍLIA, E AS REVENDAS QUE PORVENTURA DESSES OBJECTOS SE
VENHAM A FAZER;

Embora os profissionais liberais não sejam semelhantes a comerciantes, nos


termos do artigos 13º- pode-se suscitar a aplicação de alguns atos comerciais ainda
que não esteja a fazer nada relacionado com a sua profissão.
Relativamente à venda dos quadros: esta tem uma natureza puramente civil,
não houve um intuito inicial de revenda para ter lucro – 463º/§3 não se aplica, não é
um ato de comercio em sentido objetivo – ele não é comerciante logo não é um ato de
comércio em sentido subjetivo

J é um comerciante de arte, faz disso profissão – art.º 13º/§1 e tem capacidade art.º
7º.
ART.º 13.º QUEM É COMERCIANTE

SÃO COMERCIANTES:

1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;

2.º AS SOCIEDADES COMERCIAIS

ART.º 7.º CAPACIDADE PARA A PRÁTICA DE ACTOS DE COMÉRCIO

TODA A PESSOA, NACIONAL OU ESTRANGEIRA, QUE FOR CIVILMENTE CAPAZ DE SE


OBRIGAR, PODERÁ PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, EM QUALQUER PARTE DESTES REINOS E
SEUS DOMÍNIOS, NOS TERMOS E SALVAS AS EXCEPÇÕES DO PRESENTE CÓDIGO.

De acordo com o artigo 13º são comerciantes: as pessoas, que, tendo capacidade para praticar
atos de comércio, fazem desta profissão;

De acordo com o MC é necessário estarem preenchidos os 5 requisitos para ser considerado


uma certa atividade uma profissão
- Prática habitual
- lucrativa
- juridicamente autónoma
- tendencialmente exclusiva

*compra de J: ato de comercio em sentido objetivo – 463º/§1+ artigo 2º


1ªparte – foi comprado para revenda - é também em sentido subjetivo pois 13º+7º.
A venda não é um ato comercial: É unilateral pois apenas um dos
intervenientes é comerciante (99º).
COMPRAS E VENDAS COMERCIAIS

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Direito Comercial – práticas

SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

3.º A VENDA DE COISAS MÓVEIS, EM BRUTO OU TRABALHADAS, E AS DE FUNDOS


PÚBLICOS E DE QUAISQUER TÍTULOS DE CRÉDITO NEGOCIÁVEIS, QUANDO A AQUISIÇÃO
HOUVESSE SIDO FEITA NO INTUITO DE AS REVENDER;

ART.º 99.º REGIME DOS ACTOS DE COMÉRCIO UNILATERAIS


EMBORA O ACTO SEJA MERCANTIL SÓ COM RELAÇÃO A UMA DAS PARTES SERÁ REGULADO
PELAS DISPOSIÇÕES DA LEI COMERCIAL QUANTO A TODOS OS CONTRATANTES, SALVO AS QUE SÓ
FOREM APLICÁVEIS ÀQUELE OU ÀQUELES POR CUJO RESPEITO O ACTO É MERCANTIL, FICANDO,
PORÉM, TODOS SUJEITOS À JURISDIÇÃO COMERCIAL.

O depósito é feito pelo F. No que diz respeito ao ato de deposito: 403º - é um


ato de comercio por acessoriedade ou conexão – contudo, este deposito não pode ser
de bens destinados ao comercio, pois, o interveniente não é um comerciante.
Natureza puramente civil do ato:
ART.º 403.º REQUISITOS DA COMERCIALIDADE DO DEPÓSITO
PARA QUE O DEPÓSITO SEJA CONSIDERADO MERCANTIL É NECESSÁRIO QUE SEJA DE GÉNEROS
OU DE MERCADORIAS DESTINADOS A QUALQUER ACTO DE COMÉRCIO.
NUNCA SERIA CONSIDERADO UM ATO DE COMERCIO A NÍVEL SUBJETIVO.
Quanto à prestação de serviços: não é um acto de comércio em sentido
objetivo – 463º e 464º e também não é um ato de comercio em sentido subjetivo nos
termos do artigo 2º - F não é comerciante
O contrato de prestação de serviço é aquele em que uma das partes se obriga a
proporcionar a outra o resultado da sua atividade, com ou sem retribuição (artigo
1154º CCivil)
A distinção entre contrato de trabalho e contrato de prestação de serviço
assenta em dois elementos essenciais: no objecto do contrato (prestação de actividade
no primeiro; obtenção de um resultado no segundo); e no tipo de relacionamento
entre as partes (subordinação jurídica no primeiro; autonomia no segundo).
Todavia, e porque a distinção entre os dois tipos contratuais assume, em certas
situações da vida real, grande complexidade, é comum o recurso ao chamado método
indiciário ou de aproximação tipológica, constituindo indícios de subordinação a
vinculação a um horário de trabalho, a execução da prestação em local pelo
empregador, a existência de controlo externo do modo de prestação, a obediência a
ordens, a sujeição à disciplina da empresa, a modalidade da retribuição, a propriedade
dos instrumentos de trabalho e a observância dos regimes fiscais e de segurança social
próprios do trabalho por conta de outrem.
Tomados de per si, estes elementos revestem-se, contudo, de patente
relatividade, impondo-se, assim, fazer um juízo de globalidade com vista à
caracterização do contrato, não existindo nenhuma fórmula que pré-determine o
doseamento necessário dos vários índices, desde logo porque cada um deles pode
assumir um valor significante muito diverso de caso para caso.

Teoria da acessoriedade.
ATOS DE COMÉRCIO SUBJETIVO E ACESSÓRIOS

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Direito Comercial – práticas

- ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS- SÃO ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS OS QUE DEVEM A SUA
COMERCIALIDADE AO FACTO DE SE LIGAREM OU CONEXIONAREM A ATOS MERCANTIS
- TEM-SE QUESTIONADO A POSSIBILIDADE DE QUALIFICAÇÃO COMO COMERCIAIS DOS ATOS QUE
NÃO TENDO SIDO ESPECIALMENTE REGULADOS NA LEI MERCANTIL MAS ACESSÓRIO DE ATOS
OBJETIVAMENTE COMERCIAIS.
- EXEMPLOS: FIANÇA(101º), 231º, 403º
- POR EXEMPLO A COMPRA DE CAXAS E O ALUGUER POR UM AGRICULTOR DE UMA VIATURA
(QUE NÃP CABEM NO ARTIGO 463º/1º, NEM NO ARTIGO 481º, RESPETIVAMENTE) SÃO
QUALIFICÁVEIS COMO ATOS DE COMÉRCIO PELO FACTO DE SEREM ACESSÓRIOS DE UM ATO
MERCANTIL?
 É possível a qualificação do ato de comércio por analogia?

 Há possibilidade de considerar comerciais atos que não surjam nem no CCOM, nem em
leis que alteraram o COM, nem em leis que as assumam, elas próprias como comerciais?
Recorrer à analogia para qualificar, como comercial, um determinado ato, é válido?

o A doutrina divide-se:
 Contra a analogia: Guilherme Moreira, José Tavares, Alves de Sá,
Caeiro da Matta, Mário de Figueiredo, Oliveira Ascensão
 A favor: José Benevides, Cunha Gonçalves, Barbosa de Magalhães,
Pereira de Almeida, Lobo Xavier, Coutinho de Abreu

o QUEM RESPONDA AFIRMATIVAMENTE (CUNHA GONÇALVES) E QUE DE ACORDO, COM A CHAMADA


TEORIA DO ACESSÓRIO, TODO O ATO DE UM NÃO COMERCIANTE EFETIVAMENTE CONEXIONADO COM O
ATO OBJETIVAMENTE MERCANTIL É UM ATO DE COMÉRCIO.
o UMA RESPOSTA NEGATIVA É DADA PELA DOUTRINA DOMINANTE- OU PORQUE SE CONSIDERA
INADMISSÍVEL O RECURSO À ANALOGIA, OU PORQUE SE ADMITE TAL RECURSO MAS DE MODO RESTRITO
(PINTO COELHO)
o COUTINHO DE ABREU TAMBÉM NÃO ACOLHE A TEORIA DO ACESSÓRIO (NÃO CONSIDERA LEGITIMO
AFIRMAR UM PRINCIPIO GERAL SEGUNDO O QUAL TODO E QUALQUER ATO DE NÃO COMERCIANTES
SERIA MERCANTIL QUANDO CONEXIONADO COM ATOS OBJETIVOS DE COMÉRCIO) CONTUDO ACEITA
COMO LEGITIMO QUALIFICAR DE COMERCIAIS CERTOS ATOS DE NÃO COMERCIANTES POR SEREM
ANÁLOGOS A ATOS DE COMERCIO PREVISTOS NA LEI.

 O problema da qualificação com recurso à analogia, representa um exercício técnico de


interpretação e de construção jurídicas, tal sucede, de resto, com a interpretação de todo
o art.º 2º CCOM.

Os atos que não sejam comerciais por estarem especialmente regulados no


Código, ou em diplomas equivalentes, e que tenham relevo económico, são praticados
por comerciantes, assim acedendo à comercialidade.
A analogia encontra-se ausente da jurisprudência. A proliferação de normas, de
princípios e de conceitos indeterminados tem permitido ao juiz encontrar soluções
para os problemas sem percorrer o clássico caminho da determinação e da integração
de lacunas.

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Direito Comercial – práticas

Tal qualificação de atos como comerciais por analogia, tem algumas


implicações. Importa discutir as regras para tal qualificação, é necessário analisar o
regime em jogo.
A possibilidade do recurso à analogia corresponde a uma inversão
metodológica, uma vez que a qualificação não é causal do regime, mas decorre deste.
Isto é, perante um ato, há que lhe determinar o regime, conhecido este, se se tratar de
um regime comercial, o ato é comercial, sob pena de inutilidade do próprio conceito.
As regras de Direito Comercial são especiais, à partida não são excecionais, uma
vez que comportam aplicação analógica. Dito isto:
 Perante um ato que não esteja “especialmente regulado neste Código”, há
que verificar se o seu regime é “comercial e especial”, sendo a resposta
positiva, o ato é comercial.
 Perante um ato lacunoso, há que lhe apurar o regime, seja pela analogia, seja
pela norma que o intérprete criaria; na integração da lacuna podem ser
usadas normas e princípios comerciais, desde que não excecionais, de acordo
com as regras gerais aqui aplicáveis, perante o resultado obtido, se chegarmos
à conclusão que o ato ficou “especialmente regulado neste Código”, ele é
comercial.

Por esta via é teoricamente possível que um ato deva ser considerado
comercial, por força da aplicação analógica das normas de que a qualificação dependa.
Ex. obrigações resultantes da culpa in contrahendo verificadas aquando de um
contrato comercial, mesmo não estando previstas na lei comercial, tendo em
consideração as valorações em jogo, devem reger-se por esta, sendo então, comerciais
por analogia.

Alguma doutrina poderia contrapor o art.º 3º CCOM:


“Se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser
resolvidas, nem pelo texto da lei comercial, nem pelo seu espírito, nem pelos casos
análogos nela prevenidos, serão decididas pelo direito civil.”
Este pressupõe, antes da integração, a qualificação da figura.
A norma é um todo e, tal como a interpretação, a integração e a aplicação, faz
parte de um processo unitário. A questão decidida pelo Direito comercial é comercial.
E comercial será a resolvida pelo espirito da lei comercial, por aplicação analógica do
Direito civil, mas numa ambiência ou confluência de valores que permitam julgar este
como de mera aplicação subsidiária.
Este contrato de prestação de serviços, não pode ser visto analogicamente com um ato
de comercio.

CASO Nº 4
Vasco, trabalhador dos correios, entra, todos os dias, às 9h00 e sai às 17h00.
Amante de filatelia, decidiu, há algum tempo, montar um pequeno quiosque numa
Praça lisboeta, para se distrair um pouco ao fim do dia, antes de ir ter com a
mulher, por volta das 19h00. Para manter aberto o quiosque todo o dia, Vasco
contratou um empregado, Manuel. Qual a natureza (civil ou comercial) do
contrato celebrado?

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Direito Comercial – práticas

Vasco relativamente aos CTT é um trabalhador por conta de outrem. Na atividade que
exerce nos correiros, não é comerciante, na medida, em que, de acordo com o artigo
13º + artigo 7º C: Comercial V embora tenha capacidade de praticar atos de comercio
não faz da prática destes atos, profissão.

ART.º 13.º QUEM É COMERCIANTE

SÃO COMERCIANTES:

1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;

2.º AS SOCIEDADES COMERCIAIS

ART.º 7.º CAPACIDADE PARA A PRÁTICA DE ACTOS DE COMÉRCIO

TODA A PESSOA, NACIONAL OU ESTRANGEIRA, QUE FOR CIVILMENTE CAPAZ DE SE


OBRIGAR, PODERÁ PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, EM QUALQUER PARTE DESTES REINOS E
SEUS DOMÍNIOS, NOS TERMOS E SALVAS AS EXCEPÇÕES DO PRESENTE CÓDIGO.

Para tal era necessário estarem preenchidos os requisito enunciados pelo professor
MC, nomeadamente ser uma prática juridicamente autónoma, a qual não, é na medida
em que a sua entidade empregadora é os CTT – não é um trabalhador por conta
própria.
Relativamente ao quiosque, este é uma empresa comercial:
 são comerciais as empresas através das quais são exercidas atividades de interposição
nas trocas – máxime, compras de coisas para revenda e vendas de coisas adquiridas
para revender (463º), - atividades industrial-transformadoras (art 230º/1) de serviços-
agenciamento de negócios, exploração de espetáculos públicos (230º/3 e 4),
operações de banco (362º)- etc.
 Em suma são comerciais as empresas cujo objetivo se traduza na realização de atos
(ou atividades) objetivamente mercantis.

Sendo a filatelia uma forma de “arte” para os colecionadores, integra-se no âmbito


230º nº5 que refere como comerciais as empresas que tenham como atividade a
comercialização de obras artísticas.
“230º EMPRESAS COMERCIAIS
HAVER-SE-ÃO POR COMERCIAIS AS EMPRESAS, SINGULARES OU COLECTIVAS, QUE SE
PROPUSEREM: 5.º EDITAR, PUBLICAR OU VENDER OBRAS CIENTÍFICAS, LITERÁRIAS OU
ARTÍSTICAS; “

Relativamente a V, enquanto proprietário do quiosque, importa agora determinar se é


ou não comerciante. De acordo com o artigo 7º V tem capacidade para a prática de
atos jurídicos (é civilmente capaz de se obrigar à praticar actos de comércio). Por sua
vez e de acordo com o artigo 13º do mesmo código é necessário, para ser reconhecido
como comerciante, para além de capacidade para praticar atos de comércios, fazer
desta prática profissão.

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Direito Comercial – práticas

ART.º 13.º QUEM É COMERCIANTE

SÃO COMERCIANTES:

1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;

2.º AS SOCIEDADES COMERCIAIS

ART.º 7.º CAPACIDADE PARA A PRÁTICA DE ACTOS DE COMÉRCIO

TODA A PESSOA, NACIONAL OU ESTRANGEIRA, QUE FOR CIVILMENTE CAPAZ DE SE


OBRIGAR, PODERÁ PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, EM QUALQUER PARTE DESTES REINOS E
SEUS DOMÍNIOS, NOS TERMOS E SALVAS AS EXCEPÇÕES DO PRESENTE CÓDIGO.

Em principio V não será comerciante, na medida em que, não se encontra preenchido


o ultimo requisito – ser uma pratica tendencialmente exclusiva, na medida, em que a
sua atividade principal é a função que desempenha nos ctt, sendo o quiosque uma
mera atividade secundária, que exerce habitualmente (desloca-se ao quiosque
diariamente enquanto espera pela mulher), em principio, com fins lucrativos e
exercida de uma forma juridicamente autónoma.

Entre V e C foi celebrado um contrato de trabalho:


- 463º + 2º, 2ª parte é um ato é comerciante mas tem com a natureza civil - um
contrato de trabalho não e um ato de comercio em sentido objetivo pois não está
estipulado no código. Será em sentido subjetivo?
- art.º 13º CCOM –
três requisitos:
1) Capacidade : 7º + 127º CC
2) prática atos de comercio (- 230º + 464º )
3) fazer do comércio profissão.

CA é necessária que seja uma prática reiterada e habitual subjetivamente.

ART.º 463.º COMPRAS E VENDAS COMERCIAIS

SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

1.º AS COMPRAS DE COUSAS MÓVEIS PARA REVENDER, EM BRUTO OU TRABALHADAS, OU


SIMPLESMENTE PARA LHES ALUGAR O USO;

2.º AS COMPRAS, PARA REVENDA, DE FUNDOS PÚBLICOS OU DE QUAISQUER TÍTULOS DE


CRÉDITO NEGOCIÁVEIS;

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Direito Comercial – práticas

3.º A VENDA DE COUSAS MÓVEIS, EM BRUTO OU TRABALHADAS, E AS DE FUNDOS


PÚBLICOS E DE QUAISQUER TÍTULOS DE CRÉDITO NEGOCIÁVEIS, QUANDO A AQUISIÇÃO
HOUVESSE SIDO FEITA NO INTUITO DE AS REVENDER;

4.º AS COMPRAS E REVENDAS DE BENS IMÓVEIS OU DE DIREITOS A ELES INERENTES,


QUANDO AQUELAS, PARA ESTAS, HOUVEREM SIDO FEITAS;

5.º AS COMPRAS E VENDAS DE PARTES OU DE ACÇÕES DE SOCIEDADES COMERCIAIS.

ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM


ESPECIALMENTE REGULADOS NESTE CÓDIGO, E, ALÉM DELES , TODOS OS CONTRATOS E
OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES, QUE NÃO FOREM DE NATUREZA EXCLUSIVAMENTE CIVIL,
SE O CONTRÁRIO DO PRÓPRIO ATO NÃO RESULTAR.

De acordo com o MC é necessário estarem preenchidos os 5 requisitos para ser considerado


uma certa atividade uma profissão
- Prática habitual
- lucrativa
- juridicamente autónoma
- tendencialmente exclusiva

O professor Ascensão nem sequer considera a exclusividade como requisito para que os atos

O próprio MC diz que este é um sistema móvel desde que haja clareza pode se dizer que faz
deste ato de comércio profissão. Não é necessário estarem preenchidos todos os requisitos.

ARTIGO 1152.º - (NOÇÃO)

CONTRATO DE TRABALHO É AQUELE PELO QUAL UMA PESSOA SE OBRIGA, MEDIANTE


RETRIBUIÇÃO, A PRESTAR A SUA ACTIVIDADE INTELECTUAL OU MANUAL A OUTRA PESSOA,
SOB A AUTORIDADE E DIRECÇÃO DESTA.

ARTIGO 11.º CT - NOÇÃO DE CONTRATO DE TRABALHO


CONTRATO DE TRABALHO É AQUELE PELO QUAL UMA PESSOA SINGULAR SE OBRIGA, MEDIANTE
RETRIBUIÇÃO, A PRESTAR A SUA ACTIVIDADE A OUTRA OU OUTRAS PESSOAS, NO ÂMBITO DE
ORGANIZAÇÃO E SOB A AUTORIDADE DESTAS.
ART.º 248.º CONCEITO DE GERENTE DE COMÉRCIO
É GERENTE DE COMÉRCIO TODO AQUELE QUE, SOB QUALQUER DENOMINAÇÃO, CONSOANTE OS
USOS COMERCIAIS, SE ACHA PROPOSTO PARA TRATAR DO COMÉRCIO DE OUTREM NO LUGAR
ONDE ESTE O EXERCE OU NOUTRO QUALQUER.

ART.º 249.º EXTENSÃO DO MANDATO CONFERIDO AO GERENTE


O MANDATO CONFERIDO AO GERENTE, VERBALMENTE OU POR ESCRITO, ENQUANTO NÃO
REGISTADO, PRESUME-SE GERAL E COMPREENSIVO DE TODOS OS ACTOS PERTENCENTES E
NECESSÁRIOS AO EXERCÍCIO DO COMÉRCIO PARA QUE HOUVESSE SIDO DADO, SEM QUE O
PROPONENTE POSSA OPOR A TERCEIROS LIMITAÇÃO ALGUMA DOS RESPECTIVOS PODERES,
SALVO PROVANDO QUE TINHAM CONHECIMENTO DELA AO TEMPO EM QUE CONTRATARAM.

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ART.º 250.º EM NOME DE QUEM TRATA O GERENTE


OS GERENTES TRATAM E NEGOCIAM EM NOME DE SEUS PROPONENTES; NOS DOCUMENTOS
QUE NOS NEGÓCIOS DELES ASSINAREM DEVEM DECLARAR QUE FIRMAM COM PODER DA PESSOA
OU SOCIEDADE QUE REPRESENTAM.

O MANDATO (PODER DE REPRESENTAÇÃO) CONFERIDO AO GERENTE É EM PRINCIPIO GERAL E


COMPREENSIVO DE TODOS OS ATOS PARTENCENTES E NECESSÁRIOS AO EXERCICIO DO COMÉRCIO PARA
QUE TENHA SIDO DADO.
OS GERENTE SÃO QUALIFICADOS PELO CÓDIGO COMERCIAL COMO MANDATÁRIO COMERCIAIS COM
REPRESENTAÇÃO- O PROFESSOR CA CONSIDERA ESTA QUALIFICACAÇÃO DATADA NA MEDIDA EM QUE OS
PODERES DE REPRESENTAÇÃO VOLUNTÁRIA PODEM HOJE EM DIA RESULTAR DE OUTROS NEGÓCIOS
JURIDICOS QUE NÃO O CONTRATO DE MANDATO, NOMEADAMENTO, PODE RESULTAR DO CONTRATO DE
TRABALHO QUANDO A NATUREZA DA ATIVIDADE (PARA QUE O TRABALHADOR É CONTRATADO)
ENVOLVER A PRÁTICA DE NEGÓCIOS JURIDICOS, CONSIDERA-SE QUE O CONTRATO DE TRABALHO
CONCEDE AO TRABALHADOR OS NECESSÁRIOS PODERES SALVO SE A LEI EXIGIR UM INSTRUMENTO
ESPECIAL – 115º/3 CT

231º CONCEITO DE MANDATO COMERCIAL


DÁ-SE MANDATO COMERCIAL QUANDO ALGUMA PESSOA SE ENCARREGA DE PRATICAR UM OU
MAIS ATOS DE COMÉRCIO POR MANDADO DE OUTREM.
§ ÚNICO. O MANDATO COMERCIAL, EMBORA CONTENHA PODERES GERAIS, SÓ PODE
AUTORIZAR ATOS NÃO MERCANTIS POR DECLARAÇÃO EXPRESSA.

ARTIGO 115.º - DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DO TRABALHADOR


1 — CABE ÀS PARTES DETERMINAR POR ACORDO A ATIVIDADE PARA QUE O TRABALHADOR É
CONTRATADO.
2 — A DETERMINAÇÃO A QUE SE REFERE O NÚMERO ANTERIOR PODE SER FEITA POR REMISSÃO
PARA CATEGORIA DE INSTRUMENTO DE REGULAMENTAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU DE
REGULAMENTO INTERNO DE EMPRESA.
3 — QUANDO A NATUREZA DA ATIVIDADE ENVOLVER A PRÁTICA DE NEGÓCIOS JURÍDICOS,
CONSIDERA-SE QUE O CONTRATO DE TRABALHO CONCEDE AO TRABALHADOR OS NECESSÁRIOS
PODERES, SALVO SE A LEI EXIGIR INSTRUMENTO ESPECIAL.
DESTA FORMA, OS GERENTES DEVE, EM GERAL SER QUALIFICADOS COMO TRABALHADORES
SUBORDINADOS, NÃO COMO MANDATÁRIOS ATÉ PORQUE NÃO REALIZAM APENAS ATOS
JURIDICOS (1157º CC) OU ATOS DE COMERCIO.
SENDO O GERENTE TRABALHADOR SUBORDINADO QUE TRATA DO COMERCIO EM NOME E POR
CONTA DOS EMPREGADORES, CONCLUI-SE NÃO SEREM COMERCIANTES, NA MEDIDA, EM QUE,
APENAS SÃO COMERCIANTES OS EMPREGADORES QUE EXERCEM PROFISSIONALMENTE O
COMÉRCIO POR INTERMEDIO OU COM O AUXILIO DAQUELES COLABORADORES.
EMBORA O QUIOSQUE NÃO SEJA DE FORMA DIRETA A SUA ATIVIDADE PRINCIPAL PODEMOS
QUESTIONAR SE ATRAVÉS DE M (SEU GERENTE) V SE TORNA COMERCIANTE APESAR DE NÃO
PREENCHER TODOS OS REQUISITOS NECESSÁRIO PARA TORNAR A ATIVIDADE COMERCIAL DO
QUIOSQUE A SUA PROFISSÃO, NA MEDIDA, EM QUE SÃO COMERCIANTES OS EMPREGADORES
QUE EXERCEM PROFISSIONALMENTE O COMÉRCIO POR INTERMÉDIO, NOMEADAMENTE DE UM
GERENTE (M).

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Direito Comercial – práticas

Se se considerar que por intermédio de M, V se torna gerente, então é aplicado o


regime comercial presente no artigo 100º do C.Com. Porém se por sua vez, não se
considerar V comerciante então será aplicado o regime civil à celebração do contrato
de trabalho.- Não é um gerente- é necessário para ser gerente que tal esteja expresso
no enunciado que lhe foram atribuídos poderes de gerência ou que foram contratados
para ser gerente

Caso nº 4 (resolução)
Vasco:
- Enquanto ao quiosque, de acordo com o 13º + 7º, é um comerciante. Analise
dos pressupostos.
- 463º + 2º, 2ª parte é um ato objetivo + subjetivo
Contrato de trabalho:
- Contrato de trabalho pelo CT ou pelo CCOM (prestação de serviços)? É pelo
CT, tal exige uma subordinação ao superior, instruções de como realizar a tarefa, um
horário fixo com remuneração ao final do mês
- um contrato de trabalho não e um ato de comercio em sentido objetivo pois
não está estipulado no código. Será em sentido subjetivo?
- art.º 13º CCOM – três requisitos: capacidade, praticar atos de comercio, fazer
do comércio profissão.
- o vasco é comerciante? Sim, 4 pressupostos do professor MC
- o CT tem natureza exclusivamente civil ou o contrario resulta do ato? Para que
tenha natureza exclusivamente civil que no momento considerado não seja regulado
pelo direito comercial. O CT tem uma natureza exclusivamente civil. – Também não é
subjetivamente comercial.
-Suponhamos que deixa de pagar o ordenado ao funcionário, o Vasco é casado,
podem responder os bens de ambos?
A responsabilidade dos bens comuns do casal não significa que às dividas seja
aplicado o regime da solidariedade. É aplicado o regime civil ainda que seja
comerciante (2º /2ª parte) - em principio as dividas contraídas no exercício do seu
comércio, não pode ser extensível à sua esposa. É apenas imputável a Vasco.
* obrigações comunicáveis 1691º/b 1695ºCC - dividas contraídas em proveito
comum ou em comunhão de bens – regime de comunhão de bens
* obrigações incomunicáveis 1692 CC + 1696º CC
+ art.º 15º CCOM – presumem-se contraídas no exercício do seu comércio, não
pode ser extensível à sua esposa. É apenas imputável a Vasco.

17/10
Caso nº 5
José e Luís, arquitetos, pretendendo remodelar o atelier de que são proprietários, no
Chiado, contrataram Matias, empreiteiro, para fazer as obras. No dia 15 de Agosto de
2009, já com as obras prontas e aprovadas, Matias apresenta a fatura a José,
conhecido pelas suas maiores disponibilidades financeiras. Contudo, até agora, José
não pagou a dívida, alegando que só está obrigado a pagar metade do valor da fatura.
(i) José tem razão?
(ii) A dívida está vencida?
(iii) Em caso de mora, qual a taxa de juro aplicável, sabendo que nada foi convencionado?

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J + L são arquitetos:
- 7º tem capacidade para ser comerciantes
- 13º - são não considerados comerciantes, trata-se de uma profissão liberal,
464º/3.
Contrato de empreitada
- está regulado no CC – 1207ºss – mas 230º/6 CCOM – pode ser aplicado ao
contrário de empreitada? Interpretação objetiva ou subjetiva? Objetiva, pois à data do
código falava-se em empresa e desconhecia-se o termo pessoas coletivas, na doutrina
portuguesa. Só foi introduzida por Guilherme Moreira em 1907. Diz-se que se
dessemos uma interpretação subjetiva, ia concorrer com o artigo 13º. MC defende a
interpretação objetiva para este artigo. A responsabilidade poderia ser solidária (100º),
mas só seria para um dos lados (99º).
-Vencimento da obrigação
-Regime dos juros
Se 230º tem cariz objetivo, aquele ato era objetivamente comercial apenas em
relação a uma das partes (99º). Como a obrigação para J+L era civil, a obrigação tem
responsabilidade parciária. Logo tinha razão.
A obrigação só está vencida DL 62/2013 de 10 de maio
ARTIGO 2.º
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
1 - O PRESENTE DIPLOMA APLICA-SE A TODOS OS PAGAMENTOS EFETUADOS COMO
REMUNERAÇÃO DE TRANSAÇÕES COMERCIAIS.
2 - SÃO EXCLUÍDOS DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO PRESENTE DIPLOMA:
A) OS CONTRATOS CELEBRADOS COM CONSUMIDORES;
B) OS JUROS RELATIVOS A OUTROS PAGAMENTOS QUE NÃO OS EFETUADOS PARA REMUNERAR
TRANSAÇÕES COMERCIAIS;
C) OS PAGAMENTOS DE INDEMNIZAÇÕES POR RESPONSABILIDADE CIVIL, INCLUINDO OS
EFETUADOS POR COMPANHIAS DE SEGUROS.
3 - O PRESENTE DIPLOMA NÃO PREJUDICA:
A) A APLICAÇÃO DO DECRETO-LEI N.º 118/2010, DE 25 DE OUTUBRO, ALTERADO PELO
DECRETO-LEI N.º 2/2013, DE 9 DE JANEIRO, APLICANDO-SE SUPLETIVAMENTE;
B) AS REGRAS RELATIVAS À ASSUNÇÃO DE COMPROMISSOS E AOS PAGAMENTOS EM ATRASO
DAS ENTIDADES PÚBLICAS, NOS TERMOS DA LEI N.º 8/2012, DE 21 DE FEVEREIRO, ALTERADA
PELAS LEIS N.OS 20/2012, DE 14 DE MAIO, 64/2012, DE 20 DE DEZEMBRO E 66-B/2012,
DE 31 DE DEZEMBRO, E DEMAIS LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR.

ART.º 230.º EMPRESAS COMERCIAIS


HAVER-SE-ÃO POR COMERCIAIS AS EMPRESAS, SINGULARES OU COLECTIVAS, QUE SE
PROPUSEREM:
1.º TRANSFORMAR, POR MEIO DE FÁBRICAS OU MANUFACTURAS, MATÉRIAS-PRIMAS,
EMPREGANDO PARA ISSO, OU SÓ OPERÁRIOS, OU OPERÁRIOS E MÁQUINAS;
2.º FORNECER, EM ÉPOCAS DIFERENTES, GÉNEROS, QUER A PARTICULARES, QUER AO ESTADO,
MEDIANTE PREÇO CONVENCIONADO;
3.º AGENCIAR NEGÓCIOS OU LEILÕES POR CONTA DE OUTREM EM ESCRITÓRIO ABERTO AO
PÚBLICO, E MEDIANTE SALÁRIO ESTIPULADO;

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4.º EXPLORAR QUAISQUER ESPECTÁCULOS PÚBLICOS;


5.º EDITAR, PUBLICAR OU VENDER OBRAS CIENTÍFICAS, LITERÁRIAS OU ARTÍSTICAS;
6.º EDIFICAR OU CONSTRUIR CASAS PARA OUTREM COM MATERIAIS SUBMINISTRADOS PELO
EMPRESÁRIO – INCLUI-SE O CONCEITO DE EMPREITADA
7.º TRANSPORTAR, REGULAR E PERMANENTEMENTE, POR ÁGUA OU POR TERRA, QUAISQUER
PESSOAS, ANIMAIS, ALFAIAS OU MERCADORIAS DE OUTREM

§ 1.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 1.º O PROPRIETÁRIO OU O EXPLORADOR


RURAL QUE APENAS FABRICA OU MANUFACTURA OS PRODUTOS DO TERRENO QUE AGRICULTA
ACESSORIAMENTE À SUA EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA, NEM O ARTISTA INDUSTRIAL, MESTRE OU
OFICIAL DE OFÍCIO MECÂNICO QUE EXERCE DIRECTAMENTE A SUA ARTE, INDÚSTRIA OU OFÍCIO,
EMBORA EMPREGUE PARA ISSO, OU SÓ OPERÁRIOS, OU OPERÁRIOS E MÁQUINAS.
§ 2.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 2.º O PROPRIETÁRIO OU EXPLORADOR
RURAL QUE FIZER FORNECIMENTO DE PRODUTOS DA RESPECTIVA PROPRIEDADE.
§ 3.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O PRÓPRIO AUTOR QUE EDITAR,
PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.

Uma empresa que se relaciona com outra entidade, aplica-se o regime


das transações COMERCIAIS. BASTA TEREM O ATELIER QUE SERÁ CONSIDERADO COMO UMA
EMPRESA.
“ART.º 3º:
B) «TRANSAÇÃO COMERCIAL», UMA TRANSAÇÃO ENTRE EMPRESAS OU ENTRE EMPRESAS E
ENTIDADES PÚBLICAS DESTINADA AO FORNECIMENTO DE BENS OU À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
CONTRA REMUNERAÇÃO;
D) «EMPRESA», UMA ENTIDADE QUE, NÃO SENDO UMA ENTIDADE PÚBLICA, DESENVOLVA UMA
ATIVIDADE ECONÓMICA OU PROFISSIONAL AUTÓNOMA, INCLUINDO PESSOAS SINGULARES;”
O PRAZO SERÁ ENTÃO 30 DIAS:
ART.º 4º:
3 - SEMPRE QUE DO CONTRATO NÃO CONSTE A DATA OU O PRAZO DE VENCIMENTO, SÃO
DEVIDOS JUROS DE MORA APÓS O TERMO DE CADA UM DOS SEGUINTES PRAZOS, OS QUAIS SE
VENCEM AUTOMATICAMENTE SEM NECESSIDADE DE INTERPELAÇÃO:
30 DIAS A CONTAR DA DATA EM QUE O DEVEDOR TIVER RECEBIDO A FATURA;
PARA TODOS OS EFEITOS, APENAS UM DELES TERÁ RECEBIDO A FATURA, UMA VEZ QUE APENAS
UM DELES FOI INTERPELADO. L TERIA TAMBÉM TERIA DE RECEBER A FATURA SÓ SE CONTANDO
A PARTIR DAI O PRAZO.

Quanto aos juros aplicáveis,

art.º 4º:
1 - Os juros aplicáveis aos atrasos de pagamentos das transações comerciais
entre empresas são os estabelecidos no Código Comercial ou os convencionados entre
as partes nos termos legalmente admitidos.
Se fosse civil, (não apanhei o art.º) – 4%
No que respeita ao Código comercial, está definido no art.º 102º:
Artigo 102.º - Obrigação de juros

ART.º 102.º

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OBRIGAÇÃO DE JUROS
HAVERÁ LUGAR AO DECURSO E CONTAGEM DE JUROS EM TODOS OS ACTOS
COMERCIAIS EM QUE FOR
DE CONVENÇÃO OU DIREITO VENCEREM-SE E NOS MAIS CASOS ESPECIAIS
FIXADOS NO PRESENTE
CÓDIGO.
§ 1 .º A TAXA DE JUROS COMERCIAIS SÓ PODE SER FIXADA POR ESCRITO.
§ 2.º APLICA-SE AOS JUROS COMERCIAIS O DISPOSTO NOS ARTIGOS 559.º,
559.º-A E 1146.º DO
CÓDIGO CIVIL.
§ 3.º Poderá ser fixada por portaria conjunta dos Ministros da Justiça e das Finanças e
do Plano uma taxa supletiva de juros moratórios relativamente aos créditos de que
sejam titulares empresas comerciais, singulares ou colectivas.
Há lugar ao decurso e contagem de juros em todos os atos comerciais em
que for de convenção ou direito vencerem-se e nos mais casos especiais fixados no
presente Código.
§ 1.º A taxa de juros comerciais só pode ser fixada por escrito.
§ 2.º Aplica-se aos juros comerciais o disposto nos artigos 559.º-A e 1146.º
do Código Civil.
§ 3.º Os juros moratórios legais e os estabelecidos sem determinação de
taxa ou quantitativo, relativamente aos créditos de que sejam titulares empresas
comerciais, singulares ou coletivas, são os fixados em portaria conjunta dos Ministros
das Finanças e da Justiça.
§4.º A taxa de juro referida no parágrafo anterior não poderá ser inferior ao
valor da taxa de juro aplicada pelo Banco Central Europeu à sua mais recente operação
principal de refinanciamento efetuada antes do 1.º dia de janeiro ou julho, consoante
se esteja, respetivamente, no 1.º ou no 2.º semestre do ano civil, acrescida de sete
pontos percentuais, sem prejuízo do disposto no parágrafo seguinte.
§5.º No caso de transações comerciais sujeitas ao Decreto-Lei n.º 62/2013,
de 10 de maio, a taxa de juro referida no parágrafo terceiro não poderá ser inferior ao
valor da taxa de juro aplicada pelo Banco Central Europeu à sua mais recente operação
principal de refinanciamento efetuada antes do 1.º dia de janeiro ou julho, consoante
se esteja, respetivamente, no 1.º ou no 2.º semestre do ano civil, acrescida de oito
pontos percentuais.

Atualmente a taxa é de 8%. (números que disse à toa de uma portaria


qualquer).

PORTARIA 277/2013- 26 AGOSTO

A DIREÇÃO-GERAL DO TESOURO E FINANÇAS, ATRAVÉS DO AVISO N.º 8544/2017, DE 29 DE JUNHO


P.P., PUBLICADO NA 2ª SÉRIE DO D.R. DE 1 DE AGOSTO, MANTEVE EM:

7%, A TAXA SUPLETIVA DE JUROS DE MORA RELATIVA A CRÉDITOS DE QUE SEJAM TITULARES EMPRESAS
COMERCIAIS, SINGULARES OU COLETIVAS, NOS TERMOS DO § 3º DO ARTIGO 102º DO CÓDIGO
COMERCIAL (APLICÁVEL AOS CONTRATOS CELEBRADOS ANTES DE 01/07/2013);

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8%, A TAXA SUPLETIVA DE JUROS DE MORA RELATIVA A CRÉDITOS DE QUE SEJAM TITULARES EMPRESAS
COMERCIAIS, SINGULARES OU COLETIVAS, NOS TERMOS DO § 5º DO ARTIGO 102º DO CÓDIGO
COMERCIAL E DO DECRETO-LEI 62/2013, DE 10 DE MAIO.
CASO 5º (RESOLUÇÃO)

NÃO HÁ AQUI UM ACTO DE COMÉRCIO EM SENTIDO SUBJETIVO


ENCONTRA-SE PREVISTO NO ARTIGO 230º -
MC DEFENDE UM CARACTER PURAMENTE OBJETIVO:
- A EXPRESSÃO PESSOAS COLETIVAS É UMA INOVAÇÃO AO CÓDIGO – INTRODUZIDA EM 1907º- ESTAS
ATUAÇÕES SÃO LEVADAS A CADA POR UMA OU VÁRIAS PESSOAS – SINGULAR OU COLETIVAS
- INTERPRETAÇÃO SUBJETIVA IRIA COLIDIR COM O ARTIGO 13º

ARTIGO 100 º VS ARTIGO 99º


O JOSÉ TEM RAZÃO- O ATO ERA COMERCIAL UNILATERALMENTE- UM DOS LADOS NÃO É COMERCIAL (O
JOSÉ E O LUIS NÃO SENDO COMPARADOS COMO COMERCIANTES ESTAVAM SUJEITOS AO REGIME DA
PARCIARIEDADE- CONTUDO CASO A CASO PODEM SER EQUIPARADOS A COMERCIANTES E NÃO SER
CONSIDERADOS PROFISSIONAIS LIBERAIS)

Decreto-Lei n.º 62/2013 – juridicamente autónoma


ARTIGO 2.º
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
1 - O PRESENTE DIPLOMA APLICA-SE A TODOS OS PAGAMENTOS
EFETUADOS COMO REMUNERAÇÃO DE TRANSAÇÕES COMERCIAIS.
2 - SÃO EXCLUÍDOS DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO PRESENTE
DIPLOMA:
A) OS CONTRATOS CELEBRADOS COM CONSUMIDORES;
B) OS JUROS RELATIVOS A OUTROS PAGAMENTOS QUE NÃO OS
EFETUADOS PARA REMUNERAR TRANSAÇÕES COMERCIAIS;
C) OS PAGAMENTOS DE INDEMNIZAÇÕES POR RESPONSABILIDADE
CIVIL, INCLUINDO OS EFETUADOS POR COMPANHIAS DE
SEGUROS.
3 - O PRESENTE DIPLOMA NÃO PREJUDICA:
A) A APLICAÇÃO DO DECRETO-LEI N.º 118/2010, DE 25 DE
OUTUBRO, ALTERADO PELO DECRETO-LEI N.º 2/2013, DE 9 DE
JANEIRO, APLICANDO-SE SUPLETIVAMENTE;
B) AS REGRAS RELATIVAS À ASSUNÇÃO DE COMPROMISSOS E AOS
PAGAMENTOS EM ATRASO DAS ENTIDADES PÚBLICAS, NOS TERMOS
DA LEI N.º 8/2012, DE 21 DE FEVEREIRO, ALTERADA PELAS LEIS
N.ºS 20/2012, DE 14 DE MAIO, 64/2012, DE 20 DE DEZEMBRO
E 66-B/2012, DE 31 DE DEZEMBRO, E DEMAIS LEGISLAÇÃO
COMPLEMENTAR.

ARTIGO 3.º
D) «EMPRESA», UMA ENTIDADE QUE, NÃO SENDO UMA ENTIDADE
PÚBLICA, DESENVOLVA UMA ATIVIDADE ECONÓMICA OU
PROFISSIONAL AUTÓNOMA, INCLUINDO PESSOAS SINGULARES;

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ARTIGO 4.º
TRANSAÇÕES ENTRE EMPRESAS
1 - OS JUROS APLICÁVEIS AOS ATRASOS DE PAGAMENTOS DAS
TRANSAÇÕES COMERCIAIS ENTRE EMPRESAS SÃO OS ESTABELECIDOS
NO CÓDIGO COMERCIAL OU OS CONVENCIONADOS ENTRE AS PARTES
NOS TERMOS LEGALMENTE ADMITIDOS.
2 - EM CASO DE ATRASO DE PAGAMENTO, O CREDOR TEM DIREITO
A JUROS DE MORA, SEM NECESSIDADE DE INTERPELAÇÃO, A CONTAR
DO DIA SUBSEQUENTE À DATA DE VENCIMENTO, OU DO TERMO DO
PRAZO DE PAGAMENTO, ESTIPULADOS NO CONTRATO.
3 - SEMPRE QUE DO CONTRATO NÃO CONSTE A DATA OU O PRAZO
DE VENCIMENTO, SÃO DEVIDOS JUROS DE MORA APÓS O TERMO
DE CADA UM DOS SEGUINTES PRAZOS, OS QUAIS SE VENCEM
AUTOMATICAMENTE
SEM NECESSIDADE DE INTERPELAÇÃO:
A) 30 DIAS A CONTAR DA DATA EM QUE O DEVEDOR TIVER RECEBIDO
A FATURA;
B) 30 DIAS APÓS A DATA DE RECEÇÃO EFETIVA DOS BENS OU
DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS QUANDO A DATA DE RECEÇÃO DA
FATURA SEJA INCERTA;
C) 30 DIAS APÓS A DATA DE RECEÇÃO EFETIVA DOS BENS OU
DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS, QUANDO O DEVEDOR RECEBA A
FATURA ANTES DO FORNECIMENTO DOS BENS OU DA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS;
D) 30 DIAS APÓS A DATA DE ACEITAÇÃO OU VERIFICAÇÃO,
QUANDO ESTEJA PREVISTO, NA LEI OU NO CONTRATO, UM PROCESSO
MEDIANTE O QUAL DEVA SER DETERMINADA A CONFORMIDADE
DOS BENS OU SERVIÇOS E O DEVEDOR RECEBA A FATURA EM DATA
ANTERIOR OU NA DATA DE ACEITAÇÃO OU VERIFICAÇÃO.
4 - CASO ESTEJA PREVISTO UM PROCESSO DE ACEITAÇÃO OU
DE VERIFICAÇÃO PARA DETERMINAR A CONFORMIDADE DOS BENS
OU DO SERVIÇO, A DURAÇÃO DESSE PROCESSO NÃO PODE EXCEDER
30 DIAS A CONTAR DA DATA DE RECEÇÃO DOS BENS OU DA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS, SALVO DISPOSIÇÃO EXPRESSA EM CONTRÁRIO NO
CONTRATO E DESDE QUE TAL NÃO CONSTITUA UM ABUSO MANIFESTO
FACE AO CREDOR NA ACEÇÃO DO N.º 2 DO ARTIGO 8.º, SEM PREJUÍZO
DO DISPOSTO EM LEGISLAÇÃO PRÓPRIA SOBRE TRANSAÇÕES
DE BENS ALIMENTARES.
5 - O PRAZO DE PAGAMENTO NÃO PODE EXCEDER 60 DIAS,
SALVO DISPOSIÇÃO EXPRESSA EM CONTRÁRIO NO CONTRATO,
DESDE QUE TAL DISPOSIÇÃO NÃO SEJA NULA NOS TERMOS DO
ARTIGO 8.º.

ATELIER TEM UM CONCEITO LATO- EMBORA SEJA SINGULARES TEM UM CONCEITO DE EMPRESA POR
TRÁS.

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CASO N.o 6
Francisco, estudante, decidiu montar uma pequena livraria: tomou de
arrendamento uma loja na Baixa, comprou as estantes e todo o mobiliário necessário,
encomendou os computadores e celebrou um contrato de fornecimento de livros com
uma editora. No entanto, mesmo antes de a loja abrir, Francisco apercebeu-se que o
curso de Direito lhe deixava pouco tempo para gerir o negócio, acabando por vender a
loja a Gustavo e Octávio, estudantes de gestão. Estes nunca pagaram o preço. A
responsabilidade de Gustavo e Octávio é solidária ou é conjunta?

Trespasse: transmissão de propriedade de um estabelecimento por negócio entre


vivos- conceito amplo o suficiente para abarcar um conjunto de figuras negociais
diversas e paea exprimir as notas essenciais e comuns que, para lá das diferenças,
congregam as diversas figuras negociais sob a mesma designação.

o O objeto do trespasse é o estabelecimento que pode ou não ser comercial em sentido


jurídico – comercial apenas terá de ser para os efeitos dos arts 100º e 145º do CDA; o
estabelecimento comercial ou industrial do 1112º do C.Civ, abarca também empresas
não jurídicas mercantis e os arts 152º/2d do CSC e o 209º/2 do CRCSPSS são aplicadas
Às diversas espécies empresariais
o Traduz um transmissão com carater definitivo, e a transmissão da propriedade do
estabelecimento (1112º + 1109º do C.civ, no CSC arts 152º, 2d), 246º/2 c)) e no
CRCSPSS – divisória entre o trespasse e as disposições temporárias do
estabelecimento estar suficiente demarcado no C.Civ (1112º diferente do 1107º). Tal
transmissão pode ser efetuada através de negócios variados tais como a (compra e)
venda, amistosa ou executiva, a troca, a dação em cumprimento, a realização da
entrada social.
o Para alguns efeitos, o trespasse traduz-se em negócios necessariamente onerosos – é
assim para efeitos por exempi do direito de preferência do senhorio e da liquidação
da sociedade. Não eram onerosos noutros casos. As razões de disciplina fixada nas
restantes normas itadas valem tanto para os negócios onerosos como para os
gratuitos; a doação pode operar, portante, um trespasse;
o O trespasse aparece em todos os preceitos acima assinalados significando negócios
inter-vivos. Com efeito o nº 1 do 1112º começa com é “permitida a transmissão por
ato entre vivos e o nº4 aplica-se apenas à venda e À dação em cumprimento segundo
o art 152º/2d) do CSC.

Forma: Depois de 2000 e atualmente apenas exige-se a simples escrita como a forma
necessária.
A transmissão de firma (que pode ser feita com ou sem a transmissão de
estabelecimento – exige:
 Escrito (44º nº1 e 4 do RRNPC);
 A transmissão de marca ou de logotipo – envolvida naturalmente na transmissão de
estabelecimento- exige escrito.
o Seria estranho que a transmissão destes elementos acessórios requeresse
escrito e não o requeresse a transmissão em conjunto, o negócio (unitário) de
trespasse (unitário) estabelecimento (com aqueles elementos).

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 Por outro lado a transmissão da posição de arrendatário do trespassante deve ser


comunicado ao senhorio (1112º/3 parte final). Esta comunicação precisará
normalmente de ser acompanhada de cópia ou exemplar do contrato de trespasse.

Âmbitos da entrega
 Num contrato ooou negócio de trespasse gozam as partes de liberdade para excluírem
da transmissão alguns aspetos/elementos do estabelecimento.
 Todavia tal exclusão não pode abranger os bens necessários ou essenciais para
identificar ou exprimir a empresa objecto do negócio. Desrespeitando-se o âmbito
mínimo (necessário/essencial da entrega) de entrega (elementos necessários e
suficientes para a transmissão de um concreto estabelecimento), impossibilitado fica o
trespasse;
 Objeto do negócio translativo serão então singulares bens (ou conjunto de bens ) de
um estabelecimento e não o próprio estabelecimento.
 Fazem parte do Âmbito natural de entrega os elementos que se transmitem
naturalmente com o estabelecimento trespassado, isto é, os meios transmitidos ex
silentio, independentemente de estipulação ad hoc- estamos assim perante um
problema do âmbito natural da entrega quando, por exemplo, em um escrito de
trespasse o estabelecimento é identificado apenas pelo seu objeto e localização –não
se inventariando quaisquer elementos e posições jurídicas a transmitir; ou
mencionam-se alguns elementos mas a titulo exemplificativo.
 Por força da lei (supletiva) incluem-se no âmbito natural os logótipos e as marcas.
Quer isto dizer que, se na marca não constar o nome, etc, do titular, ela é transmitida
naturalmente com o respetivo estabelecimento não precisando de cláusula ad hoc.

Quando a outros elementos, o silêncio das partes é acompanhado pelo silencio da lei.

Definição de estabelecimento comercial – é a organização de meios ou


elementos para o exercício de uma atividade de produção destinada à troca.

Quando um estabelecimento é transmitido com todos os elementos que o


compõem trata-se de um trespasse: trespassado o estabelecimento fica o trespassante
obrigado a entregar o complexo de bens que o compõe- entre esses bens encontram-
se máquinas, utensílios, mobiliários, matérias primas, mercadorias, inventos
patenteados, modelos de utilidade, desenhos ou modelos.

Relativamente aos prédios – quando num contrato de trespasse se não faça


menção à transmissão do prédio e não se conclua, por interpretação do negócio que
ele foi excluído deve concluir-se que a propriedade do mesmo foi naturalmente
transmitida.
Concluindo:
o O trespasse coenvolve por normalmente a transmissão da propriedade de todos
os elementos que a esse titulo pertencem ao trespassante – podendo contudo
nalguns casos não se transmitir, ou seja nos casos em que a exclusão resulta de
uma disposição legal ou é consequência mediata de uma cláusula negocial ou
corresponde à vontade real e concordante das partes (apesar de não ter
correspondência no texto do respetivo documento).

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1112º CC- ATOS DE COMERCIO ESTABELECIDOS NUMA LEI AVULSA


CSC

ARTIGO 1112.º - TRANSMISSÃO DA POSIÇÃO DO ARRENDATÁRIO

1 - É PERMITIDA A TRANSMISSÃO POR ACTO ENTRE VIVOS DA POSIÇÃO DO


ARRENDATÁRIO, SEM DEPENDÊNCIA DA AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO:
A) NO CASO DE TRESPASSE DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU
INDUSTRIAL;
B) A PESSOA QUE NO PRÉDIO ARRENDADO CONTINUE A EXERCER A
MESMA PROFISSÃO LIBERAL, OU A SOCIEDADE PROFISSIONAL DE OBJECTO
EQUIVALENTE.

2 - NÃO HÁ TRESPASSE:
A) QUANDO A TRANSMISSÃO NÃO SEJA ACOMPANHADA DE
TRANSFERÊNCIA, EM CONJUNTO, DAS INSTALAÇÕES, UTENSÍLIOS, MERCADORIAS OU
OUTROS ELEMENTOS QUE INTEGRAM O ESTABELECIMENTO;
B) QUANDO A TRANSMISSÃO VISE O EXERCÍCIO, NO PRÉDIO, DE OUTRO
RAMO DE COMÉRCIO OU INDÚSTRIA OU, DE UM MODO GERAL, A SUA AFECTAÇÃO A
OUTRO DESTINO.

3 - A TRANSMISSÃO DEVE SER CELEBRADA POR ESCRITO E COMUNICADA AO


SENHORIO.
4 - O SENHORIO TEM DIREITO DE PREFERÊNCIA NO TRESPASSE POR VENDA OU
DAÇÃO EM CUMPRIMENTO, SALVO CONVENÇÃO EM CONTRÁRIO.
5 - QUANDO, APÓS A TRANSMISSÃO, SEJA DADO OUTRO DESTINO AO PRÉDIO,
OU O TRANSMISSÁRIO NÃO CONTINUE O EXERCÍCIO DA MESMA PROFISSÃO LIBERAL,
O SENHORIO PODE RESOLVER O CONTRATO.

ARTIGO 1009.º
(PODERES DOS ADMINISTRADORES DEPOIS DA DISSOLUÇÃO)
1. DISSOLVIDA A SOCIEDADE, OS PODERES DOS ADMINISTRADORES FICAM LIMITADOS
À PRÁTICA DOS ACTOS MERAMENTE CONSERVATÓRIOS E, NO CASO DE NÃO TEREM
SIDO NOMEADOS LIQUIDATÁRIOS, DOS ACTOS NECESSÁRIOS À LIQUIDAÇÃO DO
PATRIMÓNIO SOCIAL.
2. PELAS OBRIGAÇÕES QUE OS ADMINISTRADORES ASSUMAM CONTRA O DISPOSTO
NO NÚMERO ANTERIOR, A SOCIEDADE E OS OUTROS SÓCIOS SÓ RESPONDEM
PERANTE TERCEIROS SE ESTES ESTAVAM DE BOA FÉ OU, NO CASO DE SER
OBRIGATÓRIO O REGISTO DA DISSOLUÇÃO, SE ESTE NÃO TIVER SIDO EFECTUADO; NOS
RESTANTES CASOS, RESPONDEM SOLIDARIAMENTE OS ADMINISTRADORES QUE
TENHAM ASSUMIDO AQUELAS OBRIGAÇÕES.

DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS


ARTIGO 246.º
(COMPETÊNCIA DOS SÓCIOS)
1 - DEPENDEM DE DELIBERAÇÃO DOS SÓCIOS OS SEGUINTES ACTOS, ALÉM DE
OUTROS QUE A LEI OU O CONTRATO INDICAREM:
A) A CHAMADA E A RESTITUIÇÃO DE PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES;
B) A AMORTIZAÇÃO DE QUOTAS, A AQUISIÇÃO, A ALIENAÇÃO E A ONERAÇÃO DE
QUOTAS PRÓPRIAS E O CONSENTIMENTO PARA A DIVISÃO OU CESSÃO DE QUOTAS;

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C) A EXCLUSÃO DE SÓCIOS;
D) A DESTITUIÇÃO DE GERENTES E DE MEMBROS DO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO;
E) A APROVAÇÃO DO RELATÓRIO DE GESTÃO E DAS CONTAS DO EXERCÍCIO, A
ATRIBUIÇÃO DE LUCROS E O TRATAMENTO DOS PREJUÍZOS;
F) A EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DOS GERENTES OU MEMBROS DO ÓRGÃO
DE FISCALIZAÇÃO;
G) A PROPOSIÇÃO DE ACÇÕES PELA SOCIEDADE CONTRA GERENTES, SÓCIOS OU
MEMBROS DO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO, E BEM ASSIM A DESISTÊNCIA E TRANSACÇÃO
NESSAS ACÇÕES;
H) A ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE SOCIEDADE;
I) A FUSÃO, CISÃO, TRANSFORMAÇÃO E DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E O REGRESSO
DE SOCIEDADE DISSOLVIDA À ACTIVIDADE;
2 - SE O CONTRATO SOCIAL NÃO DISPUSER DIVERSAMENTE, COMPETE TAMBÉM AOS
SÓCIOS DELIBERAR SOBRE:
A) A DESIGNAÇÃO DE GERENTES;
B) A DESIGNAÇÃO DE MEMBROS DO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO;
C) A ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO DE BENS IMÓVEIS, A ALIENAÇÃO, A ONERAÇÃO E A
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO;
D) A SUBSCRIÇÃO OU AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÕES NOUTRAS SOCIEDADES E A SUA
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO.

CÓDIGO DOS REGIMES CONTRIBUTIVOS DO SISTEMA PREVIDENCIAL DE


SEGURANÇA SOCIAL

ARTIGO 152.º - DEVERES, PODERES E RESPONSABILIDADE DOS LIQUIDATÁRIOS

1 - COM RESSALVA DAS DISPOSIÇÕES LEGAIS QUE LHES SEJAM ESPECIALMENTE


APLICÁVEIS E DAS LIMITAÇÕES RESULTANTES DA NATUREZA DAS SUAS FUNÇÕES, OS
LIQUIDATÁRIOS TÊM, EM GERAL, OS DEVERES, OS PODERES E A RESPONSABILIDADE
DOS MEMBROS DO ÓRGÃO DE ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE.
2 - POR DELIBERAÇÃO DOS SÓCIOS PODE O LIQUIDATÁRIO SER AUTORIZADO A:
A) CONTINUAR TEMPORARIAMENTE A ACTIVIDADE ANTERIOR DA
SOCIEDADE;
B) CONTRAIR EMPRÉSTIMOS NECESSÁRIOS À EFECTIVAÇÃO DA
LIQUIDAÇÃO;
C) PROCEDER À ALIENAÇÃO EM GLOBO DO PATRIMÓNIO DA
SOCIEDADE;
D) PROCEDER AO TRESPASSE DO ESTABELECIMENTO DA SOCIEDADE.

PARTE III - INCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO CONTRIBUTIVA


CAPÍTULO V - SITUAÇÃO CONTRIBUTIVA REGULARIZADA
----------
ARTIGO 209.º - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

1 - NO MOMENTO DA REALIZAÇÃO DO REGISTO DE CESSÃO DE QUOTA


OU DE QUOTAS QUE SIGNIFIQUE A ALIENAÇÃO A NOVOS SÓCIOS DA MAIORIA DO
CAPITAL SOCIAL, O RESPECTIVO ACTO É INSTRUÍDO COM DECLARAÇÃO
COMPROVATIVA DA SITUAÇÃO CONTRIBUTIVA DA EMPRESA.
2 - EM CASO DE TRESPASSE, CESSÃO DE EXPLORAÇÃO OU DE POSIÇÃO

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CONTRATUAL O CESSIONÁRIO RESPONDE SOLIDARIAMENTE COM O CEDENTE PELAS


DÍVIDAS À SEGURANÇA SOCIAL EXISTENTES À DATA DA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO,
SENDO NULA QUALQUER CLÁUSULA NEGOCIAL EM CONTRÁRIO.

Elementos empresariais na disponibilidade do trespassante a titulo obrigacional ( o


trespassante tem o gozo desses bens por ser titular de direitos de crédito.
Por força da lei, as prestações laborais a que os trabalhadores subordinados se haviam
obrigados perante o trespassante continuam a contar-se entre os elementos do
estabelecimento trespassado.
O nº1, a) do artigo 1112º do CCiv determina que é permitida a transmissão por ato
entre vivos da posição do arrendatário, sem dependência da autorização do senhorio,
no caso de trespasse de estabelecimento comercial ou industrial. A menis que o prédio
arrendado pertença ao âmbito mínimo, o trespasse não implica a transferência do
prédio por via da transmissão do arrendatário.
No âmbito da entrega incluem-se os elementos empresarias que apenas se transmitem
por mor de estipulação ou convenção (expressa ou tácita) entre trespassante e
trespassário.
De harmonia com o art 595º a transmissão a titulo singular de dividas referentes a
estabelecimento só se pode verificar por acordo entre o trespassante e o trespassário,
“ ratificado” pelos credores (isto é com aprovação ou assentimento destes) ou por
acordo entre o trespassário e os credores com ou sem consentimento do trespassante;
em qualquer dos casos, a transmissão só exonera o trespassante hanendo declaração
expressa dos credores- respondendo ele solidariamente com o trespassário caso não
haja essa declaração- a transmissão dos débitos exige o consentimento dos credores.

Obrigação implícita de não concorrência: a obrigação de não concorrência decorrendo


Implicitamente dos negócios de alienação de empresa é desde há muito tempo
reconhecida pela jurisprudência e doutrina de inúmeros países. O trespassante de
estabelecimento fica em principio obrigadoa, num certo espaço e durante certo tempo
não concorrer com o trespassário com base em variados fundamentos:
- principio da boa fé na execução dos contratos;
- principio da equidade, usos do comércio, concorrência leal, garantia contra evicção,
dever de o alienante entregar a coisa alienada e assegurar o gozo pacifico dela. Por
norma o alienante (ou os seus representantes) conhece as características organizativas
da empresa e mantinha relações pessoais com financiadores, fornecedores e clientes.
Seria pois particularmente perigosa a concorrência por ele exercida; essa concorrência
diferencial poria em risco a subsistência da empresa alienada, impediria uma efetiva
entrega da esma ao adquirente.

Além do trespassante outras pessoas podem ficar vinculadas pela obrigação implícita
de não concorrência- É o xaso do cônjuge do trespassante e dos filhos do trepassante
quando com ele tenham colaborado na exploração da empresa transmitida.
Nos casos em que o trespassante é uma sociedade ficam vinculados pela obrigação,
além dela, também poderão ficar alguns sócios, nomeadamente aqueles que possuem
conhecimento relativos à empresa trespassada indispensável a uma concorrência
qualificada.

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Esta obrigação de não concorrência tem é claro limites. Ela justifica-se apenas na
medida em que seja necessária para uma entrega efetiva do estabelecimento
trespassado . Tem por conseguinte limites objetivos, espaciais e temporais.
Por fim é importante ressalvar que esta obrigação implícita de não concorrência pode
ser afastada por estipulação contratual das partes- o sujeito dos interesses
patrimoniais tutelados pela obrigação é o trespassário que deles pode dispor
livremente.

Trespasse do estabelecimento em prédio arrendado : o trestassante arrendatário pode


ceder a sua posição de arrendatário ao trespassário sem necessidade de autorização
do senhorio.
Este protege o interesse dos trespassantes em transmitirem sem entraves dos
senhorios, estabelecimentos integrando o direito de arrendamento, bem como o
interesse dis trespassários em adquirirwm empresas o mais possível valiosas e
funcionais e ainda o interesse económico-geral na continuidade e desenvolvimento
das empresas
De acordo com o nº2 do 1112º C.Civ não há trespasse a)quando a transmissão (da
posição de arrendatário) não seja acompanhada de transferência, em conjunto das
instalações, utensílios, mercadorias ou outros elementos que integram o
estabelecimento; b) quando a transmissão vise o exercício, no prédio de outro ramo
do comércio ou industria ou de um modo geral a sua afetação a outro destino- conclui-
se assim que o trespasse de um estabelecimento exige a transferência de todos os
seus elementos, bastando a falta de um deles para que o trespasse não se possa falar;
inexistindo trespasse a cessão da posição do arrendatário seria ilícita sem o
consentimento do senhorio e (não concedido o mesmo) fundamento de resolução do
contrato de arrendamento.
Portante para que o nº1 do artigo 1112º não tenha aplicação não é suficiente
nomeadamente quevo senhorio prove não ter sido transmitido um ou maus
elementos do estabeleciemento, terá de provar que sem esse(s) elemento(s) não
subsiste aquele concreto estabelecimento, que o mesmo não pode ter sido
efetivamente negociado, tendo havido antes simulação de trespasse (dissimulando
cessão da posição do arrendatário).
O artigo 1112º/2 b) estabelece que se considera não haver trespasse quando no
momento do negócio havia a intenção de dar outro destino ao prédio; o cessionário da
posição de arrendatário tinha em vista(com ou sem conhecimento do cedente), não a
continuação do mesmo estabelecimento (trespassado, na qualificação das partes), sim
a constituição, no mesmo prédio de estabelecimento novo ( com a eventual
aproveitamento de bens daquele).
Nos ternos do nº5 do 1112º uando após a transmissão, seja dado outro destino ao
prédio o senhorio pode resolver o contrato - se a mudança de destino significa que
não houve trespasse, a situação está já prevista na alienea b do nº2; se apesar da
mudança, houve trespasse não há fundamento de resolução de acordo com a alínea a
do nº1, salvo se o contrato de arrendamento não permitia destinar o prédio a outro
fim- caso em que o fundamento de resolução de encontra já no artigo 1083º/2 c).
De acordo com o nº3 do artigo 1112º a transmissão da posição do arrendatário, sem
dependência da autorização do senhorio deve ser comunicado a este.

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Direito Comercial – práticas

É necessário fazer uma interpretação atualista do artigo 2º


MC – considera comerciais atos estabelecidos em diplomas que vêm a substituir o
CCOM e leis extravagantes (por exemplo o código das sociedades comerciais=.
CA – para saber se as leis que não substituem partes do código nem se auto-
qualifiquem como comerciais, é necessário sempre ver as leis avulsas para ver se se
trata de uma matéria de cariz comercial
- ato de comercio de cariz objetivo de acordo com o artigo 2º

ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO

SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE COMÉRCIO TODOS AQUELES QUE SE ACHAREM


ESPECIALMENTE REGULADOS NESTE CÓDIGO, E, ALÉM DELES, TODOS OS
CONTRATOS E OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES, QUE NÃO FOREM DE NATUREZA
EXCLUSIVAMENTE CIVIL, SE O CONTRÁRIO DO PRÓPRIO ATO NÃO RESULTAR.

Classificado analogamente um ato comercial

- G + O são comerciantes? A partir de quando é que são considerados


comerciantes?

De acordo com o professor Coutinho de Abreu o incio da qualidade de comercial


poderá depender de um só ato ou de vários. Em tese geral, diremos que tal inicio se
determinará pela prática do ato oi dos atos reveladores do propósito e possibilidade
de certo sujeito se dedicar ao exercício habitual de uma atividade comercial

OA – é necessário um exercício efetivo mas basta que este se manifeste através de


sinais indicativos da adoção desse modo de vida

Relativamente aos comerciantes-empresários: o professor CA sobretudo com apoio


no artigo 95º do C.Com que uma pessoa passa a ser comerciante logo que bre um
estabelecimento pronto a funcionar. Se alguém compra uma empresa comercial,
revelando o propósito de a explorar torna-se por isso comerciante. Se alguém pratica
vário atos de organização de uma empresa comercial e esses atos indiciam que ele irá
começar a explorá-la, torna-se por isso comerciante- apesar de ainda nem sequer
existir empresa propriamente dita.

ART.º 95.º ARMAZÉNS OU LOJAS ABERTAS AO PÚBLICO

CONSIDERAR-SE-ÃO, PARA OS EFEITOS DESTE CÓDIGO, COMO ARMAZÉNS OU LOJAS DE


VENDA ABERTOS AO PÚBLICO: 1.º OS QUE ESTABELECEREM OS COMERCIANTES
MATRICULADOS; 2.º OS QUE ESTABELECEREM OS COMERCIANTES NÃO MATRICULADOS,
TODA A VEZ QUE TAIS ESTABELECIMENTOS SE CONSERVEM ABERTOS AO PÚBLICO POR OITO
DIAS CONSECUTIVOS, OU HAJAM SIDO ANUNCIADOS POR MEIO DE AVISOS AVULSOS OU
NOS JOMAIS, OU TENHAM OS RESPECTIVOS LETREIROS USUAIS.

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Direito Comercial – práticas

OA – é necessário um exercício efetivo mas basta que este se manifeste através de


sinais indicativos da adoção desse modo de vida – base no artigo 95º/ nº2 – 13º
CA – pratica do ato o simples indicio, por meio da matricula, não é suficiente para
ser considerado comerciante, ex. alguem que celebre um contrato de agencia como
agente, torna-se comerciante ainda que não tenha praticado atos. Quem pratica atos de
organização de uma empresa comercial , esses actos constituiirem indicio que vão
explorar esse mesmo estabelecimento, torna-se comerciante.

Francisco – para a maioria da doutrina a matricula é um indicio, mas não basta na


medida em que é necessário que se verifique no futuro a concretização desta para que
este seja considerado como comerciante- devido a não ter concretizado a matricula é
questionável de acordo com

Logo, eram já tidos como comerciantes. Há um ato de comercio em sentido objetivo


e em sentido subjetivo de acordo com o artigo 2º +13º+7º - Há solidariedade nos
termos do 100º CCOM, logo têm de pagar o preço.
Para que seja solidária basta que o ato seja ou objetivamente ou subjetivamente
comerciais

Quer a venda como a compra são considerados atos de comercio tanto em sentido
objetivo como subjetivo.

24/10

ESTABELECIMENTO.

O estabelecimento comercial é, para MENEZES CORDEIRO, o conjunto de coisas


corpóreas e incorpóreas devidamente organizadas para a prática de comércio. Nestes
termos, corresponde à unidade funcional cujo objectivo é a obtenção de lucro através
da conquista de clientela.

ELEMENTOS.

Desta primeira noção podemos concluir pelos seguintes elementos caracterizadores


do estabelecimento
comercial:

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Elementos activos:

 Coisas corpóreas:
o Bens materiais relativos a imóveis e móveis
o Direitos reais e pessoais de gozo relativos a imóveis
 Coisas incorpóreas:
o Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]
o Posições contratuais
 Clientela:
o conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a contratar com o
estabelecimento.
 Aviamento:
o A mais valia que resulta da aptidão funcional do estabelecimento. A
unificação de todos os elementos, enfim. Para COUTINHO DE ABREU trata-
se de um “bem jurídico novo”. Critério decisivo para aferir a existência de
um estabelecimento. Há estabelecimento, na medida em que há
aviamento.

Elementos passivos:
 Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante

TRANSMISSÃO DO ESTABELECIMENTO. Aferida a existência de um verdadeiro estabelecimento


comercial, o mesmo pode ser transmitido nos termos seguintes:

 Transmissão definitiva: trespasse, regime excepcional


 Transmissão temporária: cessão de exploração, regime geral

Trespasse vs cessão de exploração

 O trespasse consiste na transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento


comercial, no seu todo, sem perda de aptidão funcional [do aviamento, enfim].

 Pode ser celebrado mediante qualquer contrato com eficácia translativa da


titularidade do direito [vg compra e venda, doação, troca ou dação em cumprimento].

 O principal efeito resulta da transmissão da propriedade relativamente a esse


estabelecimento, ou do direito pessoal de gozo do arrendatário, mais frequentemente.
Eis os traços gerais do regime do trespasse, de natureza excecional face ao regime
geral da cessão de exploração:

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o Está regulado no CC [art. 1112º CC] mas é considerado legislação comercial,


maxime acto comercial em sentido objectivo, por razões históricas e pela sua
natureza: protecção do interesse e do desenvolvimento comercial.

o Não há qualquer necessidade de consentimento do senhorio [art. 1112º-1a


CC], bastando a mera comunicação [art. 1112º-3 CC] pelo locatário originário,
no prazo de quinze dias [art. 1038º g] CC]: facto que sustenta a sua natureza
de protecção do interesse comercial.

o Forma: escrita [art. 1112º-3 CC]. Problema da simplificação formal do


trespasse: essa norma aplica-se também ao proprietário do prédio?
COUTINHO DE ABREU considera que se afasta o art. 875º CC e o art. 80º do
Código do Notariado, relativamente à necessidade da escritura pública na
transmissão do direito de propriedade sobre imóveis em caso de trespasse.

o A violação do dever de comunicação constitui fundamento do direito de


resolução do contrato [art. 1083º-2 e] CC] e de indemnização por
responsabilidade obrigacional [art. 798º CC].

o O senhorio tem direito de preferência no trespasse por venda ou dação em


cumprimento [art. 1112º-4 CC]. Se preferir, extingue-se o contrato por
confusão de esferas jurídicas: o senhorio não pode ser simultaneamente
senhorio e locatário.

o Dever de não concorrência do trespassante com o trespassário: dever que


deriva da boa fé e de lealdade, maxime da responsabilidade post pactum
finitum, segundo MENEZES CORDEIRO.

 Preconiza a observância de limites:

o Materiais: a nova actividade do trespassante não pode ser semelhante


o Espaciais: com respeito com a circunscrição geográfica da actividade
o Temporais: observância do prazo de consolidação do novo estabelecimento,
geralmente de três ou dois anos [jurisprudência]

 Havendo perda do aviamento do estabelecimento, com o trespasse, aplicar-se-á o


regime geral da cessão de exploração infra: o contrato celebrado transmite
meramente o direito pessoal de gozo sobre o prédio, e não o estabelecimento no seu
todo, por desmantelamento, vg.
 Nestes termos, há que interpretar restritivamente o disposto no art. 1112º-2 a) CC,
considerando que o limite que traça a distinção entre trespasse e mera cessão de
exploração reside na perda de aviamento, e não na mera transmissão de utensílios e
de mercadorias.

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Direito Comercial – práticas

 Se existe verdadeiro trespasse, mas outro destino foi dado ao prédio, há


fundamento do direito de resolução do contrato nos termos dos arts. 1038º c) e
1112º-5 CC e consequente indemnização por responsabilidade obrigacional [art.
798º CC].

CESSÃO DE EXPLORAÇÃO

 A cessão de exploração do estabelecimento consiste na transmissão temporária do


gozo do estabelecimento, a título oneroso [locação de estabelecimento] ou gratuito
[“comodato” de estabelecimento].
 Trata-se do regime geral previsto no art. 424º CC, a aplicar quando se considere
afastada a possibilidade de trespasse, a título excepcional, ou quando este, a existir,
resulte em perda do aviamento do estabelecimento.

Em suma a principal diferença entre cessão de exploração e trestapase é que a cessão ao


contrario do trespasse, é temporário enquanto que o trespasse é definitivo.

ELEMENTOS TRANSMITIDOS

Quais os elementos do estabelecimento que devem considerar-se transmitidos com o


trespasse do mesmo:
 De acordo com o professor OLIVEIRA ASCENSÃO, é necessário, neste âmbito, uma
distinção entre:

o Situações jurídicas exploracionais: não fazem sentido sem o estabelecimento a


que respeitam, pelo que se transmitem com este.
o Situações jurídicas comuns

 Assim, transmitem-se, num plano interno [entre o trespassante e o trespassário]:


o Elementos activos:
 Direito de propriedade sobre móveis e imóveis, em princípio.
 Direito pessoal de gozo relativo ao arrendamento.
 Direito à firma, com consentimento escrito do titular [art. 44º RNPC].
 O nome do estabelecimento, logótipo e insígnias.
 Posições contratuais:
 o Contrato de trabalho: por mero efeito da lei, com vista à
protecção do trabalhador, a parte mais fraca.
 o Contrato de fornecimento: as situações jurídicas
exploracionais transmitem-se tacitamente, segundo OLIVEIRA
ASCENSÃO.
 Direitos de crédito, sem consentimento do devedor [art. 577º CC].

o Elementos passivos:

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 Dívidas, com consentimento do credor [art. 595º CC], excepto quando


se trate de dívidas exploracionais, indissociáveis do estabelecimento
[segundo OLIVEIRA ASCENSÃO transmitem-se tacitamente]. A solução
adoptada deve ser intermédia: as dívidas não se transmitem
tacitamente em bloco, nem uma a uma, dada a difícil especificação de
todas as dívidas existentes

 Transmitem-se, num plano externo [entre o trespassário e terceiros]:


o Elementos activos:
 Cessão da posição contratual [art. 424º CC]: com consentimento
 Cessão de créditos [art. 577º CC]: sem consentimento

o Elementos passivos:
 Dívidas [art. 595º CC]:
 Com consentimento do credor: exonera o trespassante, o devedor
originário.
 Sem consentimento do credor: não exonera o trespassante, o devedor
originário, que, pagando a dívida em causa, pode exercer direito de
regresso sobre o trespassário, o novo devedor.

Resolução do caso

CASO N.o 7

A sociedade Caravela Azul, Lda. explora, há mais de 30 anos, o restaurante


“Caravela Azul”, instalado numa loja arrendada no Chiado pela qual a sociedade paga a
renda mensal de € 500,00.
No passado dia 20 de Agosto, a Caravela Azul, Lda. celebrou com Bento e Carlos,
por documento particular, um contrato que denominaram“Contrato de Trespasse” que
continha, entre outras, as seguintes cláusulas:
“1 – Pelo presente, a sociedade Caravela Azul, Lda. transmite a Bento e Carlos, a
propriedade do restaurante “Caravela Azul” pelo valor de € 750.000,00.
2 – O restaurante é transmitido tal como se encontra, à excepção dos seguintes
elementos:
a) Todos os novos equipamentos de cozinha, adquiridos há menos de 3 meses;b) Os
trabalhadores João, Pedro e Joaquim;c) O direito a usar o nome “Caravela Azul”.3 – As
dívidas correspondentes às rendas em atraso são responsabilidade da
sociedade transmitente.”
No mesmo dia, a sociedade Caravela Azul, Lda. alienou o direito a usar o nome
“Caravela Azul” a uma sociedade suiça que explora restaurantes nas marinas de
Cascais e Vila Moura.
O negócio corria bem a Bento e Carlos quando, já em Outubro, foram
supreendidos com um facto insólito: a sociedade Caravela Azul, Lda. tinha adquirido
um espaço comercial no lado fronteiro à mesma rua do Chiado no qual acaba de abrir
um novo restaurante, denominado “Amigos Para Sempre”.

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1 – O senhorio da loja onde estava instalado o restaurante “Caravela Azul”


intentou uma acção contra Caravela Azul A, Lda., Bento e Carlos arguindo que o
negócio celebrado correspondia a uma cessão da posição contratual de arrendatário
para a qual o senhorio não havia prestado nem prestaria o seu consentimento (art.
424.o do CC). Quid juris?

O restaurante “A caravela azul” é um estabelecimento comercial, ou seja, é de acordo


com o professor Menezes Cordeiro, o conjunto de coisas corpóreas e incorpóreas
devidamente organizadas para a prática de comércio. Nestes termos, corresponde à
unidade funcional cujo objetivo é a obtenção de lucro através da conquista de
clientela.

Podemos retirar desta definição a existência de:

- Elementos activos:

 Coisas corpóreas:
o Bens materiais relativos a imóveis e móveis
o Direitos reais e pessoais de gozo relativos a imóveis
 Coisas incorpóreas:
o Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]
o Posições contratuais
 Clientela:
o conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a contratar com o
estabelecimento.
 Aviamento:
o A mais valia que resulta da aptidão funcional do estabelecimento. A
unificação de todos os elementos, enfim. Para COUTINHO DE ABREU trata-
se de um “bem jurídico novo”. Critério decisivo para aferir a existência de
um estabelecimento. Há estabelecimento, na medida em que há
aviamento.

- Elementos passivos:
 Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante

O critério da sua inclusão do estabelecimento:Assenta em duas ordens de fatores:


-um fator funcional
-um fator jurídico

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O fator funcional apela ao realismo exigido pela própria vida do comercio – como se
organiza efetivamente o estabelecimento e como ele funciona - atenta à função do
conjunto de coisa corpóreas, incorpóreas, num todo coerente e organizado para
conseguir clientela e dai lucro. A análise dos factos diz-nos em regra que o
estabelecimento gira sob um nome, tem insígnias, usa marcas e patentes, disfruta de
colaboradores etc.

Fator jurídico- explica-nos que em homenagem a essa realidade que ele traduz, o
Direito concede ao conjunto dos elementos referidos, um regime especial, inaplicácel
in solo ( pretendemos encontrar um regime jurídico unitário que pretender dar a
aplicar ao conjunto de bens).

Entre a Caravela Azul, Lda. e Bento e Carlos, foi celebrado, por documento particular,
um contrato que denominaram “Contrato de Trespasse”. Contudo o senhorio da loja
onde estava instalado o restaurante “Caravela Azul” intentou uma acção contra
Caravela Azul A, Lda., Bento e Carlos arguiu que o negócio celebrado correspondia a
uma cessão da posição contratual de arrendatário.

Face à distinção entre cessão da posição contratual e trespasse supra, os passos a seguir
devem ser estes:

1. Determinar se houve verdadeiro trespasse [transmissão da titularidade do estabelecimento


sem perda do aviamento, enfim]. Se sim: aplicar o regime excecional do trespasse.

 O trespasse consiste na transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento


comercial, no seu todo, sem perda de aptidão funcional [do aviamento, enfim].

 Pode ser celebrado mediante qualquer contrato com eficácia translativa da


titularidade do direito [vg compra e venda, doação, troca ou dação em cumprimento].

 O principal efeito resulta da transmissão da propriedade relativamente a esse


estabelecimento, ou do direito pessoal de gozo do arrendatário, mais frequentemente.
Eis os traços gerais do regime do trespasse, de natureza excecional face ao regime
geral da cessão de exploração:

o Está regulado no CC [art. 1112º CC] mas é considerado legislação comercial,


maxime acto comercial em sentido objectivo, por razões históricas e pela sua
natureza: protecção do interesse e do desenvolvimento comercial.

o Não há qualquer necessidade de consentimento do senhorio [art. 1112º-1a


CC], bastando a mera comunicação [art. 1112º-3 CC] pelo locatário originário,
no prazo de quinze dias [art. 1038º g] CC]: facto que sustenta a sua natureza
de protecção do interesse comercial.

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Direito Comercial – práticas

o Forma: escrita [art. 1112º-3 CC] : desde a alteração legislativa de 2000 que
mantém essa redação atualmente apenas se exige, relativamente à forma, a
simples escrita como a forma necessária – artigo 1112º nº3 1ªparte

o A transmissão de firma (que pode ser feita com ou sem a transmissão de


estabelecimento – exige:
 Escrito (44º nº1 e 4 do RRNPC);
 COUTINHO DE ABREU considera que se afasta o art. 875º CC e o art.
80º do Código do Notariado, relativamente à necessidade da escritura
pública na transmissão do direito de propriedade sobre imóveis em
caso de trespasse.

“ 3 - A transmissão deve ser celebrada por escrito e comunicada ao


senhorio.”

o a transmissão da posição de arrendatário do trespassante deve ser


comunicado ao senhorio (1112º/3 parte final). Esta comunicação precisará
normalmente de ser acompanhada de cópia ou exemplar do contrato de
trespasse.
 A violação do dever de comunicação, previsto neste mesmo nº do
artigo 1112º constitui fundamento do direito de resolução do contrato
[art. 1083º-2 e] CC] e de indemnização por responsabilidade
obrigacional [art. 798º CC].

o O senhorio tem direito de preferência no trespasse por venda ou dação em


cumprimento [art. 1112º-4 CC]. Se preferir, extingue-se o contrato por
confusão de esferas jurídicas: o senhorio não pode ser simultaneamente
senhorio e locatário.
 Tem houver trespasse mesmo relativamente ao próprio senhorio ,
este tem de manter o estabelecimento ativo.
 Resulta da preferência do senhorio só é possível quando este próprio
esteja em condições de adquirir licitamente o estabelecimento.
 Estando em causa um estabelecimento para o exercício de
uma profissão liberal, o senhorioo deverá ter as habilitações
necessárias para prosseguir essa exploração. Além disso, não
cabe preferência no caso de integração com o
estabelecimento, de quota social: em principio não há aqui
venda ou dação em pagamento, ficando todavia ressalva a
hipótese de abuso de direito

3. Se não: aplicar o regime geral da cessão da posição contratual do locatário:

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 Dispõe-se no nº 2 do art. 11º do Dec-Lei 149/95, de 24 Junho, de acordo com as


alterações introduzidas pelo Dec-Lei 265/97, de 2 Outubro, que não se tratando
de bens de equipamento, a posição do locatário pode ser transmitida nos termos
previstos para a locação.

 Dispondo sobre a transmissão da posição do locatário, expressa o nº 2 do art.


1059º C.Civil o princípio de que a cessão da posição do locatário está sujeita ao
regime geral dos artigos 424.° e seguintes.

 E segundo este art. 424º, a cessão da posição contratual de qualquer uma das
partes a um terceiro é permitida, mas desde que se esteja perante um contrato
bilateral, com prestações recíprocas, e o contraente cedido consinta nessa
transmissão, antes ou depois da celebração do contrato.

SECÇÃO V - Transmissão da posição contratual


----------
Artigo 1059.º - (Transmissão da posição do locatário)

       1 - A posição contratual do locatário é transmissível por morte dele ou, tratando-se
de pessoa colectiva, pela extinção desta, se assim tiver sido convencionado por
escrito. 
       2 - A cessão da posição do locatário está sujeita ao regime geral dos artigos 424.º e
seguintes, sem prejuízo das disposições especiais deste capítulo.

Artigo 424.º - (Noção Requisitos)

       1. No contrato com prestações recíprocas, qualquer das partes tem a faculdade de
transmitir a terceiro a sua posição contratual, desde que o outro contraente, antes ou
depois da celebração do contrato, consinta na transmissão.
       2. Se o consentimento do outro contraente for anterior à cessão, esta só produz
efeitos a partir da sua notificação ou reconhecimento.

Neste caso temos que analisar se, face às clausulas enunciadas no “contrato de
trespasse” estamos perante um verdadeiro trespasse.

“No passado dia 20 de Agosto, a Caravela Azul, Lda. celebrou com Bento e Carlos,
por documento particular, um contrato que denominaram“Contrato de Trespasse” que
continha, entre outras, as seguintes cláusulas:

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“1 – Pelo presente, a sociedade Caravela Azul, Lda. transmite a Bento e Carlos, a


propriedade do restaurante “Caravela Azul” pelo valor de € 750.000,00.

2 – O restaurante é transmitido tal como se encontra, à excepção dos seguintes


elementos:
a) Todos os novos equipamentos de cozinha, adquiridos há menos de 3 meses;
b) Os trabalhadores João, Pedro e Joaquim;
c) O direito a usar o nome “Caravela Azul”.

3 – As dívidas correspondentes às rendas em atraso são responsabilidade da sociedade


transmitente.”

Relativamente à 2ª clausula é necessário determinar se os elementos corpóreos


enunciados na alínea a) são ou não elementos essenciais tendo em conta a existência
do aviamento – aptidão funcional do estabelecimento.

Nestes termos, o estabelecimento pode ser transmitido no seu todo, mediante


trespasse: transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento comercial, no seu
todo, sem perda de aptidão funcional [do aviamento, enfim]

 Consideram-se elementos corpóreos as máquinas, as mercadorias, a matéria prima, o


mobiliário, entre outros e incorpóreos, o nome do estabelecimento, as marcas, os
direitos de propriedade industrial e os direitos resultantes de contratos, por exemplo,
de trabalho, de arrendamento, de exploração comercial ou com fornecedores de
mercadoria.

 Embora, de acordo com o nº2 deste mesmo artigo:

“2 - Não há trespasse:
a) Quando a transmissão não seja acompanhada de transferência, em conjunto,
das instalações, utensílios, mercadorias ou outros elementos que integram o
estabelecimento;
b) Quando a transmissão vise o exercício, no prédio, de outro ramo de comércio
ou indústria ou, de um modo geral, a sua afectação a outro destino.”

 De acordo com o professor Coutinho de Abreu não pode ser feito uma interpretação à
letra do nº2 deste artigo na medida em que tal interpretação levaria À conclusão que o
trespasse exige a transferência de todos os seus elementos, sendo que bastaria assim
a falta de um deles para que não pudesse falar de trespasse; inexistindo trespasse a
cessão da posição contratia de arrendatário seria ilícita sem o consentimento do
senhorio e (não concedido o mesmo fundamento da resolução do contrato de
arrendamento nos termos no artigo 1083º /2 e Cc.

 Embora os elementos corpóreos em causa “os novos equipamentos de cozinha,


adquiridos há menos de 3 meses” sejam elementos que, de acordo com a conceção do
professor MC e do professor CA, fazem parte dos elementos ativos do

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estabelecimento comercial é questionável, que se possa concluir que a falta destes


fazia com que o negócio deixa-se de ser considerado um trespasse. Por isso, não se
deverá fazer uma interpretação à letra da alínea a) do nº2 deste artigo, na medida em
que tal, levaria à conclusão que o trespasse exige a transferência de todos os seus
elementos, sendo que bastaria assim a falta de um deles para que não pudesse falar
de trespasse.

 E tal não faz sentido: à luz do principio da autonomia, considera-se que há trespasse
mesmo que as partes afastem um dos elementos enunciados – para tal apenas é
necessário que se mantenha o aviamento – é necessária a manutenção de elementos
que sejam efetivamente relevantes e essenciais ao estabelecimento e q sem os quais
há uma perda da aptidão funcional do espaço.

 Sendo as panelas equipamentos novos, em principio em nada afetariam o aviamento


do estabelecimento, não sendo, assim, a sua exclusão causa de não aplicação do
regime do trespasse

 Relativamente à exclusão dos trabalhadores João, Pedro e Joaquim do contrato de


trespasse:

o Este exclusão deste elemento já é contudo mais controverso:


 Relativamente à posição contratual dos trabalhadores- para passar da
entidade A para a B o trabalhador tem de aceitar.
 Sendo um restaurante com uma longa história, é necessário saber se
estes trabalhadores eram essenciais à identidade do estabelecimento (
ou seja, é necessário determinar o papel destes trabalhadores no
estabelecimento e se o atendimento e qualidade de serviços de mesa
que prestavam eram essenciais à aptidão essencial do espaço):
 Se sim, então a exclusão destes elementos, faz com o espaço
perda parte da sua identidade e respetivo aviamento.
 Nestes termos, deve-se entender que o contrato celebrado
incide sobre uma mera transmissão do direito de
arrendamento sobre o espaço, tão-só, e não sobre a
titularidade do “estabelecimento” comercial no seu todo. Por
outras palavras: não há qualquer trespasse [art. 1112º-2 a) CC
mediante interpretação restritiva: deve ler-se “perda do
aviamento”], mas sim a cessão da posição contratual do
locatário [regime geral].
 Se considerarmos que estes elementos não afetam o
aviamento do Estado, então continuamos a estar perante um
trespasse, não sendo necessário a permissão do senhorio para
a celebração do negócio – é apenas necessário que lhe seja
comunicada a transmissão nos termo do artigo 1112º/3 parte
final.

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 Relativamente à exclusão do nome, igualmente um elemento ativo (neste caso


incorpóreo) do estabelecimento, esta é possível e não retira aviamento ao trespasse.
Esta possibilidade encontra-se prevista no artigo 304.º-P/3:

- Transmissão

Os registos de logótipo são transmissíveis se tal não for susceptível de induzir o


consumidor em erro ou confusão.

Quando seja usado num estabelecimento, os direitos emergentes do pedido de


registo ou do registo de logótipo só podem transmitir-se, a título gratuito ou
oneroso, com o estabelecimento, ou parte do estabelecimento, a que estão
ligados.

Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 31.º, a transmissão do


estabelecimento envolve o respectivo logótipo, que pode continuar tal como
está registado, salvo se o transmitente o reservar para outro estabelecimento,
presente ou futuro.- tal admite que o nome possa não passar com o trespasse do
estabelecimento.

2 – Admitindo a existência de um trespasse de estabelecimento comercial, poderia


o senhorio exigir os € 1.500,00 de rendas em atraso a Bento e Carlos?

Quanto à divida:
- No contrato é estipulado que “as dívidas correspondentes às rendas em atraso são
responsabilidade da sociedade transmitente”

Dívidas, com consentimento do credor [art. 595º CC], excepto quando se trate de dívidas
exploracionais, indissociáveis do estabelecimento [segundo OLIVEIRA ASCENSÃO transmitem-
se tacitamente]. A solução adoptada deve ser intermédia: as dívidas não se transmitem
tacitamente em bloco, nem uma a uma, dada a difícil especificação de todas as dívidas
existentes.

 A divida é de acordo com a conceção do professor MC um dos elementos


passivos do estabelecimento comercial sendo por isso em principio
transmitido no trespasse
 Segundo o disposto no art. 100º, as obrigações comerciais são solidárias, salva
estipulação em contrário.
 Nada nos é dito relativamente a convenção das partes, pelo que, considerando
que essa [§u.]“disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos
contratos que não constituírem atos comerciais”, cumpre determinar se o
trespasse em causa é comercial ou não.

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 Deste preceito retira-se assim que, sendo ambos comerciantes nos termos no
artigo 13º e 7º do C.Comercial e no caso de silêncio das partes em principio
estes responderiam ambos (Estabelecimento e o B e C) pela divida (a divida
seria em parte transmitida para os novos proprietários).

 Conclui-se: o trespasse é objetiva e subjetivamente comercial, pelo que a


obrigação comercial dele resultante é solidária [art. 100º] o senhorio, no caso
de silêncio das partes pode demandar o pagamento da totalidade do preço
solidariamente apenas à Caravela azul como a B e a C, sendo que o pagamento
a um deles exonerava os demais.

 Contudo este mesmo preceito também admite que as partes estipulem o


destino das dividas à luz do principio da autonomia privada – sendo esta
estipulação válida a responsabilidade por estas dividas é da sociedade
transmitente – Caravela Azul Lda – não podendo assim o senhorio exigir os €
1.500,00 de rendas em atraso a Bento e Carlos

Nota:
 Transmitem-se, num plano externo [entre o trespassário e terceiros]:
 Elementos activos:
o Cessão da posição contratual [art. 424º CC]: com consentimento
o Cessão de créditos [art. 577º CC]: sem consentimento
 Elementos passivos:
o Dívidas [art. 595º CC]:
 o Com consentimento do credor: exonera o trespassante, o devedor
originário.
 o Sem consentimento do credor: não exonera o trespassante, o
devedor originário, que, pagando a dívida em causa, pode exercer
direito de regresso sobre o trespassário, o novo devedor.

3 – É válida a alienação do direito a usar o nome “Caravela Azul” à sociedade


Suíça que explora restaurantes nas marinas de Cascais e Vila Moura? E a
alienação da firma “Caravela Azul, Lda.”?

É valida a alienação do nome? A primeira sub-hipotese não e valida enquanto que a


segunda sub-hipotese não é válida.

 Não é válida a alienação do nome

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Direito Comercial – práticas

De acordo com o artigo 44º/4 Registo Nacional de Pessoas Colectivas

Artigo 44º - principio da estabilidade


Transmissão do estabelecimento
1. O adquirente, por qualquer título entre vivos, de um estabelecimento
comercial pode aditar à sua própria firma a menção de haver sucedido na firma
do anterior titular do estabelecimento, se esse titular o autorizar, por escrito.

2. Tratando-se de firma de sociedade onde figure o nome de sócio, a autorização


deste é também indispensável.

3. No caso de aquisição, por herança ou legado, de um estabelecimento


comercial, o adquirente pode aditar à sua própria a firma do anterior titular do
estabelecimento, com a menção de nela haver sucedido.

4. É proibida a aquisição de uma firma sem a do estabelecimento a que se achar


ligada.

Artigo 32º

Firma

Firma vs denominação particular (denominação de fantasia reservada às anonimas e a ).

Definição de ambas
A firma reporta-se a sociedades comerciais sob a forma comercial; aos
comerciantes individuais, (37º+38- principio da unidade-º+40º DL 129/98):

A firma é o nome comercial dos comerciante , o sinal que os individualiza ou identifica


– a firma individualiza alguns não comerciantes: as sociedade civis de tipo comercial e
os ACE e pode agora individualizar empresários individuais não comerciante. Por outro
lado alguns comerciantes são identificados, não por firma mas por “denominação”.

MC: A firma é o nome do comerciante no comércio. Apesar da crescente simplificação


do seu regime [cfr. “empresa na hora”], a constituição da firma deve ser conforme com
os princípios seguintes:

 Unidade [art. 38º RNPC]

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Direito Comercial – práticas

 Autonomia privada
 Obrigatoriedade e normalização [art. 18º RNPC]
 Verdade [art. 32º RNPC]
 Estabilidade
 Novidade e exclusividade [art. 33º RNPC]

O regime da firma toma corpo através de alguns princípios tradicionais que vieram a
encontrar consagração legislativa, nomeadamente o princípio da novidade e da
verdade expressos em dois artigos do RNPC e ainda outros princípios:
 o principio da autonomia privada, com limitações genéricas;
 o principio da obrigatoriedade e da normalização
 o principio da estabilidade
 o principio da exclusividade
 o principio da unidade

Cada um destes princípios implica regras de concretização e eventuais desvios. Devem


ser concatenados entre si.

A firma, ou o nome do comerciante no comércio, é sempre obrigatória [art. 18º-1º e


38º-1 RNPC]. Se não for adotada uma firma fica impossibilitada a inscrição de actos
com registo obrigatório.

O RRNPC, diploma que contém o atual regime geral das firmas e denominações,
retomou a distinção que tinha terminado com o decreto lei 19683 de 21 de Abril de
1931.

Denominação particular (36º+39º+42º+43º) entidades não comerciais: designa


preferencialmente o sinal identificador de não comerciantes e pode nalguns casos ser
composta por nomes de pessoa
44º/4 (DL 129/98) + 304º -A (DL 36/03) + 304º-P/2 (DL 36/03)

Todos os comerciantes devem adotar firma ou denominação (art 18º/1 do C.Com)

De acordo com o artigo 44º a transmissão entre vivos de firma obedece a três
requisitos:
1) A transmissão entre vivos tem de fazer-se com a de um estabelecimento comercial a
que esteja ligada
2) É necessário acordo entre as partes – o consentimento do transmitente da firma deve
ser dado porque escrito – normalmente no documento que enforma a transmissão do
estabelecimento
3) O adquirente deve editar à sua própria firma menção de sucessão e a forma adquirida

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Direito Comercial – práticas

4 – Quatro meses volvidos sobre a abertura ao público do restaurante “Amigos Para


Sempre”, Bento e Carlos deram-se conta que grande parte da sua clientela frequentava
agora o restaurante explorado pela sociedade Caravela Azul. Lda. Quid juris?

Dever de não concorrência?

De acordo com o professor MC: Há um dever de não concorrência do trespassante


perante o trespassário quando não seja expressamente pactuado, poderá ser uma
exigência da boa fé.
Impõe-se, ex bona fide e como dever pós-eficaz, uma obrigação de não
concorrência a qual apenas pode ser ponderada caso a caso.
A sua violação pode acarretar deveres de cessar a concorrência individa e de
indemnizar o lesado reconstruindo a situação que existiria se não fosse a violação
perpetrada.

Não se pode prejudicar os critérios que compuseram o preço do trespasse.


Há Deveres de boa fé
Face ao limite temporal, em principio há uma obrigação de não concorrência de
acordo com o professor MC.

Neste caso é necessário ponderar a boa fé, a livre iniciativa económica e a não
limitação da concorrência.

A clientela real ou potencial valoriza o espaço e considera-se integrada na


potencialidade que irá tornar o preço mais elevado. Isto é uma posição ativa do
estabelecimento. Na transmissão pode gerar-se, com eficácia pos contratual, um dever
de não concorrência que irá desviar a clientela.

Outros autores, defendem que esta obrigação está assegurada do alienante


assegurar o gozo passivo da mesma (879B + 882/1).
DL 178/86, 3 de julho do contrato de agencia art.º 9º - quem nega a não
concorrência fundamenta com este art. 136º/1 código do trabalho mais liberdade de
iniciativa economia 61º crp
Assumindo que tal dever existe, haverá lugar a indemnização 798

5 – Admita que, em vez de Bento e Carlos terem celebrado o referido “Contrato de


Trespasse”, adquiriam as quotas da sociedade Caravela Azul, Lda. ao seus sócios. Quid
juris?

463º cv comercial

ART.º 463.º COMPRAS E VENDAS COMERCIAIS

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SÃO CONSIDERADAS COMERCIAIS:

1.º AS COMPRAS DE COUSAS MÓVEIS PARA REVENDER, EM BRUTO OU TRABALHADAS, OU


SIMPLESMENTE PARA LHES ALUGAR O USO;

2.º AS COMPRAS, PARA REVENDA, DE FUNDOS PÚBLICOS OU DE QUAISQUER TÍTULOS DE


CRÉDITO NEGOCIÁVEIS;

3.º A VENDA DE COUSAS MÓVEIS, EM BRUTO OU TRABALHADAS, E AS DE FUNDOS


PÚBLICOS E DE QUAISQUER TÍTULOS DE CRÉDITO NEGOCIÁVEIS, QUANDO A AQUISIÇÃO
HOUVESSE SIDO FEITA NO INTUITO DE AS REVENDER;

4.º AS COMPRAS E REVENDAS DE BENS IMÓVEIS OU DE DIREITOS A ELES INERENTES,


QUANDO AQUELAS, PARA ESTAS, HOUVEREM SIDO FEITAS;

5.º AS COMPRAS E VENDAS DE PARTES OU DE ACÇÕES DE SOCIEDADES COMERCIAIS.

Capital social – 10 000


A – 60% 6 000
B – 40% - 4 000
Diferença entre trespasse e cessão de cotas
“A personalidade jurídica – art. 5.º - das sociedades comerciais - e das civis sob forma
comercial - art. 1º, nº 4 CSC - significa que são uma individualidade jurídica que se não
confunde com a dos sócios.
II - A sociedade mantém a sua individualidade jurídica, apesar das mutações de sócios
ou património.
III - Por trás da desconsideração ou levantamento da personalidade colectiva está,
sempre, a necessidade de corrigir comportamentos ilícitos, fraudulentos, de sócios
que abusaram da personalidade colectiva da sociedade, seja actuando em abuso de
direito, em fraude à lei ou, de forma mais geral, com violação das regras de boa fé e
em prejuízo de terceiros.
IV - Logo, interessará sempre visualizar na conduta do agente (sócio) uma combinação
de actos, ainda que formalmente lícitos, para atingir um fim ilegítimo, visível num
resultado danoso: o desfavorecimento dos interesses de autonomia e suficiência
económico-patrimonial da sociedade, que se actualiza no momento da insatisfação
dos direitos creditícios, resultado da delapidação do património social, em prejuízo de
outrem.
V - As acções de uma sociedade são legal e naturalmente transmissíveis. Quando os AA
negociaram com a Ré sabiam – ou deviam saber – que a sociedade permaneceria a
mesma, independentemente de quem fossem os titulares do seu capital e que em lado
nenhum se encontra proibida a venda da totalidade de acções de uma sociedade.
VI - Nada impunha às Partes que trespassassem o Hotel, antes poderia ser censurável
que os accionistas da Ré vendessem o (único?) activo da sociedade e ficassem com as
acções que não valiam nem o papel em que estavam impressas.
VII - Não tendo havido trespasse ou cessão do direito ao arrendamento - que se
manteve na esfera jurídica da sociedade - nada havia a notificar e não foram violadas
as obrigações impostas ao arrendatário pelas al. f) e g) do art. 1038.º do CC.

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Direito Comercial – práticas

É uma questão de abuso de direito

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Direito Comercial – práticas

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Direito Comercial – práticas

Transmite-se a propriedade da sociedade, contudo a sociedade mantém-se


inalterada, apenas a titularidade é transmitida
Limites à autonomia privada: fazer passar um trespasse por uma cessão de
quotas fazendo com que não seja necessário cumprir as regras do trespasse, por
exemplo, o direito de preferência do senhorio.

Trespasse vs cessão de quotas


Transferência da propriedade através da transmissão de quitas a titulo onerosa- a
titularidade da sociedade é que passa de uma sociedade para outra.
Este pode ser usado para controlado um norma imperativa- não é dado direito de
preferência ao senhorio no caso de trespasse de estabelecimento- com as quotas da
sociedade vão elas o próprio estabelecimento

25/10

Artigo 595º
O credor tem de consentir
Se nada se disser, o trespassário é obrigado nos mesmos termos que o trespassante-
obrigação é solidária (estão obrigados o novo e o antigo devedor).
Para as dividas não passarem para o novo trespassário, tal tem de ser estabelecido no
contrato de transmissão pelas partes.
Para as dividas passarem para o novo trespassário é necessário não só as partes o
estipularem mas também o consentimento do credor.

Resolução nº3
Denominação – entidades não comerciantes
Firmas – sociedades comerciantes

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Direito Comercial – práticas

A firma é o nome dado à sociedade comercial – o nome da sociedade é neste caso


Caravela Azul – a firma não tem de ser igual à denominação particular (restaurante
galeto pode ter uma firma de nome totalmente distinto.

Este nome é um logótipo 304-p-3


O estabelecimento pode ser transmitido sem a firma mas o contrário não é possível

É licita a sua transmissão autónoma desde que não induza em erro o consumidor final.
Há uma transmissão do nome para um sociedade que explora restaurantes- tal pode
causar gerar confusão ao consumidor final sendo por isso proibida a alienação do
nome

“- Transmissão

Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 31.º, a transmissão do


estabelecimento envolve o respectivo logótipo, que pode continuar tal como
está registado, salvo se o transmitente o reservar para outro estabelecimento,
presente ou futuro.- tal admite que o nome possa não passar com o trespasse do
estabelecimento.”

4) Há duas posições doutrinárias

Clientela real e potencial


Titulado por normas de produção

MC e CA:

Há autores que fundamentam o dever de não concorrência pelo gozo pacifico na coisa-
nada deve perturbar (879/b, 872)

Outros autores discordante dizendo que este dever de não concorrência não faz sentido
– deve existir um elemente escrito ou senão não existe
-176º CT
-Livre iniciativa económica (61º)

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CASO N.o 8
Daniel é proprietário de uma tabacaria na Avenida de Roma. Com já tem alguma idade
acordou com Estêvão que este passaria a explorar a tabacaria por sua conta pagando- -
lhe, em troca, 10% sobre o valor da facturação anual.
No mesmo momento constituiu um penhor sobre a tabacaria a favor do seu amigo
Francisco como garantia do mútuo destinado à realização de pequenas obras na fachada
da loja.
1 – Como qualifica o negócio jurídico celebrado entre Daniel e Estêvão?

a) Cessão temporária do estabelecimento comercial (negócio base é uma locação de


estabelecimento não é aplicada só por si devido ao problema da renda )

Este seria assim um contrato atipico

O estabelecimento pode ser objecto de transmissão definitiva ou temporária. Trata-se,


de resto, do ponto mais significativo do seu regime: a possibilidade da sua negociação
unitária, através de trespasse – se essa transmissão for definitiva – ou cessão de
exploração - se a cedência do estabelecimento for meramente temporária (artºs 1109º e
1112º, nº 1, a) do CC).
A locação de estabelecimento comercial é um negócio de transmissão a título
temporário e oneroso de um estabelecimento - ao contrário do trespasse, é um negócio
de transmissão do gozo, e não da propriedade do estabelecimento.
Ao passo que o trespasse implica uma transmissão do domínio do estabelecimento, a
locação envolve apenas a transmissão da fruição da sua exploração, ou seja,
diferentemente do trespassário, que é investido num direito real de propriedade sobre o
estabelecimento, o locatário é titular de um mero direito obrigacional de gozo, que lhe
permite explorar em seu nome e por sua conta o estabelecimento, permanecendo o
locador como proprietário – caso o seja - desse mesmo estabelecimento.
Do contrato de locação ou de cessão de estabelecimento emerge para o locatário este
fundamental direito: o de usar e fruir plenamente o estabelecimento locado, explorando-
o e fazendo seus os eventuais lucros resultantes dessa exploração. Mas dele emerge
também, para essa mesma parte, este fundamental dever: o de pagar, pontualmente, a
remuneração convencionada.

Esta transferência tem como objetivo o afastamento do regime do arrendamento.

Os 10% depende da faturação anual, a renda terá de ser um valor certo, logo não há
arrendamento 1038/a)

SECÇÃO III
OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO
SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
ARTIGO 1038.º
(ENUMERAÇÃO)

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SÃO OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO:


A) PAGAR A RENDA OU ALUGUER;

1109º CC aplica-se à locação a seção referida, pode configurar o negócio como quiser

Pode ser objeto de vários negócios jurídicos, ex usufruto, d de estabelecimento (se o


estabelecimento pode ser trespassado pode ser alvo de um penhor, pode ser dado como
garantia)
As partes podem pegar nos elementos de cada um dos regimes e adotar os que mais a
favorece

ARTIGO 1109.º
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO
1 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DO GOZO DE UM PRÉDIO OU DE PARTE
DELE, EM CONJUNTO COM A EXPLORAÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU
INDUSTRIAL NELE INSTALADO, REGE-SE PELAS REGRAS DA PRESENTE SUBSECÇÃO, COM
AS NECESSÁRIAS ADAPTAÇÕES - REGRAS DISPOSITIVAS- AS PARTES DEPOIS APLICAM OS
CONVÉNIOS QUE AS MAIS BENEFICIAR
2 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DE ESTABELECIMENTO INSTALADO EM
LOCAL ARRENDADO NÃO CARECE DE AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO, MAS DEVE SER-LHE
COMUNICADA NO PRAZO DE UM MÊS.

Arrendamento comercial e cessão da exploração (locação de estabelecimento)


- O estabelecimento comercial, como um bem mercantil, engloba o complexo de
bens e de direitos que o comerciante afecta à exploração da sua empresa, que tem
uma utilidade, uma funcionalidade e um valor próprios, distintos de cada um dos seus
componentes e que o direito trata unitariamente.

II - Configura um contrato de cessão de exploração de estabelecimento ou locação


de estabelecimento, o contrato pelo qual uma das partes cede à outra por
determinado prazo e mediante pagamento duma contrapartida mensal, o direito de
exploração de estabelecimento comercial da tabacaria.

III - A cessão de exploração pode recair sobre um estabelecimento de que nada


ainda existe, como sobre um estabelecimento incompleto, que não está concluído,
mas em via de formação bem como sobre um estabelecimento cuja exploração ainda
se não tenha iniciado ou esteja interrompida.

IV - Confrontando o arrendamento comercial e a cessão de exploração ou locação


de estabelecimento, constituem pontos de contacto e de comunhão a existência de
uma transferência com carácter oneroso e de feição temporária, mas ocorre uma
distinção essencial e definidora que se radica no seguinte facto: enquanto no
arrendamento comercial o locador transfere para o locatário o direito de gozo de um

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Direito Comercial – práticas

prédio, na locação de estabelecimento o detentor do estabelecimento transfere para o


cessionário o gozo e fruição de uma unidade comercial, com todas as marcas e feições
distintivas que acompanham esta figura de direito comercial.

V - Assim, haverá arrendamento comercial se o titular do local se limitar a pôr à


disposição do locatário o gozo e fruição da instalação, ou seja, uma configuração física
apta ao exercício da actividade mercantil visada; e já haverá cessão de exploração se o
prédio já se encontrar provido dos meios materiais indispensáveis à sua utilização
como empresa, designadamente móveis, máquinas, utensílios que tornem viável,
mediante a simples colocação de mercadoria, o arranque da exploração comercial mas
não será indispensável que o estabelecimento já antes estivesse em exploração

Que regime se aplica ao penhor da tabacaria?

- penhor como garantia

Garantias reais (incidem sobre uma determinada coisa) e garantias pessoais (bail

Hipoteca (bens registáveis antes da fase judicial) vs penhor (mesma coisa que a
penhora mas sem bens sujeitos a registo, necessita de entrega da coisa) vs penhora
(coisa registada, decretada por tribunal)

HIPOTECA

♦ A hipoteca é usada quando um imóvel (ou bem móvel, desde que sujeito a registo) é dado
como garantia de pagamento de uma dívida. Por exemplo, é uma solução tipicamente
associada ao crédito à habitação, em que a casa é hipotecada para servir como garantia de
pagamento.
♦ No caso do devedor não honrar o compromisso, ou seja, não pagar as prestações acordadas
com o banco, este pode ficar com casa e o devedor perde o bem definido como garantia.
♦ Quando a divida for paga na totalidade, a hipoteca é extinta.
Se o devedor não tiver um bem de valor suficiente para servir de garantia, pode hipotecar o
bem de uma terceira pessoa, desde que esta o autorize.
♦ Durante todo o período da hipoteca, o devedor é o proprietário da casa e não o banco, que
apenas tem a garantia.

PENHOR

♦ Podem empenhar-se bens móveis como garantia de um empréstimo. Os bens passam


temporariamente para a posse do credor até que a dívida esteja paga. Por exemplo, quando se
entregam joias em casas de penhora para se conseguir um empréstimo. Enquanto a loja não
recuperar todo o dinheiro emprestado, não devolve as joias e poderá mesmo ficar com elas em
definitivo se a dívida não for liquidada no prazo acordado.

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Direito Comercial – práticas

♦ O penhor de direitos também é possível. Pode ser usado, por exemplo, nos depósitos a prazo
ou em aplicação financeiras que sejam empenhadas como garantia de um empréstimo. Neste
caso, se o acordo de pagamento não for cumprido, o credor ganha o direito de usufruir da
aplicação financeira que servia de garantia.

PENHORA

♦ Penhora não é o mesmo que penhor, pelo que envolve bens penhorados e não empenhados.
♦ A penhora não constitui uma garantia e, nos casos em que uma divida não é paga, o credor,
através de um processo de execução intentado em tribunal, visa a apreensão judicial de
rendimentos/bens do devedor e/ou fiador.
♦ Em regra, os bens penhorados são vendidos e o dinheiro obtido com essa operação é
entregue ao credor, para reduzir a dívida ou até mesmo pagá-la na totalidade.

É possível o penhor?

Mc: O penhor de estabelecimento é permitido numa lógica de quem pode o mais pode
o menos (se o estabeleciemento pode ser traspassado pode ser onerado)- tem o dever
de manter o estabelecimento tal como está.

Basta de acordo com 398º que a entrega no penhor mercantil seja simbólica.

DD: o penhor é ou não admissível:

Depende do conceito que se tem do estabelecimento em si. Que bens é que são
empenhados dentro do próprio estabelecimento.

A maioria dos autores têm assumido ser possível a penhor da estabelecimento

CA: recorre ao 782º - regime da penhora

Decreto lei 288/96

O penhor pode ter um caracter mercantil tal como se encontra previsto no artigo 397º
e 398º do C.COM

DO PENHOR
ART.º 397.º REQUISITOS DA COMERCIALIDADE DO PENHOR
PARA QUE O PENHOR SEJA CONSIDERADO MERCANTIL É MISTER QUE A DÍVIDA QUE SE CAUCIONA
PROCEDA DE ACTO COMERCIAL.

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ART.º 398.º ENTREGA A TERCEIRO E ENTREGA SIMBÓLICA


PODE CONVENCIONAR-SE A ENTREGA DO PENHOR MERCANTIL A TERCEIRA PESSOA.
§ ÚNICO. A ENTREGA DO PENHOR MERCANTIL PODE SER SIMBÓLICA, A QUAL SE EFECTUARÁ:
1.º POR DECLARAÇÕES OU VERBAS NOS LIVROS DE QUAISQUER ESTAÇÕES PÚBLICAS ONDE SE ACHAREM
AS COUSAS EMPENHADAS;
2.º PELA TRADIÇÃO DA GUIA DE TRANSPORTE OU DO CONHECIMENTO DA CARGA DOS OBJECTOS
TRANSPORTADOS;
3.º PELO ENDOSSO DA CAUTELA DE PENHOR DOS GÉNEROS E MERCADORIAS DEPOSITADAS NOS
ARMAZÉNS GERAIS.

A PENHORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL É AQUELA QUE JÁ ESTÁ EM FASE DE EXECUÇÃO 782º CPC

ARTIGO 782.º - PENHORA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL

1 - A PENHORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL FAZ-SE POR AUTO, NO QUAL SE RELACIONAM OS


BENS QUE ESSENCIALMENTE O INTEGRAM, APLICANDO-SE AINDA O DISPOSTO PARA A PENHORA DE
CRÉDITOS, SE DO ESTABELECIMENTO FIZEREM PARTE BENS DESSA NATUREZA, INCLUINDO O DIREITO AO
ARRENDAMENTO.
2 - A PENHORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL NÃO OBSTA A QUE POSSA PROSSEGUIR O SEU
FUNCIONAMENTO NORMAL, SOB GESTÃO DO EXECUTADO, NOMEANDO O JUIZ, SEMPRE QUE
NECESSÁRIO, QUEM A FISCALIZE, APLICANDO-SE, COM AS NECESSÁRIAS ADAPTAÇÕES, OS PRECEITOS
REFERENTES AO DEPOSITÁRIO.
3 - QUANDO, PORÉM, O EXEQUENTE FUNDADAMENTE SE OPONHA A QUE O EXECUTADO PROSSIGA
NA GESTÃO DO ESTABELECIMENTO, CABE AO JUIZ DESIGNAR UM ADMINISTRADOR, COM PODERES PARA
PROCEDER À RESPETIVA GESTÃO ORDINÁRIA.
4 - SE ESTIVER PARALISADA OU DEVER SER SUSPENSA A ATIVIDADE DO ESTABELECIMENTO
PENHORADO, O JUIZ NOMEIA DEPOSITÁRIO PARA A MERA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS NELE
COMPREENDIDOS.
5 - A PENHORA DO DIREITO AO ESTABELECIMENTO COMERCIAL NÃO AFETA A PENHORA
ANTERIORMENTE REALIZADA SOBRE BENS QUE O INTEGREM, MAS IMPEDE A PENHORA POSTERIOR SOBRE
BENS NELE COMPREENDIDOS.
6 - SE ESTIVEREM COMPREENDIDOS NO ESTABELECIMENTO BENS OU DIREITOS CUJA ONERAÇÃO A
LEI SUJEITA A REGISTO, DEVE O EXEQUENTE PROMOVÊ-LO, NOS TERMOS GERAIS, QUANDO PRETENDA
IMPEDIR QUE SOBRE ELES POSSA RECAIR PENHORA ULTERIOR.

Sob pena de os argumentos não serem admitidos na doutrina, trata-se de uma


lacuna da lei que tende a ser admitido.

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Caso 9

Francisco arrendou uma loja sita na Rua do Alecrim por € 500,00. Fez obras e montou
uma pastelaria com todo o equipamento necessário, pronta a funcionar. Acordou de
seguida com Gustavo que este passaria a explorar a pastelaria e que, em troca, lhe
pagaria a quantia mensal de €3.500,00. Gustavo contratou trabalhadores,
fornecedores, etc. e dois meses depois iniciou a exploração do estabelecimento.
No dia da inauguração, o senhorio foi tomar café à nova pastelaria e deu-se conta que,
afinal, quem explorava a partelaria era Gustavo e não Francisco.
Dias depois, Gustavo recebeu uma carta com o seguinte teor: “Informa-se V.Exa. que o
presente subarrendamento não foi autorizado pelo senhorio e que, ainda que houvesse
sido, o valor da sublocação excede o disposto no art.1062.o do CC.”.
Quid Juris?

Relativamente ao negócio celebrado entre F e o senhorio: é um arrendamento para


fins não habitacionais (comercial) e não uma locação de estabelecimento. Haverá
arrendamento comercial se o titular do local se limitar a pôr à disposição do locatário o
gozo e fruição da instalação, ou seja, uma configuração física apta ao exercício da
atividade mercantil visada; e já haverá cessão de exploração se o prédio já se
encontrar provido dos meios materiais indispensáveis à sua utilização como empresa,
designadamente móveis, máquinas, utensílios que tornem viável, mediante a simples
colocação de mercadoria, o arranque da exploração comercial mas não será
indispensável que o estabelecimento já antes estivesse em exploração

ARTIGO 1022.º
(NOÇÃO)
LOCAÇÃO É O CONTRATO PELO QUAL UMA DAS PARTES SE OBRIGA A PROPORCIONAR À OUTRA O GOZO
TEMPORÁRIO DE UMA COISA, MEDIANTE RETRIBUIÇÃO.
ARTIGO 1023.º

(ARRENDAMENTO E ALUGUER)
A LOCAÇÃO DIZ-SE ARRENDAMENTO QUANDO VERSA SOBRE COISA IMÓVEL, ALUGUER QUANDO INCIDE
SOBRE COISA MÓVEL.

Neste caso, quando Francisco arrenda a loja, este tem de proceder a obras e “montar
a pastelaria” o que dá a entender que não existia há altura do arrendamento na loja
quaisquer traços definidores distintivos da atividade que ai viria a ser exercida,
nomeadamente, os atavios necessário à abertura de uma pastelaria.

Se os atavios que se encontravam no estabelecimento – balcão, prateleiras e


expositores vazios – não são específicos de um estabelecimento, isto é, se os

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Direito Comercial – práticas

utensílios deixados no locado não comportam o mínimo necessário para o exercício


da actividade comercial de pastelaria que ali se desenvolvia, não se pode qualificar o
negócio celebrado como de locação de estabelecimento ou cessão de
estabelecimento comercial, devendo ser qualificado como arrendamento para fins
não habitacionais.

Locação de estabelecimento

A locação de estabelecimento comercial é um negócio de transmissão a título


temporário e oneroso de um estabelecimento.

O estabelecimento comercial, como um bem mercantil, engloba o complexo de bens e


de direitos que o comerciante afecta à exploração da sua empresa, que tem uma
utilidade, uma funcionalidade e um valor próprios, distintos de cada um dos seus
componentes e que o direito trata unitariamente.

O estabelecimento comercial é um conjunto de coisas, corpóreas e incorpóreas,


devidamente organizado para a prática do comércio. O estabelecimento comercial
compreende, portanto, elementos da mais variada natureza que, em comum, têm
apenas o facto se encontrarem interligados para a prática do comércio.

No tocante ao activo o estabelecimento compreende coisas corpóreas e incorpóreas:


No que toca a coisas corpóreas ficam abarcados os direitos relativos, por exemplo, a
móveis – mercadorias, matéria primas, maquinaria, mobília, instrumentos de trabalho
– portanto, todas as coisas que, estando no comércio, sejam pelo comerciante afectas
a esse exercício. No tocante a coisas incorpóreas pode-se distinguir, por exemplo, o
direito ao uso exclusivo da insígnia, do nome do estabelecimento, das marcas,
patentes de invenção e os direitos a prestações provenientes de posições contratuais –
contratos de trabalho, contratos com fornecedores, contratos de distribuição, de
publicidade, de concessão comercial, de agência, de franquia e mesmo contratos
relativos a bens vitais (v.g. água, electricidade, gás, telefone) e, bem assim, os direitos
provenientes de licenças concedidas pela administração.

O estabelecimento pode ser objecto de transmissão definitiva ou temporária. Trata-se,


de resto, do ponto mais significativo do seu regime: a possibilidade da sua negociação
unitária, através de trespasse – se essa transmissão for definitiva – ou cessão de
exploração - se a cedência do estabelecimento for meramente temporária (artºs 1109º
e 1112º, nº 1, a) do CC).

Discutir se estamos ou não perante um estabelecimento comercial?

Como critério puramente orientador, pode dizer-se que para que haja estabelecimento
comercial ele deve ter um conteúdo mínimo necessário para que, em face do ramo de
actividade a que se destine, possa prosseguir esse escopo. Deverá, por isso, ter,
necessariamente, alguns elementos – bens materiais ou imateriais ou certas posições

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jurídicas – uma designação e um objectivo, que dêem corpo ao escopo fundamental de


qualquer estabelecimento: a realização de uma função produtiva, a que se pode
chamar de aviamento, o qual englobará, pela ordem natural das coisas, a clientela.

Configura um contrato de cessão de exploração de estabelecimento ou locação de


estabelecimento, o contrato pelo qual uma das partes cede à outra por determinado
prazo e mediante pagamento duma contrapartida mensal, neste caso o direito de
exploração de estabelecimento comercial de pastelaria, transferindo para esta última
o mobiliário e equipamento indispensáveis ao seu funcionamento, apesar de ainda não
ter havido aí clientela nem até então ter sido aí exercida qualquer actividade.

A cessão de exploração pode recair sobre um estabelecimento de que nada ainda


existe, como sobre um estabelecimento incompleto, que não está concluído, mas em
via de formação bem como sobre um estabelecimento cuja exploração ainda se não
tenha iniciado ou esteja interrompida. Ou seja, para haver cessão de exploração, não é
necessário que o estabelecimento comercial esteja a ser explorado, podendo tal
negócio ter lugar mesmo que a exploração não se tenha ainda iniciado ou esteja
interrompida.

Do contrato de locação ou de cessão de estabelecimento emerge para o locatário este


fundamental direito: o de usar e fruir plenamente o estabelecimento locado,
explorando-o e fazendo seus os eventuais lucros resultantes dessa exploração. Mas
dele emerge também, para essa mesma parte, este fundamental dever: o de pagar,
pontualmente, a remuneração convencionada.

A locação de estabelecimento encontra-se previsto no artigo 1109º do CC no qual se


estabelece não ser necessária a autorização do senhorio para a realização da mesma –
1109º CC/2

ARTIGO 1109.º
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO
1 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DO GOZO DE UM PRÉDIO OU DE PARTE DELE, EM
CONJUNTO COM A EXPLORAÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU INDUSTRIAL NELE
INSTALADO, REGE-SE PELAS REGRAS DA PRESENTE SUBSECÇÃO, COM AS NECESSÁRIAS ADAPTAÇÕES.
2 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DE ESTABELECIMENTO INSTALADO EM LOCAL
ARRENDADO NÃO CARECE DE AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO, MAS DEVE SER-LHE COMUNICADA NO PRAZO
DE UM MÊS

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SECÇÃO III
OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO
SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
ARTIGO 1038.º
(ENUMERAÇÃO)
SÃO OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO:
F) NÃO PROPORCIONAR A OUTREM O GOZO TOTAL OU PARCIAL DA COISA POR MEIO DE CESSÃO
ONEROSA OU GRATUITA DA SUA POSIÇÃO JURÍDICA, SUBLOCAÇÃO OU COMODATO, EXCEPTO SE A LEI O
PERMITIR OU O LOCADOR O AUTORIZAR;

G) COMUNICAR AO LOCADOR, DENTRO DE QUINZE DIAS, A CEDÊNCIA DO GOZO DA COISA POR ALGUM
DOS REFERIDOS TÍTULOS, QUANDO PERMITIDA OU AUTORIZADA;

ARTIGO 1060.º
(NOÇÃO)
A LOCAÇÃO DIZ-SE SUBCOLOCAÇÃO, QUANDO O LOCADOR A CELEBRA COM BASE NO DIREITO DE
LOCATÁRIO QUE LHE ADVÉM DE UM PRECEDENTE CONTRATO LOCATIVO.

ARTIGO 1061.º
(EFEITOS)
A SUBLOCAÇÃO SÓ PRODUZ EFEITOS EM RELAÇÃO AO LOCADOR OU A TERCEIROS A PARTIR DO SEU
RECONHECIMENTO PELO LOCADOR OU DA COMUNICAÇÃO A QUE SE REFERE A ALÍNEA G) DO ARTIGO
1038.º

ARTIGO 1062.º
(LIMITE DA RENDA OU ALUGUER)
O LOCATÁRIO NÃO PODE COBRAR DO SUBLOCATÁRIO RENDA OU ALUGUER SUPERIOR OU
PROPORCIONALMENTE SUPERIOR AO QUE É DEVIDO PELO CONTRATO DE LOCAÇÃO, AUMENTADO DE
VINTE POR CENTO, SALVO SE OUTRA COISA TIVER SIDO CONVENCIONADA COM O LOCADOR.

ARTIGO 1083.º
FUNDAMENTO DA RESOLUÇÃO
1 - QUALQUER DAS PARTES PODE RESOLVER O CONTRATO, NOS TERMOS GERAIS DE DIREITO, COM BASE
EM INCUMPRIMENTO PELA OUTRA PARTE.
2 - É FUNDAMENTO DE RESOLUÇÃO O INCUMPRIMENTO QUE, PELA SUA GRAVIDADE OU
CONSEQUÊNCIAS, TORNE INEXIGÍVEL À OUTRA PARTE A MANUTENÇÃO DO ARRENDAMENTO,
DESIGNADAMENTE QUANTO À RESOLUÇÃO PELO SENHORIO:
A) A VIOLAÇÃO DE REGRAS DE HIGIENE, DE SOSSEGO, DE BOA VIZINHANÇA OU DE NORMAS CONSTANTES
DO REGULAMENTO DO CONDOMÍNIO;
B) A UTILIZAÇÃO DO PRÉDIO CONTRÁRIA À LEI, AOS BONS COSTUMES OU À ORDEM PÚBLICA;
C) O USO DO PRÉDIO PARA FIM DIVERSO DAQUELE A QUE SE DESTINA, AINDA QUE A ALTERAÇÃO DO
USO NÃO IMPLIQUE MAIOR DESGASTE OU DESVALORIZAÇÃO PARA O PRÉDIO;

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D) O NÃO USO DO LOCADO POR MAIS DE UM ANO, SALVO NOS CASOS PREVISTOS NO N.º 2 DO ARTIGO
1072.º;
E) A CESSÃO, TOTAL OU PARCIAL, TEMPORÁRIA OU PERMANENTE E ONEROSA OU GRATUITA, DO GOZO
DO PRÉDIO, QUANDO ILÍCITA, INVÁLIDA OU INEFICAZ PERANTE O SENHORIO.
3 - É INEXIGÍVEL AO SENHORIO A MANUTENÇÃO DO ARRENDAMENTO EM CASO DE MORA IGUAL OU
SUPERIOR A TRÊS MESES NO PAGAMENTO DA RENDA, ENCARGOS OU DESPESAS QUE CORRAM POR
CONTA DO ARRENDATÁRIO OU DE OPOSIÇÃO POR ESTE À REALIZAÇÃO DE OBRA ORDENADA POR
AUTORIDADE PÚBLICA, SEM PREJUÍZO DO DISPOSTO NOS N.OS 3 A 5 DO ARTIGO SEGUINTE.
4 - É AINDA INEXIGÍVEL AO SENHORIO A MANUTENÇÃO DO ARRENDAMENTO NO CASO DE O
ARRENDATÁRIO SE CONSTITUIR EM MORA SUPERIOR A OITO DIAS, NO PAGAMENTO DA RENDA, POR
MAIS DE QUATRO VEZES, SEGUIDAS OU INTERPOLADAS, NUM PERÍODO DE 12 MESES, COM REFERÊNCIA
A CADA CONTRATO, NÃO SENDO APLICÁVEL O DISPOSTO NOS N.OS 3 E 4 DO ARTIGO SEGUINTE.
5 - É FUNDAMENTO DE RESOLUÇÃO PELO ARRENDATÁRIO, DESIGNADAMENTE, A NÃO REALIZAÇÃO PELO
SENHORIO DE OBRAS QUE A ESTE CAIBAM, QUANDO TAL OMISSÃO COMPROMETA A HABITABILIDADE DO
LOCADO E, EM GERAL, A APTIDÃO DESTE PARA O USO PREVISTO NO CONTRATO.

ARTIGO 798.º
(RESPONSABILIDADE DO DEVEDOR)
O DEVEDOR QUE FALTA CULPOSAMENTE AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO TORNA-SE RESPONSÁVEL
PELO PREJUÍZO QUE CAUSA AO CREDOR.

SUBARRENDAMENTO
ARTIGO 1088.º
AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO
1 - A AUTORIZAÇÃO PARA SUBARRENDAR O PRÉDIO DEVE SER DADA POR ESCRITO.
2 - O SUBARRENDAMENTO NÃO AUTORIZADO CONSIDERA-SE, TODAVIA, RATIFICADO PELO SENHORIO SE
ELE RECONHECER O SUBARRENDATÁRIO COMO TAL.

No caso observamos a cessão de exploração do estabelecimento a título oneroso,


mediante locação e correspondente pagamento de renda. O locatário mantém o seu
direito pessoal de gozo, embora faculte o gozo da coisa ao sublocatário, sem que, para
tal, haja qualquer cessão da posição contratual.

O regime da sublocação [art. 1060º] caracteriza-se por:


1) Dever de comunicação [art. 1038º g] e 1061º CC]
2) Violação do dever de comunicação constitui causa de resolução do contrato
e de indemnização por responsabilidade obrigacional [arts 1083º/e e 798º CC].

Quando a sublocação verse sobre imóveis, dispõe o regime do subarrendamento [art.


1088º CC]:
1) Necessidade de autorização do senhorio, por escrito [art. 1038º f] e 1088º CC].

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Quando o locatário não transmita a titularidade do direito pessoal de gozo sobre o


estabelecimento, mas tão-só faculte o seu gozo a um terceiro, deparamo-nos com a
denominada sublocação do estabelecimento, nos termos do art. 1060º CC + 1088º:

No nosso caso prático para além do subarrendamento não ter sido autorizado,
também, de acordo com o artigo 1062º referente à sublocação, a renda exigida pelo
locatário ao sublocador não pode ser superior ao cobrado pelo senhorio, logo
Francisco pagando ao senhorio a quantia de 500€ não poderia cobrar o valor de 3.500€
por esse mesmo espaço a G. Com base nestes dois motivos é admitida a resolução do
contrato nos termos do 1083º/e.

Estabelecimento comercial

Caso 1

CASO N.o 1
Magda e Manuela desenvolvem há vário tempo uma loja de vestuário típico
português na zona do Chiado, em Lisboa o qual arrendaram a Frederico.
Como o negócio lhes corre de feição e considerando o boom do turismo em Lisboa,
pretendem tomar de arrendamento a loja contígua (que se dedica à venda de
salgados e doces regionais) por forma a aumentarem a capacidade de oferta do
vestuário que vendem.
Considerando que o fundo de maneio que têm poderá ser insuficiente para o
desenvolvimento da sua atividade, resolvem pedir ao Banco ABC um empréstimo no
valor de EUR 500.000,00. Magda que detesta assumir responsabilidades pessoais
sugere a Manuela que se dê em garantia a loja que já exploram e que, assim, tudo
fica mais fácil.
Manuela que é muito metódica, entende que tal não faz sentido nenhum, porque a
(i) loja é arrendada (1112º do CC), (ii) tinham de fazer um extenso inventário de tudo
para entregar ao banco – não é necessária- apenas é essencial o aviamento- (vá-se lá
saber a quem é que a informação vai parar...), e (iii) que a garantia sobre a loja
impede que elas continuem a atividade porque os bens da loja ficam indisponíveis.
Enquanto a questão do empréstimo não se resolvia, Magda e Manuela decidiram ir
avançando e “compraram a loja do lado”. De imediato venderam tudo o lá estava e
começaram a vender nessa loja o vestiário típico do Minho que foi um sucesso.
Quem não ficou agradado foi o senhorio dessa loja, Marco que fica arrasado ao saber
que já não pode comprar as famosas chamuças de alheira que ali se vendiam,
exigindo que Magda e Manuela retirem de imediato tudo o que têm na loja,
alegando que não “lhe tinham dado cavaco” da transmissão.
Quid iuris?

M e M exploram um estabelecimento comercial, nomeadamente uma loja de roupa na


zona do Chiado.

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O estabelecimento comercial, como um bem mercantil, engloba o complexo de bens e


de direitos que o comerciante afecta à exploração da sua empresa, que tem uma
utilidade, uma funcionalidade e um valor próprios, distintos de cada um dos seus
componentes e que o direito trata unitariamente.

O estabelecimento comercial é um conjunto de coisas, corpóreas e incorpóreas,


devidamente organizado para a prática do comércio. O estabelecimento comercial
compreende, portanto, elementos da mais variada natureza que, em comum, têm
apenas o facto se encontrarem interligados para a prática do comércio.

No tocante ao activo o estabelecimento compreende coisas corpóreas e incorpóreas:


No que toca a coisas corpóreas ficam abarcados os direitos relativos, por exemplo, a
móveis – mercadorias, matéria primas, maquinaria, mobília, instrumentos de trabalho
– portanto, todas as coisas que, estando no comércio, sejam pelo comerciante afectas
a esse exercício. No tocante a coisas incorpóreas pode-se distinguir, por exemplo, o
direito ao uso exclusivo da insígnia, do nome do estabelecimento, das marcas,
patentes de invenção e os direitos a prestações provenientes de posições contratuais –
contratos de trabalho, contratos com fornecedores, contratos de distribuição, de
publicidade, de concessão comercial, de agência, de franquia e mesmo contratos
relativos a bens vitais (v.g. água, electricidade, gás, telefone) e, bem assim, os direitos
provenientes de licenças concedidas pela administração.

O professor MC inclui ainda nos elementos do estabelecimento a clientela e o


aviamento (mais valia que o estabelecimento representa em relação à soma dos
elementos que o componham e o conjunto, real ou potencial, de pessoas dispostas a
contratar com o estabelecimento.

Entre F (proprietário da loja) e MM foi celebrado uma locação de estabelecimento cujo


o regime se encontra previsto no artigo 1109º- A locação de estabelecimento
comercial é um negócio de transmissão a título temporário e oneroso de um
estabelecimento.

Do contrato de locação ou de cessão de estabelecimento emerge para o locatário este


fundamental direito: o de usar e fruir plenamente o estabelecimento locado,
explorando-o e fazendo seus os eventuais lucros resultantes dessa exploração. Mas
dele emerge também, para essa mesma parte, este fundamental dever: o de pagar,
pontualmente, a remuneração convencionada.

A locação de estabelecimento encontra-se previsto no artigo 1109º do CC no qual se


estabelece não ser necessária a autorização do senhorio para a realização da mesma –
1109º CC/2

Relativamente ao empréstimo que M e M tencionam pedir ao banco no valor de 50


000€- o artigo 394º C.Com estabelece que para que um contrato de empréstimo seja
havido como comercial é necessário que a coisa cedida (o montante) esteja destinado
a qualquer ato comercial.

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Relativamente aos argumentos apresentados por Man contra se dar como garantia a
loja, nomeadamente:
a necessidade de fazer um extenso inventário de tudo para entregar ao banco
a garantia sobre a loja impedir que elas continuem a atividade porque os bens da loja
ficam indisponíveis.
De acordo com o Prof MC, o estabelecimento comercial pode operar como garantia.
Pode ser dado em penhor pelo seu titular (sendo um misto entre penhor de coisas e
penhor de direitos). De acordo com o 398º C.Com é suficiente a entrega simbólica
quando se trate de um penhor mercantil.

Relativamente à discussão doutrinária relativa à admissibilidade do penhor comercial


estamos perante uma lacuna da lei.

A posição adotada e a argumentação variam de autor para autor e dependem


sobretudo do conceito que se tem do estabelecimento em si e dos bens que são
empenhados dentro do próprio estabelecimento.
A maioria dos autores têm assumido ser possível a penhor da estabelecimento.

Seguindo a posição do professor Mc: O penhor de estabelecimento será permitido


numa lógica de quem pode o mais pode o menos (se o estabelecimento pode ser
traspassado (o trespasse requer maior liberdade que a oneração) logo, através da
integração da lacuna, conclui-se que o estabelecimento, também poderá ser onerado).
Face ao segundo argumento apresentado por Man , este também deverá ser
desconsiderado tendo em conta a posição do professor MC: o facto de se dar o
estabelecimento como garantia não impede que este possa continuar afuncionar
normalmente numa situação fundamental para o bom decurso da operação.
Tendo em conta que este contrato de empréstimo não chegou a ser celebrado, esta
temática não será desenvolvida neste caso com mais detalhe.

Relativamente à compra da loja por M e M: não há um verdadeiro trespasse (perda do


aviamento- a pastelaria é transformada numa loja de roupa -1112º- dispensa o
consentimento do senhorio é necessário a comunicação ao senhorio- alteração do
negócio- fundamentaria a resolução (1112º + 1083ºf).

7/11

CASO N.o 2
Manuel Rocha explora, desde há vários anos, um café na zona do Saldanha, em
Lisboa, chamado “Manuel Rocha dos Cachorros”. O negócio que, no início, apenas
dava para “sobreviver” tornou-se pujante quando passou a incluir no seu menu, o
famoso cachorro quente “kamikaze” com uma receita única e original que atraia
gente de todo o país e também do estrangeiro, após uma reportagem publicada no
The New York Times.

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Manuel Rocha que começava a achar-se velho e cansado para o negócio, decide
vendê-lo a Maria Botelho. Para o efeito, as partes limitaram-se a assinar um contrato
no qual se estabelecia o seguinte:
Manuel da Rocha vende a Maria Botelho o café sito na Praça Duque de Saldanha
pelo valor de EUR 1.500.000,00.
O contrato foi celebrado no dia 10 de outubro de 2017. No dia 11 de outubro, já com
a chave do café, Maria Botelho repara que, durante a noite, Manuel Rocha tinha
retirado do café metade das cadeiras (deixando as mesas) e tinha levado consigo a
receita do cachorro “kamikaze”.
Além deste espanto, Maria Botelho, que, entretanto, tinha contratado uma equipa
de profissionais de restauração, fica estarrecida quando encontra os trabalhadores
que tinham sido contratos anteriormente por Manuel Rocha à porta do café e
prontos para trabalhar, pois considera que, uma vez vendido o café, os trabalhadores
“vão à sua vida”.
No dia 12 de outubro, Manuel Rocha entrega a Maria Botelho uma carta onde refere
que esta deverá deixar de utilizar o nome “Manuel Rocha dos Cachorros” e dar outro
nome ao café.
Na sexta-feira 13 de outubro, Sebastião proprietário do imóvel onde se localizava o
café, fica estarrecido com a carta que recebeu de Manuel Rocha a desejar “boa
sorte” com a nova proprietária do café. Espantado, Sebastião dirige-se a Maria
Botelho dizendo que quer que o imóvel de volta até ao final do mês e “já agora” as
dez rendas que Manuel Rocha lhe ficou a dever.
Como se a desgraça já não fosse suficiente, Rui Vieira aparece a cobrar a dívida de
fornecimento de salsichas, presuntos e enchidos, referindo que Manuel Rocha lhe
disse que após a venda do café, ele não tinha mais nada a pagar e que deveria pedir
o pagamento dos fornecimentos a Maria Botelho, dando-lhe desde já nota de que
não tenciona voltar a fornecer qualquer produto àquele café, declarando extinto o
contrato de fornecimento que duraria até 2019. Maria Botelho fica preocupada
porque Rui Vieira é o único fornecedor daqueles exclusivos produtos.
Quid iuris?

Caso nº2

Relativamente ao negócio celebrado entre MR e MB: é necessário determinar se o


negócio celebrado é ou não um trespasse.

O trespasse consiste na transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento


comercial, no seu todo, sem perda de aptidão funcional [do aviamento].

O estabelecimento comercial é, para MENEZES CORDEIRO, o conjunto de coisas


corpóreas e incorpóreas devidamente organizadas para a prática de comércio. Nestes
termos, corresponde à unidade funcional cujo objectivo é a obtenção de lucro através
da conquista de clientela
Elementos activos:

Coisas corpóreas:

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 Bens materiais relativos a imóveis e móveis


 Direitos reais e pessoais de gozo relativos a imóveis

Coisas incorpóreas:
 Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]

Posições contratuais
 Clientela: conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a contratar com o
estabelecimento.

 Aviamento: A mais valia que resulta da aptidão funcional do estabelecimento. A


unificação de todos os elementos. Para COUTINHO DE ABREU trata-se de um “bem
jurídico novo”. Critério decisivo para aferir a existência de um estabelecimento. Há
estabelecimento, na medida em que há aviamento.

Elementos passivos:
 Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante

1112º/3 observou a forma escrita- necessária para a celebração do negócio

Na altura em que foi celebrado o contrato, estamos perante um verdadeiro trespasse,


consequentemente e perante o silencio das partes, em principio, é transmitido todos os
elementos o que fazem parte estabelecimento.

De acordo com o professor Coutinho de Abreu e MC não pode ser feito uma
interpretação à letra do nº2 do artigo 1112º Cc. na medida em que tal interpretação
levaria à conclusão que o trespasse exige a transferência de todos os seus elementos,
sendo que bastaria assim a falta de um deles para que não se pudesse falar de
trespasse;

Sendo que, à luz do principio da autonomia, tal não faz sentido: considera-se assim que
há trespasse mesmo que as partes afastem um dos elementos enunciados – para tal
apenas é necessário que se mantenha o aviamento, ou seja, é necessária a manutenção
de elementos que sejam efetivamente relevantes e essenciais ao estabelecimento e sem
os quais há uma perda da aptidão funcional do espaço.

Concluimos assim que embora o elemento corpóreo em causa “as cadeiras” seja um
elemento que, de acordo com a conceção do professor MC e do professor CA, faz parte
dos elementos ativos do estabelecimento comercial é questionável, que se possa
concluir que a falta destes faça com que o negócio deixe de ser considerado um
trespasse.

Contudo, já se pode questionar, se a exclusão da receita, não resultará na perda da


aptidão funcional do negócio na medida em que esta era um elemento essencial se não
mesmo o mais importante para que houvesse uma verdadeira transmissão do
estabelecimento e preservação do respetivo aviamento.

Considera-se assim que embora estivéssemos inicialmente perante um trespasse a falta


da receita, descaracterizou o negócio celebrado. Poderia assim invocar
responsabilidade contratual pedindo a anulação do contrato e a restituição do valor.

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ARTIGO 1083.º
FUNDAMENTO DA RESOLUÇÃO
1 - QUALQUER DAS PARTES PODE RESOLVER O CONTRATO, NOS TERMOS GERAIS DE DIREITO, COM BASE
EM INCUMPRIMENTO PELA OUTRA PARTE
RESOLUÇÃO PELO SENHORIO:
E) A CESSÃO, TOTAL OU PARCIAL, TEMPORÁRIA OU PERMANENTE E ONEROSA OU GRATUITA, DO GOZO
DO PRÉDIO, QUANDO ILÍCITA, INVÁLIDA OU INEFICAZ PERANTE O SENHORIO.

Relativamente aos trabalhadores: o contrato de trabalho é um dos componentes que


integra os elementos incorpóreos do estabelecimento comercial – 285º nº1 CT

o Consequentemente, e tendo em conta que o trespasse coenvolve por norma a


transmissão da propriedade de todos os elementos que a esse titulo pertencem ao
trespassante, contudo é importante porém ressalvar nalguns casos alguns
elementos poderão não se transmitir, ou seja nos casos em que a exclusão resulta
de uma disposição legal ou é consequência mediata de uma cláusula negocial ou
ainda se tal corresponder à vontade real e concordante das partes.

O único requisito para que haja a transmissão e respetiva manutenção do contrato de


trabalho, é o consentimento dos trabalhadores desta cessão de posição contratual- ou
seja, estes têm de aceitar que o seu empregador passe a ser outro (neste caso que MB
passe a ser a sua entidade patronal).

O trabalhadores que aceitaram a transmissão deverão ser indemnizados, se houver a


rescisão posterior do contrato pela entidade empregadora – os contratos de trabalho,
no silêncio das partes, são transmitidos com o trespasse.
O trespasse é uma situação jurídica unitária.
Nota: Dependendo do papel que desempenhavam e da sua essencialidade para
identidade do estabelecimento estes trabalhadores podem ou não ser considerados
elementos indispensáveis para a existência de um trespasse (para tal é necessário
determinar o papel destes trabalhadores no estabelecimento e se o atendimento e
qualidade de serviços de mesa que prestavam eram essenciais à aptidão essencial do
espaço). Se considerar-mos os trabalhadores parte essencial então sua exclusão faria
com o espaço perdesse parte da sua identidade e respetivo aviamento- não existindo
consequentemente um verdadeiro trespasse.

A firma distingue-se enquanto nome da empresa- é o nome que uma entidade detém-
meio de identificação de uma certa entidade.
A firma e o nome, embora não seja obrigatório, podem coincidir. Uma vez transmitido
o estabelecimento a firma vai com ele.
Relativamente à exclusão do nome: A firma é o nome dado à sociedade comercial. O
nome caindo no âmbito do logótipo previsto no art 304-p-3 é igualmente um elemento
ativo (neste caso incorpóreo) do estabelecimento.

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O estabelecimento pode ser transmitido sem a firma mas o contrário não é possível-
podemos assim concluir que a não transmissão do nome não retira o aviamento ao
trespasse, sendo licita a transmissão autónoma do nome desde que tal não induza em
erro o consumidor final.
Esta possibilidade encontra-se prevista no artigo 304.º-P/3:
- Transmissão
Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 31.º, a transmissão do estabelecimento
envolve o respectivo logótipo, que pode continuar tal como está registado, salvo se o
transmitente o reservar para outro estabelecimento, presente ou futuro.- tal admite que
o nome possa não passar com o trespasse do estabelecimento.

Relativamente ao Senhorio:
Apesar de haver uma descaracterização do negócio, é efetivamente celebrada na data
de 10 de outubro um trespasse. Aplicando-se o regime deste contrato apenas seria
necessário comunicar no prazo de 15 dias, a celebração deste negócio ao senhorio. O
senhorio não deverá em principio assim poder resolver o contrato com base na não
notificação, até terem passado o prazo estabelecido na lei.

• Neste âmbito é importante diferenciar dispensa de consentimento de ausência


de notificação do trespasse 1112º/3 e 4 - 1083º/1 e) para poder exercer o seu direito de
preferência– suscitam-se neste caso as seguintes questões
1) pode justificar a quebra da confiança por não ter havido comunicação ao senhorio
ou que esta tenha sido tardia – a quebra de confiança é fundada?
2) A falta de comunicação é suscetível de fomentar a resolução?

Não parece que vá fundamentar a resolução, mas depende da importância que se dê


- A comunicação foi feita por escrito embora de forma tardia
- A comunicação tem de ser anterior? Tem de se ter em atenção a possibilidade de o
senhorio querer exercer o seu direito de preferência (tem de continuar o negócio
exatamente como ele estava) - nada no enunciado indica que o senhorio o pretendia
fazer.
É fundamento da quebra da confiança? Depende dos argumentos das partes e temos de
saber o senhorio tinha ou não condições e vontade de continuar o negócio

Sem autorização não À transmissão da divida- na falta de autorização esta torna-se


solidária
Relativamente às rendas em atraso –tendo em conta que houve um trespasse- é
necessário diferenciar relações internas de relações externas – nas relações externas, e
no caso de haver silêncio das partes, aplica-se o regime da solidariedade das
obrigações comerciais, sendo que tanto MB como MR ficam vinculados solidariamente
a pagar as rendas em atraso, sendo que o pagamento por parte de MB das rendas
exonera MR dá divida com o senhorio. Contudo relativamente à relação interna MB
MB (trespassário) ganha, nesse caso, direito de regresso sobre o MR (trespassante).

Fornecedor:

No trespasse prevê a aplicação do 424º e ss – é necessária a aceitação do


contraente fornecedor (MC)

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Se o fornecedor achar que não lhe são dadas garantias essencial para a
manutenção do contrato de fornecimento pode rescindir o contrato. Se a parte
não aceita continuar a fornecer de acordo com o 424º não terá de o fazer.
Podemos questionar se o facto de este ser o único a fornecer aquele produto no
mercado gera problemas no âmbito da concorrÊncia
 as dividas vencidas – 424 -595º/2 – o trespasse implica a transmissão unitária
do estabelecimento – 1112º + lei do contrato de seguro (95º/5 a transferência
do estabelecimento pressupõe a transmissão de tudo) + código de contrato de
autor(?) Engracia Antunes – à uma lacuna da lei – preenche a lacuna
recorrendo a vários regime- s a transmissão da empresa tem de haver uma
tutela do próprio empresa, enquanto valor próprio criado no mercado) é
necessário a autorização do credor. MC – com o trespasse transmitem-se
todos os contratos

Reter: 1º momento trespasse


2º momento- descaracterização do trespasse
O negócio foi valorizada graças à entrevista do NY times sobre o cachorro Kamikaze

CASO N.o 3
Rosa há vários anos explora uma loja de telemóveis e outros equipamentos
informáticos na zona da Praça de Espanha. Cansada de tanta inovação tecnológica,
decide vender a sua loja a Henrique que, concluído o curso de Direito, considera que
o melhor é desenvolver a área tecnológica à boleia das start-ups.
Com o encaixe da venda da loja, Rosa que, entretanto, tinha casado com um técnico
de reparação de telemóveis e tablets decide abrir uma loja de venda de capas e
acessórios e de reparação de telemóveis e tablets perto de Chelas.
Henrique, que tinha um apreço especial por Direito Comercial, fica agastado com a
situação e resolve intentar uma providência cautelar para, de imediato, encerrar a
exploração da loja aberta por Rosa e o marido.
Quid iuris?

Neste caso, estamos perante um estabelecimento comercial- uma loja de telemóveis,


e de outros equipamentos informáticos, que é vendida por R a H . Neste sentido,
parece que estamos perante um fenómeno de trespasse, o qual se encontra referido e
regido no artigo 1112º do Código Civil. Assim o é por diversas razões:
 Em primeiro lugar, podemos concluir estamos perante estabelecimento comercial que
é transferido no seu todo: a loja estava a funcionar, e parecem estar reunidos os
elementos que perfazem um estabelecimento, incluindo o aviamento.
o O estabelecimento comercial é, para MENEZES CORDEIRO, o conjunto de
coisas corpóreas e incorpóreas devidamente organizadas para a prática de
comércio. Nestes termos, corresponde à unidade funcional (aviamento),cujo
objetivo é a obtenção de lucro através da conquista de clientela
 Em segundo lugar, o trespasse consiste na transmissão definitiva da titularidade do
estabelecimento comercial no seu todo, sem perda de aptidão funcional.

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o Há ainda que referir que pode ser celebrado mediante qualquer contrato com
eficácia translativa da titularidade do direito, como por exemplo, a compra e
venda, que é o que acontece, efetivamente, neste caso.

Trespasse (elementos que o compõem) – obrigação de não concorrência:

Sobre a vinculação ou não do trespassante, por efeito do próprio trespasse, ao não


exercício de concorrência – no caso em que os contratantes nada estipularam, como é
o caso, as opiniões dividem-se.
Entendendo que os trespassantes ficam vinculados, temos a posição do Prof.
Nogueira Serens (vide CJSTJ, IX, 2, 6 e o Ac. do TRC de 21/01/97 – CJ 1997, I, pag. 27).
O Prof. Orlando de Carvalho refere ser efeito essencial da CV a entrega da coisa + artº
762/2 CC (boa fé) + 371 a) CPI (Código da Propriedade Industrial).
Sufragando a posição de não vinculação, temos o Ac. do TRP de 14/03/96 in CJ,
1996, II, 200 e um estudo do Dr. Nuno Aureliano sobre a matéria (Estudos em
homenagem ao Prof. Galvão Teles, IV, 717 e ss, socorrendo-se analogicamente do nº 1
do artº 9º do DL nº 178/86 de 03/07 (respeitante ao contrato de agência) e do artº 36º
nºs 1 e 2 da LCT e o Prof. PPV, sufragando a mesma posição, acrescenta o artº 47 da
CRP (Liberdade de escolha de profissão).
Existe ainda uma posição intermédia defendida não só pelo Prof. O. Ascensão (in
Concorrência Desleal, pag. 597 e ss) segundo a qual se entende que “no valor do
estabelecimento se entra em conta com o valor da clientela, havendo, assim, uma
obrigação implícita de não concorrência, pois o trespassante não pode depois
beneficiar daquele elemento de que já foi remunerado pelo trespasse celebrado”,
como pelo Prof. Menezes Cordeiro (Estudos em homenagem ao Prof. Dr. Galvão Teles,
III, 419), entendendo este último que o dever de não concorrência poderá ser uma
exigência da boa fé.

Neste caso é necessário ponderar a boa fé, a livre iniciativa económica e a não
limitação da concorrência, sendo discutível a existência de uma efetiva violação ao
dever da concorrência discutido na doutrina.
Adotando a posição do professor MC, o dever de não concorrência preconiza a
observância de limites:
- Materiais [actividade semelhante]: é aberta uma loja que tem âmbito material
diferente da loja anterior.

- O preenchimento do critério espacial (circunscrição geográfica próxima) já é por sua


vez discutível: embora ambas as lojas tenham sido abertas na mesma cidade (Lisboa),
tendo em conta a distância entre os dois locais, e a inexistência de uma promoção,
junto dos antigos clientes, da abertura de uma nova loja pelo antigo dono da loja de
telemóveis pode-se questionar se a abertura deste novo estabelecimento provoou
efetivamente o desvio da clientela (conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a
contratar com o estabelecimento).
o A clientela real ou potencial valoriza o espaço e considera-se integrada na
potencialidade que irá tornar o preço mais elevado. Isto é uma posição ativa

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Direito Comercial – práticas

do estabelecimento. Na transmissão pode gerar-se, com eficácia pos


contratual, um dever de não concorrência que irá desviar a clientela.

Relativamente ao critério temporal [prazo de consolidação do estabelecimento]: de


acordo com o professor MC não pode haver restrições ad eternum – normalmente o
limite é de 2 anos. Porém no caso, embora não nos sejam fornecidos dados temporais
é presumível, pela forma em que o caso se encontra redigido que, este prazo não foi
respeitado por R.

Neste âmbito, podemos ainda indagar se este segundo negócio, foi aberto em
conjunto com o marido. Se sim e tendo em conta a dimensão pessoal da obrigação,
esta não existe perante o marido, mas apenas perante a mulher.
Assim sendo será questionável se neste caso, há manutenção da obrigação da não
concorrência, na medida, em que, relativamente ao marido, enquanto mero socio não
se fomenta uma obrigação de não concorrência.

O marido de acordo com o professor CA teria também sujeita a esta obrigação de não
concorrência porém tal é muito duvidável- é necessário ter em consideração o
envolvimento do marido no negócio anterior – ver se ele tinha beneficiado ou lucrado
com o estabelecimento antigo ou com a sua respetiva venda- caso não se verifique
este envolvimento esta obrigação não podia ser extendida.

Por fim, no que diz respeito à instauração de uma providencia cautelar contra Rosa,
esta consiste num processo judicial, com carácter de urgência, que corre
paralelamente e por apresso a uma ação judicial, destinado à obtenção de uma
decisão provisória que acautele um determinado direito, de modo que a demora
normal do processo principal não o torne inútil
Constituem pressupostos legais do decretamento da providência cautelar
comum não especificada a probabilidade séria da existência do direito de que se ocupa
a ação, proposta ou a propor, que tenha por fundamento o direito tutelado, o justo e
fundado receio de que outrem cause lesão grave e de difícil reparação a esse direito, a
não existência de providência específica para acautelar o mesmo direito e que o
prejuízo resultante da providência não exceda o valor do dano que com ela se
pretende evitar, nos termos das disposições conjugadas dos artigos 381º e 387º, do
CPC.
No caso específico da providência cautelar comum, deve existir um justificado e
fundado receio de que outrem cause lesão grave e de difícil reparação ao direito
invocado, um indispensável juízo de certeza, sendo certo que este receio há-de ser de
tal ordem que fundamente a providência requerida, o que só acontece, quando as
circunstâncias se apresentem de modo a convencer que está iminente a lesão do
direito.
É que o receio só pode ser qualificado como justificativo da providência
requerida quando as circunstâncias se apresentam de modo a convencer que se
encontra iminente a lesão do direito.

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Direito Comercial – práticas

A providencia cautelar não se justifica, porque não é plausível, neste ramo de negócio
a clientela da Praça de Espanha, se deslocasse para a outra zona da cidade que é
Chelas.

A providencia cautelar visa conseguir o exercício mais célere do direito- visa acautelar
do direito.
Dois requisitos:
- o direito tem de existir
- tem de demonstrar que em tempo útil isso teria efeitos prejudiciais para quem
intrepós a providência
Contratos de organização e instituição

8/11

CASO PRÁTICO N.O 10


A PRAIA E CAMPO, S.A. (PCSA) ANDA PELAS RUAS DA AMARGURA. DURANTE O PASSADO INVERNO,
TENDO EM CONTA A SUA ATIVIDADE SAZONAL, DECIDIU INVESTIR OS PROVEITOS OBTIDOS NO VERAO ̃
̧ Ẽ S DO BANCO POSSIV́ EL E PROVAVELMENTE NACIONALIZADO (BPPN). ESTAS ACO
EM ACO ̧ Ẽ S DO
BPPN, PRATICAMENTE O UN ́ ICO ACTIVO DA PCSA, DESVALORIZARAM FORTEMENTE NOS UĹ TIMOS
MESES, E A PROBABILIDADE DE UMA RECUPERACA ̧ O
̃ ESTÁ COMPLETAMENTE AFASTADA.

AS DÍVIDAS, ESSAS SIM, ACUMULAM-SE: A VÁRIOS FORNECEDORES, A INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO E AO


ESTADO. ESTES CREDORES COMEÇAM A PERDER A PACIÊNCIA E EQUACIONAM REQUERER A
DECLARACA ̧ O
̃ DE INSOLVEN ̂ CIA DA PCSA. CASO DECIDAM AVANCA̧ R, EM 2016, (I) UM DOS SOĆ IOS
DA PCSA INVOCARIA UM CRED ́ ITO POR SUPRIMENTOS EFECTUADOS, (II) O BANCO MENOS INVOCARIA
UM CRED ́ ITO HIPOTECAŔ IO, (III) UM FORNECEDOR DE TENDAS DE CAMPISMO INVOCARIA UM CRED ́ ITO
RELATIVO AO PRECO ̧ DE BENS ALIENADOS E (IV) A ADMINISTRACA̧ O
̃ TRIBUTAŔ IA INVOCARIA UM
́ ITO RELATIVO AO IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE AS TRANSMISSOẼ S ONEROSAS DE IMOV́ EIS
CRED
DEVIDO PELA AQUISICA ̧ O
̃ DA SEDE DA EMPRESA, EM 2012. (V) E O ADMINISTRADOR DA
INSOLVEN ̂ CIA, A NOMEAR PELO TRIBUNAL, TAMBEM ́ QUERERÁ COBRAR OS RESPECTIVOS
HONORAR ́ IOS...

Suprimento – contrato de mútuo ou empréstimo, por conta dos suprimentos, o sócio


não pode requerer insolvência – forma de financiamento do sócio à sociedade (forma
alternativo de financiamento à sociedade- não pode requerer a insolvência mas pode
ver o ser créditos
Os credores teriam de inferir se a firma se encontrava em situação de
insolvência - art.º 3º/1

Tem legitimidade para requerer a declaração de insolvência – 20º/1


1º - incumprimento generalizado de situações, subsidiariamente o critério do ativo e
do passivo, contudo pode haver projetos para consolidar a sua atividade ou que será
pago ao longo dos anos que importa, tal critério

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Créditos sobre a insolvência


Art. 18º - dever de apresentação de insolvência, o nº3 diz que presume-se oDividas da massa insolvente
2º créditos privilegiados
conhecimento da situação de insolvência pelo devedor titular de uma empresa,
3º créditos comuns – pagas em primeiro lugar
4º créditos subordinados
decorridos 3 meses do incumprimento de algum dos tipos do 20º/1 g)
97º - o credito tributário prevalece sempre, mantendo a sua primordialidade (art.º
30º/3 lei geral tributária), não há extinção do crédito
Nos termos do 3º/1 e considerado insolvente o devedor incapaz de cumprir as
obrigação (só contam as vencidas, as por vencer não contam), não é questão de
impossibilidade, mas uma constatação de que não tem meios para cumprir as
obrigações vencidas.
Art.º 3/2 e 3 no inicio da atividade, o passivo pode ser superior ao ativo e não estar
insolvente.
20º factos ou indícios que constituem situações de insolvência, exemplifica os factos
ou exemplos padrões (pela jurisprudência assim identificado)
20º/1 é para todos os interessados, qualquer um legitimado a pedir a insolvência
20º/1 g) cumprimento generalizado nos últimos 6 meses – o facto de não pagar um
imposto não é um incumprimento generalizado das obrigações, deve haver um
incumprimento generalizado, aka, mais que uma. Não de imposto que se liquida e se
paga ao mesmo tempo (momento da escritura)
Como se declara insolvente – sentença declarada no sítios, papel do gestor de
insolvência, designado por tribunal
Graduação dos creditos sobre a massa e a própria insolvência, 47º - todos os créditos
são considerados credores sobre a insolvência, apos a declaração são as dividas sobre
a massa de insolvência – 174ºss
(i) Credito subordinado – 177º+ 48º/g) + 243ºss CSC, são os créditos
enfraquecidos que nem sequer confere direito de voto em assembleia
de credores
(ii) Credito garantido – 174º/1 + 47º/4 al. a) – 686º CC (regime geral da
hipoteca)
(iii) Credito comum (só contam como juros comuns, os juros até à
declaração de insolvência, posteriormente serão subordinados) – 47º/4
C) + 176º
(iv) Credito garantido – privilegio mobiliário especial – 39º Codigo do IMT +
742º/2 CC
(v) Divida da massa insolvente, art.º 60º, dívidas pagas em primeiro lugar –
51º/1 al. b)
Dividas da massa insolvente- divida do processo (custas do processo da insolvência 51º
+ 46º + 172º) + 51 al e) ou f)

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Declaração de insolvência 97º - os previlgios creditórios gerais que forem acessórios


de créditos sobre a insolvência mais de 12 meses extinguem-se os privilégios
creditórios e garantias reais- faz com o crédito
Norma da lei geral tributária (30º/3): o estado tem de ser sempre 1º a ser pago) –
sobrepõem-se ao CIRE

20ºg) haveria indicio de acordo- não é incumprimento generalizado

Resolução

Está ou não em insolvência

Critério cash flow


Critério do balanço – solução subsidiária (passivo vs ativo pode levantar certas
duvidas)

Visa:1º pagamento ainda que parcial das dividas dos credores- tem de ser impossível
pagar as obrigações vencidas

Artigo 20º (índice factos de situações de insolvências)

Crédito privilegiado- privilégio cai de acordo com o artigo 97º- passa a ser um crédito
comum mas não se extingue o crédito

Em caso de procedência do processo de insolvência


Graduar o pagamento de créditos
Subordinados são os últimos a cumprir
- artigo 47º/1

1. 47º - 261- 51º - custos do processo: o processo têm de se custar a si próprio – dividas
da massa
2. crédito garantido – 696º - 194º: crédito hipotecário
3. crédito previligiado – passa a crédito comum
4. fornecimento de tendas- comum (176º)
5. suprimento (177º + 243º do CSC)

15/1
Insolvência

A insolvência traduz a situação em que está impossibilitado de cumprir as suas


obrigações, normalmente por ausência da necessária liquidez em momento

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determinada ou em certos casos porque o total das suas responsabilidades excede os


bens de que pode dispor para as satisfazer.

A partir da publicidade da sentença:


- 30 dias para que os credores reclamem os seus créditos
- reclamado ao gestor de insolvência
- este é nomeado nessa mesma sentença por norma pelo juiz

Ser insolvente significa ser incapaz de cumprir as suas obrigações, mas essa
incapacidade tem que ser verificada em determinado momento através de
declaração de insolvência.

Esta verificação da incapacidade de cumprimento pressupõe a avaliação de dois


critérios:
a. O critério do fluxo da caixa (cash flow)
b. O critério do balanço ativo patrimonial (balance sheet ou asset)

De acordo com o 1º critério: o devedor é insolvente logo que se torne incapaz, por
ausência de liquidez suficiente, de pagar as suas dividas no momento em que estas
se vencem: o facto de o seu ativo ser superior ao passivo é irrelevante na medida em
que a insolvência ocorre logo que se verifica a impossibilidade de pagar as dividas que
surgem regularmente na sua atividade: O facto de não as pagar no momento do
vencimento dessas obrigações indicia claramente a insolvência.

De acordo com o 2º critério: a insolvência resulta de o facto de os bens do devedor


serem insuficientes para cumprimento integral das suas obrigações.
Este critério pressupõe uma apreciação jurisdicional mais complexa (os bens do
devedor nem sempre são de avaliação fácil) podendo variar o seu preço em função de
múltiplas circunstâncias, designadamente se a venda é realizada judicialmente ou
extrajudicialmente, ou se o estabelecimento do devedor é alienado como um todo
ou são os seus bens vendidos separadamente.

Massa insolvente – 45º CIRE:

CAPÍTULO I 
Massa insolvente e classificações dos créditos
  Artigo 46.º
Conceito de massa insolvente
1 - A massa insolvente destina-se à satisfação dos credores da insolvência, depois de pagas as suas próprias dívidas,
e, salvo disposição em contrário, abrange todo o património do devedor à data da declaração de insolvência, bem
como os bens e direitos que ele adquira na pendência do processo. 
2 - Os bens isentos de penhora só são integrados na massa insolvente se o devedor voluntariamente os apresentar e a
impenhorabilidade não for absoluta.

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A partir do momento da publicidade – distingue-se a massa insolvente dos créditos


sobre a insolvência (venceram-se em momento anterior à declaração da insolvência) .

Satisfação das dividias da massa insolvente são satisfeitas em primeir lugar- só depois
satisfazem os créditos sobre a insolvência

601º CC- totalidade do património do devedor à data da declaração de insolvência –


ativo da massa solvente .

A massa solvente no caso de comunhão de bens adquiridos, tmbém vai incluir a sua
meação dos bens comuns.

Bens reintegrados na massa insolvente, ou bens herdados, são integrados como se


encontrassem presentes na massa desde inicio- estes valores passam a ser geridos
pelo administrador da insolvência.

Se um certo ato frustrar o património daquela massa insolvente este pode ser
resolvido

120º CIRE
Resolução em benefício da massa insolvente
  Artigo 120.º
Princípios gerais
1 - Podem ser resolvidos em benefício da massa insolvente os atos prejudiciais à massa praticados dentro dos dois
anos anteriores à data do início do processo de insolvência. 
2 - Consideram-se prejudiciais à massa os actos que diminuam, frustrem, dificultem, ponham em perigo ou retardem
a satisfação dos credores da insolvência. 
3 - Presumem-se prejudiciais à massa, sem admissão de prova em contrário, os actos de qualquer dos tipos referidos
no artigo seguinte, ainda que praticados ou omitidos fora dos prazos aí contemplados. 
4 - Salvo nos casos a que respeita o artigo seguinte, a resolução pressupõe a má fé do terceiro, a qual se presume
quanto a actos cuja prática ou omissão tenha ocorrido dentro dos dois anos anteriores ao início do processo de
insolvência e em que tenha participado ou de que tenha aproveitado pessoa especialmente relacionada com o
insolvente, ainda que a relação especial não existisse a essa data. 
5 - Entende-se por má fé o conhecimento, à data do acto, de qualquer das seguintes circunstâncias: 
a) De que o devedor se encontrava em situação de insolvência; 
b) Do carácter prejudicial do acto e de que o devedor se encontrava à data em situação de insolvência iminente; 
c) Do início do processo de insolvência. 
6 - São insuscetíveis de resolução por aplicação das regras previstas no presente capítulo os negócios jurídicos
celebrados no âmbito de processo especial de revitalização ou de processo especial para acordo de pagamento
regulados no presente diploma, de providência de recuperação ou saneamento, ou de adoção de medidas de
resolução previstas no título VIII do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, bem como os realizados no âmbito do Regime Extrajudicial de
Recuperação de Empresas ou de outro procedimento equivalente previsto em legislação especial, cuja finalidade
seja prover o devedor com meios de financiamento suficientes para viabilizar a sua recuperação.

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Administrador de insolvência (52º e ss do Cire; 22/2013)

Artigo 52.º
Nomeação pelo juiz e estatuto
1 - A nomeação do administrador da insolvência é da competência do juiz. 
2 - Aplica-se à nomeação do administrador da insolvência o disposto no n.º 1 do artigo 32.º, podendo o juiz ter em
conta as indicações que sejam feitas pelo próprio devedor ou pela comissão de credores, se existir, ou pelos
credores, também no caso de a massa insolvente compreender uma empresa com estabelecimento ou
estabelecimentos em atividade ou quando o processo de insolvência assuma grande complexidade, cabendo a
preferência, na primeira designação, ao administrador judicial provisório em exercício de funções à data da
declaração de insolvência. 
3 - O processo de recrutamento para as listas oficiais, bem como o estatuto do administrador da insolvência,
constam de diploma legal próprio, sem prejuízo do disposto neste Código. 
4 - Caso o processo de insolvência assuma grande complexidade, ou sendo exigíveis especiais conhecimentos ao
administrador da insolvência, o juiz pode, oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado, nomear mais
do que um administrador da insolvência, cabendo, em caso de requerimento, ao requerente a responsabilidade de
propor, fundamentadamente, o administrador da insolvência a nomear, bem como remunerar o administrador da
insolvência que haja proposto, caso o mesmo seja nomeado e a massa insolvente não seja suficiente para prover à
sua remuneração. 
5 - Existindo divergência entre o administrador da insolvência nomeado pelo juiz ao abrigo do n.º 1 e os
administradores de insolvência nomeados a requerimento de qualquer interessado, prevalece, em caso de empate, a
vontade daquele. 
6 - Sendo o devedor uma sociedade comercial que, nos termos do Código das Sociedades Comerciais se encontre em
situação de relação de domínio ou de grupo com outras sociedades relativamente às quais tenha sido proposto
processo de insolvência, o juiz, oficiosamente ou mediante indicação efetuada pelo devedor ou pelos credores, pode
proceder à nomeação de um mesmo administrador da insolvência para todas as sociedades, devendo, nesse caso,
proceder, à nomeação, nos termos gerais, de outro administrador da insolvência com funções restritas à apreciação
de créditos reclamados entre devedores do mesmo grupo, logo que verifique a existência destes, nomeadamente
mediante indicação do primitivo administrador.

- é uma figura central no processo de insolvência


- 81º Cire:
Artigo 81.º
Transferência dos poderes de administração e disposição
1 - Sem prejuízo do disposto no título X, a declaração de insolvência priva imediatamente o insolvente, por si ou
pelos seus administradores, dos poderes de administração e de disposição dos bens integrantes da massa insolvente,
os quais passam a competir ao administrador da insolvência. 
-administrador insolvente assume os poderes dos ex- administradores e gestores da
empresa
- nomeado pelo juiz, no meio da lista de administradores (52º)
- o juiz pode a todo o tempo destituir o juiz de insolvência, caso haja justa causa

- é necessário fiscalizar o administrador de insolvência

Funções

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- assumir o controlo da massa insolvente proceder à sua administração, liquidação e


repartir pelos credores o respetivo produto final. Para esse efeito a lei atribui
especificamente ao administrador da insolvência. (55º)

- elabora um inventário dos bens que fazemparte da massa insolvente (149º e ss do


CIRE).

Poder de recusar (102º e ss) : o administrador da insolvência tem ainda poder


relativamente ao destino dos negócio jurídicos celebrados pelo insolente, que ainda
não estejam integralmente executados aquando d adeclaração de insolvência podendo
optar pela execução ou pela recusa da insolvência

120º
123º- recebe reclamação de créditos que são dirigidas ao administrador de insolvência
( e não ao juiz) e elaborar a lista de crédito e reconhecer ou não esses créditos – os
créditos não reconhecidos podem ser impugnados (128º 129º/130º/131º a)

Separação e restituição dos bens que não devem fazer parte da massa insolvente
(141º/3)- pode existir a apreensão de bens que não fazem parte insolvente

158/1º- proceder à venda de bens escolhendo a modalidade de venda mais


conveniente (164º
158º/2 + 162º- pode ainda proceder à venda antecipada dos bens suscetíveis de
perecimento devendo realizar imediatamente as diligências para a alienação da
empresa ou estabelecimento integrados na massa insolvente
172ª+ 173º - pode proceder ao pagamento das dividas da mass e dos créditos sobre a
insolvência

Competências relativamente à exoneração do passivo restante


235º+ 236º 4

____________________________________,,__________________________________

Apontamentos de aula Joana

A insolvência
Quando é que uma entidade se pode encontrar insolvente? Quando uma entidade
não consegue pagar as suas dívidas aos fornecedores – art.º 3º SIRE – critério do cash
flow – figura principal – administrador da insolvência.
Este momento antes há ainda uma entidade saudável que vai criando dividas
1º momento – declaração de insolvência em tribunal – no CITOS, quando
alguém é declarado insolvente por sentença, esta é fixada no CITUS. Desde ai, há 30
dias para os credores reclamarem os seus créditos
2º momento – já está insolvente, administrada pelo administrador de insolvência
e as dividas que esta venha a criar são chamadas dividas da massa insolvente (os
administradores são afastados) – 46º + 51º SIRE: a massa insolvente (património do

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devedor) destina-se a pagar as dividas da massa insolvente devem ser pagas em


primeiro lugar, só posteriormente as dividas da insolvência. Todo o património do
insolvente é penhorado, constituindo o ativo insolvente. A massa insolvente abrange
todo o património do devedor.
Quando se é insolvente, deixa-se de se ser capaz de reclamar a herança, cabe ao
administrador insolvente, se este aceitar, a herança passa a fazer parte da massa
insolvente- O administrador de insolvência não pode pretender representar o insolvente
em relação a atos que embora com incidência patrimonial, têm natureza pessoal, como o
casamento, o divórcio ou o testamento (2182º CC) contudo na opinião do professor ML
essa represesentaçaõ já deve abranger o ato de partilha em caso de divórcio (contra
Maria Rosa Tching) ou a aceitação e repúdio de herança.
Exoneração do passivo restante – não houve insolvência culposa, pode ser
concedida a exoneração do passivo restante, ao fim de 5 anos, não têm de pagar a dívida
aos credores.
Lei 23/96, de 26 de julho, art.º 1º + 10º – a dívida prescreve ao fim de 6 meses
após a prestação de serviços, não é judicialmente exigível – pode pagar por ser uma
obrigação natural, contudo não é exigível em tribunal
http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1436&tabela=leis
Aula extra – quarta, dia 15 de novembro, das 18h/19h
13.11.2017

Art.º 52ss CIRE L 22/2013, 16 de fevereiro – estatuto do administrador de


insolvência
Art.º 81º CIRE – a declaração da insolvência prima principalmente o insolvente,
sem prejuízo do art.º 10º
Art.º 51º CIRE – nomeação do administrador, contudo os credores podem
escolher outro administrador (53º)
56º - destituição
O gestor controla a massa insolvente, administra de modo a que dê algum lucro,
para depois liquidar o ativo de modo a cobrir as dívidas do insolvente
149º-155º - como age o administrador
O administrador tem competência na direção dos negócios do insolvente ainda
em curso, podendo dizer se determinado é cumprido ou não (no caso de não estar
integralmente cumprido. O cumprimento ficará suspenso até o administrador se
pronunciar, podendo a outra parte interpelar o administrador para que seja estipulado
um prazo razoável – art.º 102º
Art.º 111º - relativamente a contratos de prestação duradoura
Resolução em beneficio da massa – art.º 120º
Há que elaborar uma lista de créditos que reconhece e os que não reconhece,
após serem reclamados os créditos por todos os credores
Art.º 60º CIRE + 22º ss L 22/13 – remuneração do administrador
O juiz pode pedir esclarecimentos ou relatórios sobre a massa – 58º - mas o
administrador tem o dever de prestar informações 55º 65º
Responsabilidade fiscal – as obrigações são da responsabilidade do
administrador da insolvência 65º/4
65º/4
Responsabilidade – 59º enquadra-se na responsabilidade aquiliana (ML não
concorda, devendo ser enquadrada nos termos da obrigacional), contudo é o que está na
lei.
233º/1 b) – 66º/3 – forma de cessar o processo

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Direito Comercial – práticas

Há que verificar o desequilíbrio entre o ativo e o passivo, há que determinar o


que está enquadrado em cada um
As dividas da massa são pagas em primeiro lugar 51º, os créditos sobre a
insolvência são pagos posteriormente 46ºss
51º - dividas da massa insolvente, créditos constituídos até ao momento da
declaração de insolvência, 47º
47º/4:
- Créditos garantidos – beneficiam de uma garantia real 174º
- Créditos privilegiados – não têm garantia real, mas constam no código civil
(737º CC), 175º
- Créditos comuns – maior parte 176º
- Créditos subordinados – 48º, últimos a serem pagos, os credores não integram
a comissão de credores 177º
O pagamento é feito após transito em julgado 173º

Caso nº11

CASO PRÁTICO N.o 11


Há mais de seis meses que Telma e Luísa, gerentes da Rainha dos Frangos, Lda. (RF)
não promovem o pagamento de salários aos trabalhadores da empresa. Sempre que
estes se queixam, as duas amigas respondem que o Estado está bem pior, uma vez que
não entregam o Imposto sobre o Valor Acrescentado que têm liquidado há mais de um
ano. A situação financeira, de facto, não é famosa. Como acto desesperado, as duas
gerentes negociaram em nome da RF um contrato de abertura de crédito com o Banco
Crédulo Português (BCP), para a compra de frangos e venda dos mesmos, assados, a €
1/kg, no afamado restaurante.

a) A calma com que Telma e Luísa estão a lidar com a situação financeira da RF será
passível de censura, caso esta última venha a ser declarada insolvente?

b) Caso a RF venha ser declarada insolvente em Janeiro de 2016, será que a sociedade
Frango Gorducho, S.A. (FG) pode compensar um crédito sobre a RF de que é titular,
emergente do fornecimento de frangos durante o primeiro semestre de 2015, com
uma dívida decorrente do fornecimento de almoços pela RF aos trabalhadores da FG,
durante Setembro e Outubro de 2014? Ambos os créditos deveriam ser pagos nos 30
dias seguintes ao fim do prazo do correspondente fornecimento.

c) Em caso de insolvência, o que sucede ao contrato de compra e venda celebrado entre


a RF (vendedora) e a Frango Imperial, S.A. (FI) relativo a uma carrinha de distribuição?
O contrato foi celebrado com reserva de propriedade, mas a carrinha ainda não tinha
sido entregue à FI, que, no entanto, já pagara metade das prestações.

d) E o que sucede ao contrato de arrendamento, celebrado entre a RF e a Fábrica de


Miúdos e Miudezas, S.A. (FMM) por 10 anos, relativo a um armazém de que é

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Direito Comercial – práticas

proprietária a RF, do qual consta uma cláusula resolutiva, em caso de insolvência de


uma das partes?

e) Por último, pronuncie-se sobre o seguinte acordo, celebrado entre a RF e a Piripiri,


Lda. (PP), em outubro de 2015: perante uma dívida de € 20.000, decorrente do
fornecimento de condimentos pela PP à RF, vencida em agosto do mesmo ano, esta
última comprometeu-se a pagar a quantia em apreço em 20 prestações mensais, a
partir de novembro de 2015, acrescida de uns simpáticos juros; para garantir o
cumprimento, foi constituída hipoteca sobre a sede da RF.

Sociedade anónima – administradores


Sociedade por quotas – gerentes
a) Definição de insolvência
Critério para a definição de uma situação de insolvência
Sujeitos passivos da declaração – 2º CIRE
18º - legitimidade para requerer a insolvência – dever de apresentação de insolvência
 nº3º : presunção inilidível de conhecimento
 o que é a insolvência
 efeitos da preterição desse dever

O administrador deve requerer a insolvência nos termos do 18º/3, num prazo de 3


meses

46º+51

Insolvência culposa 186º + 189º/2 a

Procedimento de insolvência, um dos objetivos é o pagamento dos créditos dos


devedores e a recuperação da própria empresa. O processo tem sempre em vista a
execução total ou genérica do património do devedor, tem como finalidade a
liquidação do património do insolvente para pagamento das dividas.
p. do tratamento igualitário – todos os credores têm de ser tratados da mesma
forma
temos um dever de apresentação à insolvência por parte do devedor, 18º/1, ou
à data que devesse conhece-la. Há uma presunção inilidível que não admite prova em
contrário do conhecimento da situação de insolvência – 18º/3.
As consequências da preterição seria a qualificação da insolvência como
culposa – 186º/1 +2 al c) +3 al a)
Temos a inibição da administração de bens para terceiros
Inibição para o exercício do comércio 189º/2 al. a) c)
Perda de créditos sobre a massa de insolvente 189º d)
228º crime de insolvência negligente código penal
Efeitos:

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Direito Comercial – práticas

Transferência dos poderes de gerência para o administrador de


insolvência – 81º/1, ressalvas 223ºss
 Os atos que o próprio insolvente pratique, após a declaração de
insolvência, são ineficazes 81º/6-
 A apreensão dos documentos e da contabilidade do insolvente
149º+36º/g)
 141º/1 e) CSC – 234º CIRE
 O vencimento imediato das dividas com a declaração da insolvência
(não subordinadas a uma condição suspensiva) 91º/1
O que sucederia contra a entidade insolvente

b) Compensação de créditos

Apos a declaração a compensação 847ºCC na medida em que os créditos sobre a


insolvência possam ser satisfeitos. Os requisitos da compensação têm de se verificar:
99º créditos – bastaria a verificação de um dos requisitos para que o credor requeresse
a compensação, havendo uma declaração receptício, sendo necessário que seja
conhecida pela contra parte
À cautela: a compensação deve ser feita na mesma
É um credito comum sobre a insolvencia

C) 102º- ponto de partida


O 104º/1- não se aplica – não há necessidade de aplicar o
O direito de opção está previsto no 102º
 Recusava o cumprimento do contrato – não tinha direito a recuperar o que já
prestou (102º/2+102º/3ºb)
o 102º/4+ 51º (AI)pode ser responsabilizado em caso de inuficiência da
massa insolvente em caso de insuficiência da massa
 cumpre o contrato

D)119º/2 CIRE – nula


Até ao termo do período contratual – continua a se recolher as rendas
50º

108º - 60 dias (subhipotese)

f) 121º/1 c; nº4 e nº5 ; 121º


seria

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conceito de má fé
instituto da insolvência culposa (13º)
185º
186º - insolvência culposa
nº3

Contratos comerciais

o de distribuição
o agência
o franquia
o comissão
o
o organização
o consórcio
o Associação em participação

CASO PRÁTICO N.o 13

João Baralhado (JB) é um famoso investidor da Banca Portuguesa e fundador de uma


instituição muito especial sem fins lucrativos, designada Fundação “Moi-même”
(FMM).
Em Janeiro, a FMM decidiu construir um magnífico pavilhão de exposição de arte
bizantina para dar a conhecer a colecção pessoal do seu fundador tendo vindo a
adjudicar a obra a “CCC – Consórcio Constroi e Cai”.

O CCC é composto pelas sociedades Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A., Edifica,
S.A. e pelo próprio JB.

No contrato de consórcio, entre outros aspectos, vinha estipulado o seguinte:


«1 –As partes procederão, em comum, à construção do pavilhão, ficando cada uma
delas responsável pelas seguintes tarefas:
a) à Cimentos Forte, Lda., caberá a construção de toda a estrutura do edifício,
orçamentada em € 1.500.000,00;
b) à Pedra e Cal, S.A. caberá a realização de todos os trabalhos de alvenaria,
orcamentados em € 1.000.000,00;
c) a Edifica, S.A. procederá à cobertura do telhado, à montagem de equipamentos, e à
finalização da obra, trabalhos orcamentados em € 500.000,00;
d) ao consorciado JB caberá contribuir com dinheiro equivalente a 10% do valor total da
empreitada que constituirá um fundo de maneio próprio do consórcio.
2 – Fica designado o consorciado JB como “Chefe do Consórcio”.
3 – As partes conferem os necesários poderes ao Chefe do Consórcio para em seu nome
e representação realizar todos os actos materiais e jurídicos necessários ou convenientes

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ao desenvolvimento do Projecto, incluindo a negociação do contrato de empreitada, a


sua celebração e eventual modificação.
4 – O preço da empreitada, no valor global de € 3.000.000,00, será dividido do seguinte
modo: 75% para as sociedades construtores, na proporção da sua participação no
empreendimento; 25% para o JB. Os custo serão suportados na mesma proporção. »

O contrato de empreitada foi outorgado em 25 de Janeiro de 2009 pela Fundação e pelo


JB, tendo sido estipulado um prazo de 6 meses para a conclusão da obra. Em caso de
atraso, ficou estipulada uma cláusula penal equivalente a € 2.500,00/dia.

Para a construção da estrutura do edifício, a Cimentos Forte, Lda. subcontratou a


Moreira e Carvalho, Lda.. O preço do contrato de subempreitada nunca foi pago.
Durante a obra, morreu um trabalhador da Pedra e Cal, S.A. num acidente de trabalho
grave, cuja causa parece estar associada à violação de normas básicas de segurança.

1 – Como qualifica o contrato celebrado entre Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A.,
Edifica, S.A. e JB? Quais as partes do contrato de empreitada celebrado entre a FMM e
o CCC?

O direito português, através do Decreto- Lei nº 231/81, de 28 de Julho, define o


consórcio como: “o contrato pelo qual duas ou mais pessoas singulares ou colectivas
que exerçam uma actividade económica se obriguem entre si a, de forma concertada,
realizar certa actividade ou efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir qualquer
dos objectos referidos no art. seguinte.”

O consórcio é um instrumento jurídico utilizado em Portugal, de forma frequente, na


atividade de construção civil e obras públicas, está previsto no Decreto-Lei 231/81 de
28 de julho, e define as grandes linhas orientadoras para a celebração de contratos de
consórcio

Trata-se de um tipo de contratualização bastante flexível, que diverge acentuadamente


das sociedades, e que requer uma organicidade própria e a conceção de cláusulas
contratuais – jurídicas e organizacionais – singulares, de forma a acautelar o risco
oportunístico de todos os agentes envolvido

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Por seu turno, o art. seguinte em causa – 2º dispõe: “ O consórcio terá um dos seguintes
objectos:
a) realização de actos materiais ou jurídicos, preparatórios quer de um determinado
empreendimento, quer de uma actividade contínua;
b) execução de determinado empreendimento;
c) fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares entre si, produzidos por
cada um dos membros do consórcio
d) pesquisa ou exploração de recursos naturais; e) produção de bens que possam ser
repartidos, em espécie, entre os membros do consórcio.

Os atos preparatórios da alínea a) são pela sua natureza concretos e finitos, e podem ser
considerados e enquadrados na alí- nea b) como execução de um determinado
empreendimento. Esta alínea tem como desiderato a realização, como objeto do
consórcio, de um empreendimento ocasional ou momentâneo, mas concreto e
determinado. A duração do contrato de consórcio, de uma maneira geral, não é fixada
em função do tempo, mas sim da realização do objeto, acarretando, por si, uma
transcorrência de tempo mais ou menos longa.

A definição legal requer, em primeiro lugar, duas ou mais pessoas singulares ou


colectivas- A pluralidade de sujeitos liga-se à natureza contratual da figura.

Este ponto embora simples, tem relevância por permitir concluir que o consórcio
desaparece, quando se perca tal pluralidade, desde que, nos termos gerais, possa operar
a confusão – artigo 868.º do Código Civil português – e sem prejuízo de terceiros –
artigo 871.º/1, do mesmo diploma.

As pessoas em causa deverão exercer uma atividade económica.

Desta feita, a lei visou acentuar a natureza basicamente lucrativa e, daí, comercial, da
figura. Parece, contudo que não se colocam dúvidas no tocante à possibilidade de,
através da autonomia privada, se poder utilizar o consórcio num sentido puramente
civil: mas ele terá sempre um teor oneroso, por oposição a gratuito. As pessoas
interessadas no contrato vão obrigar-se, pelo consórcio, a agir de forma concertada. A
concertação referida reporta-se ao desenvolvimento de certa actividade ou à efectivação
de certa contribuição.

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Deve ainda frisar-se que o contrato visa um dos objectivos do artigo 2.º do Decreto-Lei
nº 231/81, de 28 de Julho. Por determinação legal, os contratos de consórcio devem
ser celebrados por escrito, requerendo-se a escritura quando estejam envolvidos
imóveis – artigo 3.º. As partes têm larga liberdade de estipulação – artigo 4.º.

As alterações ao contrato, a adoptar pela forma utilizada para sua celebração inicial,
devem ser aprovadas por todos os contraentes, salvo quando o próprio contrato preveja
outra fórmula.

A duração do contrato de consórcio, de uma maneira geral, não é fixada em função do


tempo, mas sim da realização do objeto, acarretando, por si, uma transcorrência de
tempo mais ou menos longa.

Numa contraposição mais ou menos valorizada na doutrina estrangeira, a lei portuguesa


distingue, com clareza, o consórcio interno do externo – artigo 5.º do Decreto-Lei n.º
231/81:
- no consórcio interno as actividades ou os bens são fornecidos a um dos membros do
consórcio e só este estabelece relações com terceiros ou, então, tais actividades ou bens
são fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do consórcio, sem
expressa invocação dessa qualidade;

- no consórcio externo, as actividades ou os bens são fornecidos a terceiros por


cada um dos consorciados com invocação expressa dessa qualidade. Contra o que
poderia resultar duma leitura mais apressada dos textos legais, o consórcio externo não
se distingue do interno por, ao contrário deste, produzir efeitos perante terceiros. A
fronteira reside no facto de, no consórcio externo, se assistir a um reforço do elemento
organizativo. A lei portuguesa, dado o peso da organização no domínio do consórcio,
regulou longamente essa matéria: art. 7º ( Conselho de orientação e fiscalização); art.
12º (Chefe do consórcio), art. 13º ( Funções internas do chefe do consórcio), art. 14º
(Funções internas do chefe do consórcio) e art. 20º ( Proibição de fundos comuns). 53
Os deveres dos consorciados, nas dimensões da proibição da concorrência e da
prestação de informações, são explicitados – art. 8º - surgindo ainda regras no tocante à
repartição dos valores recebidos pela actividade nos consórcios internos e à participação
em lucros e perdas – art. 18º. A denominação vem predisposta no art. 15º e as relações

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com terceiros no art. 19º.Todos estes preceitos têm em comum o serem supletivos,
numa ocorrência que deverá ser confirmada caso a caso, perante a própria lei e em face
dos princípios gerais. A denominação do consórcio externo tem regras. Segundo o art.
15º/1 do Decreto-Lei nº 231/81, os seus membros podem juntar os seus nomes, firmas
ou denominações sociais, com o aditamento “Consórcio de…”ou “…em consórcio, sem
prejuízo de apenas ser responsável perante terceiros quem assine os contratos. Deve
ficar bem claro que, quanto às posições dos contraentes, toda esta regulamentação é
apenas um modelo que a lei põe à disposição das partes. Estas, nos termos do art. 405º
do Código Civil, dispõem de plena liberdade contratual: podem, designadamente,
celebrar consórcios “atípicos

Resposta:

Estamos perante um contrato de consórcio- O contrato de consórcio regulado no DL n.º


231/81 de 28-07 – é aquele pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou colectivas,
que exercem uma atividade económica se obrigam entre si, de forma concertada, a
realizar:
(i) certa atividade ou efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir s realização
de atos, materiais ou jurídicos, preparatórios quer de um determinado
empreendimento quer de uma atividade contínua;
(ii) a execução de determinado empreendimento;
(iii) o fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares entre si, produzidos
por cada um dos membros do consórcio;
(iv) pesquisa ou exploração de recursos naturais;
(v) produção de bens que possam ser repartidos em espécie

Art 2º alínea d

Foi reduzido a escrito

Denominação comum

12º - 14º

Estamos 3 pessoas coletivas que exercem a sua atividade económica na área da


construção civil e uma pessoa singular que exerce a sua atividade económica na área
financeira.

Clausula tem-se por não escrita - d) ao consorciado JB caberá contribuir com dinheiro
equivalente a 10% do valor total da empreitada que constituirá um fundo de maneio
próprio do consórcio.- é feita uma redução do negócio – JB poderia fazer parte do

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consórcio mas não podia ser só em dinheiro- tal apenas seria possível se todos apenas
utilizassem contrinuições em dinheiro

Estamos neste caso perante um consórcio externo e consorcio vertical

“2 – Fica designado o consorciado JB como “Chefe do Consórcio”.


3 – As partes conferem os necessários poderes ao Chefe do Consórcio para em seu
nome e representação realizar todos os atos materiais e jurídicos necessários ou
convenientes ao desenvolvimento do Projeto, incluindo a negociação do contrato de
empreitada, a sua celebração e eventual modificação”

No consórcio interno as actividades ou os bens são fornecidos a um dos membros do


consórcio e só este estabelece relações com terceiros ou, então, tais actividades ou bens
são fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do consórcio, sem
expressa invocação dessa qualidade;

As funções de chefe do consórcio são genericamente reconhecidas e recomendadas,


tanto nos consórcios internos (artigo 5.º, n.º 1 b)) como nos consórcios externos.

O artigo 7.º prevê a existência de um conselho de orientação e fiscalização. Por sua vez,
o artigo 12.º menciona expressamente a existência de um chefe do consórcio. Os artigos
13.º e 14.º preconizam, respetivamente, as funções internas e externas do chefe do
consórcio, e o artigo 15.º a denominação do consórcio.

O chefe de consórcio é necessariamente um dos membros do consórcio, e tem


competência para executar as funções internas e externas que lhe forem atribuídas. As
primeiras funções são preconizadas pelo artigo 13.º, e divididas em: dever de organizar
a cooperação entre as partes na realização do objeto do consórcio; e o dever de
promover as medidas necessárias à execução do contrato. Estas funções devem ser
desempenhadas com um padrão de diligência de um gestor criterioso e ordenado. Com
efeito, ao organizar a cooperação entre as atividades individuais e promover sua
execução, deve o chefe do consórcio, agir como um gestor. As funções externas (artigo
14.º) referem-se a poderes de representação que os contraentes conferem ao chefe do
seu consórcio. Aqueles poderes não são taxativamente enumerados e podem ser
conferidos mediante procuração.

Com efeito, as funções externas consistem no exercício de poderes representativos e


estes são conferidos mediante atos voluntários unilaterais dos membros dos consórcios.

As partes atribuem expressamente o poder a JB de celebrar, em nome do Consórcio o


contrato de empreitada com a FMM, enquanto representante deste.

Nenhum consórcio pode ter fundos próprios e tal não é admitido.


O artigo 20º não admite a constituição de fundos comuns em qualquer consórcio

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292º nulidade parcial – redução ou conversão são ambas admitidas dependendo da


posição adotada

Quanto ao dinheiro poderíamos ter aqui a existência de um mutuo – JB seria o mutuante


e os outros membros os mutuoários.
Aqui seria menos aceitável uma doação porque tal seria um negócio desinteressada.

Consórcio não tem personalidade nem capacidade jurídica – o contrato de empreitada


foi celebrada pela FMM com cada um dos contratários –
258º e ss do CC- temos uma situação do representação

Relativamente ao nome – Tribunal de Lisboa é contra termos de fantasia mas o TJS


admitiu esta solução – 10º

Principio da veracidade do artigo 15º

Contrato de empreitada é comercial – é objetivamente comercial?

Repartição de ganhos e perdas – 16º/2 podem estabelecer no respetivo contrato - Os


membros do consórcio podem estabelecer no respectivo contrato uma distribuição dos
valores a receber de terceiros diferente da resultante das relações directas de cada um
com o terceiro.- redistribuição interna das quantias

2 – A sociedade Moreira e Carvalho, Lda. moveu uma acção de responsabilidade


civil contratual contra JB exigindo-lhe o pagamento dos valores acordados com
Cimentos Forte, Lda. entendendo que, tratando-se de uma subempreitada para a
realização de uma obra do CCC, os membros do consórcio seriam solidariamente
responsáveis pelas obrigações assumidas. Os familiares do trabalhador da Pedra e
Cal, S.A. que morreu na obra seguiram-lhe o exemplo. Quid juris?

Resposta

O direito português, através do Decreto-Lei nº 231/81, de 28 de Julho, define o


consórcio como: “o contrato pelo qual duas ou mais pessoas singulares ou coletivas que
exerçam uma attividade económica se obriguem entre si a, de forma concertada, realizar
certa atividade ou efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir qualquer dos
objetos referidos no art. seguinte.”. Assim sendo, é necessário que as partes cooperem
entre si, necessitando de troca de informação e uma harmonização das prestações por si
prestadas. Há então a necessidade de articulação dos esforços.

O artigo 5º estabelece duas modalidades de consórcio: o consórcio interno e o consórcio


externo.

Como já observamos na alínea anterior, no caso acima enunciado, estamos perante um


consórcio externo, que embora idêntico à segunda sub-modalidade de consórcio interno
enunciado no artigo 5º/1b), autonomiza-se deste uma vez que nesta modalidade as

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atividades são fornecidas diretamente a terceiros por cada um dos membros, mas com
invocação expressa dessa qualidade.

Esta designação coletiva de “consórcio…” ou “em consórcio”, não implica que o


consórcio tenha personalidade jurídica, sendo-lhe, única e exclusivamente, permitido
fazer-se designar coletivamente.

Ou seja, relativamente às relações com terceiros, importa recordar, desde logo, que se
trata sempre de relações dos próprios consorciados com terceiros, e não do consórcio
que, como vimos, não tem personalidade jurídica.

JB é chefe de consórcio. Relativamente às funções que desempenha, o artigo 12.º diz-


nos que o chefe de consórcio irá desempenhar funções internas (artigo 13.º) e externas
(artigo 14.º). Relativamente às funções externas: Estas são exercidas em representação
dos membros do consórcio e não do consórcio propriamente dito, visto que esta figura
não tem individualidade jurídica. Assim sendo, cada membro do consórcio poderá
também exercer funções externas desde que confira ao chefe do consórcio poderes para
tal, mediante procuração – artigo 14.º, n.º 1. Entre os poderes externos do chefe de
consórcio encontra-se o poder para negociar quaisquer contratos, receber de terceiros
quaisquer declarações, assim como dirigir a terceiros declarações, receber quaisquer
importâncias de terceiros, efectuar expedições de mercadorias e poderes para contratar
pessoal necessário, assim como pagar as respectivas remunerações

Relativamente à primeira situação: estamos perante um caso de responsabilidade civil,


previsto no artigo 19º deste diploma- este artigo vem a estabelecer a responsabilidade
civil nos número 1 e 2.

Tal como dispõe o art. 19° do Dec. Lei n° 231/81, no seu n° 1, nas relações dos
membros do consórcio externo com terceiros não se presume solidariedade activa ou
passiva entre aqueles membros, ou seja, esta responsabilidade diz respeitos aos
membros do consórcio e não ao consórcio em si, uma vez que tal como foi dito esta
figura não goza de personalidade jurídica. Os sujeitos dos direitos e deveres emergentes
das relações estabelecidas entre os membros do consórcio e os terceiros são os próprios
consortes, consequentemente, cada membro do consórcio é responsável pelas
obrigações que assume individualmente no âmbito do contrato de consórcio.

Na fonte desta obrigação não está o contrato de consórcio mas sim a relação contratual
resultante de um contrato de empreitada entre um dos membros – Cimentos forte LDA –
e um terceiro – a sociedade Moreira e Carvalho LDA.

No n.º 1 do artigo 19.º, vem a ser afastada a presunção de solidariedade activa ou


passiva entre os membros do consórcio. Esta foi a forma utilizada pelo legislador para
neutralizar a presunção de solidariedade prevista no artigo 100º do C.Com. Esta exceção
é relevante para o nosso caso, porque embora estejamos perante um contrato de
empreitada de natureza comercial, não se aplica o regime da solidariedade, a não ser que
as partes tivessem expressamente acordado na aplicação desse regime, o que tal, parece
não ter sido o caso.

Em suma: Em principio, JB não teria de responder perante a empresa MC LDA pelos


danos provocados por um dos membros do seu consórcio, na medida em que embora

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seja membro, chefe de consórcio e representante dos restantes membros, tendo


celebrado o contrato de empreitada com FMM em representação das empresas de
construção que compõe o consórcio, este não é responsável por um dever emergente de
uma relação contratual , neste caso do contrato de sub-empreitada entre o membro do
consórcio e terceiro, assumindo o membro em causa individualmente a responsabilidade
que adveio dessa relação contratual.

Relativamente à responsabilidade extracontratual da PC S.A pela morte do seu


trabalhador, ou seja, a responsabilidade extracontratual dos consortes pelos atos
praticados no âmbito do contrato de consórcio.

O n.º 3 do artigo 19.º abrange a chamada responsabilidade extracontratual. Segundo o


artigo, cada membro é responsável por danos a si imputáveis, na medida, em que o
consórcio carece de personalidade/individualidade jurídica. Tal significa que não se
presume a existência de solidariedade entre os membros do consórcio.
Para determinar, em cada caso concreto, qual dos membros do consórcio é responsável,
aplicam-se as regras gerais de atribuição de responsabilidades, que podem ser imputadas
a mais de um consorciado. A jurisprudência tem defendido, nomeadamente, no caso de
acidentes de trabalho a inexistência de solidariedade, como é possível observar no
acórdão do Tribunal da relação de Coimbra de 19 de janeiro de 1995

Por fim, o n.º 3 refere que a obrigação de indemnizar terceiros, por facto constitutivo de
responsabilidade civil, é restrita ao consorciado que, por lei, essa responsabilidade seja
imputável, sem prejuízo de estipulações internas quanto à distribuição desses encargos.
Contudo é importante ressalvar que estas estipulações e regras internas não podem ser
opostas a terceiros, devido a carecerem de eficácia externa.

Porém relativo a este tema temos uma importante discussão doutrinária entre Manuel
Pita que defende a aplicação do artigo 500º do CC relativo à responsabilidade objectiva
do comitente para responsabilizar o chefe do consórcio pelos as condutas praticadas
pelos seus membros, no exercícios das funções que lhes incumbiam, neste caso, na
empreitada, podendo nestes termos ser JB considerar responsável a titulo objetivo pelo
acidente de trabalho.

Porém contra esta posição, o Prof. Sousa de Vasconcelos argumenta que a relação entre
os membros e o chefe de consórcio considerando estas como um contrato atípico de
prestações de serviços e não um contrato de mandato, não podendo, deste modo, JB ser
considerado responsável, na medida, em que não sendo um prestador de serviços, este
não é um verdadeiro comissário, não se lhe podem aplicar este regime.

Em suma, adotando a posição da jurisprudência e do prof Sousa Vasconcelos, cabe


única e exclusivamente à empresa PC S.A. indemnizar a família do trabalhador, a titulo
extracontratual pela morte, em resultado de um acidente de trabalho.

3 – Oito meses após o início da obra, o pavilhão não estava ainda concluído mas o
preço da empreitada já estava todo pago. Poderia a FMM exigir à Pedra e Cal,
S.A. a totalidade do valor devido a cláusula penal?

O Contrato de Empreitada é um contrato de cooperação plurilateral.

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O seu tempo de duração é de 10 anos – artigo 11º/2- do caso das partes nada
estabelecerem. Contudo as partes estabeleceram um prazo de 6 meses para a realização
da obra.

Tendo o preço sido pago na totalidade pela FMM, não lhe é possível invocar a exceção
do não cumprimento, não podendo a este meio de tutela dos seu direito.

As partes ao abrigo do principio da autonomia e liberdade contrato podem estabelecer,


por acordo, o valor da indemnização no caso de incumprimento do contrato.

O artigo 810º do CC estabelece que as partes podem fixar o montante da indemnização


exigível, antecipadamente, caso ocorra o incumprimento do contrato- esta
indeminização é denominada de cláusula penal

Tendo em conta que no caso estamos perante um consórcio externo, ou seja, um


consórcio cujas atividades ou bens são fornecidos diretamente a terceiros por cada um
dos membros do consórcio, com expressa invocação dessa qualidade, cabe unicamente à
empresa Pedra e Cal a realização dos serviços de alvenaria.

Embora o Consórcio, tal como se encontra previsto no artigo 1º do DL, ser um contrato
pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou coletivas, que exercem uma atividade
económica se obrigam entre si e de forma concertada a realizar certa atividade – neste
caso a construção de um pavilhão através da celebração de um contrato de empreitada, o
consórcio não possui personalidade jurídica, nem possuiu fundo comum.

Em principio cada uma das partes responde por si mesma, embora o contrato tenha sido
celebrado, em nome de todos por um representante, neste caso JB, contudo estes
continuam a exercer a sua atividade com um certo grau de independência económica e
individualidade jurídica.

A criação da figura do consórcio visou satisfazer a necessidade de um instrumento


jurídico que viesse a organizar a cooperação, temporária e limitada, entre empresas, sem
que estas ficassem vinculadas a uma comunhão de interesses com maior solidez,
libertando-se após o seu termo, sem ficar sujeita a grandes processos burocráticos que
pusessem em causa a sua autonomia quer durante, quer após o fim do contrato

De acordo com o artigo 19º/1 não se presume nas relações dos membros com terceiros a
solidariedade ativa ou passiva desses membros. Este nº1 vem a afastar a presunção de
solidariedade ativa ou passiva dos membros do consórcio, contudo tal não significa que
a solidariedade esteja afastada. Cabe ao terceiro o ónus de provar que existe
solidariedade entre os membros.

Com o nº1 do artigo 19º o legislador tentou neutralizar qualquer presunção de


solidariedade, nomeadamente da solidariedade prevista no artigo 100º do C.Comercial
que estabelece que os co-obrigados são solidários, desde que as obrigações sejam
comerciais.

Neste caso, estamos perante um contrato de empreitada comercial celebrado pelos


membros do consórcio com a fundação FMM. Contudo, e embora o artigo 100º do CC

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estabeleça o regime da solidariedade, esta solidariedade cede perante a regra especial do


artigo 19º/1 que neutraliza a presunção de solidariedade.

Porém o artigo 19º/2 prevê que a estipulação em contratos com terceiros de multas ou
outras cláusulas penais a cargo de todos os membros do consórcio não faz presumir a
solidariedade destes quanto a outras obrigações ativas ou passivas. Ou seja, embora a
cláusula penal seja responsabilidade de todos os membros do consórcio, que assim
respondem solidariamente, neste caso pelo incumprimento do prazo de conclusão e
entrega da empreitada, que deveria ter a duração de 6 e não 8 meses, como sucedeu, esta
solidariedade não é extensível a outras obrigações no relacionamento com 3ºs dos
membros do consórcio.

Em suma, a FMM pode exigir da Pedra e Cal S.A a totalidade do valor da cláusula
penal, sem prejuízo da existência de direito de regresso desta face aos demais membros
do consórcio. O pagamento integral por parte desta empresa exonera as demais pessoas
que compõe o consórcio da obrigação que tinham com o 3º, neste caso FMM.

4 – Estava a administração da Pedra e Cal, S.A. a discutir com a FMM o diferendo


supra
referido, quando a FMM recebeu uma comunicação da Cimentos Forte, Lda. solicitando
o pagamento de € 1.500.000,00 devidos pela construção da estrutura, conforme o
descrito no orçamento de obra. A FMM respondeu dizendo que já tinha pago a
totalidade do empreendimento ao JP e que, sendo este Chefe do Consórcio, só ele podia
solicitar algum eventual valor em falta. Quid juris?
5 – Tendo em conta a conduta da Cimentos Forte, Lda. e a forte suspeita de que a morte
do trabalhador da Pedra e Cal, S.A. se ficou a dever pela violação, pela parte desta, dos
mais elementares deveres de segurança, a Edifica, S.A. pretende abandonar o consórcio
e ainda ser ressarcido pelos danos causados à sua imagem e bom nome, causados pelo
facto de ser conhecido no mercado a sua pretença ao CCC e, logo, a sua participação em
tão nefasto empreendimento... Quid juris?

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