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CASO PRÁTICO 1
Factos:
1. temos uma sentença condenatória.
2. a sentença não fixa o montante, apenas diz que houve danos patrimoniais e não
patrimoniais.
3. C dá entrada de uma ação executiva apresentando como titulo executivo a
sentença condenatória e conclui que o valor é de 12.500€.
Resolução:
1º Titulo executivo: condição formal de excussão
2º Obrigação certa exigível: condição material da execução
3º Legitimidade: credores e devedores constam do titulo
4º Competência do tribunal: interna, em razão da hierarquia, forma do processo, etc. ou
internacional
5º Forma de processo
1º Pergunta
Tinha Celeste Titulo executivo?
Estamos perante uma ação executiva, art. 10º, pois C pretende que a quantia apurada
seja paga pelos executados.
O 703/1 c) diz que qualquer sentença condenatória é titulo executivo. Qualquer decisão
judicial que imponha um comando de atuação.
Problema:
Só a sentença condenatória ou também a que reconhece um direito ou a sentença
constitutiva?
Por regra, na ação declarativa e na executiva não se podem fazer pedidos genéricos,
incertos ou ilíquidos.
O pedido deve ser qualitativa e quantitativamente determinado. Um direito certo e liquido.
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Quanto á exequibilidade intrínseca da sentença
é exigível: Para intentar uma ação de execução, o requerimento executivo deve declarar
o valor da causa. A ação executiva deve obedecer aos pressupostos de exequibilidade
intrínseca e extrínseca, ou seja, a obrigação executada deve ser exigível, certa e
líquida, art.713, caso contrário não é exigível proceder à realização coerciva da
prestação.
É certa: Quantia certa qualitativa: nestes caso o que se pede é que respeite a obrigação
pecuniária (em moeda), art. 550º e ss.
Será que a sentença condenatória, por não ter um valor liquido apurado constitui
um titulo executivo?
É liquida: segundo art. 609/2 parte final, o tribunal condena no que deve ser liquidado
sendo o que se depreende do texto na parte em que diz “de acordo com os valores que
se viessem a apurar em execução de sentença”. Logo depreendemos que se trata de
uma sentença genérica, possível através do art. 556/1.
Podemos chegar á ação executiva com uma sentença condenatória genérica. Mas o
704/6 exige que se tenha que saber qual é o valor para ser possível fazer penhoras.
A lei prevê que a todo o tempo da ação declarativa e mesmo depois do transito em
julgado da sentença condenatória a lei prevê um incidente que serve para liquidar a
sentença – Incidente de Liquidação da sentença – 358. A todo o tempo, na ação
declarativa, podemos fazer um pedido adicional complementar, na posse de todos os
documentos, concretizar o pedido. Inclusive é possível, depois da sentença
condenatória, pedir a reabertura da ação declarava para se poder concretizar o pedido.
A decisão de liquidação vai completar a decisão inicial, não podendo revoga-la, 358/2 –
incidente de liquidação póstumo.
A lei quer que o calculo seja feito no processo delativo e só depois disto é que temos
verdadeiramente um titulo executivo.
Assim,
Segundo art. 704/6 e 609/2, a doutrina diz que só haverá titulo executivo após a
liquidação em processo declarativo. O autor tem o ónus de deduzir o processo
declarativo através do Incidente de Liquidação.
NOTA:
A forma de processo da sentença é o processo sumário.
2 situações:
A - Sentença executiva que não deva ser executada no próprio processo declativo:
O 550/1 diz que poderá ser ordinária ou sumaria. Segundo 550/2 a) parece ser forma
sumaria.
Mas não é este o artigo que utilizamos porque diz “sentença que não deva ser executada
no próprio processo”.
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1ª situação: Processo executivo decorre apenso ao processo declativo:
O art. 85, diz que só os tribunais 1ª instancia e os estaduais tem competência executiva.
O tribunal competente depende do titulo executivo. O art. 85 diz que em regra a ação
executiva de sentença deve ser colocada na comarca onde foi proferida a sentença. Se
houver secção de execução, vai para a respetiva seção. Se não houver secção de
execução é o próprio tribunal que tinha competência declarativa que vai executar a sua
própria sentença. Na maior parte do pais, como não há secções de execução é o tribunal
que profere a ação declarativa que executa a própria sentença (principio da
coincidência entre competência declativa e competência declativa).
Assim, era competente o tribunal de 1ª instancia da comarca onde tivesse sido proferida
a decisão, 85.
Assim,
O art. 85 diz que a execução de sentença decorre nos próprios autos da ação declativa.
A ação executiva não é uma ação á parte, decorre por apenso ao processo declativo,
mesmo que haja um juízo de execução, o que se faz é juntar o requerimento de execução
de sentença em anexo ao processo declativo e enviado para o juiz de execução.
O art. 550/2 a) diz que se aplica-se a forma sumaria a sentença cuja execução não
decorra dos próprios autos. Que é o oposto ao art. 85.
Há expões,
Nos casos em que há intervenção de um juiz, não há forma sumaria, há uma garantia de
forma ordinária, 550/3. Em casos como incidente de liquidação, incidente de acertamento
da obrigação, incidente de comunicação da divida, execução contra o fiador, segue
sempre forma ordinária, mesmo que, em principio, devesse seguir forma sumaria. O
próprio 626/2 ressalva estas situações.
Na forma sumaria:
Aplicam-se os art. 855 e ss, vai diretamente para o agente de execução, não havendo
em principio despacho liminar do juiz. Quem faz o controlo do processo é o agente de
execução
Se o AE verificar que não há titulo executivo deve remeter o caso ao juiz para que
este profira um despacho de indeferimento liminar.
Concluindo:
A competência e a forma de processo é determinada pelo titulo executivo e pelo valor da
divida.
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O art. 704/1 – a sentença só constitui titulo executivo depois de transito em julgado, salvo
se recurso tem efeito meramente devolutivo, ou seja se o recurso interposto não tiver
efeito suspensivo da eficácia material e condenatória.
e 647 (efeito da apelação). A apelação tem efeito meramente devolutivo, êxito nos casos
presentes neste artigo.
Em Portugal temos um paradoxo, parecendo que em regra não se pode executar uma
sentença pendente de recurso, mas pode. Porque o recurso de apelação, salvo algumas
exceções, tem efeito meramente devolutivo, assim, a interposição da apelação não
suspende a exequibilidade.
Poemos começar por referir o art. 609/2 onde a sentença condenatória refere que, “será
condenado no que se liquidar na execução da sentença”, tal como consta do texto do
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caso prático “de acordo com os valores que se viessem a apurar em execução de
sentença”, ou seja, num momento posterior.
Liquidação incidental: não depende apenas de simples calculo aritmético, pois assenta
em matéria de facto controvertido. Há a necessidade do envolvimento de um juiz para
controverter os factos e decidir qual e o valor, não esta abrangido pela segurança do
titulo executivo. Ex. danos patrimoniais, A partiu os óculos a B.
- Se o titulo for uma sentença, art. 358, o incidente de liquidação tem que ser
feito antes da ação de execução, não é no requerimento executivo.
- Se o titulo executivo for um titulo diverso de sentença (do particular
autenticado), 703/1-b tem que ser na própria ação executiva por requerimento executivo
e previsto no titulo executivo. Mesmo que estejamos na forma sumaria, tem que haver
despacho liminar, onde o juiz manda citar o devedor, para deduzir, em cumulação,
oposição à execução e oposição ao valor, (716/4). Na falta de constatação (360/3)
assume-se que o executado assume a divida. Devera haver incidente de liquidação de
titulo diverso de sentença. Sempre que houver incidente a forma sumaria prevalece
sobre a forma ordinária, 550/3-b).
Problemática:
704/6 vs. 716/4 - A liquidação deverá ser feita em sede da Ação Declarativa ou e sede
da Ação Executiva?
Neste caso pratico devia ter havido incidente prévio de liquidação de sentença, não
havendo o que vai acontecer não sabemos.
Quanto à obrigação de pagar juros de mora à taxa legal. Anteriormente a esta revisão
do código havia jurisprudência que dizia que não pois se o juiz da ação condenatória não
condenou em juros de mora e eles também não foram pedido, não se podia executar,
outra parte da doutrina dizia que se podia executar porque eram juros que decorreram
da lei. Como tudo decorre da lei, isto só não basta. Assim a lei desde 2003 tomou uma
posição, dizendo que estão incluídos no titulo os juros de mora à taxa legal. Pode-se
pedir juros de mora nos termos do CC ou de leis uniformes, mesmo que não tenham sido
pedidos na decisão condenatória. Que se consideram abrangidos pelo título executivo,
art.703/2. Mesmo que Celeste não pedisse, não teria que pedir, há uma tolerância no
principio do dispositivo.
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Ao contrario se são pedidos juros comerciais, estes tem que ser pedidos, pois
não decorre da lei. Resposta diferente seria, se se tratassem de juros que continuem a
vencer-se. Nestes casos a sua liquidação é feita a final, pelo Agente de Execução,
art.716/2.
E se o executado quiser opor um contra-crédito para compensar com os juros? Devia te-
lo feito na ação declativa, agora só o pode fazer na oposição à execução. Pois sempre
que eu venho invocar direitos que não estão no titulo, estou a atrasar a possibilidade de
defesa.
O 805 CC data para contar os juros de mora, nas obrigações puras, nas obrigações
sujeitas a prazo, etc.
O 805/3 CC, o crédito vence desde a data da citação do réu na ação declarativa. Neste
caso pratico a obrigação esta liquida.
Perguntas da Semana
CASO PRÁTICO 2
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Mimi recusado celebrar o contrato prometido, Josefina pediu a execução
específica do contrato prometido, o que veio a acontecer. No entanto, Mimi teima
em não entregar a chave da casa a Josefina.
1. Pode Josefina propor ação executiva contra Mimi para forçar a entrega da
chave da casa ou deve recorrer a uma nova ação declarativa?
No caso importa saber se é necessário uma nova ação condenatória contra uma ação
ilícita sobre o direito já declarado, ou se aquela constituição chega.
Para a maioria da doutrina, no caso a sentença constitutiva, visto já ter criado o direito
que serve como titulo executivo pode ser movida uma ação executiva para fazer valer o
seu direito à casa, mesmo que não se condene a simples declaração de um direito, esta
pode ser imposta coactivamente pela outra parte (condenações implícitas). A doutrina
minoritária não concorda, Rui Pinto diz que não esta no titulo literalmente, o credor não
pedido e vai beneficiar, sendo o problema o fato de que como o credor não pedido o
devedor não se pode defender na ação de processo declarativo. O resultado da
condenação implícita, será conforme á CRP, este procedimento? Será proporcional? A
resposta de RP é que, perante algumas obrigações, parece proporcional,
nomeadamente a de juros de mora, que decorre da própria lei.
Está implícito que quem receber a primeira decisão da ação constitutiva tem que cumprir
com a decisão.
Desde que não haja surpresas e inesperados direitos, que assim tem que se propor nova
ação declarativa.
Imaginemos que o juiz acha que já tem um titulo executivo. O RP entende que quem já
tem titulo executivo, não tem necessidade aparentemente de propor ação, o juiz tem que
decidir de mérito na mesma e condena o autor nas custas.
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Caso prático 4
A prestação é certa e líquida. O ser exigível vamos presumir, vamos supor que sim.
Agora, em abstrato, se o Leopoldo não aceitasse a herança, a herança ficava com bens
e com uma dívida. A herança jacente tem personalidade ativa e passiva e podíamos
executá-la (12.º a)), para proteger o credor das situações em que ninguém aceita a
herança. Mas não é esse o caso porque no caso a herança foi aceite.
Mas porque é que na oposição à execução, o devedor (ou devedores) poderiam vir dizer
que este título não era válido? Porque este testamento está viciado de duas formas:
- Aquele que não sabe ler nem escrever é inábel para fazer testamento cerrado
(2208.ºCC);
- O beneficiário não podia escrever as normas que o beneficiam no testamento
(2197+2199CC).
Outra questão: nós estamos a partir do cenário - e não sabemos - que o testamento foi
ao notário. Se for verdade, no plano formal não há nada a dizer. Se o testamento nem
sequer for ao notário, aí é completamente diferente - seria uma nulidade formal e não
era válido como testamento nem como título executivo porque estava fora do art. 703/1
b). Podiam então dizer-me: mas cabe no art. 703/1 c). Talvez, mas não podemos
esquecer que as alíneas a) a c) do 703/1 supõem que os documentos são formalmente
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válidos. Não pedem que os documentos sejam 100% válidos mas exigem que, pelo
menos, sejam formalmente válidos. Se for uma anulabilidade o título ainda pode manter
alguma força executiva mas se for uma invalidade formal o agente de execução não pode
executar aquilo.
Em suma, em princípio talvez os vícios materiais em causa não seriam de conhecimento
oficioso - não impediriam a execução, os vícios formais não sabemos - só existiriam se
o testamento não tivesse ido ao notário.
(Um parêntesis: Que forma seguiria este processo? Aplica-se a nova alínea c) do 550/2
- é processo sumário, o valor da dívida não interessa.)
Outra hipótese de título executivo: Podiam dizer-me que isto era uma partilha e que se
tivesse havido inventário, a lei Lei 23/2013 - art. 20.º diz que a certidão do inventário do
notário tem força executiva. É um título executivo avulso. Isto não está no caso prático.
Outra hipótese de título: o título executivo ser a hipoteca. A hipoteca enunciava a dívida
e foi assinada pelo Osvaldo reconhecendo assim a dívida.
Outra hipótese de título (mais afastada): Pode ser aqui colocada uma injunção? Não faz
parte da matéria mas é importante falar nisto - DL 269/98. A lei permite, através de um
procedimento administrativo, que o requerimento preenchido eletronicamente, se não for
contestado, passa a ter força executiva. Mas há um limite de valor - 15000€ a não ser
que seja obrigação emergente de uma transação comercial (art. 7.º do Anexo deste DL).
Ou seja se o Osvaldo não fosse o cliente final até podia haver aqui um título executivo
por esta via.
E como é que o credor comprava que Leopoldo aceitou a herança? Pela habilitação de
herdeiros?
54.º/1 CPC. Das duas uma, ou Leopoldo aceitou a herança depois da ação executiva,
ou na pendência da ação executiva. No nosso caso aceitou antes da ação. Então o
credor vai juntar o título executivo e, se for necessário prova complementar (715.º por
analogia) que comprove a aceitação da herança. Tem que demonstrar que há
reconhecimento de dívida e que houve aceitação da herança.
E se ação for colocada contra a herança jacente e na pendência da ação o Leopoldo
aceitasse a herança? Aí teria que se abrir um incidente de habilitação na ação - 351.º.
Mas isto não acaba aqui. Neste caso há um pormenor que é a garantia real. O que é que
muda?
Se o Osvaldo fosse vivo, víamos o 697.º CC + 752.º CPC - benefício da excussão real.
O problema é que, falecido o Osvaldo a garantia passa para um 3.º (Leopoldo) sobre um
bem que não é seu (é de Nandinha) - não se aplica o 697.º CC. Então o credor pode
executar quem quiser, ou executa o Leopoldo ou executa a garantia real, não há
benefício da excussão real neste caso.
Então podem perguntar: mas se a Nandinha não é devedora, como é que ela tem
legitimidade executiva. Porque é que é possível por vezes executar quem não é o
devedor? É o 54/2 que o permite, portanto a Nandinha tem legitimidade! Mas aí o credor
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tem que trazer o título executivo e a hipoteca porque tem que demonstrar essa
legitimidade complementar da Nandinha.
Doutrina:
Prof. RP: A minha opinião é que há aí um putativo Litisconsórcio voluntário conveniente.
O credor pode demandar só o Leopoldo, só a Nandinha ou os dois ao mesmo tempo.
Mas há Profs. que têm uma leitura mais restritiva, entendem que tem que ser a Nandinha
a ser demandada primeiro.
Em suma, podia executar (também) a Nandinha mas esta não tinha benefício da
excussão real.
A questão é: se a garantia for ao processo tem que se executar primeiro e depois se não
chegar é que vamos ao resto ou se, pelo contrário, está na disponibilidade do credor
escolher. Isto é controverso porque há quem entenda que há aqui uma legitimidade
obrigatória.
A minha (Prof) conclusão é que a Nandinha não pode dizer o que disse. O mero não
exercício da hipoteca não é uma renúncia à execução da hipoteca. Primeiro porque para
renunciar tinha que seguir a mesma forma da hipoteca – a forma escrita – e depois a
renúncia tinha que ser expressa. Tem que haver vontade e forma suficientes. Conclusão:
não há renúncia e pode demandar a Nandinha, o facto de não o ter feito antes isso não
é impeditivo.
NOTA: a lei não refere expressamente este caso, a lei fala muito do caso contrário de a
ação decorrer contra a Nandinha e depois responde à pergunta se se pode por a ação
contra o Leopoldo. É a essa também a questão da pergunta seguinte do caso.
Cá está. Sim, é possível e está expressamente previsto na lei - 54/3 CPC. Uma nota
para dizer que os incidentes de intervenção de terceiros estão “desenhados” para a ação
declarativa (311 ss). São incidentes para produzir uma sentença e não para a executar.
A ação executiva é rígida e, por isso, só nos casos expressamente previstos na lei é que
se pode modificar subjetivamente a instância (no nosso caso temos previsão expressa –
54/3).
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E quanto ao facto de Miquelino ter apresentado o testamento? Se demandasse só o
devedor tinha que juntar a aceitação da herança para execução do testamento. Sendo
um terceiro garante tem o título executivo (o testamento) mas tem que haver depois um
documento que comprove que há garantia real sobre a propriedade daquela pessoa
concreta (o contrato de hipoteca). Mas podemos juntar também o facto de ela ter
aceitado o legado. São 3 elementos: hipoteca, aceitação e título executivo propriamente
dito. Mas se me disserem que o título não era válido, então poderíamos dizer que se
usaria como título a própria escritura de constituição da hipoteca (ver resposta à pergunta
1) mas de qualquer forma teria sempre que se provar que houve aceitação.
Uma nota final: há uma relação estreita entre o art. 54 do CPC e os arts. 817 e 818 do
CC.
Patrícia não é devedora, não tem garantia real mas é proprietária dos bens. Vejamos o
818 2ª parte CC. De que ação é que estamos aqui a falar? Da impugnação pauliana (610
+ 612 CC). Não é uma ação fácil, é preciso provar que o 3º estava de má fé. Conseguindo
provar também que o devedor estava a esvaziar a garantia geral das obrigações que é
o património (601 + 817 CC) das duas uma: ou destrata o negocio ou executa
diretamente o terceiro (818 2ª parte CC). Este é um caso de legitimidade que não está
claramente expresso no CPC. Podemos perguntar se cabe no 53 ou no 54/2 do CPC.
Eu (Prof) penso que cabe no 54/2 mas não está expressamente previsto no CPC. Ou
seja o 818 1ª parte está expressamente previsto no 54 mas o 818 2ª parte não está.
Veja-se o 744 CPC que diz que só certos bens respondem. A esta dívida que advém da
herança só correspondem os bens que também advieram da herança, não se podem
penhorar outros bens neste caso. Os bens da herança funcionam como património
autónomo. Então como é que o Leopoldo se pode defender? Através do mecanismo do
744/2 (e /3 se vier a ser necessário). Em regra, quando há uma penhora ilegal, quando
se penhoram bens do devedor que não podem ser penhorados o meio de oposição
normal é um incidente declarativo de oposição à penhora. Este seria o meio normal e
não é normal no CPC prever-se um meio de oposição por simples requerimento mas tal
é o caso no 744/2. É um procedimento mais simples porque vai para o agente de
execução e não para o juiz.
Então e se o agente de execução indeferir o requerimento? (e o exequente não se opuser
porque se o exequente se opuser o executado terá que fazer um requerimento ao juiz
pelo 744/3)
Nesse caso recorremos ao 723 e reclamamos para o juiz de um erro do agente de
execução que viola a lei.
Uma nota para dizer que em meu (do Prof) entendimento se houver um erro no processo
(reclamação em vez de requerimento no caso do 744/3) não devemos defender que o
juiz deva indeferir liminarmente. Tem que haver alguma flexibilidade nestes casos.
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Isto é matéria de cumulação e não vale a pena ver com muita atenção. Vou apenas
deixar algumas notas. A ação executiva está tendencialmente feita para se executar cada
dívida de cada vez mas autoriza que se executem várias dívidas ao mesmo tempo. A
pergunta é: em que condições é que o mesmo credor, se tiver vários créditos contra o
mesmo devedor pode juntar tudo num só processo. A resposta é – depende. Se o título
executivo for sentença temos que invocar o art. 710 CPC, se for cumulação de títulos
diferentes é o 709.
Portanto, a resposta é, poderá ser possível a cumulação, neste caso através do 709. E
ficamos assim, não vale a pena complicar mais e ver os requisitos do 709.
(Este regime levanta um outro problema que é o de saber como resolver um caso onde
há sentença e outro título – é o problema de ter dois regimes separados – 709 e 710.
Penso que será no 709 mas temos que ver a forma do processo (seria a ordinária), o
tribunal competente (seria o da sentença). Mas não vou responder mais aqui, vamos ver
isso na aula teórica).
Caso prático 5
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- material subjetivo: o reconhecimento da divida só pode valer nas relações
imediatas (sacador e beneficiário). Não vale para as relações onde há cheques
endossados.
Rui Pinto: nega o valor executivo do cheque. É abusivo afirmar que há uma vontade
negocial de reconhecimento de divida subjacente na assinatura de um cheque. Não
podendo um cheque prescrito continuar a tutelar a obrigação originaria em consequência
de esvaziar o conteúdo da prescrição. O titulo prescrito não é suficiente para provar a
obrigação subjacente. Ao contrario da opinião da doutrina maioritária, credor, e não o
devedor, tem o ónus de provar tal existência.
Esse ónus não pode ser cumprido na ação executiva, só na ação declarativa autónoma.
A emissão de um cheque a favor de terceiro apenas enuncia uma ordem de pagamento
ao estabelecimento bancário, não constitui qualquer fonte de obrigações nem meio de
as reconhecer.. de um cheque não consta expressamente o motivo da emissão.
O exequente não pode basear a execução no titulo prescrito e mais tarde alterar para a
execução de reconhecimento de divida da relação subjacente, pois a causa de pedir é
diferente. A alteração apenas pode ser feita com o acordo do executado (art. 265/1 CC
– impede o uso da réplica nos casos em que o autor é o executado???)
Uma coisa é a relação cambial outra coisa é a relação que lhe deu causa. Nos títulos de
crédito esta incorporada a obrigação cambiaria. É principio geral do direito cambiário que
a posse do titulo é condição do exercício do direito nele incorporado. Quanto á obrigação
subjacente, uma copia pode servir como titulo executivo. Assim prescrita a obrigação
cartolar constante do cheque, pode esta ainda valer como titulo executivo da obrigação
subjacente (segundo prof. Lebre de Freitas).
Posso executar o cheque porque foi sacado (assinado) e porque o mesmo esta em meu
nome, sendo eu o beneficiário.
Para que o cheque possa ser apresentado como titulo na ação executiva, art. 40
LUC deve:
- o cheque ser apresentado em tempo útil de 8 dias
- se não tiver havido pagamento
- se houve protesto (ato formal) da falta de provisão no prazo de 6 meses.
(Se faltar protesto por falta de pagamento o cheque não vale como titulo executivo).
O vício deste cheque é o da prescrição. Nem juiz pode indeferir liminarmente nem o AE
recusar a execução baseado num cheque prescrito porque este facto não é de
conhecimento oficioso, 303 CC. Assim cabe ao devedor, na dedução da oposição à
execução que deve alegar a prescrição.
Se for invocada a prescrição pelo devedor, pode o credor, perante um cheque prescrito
invocar a possibilidade de ser visto como mero quirografo?
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Doutrina:
Mesmo que prescreva a obrigação cartolar, pode o cheque valer como documento
particular de reconhecimento de divida assinado pelo devedor? “Não, quem assina um
cheque esta a confessar uma duvida” (prof. Rui Pinto discorda) pois enquanto houver
divida subjacente nem que fosse 20 anos de prazo de prescrição, ainda podia ser
utilizado o cheque.
Posição minoritária, defendida, nomeadamente, pelo Prof. Dr. Rui Pinto, vai no sentido
da não admissibilidade do cheque como título executivo considerando que este não
passa de uma mera ordem de pagamento ao banco, não cabendo na previsão do artigo
46º/1 c) do CPC. Esta última parece-nos ser a posição mais correta não só pelo
argumento literal atrás exposto mas também pela ratio do preceito em questão: não
parece ter sido a intenção do legislador abranger o cheque como título executivo. É
abusivo retirar de uma assinatura a vontade segundo as regras gerais de interpretação
do negocio Jurico.
Prazo para pagamento do cheque, art.29 da LUC são 8 dias depois da data posta no
cheque e dia 3 abril já se encontra fora do prazo. o cheque foi passado a 3 de Abril,
sendo que Pedro podia levá-lo a pagamento no prazo de 8 dias (Artigo 29º Lei Uniforme
Cheque). Findo este prazo o cheque não prescreve, sendo que a única consequência
que daí advém é a possibilidade de revogação pelo devedor.
Passados seis meses a contar dos oito dias, aí sim, o cheque prescreve, art. 52 da LUC.
No caso em apreço, Pedro só levou o cheque a pagamento a 20 de dezembro, querendo
isto dizer que passaram mais de 6 meses, ou seja, o cheque prescreveu.
Se passar 6 meses (letras é 3 anos) aquela obrigação cambiaria prescreve mas não a
obrigação subjacente.
Cabe-nos, então, analisar os pressupostos da exequibilidade intrínseca previstos no
artigo 713º do CPC:
- Certeza: obrigação pecuniária em moeda com curso legal (20.000€) – pagamento de
quantia certa;
- Exigibilidade: o cheque foi passado a 3 abril, sendo que Pedro podia levá-lo a
pagamento no prazo de 8 dias (Artigo 29º Lei Uniforme Cheque). Findo este prazo o
cheque não prescreve, sendo que a única consequência que daí advém é a possibilidade
de revogação por parte do devedor. Passados seis meses a contar dos oito dias, aí sim,
o cheque prescreve. No caso em apreço, Cristiana só levou o cheque a pagamento a 2
de dezembro, querendo isto dizer que passaram mais de 6 meses, ou seja, o cheque
prescreveu.
Coloca-se, então, a questão de saber se este pode ou não continuar a valer como título
executivo: a doutrina maioritária defende que o cheque prescrito continua a valer como
título, mas já não como título cambiário e sim como reconhecimento particular da dívida
(ainda ao abrigo do artigo 703º/1 c) do CPC). Para que isto aconteça devem ser
respeitados os seguintes pressupostos:
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- Formal: Cheque pode valer como título executivo desde que satisfaça os
requisitos previstos no artigo 703º/1 c) do CPC;
- Material objectivo: título de crédito tem que mencionar a causa jurídica
subjacente à obrigação de pagamento;
- Obrigação/negócio em causa não pode ser solene (se for negocio solene
compra e venda, podia não valer, prof. Lebre de Freitas diz que se a causa estiver nas
costas do cheque dá para ser titulo executivo);
- Reconhecimento de dívida só vale nas relações imediatas entre sacador e
beneficiário, ou seja, entre Pedro e Raquel, respectivamente.
Suponha que Pedro tinha endossado o seu cheque a Quina, e que esta, no dia 20
de Dezembro do mesmo ano, apresentou o cheque a pagamento no Banco X, que
lhe comunicou a falta de provisão de Raquel. Quina poderia usar o cheque como
título executivo?
Nota: Uma coisa é executar o cheque pela divida cambial outra coisa é executar o
quirografo na relação subjacente. Imaginemos que eu utilizo a prescrição do cheque
(quirografo) na execução da obrigação subjacente.
A causa de pedir (da causa executiva é o direito à obrigação) não pode alterar a causa
de pedir sem a autorização da outra parte. Dado o principio do dispositivo as partes
podem acordar a alteração da causa de pedir.
Nos casos que eu não consigo alterar a causa de pedir, tenho que colocar nova ação
executiva com o titulo de quirografo. Desistindo da primeira. Não podendo entrar na ação
executiva da compra do barco (divida a 20 anos) com o titulo executivo (cheque) perante
uma divida que prescreve ao fim de 6 meses.
CASO PRATICO 6
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endossante e 6 meses nos casos de endossante contra outro endossante ou contra o
sacador.
A regra é a atribuição de um prazo maior a quem não é obrigado cambiário e aquele que
tem direitos de regresso dentro da cadeia cambiaria um prazo mais curto.
O art. 77 remete as livranças totalmente para o regime das letras.
O titulo executivo em causa seria um titulo de credito nos termos do 703/1 c). O titulo
executivo é condição formal da acçao executiva. Ja quato á certeza, exigibilidade e
liquidez, sao condicoes materiais da ação executiva. No caso, como nada é dito sobre o
prazo em concreto, a obrigação é em principio exigida atodo o tempo pelo credor, 777/1
CC. Nas obrigacoes puras o devedor so entra em mora depois de interpolado para pagar,
804/1 CC e 610/2 – b) CPC. Sendo a obrigação pura e tendo Bento sido interpolado pelo
telefone e nao citado no seu domicilio, 610/2- b), a obrigação nao se venceu, logo não é
exigivel. Nao sendo exigivel, falta a condição material para a execução. Para elem disso,
nos termos do art. 45 da LULL, o portador deve avisar o seu endossante da falta de
aceite ou de pagamento, nos 4 dias uteis que se seguirem ao dia do protesto. Nos termos
do art. 70 LULL as açõe dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador
prescrevem ao fim de 6 meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra. No
caso a letra encontrava-se prescrita. Nao podendo valer como titulo de credito, pode
ainda valer como mero quirografo. Podendo o credor executar, nao a obrigação cartolar,
mas a obrigacao subjacente, fazendo uso do mesmo documento mas agora como
reconhecimento de uma divida. Daqui podia haver ainda um titulo pelo 703/1 c) 2ª parte,
nos termos do 458 CC. Ou seja, uma vez prescrito, o credor pode excutar a obrigacao
subjacente, fazendo uso do mesmo documento. Os requisitos saõ: assinado pelo
devedor, apresente um acto juridico pela qual alguem se obriga a pagar certa quantia a
outrem, natureza nao formal da relação subjacente, so podendo valer nas relações
imediatas. Neste caso nao se encontrava prenchido o ultimo requesito, logo não existe
titulo excutivo. Para alem deste facto, na opiniao de RP ao se atribuir a vontade de
reconhecimento de divida à assinatura ad eternrum é o mesmo que ultrapassar a
segurança do titulo e os seus limites temporais, pelo que para o professor, o credor perde
o titulo com a prescrição do mesmo.
ii) Que considerava um ultraje esta ação executiva, pela evidente má-fé do
exequente;
Por outro lado, o 762/2 CC diz que, no cumprimento das obrigacoes devem as partes
proceder de boa-fe, 7 e 8 CPC. Assim, segundo 542/1 e 2 a) CPC, tendo litigado de má-
fé, a parte é condenada em multa a uma indeminização à parte contraria, se a mesma
for solicitada.
iii) Que não entendia por que razão a ação executiva não tinha sido apenas
proposta contra Carlos.
16
Nos termos do art. 30 da LULL, o pagamento de uma letra pode ser garantido por aval.
No 32 LULL preve-se uma responsabilidade solidaria, nao gozando o avalista de
beneficio da excussão previa. 47 LULL. Significa que qualquer um ou os dois em conjunto
podiam ser citados a pagar. Podendo exigir-se de qualquer um dos devedores o montane
integral da divida.
CASO PRÁTICO 8
Se passar o prazo e Nuno não pagar nada sobre os 30 000 pedidos o banco?
O banco propõem ação executiva para satisfazer o seu crédito, utilizando como título
executivo o contrato de abertura de crédito, embora não incorpore a obrigação
exequenda, porque a obrigação exequenda (obrigação de pagar juros de reembolso de
capital) só se constitui a partir do momento em que o banco empresta os 30 000, ou seja
quando o banco cumpre a sua prestação. Assim, com o contrato de abertura de crédito
constituiem-se obrigações futuras (durante a vida do contrato) e não quando este se
celebra. Estas obrigações serão as obrigações exequendas. Assim, se apresentasse
como título executivo o contrato de abertura de crédito, este apenas incorporaria o
pagamento da comissão de imobilização, pois esta é a devida existente a partir do
momento em que celebra o contrato, art. 707.
Estamos perante uma cláusula "o presente documento constitui título executivo" que
não vale de nada, apenas valendo como título executivo para a obrigação que incorpora,
17
que é o pagamento da comissão de imobilização. Por fim, não é pelo contrato mencionar
este tipo de cláusula que pode ser considerado título executivo, porque a exequibilidade
lua falta dela não pode ser convencionada.
Podendo, no entanto, haver cláusulas de não execução, ou seja, "eu obrigo-me a não
propor ação executiva contra ti", mas estas convenções de não execução tem que ser
limitadas no tempo, para evitar estarmos perante uma renúncia antecipada de direitos,
que podem levar à nulidade da própria cláusula contratual.
O art. 707 e 715, tanto um como outro reportam a situações em que o documento
apresentado como título executivo não chega. No 707, sem o documento complementar
não temos título executivo, o documento complementar vai determinar a exequibilidade
extrínseca. No 715 temos a exequibilidade intrínseca em que a obrigação exequenda se
tornou certa, líquida e exigível.
Assim, o contrato tem que ter sempre uma cláusula que remeta para a forma como se
vai provar documentalmente a constituição da obrigação, ou seja do crédito exequente.
É necessário que o contrato tenha força executiva, 703/1-b)
Contratos comerciais de distribuição. Franquia, agência são contratos que instituem uma
relação jurídica duradoura (contratos quadro).
Só se pode, compensar créditos já constituídos mas podem ainda não ser totalmente
exigíveis (oposição a execução).
O documento complementar tem que ter força executiva (como as lideranças) ou
passado em conformidade com as cláusulas do documento originário.
Estamos perante uma declaração antecipada de não cumprimento, assim para a ação
executiva, existe um vencimento antecipado na data da declaração antecipada. O AE
18
pode dizer que as obrigações do mutuário ainda não estão vencidas e é necessário
provar que antes da prepositura da ação executiva houve uma causa antecipada de
exigibilidade (exequibilidade intrínseca). Para determinar se há titulo executivo aplicamos
o 707, mas para saber como provar se a obrigação se tornou certa, liquida e exigível no
2 momento, aplicamos o 715. O 715 opera da mesma forma que o 707, o exequente tem
que provar que a obrigação exequenda constituída em face do titulo executivo, no 2
momento se tornou exigível ou liquida. Tem que provar, não que existe titulo executivo,
mas que a obrigação emergente do titulo se tornou certa, exigível e liquida entre a
elaboração do titulo e a prepositura da ação executiva. Assim, temos um contrato de
abertura de crédito, temos o documento complementar que ira integrar o próprio titulo,
temos uma causa de vencimento antecipada da obrigação, este vencimento tem que ser
provado porque não consta do próprio titulo (se fosse depois da data que consta do titulo
não era necessário provar nada), mas neste caso estamos a querer executar o crédito
antes da data prevista no titulo, logo temos que provar a causa que nos leva á
exigibilidade antecipada.
A doutrina aplica o 715 nos casos em que a obrigação se torne liquida, certa e exigível,
no momento antes da prepositura da ação executiva, por analogia. O banco teria que
provar que houve uma declaração antecipada de não cumprimento. É possível haver
prova testemunhal segundo 715. Contudo, segundo 715, se a prova apresentada for não
documental, ela devera ser apreciada por um juiz e não pelo AE. O juiz aprecia a prova
e pode eventualmente chamar o executado para ser ouvido. Se o executado nada disser
temos um efeito cominatório pleno, 715/4, considerando que os factos apresentados são
verdadeiros e estão provados.
CASO PRÁTICO 10
1. Poderá Fernando intentar, no final do 4.º mês, uma cação executiva contra
Mara? Determine a obrigação exequenda.
Uma nota inicial acerca das três prestações que foram pagas. Pagou três e certamente
havia título executivo para 30.000EUR. Bom, ao fim do 4º mês, havia um mês que estava
em mora (10.000EUR). Para estes 10.000EUR que estão em dívida não há dúvidas.
Mas agora vamos para uma zona mais cinzenta. Uma prestação não pagou e pode haver
ação executiva relativamente a essa mas se a Mara diz que já não vai pagar as
prestações seguintes (as restantes 6!) pode haver já ação executiva relativamente a
essas?
Vejam o 781 CC. Se víssemos o 781 CC diríamos: “cá está, venceram-se todas!”. Mas
atenção, no caso estamos num cenário especial da própria venda a prestações. Então
vejamos agora o 934.º CC porque é o 934.º que responde ao nosso caso. Em princípio
no nosso caso não havia reserva de propriedade, a coisa foi entregue e o que o 934 diz
na 2ª parte é que até à oitava parte do preço total da coisa não há perda do benefício do
prazo em relação às prestações seguintes. Então, e desde que haja entrega do imóvel,
Fernando só poderá executar a 4ª prestação. Mas tudo muda de figura na segunda
pergunta.
19
Aula Prática 18/03/15
(Dr. Rui Pinto)
2. Poderá Fernando intentar, no final do 8.º mês, uma cação executiva contra
Mara? Determine a obrigação exequenda.
Assim,
Quanto à certeza do valor: o 716/1 o titulo executivo não diz 70 000 euros mas diz
10+10+10...
Caso prático 11
20
2. Se sim, pronuncie-se sobre o título executivo em questão, em especial
sobre (i) a relevância da celebração do casamento para a cação executiva; (ii) a
importância da natureza sinalagmática do contrato em questão.
Estamos pente um titulo que é o contrato de compra e venda autenticado onde fazem
parte Gualdino e Fausto, não tendo Helga legitimidade segundo o art. 53 pelo principio
da literalidade.
Já se fosse um contrato a favor de terceiro, em que o destinatário dos efeitos reais seria
a Helga, também pelo art. 53, teria legitimidade como credora, não seria era a única
credora.
Segundo art. 10 estamos perante uma ação executiva que tem por base um titulo
executivo que corresponde ao contrato compra e venda entre fausto e Gualdino
autenticado por notário, art. 703/1 b) (a C/V esta nos art. 874 e ss CC).
Este contrato de compra e venda esta sujeita a uma condição suspensiva, art. 270 CC,
que só se concretiza após o casamento de Helga. Temos então um facto constitutivo
complementar que é a tramitação da condição suspensiva, a exigibilidade da condição
de precedência do pedido segundo o 713, que no nosso caso seria o casamento da
Helga.
- Nos termos do art. 715, o exequente deveria juntar no requerimento executivo, como
prova complementar, a certidão de casamento da filha ou a revista cor-de-rosa onde
aparece a reportagem do casamento.
Estamos perante uma execução de entrega de coisa certa. O 550/4 diz que quando
estamos presente a execução para entrega de coisa certa a forma de processo é única,
que digamos que é a forma ordinária como diz prof. Lebre de Freitas e RP.
A forma única é a forma que resulta do 724 e ss combinada com as regras especiais
para entrega de coisa certa, 859, sendo certo que se o titulo for sentença (que não é o
caso) teríamos que ter em conta o 626/3, é como se fosse forma sumaria, ou seja a
citação para oposição do executado é feita após a entrega da coisa.
Forma única é um mix: não é em bom rigor a forma ordinária, pois é a forma supletiva
geral, 724 e ss conjugada com as regras para entrega de coisa certa, com as
especialidades do 859 e ss (como o caso de ser citado após a entrega da coisa).
O exequente pode pedir para que não seja logo citado o devedor para que não
desapareça com os bens (despensa judicial de citação previa).
Como em principio no processo executivo para entrega de coisa certa se NÃO FOR DE
SENTENÇA CONDENATORIA 626/3, a citação é anterior á execução, é possível
aplicamos o 727 dizendo que não se notifique a pessoa senão ela vai desaparecer com
o bem.
21
requerimento inicial designa-se o AE, quando não for designado pelo exequente, 720/2
e 8---notificado o exequente--- dá-se a produção de prova complementar (que é o caso),
715---despacho liminar de citação em que o executado tem 20 dias para entregar a coisa,
859 ou opor-se, 731 que remete para o 729 (bens a penhorar em termos de garantia
patrimonial) e cessa a possibilidade de entrega da coisa (doutrina da apreensão).
Com a reforma de 2003 a entrega de coisa certa passou a ter forma única, 550/4. O 727
que respeita a uma espécie de forma sumaria, falamos de penhora e no caso de
processos para entrega de coisa certa não há uma penhora mas sim uma apreensão do
bem. Assim, na generalidade da doutrina é aceite a entrega de coisa certa anterior à
citação, não sendo incompatível porque mesmo que a execução proceda pode haver a
restituição do bem nos termos do art.8??/5.
Outras justificação para aplicação do 727 nos casos de forma única onde não temos
penhora mas sim apreensão é o facto do art. 861/1 manda aplicar subsidiariamente a
regra da penhora.
O prof. LF na aplicação do 727 na entrega de coisa certa acautela o fato de que quando
não houver aceitação previa, o executado é notificado para se opor á apreensão, mas
só depois de decorrido o prazo de oposição é que havia lugar a apreensão numa ideia
de ato continuo.
no caso estamos perante uma obrigação que não é certa, falta a escolha ou
determinação de uma formalidade que é exigido no art. 400 CC e à a necessidade de
um ato acessório de especificação da qualidade da prestação, o objeto tem que ser
determinado. A indeterminação qualitativa pode acontecer nos casos das obrigações
genéricas, 539 e ss CC ou alternativas, 543 CC. Neste caso falta a determinação do
objeto concreto de modo a proceder á transmissão da propriedade da viatura, 408/2 CC.
A cor do carro podia ser roxa, amarela ou rosa, no entanto nada foi dito por Helga.
Estamos perante uma escolha de terceiro, de uma obrigação alternativa, 549 CC que
remete para 542/2CC (genéricas) se o terceiro não escolhe devolve-se a escolha ao
devedor, com prejuízo do credor.
Caso prático 14
22
Segundo os art. 85/1 e 86 CPC e 33 e 41 da LOSJ, apenas os tribunais de 1ª
instancia tem competência executiva. Quando se trata de um titulo executivo judicial, em
regra é executado dentro dos próprios autos, art. 85. Há um principio de coincidência
territorial entre a competência declarativa e executiva, a sentença é executada na
comarca onde foi proferida, em principio no próprio tribunal que a proferiu, e no mesmo
processo declarativo.
Contudo, nos casos em que se trata de sentença proferida em tribunal superior, como é
o nosso caso, o processo declarativo tem que baixar ao tribunal de 1ª instancia, conforme
nos diz o art. 86 – 2ª parte, sendo competente para a execução o tribunal do domicilio
do executado, art. 86 – 1ª parte. No nosso caso, como o domicilio de Olga é Évora, o
tribunal competente para a execução seria, igualmente, o Tribunal da Comarca de Évora.
Contudo saliento que, nestes casos, ainda que o tribunal seja o mesmo, o processo de
execução não decorre nos próprios autos, regra que é excecionada pelo facto de
estarmos perante uma decisão proferida por um tribunal superior. Consubstancia numa
incompetência absoluta em razão da hierarquia, art. 96, seguindo-se um despacho de
indeferimento liminar, culminando na absolvição do réu na instancia, no caso deste já ter
sido citado
NOTA1:
A forma de processo é sumaria, 550/2 a) pois o titulo executivo é uma sentença.
Mas o 626/2 é que nos diz que qualquer sentença portuguesa ou arbitral é sempre
sumaria. E decorre nos próprios autos, 85 (territorial – na própria comarca e hierárquica).
Esta é uma sentença que vem de um tribunal superior, ou seja por um lado não é
estrangeira, esta cá e por outro não me parece que possa pedir para que a sentença
seja executada nos próprios autos como decorre do art. 85, pois baixa a outro tribunal,
sendo uma sentença que não cabe no 626/2 mas sim no 550/2 a).
O art. 85 só se aplica em
NOTA 2:
O art. 86 é de competência hierárquica porque diz que tem que baixar à baixa à 1ª
instancia e é territorial porque refere o local do tribunal competente para executar a
sentença.
23
O titulo executivo é uma sentença portuguesa e é executada dentro dos próprios autos,
típica do art. 85. Há um principio de coincidência territorial entre a competência
declarativa e executiva, a sentença é executada na comarca onde foi proferida e em
principio no próprio tribunal que a proferiu no mesmo processo declarativo. Se virmos na
LOFTS vimos que as competências centrais e locais elas tem competência para executar
as suas próprias decisões. À partida os tribunal declarativo tem competência executiva,
a não ser que haja juízo de secção de execução, que neste caso, por forca da lei
orgânica o processo é remetido com carácter de urgência oficiosa para a secção de
execução, 85/2.
O requerimento da ação declarativa não serve para a ação executiva. Mas não se coloca
um requerimento ex novo mas sim mete-se um novo processo como se fizesse parte do
processo inicial mas com tramitação autónoma.
Assim, não sendo colocada na secção de execução do Porto, parece resultar de uma
competência absoluta, resultando um indeferimento liminar do juiz.
No nosso caso como estamos perante matéria comercial, e sendo por sentença
condenatória da 1ª instancia do tribunal judicial de Lisboa, a ação executiva devia ter
sido instaurada na 1ª secção de comercio da comarca de Lisboa, DL 49/2014 art. 84/1
e) e não na 1.ª Secção de execução do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa
como foi. Daqui resulta uma incompetência absoluta, 96 e como tal consubstancia numa
exceção dilatória segundo art. 577 a) é de conhecimento oficioso, 97/1 e 578, mas é in
susceptivel de sanação. O tribunal deve indeferir liminarmente o pedido, mas como neste
caso estamos perante um processo sumário, execução de sentença condenatória 626/2,
logo o AE não podia proferir o impedimento liminar do requerimento executivo, pois o
855/2 diz que quando o agente de excussão verificar que há falta de pressupostos
24
processual, ele não pode decidir sobre essa matéria, deve enviar o processo para o juiz
para despacho liminar ou rejeitar oficiosamente a execução, segundo, 754??
Nos juízos de execução o que interessa é o tipo de processo, nos juízos de comercio o
que interessa é a matéria em causa.
Caso prático 15
Segundo o art. 712 manda que o requerimento seja entregue de forma electrónica. A não
ser que houvesse um caso de justo impedimento previsto no art. 144, poderia a parte
suprir e entregar por via electrónica. O processo e electrónico, o 144/1. Há exceções
144/7 se for até 5000 euros pode ser em suporte papel desde que não haja constituição
de mandatário, caso contrario sempre que há constituição de mandatário o suporte tem
que ser o da via electrónica.
A secretaria recusaria com base no 725/1 a). Que diz que reusa se não houver sido
entregue em modelo próprio. Sempre que a secretaria recuse eu posso reclamar para o
juiz, 725/2. O juiz ou me da razão ou não.
Se o juiz disser que não, e se eu meter processo nos 10 dias o requerimento fica com
data da primeira e apresentação, 725/3, se não apresentar em 10 dias não se pode
sequer apresentar, 725.
O titulo pode ser referido mas não acompanha ação, 725/1 d) A secretaria vai notificar o
requerente, e conjugando com o 724/4 a). Vai dispor o prazo de 10 dias para entregar o
titulo executivo (se for titulo de crédito não pode ser copia), a recusa da secretaria é a
falta de titulo executivo.
Na forma sumaria, o 855/2 a) o processo vai para o AE sem passar pela secretaria. O
AE faz as vezes da secretaria, usando as competências do 725. Se não houver AE
designado, 719 designa AE, fazendo a secretaria a verificação, nesse caso quando
chega ao AE este já não volta a verificar.
25
(iv) Acção executiva proposta com apresentação de título executivo de onde
resulta uma dívida de 2.000,00 EUR, tendo o exequente apresentado um pedido de
4.000,00 EUR;
Até 2000 se for sentença a forma é a sumaria, 626/2. Se for um cheque é sumaria por
causa do valor, 550. Mas podia ser ordinária se fosse o caso do 550/3. Neste caso não
há despacho liminar.
Se eu estou a pedir 4000 e só tenho titulo para 2000 quem vai verificar este abuso é o
AE, suscita a intervenção do juiz 855/2 b). Provoca o despacho liminar do próprio juiz,
726/3 O juiz neste caso profere um despacho de indeferimento parcial, indeferindo o
excesso em relação ao que consta no titulo.
Se o AE dissesse que estava tudo bem e prosseguisse para a penhora de 4000 euros,
teria que ser o devedor na oposição à execução invocar que não havia divida de 4000
mas sim 2000.
(v) Acção executiva em que o título executivo é uma sentença judicial que
condenou o executado no pagamento de um montante de 5.000,00 EUR; considere
agora, nesta hipótese, as seguintes sub-hipóteses autónomas: forma sumaria 626/2
a) O exequente requer a citação prévia do executado;
Por regra não há citação previa. Mas neste caso o credor quer a citação previa – se fosse
forma ordinária a citação pedir a dispensa da citação previa, 727 – mas aqui é o oposto,
a lei não prevê esta situação. No novo código há o dever de ...formal 547 e 6 gestão
processual, quando for o melhor para a causa adaptar a forma processual. O principio
da atuação formal o juiz ad hoc pode decretar atos processuais inovatórios, logo seria
possível pois o credor esta a renunciar à forma sumaria..
b) É executado apenas o fiador;
Executado só o fiador, como tem o beneficio da excussão previa, este pode chamar o
devedor principal, 745.
O 550/3 d) estamos perante a forma sumaria 626/2, pode seguir a forma ordinária se for
executado apenas o devedor subsidiário que não haja renunciado ao beneficio da
excussão previa. A lei quer proteger o fiador e por isso chama um juiz ao processo.
26
O titulo é o contrato mútuo.
Em principio estamos perante um processo de sumaria, 550/2 c), mas uma vez que
estamos perante uma exceção prevista no 550/3 c), mas visto haver um pedido de
requerimento executivo que alegava a comunicabilidade da divida que tem um penhor,
assim aplica-se a forma ordinária. 03:46 15/04
Algumas notas relacionadas ainda com os dois últimos pontos do caso 14 antes de
avançarmos para o caso seguinte: é possível cumular a execução de várias dívidas da
mesma pessoa contra uma mesma pessoa ou várias pessoas coligarem-se contra uma
mesma pessoa.
27
Vejamos agora a questão da coligação. Se for um sujeito (por ex administrador de
condomínio) a intentar ação contra vários sujeitos (por ex condóminos), pode? Onde há
uma coligação, não deixa de estar em causa uma cumulação de pedidos e isso é um
ponto comum com o que já vimos. Por definição, a coligação tem de respeitar sempre
um destes artigos (709 ou 710, essencialmente o 709) mas temos que ver com atenção
também o art. 56 (que veremos também na aula teórica). Diz o 56 que desde que não
haja nenhuma circunstância impeditiva do 709/1 então pode haver os tipos de coligações
indicadas. (ao não remeter para o 710 parece excluir a coligação de sentenças mas
não estou certo (Prof) porque para mim (Prof) até nos casos do 710 é preciso cumprir os
requisitos do 709... mas adiante)
Últimas notas: tanto a cumulação com a coligação são voluntárias. O art. 85 aplica-se
sempre que o titulo seja uma sentença e só o art. 85 se aplica (não é preciso ir ao 89).
Notas prévias: Execução para entrega de coisa certa é forma única (mas atenção que
se o título for sentença há a especialidade do art. 626); se for execução para pagamento
de quantia certa a forma pode ser ordinária ou pode ser sumária (550).
28
A oposiçãoo á execuçãoo configura por parte do tribunal uma atividade do tipo
congnitivo, sendo qualqificada como uma ação declativa. Sendo uma ação declarativa
ela corre por apenso à ação executiva em que o executado poderá levantar questões
que sejam de conhecimento oficioso, poderá alegar fatos novos, poderá apresentar
novos meios de prova, poderá levantar questões de direito. A possibilidade que é dada
ao executado na oposição á execuçãoo obriga a uma apreciaçãoo cognitiva material ao
tribunal, assim ja nao estamos na lógica da ação executiva, mas sim uma apreciação de
uma ação declatratva com vista a aferir se a pretencao do executado tem ou não
cabimento, porque tendo culminara com a extinção da ação executiva.
1º perceber o momento prévio á execuçãoo á oposiçãoo que é a citaçãoo. (é aqui que
incide os casos práticos), relativamente ao despacho de citação. Saber se os termos em
que o despacho de citação foi feito preenche os requesitos presentes na lei.
Na execuçãoo com citação previa á penhora (ordinária) a citação é feita nos termos
gerais que devera ser realizada pelo AE, 719/1, por via postal, 228. Se a citação se
frustrar, a mesma é feita mediante contacto pessoal do AE com o executado, 249. Se no
prazo de 30 dias nao se concluir a citação, o AE deve informar o exequente e decorridos
mais 30 dias se informe o juiz de execução, 266/2 e 3. Pode haver lugar á citação por
edital electronica, art. 11 e 12 portaria 282/2013 de 29/08.
CITAÇÃO
Efeitos da citaçãoo:
- efeito processual principal qie é o da constituiçõ da realação jurídica processual
entre o excutado e o tribunal, 259/2
- efeito processual secundário é o da litispendência: o credor esta impedido de
colocar uma nova execuçãoo contra o autor com o mesmo objeto processual, ainda que
o titulo seja diferente.
- Efeito material: colocar o reu devedor em mora no caso das obrigações puras,
805CC e 610/2 al b). É com a citação que se vence a obrigaçãoo.
29
execuçãoo, ex vi 19871. O tribunal pode no entanto conhecer o erro da forma de
processo oficiosamente segundo o art. 196.
OE
A- Dedução de execepção dilatória: 729 al. C) por remissaõ do 730, 731 e 857/1:
o incompetência do tribunal quer absoluta quer relativa
o nulidade de todo o processo
o falta de personalidade ou capacidade jurídiciaria de alguma das partes
o ilegitimidade de alguma das partes
o coligaçãoo indevida: quando entre os pedidos nao exista conexão exigida, 56/1
o falta de constituiçãoo de advogado, 58
o a litispendência 564/1 c), 577 i), 580 e 582/1 e 2.
Alguns deste vícios sao sanáveis, &7” (principio da oficialidade), devendo o juiz
promover oficiosamente a sua correção.
Se for uma sentença esta sera inexequível se nao conter uma condenaçãoo, nao estiver
assinada pelo juiz, esteja pendente de recurso com efeito suspensivo, 704/1 e 647/2 a
4., tenha sido revogada em recurso, sendo estrangeira nao tenha sido revista pela
relação, 978/1, 979.
Vícios que se podem alegar referentes à ação declativa que da origem ao titulo:
- excepcoes dilatórias, 727/f)
- nulidades originarias como a falta de citação para a ação declarativa, quando o
reu nao tenha intervindo no processo, 729 d);
- falsidade do processo ou sentença, 729/b) – 1ª parte que influenciem no
processo executivo;
- nulidades ou anulabilidades de confissão na sentença homologatória, alínea h);
- anulabilidade da sentença arbitral, 730
estes vícios nao podiam ter ser alegados na ação declarativa ou na injunção, por isso, a
lei admite que seja exepcionado o Principio da Preculsão ou da Imutailidade do caso
julgado.
30
D- factos impeditivos, modificativos ou extintivos e impugnaçãoo do crédito
execuente:
- além da inexgibilidade, incerteza e iliquidez, podem ainda o executado apresentar
outros fatos impeditivos, modificativos ou extintivos para defesa por execepção
perentória, 576/3.
Aplicado o art. 729/ al. G) para onde remetem os art. 730, 731 e 857. Alguma
jurisprudência defende que esses factos devem ter existência actual no momento em
que são invocados, nao podendo estar dependente de um evento futuro e incerto.
- os factos impeditivos consubstanciam a existência originaria da obrigação seja
por:
o falta ou nulidade formal do titulo material ou executivo
o nulidade nao formal
o fata de causa do aceite da letra ou liveranca.
31
Efeitos da Sentença:
I – Sentença de forma
II – Senteça de Merito
CASO PRATICO 18
Maria propôs acção executiva contra Nuno, munida de sentença que condenava
este a pagar àquela a quantia de 15.000 EUR.
Citado para a acção executiva, Nuno deduziu oposição à execução trinta dias
depois, com os seguintes fundamentos:
(i) A dívida fora parcialmente perdoada (no montante de 5.000 EUR) por Maria
já antes da propositura da acção declarativa, numa festa em que ambos se
encontravam, embora Nuno se tenha lembrado desse facto apenas agora. Nuno
afirma que a dívida foi parcialmente extinta, arrolando dez testemunhas que
também se encontravam na festa, apesar de não ter qualquer prova documental
para apresentar em oposição à execução;
(ii) Nuno detinha um contra-crédito sobre Maria, cujo valor ascendia a
30.000,00 EUR, que se constituiu antes da propositura da acção declarativa, mas
que apenas se tornou exigível na pendência da acção declarativa. Nuno
apresentou um documento a provar a sua pretensão, que revestia todos os
pressupostos de exequibilidade extrínseca e intrínseca. Tendo em conta o
exposto, pretende compensar a sua dívida remanescente de 10.000,00 EUR e
apresentar reconvenção quanto aos restantes 20.000,00 EUR;
(iii) Nulidade da citação para a acção executiva.
DAVID REIS
1º perceber o momento prévio á execução á oposição que é a citação. (é aqui que incide
os casos práticos), relativamente ao despacho de citação. Saber se os termos em que o
despacho de citação foi feito preenche os requisitos presentes na lei.
Na execução com citação previa á penhora (ordinária) a citação é feita nos termos
gerais que devera ser realizada pelo AE, 719/1, por via postal, 228. Se a citação se
frustrar, a mesma é feita mediante contacto pessoal do AE com o executado, 249. Se no
prazo de 30 dias não se concluir a citação, o AE deve informar o exequente e decorridos
mais 30 dias se informe o juiz de execução, 266/2 e 3. Pode haver lugar á citação por
edital electrónica, art. 11 e 12 portaria 282/2013 de 29/08.
CITAÇÃO
Efeitos da citação:
- efeito processual principal que é o da constituição da relação jurídica processual
entre o executado e o tribunal, 259/2
- efeito processual secundário é o da litispendência: o credor esta impedido de
colocar uma nova execução contra o autor com o mesmo objeto processual, ainda que
o titulo seja diferente.
- Efeito material: colocar o réu devedor em mora no caso das obrigações puras,
805CC e 610/2 al b). É com a citação que se vence a obrigação.
32
- a falta de citação encontra-se no art. 188 e a nulidade no 191. Tem lugar quando
não hajam sido, na sua realização, observadas as formalidades prescritas na lei.
- a falta de citação pode ser arguida pelo executado a todo o tempo, 198/2 e 851/1,
caso tenha ocorrido à revelia, ou mera ineficácia da citação (quando executado é citado
2 vezes nos mesmos termos e para o mesmo processo).
- Se o executado intervir na causa sem arguir, a falta de citação sana-se, 188 (por
exemplo comparecer em tribunal ou indicar bens a penhorar).
- A nulidade da citação pode ser arguida no prazo da oposição. Se for por
nulidade de citação edital ou quando não foi estipulado prazo para a defesa, esta pode
ser arguida quando da primeira intervenção do citado no processo, 191/2 e 3.
- A falta de arguição da nulidade dita a sua sanação, salvo no caso do 191/2- 2ª
parte, por ser de conhecimento oficioso, ex vi 196.
OE
A- Dedução de exceção dilatória: 729 al. C) por remissão do 730, 731 e 857/1:
o incompetência do tribunal quer absoluta quer relativa
o nulidade de todo o processo
o falta de personalidade ou capacidade judiciaria de alguma das partes
o ilegitimidade de alguma das partes
o coligação indevida: quando entre os pedidos não exista conexão exigida, 56/1
o falta de constituição de advogado, 58
o a litispendência 564/1 c), 577 i), 580 e 582/1 e 2.
Alguns deste vícios são sanáveis, &7” (principio da oficialidade), devendo o juiz
promover oficiosamente a sua correção.
33
pode ser arguida a inexistência do titulo ou inexistência de aparência mínima de titulo,
ou seja anão verificação dos pressupostos do 703 a 708, como a sua inexequibilidade.
A alegação deste vício ao abrigo do 729 por remissão 730, 731 e 857/1 configura
materialmente numa defesa por impugnação, já que o executado nega o fato da
existência do documento ou do seu valor jurídico.
Se for uma sentença esta será inexequível se não conter uma condenação, não estiver
assinada pelo juiz, esteja pendente de recurso com efeito suspensivo, 704/1 e 647/2 a
4., tenha sido revogada em recurso, sendo estrangeira não tenha sido revista pela
relação, 978/1, 979.
Vícios que se podem alegar referentes à ação declativa que da origem ao titulo:
- exceções dilatórias, 727/f)
- nulidades originarias como a falta de citação para a ação declarativa, quando o
réu não tenha intervindo no processo, 729 d);
- falsidade do processo ou sentença, 729/b) – 1ª parte que influenciem no
processo executivo;
- nulidades ou anulabilidades de confissão na sentença homologatória, alínea h);
- anulabilidade da sentença arbitral, 730
estes vícios não podiam ter ser alegados na ação declarativa ou na injunção, por isso, a
lei admite que seja excecionado o Principio da Preclusão ou da Imutabilidade do caso
julgado.
34
▪ Falta de protesto
Efeitos da Sentença:
I – Sentença de forma
II – Sentença de Mérito
ANA LEAL
Fundamentos da OE.
Devemos saber se o fundamento poderia em abstrato ser invocado, e se o fundamento
é admissível no caso concreto.
Nos títulos judiciais temos uma taxividade de fundamentos e não mais do que os que
estão previstos no 729. Na alínea g e h deste artigo, temos causas de restrição de um
titulo judiciário. Na alínea g) temos uma limitação temporal. O legislador diz que se o
executado já teve a oportunidade de se defender na ação declarativa uma vez que temos
o principio da concentração de defesa e o respeito pelo caso julgado, não nos podemos
defender na ação executiva com factos que já nos devíamos ter defendido na ação
declarativa.
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Temos um limite temporal, o executado apenas pode invocar fatos extintivos,
modificativos ou impeditivos em OE quando os factos sejam supervenientes, ou seja, na
superveniência objetiva, que são os factos ocorridos depois do encerramento do
processo na ação declarativa (audiência final) – POSICAO DO RUI PINTO, LEBRE DE
FREITAS SOBRE ADMISSIBILIDADE DA SUPERVENIENCIA SUBJETIVA.
A particularidade da alínea h), face à alínea g) do 729 é que a alínea h) nada refere
quanto à temporalidade (superveniência dos factos). O prof. LEBRE DE FREITAS diz
que a compensação de créditos deve ser admissível até ao limite de tempo que é
admitida a reconvenção, pelo principio da concentração da defesa, tem assim um limite
diferente da alínea g). A ideia subjacente a esta limitação é o respeito pelo caso julgado,
pois se não se defendeu na ação declarativa, tendo os factos já ocorridos, não poderá
agora defender-se na ação executiva, com base nesses factos.
Citado para a acção executiva, Nuno deduziu oposição à execução trinta dias
depois
trata-se de um titulo de execução baseado em sentença Conforme 703/1 a). Quanto aos
fundamentos alegados, estamos perante uma remissão de divida, segundo art. 729/g e
h), que é um facto extintivo da obrigação exequenda.
Se aparecer “ nulidade de citação para a ação executiva porque não foi previa à
penhora”. Aqui temos que ver se há problemas na OE, as consequências da nulidade de
citação e saber se devia ter sido citado previamente. Ou seja, analisar a tramitação inicial
da ação executiva. Por exemplo se for processo sumário não existe qualquer nulidade
na falta de citação antes da penhora, mas mesmo que houvesse nulidade da citação,
não existia fundamento para a oposição á execução, 851 e ss, na verdade só a nulidade
para a ação executiva é que é fundamento para OE.
3 fundamentos
- perdão da divida
- compensação
- nulidade da citação
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quando analisamos os fundamentos para a OE devemos fazer uma referencia à
admissibilidade geral do fundamento e depois ver, se no caso concreto, o fundamento é
ou não procedente, 729/g e h
O prof. RUI PINTO entende que, se há um facto superveniente subjetivo, deve ser
interposto recurso de revisão e não se deve aplicar a situação presente no 729/g.
Quanto á prova documental, Nuno não tinha um documento mas sim o testemunho de
10 pessoas (atualmente no NCPC o numero de testemunhas não seria um problema, ao
contrario do antigo CPC donde a OE era processo sumário, logo na poderiam ser 10 as
testemunhas. Atualmente este problema do n. De testemunhas não se coloca porque é
exigido prova documental). O prof. TEIXEIRA DE SOUSA critica a exigência de prova
documental, exceto para os casos da usucapião e prescrição porque são factos de
ocorrem pelo passar do tempo, ainda assim o prof. entende que não estamos a falar de
documentos que obrigatoriamente tenham que ser revestidos de forca executiva.
Contrariando a posição do prof. LOPES CARDOS que dizia que o documento probatório
do facto teria que revestir os mesmos requisitos que o titulo de crédito, ora isto não faz
qualquer sentido porque o âmbito da OE é o de uma ação declarativa. De igual forma, o
prof. LEBRE DE FREITAS diz que, nestes casos, o documento a utilizar na OE não tem
que ter força executiva. Apenas salientando a necessidade de se admitir apenas prova
documental, pois estamos perante a manifestação do principio da autonomia da
obrigação exequenda face ao titulo executivo, não interessando a obrigação exequenda
mas sim a existência de titulo executivo, sendo certo que este titulo executivo só pode
ser destruído com um meio de prova igual ao do próprio titulo, ou seja, um documento,
fazendo algum sentido a posição do prof. Lopes Cardoso, ou seja que o documento
probatório tivesse que revestir os mesmos requisitos que o titulo de crédito, no entanto,
esta exigência de forma no documento probatório do facto não faz qualquer sentido,
porque, como já referi, o âmbito da OE é um processo declativo e não executivo.
Por fim, o prof. TEIXEIRA DE SOUSA afasta a exigência da prova documental,
questionando a constitucionalidade desta norma, pelo facto de estarmos perante uma
limitação ao direito de ação que se encontra constitucionalmente consagrado no art. 20.
No entanto o prof. Faz um acrítica dupla pois critica o 729/g e o 696/1 c), porque o 696/1
c) exige igualmente prova documental. No entanto quando se trata de factos instintivos
da obrigação, o prof. TEIXEIRA DE SOUSA admite uma limitação no recurso á prova
37
testemunhal (exemplo do 395 CC em que o cumprimento não deve ser provado com
testemunhas).
Por fim, no nosso caso, o Nuno por não ter prova documental e não adotando a posição
do prof. TEIXEIRA DE SOUSA, o Nuno teria que pagar e depois recorrer a uma ação
declativa para restituição do indevido (LEBRE DE FREITAS), ou seja, para que exista
uma declaração do que foi prestado indevidamente, pois na ação declativa já podia
utilizar como prova as suas testemunhas.
38
indeminização pelos danos provenientes do incumprimento do contrato e depois disso,
se for procedente pedir a compensação. O problema neste caso nada tem a ver com a
compensação, tem a ver com o facto do executado estar a aproveitar a OE para constituir
um contra crédito (que ainda não estava constituído, sendo que os créditos
indemnizatórios são constituídos pelo tribunal) e não pode faze-lo, pois isto é uma
reconvenção (típica da ação declarativa).
O contra crédito a compensar pode ser superior, mas apenas é compensável na parte
até ao montante em divida, não podendo o executado aproveitar o restante valor para
obter um titulo executivo a apresentar noutra ação.
Nota podemos compensar créditos ilíquidos, 847/3, só não podemos compensar créditos
que não são exigíveis judicialmente. A compensação fica dependente quer da decisão
quer da liquidação, assim, conclui-se que a liquidez não obsta á compensabilidade
Caso Julgado
A sentença da decisão da OE faz caso julgado material, 732/5.
Quanto ao aproveitamento da decisão da OE, de um executado para outro, segundo o
Prof. RUI PINTO, se o fundamento alegado for comum aproveita-se, se o fundamento
não for comum, por exemplo impugnar a autenticidade de uma assinatura dizendo que
a mesma é falsa, esta será a assinatura apenas de um e não do outro que quer
aproveitar, logo nestes casos não aproveita. Pro exemplo se for um fiador e um devedor
principal, sendo os dois executados, se proceder a oposição do devedor principal
também aproveita ao devedor subsidiário.
A oposição á execução é o meio processual pelo qual o executado exerce o seu Dto de
defesa ou de contradição perante o pedido do exequente.
39
percebermos que tipo de processo estamos perante (ordinário ou sumário), se o
fundamento invocado procede ou não
A oposição á execução configura por parte do tribunal uma atividade do tipo cognitivo,
sendo qualificada como uma ação declativa. Sendo uma ação declarativa ela corre por
apenso à ação executiva em que o executado poderá levantar questões que sejam de
conhecimento oficioso, poderá alegar fatos novos, poderá apresentar novos meios de
prova, poderá levantar questões de direito. A possibilidade que é dada ao executado na
oposição á execução obriga a uma apreciação cognitiva material ao tribunal, assim já
não estamos na lógica da ação executiva, mas sim uma apreciação de uma ação
declarativa com vista a aferir se a pretensão do executado tem ou não cabimento, porque
tendo culminara com a extinção da ação executiva.
A forma da oposição à execução é a forma única declarativa que pode ser deduzida no
prazo do 728/1 e 856, ou seja, no prazo de 20 dias. A OE é formalmente uma PI e
substancialmente uma contestação, constituindo o momento oportuno para deduzir toda
a defesa, 573.
No caso pratico, a OE foi deduzida fora do prazo do 728/1 tendo como consequência o
indeferimento liminar segundo 732/1-a), 590/1 e 6/2.
Recebida a OE a regra segundo o art. 733/1, é que não suspenda a marcha do
procedimento executivo, pois para que se suspenda é necessário preencher uma das
alíneas do 733/1.
O exequente será notificado para contestar no prazo de 20 dias, 732/2 e 225/2 ex vi 250.
Na contestação o exequente pode impugnar exceções perentórias ou alegar os factos
contraditórios.
Caso não conteste, aplica-se o art. 567/1 e 485, considerando-se confessados os factos
articulados pelo opoente. Não se tem por confessados os factos que estiverem em
oposição com os expressamente alegados pelo exequente no requerimento executivo.
Após a contestação seque-se os termos do processo sumário sem mais articulados,
732/2. Os bens são penhorados na mesma.
O prazo para a sentença ser proferida é de no máximo 3 meses, 723/1 b), sendo
impugnável nos termos gerais, podendo haver recurso de apelação segundo art 922/1 c)
e 853/1.
As consequências da procedência da OE é a absolvição do executado na instancia
executiva ou a absolvição do pedido executivo inicial.
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1) o exequente não é condenado no pedido, paga as custas da execução e da oposição.
2) a execução extingue-se total ou parcialmente, 723/4. 3) a procedência deve ser
definitiva após o transito em julgado da decisão de embargos.
i) quanto á natureza:
A natureza da OE é declarativa,
há doutrina que entende que se trata de um processo declarativo constitutivo, porque a
procedência da mesma determina automaticamente a extinção de uma situação jurídica,
ou seja, da própria ação executiva. Donde, a própria sentença da procedência produz
efeitos jurídicos. O prof. LEBRE DE FREITAS entende que se trata de uma ação
decorativa de simples apreciação negativa, porque o que se reconhece é a inexistência
de um direito, neste caso de pretensão da exequenda. O prof. RUI PINTO diz que é
necessário saber qual o fundamento. Se o fundamento for de mérito, faz sentido a
posição do prof. Lebre de Freitas e igualmente considera que estamos perante uma ação
declarativa de simples apreciação negativa, uma vez que se diz que “este direito não
existe”. Mas quando a OE se fundamenta em critérios formais, como a falta de um
pressuposto processual, o prof. RUI PINTO, diz que ainda assim pode haver uma
sentença de simples apreciação negativa, mas que não é reportada à exequenda é
reportada à falta de pressupostos processuais.
Quanto as sentenças homologatórias, estas são títulos executivos, alínea i), existem
fundamentos próprios para a OE porque podemos aplicar todo o regime de vícios de
conteúdo, vícios de vontade e tudo o que pode levar á nulidade ou anulabilidade do
próprio acordo homologatório.
Quando o titulo é extrajudicial aplicamos o art. 731, que não tem uma limitação temporal,
porque não houve uma ação declarativa previa, assim é possível na OE deduzir qualquer
defesa que poderia ter sido deduzida no processo declarativo, 731. Em regra, o que se
faz é, se um fundamento estiver incluído n 729 fazemos referencia ao art. 729/1 c) ex vi
731.
ii) possibilidade de produzi caso julgado:
Posição positiva do prof. Castro Mendes:
- a sentença de procedência por inexequibilidade do titulo executivo, por incerteza
o iliquidez da obrigação exequenda determina a absolvição da instancia executiva.
- Outros fundamentos (ex. factos modificativos, impeditivos ou extintivos) levam à
absolvição do pedido executivo com valor de caso julgado material.
Posição negativa:
- a sentença que julgar os embargos do executado improcedentes não pode
atribuir força de caso julgado material.
- O caso julgado material dos embargos diz apenas respeito à sua precedência e
não aos fundamentos (existência de crédito).
- Os fundamentos não fazem caso julgado.
Posição do prof. RUI PINTO:
- concorda com Castro Mendes no sentido de se poder isolar alguns fundamentos,
pelo que a sentença alcança valor de caso julgado, 619/1.
- A decisão respetiva conhece qualidade de caso julgado formal enquanto
pronuncia sobre , se aquela execução, conhece das condições que permitem a sua
admissibilidade, sendo o executado absolvido da instancia.
- A decisão sobre a existência e validade da obrigação exequenda também pode
alcançar valor de caso julgado material, caso seja declarada inexistente a divida (o
próprio objeto da decisão da divida) ganha força de caso julgado material.
A coisa julgada que se estabelece com a sentença que julga os embargos fica restrita
aquele processo (eficácia preclusiva da coisa julgada9 não impede a discussão e
apreciação das mesmas questões. Ou seja por regra não faz caso julgado, a não ser que
a lei o indique, 732/5. Porque É uma aço acessória e tem o prazo de 3 meses, seria muito
discutível que podíamos executar o exequente em 3 meses, também por ser um
processo acessório por regra não faz caso julgado material, só vale dentro da própria
ação, logo não podíamos obter um título executivo contra o credor. A oposição e uma
ação de defesa e de contra ataque. Nem tão pouco o exequente pode na sua
contestação reconversão contra o executado.
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5. Imagine agora que Nuno não deduziu oposição à execução, apesar de
regularmente citado para o efeito. Encontra-se numa situação de revelia? A sua
resposta seria a mesma se, tendo Nuno deduzido oposição à execução, Maria não
contestasse?
Pelo contrario, se Nuno deduzisse OE e nada contestasse, aplica-se o art. 732/3 que
remete para os art. 567/1 e 568. A aplicar-se o 567/1 (estabelece os casos de revelia
operante) considerar-se-iam admitidos os facto alegados na petição de OE, com exceção
dos factos que estivessem em oposição com os expressamente alegados pelo
exequente no requerimento executivo, de acordo com o 732/3. No entanto este artigo
remete igualmente para o 568 (que prevê os atos de revelia inoperante), neste caso
poderá ter aplicação o art. 568 d), na medida em que estão em causa factos alegados
pelo executado na OE, que como prova se exige documento escrito.
As consequências seria a não aplicação do 567/1 ou seja, não seriam admitidos os factos
alegados na petição da OE.
Este é um dos casos em que não é necessário produzir prova. Por exemplo, o exequente
engana-se nas contas. Assim, quando estamos perante uma liquidação mal feita, o que
se faz é um requerimento para o juiz, não é uma OE. Não há necessidade de uma ação
declarativa visto não ser necessário produzir prova, 723/1 d).
Não obstante o 729 ser taxativo, tal não significa que não possam existir outros vícios
não revistos neste artigo em que o executado possa se basear para alegar a sua defesa.
O prof. LEBRE DE FREITAS identifica como exemplo as situações de erro na forma de
processo ou a falta de indicação do valor da causa no requerimento executivo.
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aprecia de uma divida e que não teve a possibilidade de exercício prévio do seu direito
ao contraditório, uma vez que, como se sabe, na forma de processo sumário, a penhora
tem lugar sem citação previa do executado.
Em relação á culpa, esta consiste no facto de o exequente não ter atuado com a devida
providencia na prepositura da ação, nomeadamente quando o exequente sabia ou não
podia ignorar que a execução em causa era ilegal. A existência de culpa caracteriza a
responsabilidade aqui em causa como responsabilidade civil subjetiva, ou seja,
extracontratual, não bastando assim, a mera procedência parcial ou total da OE. Terá
sempre que se provar a culpa do exequente.
Neste caso tenho algumas duvidas em considerar que Maria agiu com culpa. Poderia
haver culpa se o 1º fundamento da oposição tivesse procedido ou se a divida já tivesse
sido compensada.
Quanto a esta questão o prof. RUI PINTO remete para o AC. Da Relação do Porto de 2
de fevereiro 2007, segundo o qual a lei não determina expressamente que o direito do
executado, à reparação dos danos deva ser exercido na própria OE ou em ação
autónoma., ou seja, não há qualquer indicação na lei quanto a esta questão.
Já no AC da Relação de Lisboa de 17 setembro 2009 é referido que o executado pode
formular o pedido de indeminização nos autos de OE.
Não obstante este entendimento jurisprudencial, segundo o prof. RUI PINTO, o fato de
ser formulado o pedido de indeminização na própria OE leva a que se perlongue o
processo executivo que, neste caso, se deve extinguir por falta de causa.
Caso prático 20
Em acção executiva proposta por Rita contra Sofia, com base num requerimento
de injunção ao qual foi aposta fórmula executória, Sofia opõe-se à execução com
base nos seguintes fundamentos:
(i) Não fora notificada em sede de processo de injunção;
Fundamentos das OE injunções, 857/1 remete para 729/d. 191 (nulidade da citaçãoo)
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(ii) A dívida em causa encontrava-se prescrita já antes da aposição de fórmula
executória ao requerimento de injunção.
A prescrição nao é de conhecimento oficioso, 303 CC. Saber se este facto é aproveitável
ao 729/g em virtude da perculsão. Estamos num processo de injunção, desde que seja
feita uma regular citaçãoo, tem o prazo da contestaçãoo. No caso nao hove citaçãoo
reguçar, sendo um facto subjetivamente superveniente à luz do 729/g, pois nao foi
envocado na altura da deduçãoo da oposiçãoo, mas sem culpa. Acrescenta-se o art.
857/2 e nao o 857/3 porque esta exceçãoo nao é de conhecimento oficioso.
Neste ponto é necessário ter em atenção que há muitas situações em que, mesmo não
sendo de conhecimento oficioso, o juiz pode notificar o executado para se prenunciar
sobre algum dos factos alegados, como por exemplo os prazos de prescrição que não
são de conhecimento oficioso.
Caso prático 23
Vasco, casado com Xica no regime geral da comunhão de bens, adquiriu diversos
electrodomésticos para equipar a casa que comprara com Xica, pelo valor global
de 50.000,00 EUR, tendo pago através de cheque à ordem de Wortin.
No acto da compra, Zito, pai de Vasco, foi parte no contrato, na qualidade de fiador.
Todavia, dois dias depois, a Wortin verificou que o cheque não tinha provisão,
razão pela qual intentou imediatamente uma acção executiva contra Zito,
requerendo a dispensa de citação prévia de Zito.
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Legitimidade de Zito: responsabilidade subsidiaria subjetiva, Zito é titular passivo de uma
obrigação acessória da do devedor principal e pode exigir a excussão previa do
património do devedor principal antes de os seus bens responderem pela divida, 627/2
e 638/1 CC.
Meios de tutela de Zito: na hipótese a execução foi movida apenas contra Zito, devedor
subsidiário, podendo este invocar o beneficio da excussão previa, e obter a suspensão
da execução até que a Wortin requeira a citação do devedor principal que consta do titulo
executivo extrajudicial, cheque, de forma a poder excutir primeiro o seu património.
Quanto á forma de fazer valer o beneficio da excussão previa, Zito pode faze-lo através
de requerimento, no prazo para embargos de executado do art. 745/1.
2. Considere agora que a Wortin, não tendo título executivo contra Zito,
intentou uma acção declarativa apenas contra este, e que este, enquanto fiador,
foi condenado a responder pela dívida contraída por Vasco. Mudaria alguma coisa
na sua resposta à questão anterior?
Se na ação declarativa não tiver intervindo o devedor principal, e assim resulte uma
sentença onde só aparece Zito como devedor, o beneficio da excussão previa não pode
ser invocado, porque o réu, na ação declarativa não chamou o devedor principal Vasco,
nos termos do 316/3 a), a menos que na ação declarativa, Zito tenha declarado
expressamente que não pretendia renunciar ao beneficio da excussão previa, art. 641/2
CC.
4. Imagine que Zito revelou ao agente de execução que Vasco escondia jóias
bastante valiosas num cofre em sua casa. O agente de execução desconsiderou
as indicações de Zito, acabando por concluir que o património do(s) devedor(es)
principal(ais) é insuficiente. Quid juris?
5. Imagine ainda que, para garantia da dívida de 50.000,00 EUR, Urraca, mãe
de Xica, hipotecou o seu T0 dois dias depois da constituição da fiança. Esta
hipoteca favorece, de algum modo, Zito?
As regras da penhorabilidade subsidiária também podem ser aplicadas em
execução de dívida com garantia real que onere bens pertencentes ao devedor?
Na execução de divida com garantia real (hipteca da casa feita por Urraca), a penhora
de bens pertencentes a terceiros só pode valor apos se verificar a insuficencia dos bens
do devedor principal, 752/1. A regra da penhorabilidade subsidiaria nao tem lugar
quando, incindido a garantia sobre bens de terceiro, a prepositura da execução tenha
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lugar so contra o devedor principal. Assim no caso de garantia real constituida no proprio
processo executio, 887/3 com as consequencias do n. 4.
46