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01/10/2018

Caso nº1
A é comerciante?
C é comerciante?
B é comerciante?

Artigo 513º CC- em princípio as obrigações são parciárias


Art. 100º CCom tem de vir em conjunto com o art. 513º CC
Obrigações podem ser singulares ou conjuntas.
Direito comercial- direito derivado especial em relação ao direito civil.
Art.1º, 2º, 7º, 13º, 101º,230º, 463º, 464º

CASO 2
1ª questão, art. 2º Ccom= Obs leis avulsas.
Onde vamos procurar? Especialidade= regimes que fornecem ou não fornecem atos especiais/
podemos encontrar, para além dos atos prescritos no código comercial, omo regimes novos de
contratos que se assumem como comerciais, e leis avulsas que em parte regulam atos
materialmente comerciais.
O que são atos= contatos, negócios unilaterais e negócios jurídicos em sentido stricto sensu ou
ate factos jurídicos (ex: desastres naturais)
No concreto
1ª relação especial por um contrato de compra e venda (comprar a coisa= carrinha)
Ato de comercio em sentido objetivo
Compra de coisas para revender
+ no ponto de vista de quem revendeu = compra para utilizar
Ato de comercio em sentido subjetivo
Art. 2º/2ª parte- 13º/1 + 7º = profissão = actos de comercio 463º

CASO 2
1ª pergunta- se a compra da carrinha é um ato comercial? Objetivamente - 463º e 464º/2 e 3 +
230º CCom.
2ª pergunta- Se David e Elvira são comerciantes?
David= Não é comerciante 464º/3 /230º/ parágrafo 3º.
Elvira= 230º/2 464º/2 , E não é comerciante, por isso não pratica atos objetivamente comerciais
D e E- regra da parcialidade quanto à responsabilidade 100º Ccom parágrafo único.
Obs: Compra e venda (não são comerciantes) + pratica um ato de comercio em sentido objetivo
e depois um ato acessório a este? Este último é também considerado um ato objetivo (novos
atos regulados pela acessoriedade).
RESPOSTA
1- A qualificação de saber que se é mais do que uma pessoa a responder e em que termos
depende da qualificação do ato como sendo de comércio ou não.
Aplica-se o regime da parcialidade do regime do art. 534º CCivil. Caso seja aplicável
o regime legal dos atos do comércio o regime é diferente (art. 100º CCom).
Ato em sentido objetivo- a compra da carrinha não é um ato em sentido objetivo. 464/1
Ato em sentido subjetivo- a compra da carinha não é um ato em sentido subjetivo- vem
excluir a aplicação do 230º/5 paragrafo 3.

ATO DA VENDA
Objetivo-
Subjetivo- SA, 13º/ 2ª parte, ato unilateralmente comercial
Art. 99º
Art. 100º paragrafo único.

Estamos perante um ato de natureza exclusivamente civil, a obrigação é parciária e,


portanto, se demandar apenas o David, apenas vai ser possível recuperar metade do
valor da dívida e não o total.

David= Não é comerciante 464º/3 /230º/ parágrafo 3º.


Elvira= 230º/2 464º/2. E não é comerciante, por isso não pratica atos objetivamente comerciais

A maior parte da doutrina não aceita a teoria do regime acessório. Teoria do acessório
CASO 3
Em 1º lugar, é necessário analisar a comercialidade dos atos:
----Compra dos quadros por F- ----
Art.2º 1ª parte- sentido objetivo
Art. 463º e 464º- A venda pela galeria já é um ato comercial (art. 230º/5). Se comprou para
revenda um objeto que era para uso pessoal, não é ato comercial objetivo (art. 464º/1)- venda
de F a J.
Art. 2º, 2ª parte- sentido subjetivo
F é advogado, sendo essa a sua profissão (profissional liberal) não é considerado comerciante.
Pressupostos para ser comerciante:
 Prática reiterada
 Lucrativa
 Autónoma
 Exclusiva
Por isso concluo que é um ato de natureza civil

---Venda de quadros por F a J---


Art. 2º/ 1ª parte- sentido objetivo
Art. 464º/1 última parte
é objetivamente comercial.
Art. 2º/ 2ª parte- sentido subjetivo
Requisitos:
1. Ato praticado por comerciante- art. 13º capacidade (art. 7º), praticar atos de comercio,
profissão (autónoma, exclusiva, lucrativa, pratica reiterada- F tem profissão liberal,
logo não é comerciante.
2. Ser exclusivamente civil
3. O contrato do ato não resultar

Por isso concluo que é um ato de natureza – Exclusivamente civil

---Compra dos quadros de J a F---


Sentido objetivo- art. 2º/ 1ª parte + art. 463º/1- é um ato de comércio
Sentido subjetivo- art.2, 2ª parte- requisitos:
Comerciante- capacidade (art.7º; pratica atos de comércio 230º/5); profissão-comerciante de
arte (autónoma, lucrativa, exclusiva, prática reiterada).
Estamos perante um ato misto art. 99CCOM
---Contrato de deposito feito por F---
Art. 403º CCom- o depósito é um ato acessório ao ato comercial
. sentido objetivo (art. 2º, 1ª parte):
Pode ser comercial um ato praticado por não comerciantes não reguladas na lei mercantil mas
acessório de um ato objetivamente comercial?
Sim- teoria do acessório- todo o ato de um não comerciante efetivamente conexo com um ato
objetivamente mercantil é comercial
Não- não há analogia iuris
Não é legitimo afirmar um princípio geral segundo o qual todo e qualquer ato de não
comerciantes seria mercantil quando ligado a outro ato objetivamente comercial.
. Sentido subjetivo
Requisitos do art. 403º- géneros ou mercadorias, destinados a atos de comercio.
F não é comerciante nem pratica atos comerciais pelo que não se aplica o art. 403º. Só se aplica
a teoria do acessório se o ato principal for de comércio- neste caso a venda é civil.
Exemplos de atos acessórios: fiança; mandato, penhor, empréstimo, deposito.
--Contrato com o guarda--
Em termos objetivos e subjetivos não é um ato de comércio. Não consta no código comercial
os contratos de prestação de serviços. Será possível a aplicação analógica do regime dos
contratos/ atos comerciais? -MC- inversão metodológica (art. 10º, 11º CC).
Resposta: não, letra da lei, razão histórica, segurança jurídica
AULA 15/10/18
RESOLUÇÃO CASO 3
Compra dos quadros por F- não se trata de um ato de comércio em sentido objetivo. Por outro
lado, F não é comerciante.
Venda dos quadros por parte de F- natureza civil não se aplica 463º/3
Venda por parte da galeria de arte- comerciante
Compra dos quadros por parte de J- ato de comércio em sentido objetivo e em sentido subjetivo
13º CCom. Art. 7º ato de comércio unilateral 99ºCcom
Contrato de deposito- 403º por parte de F não era um deposito destinado ao comercio, é de
natureza civil e não há qualquer conexão com o direito comercial.
Contrato de prestação de serviços- não temos um ato de comercio em sentido subjetivo nem
objetivo e poderia suscitar-se o problema da aplicação do ato de comércio por analogia de MC.
Em princípio não faz sentido.
Caso 4
Em primeiro lugar, é necessário avaliar a comercialidade do ato do ponto de vista objetivo e
subjetivo (art. 2 Ccom).
Art. 2º/ 1ªparte- sentido objetivo + art. 463 e 464º
Vasco contrata Manuel
O ato seria objetivamente comercial se fosse um mandato comercial, ou seja, se Vasco tivesse
contratado Manuel para que este praticasse um ou mais atos de comercio (art. 231º + 1157º +
1155º).
O mandato implica o dever de praticar atos comerciais por conta de outrem.
No caso do mandato comercial há representação e presume-se oneroso (232º CCom) diferente
do mandato civil. O mandato comercial é no interesse de ambos e do próprio comercio. O
mandato civil surge no interesse do mandante.
Neste caso o contrato de trabalho afasta o regime do mandato pela sua natureza civil (não está
regulado no código comercial)
Art. 2º/2ª parte- sentido subjetivo
Art. 13º/1 + art. 7º- tem capacidade de gozo e capacidade de exercício.
Para ser comerciante- prática de atos comerciais (art. 463º, 464º); profissão (autonomia, lucro,
exclusividade, pratica reiterada.)
Vasco é comerciante.
Manuel tem igualmente capacidade, no entanto, na profissão que exerce é um mero trabalhador,
não existindo autonomia, pelo que não é comerciante.
CORREÇÃO
Sentido objetivo- Trata-se de um contrato de trabalho, não está previsto em lei comercial
Sentido subjetivo- classificação de Vasco como comerciante
O contrato de trabalho tinha natureza exclusivamente civil.

CASO 5
Questão: saber se há solidariedade entre J e L ou se, pelo contrário, se aplica o regime da
parciariedade.
Sentido objetivo da comercialidade
Art. 2º/ 1ª parte Ccom
José e Luís (não são objetivamente comerciais 151º CODIGO DO IRS)
O contrato estabelecido entre eles e Matias não esta regulado no Ccom mas sim no CC art.
1207º. Empreitada- sendo um contrato de prestação de serviços não é um ato comercial.
Matias (sim, são objetivamente comerciais) a prestação de serviços de empreitada não esta
regulada no CCom (art. 463º e 464º) Para Menezes Cordeiro, Matias praticou um ato comercial
aplicando o art. 230/6- para Menezes Cordeiro, tem natureza objetiva e é uma lista de atos de
comércio.

Sentido subjetivo
Art. 2, 2ª parte Ccom
José e Luis (não são subjetivamente comerciais)
Art. 13º
São profissionais liberais pelo que não são considerados comerciantes, não praticam atos de
comércio. É defensível que sejam equiparados a comerciantes pois tinham um atelier.
Matias (art. 13º + 7º + 230º/6)
1. Tem capacidade de gozo e de exercício
2. Pratica atos comerciais
3. É a sua profissão (autonomia, lucro, exclusividade, prática reiterada)
Estamos perante um ato misto/unilateral- 99º
Art. 100º, paragrafo único- regra da parciariedade
II) aplica-se o DL 62/2013, nomeadamente os artigos 3ª/d), 4ª/3 a). M é empresa para efeitos
do diploma (3º d)), pois é uma entidade que não é pública e desenvolveu uma atividade
profissional autónoma, sendo pessoa singular.
Se a partir da receção é que começa a contar o prazo, a divida vence 30 dias após a receção da
fatura. A divida ficaria vencida a 15 de setembro.
Não se aplica a lei 24/96 porque J e L atuam com objetivos que não são alheios à sua profissão.
Não é propriamente uma relação entre um profissional e um comerciante. De qualquer das
formas é um uso comercial e não pessoal ou doméstico, é para satisfazer necessidades da
profissão, justifico isso com o DL 62/2013 (2º/2 a)), que equipara os profissionais liberais às
empresas.
2º/1 a); 4º/3 a) não pode exceder 60 dias salvo contrário;
III- Aplica-se subjetivamente a taxa comercial. Aplica-se o art. 102/ p.5. A taxa é de 8% em
conformidade com a portaria 277/2013, aplica-se este e o DL 62/2013. Caso contrário seria 7%
(102º p. 3). Aviso 9939/2018 para o art. 9º.
DL: penalização de 40€ 7º dl 62/2013
CASO 6
A questão deste caso prende-se com o facto de saber se G e O respondem perante a dívida
como obrigação parciária ou solidária.
A primeira questão é se estamos perante um estabelecimento comercial? F está a abrir um
estabelecimento comercial, este é caracterizado por ser um conjunto de coisas corpóreas e
incorpóreas devidamente organizadas para a prática de comércio. Para isso, começa a adquirir
todo o material e equipamentos necessários ao seu funcionamento, inclusive realiza um
contrato de fornecimento de livros.
É um ato comercial em sentido objetivo? (2º/1ª parte) Sim.
É um ato subjetivamente comercial? (2º, 2ª parte) Segundo o professor Coutinho de Abreu
sim, houve prática reiterada de atos com o propósito do sujeito vir a ser comerciante: existem
atos de organização de um estabelecimento que indicam a sua atividade. Segundo o Professor
Menezes Cordeiro, são atos ou diligencias necessárias para a prática comercial.
Temos ainda o trespasse do estabelecimento. O trespasse implica a negociação de todos os seus
elementos, incluindo o ativo (conjunto de direitos e outras posições equiparadas) e o passivo
(obrigações contraídas pelo comerciante no exercício da atividade). As partes podem, no
domínio de autonomia privada, retirar alguns elementos de estabelecimento, mas, para que haja
trespasse, este não pode ficar descaracterizado e tem que ser possível o seu funcionamento.
O trespasse é um ato objetivo: está regulado no 1112º CC, mas cabe na previsão do art.
2º/1ªparte se fizermos uma interpretação atualista. Menezes Cordeiro entende que são
comerciais os atos regidos por diplomas que visam a substituir o Ccom ou que o modificam e
se assumem como comerciais.
São comerciantes? O professor Coutinho de Abreu diz que basta a prática de ações com o
propósito de os sujeitos virem a ser comerciantes. Neste caso, há pratica de atos de comercio e
atos de organização de uma empresa comercial. Se seguíssemos essa doutrina, G e O seriam
comerciantes. Assim sendo, respondem solidariamente, segundo o regime do artigo 100º
Ccom. Assim, G e O podem ser demandados na totalidade da dívida por F e aquele que pagar
a totalidade da divida terá direito de regresso relativamente ao outro.

CASOS ESTABELECIMENTO COMERCIAL


CASO Nº 1
Magda e Manuela desenvolvem há vário tempo uma loja de vestuário típico português na zona
do Chiado, em Lisboa o qual arrendaram a Frederico.
Como o negócio lhes corre de feição e considerando o boom do turismo em Lisboa, pretendem
tomar de arrendamento a loja contígua (que se dedica à venda de salgados e doces regionais)
por forma a aumentarem a capacidade de oferta do vestuário que vendem.
Considerando que o fundo de maneio que têm poderá ser insuficiente para o desenvolvimento
da sua atividade, resolvem pedir ao Banco ABC um empréstimo no valor de EUR 500.000,00.
Magda que detesta assumir responsabilidades pessoais sugere a Manuela que se dê em garantia
a loja que já exploram e que, assim, tudo fica mais fácil.
Manuela que é muito metódica, entende que tal não faz sentido nenhum, porque a (i) loja é
arrendada, (ii) tinham de fazer um extenso inventário de tudo para entregar ao banco (vá-se lá
saber a quem é que a informação vai parar...), e (iii) que a garantia sobre a loja impede que elas
continuem a atividade porque os bens da loja ficam indisponíveis.
Enquanto a questão do empréstimo não se resolvia, Magda e Manuela decidiram ir avançando
e “compraram a loja do lado”. De imediato venderam tudo o lá estava e começaram a vender
nessa loja o vestiário típico do Minho que foi um sucesso. Quem não ficou agradado foi o
senhorio dessa loja, Marco que fica arrasado ao saber que já não pode comprar as famosas
chamuças de alheira que ali se vendiam, exigindo que Magda e Manuela retirem de imediato
tudo o que têm na loja, alegando que não “lhe tinham dado cavaco” da transmissão.
Quid iuris?

O empréstimo em analise seria tido como comercial na medida em que a coisa cedida seria
destinada a atos mercantis segundo o art. 394º.
O estabelecimento comercial pode ainda, ser dado em garantia, pode operar como objeto de
garantia.
- “quem pode trespassar pode dar como garantia” pois quem pode o mais pode o menos segundo
o professor Menezes cordeiro.
- O estabelecimento pode ser dado em garantia e continuar a funcionar normalmente, numa
situação fundamental para o bom decurso da operação.
- Pode ser dado em penhor pelo seu próprio titular - tratar-se-á de um penhor mercantil, sendo
pois suficiente, em termos do 398º §único uma entrega simbólica.
- Art.782/2 CPC é possível a penhora de estabelecimento comercial sem que afete o seu
funcionamento

O penhor confere ao credor o direito à satisfação do seu crédito, com preferência sobre os
demais credores, pelo valor de certa coisa móvel, ou pelo valor de créditos ou outros direitos
não suscetíveis de hipoteca; o bem ou o direito penhorados podem pertencer ao devedor ou
terceiro. O penhor das coisas constitui-se pela entrega da coisa empenhada ou do documento
que confira disponibilidade dela.

Analisando os argumentos de Manuela:


1. Não procede – possibilidade de transferência da posição de arrendatário (mais a frente)
2. O inventario não define o estabelecimento, nem todos os elementos do estabelecimento
são corpóreos e também são mutáveis pelo que o argumento também não procede.
1. O que caracteriza o estabelecimento é o aviamento
3. Não procede - o penhor não afeta o normal funcionamento do estabelecimento
1. O penhor sendo mercantil diz que basta a entrega simbólica dessa mesma coisa. Pode
exercer a atividade comercial da mesma forma.

Qual o contrato da “compra da loja ao lado”? Será um trespasse ?

O trespasse consiste na transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento comercial, no


seu todo, sem perda de aptidão funcional (do aviamento)

No caso de considerarmos um verdadeiro trespasse transmite-se o contrato de arrendamento.


O trespassante- arrendatário pode ceder a sua posição de arrendatário ao trespassário sem
necessidade de autorização do senhorio mas esta deve ser-lhe comunicada por escrito (1112/3).
Trespasse enquanto realidade unitária.
a. Protege o interesse dos trespassantes em transmitirem, sem entraves dos senhorios,
estabelecimentos integrando direito de arrendamento;
b. Protege o interesse dos trespassários em adquirirem empresas o mais valiosas e
funcionais possível;
c. Protege o interesse económico- geral na continuidade e desenvolvimento das empresas.
Não sendo respeitado o nº2 está também em causa o exercício do direito de preferência do
senhorio (nº4). Se não lhe for comunicado este não pode exercer esse direito de preferência
No entanto, na presente hipótese o aviamento perdeu-se – descaracterização total do
estabelecimento:
-Não há um verdadeiro trespasse (art.1112º/2/a)
-Não há transmissão dos elementos essenciais.
Inexistência de comunicação + alteração do negócio (art.1112º/2/b) onde se vendia comida
agora vende-se vestuário.

Não existindo um verdadeiro trespasse há a dependência da autorização do senhorio para a


vendo do estabelecimento (art.1112/1ª contrario) como tal, o senhorio segundo o art.1038º/f) e
art.1083º/1/c pode resolver o contrato, pois tratar-se-ia de uma cessão da posição contratual.

Penhor – Garantia real (garantia pessoal seria a Fiança) que incide sobre det. coisa móvel ou
sob créditos ou outros direitos que não são suscetíveis de hipoteca. Ato de empenhar, dar como
garantia.
Penhora - Efeito de penhorar. Apreensão judicial dos bens ou rendimentos do executado para
pagamento aos credores – processo de execução
Hipoteca – Garantia real que confere ao credor o direito de ser pago com prioridade. A hipoteca
tem de estar registada. Incide sobre bens registados na conservatória do registo predial.
1. Voluntaria
2. Judicial
CASO Nº2
Manuel Rocha explora, desde há vários anos, um café na zona do Saldanha, em Lisboa,
chamado “Manuel Rocha dos Cachorros”. O negócio que, no início, apenas dava para
“sobreviver” tornou-se pujante quando passou a incluir no seu menu, o famoso cachorro quente
“kamikaze” com uma receita única e original que atraia gente de todo o país e também do
estrangeiro, após uma reportagem publicada no The New York Times. Manuel Rocha que
começava a achar-se velho e cansado para o negócio, decide vendê-lo a Maria Botelho. Para o
efeito, as partes limitaram-se a assinar um contrato no qual se estabelecia o seguinte:
Manuel da Rocha vende a Maria Botelho o café sito na Praça Duque de Saldanha pelo valor de
EUR 1.500.000,00. O contrato foi celebrado no dia 10 de outubro de 2017. No dia 11 de
outubro, já com a chave do café, Maria Botelho repara que, durante a noite, Manuel Rocha
tinha retirado do café metade das cadeiras (deixando as mesas) e tinha levado consigo a receita
do cachorro “kamikaze”.
Além deste espanto, Maria Botelho, que, entretanto, tinha contratado uma equipa de
profissionais de restauração, fica estarrecida quando encontra os trabalhadores que tinham sido
contratos anteriormente por Manuel Rocha à porta do café e prontos para trabalhar, pois
considera que, uma vez vendido o café, os trabalhadores “vão à sua vida”.
No dia 12 de outubro, Manuel Rocha entrega a Maria Botelho uma carta onde refere que esta
deverá deixar de utilizar o nome “Manuel Rocha dos Cachorros” e dar outro nome ao café. Na
sexta-feira 13 de outubro, Sebastião proprietário do imóvel onde se localizava o café, fica
estarrecido com a carta que recebeu de Manuel Rocha a desejar “boa sorte” com a nova
proprietária do café. Espantado, Sebastião dirige-se a Maria Botelho dizendo que quer que o
imóvel de volta até ao final do mês e “já agora” as dez rendas que Manuel Rocha lhe ficou a
dever. Como se a desgraça já não fosse suficiente, Rui Vieira aparece a cobrar a dívida de
fornecimento de salsichas, presuntos e enchidos, referindo que Manuel Rocha lhe disse que
após a venda do café, ele não tinha mais nada a pagar e que deveria pedir o pagamento dos
fornecimentos a Maria Botelho, dando-lhe desde já nota de que não tenciona voltar a fornecer
qualquer produto àquele café, declarando extinto o contrato de fornecimento que duraria até
2019. Maria Botelho fica preocupada porque Rui Vieira é o único fornecedor daqueles
exclusivos produtos.
Quid iuris?
Em primeiro lugar temos que ver se estamos perante um estabelecimento comercial: Conjunto
de coisas corpóreas e incorpóreas devidamente organizadas para a prática do comércio.
Digamos que corresponde grosso modo a uma ideia de empresa, sem o elemento humano e de
direção.
Elementos do estabelecimento
Ativo: conjunto de direitos e outras posições equiparáveis, afetas ao exercício do comércio; O
estabelecimento abrange:
Coisas corpóreas, incorpóreas, aviamento e clientela.
Coisas corpóreas- direitos reais de gozo, direito de arrendamento. Ficam, pois, abrangidas
quaisquer coisas que, estando no comércio, sejam, pelo comerciante, afetas a esse exercício.
Coisas incorpóreas: direito à firma ou nome do estabelecimento e outros aspetos que, embora
à partida não patrimoniais, consintam, todavia, uma comercialidade limitada. Aquando da
negociação de um estabelecimento, é evidente que os referidos fatores incorpóreos poderão ser
determinantes para encontrar um valor. Há estabelecimentos que vale, sobretudo pelo nome
que tenham ou pelas marcas ou patentes que acarretam. Há que incluir direitos a prestações
provenientes de posições contratuais (contratos de trabalho, fornecedores)
Aviamento e clientela: aviamento corresponde à mais-valia que o estabelecimento representa
em relação à soma dos elementos que o componham, isoladamente tomados: ele traduziria,
deste modo, a aptidão funcional e produtiva do estabelecimento. A clientela, por seu turno,
equivale ao conjunto, real ou potencial, de pessoas dispostas a contratar com o estabelecimento
considerado, nele adquirindo bens ou serviços.

Passivo: adstrições ou obrigações contraídas pelo comerciante, poer esse mesmo exercício.
Inclui-se no estabelecimento embora seja frequente, em negócios de transmissão, limitá-los ao
ativo.
Podemos concluir com estes dados que estamos perante um estabelecimento comercial.
Estamos perante um trespasse? Objeto de trespasse é um estabelecimento. O trespasse é
definível como transmissão da propriedade de um estabelecimento por negócio inter vivos.
Forma: 1112º/3 está preenchida.
Objeto de trespasse é um estabelecimento: mas que não tem de ser comercial (em sentido
jurídico) - está preenchido.
O senhorio tem direito de preferência, só é possível o seu exercício se estiver preenchido o
requisito da comunicação 1112º/4.
Verificando os elementos, temos que auferir se estão preenchidos:
Ativo
Coisas Corpóreas- direitos reais de gozo, direito de arrendamento. Poderia colocar-se a
questão das cadeiras serem um elemento essencial da identidade do estabelecimento (1112/3),
apesar deste artigo, não podemos concluir que as cadeiras são um elemento essencial da
identidade deste estabelecimento.
Coisas incorpóreas: direito à firma ou nome do estabelecimento e outros aspetos que, embora
à partida não patrimoniais, consintam, todavia, uma comercialidade limitada. Quanto à não
transmissão da receita, este integra o “know-how”, e o facto de Manuel a ter retirado, afeta a
aptidão funcional. Perdendo o aviamento, o estabelecimento perde a aptidão funcional.
No que concerne aos contratos de trabalho, em princípio transmitem-se para o novo
estabelecimento comercial 1112/2 a) a contrario. Os trabalhadores podem não querer trabalhar,
logo têm que dar o seu consentimento, presumimos que houve consentimento pois apareceram
para trabalhar, por isso Maria fez mal em te contratado novo pessoal.
286- A Direito da oposição ao trabalhador
O nome da empresa transmite-se com o trespasse, bem como a marca, por isso Manuel não
pode exigir que Maria deixe de usar o nome “Manuel Rocha dos Cachorros”. Firma
Quanto às dívidas: Na vigência do atual CC, a jurisprudência e a doutrina dominantes negam
a transmissão automática das dívidas. De harmonia com o artigo 595.º CC, a transmissão a
título singular de dívidas referentes a estabelecimento só pode verificar-se por acordo entre
trespassante e trespassário. O acordo do credor é um requisito imprescindível para a
transmissão da dívida. O acordo do credor deve traduzir-se numa declaração expressa de que
libera o antigo devedor do seu débito (artigo 595.º, n.º2).
MC- vai tudo, situações jurídicas ativas e passivas.
Quanto ao contrato de fornecimento:
Este contrato transmite-se com o estabelecimento?
Para o prof Coutinho de Abreu não se transmite com o estabelecimento o contrato de
fornecimento (porque não é uma situação de facto com valor económico), no entanto, visto ser
o único fornecedor daquele produto poderá questionar-se a sua inclusão como elemento
essencial àquele estabelecimento.
Para o prof OA- as situações jurídicas de um estabelecimento dividem-se em:
Comuns - seriam as que, mesmo tendo sido geradas pela exploração, por si só nada tem que
ver com esta. Se forem suprimidas ou separadas do estabelecimento a sua característica
funcional mantém-se, (ex: dividas)
Exploracionais – estão intrinsecamente ligadas a exploração e dá como exemplo o contrato de
fornecimento de matéria prima. Incluir-se-iam dividas anteriores do contrato de fornecimento.
Assim, para o professor Oliveira Ascensão as dividas indissociáveis do estabelecimento
transmitem-se tacitamente. APLICA-SE
Se tiver havido um verdadeiro trespasse, teria que ter havido uma comunicação previa 1112/3.
Não existisse um verdadeiro trespasse (perdeu aviamento, know how etc) resultaria que não é
necessário apenas a comunicação, mas sim o conhecimento 1112/.

Síntese:presença de um estabelecimento comercial referencia necessária do contrato de


trespasse por escrito 1112/3- retirada das cadeiras e da receita no silencio das partes é
transmitido tudo o que e encontra no estabelecimento. Sabes se as cadeiras eram ou não
realmente relevantes para a aptidão funcional do estabelecimento, chegamos a conclusão que
não. Poderíamos abrir a hipótese de descaracterização do trespasse.
Aos trabalhadores- Codigo do trabalho 285º e 286-A (ARTIGO NOVO DE 2018), em caso de
transmissão da titularidade da empresa etc.. relevante o nº3 e 2º também. No caso de não se
opor, a relação laboral mantém-se inalterada.
Firma: função de identificação do exercício de uma atividade económica, a firma pode adquirir
um conteúdo patrimonial e é transmissível, MC compara-a ao direito de imagem. Manuel
Rocha 38º do Código do Regime.. contraposição com o 32º/1 principio da verdade e o artigo
304º P do código da propriedade industrial. Transmitindo o estabelecimento a firma vai com
ele, se isso não for suscetível de induzir o consumidor em erro. O pedido de Manuel rocha seria
justificado ou podíamos defender que não, dizendo que de acordo com o caso bogdass podia
ser uma firma autonomizavel, não se confundindo Manuel Rocha dos cachorros.
Questao da dispensa do consentimento ou ausência de notificação do trespasse 1112/3 e 4, no
prazo de 15 dias. Pela falta de comunicação poderia motivar a cessão do contrato? 1083º/1 a
Parece que a comunicação existiu- doutrina Coutinho de abreu, se houve quebra de confiança
e se pode haver fundamento de resolução do contrato de arrendamento
Relações externas e internas: Internas transmite-se sempre (MC)- efeitos externos- o alienante
só fica liberto se 595/2 CC.
Levantar questão de dizer se ao se dirigir diretamente a Maria se não podia ser uma exoneração
expressa de Manuel
Contato de fornecimento- falar no 424º CC. Era fornecedor único, podia levar a
descaracterização funcional. Se existisse essa descaracterização seria uma impossibilidade
objetiva do cumprimento 790º CC.

CASO Nº 3
Rosa há vários anos explora uma loja de telemóveis e outros equipamentos informáticos na
zona da Praça de Espanha. Cansada de tanta inovação tecnológica, decide vender a sua loja a
Henrique que, concluído o curso de Direito, considera que o melhor é desenvolver a área
tecnológica à boleia das start-ups. Com o encaixe da venda da loja, Rosa que, entretanto, tinha
casado com um técnico de reparação de telemóveis e tablets decide abrir uma loja de venda de
capas e acessórios e de reparação de telemóveis e tablets perto de Chelas. Henrique, que
tinha um apreço especial por Direito Comercial, fica agastado com a situação e resolve intentar
uma providência cautelar para, de imediato, encerrar a exploração da loja aberta por Rosa e o
marido.
Quid iuris?
Elementos do estabelecimento
Ativo: conjunto de direitos e outras posições equiparáveis, afetas ao exercício do comércio; O
estabelecimento abrange:
Coisas corpóreas, incorpóreas, aviamento e clientela.
Coisas corpóreas- direitos reais de gozo, direito de arrendamento. Ficam, pois, abrangidas
quaisquer coisas que, estando no comércio, sejam, pelo comerciante, afetas a esse exercício.
Coisas incorpóreas: direito à firma ou nome do estabelecimento e outros aspetos que, embora
à partida não patrimoniais, consintam, todavia, uma comercialidade limitada. Aquando da
negociação de um estabelecimento, é evidente que os referidos fatores incorpóreos poderão ser
determinantes para encontrar um valor. Há estabelecimentos que vale, sobretudo pelo nome
que tenham ou pelas marcas ou patentes que acarretam. Há que incluir direitos a prestações
provenientes de posições contratuais (contratos de trabalho, fornecedores)
Aviamento e clientela: aviamento corresponde à mais-valia que o estabelecimento representa
em relação à soma dos elementos que o componham, isoladamente tomados: ele traduziria,
deste modo, a aptidão funcional e produtiva do estabelecimento. A clientela, por seu turno,
equivale ao conjunto, real ou potencial, de pessoas dispostas a contratar com o estabelecimento
considerado, nele adquirindo bens ou serviços.
Passivo: adstrições ou obrigações contraídas pelo comerciante, poer esse mesmo exercício.
Inclui-se no estabelecimento embora seja frequente, em negócios de transmissão, limitá-los ao
ativo.
Podemos concluir com estes dados que estamos perante um estabelecimento comercial.
Estamos perante um trespasse? Objeto de trespasse é um estabelecimento. O trespasse é
definível como transmissão da propriedade de um estabelecimento por negócio inter vivos.
Forma: 1112º/3 está preenchida.
Não é possível serem verificados os elementos ativos e passivos porque não há descrição do
espaço. Não é possível ver se a forma é verificada- pressupõe-se que sim
Objeto de trespasse é um estabelecimento: mas que não tem de ser comercial (em sentido
jurídico) - está preenchido.
O senhorio tem direito de preferência, só é possível o seu exercício se estiver preenchido o
requisito da comunicação 1112º/4.
Quanto ao dever de não concorrência: para MC, Coutinho de Abreu e Nuno Aureliano
MC: O dever de não concorrência do trespassante perante o trespassário, quando não seja
expressamente pactuado, poderá ser uma exigência da boa fé. Impõe-se, ex bona fide e como
dever pós-eficaz, uma obrigação de não concorrência, a qual apenas pode ser ponderada caso
a caso. A sua violação pode acarretar deveres de cessar a concorrência indevida e de indemnizar
o lesado, reconstruindo a situação que existiria se não fosse a violação perpetrada.
Coutinho de Abreu: Obrigação de não concorrência decorrendo implicitamente dos negócios
de alienação das empresas (sem necessidade, portanto, de qualquer estipulação ad hoc) é desde
há muito reconhecida pela jurisprudência e doutrina de largo número de países, tendo sido
recebida, também, entre nós. O trespassante de estabelecimento (e, eventualmente, uma ou
outra pessoa mais) fica em princípio obrigado a, num certo espaço e durante certo tempo, não
concorrer com o trespassário (e sucessivos adquirentes) – nomeadamente, fica vinculado a não
iniciar atividade similar à exercida através do estabelecimento trespassado. Têm sido
avançados variados fundamentos para a obrigação: princípio da boa fé na execução dos
contratos, princípio da equidade, usos do comércio, concorrência leal, garantia contra evicção,
dever de o alienante entregar a coisa alienada e assegurar o gozo pacífico dela.
Esta obrigação de não concorrência tem, é claro, limites. Ela justifica-se apenas na medida em
que seja necessária para uma entrega efetiva do estabelecimento trespassado. Tem de ter, por
conseguinte, limites objetivos, espaciais e temporais. De contrário, haveria violação do
princípio da liberdade de iniciativa económica (artigo 61.º CRP) e das regras de defesa da
concorrência. Os sujeitos passivos da obrigação não ficam evidentemente proibidos de exercer
qualquer atividade económica. Não podem é reiniciar o exercício (de modo sistemático ou
profissional) de uma atividade concorrente com a exercida através da empresa trespassada, de
uma atividade económica no todo ou em parte igual ou sucedânea. Todavia, estes sujeitos não
ficam impedidos tão-somente de adquirir (para exploração) estabelecimento com objeto similar
ao do alienado. Depois, a obrigação implícita de não concorrência tem limites espaciais e
temporais: vale apenas nos lugares delimitados pelo raio de ação do estabelecimento
trespassado, e durante o tempo suficiente para se consolidarem os valores de organização e/ou
de exploração da empresa transmitida na esfera de um adquirente-empresário razoavelmente
diligente. Se os obrigados a não concorrer violarem a obrigação, pode o trespassário exercer os
direitos previstos nas normas respeitantes ao não cumprimento das obrigações.
NUNO Aureliano- Nega a existência de existir uma obrigação de não concorrência e conclui
pela não existência de tal proibição. Este autor começa por constatar que a obrigação implícita
de não concorrência não se encontra regulada entre nós.
Contudo, admite que essa realidade “não é óbice (obstáculo) à construção da obrigação de não
concorrência” visto que poder-se-ia sempre fundamentar a sua existência à luz do nosso
sistema.
Ainda assim, para Aureliano “tudo está em saber então, se essa fundamentação é, de facto,
adequada”. Para este é indiscutível o valor que a clientela assume no momento da negociação
e “deve a clientela assumir relevo na análise da existência ou não duma obrigação implícita de
não concorrência”. Considera que o ponto de partida está em admitir que existe uma “simples
lacuna […] que cumpre integrar”, atendendo a todas as regras do nosso sistema, nomeadamente
ao art. 3.º do CCom. que prescreve que “se as questões sobre direitos e obrigações comerciais
não puderem ser resolvidas, nem pelo texto da lei, nem pelo seu espírito, nem pelos casos
análogos nela previstos, serão decididas pelo direito civil”. Não existindo lei nem, por
consequência imediata, espírito de lei, temos de recorrer a casos análogos existentes no direito
comercial e só depois de debelada esta fase podemos fazer intervir a lei civil.”
Aureliano recorre à analogia com o art. 9.º do DL 178/86 de 3 de julho (contrato de
agência). Concomitantemente, estabelece uma comparação com a situação do
trabalhador subordinado (art. 36.º da anterior LCT, que se espelha agora no atual art.
136.º do CT).
Para além destes dois argumentos, é invocado o argumento relacionado com a liberdade
de iniciativa económica privada, consagrada no art. 61.º, n.º, 1 da CRP.

Conclusão:
Limites objetivos (Nas palavras de Coutinho de Abreu “não podem é (re) iniciar o exercício
(de modo sistemático ou profissional) de uma atividade concorrente com a exercida através da
empresa trespassada, de uma atividade económica no todo ou em parte igual ou sucedânea):
atividade em si – Rosa não pratica a mesma atividade nem é concorrente pelo que não faz
concorrência a Henrique.

Limites espaciais (circunscrição: Coutinho de Abreu, apontou que tais limites “[valem] apenas
nos lugares delimitados pelo raio de ação do estabelecimento trespassado” Nuno Aureliano
refere que “será virtualmente impossível e irrealista a fixação a priori de uma área geográfica
para a atuação da obrigação de não concorrência sem que esta se revele puramente arbitrária”):
Chelas e praça de Espanha estão a uma distância que no meu entender me parece bastante para
que o marido de Rosa possa abrir a loja sem interferir com a obrigação de não concorrência.

Limites temporais (Coutinho de Abreu refere que tal obrigação vale apenas “durante o tempo
suficiente para se consolidarem os valores de organização e/ou de exploração da empresa
transmitida na esfera de um adquirente-empresário razoavelmente diligente”) – não temos
informação.
Noutros ordenamentos já foram consagrados prazos legais que determinam a duração da
obrigação de não concorrência, nomeadamente em Itália onde foi estabelecido um prazo legal
de 5 anos. Parece-me que, nesta matéria, assiste razão aos autores que consideram que o prazo
dependerá exclusivamente do facto de o estabelecimento se ter consolidado, ou não, nas mãos
do adquirente e, por isso, só em concreto pode ser determinado. Considero que essa
consolidação dependerá muito do tipo de estabelecimento em causa.
O facto de o caso dizer “Entretanto”, na minha perspetiva é inconclusivo, e ao ser inconclusivo
deduzi que se encontrava preenchido a consolidação do estabelecimento”.

DEVER DE CONCORRÊNCIA NÃO FOI VIOLADO.

Se tivesse violado:
Se aquele que transmite a empresa se restabelecer, violando a obrigação de não concorrência,
o adquirente da empresa pode exercer os direitos previstos nas normas relativas ao não
cumprimento das obrigações, maxime, indemnização por perdas e danos, resolução contratual,
ação de cumprimento, sanção pecuniária compulsória e exigência de encerramento do novo
estabelecimento, arts. 798.º, 801.º, n.º, 2, 817.º, 829.º-A, 829.º, n.º, 1, respetivamente e todos
do Código Civil. Violada esta obrigação pode recorrer-se aos artigos enunciados anteriormente,
desde logo, o art. 829.º, n.º, 1 do CC, como regra de direito comum. Naturalmente esta
aplicação deve ser realizada com as necessárias adaptações quando efetuada no âmbito do
direito comercial. De acordo com este artigo pode ser pedido o encerramento do
estabelecimento. É ainda conferida à parte lesada a possibilidade de ver ressarcidos os seus
danos através de uma indemnização, nos termos dos arts. 798.º, e de resolver o contrato ou ver
restituída a sua prestação, nos termos do art. 801.º, n.º, 2.
Para além desta possibilidade, a violação da obrigação de não concorrência leva a que o
adquirente possa exigir judicialmente o cumprimento da obrigação, nos termos do art. 817.º.
Pode ainda, após ordem judicial de encerramento da empresa concorrente, ser aplicada sanção
pecuniária compulsória, de acordo com o art. 829.º- A do CC.
CASO PRÁTICO N.º 7
Albano tomou de arrendamento a Belarmina e Carmelinda um espaço no qual instalou um
snack-bar, em 1999, a que chamou “Albanaria”. Segundo Albano, o espaço nunca tinha sido
usado para qualquer atividade, pelo que Albano teve de comprar e pagar todos os móveis e
produtos necessários ao funcionamento do seu snack-bar.
Em 2004, Albano, farto de servir tostas mistas, decidiu passar o negócio ao seu primo, Diogo.
Para o efeito, contactou Belarmina e Carmelinda para saber se nada tinham a opor e, para sua
grande surpresa, estas comunicaram-lhe que se opunham terminantemente a tal transmissão,
dizendo-lhe: «Não queremos cá esse seu primo que, toda a gente sabe, é um caloteiro!».
Perante esta recusa, Albano não teve outro remédio senão continuar a servir tostas mistas.
Recorrendo a todas as forças que lhe restavam, promoveu o nome da Albanaria, melhorou o
serviço e passou a anunciar “as melhores tostas do mundo!”.
Dois anos mais tarde (2006), porém, um seu cliente de longa data, Ernesto, disse-lhe entre duas
dentadas numa tosta: «Oh Albano, se estás assim tão farto disto, eu dou conta do recado! A
Belarmina e a Carmelinda são loucas por mim!». Dito isto, logo ali acordaram no preço,
apertaram as mãos e deram o negócio por concluído.
Quem não gostou da situação foi Filipa, filha única de Albano que queria ficar com a Albanaria
e tinha planos para expandir o negócio, abrindo outras “Albanarias” por toda a cidade. Albano,
desolado, disse-lhe: «Oh filha, se eu soubesse... Agora é tarde para isso, mas não te preocupes:
ajudo-te a abrir um snack-bar igualzinho a dois quarteirões daquele: vamos chamar-lhe Nova
Albanaria e vamos recuperar “as melhores tostas de Lisboa”!».
1. Imagine que, perante a tentativa de Albano de “passar o negócio” ao seu primo,
Belarmina e Carmelinda pretendiam reagir. Segundo estas, o contrato celebrado não era
de arrendamento, mas de “cessão de exploração”: contrariamente ao afirmado por
Albano, com o gozo do espaço foi igualmente cedido mobiliário e equipamento
identificado num anexo ao contrato. Não existiam, porém, empregados e clientela. Quid
iuris?
2. Ignorando a pergunta anterior: Precisava Albano do consentimento das senhorias para
transmitir a sua posição a Diogo? E como é que as senhorias se poderiam proteger face
à perspectiva de ter um caloteiro como arrendatário?
3. O que transmitiu Albano a Ernesto?
4. Ernesto está furioso com a traição de Albano ao ajudar a filha a abrir a Nova Albanaria
ali tão perto. O que pode fazer?
5. Imagine por fim que Albano tinha também arrendado um armazém de apoio ao
funcionamento da Albanaria. Pode trespassá-lo a sua filha para apoio ao funcionamento da
Nova Albanaria?
1.
Estamos perante um trespasse? Objeto de trespasse é um estabelecimento. O trespasse é
definível como transmissão da propriedade de um estabelecimento por negócio inter vivos.
Forma: 1112º/3 está preenchida. Não é possível ver se a forma é verificada- pressupõe-se que
sim.
Não é possível serem verificados os elementos ativos e passivos porque não há descrição do
espaço.
Objeto de trespasse é um estabelecimento, conjunto de coisas corpóreas e incorpóreas
devidamente organizadas para a prática do comércio. Analisando os elementos, pode concluir-
se que há coisas corpóreas, como direitos reais e pessoais de gozo, no entanto, não existem
coisas incorpóreas, pois naquele espaço nunca existiu um negócio, logo não há marca, know-
how nem posições contratuais. Não há aviamento funcional pois não existe negócio.
Assim, não há trespasse.
Afastado o trespasse, há que ir ao regime da Cessão de exploração (1109ºCC)
O senhorio tem direito de preferência, só é possível o seu exercício se estiver preenchido o
requisito da comunicação 1112º/4.
No caso de ser Trespasse, B e C não teriam de dar autorização.
CESSÃO DE EXPLORAÇÃO E ARRENDAMENTO COMERCIAL
II - Configura um contrato de cessão de exploração de estabelecimento ou locação de
estabelecimento, o contrato pelo qual uma das partes cede à outra por determinado prazo e
mediante pagamento duma contrapartida mensal, o direito de exploração de estabelecimento
comercial de snack-bar, transferindo para esta última o mobiliário e equipamento
indispensáveis ao seu funcionamento, apesar de ainda não ter havido aí clientela nem até então
ter sido aí exercida qualquer atividade.
III - A cessão de exploração pode recair sobre um estabelecimento de que nada ainda existe,
como sobre um estabelecimento incompleto, que não está concluído, mas em via de formação
bem como sobre um estabelecimento cuja exploração ainda se não tenha iniciado ou esteja
interrompida.
IV - Confrontando o arrendamento comercial e a cessão de exploração ou locação de
estabelecimento, constituem pontos de contacto e de comunhão a existência de uma
transferência com carácter oneroso e de feição temporária, mas ocorre uma distinção essencial
e definidora que se radica no seguinte facto: enquanto no arrendamento comercial o locador
transfere para o locatário o direito de gozo de um prédio, na locação de estabelecimento o
detentor do estabelecimento transfere para o cessionário o gozo e fruição de uma unidade
comercial, com todas as marcas e feições distintivas que acompanham esta figura de direito
comercial.
V - Assim, haverá arrendamento comercial se o titular do local se limitar a pôr à disposição do
locatário o gozo e fruição da instalação, ou seja, uma configuração física apta ao exercício da
atividade mercantil visada; e já haverá cessão de exploração se o prédio já se encontrar provido
dos meios materiais indispensáveis à sua utilização como empresa, designadamente móveis,
máquinas, utensílios que tornem viável, mediante a simples colocação de mercadoria, o
arranque da exploração comercial mas não será indispensável que o estabelecimento já antes
estivesse em exploração.
Neste caso estamos, portanto, perante uma cessão de exploração.

Verifica-se, sem qualquer dúvida, que houve um acordo entre a Belarminda e Carmelinda,
enquanto dona e possuidora de um estabelecimento comercial, e Albano, tendo por objeto a
transferência para este da exploração daquele estabelecimento comercial, englobando a
transmissão de instalações, utensílios e outros elementos que o integravam, feita juntamente
com o gozo do prédio, passando a funcionar como um snack-bar, sendo que essa transferência
tinha uma duração temporariamente delimitada e era feita mediante título oneroso.

Não se colocam, pois, dúvidas de que o que foi transmitido foi um estabelecimento instalado
em prédio da Belarminda e Carlmelinda, sendo irrelevante que o mesmo não tivesse sido antes
aberto ao público, porquanto o que essencialmente importa para chegar á conclusão que
determinada organização constitui um estabelecimento comercial é a prova da sua aptidão para
entrar em funcionamento, como tal, ou seja, dentro do fim para que foi criado e não a de que a
sua exploração se tenha iniciado já. Ou seja, o que releva é o facto de o estabelecimento já ter
existência, e no caso dos autos provou-se que o mesmo já se encontrava apto a ser explorado
como snack-bar.
Neste sentido, considera a doutrina e a jurisprudência que pode haver cessão de exploração de
estabelecimento comercial cuja exploração ainda se não tenha iniciado, ou esteja interrompida,
pois o que tem de existir é um estabelecimento, ou seja, um conjunto de bens organizados com
estabilidade e autonomia, com vista a realização de uma actividade produtiva, de natureza
comercial ou industrial.

2. Neste caso estamos perante uma cessão de exploração, pelo que é não só exigida a
comunicação num prazo de um mês 1109/2, bem como a autorização do senhorio sendo que, à
falta do mesmo permite que B e C possam resolver o contrato.

3. Estamos perante um trespasse? Objeto de trespasse é um estabelecimento. O trespasse é


definível como transmissão da propriedade de um estabelecimento por negócio inter vivos.
Transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento comercial, no seu todo, sem perda
de aptidão funcional, ou seja, aviamento 1112º/3
Forma: 1112º/3 – não está preenchido, não foi respeitada a forma escrita.
Objeto de trespasse é um estabelecimento: mas que não tem de ser comercial (em sentido
jurídico) - está preenchido.
O senhorio tem direito de preferência, só é possível o seu exercício se estiver preenchido o
requisito da comunicação 1112º/4.

Transmitiu todos os elementos de um estabelecimento:

Elementos do estabelecimento
Ativo: conjunto de direitos e outras posições equiparáveis, afetas ao exercício do comércio; O
estabelecimento abrange:
Coisas corpóreas, incorpóreas, aviamento e clientela.
Coisas corpóreas- direitos reais de gozo, direito de arrendamento. Ficam, pois, abrangidas
quaisquer coisas que, estando no comércio, sejam, pelo comerciante, afetas a esse exercício.
Coisas incorpóreas: direito à firma ou nome do estabelecimento e outros aspetos que, embora
à partida não patrimoniais, consintam, todavia, uma comercialidade limitada. Aquando da
negociação de um estabelecimento, é evidente que os referidos fatores incorpóreos poderão ser
determinantes para encontrar um valor. Há estabelecimentos que vale, sobretudo pelo nome
que tenham ou pelas marcas ou patentes que acarretam. Há que incluir direitos a prestações
provenientes de posições contratuais (contratos de trabalho, fornecedores)
Aviamento e clientela: aviamento corresponde à mais-valia que o estabelecimento representa
em relação à soma dos elementos que o componham, isoladamente tomados: ele traduziria,
deste modo, a aptidão funcional e produtiva do estabelecimento. A clientela, por seu turno,
equivale ao conjunto, real ou potencial, de pessoas dispostas a contratar com o estabelecimento
considerado, nele adquirindo bens ou serviços.
Passivo: adstrições ou obrigações contraídas pelo comerciante, poer esse mesmo exercício.
Inclui-se no estabelecimento embora seja frequente, em negócios de transmissão, limitá-los ao
ativo.
Podemos concluir com estes dados que estamos perante um estabelecimento comercial.
4. Objeto de trespasse é um estabelecimento. O trespasse é definível como transmissão da
propriedade de um estabelecimento por negócio inter vivos.
Forma: 1112º/3 está preenchida.
Não é possível serem verificados os elementos ativos e passivos porque não há descrição
do espaço. Não é possível ver se a forma é verificada- pressupõe-se que sim
Objeto de trespasse é um estabelecimento: mas que não tem de ser comercial (em sentido
jurídico) - está preenchido.
O senhorio tem direito de preferência, só é possível o seu exercício se estiver preenchido o
requisito da comunicação 1112º/4.

MC: O dever de não concorrência do trespassante perante o trespassário, quando não seja
expressamente pactuado, poderá ser uma exigência da boa fé. Impõe-se, ex bona fide e
como dever pós-eficaz, uma obrigação de não concorrência, a qual apenas pode ser
ponderada caso a caso. A sua violação pode acarretar deveres de cessar a concorrência
indevida e de indemnizar o lesado, reconstruindo a situação que existiria se não fosse a
violação perpetrada.

CA: Obrigação de não concorrência decorrendo implicitamente dos negócios de alienação


das empresas (sem necessidade, portanto, de qualquer estipulação ad hoc) é desde há muito
reconhecida pela jurisprudência e doutrina de largo número de países, tendo sido recebida,
também, entre nós. O trespassante de estabelecimento (e, eventualmente, uma ou outra
pessoa mais) fica em princípio obrigado a, num certo espaço e durante certo tempo, não
concorrer com o trespassário (e sucessivos adquirentes) – nomeadamente, fica vinculado a
não iniciar atividade similar à exercida através do estabelecimento trespassado. Têm sido
avançados variados fundamentos para a obrigação: princípio da boa fé na execução dos
contratos, princípio da equidade, usos do comércio, concorrência leal, garantia contra
evicção, dever de o alienante entregar a coisa alienada e assegurar o gozo pacífico dela.

Falar da doutrina de NUNO AURELIANO


Há violação de obrigação de não concorrência, portanto o trespassário pode exercer:

Assim, pode, designadamente, exigir indemnização por perdas e danos (artigo 798.º CC),
ou resolver o contrato de trespasse (artigo 801.º, n.º1 CC), ou intentar ação de cumprimento
(artigo 817.º CC) e requerer sanção pecuniária compulsória (artigo 829.º-A), ou exigir que
o novo estabelecimento do obrigado seja encerrado (artigo 829.º, n.º1 CC).

Limites objetivos/materiais - atividade em si – Neste caso a filha do trespassante abre


exatamente a mesma atividade
Limites espaciais (circunscrição) – Neste caso é-nos dito que a filha do trespassário abre um
snack bar igualzinho a 2 quarteirões
Limites temporais (2,3 anos segundo jurisprudência) – não temos informação
5. O armazém era essencial? Parece que não, era apenas um armazém de apoio. Não se
sabe se caracterizava o estabelecimento. Saber se o armazém condicionava o
estabelecimento para funcionar como tal- parece-nos que não.

Poderia ou não trespassar o armazém? Nunca pode ser trespassado um armazém pq não
é uma unidade económica e não dá lucro.

Um determinado armazém de apoio não está caracterizado para gerar lucro.

Poderia, com o consentimento do armazém, ceder a posição contratual a Maria.

CASO 8

1) Definição de estabelecimento comercial

INSOLVÊNCIA

CONCEITOS:

Exoneração do passivo restante-

Resolução em benefício da massa- 120º implica que dois anos antes da data de
declaração da insolvência possam ser resolvidos em benefício da massa os atos
prejudiciais à massa.

Lei 22/2013 vem regular o estatuto do administrador judicial.

O administrador judicial na fase da insolvência é administrador da insolvência (consta


do CIRE e também da Lei 22/2012) e no processo especial de revitalização chama-se

Art. 81º/1- com a declaração da insolvência essa pessoa fica… Exceção à regra é o 223º

Como se escolhe o admin. da insolvência- 52º CIRE, é nomeado pelo juiz de entre os..

53º CIRE- pode designar outra pessoa para aquele mesmo cargo..

O juiz tem sempre a cargo um dever de vigiar tem que pedir contas pelo exercício do
cargo. Tem que controlar. Este admin da insolvencia tem sempre um papel central.

Execuçao ou não execução dos contratos que ainda não estiverem integralmente
cumpridos 102º.

51º/1 al) f).

3 fases para reclamar créditos-


Exoneração do passivo restante- fresh start

O admin. da insolvência tem direito a remuneração art. 60º- 22º e ss da Lei 22/2013.
Tem uma remuneração fixa e outra variável.

Instituto de gestão financeira- apoia quem não tem património nem rendimentos (tem
um regulamento a parte.

Fiscalização por parte do juiz: 58º CIRE; 55º/5;

Responsabilidade do adm da insolvência- art. 65º/4 e 65º/5, art. 17º e ss da 22/2013.

Responsabilidade civil 59º/1- a culpa não se presume (divergência doutrinária)

Art. 59º/2: credores da massa e não credores da insolvencia.

56º/1+ 168º/2

Processo especial de vitalização é distinto do processo de insolvência

17-a CIRE
Requerente da insolvência pode ser responsabilizado em que medida? ART. 22º
CASO PRÁTICO N.º 9
A Praia e Campo, S.A. (PCSA) anda pelas ruas da amargura. Durante o passado inverno, tendo
em conta a sua atividade sazonal, decidiu investir os proveitos obtidos no verão em ações do
Banco Possível e Provavelmente Nacionalizado (BPPN). Estas ações do BPPN, praticamente
o único ativo da PCSA, desvalorizaram fortemente nos últimos meses, e a probabilidade de
uma recuperação está completamente afastada. As dívidas, essas sim, acumulam-se: a vários
fornecedores, a instituições de crédito e ao Estado. Estes credores começam a perder a
paciência e equacionam requerer a declaração de insolvência da PCSA. Caso decidam avançar,
em 2016, (i) um dos sócios da PCSA invocaria um crédito por suprimentos efetuados, (ii) o
Banco Menos invocaria um crédito hipotecário, (iii) um fornecedor de tendas de campismo
invocaria um crédito relativo ao preço de bens alienados e (iv) a Administração Tributária
invocaria um crédito relativo ao Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de
Imóveis devido pela aquisição da sede da empresa, em 2012. (v) E o administrador da
insolvência, a nomear pelo tribunal, também quererá cobrar os respetivos honorários...

a) A PCSA pode ser considerada em situação de insolvência?


Na presente hipótese estamos perante um problema de direito da insolvência, que tem como
finalidades (1º CIRE):
1. A execução universal para liquidação do património do devedor insolvente
2. Repartição do produto obtido pelos credores
3. Ou a satisfação destes pela forma prevista num plano de insolvência
Segundo o art. 2º do CIRE , cumpre analisar se a Praia e campo SA é considerada um sujeito
passivo da insolvência, pelo que chegamos à conclusão que sim segundo a alínea a).
Agora é necessário verificar também se esta se encontra efetivamente em situação de
insolvência segundo o art. 3º e qual o critério de aferição.
O que é a situação de insolvência:
 Encontra-se em situação de insolvência o devedor, pessoa singular, empresa ou outra
pessoa coletiva que, num determinado momento, se encontra incapaz de cumprir as
suas obrigações.
Dois critérios:
 Existem dois critérios usados pelo Código da Insolvência e da Recuperação de
Empresas -CIRE) para determinar se um devedor se encontra ou não em situação de
insolvência: o critério do fluxo de caixa (cash flow) e o critério do balanço ou do
ativo patrimonial.

Critério do fluxo de caixa (cash flow):


 De acordo com o critério do fluxo de caixa (cash flow) o devedor, pessoa singular,
empresa ou outra pessoa coletiva, encontra-se em situação de insolvência quando se
encontra impossibilitado, por falta de liquidez (dinheiro, em saldo bancário ou em
numerário), de cumprir com todas as suas obrigações vencidas (exigíveis), ou seja,
quando os seus rendimentos e/ou dinheiro atual não são suficientes para pagar todas as
suas dívidas vencidas e despesas essenciais.
Critério do balanço ou do ativo patrimonial:
 De acordo com o critério do balanço ou do ativo patrimonial, o devedor encontra-se em
situação de insolvência sempre que o seu passivo (dívidas) for superior ao ativo (bens
e direitos). Ora, apresentado nestes termos, o critério do balanço corresponde ao
conceito de falência técnica. A Lei dá relevância a este critério, mas com restrições e
correções.
Critério principal adotado pela Lei - fluxo de caixa (cash flow):
 Nos termos do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), o critério
principal para a determinação da situação de insolvência, tanto na insolvência
pessoal como na insolvência de empresas (e outras pessoas coletivas) é o critério do
fluxo de caixa (cash flow).
 A razão de ser desta solução da Lei é que, tirando os casos em que o não pagamento de
dívidas ocorre por causa de litígios sobre a existência, validade, eficácia ou
exigibilidade de alguma dívida, o facto de um devedor não proceder ao pagamento de
alguma dívida no momento do respetivo vencimento é um claro indício de que já não
tem dinheiro para as pagar e que, por isso, se encontra em situação de insolvência.
 Por outro lado, a eventual existência de uma situação patrimonial negativa (passivo
superior ao ativo) por parte do devedor não determina necessariamente a
sua insolvência. Com efeito, pode ser que o devedor tenha um património líquido
negativo, mas que, por ter liquidez ou acesso ao crédito, consiga cumprir pontualmente
as suas obrigações.
Ora, como se pode constatar no caso, vê-se que as ações do único ativo da PCSA, o
BPPN desvalorizaram fortemente nos últimos meses, e a probabilidade de uma recuperação
está completamente afastada. As dividas acumulam-se: a vários fornecedores, a instituições de
crédito e ao Estado. Portanto, podemos concluir que a PCSA pode ser considerada em situação
de insolvência pelo critério principal consagrado no art. 3º/1 do CIRE, o critério do fluxo de
caixa, pois o PCSA encontra-se impossibilitado, por falta de liquidez (dinheiro, em saldo
bancário ou em numerário), de cumprir com todas as suas obrigações vencidas (exigíveis).

b) Em caso afirmativo, como seriam graduados os créditos sobre a massa insolvente e


sobre a insolvência?
A massa insolvente é um património autónomo composto por todo o património (bens e
direitos) do devedor à data da declaração de insolvência, bem como pelos bens e direitos que
este adquira na pendência do processo de insolvência.
Diferença entre dívidas da insolvência e dívidas da massa insolvente:
Dívidas da insolvência- esclarece o ponto 21 do preâmbulo do DL nº 53/2004, de 18 de março,
correspondem aos créditos sobre o insolvente com fundamento anterior à data da declaração
de insolvência (art. 47º nº1 do CIRE).
Dívidas da massa insolvente- são constituídas no decurso do processo (art. 51º nº 1 e 2 do
CIRE).
Os créditos sobre a massa são primeiramente pagos em relação aos créditos sobre a
insolvência, tal como afirma o art. 172º, nº 1 do CIRE, além de que beneficiam de certas
especificidades no decurso do processo: os respetivos titulares não têm que reclamá-los no
apenso de verificação dos créditos (arts. 128º e ss. do CIRE).
Créditos sobre a insolvência dividem-se, por ordem de pagamento:
Em caso de insolvência do devedor o pagamento dos créditos será feito de acordo com a
seguinte ordem:

1º) Em primeiro lugar, são pagos os créditos garantidos, logo após o pagamento das dívidas
da massa insolvente sobre o produto da liquidação dos bens onerados com a garantia real,
observada a respetiva prioridade. (738º CC). – Crédito hipotecário no caso.

2º) Em segundo lugar, é efetuado o pagamento dos créditos privilegiados à custa dos bens não
afetos a garantias reais prevalecentes, com respeito da prioridade que lhes caiba, e na proporção
dos seus montantes, quanto aos que sejam igualmente privilegiados. (736º CC).

3º) Em terceiro lugar, se valores ainda subsistirem, é feito o pagamento aos credores comuns,
o qual é realizado na proporção dos seus créditos, se a massa insolvente for insuficiente para
a respetiva satisfação integral.

4º) Em último lugar, são pagos os créditos subordinados. (48º CIRE).


CASO PRÁTICO N.º 10
Há mais de seis meses que Telma e Luísa, gerentes da Rainha dos Frangos, Lda. (RF) não
promovem o pagamento de salários aos trabalhadores da empresa.
Sempre que estes se queixam, as duas amigas respondem que o Estado está bem pior, uma vez
que não entregam o Imposto sobre o Valor Acrescentado que têm liquidado há mais de um ano.
A situação financeira, de facto, não é famosa. Como ato desesperado, as duas gerentes
negociaram em nome da RF um contrato de abertura de crédito com o Banco Crédulo Português
(BCP), para a compra de frangos e venda dos mesmos, assados, a € 1/kg, no afamado
restaurante.

a) A calma com que Telma e Luísa estão a lidar com a situação financeira da RF será
passível de censura, caso esta última venha a ser declarada insolvente?
Telma e Luísa apresentam-se numa situação de insolvência, um processo de execução
universal, que tem 3 finalidades essenciais (1º CIRE): satisfação dos credores, liquidação do
património do devedor, repartição do produto obtido pelos credores.
Face ao art. 604º do CC e estando os credores em patamar de igualdade a insolvência visa
exatamente a primazia pelas posições dos credores que foram prejudicados com esta situação
- satisfação parcial dos interesses dos credores. Tratamento igualitário dos credores.
Cumpre referir que a rainha dos frangos LDA, é uma sociedade anónima pelo que é um sujeito
passivo da insolvência segundo o art. 2º/1/e) e 1º/2 CSC. Esta possibilidade de ser alvo de
processo de insolvência não se identifica com a personalidade judiciaria, mas sim com critérios
de autonomia patrimonial.
Quando à situação de insolvência vivida por Telma e Luísa esta poderá ser de dois tipos: atual
e iminente, pois a última é equiparada à primeira. O critério para aferição da mesma será o
critério do cash flow ou seja: está em situação de insolvência o devedor que se encontre
impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas (art. 3º/1)
A utilização deste critério prende-se exatamente com a impossibilidade de sustentar que estaria
insolvente apenas pelo passivo ser superior ao ativo (balance sheet) na medida em que, tendo
em conta a situação financeira, pode-se recorrer ao crédito para colmatar essa situação.
Neste caso, Telma e Luísa encontram se numa situação de insolvência iminente, tendo os
mesmos efeitos da insolvência atual no caso de apresentação pelo devedor à mesma (3º/4).
Assim, Telma e Luísa tinham o dever de se apresentar a insolvência segundo o art. 18º dentro
dos 30 dias seguintes a data do conhecimento ou da data em que devesse conhece-la.
Como não se apresentaram à mesma ou incumprem o prazo, estamos perante uma situação de
presunção de insolvência culposa segundo o art. 186º/1 e 3 e 3º/a) incorrendo ainda em
responsabilidade civil, penal (228º/1 e 229º/a) Código Penal) - consequências da preterição do
dever de apresentação da insolvência.
189º 2 c + 189º 2 d + crime
Requisitos da PI - 23º ss
Legitimidade para requerer a declaração de insolvência - 20º Efeitos da declaração de
insolvência - 81º/1.
- transferência dos poderes de adm e disposição para adm de insolvência - atos depois da dec
de insolvência são ineficazes - apreensão documento - 149 - vencimento imediato das dividas
- 91º Resolução em beneficio da massa
Visa a satisfação ainda que parcial das dividas dos credores.

b) Caso a RF venha ser declarada insolvente em Janeiro de 2016, será que a sociedade
Frango Gorducho, S.A. (FG) pode compensar um crédito sobre a RF de que é titular,
emergente do fornecimento de frangos durante o primeiro semestre de 2015, com uma
dívida decorrente do fornecimento de almoços pela RF aos trabalhadores da FG, durante
Setembro e Outubro de 2014? Ambos os créditos deveriam ser pagos nos 30 dias seguintes
ao fim do prazo do correspondente fornecimento.
RF fora declarada insolvente em 2016, e pretende-se compensar um credito com a sociedade
FG.
Cumpre analisar em primeiro lugar como se classifica o crédito da sociedade FG para com RF?
Segundo o art. 47º trata-se de crédito sobre a insolvência (que difere de divida da massa
insolvente), pois foi adquirido antes da data da declaração da mesma, em 2015. Será dito como
um crédito comum (47º c) não beneficiando de nenhuma garantia real ou subordinação.
Tendo em conta o exposto cumpre analisar se é possível compensar os créditos emergentes
desta relação FG e RF. Segundo o art. 99º os titulares dos créditos so podem compensa-los com
dividas à missa desde que (apenas um pode estar preenchido):
1. Pressupostos anteriores à data declaração de insolvência - verifica-se
2. Requisitos do 847º:
1. Crédito exigível e não decorrer contra ele exceção dilatórias - verifica-se
2. Coisas fungíveis (207º) - dinheiro por dinheiro - verifica-se
Neste caso a compensação seria possível.
Só produz efeitos depois de declarada a contraparte.
À cautela a reclamação de créditos deve ser feita na mesma.
(Não é possível compensar dividas a massa e créditos subordinados)

c) Em caso de insolvência, o que sucede ao contrato de compra e venda celebrado entre a


RF (vendedora) e a Frango Imperial, S.A. (FI) relativo a uma carrinha de distribuição?
O contrato foi celebrado com reserva de propriedade, mas a carrinha ainda não tinha
sido entregue à FI, que, no entanto, já pagara metade das prestações.
Artigo 409º CC, nos contratos de alienação…
Na presente hipótese entramos na matéria dos efeitos sobre os negócios em curso, sendo esta
injuntiva segundo o art. 191º/1 CCOM, visando acima de tudo a defesa dos credores que se
veriam desprotegidos pelo não cumprimento dos contratos a que estavam adstritos.
Quanto à questão da venda com reserva de propriedade encontramos no art. 104º CCOM uma
regra especial. Assim sendo e como o vendedor é quem esta na posição de insolvência a outra
parte, neste caso FI poderia exigir o cumprimento do contrato se a coisa já lhe tiver sido
entregue na data da declaração de insolvência, hipótese que visa não permite a recusa do
administrador da insolvência (102º) tutelando as expectativas de aquisição da propriedade. No
entanto, no caso, não fora ainda entregue.
E no caso de o comprador não exercer a sua opção pelo cumprimento do contrato? Devolve-se
ao administrador da insolvência a possibilidade de optar pelo cumprimento do contrato
forcando o comprador a adquirir a propriedade, ou pela recusa com as consequências do 104º/5,
isto porque a coisa ainda não lhe foi entregue e o vendedor mantém a possibilidade de resolver
o contrato - 886º cc.
Se o adm da insolvência recusar o cumprimento:
1. Não há direito à restituição das prestações realizadas - 102º /3 a
2. Pode exigir como diferença o crédito sobre a insolvência entre o valor da coisa na data da
recusa e o montante das prestações previstas ate ao fim do contrato
3. Indemnização
No caso de o comprador ser insolvente e tendo sido estipulada uma cláusula de reserva de
propriedade, estipula o n.o 4 do art. 104.o que a referida cláusula só é oponível à massa no caso
de ter sido estipulada por escrito, até ao momento da entrega da coisa. Sendo esta exigência
uma diferença entre os contratos de locação e de contratos com reserva de propriedade. Tem
entendido a jurisprudência que para além da exigência de estipulação da cláusula de reserva de
propriedade seja feita por escrito, tendo a mesma por objeto bens imóveis ou móveis sujeitos a
registo, exige-se o registo para que a mesma seja oponível à massa insolvente.

d) E o que sucede ao contrato de arrendamento, celebrado entre a RF e a Fábrica de


Miúdos e Miudezas, S.A. (FMM) por 10 anos, relativo a um armazém de que é
proprietária a RF, do qual consta uma cláusula resolutiva, em caso de insolvência de uma
das partes?
Já nos casos de locação em que o insolvente é o locador, a declaração de insolvência não
suspende a execução de contrato de locação em que o insolvente seja locador, e a sua denúncia
por qualquer das partes apenas é possível para o fim do prazo em curso, sem prejuízo dos casos
de renovação obrigatória - 109º.
O caso em apreço apresenta-nos ainda um crédito sob condição resolutiva - depende da não
verificação de um acontecimento futuro e incerto, por forca da lei, de decisão judicial ou de
negocio jurídico - 50º/1.
119 º /2 - normas imperativas.
1057º CC por ex
109º/3

e) Por último, pronuncie-se sobre o seguinte acordo, celebrado entre a RF e a Piripiri,


Lda. (PP), em outubro de 2015: perante uma dívida de € 20.000, decorrente do
fornecimento de condimentos pela PP à RF, vencida em agosto do mesmo ano, esta última
comprometeu-se a pagar a quantia em apreço em 20 prestações mensais, a partir de
novembro de 2015, acrescida de uns simpáticos juros; para garantir o cumprimento, foi
constituída hipoteca sobre a sede da RF.
Credores devem ser tratados todos de igual modo - 120º , 121º c, e) , 123º - ja tinham passado
os dois anos, resolução em beneficio da massa insolvente.
Notas:
1. Situação de continuação num certo horizonte temporal pode colmatar situação de
insolvência. - 3º/3 b
2. 20º padrões de insolvência
1. INCUMPRIMENTO GENERALIZADO - não basta uma divida (temporalmente
determinada).
1. Pode reclamar o seu crédito
3. Graduação dos créditos
Se não houver património suficiente sobre dividas da massa, o adm pode ser responsabilizado
Garantido - garantia real , não e pessoal (fiança) .
Privilegiado
Insolvência culposa - 13º preâmbulo CIRE
Dever apresentação
185º 186º 186 /3

CONTRATOS COMERCIAIS

Os contratos comerciais podem ser de distribuição e de organização. Dentro dos contratos de


organização temos o consórcio e a associação em participação. Nos contratos de distribuição
temos a Agência, Franquia e Concessão.
Desde logo os contratos comerciais obedecem a regra geral da autonomia privada (405º CC).
A não ser que esteja previsto na lei, os contratos têm como princípio a liberdade de forma (209º
CC).
Podem ser de organização ou de distribuição- não se vai realizar uma organização jurídica
nova. Há uma cooperação permanente entre as partes. Estes contratos são económicos, não
devem ser caracterizados como comerciais. MC- estes contratos como já estiveram no CC
devem ser considerados como objetivamente comerciais.
Consórcio (DL 231º/81 de 28 julho) - art.1º consórcio é o contrato pelo qual…””. De form
concertada- palavra muito importante- em que se obrigam a realizar determinada atividade ou
certa …
Art. 2º Oliveira Ascensão- tipicidade normativa e não taxativa
Contrato está sujeito a forma escrita.
Art. 5º/2 remissao 19º/1- nas relaçoes dos mem
PROIBIÇÃO DE FUNDOS COMUNS- DISTINGUE SE A SOCIEDADE DE UM
CONSÓRCIO DESTA FORMA.
Associação em participação- 23º pode excluir as perdas desta forma.
Contrato de agência – Dl 178º/86 e 3 de julho : art. 1º Regime Juridico do contrato de agencia
anotado (ANTONIO PINTO MONTEIRO)
Com ou sem representação

Como é que a agencia se distingue da concessão? Concessionário adquire para revender o bem
(a margem é a compra para depois vender esse bem), Agência- o agente promove por conta do
principal um determinado contrato 16º do regime jurídico do contrato de agencia, celebra
compras para depois vender.
Indemnização de clientela-
Franquia- de produção (ex da COCA COLA, há uma autorização de utilização do nome etc
etc.) e de comercialização (há contacto direto com o público McDonalds). Atribui ao
franquiado a possibilidade de usar nomes, insígnias, processos de fabrico etc..

CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO

CASO PRÁTICO N.º 11


Aníbal andou de farmácia em farmácia, na zona centro do país, durante 5 anos, a promover a
venda dos produtos cosméticos da prestigiada marca “Beauty for ever”, da sociedade com o
mesmo nome (BFE – Beauty for ever, S.A.). A rotina era sempre a mesma, definida por um
manual de procedimentos extremamente detalhado, preparado pela BFE. De acordo com tal
manual, distribuído a cada distribuidor no início da sua colaboração com a BFE, os
distribuidores deviam limitar-se a explicar aos donos das farmácias as maravilhas operadas por
cada um dos produtos constantes do catálogo, o quão fácil é vendê-los a senhoras descontentes
com o peso da idade e o quão rentáveis são dada a diferença entre o preço de aquisição e o
preço de venda ao público. Do manual constavam instruções específicas quanto a encomendas
e pagamentos: não podiam “aceitar” encomendas ou pagamentos, mas apenas “transmitir”
internamente os pedidos dos clientes, a processar pelo departamento operacional. Do manual
constavam ainda regras claras quanto à apresentação: fato cinzento e gravata sóbria, sapatos
engraxados, cabelo curto e penteado, “sem modernices”; não podiam usar brincos, piercings
ou outros adereços que desvirtuassem a imagem que se pretendia sóbria. Deviam apresentar-
se com um cartão de visita da empresa e não podiam usar, nos seus contactos com os clientes,
outro endereço de e-mail que não o da empresa.
Do contrato assinado por Aníbal em 2010 constava (i) um prazo de 2 anos; (ii) um direito de
exclusivo na zona centro do país, (iii) que a sua remuneração se resumiria à comissão de 7,5%
do preço de cada produto vendido pela BFE às farmácias contactadas por Aníbal, incluindo
esta comissão a compensação pela clientela criada pelo que, findo o contrato, nada mais terá a
haver da BFE; e (iv) uma obrigação de não concorrência por um prazo de 5 anos após a
cessação do contrato.
Em janeiro de 2014, Aníbal conheceu Carlota que tem a mania que é rebelde e rapidamente fez
dele “gato-sapato” e, em fevereiro, fez várias tatuagens e adotou um penteado “radical” para
demonstrar que estava à altura do desafio. Os donos das farmácias com quem contactava
diariamente começaram a olhá-lo com desconfiança.
Entretanto, Carlota convenceu Aníbal a promover junto das farmácias, juntamente com os
produtos da BFE, umas “ervas medicinais”, por si plantadas, que, segundo a mesma, sendo
misturadas com chá, produziam um efeito rejuvenescedor imediato. Alguns farmacêuticos
compraram as ervas que rapidamente demonstraram ser um sucesso entre as senhoras de idade
que, diziam, as faziam sentir mais jovens do que algum dia foram. Descobriu-se em junho que,
entre tais ervas, havia canabis com fartura...
1. Em julho de 2014, a BFE escreveu a Aníbal, pondo fim imediato ao contrato. Aníbal,
incrédulo, disse que a BFE não tinha fundamento para isso: queria continuar a trabalhar
e a receber as comissões a que tinha direito.
R: Vigora, no âmbito dos contratos comerciais, a regra geral da autonomia privada [art. 405º
CC], em conjugação com as regras da interpretação negocial, segundo Menezes Cordeiro. O
numerus apertus designa que o número de actos mercantis teoricamente possíveis é ilimitado,
com as consequências seguintes:
1. As descrições legais dos contratos comerciais não são típicas
2. As descrições legais dos contratos comerciais podem ser aplicadas
analogicamente.
O princípio é o da consensualidade, tal como do direito civil [art. 219º CC], manifestado
na liberdade de língua na celebração de contratos comerciais [art. 96º].
Os contratos comerciais podem ser:
1. De organização:
1. Consórcio;
2. Associação em participação.
2. De distribuição:
1. Agência;
2. Concessão;
3. Franquia ou franchising.

Antes de mais, no caso estamos perante um tipo de contrato de distribuição: o contrato


de agência, cujo regime está regulado no DL 178/86.
No artigo 1º/1 do diploma atrás referido, retira-se elementos essenciais da noção de
agência:
a. dever de promover a celebração de contratos (sendo assim a agência uma prestação de
serviços) - prospeção de mercado, de angariação de clientes, de negociação, etc , na qual
antecede e prepara a conclusão dos contratos, mas na qual o agente não intervém.
a. O contrato de agência não confere ao agente poderes de celebrar contratos. Limita-se a
fomentar a sua conclusão e a prepará-los exceto se lhe tiverem sido atribuídos poderes
para tal.
b. Por conta da outra parte - relação interna entre o agente e o principal que é uma relação
duradoura e surge por forca do contrato de agência.
a. O agente prossegue os interesses do principal e deve zelar pela defesa destes: assim o
diz o art. 6º.
c. de modo autónomo - ao contrario do trabalhador , juridicamente subordinado à entidade
patronal, através do contrato de trabalho
a. Nao tem horas estipuladas por ex no caso
d. estável - é um colaborador da empresa e exerce a sua atividade (podendo ser um nao-
empresário a socorrer-se de agente) e exerce a sua atividade de modo estável, tendo em
vista, nao uma operação isolada, antes um número indefinido de operações.
a. É compatível com a fixação de prazos curtos
e. mediante retribuição (a agencia é um contrato oneroso). Pelo que entendo, que no caso
em apreço, todos os requisitos se encontram preenchidos.
f. O agente ser de uma zona ou circulo de clientes deixou de ser elemento essencial do
contrato com o DL 118/93.
Tal verifica-se pois Aníbal tem o dever de promover a venda de produtos cosméticos
da marca Beauty for ever que lhe retribui 7,5% do preço vendido de cada produto.

Quanto a forma não é exigida nenhum forma especial mas na prática , os contratos em
causa assumem a forma escrita ou que derivem de simples adesão a cláusulas contratuais gerais.
Se o contrato, por decisão das partes for reduzido aa escrito, fica sujeito a registo (10º/e) código
de registo comercial).

Ao não puderem aceitar encomendas ou pagamentos, só podendo transmitir


internamente os pedidos dos clientes e devendo-se apresentar-se com cartão de visita de
empresa, leva-nos a crer que o contrato de agência foi celebrado com representação- art. 2º.
Assim, presume-se, com base no art. 3º/2 que o agente estava autorizado a cobrar créditos. Ora
, tal disposição é logo afastada, no caso, quando nos dá indicações quanto aos pagamentos,
aplicando-se o art. 3º/1, sendo que a cobrança de créditos deve ser permitida por escrito por
razao de transparência e seguranca.

Além disso, no contrato assinado por Aníbal, havia um direito de exclusividade na zona
do centro do país , ou seja, a outra parte, o principal, fica impedida de contratar outro agente
pois concorreria com o primeiro - art. 4º.
O prazo estipulado no contrato de dois anos (cláusula i) leva-nos para uma das formas
de cessação do contrato, presente na alínea b) do art. 24º, a caducidade (sobrevivência de um
facto extintivo). Sendo o mútuo acordo sempre possível por forma escrita segundo o art. 25º.
O art. 26º/ a) dedicado à caducidade indica que o contrato de agência caduca findo o prazo
estipulado. Assim BFE tem fundamento.
Com base no art. 27º/2 transforma-se em contrato por tempo indeterminado se o
conteúdo continuar a ser executado pelas partes, mas o mesmo poderá ser alvo de denúncia ao
abrigo do art. 28º/4 e 28º/1/c).
Mesmo que não cessasse por caducidade era previsível que cessasse por resolução - art.
24º d) e com base no art. 30º/a) , sendo que de acordo com o art. 31º tal resolução devia ser
feita através de declaração escrita, no prazo de 1 mês após o conhecimento de facto (o que não
se verificava, pois Aníbal conheceu Carlota em janeiro de 2014 e só em Julho BFE escreve a
Aníbal). Assim, BFE só poderia ser indemnizado com base no art. 32º/1 (não cumprimento das
obrigações da outra parte) +798º.
2. Segundo Aníbal, mesmo que o contrato ficasse sem efeito, ele teria de ser compensado
pela clientela que criou. Afinal de contas, a BFE continuaria a receber os proveitos do seu
trabalho por muitos e bons anos: as farmácias que ele “mimou” ao longo de anos
continuariam a fazer encomendas sobre encomendas...
R: Na hipótese Aníbal tem razão, o contrato de agência pode acarretar clientela para a BFE ,
que se manterá após a cessação do contrato, sendo justo e necessário compensar a quantia pelo
enriquecimento proporcionado ao principal. É este o sentido do art. 33º.
Não se considera verdadeira indemnização porque não torna indemne [sem dano],
consistindo numa mera compensação pela angariação de clientela. Não há dano, nem sequer
ilicitude, pelo que não existe uma indemnização proprio sensu.
Permite-se, todavia, a restituição do enriquecimento do principal com a angariação de
clientela, pelo agente: não constitui enriquecimento sem causa porque, na verdade, há causa,
embora a lógica seja semelhante.
Há ainda uma tutela do agente, além do restabelecimento do equilíbrio do principal:
pretende-se que o último não “descarte” o primeiro após obter o que pretendia, a clientela. O
agente é considerado, pelo RJCA, a parte mais fraca e carece, por isso, de especial tutela. É
uma indemnização cumulável com outras a que haja direito [indemnização por denúncia ou
indemnização por incumprimento].
Para que tal direito de indemnização de clientela se possa concretizar é necessário que
estejam, cumulativamente preenchidos os seguintes pressupostos presentes no art. 33º/1:
1. O agente tenha angariado novos clientes para a outra parte ou aumentado substancialmente
o volume de negócios com a clientela já existente;
2. A outra parte venha a beneficiar consideravelmente, após a cessação do contrato, da
actividade desenvolvida pelo agente;
3. O agente deixe de receber qualquer retribuição por contratos negociados ou concluídos,
após a cessação do contrato, com os clientes referidos na alínea a).
Cumpre analisar se estes requisitos estão preenchidos:
1. Verifica-se - Pois os clientes continuarão a fazer encomendas.
2. Verifica-se - O que sucede pelo mesmo razão acima apresentada.
3. Verifica-se - Pela cláusula iii) parte final do contrato de agência celebrado.
Estando todos os requisitos preenchidos, a indemnização é calculada equitativamente-
art. 34º, com um limite máximo: não pode exceder uma retribuição anual, calculada nos termos
médios aí referidos, ficando todavia, possível a inconstitucionalidade deste preceito, por
violação da propriedade privada, caso o prejuízo seja muito superior.
Mas, apesar de tudo o que vimos anteriormente, o art. 3º do artigo 33º refere que a
indemnização em causa não é devida se o contrato tiver cessado por razoes imputáveis ao
agente. Ora, se admitirmos que cessou por razoes subjectivas, Aníbal nada tem a receber.

- a norma e imperativa
- Pressupostos cumulativos
- Nao e uma verdadeira indemnização
- Ml desconta juros e publicidade no 34 - livro de indemnização de clientela
- Admite se que com convenção das partes se possa ficar o montante do 34
- Imputável ao agente ou cedeu posição contratual a terceiro ?

3. O advogado de Aníbal sustentou ainda que este deveria reclamar à BFE a comissão
contratualmente prevista por cada produto vendido por esta às farmácias do centro do
país através da loja online criada em 2013.
R: Agencia não se confunde com comissão (266º ccom), o comissário é um mandatário sem
representação , embora pratique os actos no interesse e por conta do mandan, actua em seu
próprio nome, ao contrario do agente ao qual foram conferidos poderes para celebrar negócios
juridicos actua em nume do principal.
Do acordo com o art. 16º/1 o agente tem direito a uma comissão pelos contratos que
promoveu e, bem assim, pelos contratos concluídos com clientes por si angariados, desde que
concluídos antes do termo da relação de agência, ficando cobertas as situações de contratação
direta entre o principal e o cliente angariado.
Segundo número 2 do mesmo preceito o agente tem direito à comissão (que é uma
percentagem que se dá a quem intervém numa operação comercial, uma gratificação) por atos
concluídos durante a vigência do contrato se gozar de um direito de exclusivo para uma zona
territorial ou um círculo de clientes e os mesmos tenham sido concluídos com um cliente
pertencente a essa zona ou círculos de clientes.
O direito de comissão detém um regime protetor do agente segundo o art. 18,
estabelecendo algumas concretizações.
O agente tem ainda direito a outras prestações retributivas como:
1. Comissão especial relativa ao encargo de cobrança - 13º f)
2. Comissão especial pela convenção del credere - 13º f)
3. Compensação pela cláusula pôs-eficaz de não concorrência - 13º g).
Numa loja online não há intermediários, tratando se de um caso de distribuição direta1.

4. Em agosto de 2014, a BFE reclamou um pagamento em atraso à Deolinda Farmácia da


Mouraria, Lda. Esta afirmou que já pagou a Aníbal em maio desse ano, pelo que nada
deve à BFE.
R: No contrato e agência celebrado, uma das instruções específicas era a de que o agente não
podia aceitar encomendas ou pagamentos mas somente transmitir internamente os pedidos dos
clientes (violando o art. 3º ao aceitar o pagamento). Aníbal violou, portanto, uma das
obrigações a que estava adstrito (art. 7º/a), deturpando a ideia do legislador que seria a de não
colocar e prevenir que o agente detivesse uma posição de empregado do principal.
Anibal, como agente, deve informar os interessados dos poderes que possui, ora através
de letreiros, ora dos documentos que o identifiquem como agente, por forma a esclarecer se
tem ou não poderes de representação e se pode efetivamente efetuar a cobrança de créditos
segundo o art. 21º. Se o incumprir, torna-se responsável por todos os danos que venha a
ocasionar.
É necessário verificar se temos ou não uma situação de representação, conferidos por
escrito:
1. Sim:
1. Então presume se que pode receber pagamentos (art. 3º/2).
2. Ilidivel
3. Se o agente tiver sido encarregado da cobrança de créditos goza do direito de
2. Não:
1. Prestação perante terceiro:
1. 770º CC (art. 3º/3) - recebe créditos sem autorização - o terceiro
coloca-se na situação de ter efetuado uma prestação a terceiro que
nao extinguira, a sua obrigação, em face do principal.
2. Ineficazes nos termos gerais
3. Ratifica, se o principal, segundo o 22º/2, cinco dias a contar do
conhecimento da sua celebração e do conteúdo essencial não
manifestar oposição (vs 218º cc ), protegendo-se assim o terceiro.

1
Distribuição direta surge quando a própria empresa é responsável pela entrega de seus produtos, sem que haja
nenhum intermediário envolvido no processo de distribuição, tendo como vantagens: um relacionamento mais
direto com o cliente, minimizando os custos repassados ao cliente final, e um maior controlo sobre a cadeia de
distribuição.
4. Num caso de representação aparente - art. 23º , o contrato seria
eficaz:
1. Não existem poderes de representação mas o representado
age como se houvesse poderes de representação;
2. O terceiro de boa fé acredita na existência dos poderes de
representação;
3. O principal contribui para fundar essa confiança.
4. Sendo aplicado o art. 3º/2 permitindo-se a cobrança de
créditos por agente não autorizado.
5. Situação de confiança para MC

Poder-se-ia invocar uma situação de representação aparente [art. 23º RJCA]: segundo
a qual o falso representado não tolera ou não conhece da situação de falsa representação – o
“representante” arroga-se procurador de outrem, sem conhecimento do “representado”, por
negligência deste, que deveria ter observado deveres de cuidado para prevenir a situação. A
tutela [responsabilidade por danos de confiança] não opera, segundo Menezes Cordeiro,
quando o “representado” devesse conhecer a falta de procuração.
Na hipótese, diria que há elementos que indicam que ele tinha poderes de representação
(aparente) exatamente porque criou confiança a Deolinda Farmácia da Mouraria, Lda devido à
imagem com que ele se apresentou, pelo cartão de visita e endereço de email da empresa.

5. Na sua carta de resposta, a Deolinda Farmácia da Mouraria, Lda. reclamou ainda uma
compensação pelo facto de a BFE não ter entregado os produtos por si encomendados 4
meses antes e que Aníbal garantiu que seriam entregues no mês seguinte.
R: 233 º - ? Discutível
O compromisso assumido pelo Anibal vincula ou não a BFE
Falar dos poderes de representação do agente

6. Entretanto, em setembro de 2014, Aníbal decidiu montar o seu próprio negócio,


aproveitando um contacto da ECB - Empresa Cosmética Brasileira, S.A. que queria
introduzir os seus produtos no mercado português, aproveitando os contactos que Aníbal
tinha nas farmácias do centro do país. Para o efeito, Aníbal deveria comprar os produtos
à ECB e depois revendê-los pelas farmácias. Usaria para o efeito as marcas, os materiais
publicitários e as amostras da ECB. Aníbal não sabia se podia: lembra-se de uma
qualquer obrigação de não concorrência no contrato com a BFE e ligou ao seu advogado
a perguntar.
R: O CONTRATO AINDA ESTA EM VIGOR EM 2014.
Estamos perante uma questão relativa ao dever de não concorrência, é após a vigência do
contesto. Enquanto o contrato se mantiver, o agente não pode exercer atividades em
concorrência com as do principal (4º), sendo que o mesmo não acontece após o termo do
contrato.
O art. 4 nao produz efeitos após a vigência do contrato.

Obrigação de segredo vs obrigação de não concorrência


- A primeira prevalece com o termo do contrato salvaguardando os ditames
da ética profissional e prevenir situações abusivas e prejudiciais. Se fosse para a
atividade do agente traduzir-se-ia num significativo impedimento a sua atuação
profissional em desrespeito do princípio de concorrência (61 CRP).

As partes podem estipular a obrigação de não concorrência por acordo, com condições e
limites:
1. documento escrito
1. Ok
2. não pode exceder dois anos
1. Errado
3. Circunscreve se à zona ou ao círculo de clientes confiados ao agente (direito exclusivo a
favor do agente, na vigência do contrato, se circunscreve segundo o art. 4).

O limite temporal dos dois anos é o mais indicado? Igual ao adotado pelo conselho das
comunidades europeias e o mesmo do código comercial alemão.

Se o agente tiver assumido a obrigação de não concorrência, goza de direito a uma


compensação, nos termos do art. 13 g).

7. As coisas correram bem entre a ECB e Aníbal durante pouco mais de um ano. No final
de 2015, a ECB enviou uma carta a Aníbal denunciando o contrato com uma antecedência
de 10 dias. Aníbal está novamente incrédulo: fez investimentos avultadíssimos na
promoção dos produtos da ECB e na constituição de stocks, de acordo com o plano de
negócios desenhado em conjunto com a ECB.
R: O contrato celebrado entre a ECB e Aníbal foi um contrato de concessão. Concessão: o
concessionário celebra efetivamente compras para revendas, em nome e por conta própria,
mediante a remuneração que resulta do lucro. O concessionário é a face mais visível do
contrato, representando a marca em causa para uma determinada circunscrição geográfica,
normalmente.

Aplica-se o art. 28 por analogia.


28/1/b) - Estes prazos não se aplicam por serem demasiado curtos em face dos
investimentos que estes contratos envolveram.
Pre aviso - 28/4
- alínea c) - depende da jurisprudência - 12 meses, 9 meses, 6 meses, são todos
superiores ao da alínea c) do 28
Será de exigir, à luz do princípio da boa fé e da proibição do abuso de direito que o contrato só
possa ser denunciado depois de decorrido um período de tempo razoável e não imediatamente
ou pouco tempo após o início de vigência. O pré-aviso destina se a evitar ruturas bruscas com
prejuízo para o outro contratante
Requisitos
1. Declaração unilateral reptícia
2. Uma parte poe termo.
3. Contrato indeterminado no tempo

Indemnização de clientela (33º Agencia) - a indemnização pressupõe um dano (162º CC);


compensação ao agente, pela vantagem que ele criou ao principal, devido à angariação de novos
clientes que levou ao aumento de volume de negócios.

8. Carlota, quando percebeu que Aníbal não teria onde cair morto, logo o trocou por
Fausto, jovem empresário de sucesso que pretende abrir um restaurante igualzinho aos
H4 que estão já espalhados por Lisboa e não sabe que contrato deve celebrar para o efeito
R: Deve celebrar um contrato de franquia. No contrato de franquia o franqueador atribui ao
franqueado a possibilidade [o direito e a obrigação] de usar nomes, insígnias, processos de
fabrico e comercialização de uma determinada marca, definindo os parâmetros através dos
quais a distribuição deve ser processada.
Com origem nos EUA, dada a dimensão geográfica do país, este tipo de contrato de distribuição
surge enquanto resposta quando inviáveis os métodos de distribuição convencionais.

O franqueador pode fiscalizar o franqueado, obtendo uma percentagem sobre as vendas [uma
“renda”, enfim: royalties].
- à aplicação analógica do RJCA ao contrato de franquia

CASO PRÁTICO N.º 12

João Baralhado (JB) é um famoso investidor da Banca Portuguesa e fundador de uma


instituição mui especial sem fins lucrativos, designada Fundação “Moi-même” (FMM). Em
Janeiro, a FMM decidiu construir um magnífico pavilhão de exposição de arte bizantina para
dar a conhecer a coleção pessoal do seu fundador tendo vindo a adjudicar a obra a “CCC –
Consórcio Constrói e Cai”. O CCC é composto pelas sociedades Cimentos Forte, Lda., Pedra
e Cal, S.A., Edifica, S.A. e pelo próprio JB. No contrato de consórcio, entre outros aspectos,
vinha estipulado o seguinte: «1 –As partes procederão, em comum, à construção do pavilhão,
ficando cada uma delas responsável pelas seguintes tarefas: a) à Cimentos Forte, Lda., caberá
a construção de toda a estrutura do edifício, orçamentada em € 1.500.000,00; b) à Pedra e Cal,
S.A. caberá a realização de todos os trabalhos de alvenaria, orçamentados em € 1.000.000,00;
c) a Edifica, S.A. procederá à cobertura do telhado, à montagem de equipamentos, e à
finalização da obra, trabalhos orçamentados em € 500.000,00; d) ao consorciado JB caberá
contribuir com dinheiro equivalente a 10% do valor total da empreitada que constituirá um
fundo de maneio próprio do consórcio. 2 – Fica designado o consorciado JB como “Chefe do
Consórcio”. 3 – As partes conferem os necessários poderes ao Chefe do Consórcio para em seu
nome e representação realizar todos os atos materiais e jurídicos necessários ou convenientes
ao desenvolvimento do Projeto, incluindo a negociação do contrato de empreitada, a sua
celebração e eventual modificação. 4 – O preço da empreitada, no valor global de €
3.000.000,00, será dividido do seguinte modo: 75% para as sociedades construtores, na
proporção da sua participação no empreendimento; 25% para o JB. Os custos serão suportados
na mesma proporção.» O contrato de empreitada foi outorgado em 25 de Janeiro de 2009 pela
Fundação e pelo JB, tendo sido estipulado um prazo de 6 meses para a conclusão da obra. Em
caso de atraso, ficou estipulada uma cláusula penal equivalente a € 2.500,00/dia. Para a
construção da estrutura do edifício, a Cimentos Forte, Lda. subcontratou a Moreira e Carvalho,
Lda. O preço do contrato de subempreitada nunca foi pago. Durante a obra, morreu um
trabalhador da Pedra e Cal, S.A. num acidente de trabalho grave, cuja causa parece estar
associada à violação de normas básicas de segurança.

1. Como qualifica o contrato celebrado entre Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A.,
Edifica, S.A. e JB? Quais as partes do contrato de empreitada celebrado entre a FMM e
o CCC?
São contratos comerciais ou não? CA- são atos meramente económicos; MC- estes contratos
são objetivamente comerciais (interpretação de cariz histórico).
Consórcio- o regime consta do DL 231/81 de 28 de julho, o qual define no seu art.1º o consórcio
como sendo o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou coletivas, que exerçam
uma atividade económica se obrigam entre si a, de forma concertada, realizar certa atividade
ou efetuar certa contribuição com fim de prosseguir objetivos.
Objeto- realização de um empreendimento
Forma- escrita
Consórcio externo (5º/2)
Regra geral- só produz efeitos jurídicos perante os próprios.
Quais as partes envolvidas no problema?
Partes do consórcio (Cimentos Forte, Pedra e Cal e JB?) - não se obrigam a realizar a obra (não
podem porque o terreno não é deles); obrigam-se a organizar-se (prestações típicas de
coordenação). Todos têm a obrigação de fornecer bens da mesma espécie.
JB tem o problema do 4º/2 e 20º/1.
Art. 4º/2 é imperativo? Sim – 1º argumento proibição do fundo comum; 2º argumento 4º/1 fala
em norma supletiva, logo parece que o 4º/2 é exceção.
Consórcio não gera realidade com autonomia patrimonial (daí não ser possível haver fundos
próprios, para não causar problemas).
Cláusula do JB: não é válida, logo JB não é parte do consórcio, prestação atípica do JB é de
financiamento. (é nula, 294º CC). Nulidade parcial (292º CC).
JB age apenas como chefe.
Art. 15º/1 é imperativo: pretende proteger o tráfego (confiança)
Art. 5º/2: consórcio externo.
2. A sociedade Moreira e Carvalho, Lda. moveu uma ação de responsabilidade civil
contratual contra JB exigindo-lhe o pagamento dos valores acordados com Cimentos
Forte, Lda. entendendo que, tratando-se de uma subempreitada para a realização de uma
obra do CCC, os membros do consórcio seriam solidariamente responsáveis pelas
obrigações assumidas. Os familiares do trabalhador da Pedra e Cal, S.A. que morreu na
obra seguiram-lhe o exemplo. Quid juris?
Contrato de empreitada: Moreira e Carvalho Lda (devedor da obra); Cimento Forte
O devedor era só um, não seria necessário ir ao art. 19º. Não há qualquer solidariedade

3. Oito meses após o início da obra, o pavilhão não estava ainda concluído, mas o preço
da empreitada já estava todo pago. Poderia a FMM exigir à Pedra e Cal, S.A. a totalidade
do valor devido a cláusula penal?
Artigo 19º/2- retira-se deste artigo que, fixada uma cláusula penal, se presume solidária a
obrigação dele recorrer.
513 CC- parciariedade
Se o ato for comercial- 100 CCom.

Partes da empreitada: cimento forte + pedra e cal


Remissão 19º para 511º CC, antes de aplicar o 19º saber se há pluralidade, determinar as partes.
Art 19. Não diz que há parciaridade mas também não diz que há solidariedade (em principio
não há solidariedade mas há artigos que pode haver (100º Ccom + 513º CC).
Art. 19º/2: apenas diz que mesmo nesses casos (em que provavelmente se presumiria
solidariedade) não se presume solidariedade.
Argumento literal: 19º/1 diz que não se presume haver solidariedade logo não faz sentido o
19º/2 também dizer que não se presume provavelmente a vontade das partes (elemento
material) seria a de solidariedade – cumprimento de prazos etc.
Resultados: presunção de que as clausulas penais e multas são solidárias.

4. Estava a administração da Pedra e Cal, S.A. a discutir com a FMM o diferendo


suprarreferido, quando a FMM recebeu uma comunicação da Cimentos Forte, Lda.
solicitando o pagamento de € 1.500.000,00 devidos pela construção da estrutura,
conforme o descrito no orçamento de obra. A FMM respondeu dizendo que já tinha pago
a totalidade do empreendimento ao JP e que, sendo este Chefe do Consórcio, só ele podia
solicitar algum eventual valor em falta. Quid juris?
Regra geral: art. 770 CC- não exonera.
Regra: no consórcio, só pode receber prestações em nome de consorciados (14º/1 d)) se tiver
poderes para isso.
Exceção: ter poderes para isso (14º/1 d)). As partes não referiram poderes .
Art. 16º/1.
Deveria receber o pagamento direto da FMM e quanto ao interno 16º/1 e 2.
5. Tendo em conta a conduta da Cimentos Forte, Lda. e a forte suspeita de que a morte
do trabalhador da Pedra e Cal, S.A. se ficou a dever pela violação, pela parte desta, dos
mais elementares deveres de segurança, a Edifica, S.A. pretende abandonar o consórcio
e ainda ser ressarcido pelos danos causados à sua imagem e bom nome, causados pelo
facto de ser conhecido no mercado a sua pertença ao CCC e, logo, a sua participação em
tão nefasto empreendimento... Quid Juris?
Exoneração vs resolução
A exoneração (9º/1) é possível se um contraente estiver impossibilitado, sem culpa, de cumprir
as obrigações fundamentais criadas pelo contrato de consórcio. De qualquer maneira, os
contraentes podem regulamentar a exoneração.
A resolução do contrato está prevista no art. 10º, no qual estão enumeradas (nº2) as condições
consideradas como justa causa. No nº1 do artigo 11º estão desenvolvidos os seguintes motivos
legais: por acordo unanime dos sócios; realização do seu objeto ou poer este se tornar
impossível; decurso do prazo fixado no contrato, não havendo prorrogação; por se ter
extinguido a pluralidade dos seus membros.
MC: exoneração do artigo 9º/1 al b) estamos perante uma posição potestativa de abandono do
consórcio.

GARANTIAS BANCÁRIAS E GARANTIAS FINANCEIRAS


CASO PRÁTICO N.º 13
Augusto já é uma lenda das armas para utilização recreativa. Através da sua sociedade, a
“Esmaga o Elfo Branquinho, S.A.” (“EEB”), inundou o mercado com armas mais sofisticadas
e mais baratas que as dos concorrentes – as MRD e as “Complexo do Alemão” -, ao ponto de
os levar à falência e ficar numa posição de domínio absoluto, no mercado nacional. Mas o céu
é o limite, para este jovem ex-estudante de Direito: quer atacar outros mercados. A primeira
encomenda foi recebida com júbilo: um cliente russo – Alexei - encomendou 20.000 caçadeiras
de canos serrados para fins recreativos, permitindo à EEB faturar € 400.000. Como a EEB
precisava da liquidez para comprar as matérias-primas, convenceu Alexei a pagar
antecipadamente metade do preço. Mas o comprador, assessorado por um jurista português,
exigiu à EEB que obtivesse uma garantia emitida por um banco português. A EEB contactou
então o Banco de Exportação Nacional, S.A. (“BEN”), que emitiu em 2 de Novembro de 2015
uma carta dirigida a Alexei com o seguinte teor:
“O BEN vem por este meio e por ordem da EEB, prestar irrevogável e incondicionalmente a
Alexei uma garantia bancária destinada a caucionar o cumprimento de todas as obrigações
assumidas pela EEB ao abrigo do contrato de compra e venda de 20.000 caçadeiras para fins
recreativos, nomeadamente a obrigação de entrega das caçadeiras e a obrigação de devolução
do adiantamento dos € 200.000, declarando renunciar a todos os meios de defesa próprios ou
que possam competir à EEB e que de algum modo possam obstar à execução total ou parcial
da garantia (…). O BEN não poderá recusar, sob qualquer alegação, o pagamento de qualquer
quantia reclamada por Alexei ao abrigo desta garantia, designadamente que não se encontra
demonstrado o incumprimento total ou parcial por parte de EEB”.

1. Considere as duas hipóteses alternativas: a. Em 20 de Novembro de 2015, o BEN foi


contactado por Verónica, que apareceu munida de um contrato de cessão de “todas as posições
ativas decorrentes da garantia bancária”, celebrado com Alexei. Verónica exige ao BEN o
pagamento de € 200.000, porque as armas chegaram danificadas a Moscovo. b. Em 10 de
Novembro de 2015, apenas 1 dia após a saída dos camiões TIR com as armas de Portugal,
Alexei exigiu ao BEN o pagamento dos € 200.000, correspondentes ao adiantamento. O BEN
questionou Alexei sobre o motivo do acionamento da garantia, mas recebeu como resposta um
seco “não podem recusar, sob qualquer alegação, o pagamento de qualquer quantia reclamada
por Alexei ao abrigo desta garantia”!

2. Distinga a garantia bancária autónoma da fiança ao primeiro pedido.


É comum e relevante na pratica mas tem o inconveniente da execução. MC- a garantia
autonoma é um contrato celebrado entre o garante e o beneficiário mas é do mandante que
recebe a comissão.
Definição de garantias bancárias alisar.
632 CC, 637/1, 628º, tem natureza civil ou comercial 636 e ss CCOM
Garantia autonoma-negocio causal não acessório, reside na ausência da acessoriedade.
Ml- relação de cobertura (compromisso entre o banco e o cliente); comissão (banco e crdor);
execução (prestar a garantia

CASO PRÁTICO N.º 14 (NÃO SAI NA FREQUÊNCIA)


105/2004 e regime do CC eCCOM
Em Janeiro de 2016, Augusto, intranquilo com o desfecho do negócio relativo às caçadeiras,
decide investir na bolsa. Para o efeito, foi-lhe concedido pelo Banco Pouco Diligente, S.A.
(“BPD”) um empréstimo de € 500.000. De modo a garantir o capital mutuado, JPR ofereceu
em garantia todas as ações que detém na sociedade “Sensacionalismo e Pouca Isenção, S.A.
(“SPI”). Convencionou com o BPD que, em caso de incumprimento da obrigação de restituir
o capital mutuado, aquele poderia “reter as ações”, que seriam avaliadas “de forma justa”.
Considere autonomamente as seguintes questões, e em relação a cada uma delas determine se
a solução seria diferente caso o protagonista fosse a EEB e não Augusto.
1. Em Março de 2016 o BPD decide alienar em bolsa as ações da SPI, em alta, obtendo assim
uma mais-valia de € 10 por ações, por referência ao preço a que as ações eram transaccionadas
em Janeiro. Augusto, ao saber do sucedido reclama, mas o BPD invoca o poder de apropriação
negociado no momento da constituição da garantia. Segundo o banco, caso o capital seja
devolvido, aquele estará sempre em condições de adquirir outras ações da SPI em bolsa, e
entrega-las a Augusto.
2. Em Outubro de 2016, incumprida a obrigação de restituir o capital, o BPD decide apropriar-
se das ações da SPI, que valiam € 600.000. Sustenta o BPD que a mais-valia lhe pertence, já
que “correu o risco do incumprimento de Augusto e da desvalorização dos valores
mobiliários”. Augusto invoca a proibição do pacto comissório (artigo 694.º) e requer que o
BPD lhe devolva o mesmo número de ações que empenhou, já que tem, além disso, “outros
credores a quem as ações interessam”.
3. Em Fevereiro de 2016, Augusto foi declarado insolvente. Os restantes credores de Augusto
pretendem invalidar a garantia constituída a favor do BPD, invocando a proximidade temporal
entre a sua constituição e a declaração de insolvência, bem como o facto de o BPD estar a par
da situação financeira periclitante de Augusto.

AUGUSTO
Regime do penhor bancário dl. 29:833 mercantil
Dl 32: 032
Pacto comissório- 694ºCC
Questão da insolvência
…Créditos…
Direito do dinheirinho
Direito bancário institucional- direito das instituições de credito (Banco de Portugal e
supervisionado pelo PCE). MC- tem parte publica, mas também tem privada
Direito bancário Material- todos os atos praticados por particulares, é um direito privado. Há
determinadas leis RJLF, está documentado na lei, mas há muita coisa que não está regulada
(abertura de conta)
Princípios
MC-
 1º Diferenciação conceitual- temos um deposito bancário que em nada se assemelha ao
deposito civil 1161º CC. Este tem que ter algo que o precede (abertura de conta), o dono
do dinheiro passa a ser do banco (banqueiro) no momento do depósito. Regime do
penhor de conta bancária- não há qualquer apossamento, ao contrario do civil.
 2º Princípio da simplicidade- tem que haver um uso intensivo da informática, das
cláusulas contratuais gerais, mas não dispensa algum formalismo, limita-se muitas
vezes à assinatura pelo cliente. Decorre muitas vezes da própria unilateralidade
aparente.
 3º Principio da ponderação bancária (MC)- os valores levam a que a interpretação a que
decorre o negocio jurídico.. …
O banco prefere sempre uma garantia pessoal do que uma garantia real.

Como se inicia a relação bancária geral? Relação duradoura, que se dá com a abertura de
conta. Há elementos eventuais (deposito bancário, cheques, transferências, etc).
Contrato de abertura de conta- fixa as margens fundamentais. Não há nenhum regime legal
completo, é um regime assente por clausulas contratuais gerais. Aviso nº2/2013 do Banco de
Portugal, visa prevenir o branqueamento de capitais que é cada vez mais apertado.
Distinção entre conta singular (abre uma conta e é só minha) e conta coletiva (distingue-se em
3 tipos: solidária, conjunta ou mista).
CONTA COLETIVA:
 Solidária- se puder ser movimentada só por uma pessoa
 Conjunta- movimentos só podem existir de forma conjunta
 Mista- pelo titular

Distinção entre conta corrente e giro bancário:


 Conta corrente- registam-se a debito ou a crédito vários atos. Descoberto em conta-
ficar devedor do banco e não credor. Devemos partir da conta corrente comercial- artigo
344º CCOM, mecanismo base da conta corrente, há uma irrestriçao da compensação da
conta corrente. Tem de haver um serviço de caixa organizado.
 Giro bancário- operações ou movimentações a que o banco se obriga por conta do
cliente.

O que sucede a abertura de conta? Deposito bancário


Deposito bancário vs depósito civil- o deposito civil 1185 e ss CC. Equipara-se a um deposito
irregular, a propriedade do bem transmite-se para o próprio depositado.
Convenção de cheque- cliente(sacador) banco (sacado). A ordem de pagamento e a obrigação
cautelar. DL 454/91 de 28 de dezembro- regime jurídico do cheque (1º-rescição da convenção
de cheque, há um dever de rescisão de cheque se, por algum motivo, houver fraude; 3º e 8º)
Cartão bancário- há um dever de guarda do cartão e do PIN. Crédito e débito.
Mútuo- contrato pelo qual uma das partes empresta a outra dinheiro ou coisa fungível ficando
1161º CC. Pode ser consensual ou formal. 1144º, 1147º CC. Artigo 394, 395 e 396 do CCOM-
quando a coisa cedida seja destinada a qualquer ato mercantil. MC-A retribuição automática
tem pouco mais sentido do que reforçar a presunção de onerosidade do artigo 1145º, não
vislumbra qqr obstáculo que entre comerciantes sejam celebrados mútuos gratuitos. Esta
liberdade considerada no art 396º deve ser entendida como liberdade de forma. Juros- taxas de
juro (civil, comercial, convencional). O que é o anatocismo? Está previsto no artigo 560 CC,
fazer juros sobre juros.
Mutuo bancário- celebrado dl 32/765, dl 58/2013.
Mutuo bancário vs contrato de abertura de crédito- mutuo opera de uma só vez (pede-se
1000 e o banco dá 1000), no contrato o banco obriga-se a ter a disposição os 1000 mas pode
não haver necessidade, pode haver um pagamento faseado (o banco so cobra juros a partir do
momento que se pede parte da tranche e é só por essa quantidade, tem 1000 e tira 500).
Contrato de crédito a consumidor (não sai na frequência) - dl 133/2009

LOCAÇÃO FINANCEIRA (LEASING) VS CESSÃO FINANCEIRA (importante,


provavelmente sai na frequência)
 Locação financeira- há um locador (banco) que adquire um determinado bem para mais
tarde disponibilizar ao seu cliente. Regime jurídico dl 149/95 de 24 de junho alterado
pelo 30/2008 de 25 de fevereiro. Artigo 21º- providencia cautelar para vender bens. Há
a possibilidade de se adquirir o bem após aquele período, pode não ser exercida. Figuras
próximas- ILD (há a obrigação de adquirir o bem após o prazo) ou Renting- aluguer de
longa duração, e prestação de serviços associada.
 Factoring ou cessão financeira (muito usado entre empresas)- 577º/1 CC base, e dl
171/95 de 18 de julho. Prazo de pagamento de faturas se nada ficar estipulado no
contrato? Dl 62/2013- 30 dias. O banco vai cobrar um valor pela antecipação da
liquidez. Há uma cedência de créditos a terceiros mediante remuneração. Há dinheiro
encaixado de forma imediata, pagamento antecipado das faturas e concessão de liquidez
por parte do banco.
 MC vs FERREIRA GOMES- MC: incrementa a rendibilidade do cliente. Ferreira
Gomes- pode não incrementar a rentabilidade, há um incentivo a acelerar a atividade
económica, mas pode perder alguma coisa com essa antecipação.
 Desvantagem- desconfiança que acaba por passar ao parceiro contratual (teve que ceder
o crédito ao banco para o banco vir cobrar). Dl 171/95 18 de julho, tudo o que não tiver
temos que ir ao regime geral 577CC e seguintes.
…Garantias bancárias…
Proteção do devedor, irrenunciabilidade efetiva de direitos e do princípio da causalidade
Princípios específicos das garantias:
 1º Funcionalidade e dependência- visa assegurar o cumprimento das obrigações, há
uma dependência de garantia
 2º princípio da acessoriedade- forte (fiança), média (direitos reais de garantia, coisa
corpórea assegurada a determinar uma obrigação), fraca (garantias autónomas, direito
bancário- o credor pode dirigir autonomamente, só podem ser dadas por bancos e não
por particulares, não são verdadeiras garantias segundo MC)
 3º princípio da subsidiariedade- discussão previa (638 CC) forte direta e forte invertida,
média ou fraca (garantia autónoma)
 4º tutela do garante- código de Seabra (219) as mulheres são especialmente frágeis, não
podiam prestar garantias. Frágeis hoje são as Sociedades Comerciais (art. 6º) e menores.
 5º ética dos negócios ou bons costumes
 6º princípio da informação e principio da contenção- há dever de informação do
banqueiro relativamente ao que sabe dos devedores? Se o devedor principal não
cumprir ira ter que pagar.
 7º tutela do consumidor- incentivo ao consumo e recurso as clausulas contratuais gerais.
Dever de informação.

DL 105/2004 de 8 de maio (IMPRIMIR)- apareceu em transposição de uma diretriz. Garantias


de penhor financeiro, fidúcia financeira e reporte (reporte não foi dado).
Fidúcia financeira vs reporte (Art. 3º sujeitos, art. 4º obrigações garantidas, art. 6º
desapossamento, não há transferência da propriedade. Pacto comissório 11º/2.)
Fidúcia financeira- MC mais antigo direito real de garantia, é logo transferida a propriedade do
bem em garantia, protege o credor. (em desuso, tem vindo a ser substituída pela hipoteca).

Garantias bancárias e cartas de conforto


Garantias bancárias- aval e aceite (não sai), fiança e garantia bancária. Fiança- não se coaduna
com o comércio internacional. Prefere-se uma garantia bancária autónoma. Garantia bancária
on first demand ou autónoma- fica no texto da garantia bancária que o banco se obriga a pagar
desde que se mostre que o objeto da garantia foi feita. Uma garantia bancária não é um negocio
jurídico unilateral- há sempre uma relação contratual que está na base

Cartas de conforto- tendem a existir nos grupos societários. São 3 (forte, média ou fraca). As
de tipo forte- assume-se a obrigação de resultado; média- obrigação de meios e não resultado;
fraca- prestação de informação. Geram vínculos jurídicos, as consequências variam consoante
os vários tipos de vínculos jurídicos.

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