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Práticas de Comercial I 2023/2024

Atos de Comércio e Comerciantes Direito Comercial I TA / 2023-2024I

Manuel, advogado em vias de se reformar, dedica-se há vários anos a adquirir


peças de mobiliário para as recuperar e depois vender numa pequena loja
na zona das Amoreiras. Como ainda tem compromissos laborais com a
sociedade de advogados, teve de contratar Miguel para assegurar o funcionamento
da loja entre as 10h e as 17h todos os dias da semana, ficando Manuel responsável
pelo encerramento da loja entre as 17h e as 18h às segundas e quintas-feiras, dias
em que aproveita para fazer as encomendas de material e para despachar os
trabalhos de restauro encomendados online.

1.Manuel é comerciante?
Tendo em conta o artigo 13.º do CComercial, para se ser comerciante é necessário que
esteja em causa uma pessoa com capacidade, que pratique atos de comércio e faça
destes profissão.

Quando se fala em capacidade para praticas actos de comércio , estamos a referir-nos à


capacidade de exercício, isto é, a capacidade de agir por si, ou mediante procurador
voluntário. Uma vez que a capacidade comercial coincide com a capacidade civil , nos
termos do artigo 7.º do CCom, presume-se que Manuel era pleanamente capaz de
praticar tais atos.

Em relação aos atos de comércio, o artigo 463.º /1 e 3 do CComercial constitui que a


compra para revenda de coisas móveis é considerado ato comercial.

Porém, artesãos: Os produtores manuais, ditos artesãos, não são considerados


comercias,
porque o art. 464.o n.o 3 CCM exclui do comercio a actividade artesanal. “Não são
consideradas comerciais: As compras que os artistas, industriais, mestres e
oficiais de ofícios mecânicos que exercerem directamente a sua arte, indústria ou
ofício, fizerem de objectos para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus
estabelecimentos, e as vendas de tais objectos que fizerem depois de assim
transformados ou aperfeiçoados” ainda que ferreiros, sapateiros, mecânicos,
cabeleireiros, exerçam a sua actividade de modo empresarial, não são
considerados comerciantes.

Mas podia ser debatido se era ou não artesão.

Podiamos também ter discutido se estamos ou não perante uma empresa comercial- ver
artigo 230º

Artigo 95.º do CCom- podia se ter debatido se tinha estabelecimento comercial ou não

O último requisito também suscita dúvidas.


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Ora, podemos definir profissão enquanto o exercício habitual de atividade económica


como meio de vida.

A prática profissional de atos de comerciais podem ser definidas com recurso a 4


vetores: (MC)
1.º- prática reiterada e habitual. Parece-nos ser o caso, na medida em que tem horários
fixos e semanais em que comparece na loja.

Contudo, a lei não exige que a profissão comercial seja a única exercida pelo sujeito,
nem que seja a principal (é comerciante quem exerça uma profissão não mercantil a
título principal e uma outra a título secundário, mas autónomo, que seja mercantil).

2.º- prática lucrativa. lucro. A circunstância de Manuel ter feito um conjunto de


investimentos, nomeadamente na loja e na pessoa que emprega permite concluir que
aquela
realidade tem apetência pra gerar lucro.

3.º- prática juridicamente autónomo, na medida em que a atividade deve ser


homodeterminada e não heterodeterminada. Neste caso, Manuel não é um trabalhador
subordinado.

4.º- prática tendencionalmente exclusiva. Como está prestes a reformar-se, existe uma
possibilidade de redução de horário de trabalho, pelo que se poderá dedicar
exclusivamente ao seu negócio.

Quanto à sua profissão enquanto advogado:

Contudo, o artigo 14.º do CComercial vem dizer que é proibida a profissão do comércio
“ aos que por lei ou disposições comerciais não possam comerciar”.

Segundo Coutinho de Abreu, os advogados integram-se na categoria de profissões


liberais e como tal são “ as pessoas singulares que exercem de modo habitual e
autónomo (juridicamente não subordinado) atividades primordialmente intelectuais,
susceptíveis de regulamentação e controlo próprios “.

Contudo, Manuel não é advogado por conta própria, estando também integrado numa
sociedade de advogados, sendo que é trabalhador subordinado , ao abrigo de um
contrato de trabalho.

Seria um não comerciante.


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2.Com o aproximar do tempo frio, Manuel que é cauteloso resolve adquirir um


novo equipamento de ar-condicionado para a sua casa, na loja de Dianaque
fica na mesma rua que a sua loja de móveis. Sucede que Manuel não pagou o
preço devido e Diana pretende agora demandar apenas Dionísia, esposa de
Manuel, peticionado o valor em dívida. Quid iuris?

A resposta a esta pergunta remete-nos desde logo para a análise da temática dos atos de
comércio.

Os actos de comércio objetivos serão aqueles regulados no código comercial como tal,
ou em legislação comercial avulsa.

Ora, neste caso, não nos parece que a compra do ar- condicionado seja um ato de
comércio objetivo (artigo 2.º/1 do CCom), uma vez que , sendo para sua casa, nada nos
indica que haja a intenção de revende-lo e , por isso, não se aplica o disposto no art.
463.º CCom.

A verdade é que a compra do ar-condicionado, por parte de Manuel, para a sua


própria casa não corresponde manifestamente a um ato de comercio em sentido
objetivo, art.

Todavia, o art. 2.o/2p CCom determina ainda como ato comercial


todo o facto jurídico praticado por comerciante, desde que não tenha natureza
exclusivamente
civil e o contrário do próprio ato não resultar.

Como se verificou há pouco, Manuel é


comerciante, mas essa compra que realizou é meramente civil na medida em que cabe
na
previsão do art. 464.o/1, o qual determina como não comercial compras e vendas
realizadas em
benefício familiar.

Não sendo comercial não se pode aplicar o regime relativo às dívidas comerciais, art.
15.o
CCom, o qual presume que as dívidas realizadas pelo cônjuge comerciante foram feitas
ao
abrigo do comércio, justificando-se, caso se se verificasse a segunda presunção do
regime da
responsabilidade dos cônjuges comerciantes, designadamente o de que que as dívidas
não
foram contraídas para o proveito comum do casal, a aplicação do art. 1691.o/1/d)/1p e
art. Art.
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1695.o/1 CCiv. Esse artigo determina são os bens comuns do casal que respondem pelas
dívidas
comuns e, na sua falta, solidariamente, os bens próprios de cada um dos cônjuges. A ser
assim,
caso a respetiva compra do AC fosse um ato acessoriamente comercial, não se pode
atacar, em
primeira linha, o património de Dionísia. Noto para o facto de que esse regime também
só se
aplicaria caso a modalidade de casamento não fosse o da separação de bens, situação
que
determinaria a aplicação da parte final do art. 1691.o/1/d) e art. 1696.o. Isto levaria a
que pelas
dívidas de um cônjuge não houvesse responsabilidade nenhuma do outro,
consequentemente
Dionísia não podia ser demandada para o pagamento do valor em dívida porque apenas
os bens
de Manuel e a meação dos bens comuns é que irá responder.

IMPORTANTE:
Esta questão do que é ser exclusivamente civil acaba por ter zonas de fronteiras.
Portanto o
critério genérico, para efeitos do art. 2.o parte final, baseia-se no destino dos bens ou
serviços
que o comerciante se encontra a adquirir. Se se destinarem a ser integrados no seu
comércio
jurídico, designadamente porque o AC seria para a loja de forma a melhorar as
condições de
conforto, tratar-se-ia de um ato conexo com a atividade comercial que desenvolve, pelo
que,
mesmo que o código não tenha uma previsão específica, ainda assim podemos dizer que
está em causa um ato de comércio em sentido subjetivo, porque se encontra a adquirir
um bem para
integrar no seu comércio. Como tal, a eventual dívida que daí resultasse era uma dívida
comercial porque há uma conexão manifesta com a atividade económica que o
comerciante
realiza. Há uma integração do bem que é adquirido não para uma finalidade pessoal,
mas para
o próprio desenvolvimento do comércio. Na verdade, correspondem a atos acessórios de
comércio, na medida em que não integram o núcleo de ato de comércio em sentido
objetivo,
mas mantém uma ligação em sentido prático, ou seja, são auxiliares para a prática de
atos de
comércio. Como tal, a estes atos que têm uma ligação a título acessório com os atos de
comércio
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devem-se-lhes aplicar o regime de dividas comerciais.

Decorrem muitas consequência de ser comerciante.


Diferentes obrigações especiais por ser comerciante, por ter este estatuto- artigo 18.º do
CCom
Artigo 15.º do CCom estipula uma presunção, tem de ser tida em conta com o 1691.º do
CC
Ratio legis- tutela do comércio.
1691.º + 1695.º CC

Cônjuge de X é responsável pela divida?


Primeiro, temos de saber se é comerciante. Numa frequência não esquecer isto. Ir
primeiro ao 13.º.

Se estivessem num regime de separação de bens, já não se aplicava este artigos.

Uma divida comercial é um ato de comércio em sentido objetivo e subjetivo.


Neste caso era um ato em sentido objetivo? Não. 464.º/1 do CCom.
É em ato em sentido subjetivo?
É um contrato? Sim, de compra e venda
É um ato de natureza exclusivamente civil? Não podemos chegar a essa conclusão. O ar
condicionado podia ser no âmbito de dar um ambiente melhor para os compradores.

Diana poderia argumentar pois a ver dela estão os requisitos do artigo 2.º
Dionísia podia ilidir esta presunção, provando que foi um ato de comércio

E também poderia provar, o que e difícil, que a compra do ar condicionado não era em
proveito comum do casl.

3.Felipe que também é aficionado no restauro de mobiliário, decide juntar-se a


Manuel na atividade de compra para restauro e revenda de mobiliário.
Como o negócio aumentou e o espaço da loja se começa a revelar
insuficiente, Manuel e Felipe contratam com Ernesto um espaço no armazém deste
último para irem lá colocando o “excesso” de peças de mobiliário. Ernesto para se
salvaguardar exige

(i)que Manuel dê em garantia uma valiosa escultura de Júlio Pomar e


(ii) que Diogo, irmão de Felipe, garanta pessoalmente a dívida.

a. Se Manuel não cumprir o contrato com Ernesto, Diogo poderá argumentar


que, apenas quando se esgotar o património de Manuel, é que Ernesto o pode
demandar?
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Relativamente ao Espaço do Armazém, temos que Manuel e Felipe celebraram com


Ernesto um contrato de depósito, previsto nos artigos 408.º e ss do CCom.

Importa determinar se estamos perante um contrato de depósito mercantil (403.º do


CCom) , isto é, que o depósito esteja destinado a qualquer acto do comércio.

Teoria do acessório, todo o ato de um não comerciante efetivamente conecxionado com


um ato objetivamente mercantil é ato de comércio (Cunha Gonçalves)

depósito mercantil- é um acto do comércio acessório: actos que devem a sua


comercialidade ao facto de se ligarem e conexionarem com actos mercantis.

Neste caso, quando Manuel e Felipe contratam com Ernesto para utilizar o armazém
para colocar as peças que não cabem no espaco da loja, presume-se que estes serão
vendidos no futuro, sendo que poderão ainda ser trabalhados e revendidos, ou ainda
poderão estar à espera de mais compradores.

Quanto à garantia que Ernesto quer que Manuel dê, estamos perante um contrato de
penhor, previsto no artigo 397.º e ss do CCom. Este caracteriza-se pelo facto de
identificarmos no património do devedor
um objeto específico que vai responder por uma dívida.

Para podermos falar de penhor mercantil, e não o penhor do código civil, deve a dívida
que se cauciona proceder de acto comercial.
comercial. Ora, uma vez que a escultura de Júlio Pomar visa garantir o
pagamento do preço do depósito e, como se viu, este último era mercantil, porque os
bens que
lá se encontravam destinavam-se ao comércio, então isso quer dizer que o penhor
também o é.

Quanto à garantia pessoal, estamos perante um contrato de fiança, cuja previsão no


CCom se encontra no artigo 101.º

O artigo 101.º estabelece uma solidariedade do fiador de obrigação mercantil, mesmo


que não comerciante. Desde logo, temos uma manifestação da natureza acessória da
fiança: esta será comercial quando a obrigação principal o seja .

De seguida , temos um afastamento do benefício da excussão , previsto no artigo 638.º/1


CC.
Ou seja, Diogo não poderia invocar que so respondia pelo pagamento se e quando se
provar que o património do devedor é insuficiente para o cumprimento da obrigação-.
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Como se viu, Diogo, ao assumir a posição de fiador estava sujeita ao regime comercial,
porque
a fiança era mercantil, na medida em a dívida em que se encontrava a garantir era a
dívida do
contrato de depósito, contrato este que, ainda que a título de acessoriedade, era um ato
de
comércio. A ser assim, o regime comercial, diferente do regime civil que prevê o
benefício da
excussão prévia, art. 638.o CCiv, institui o regime da solidariedade. De acordo com o
regime
civil, aquele que garante pessoal a obrigação de outrem tem o benefício obstar a ações
executivas enquanto o património do devedor originário não for excutido, ou seja,
enquanto
todos os bens do património do afiançado não forem apreendidos. No âmbito da fiança
mercantil, o devedor responde solidariamente com o comerciante pela dívida, ou seja, o
fiador
irá responder exatamente nos mesmos termos que o devedor, na medida em que, de
acordo com
o art. 512 e sgs CCiv, o credor pode exigir a qualquer um do devedor a integralidade do
preço
e qualquer um dos devedores se exonera pagando a integralidade do preço. Assim,
Diogo não
pode argumentar que somente responde quando o património do António se esgotar, na
medida
em que o regime da solidariedade permite que quem é titular do armazém possa
executar o
património de ambos ou de qualquer um deles pela integralidade da dívida já que não
existe
benefício da excussão prévia.
Se, ao invés, o Diogo se encontrasse a garantir o AC do exercício anterior, nos termos
da qual
conclui que não se tratava de uma compra e venda comercial, neste caso não
aplicaríamos o
regime do art. 101.o, na medida em que o art. 100.o paragrafo único determina que, no
caso de
uma pluralidade de devedores o regime não se aplica quando a dívida em causa não for
comercial.

Tinha de ver se eram contratos ou não


Deposito mercantil- artigo 403.º
Professora referiu o artigo 95.º
Ato de conexão acessório
101º celebração do contrato de depósito
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Discutir a teoria do acessório- importante para todos os atos de não comerciante


Doutrina- a maioria entende que não
Para os que considerassem que havia comercialidade nos seus atos, aplicava-se o artigo
101.º do CCom
A regra em civil é que so podes demandar os devedores pela parte
A regra em comercial é o oposto: respondem solidariamente

b.Pode Felipe argumentar que apenas é devedor de metade do valor em dívida?

Pluralidade de fiadores
Se a responsabilidade é solidária ou não
Cada um responde pela satisfacação integral da dívida, mas fica sub-rogado nos direitos
do autor (art. 644º CC) e tem direito de regresso sobre os outros fiadores (650º/1 CC)

Apenas poderia argumentar que era devedor de matede do valor em divida caso
tivessem convencionado o benefício da divisão ( 649.º do CC), caso em que cada um
responderia por uma parte da divida.

Artigo 100º do CCom


O direito comercial é especial quanto ao direito civil
Venda é comercial e a compra é civil- aplica-se o CCom aqui (artigo 99º CCom)
Ratio legis é favorecer o comércio
Há umas exceções estipuladas no artigo 99º
Artigo 100º- a regra no CCom é que há solidariedade nas dívidas
Ex: comprar um computador na FNAC com outro comprador. Aplica-se o CCom mas
não se usa a regra geral da solidariedade nas dividas neste caso. Entre os dois
compradores não há uma relação comercial.

II

Madalena, pintora, como avançar dos tempos foi fazendo vários cursos e foi
aperfeiçoando as diversas técnicas de pintura.
Atualmente , tem o seu atelier localizado em Belém mesmo ao lado da
galeria onde expõe os seus quadros, tendo mais de 20 funcionários
especificamente adstritos à exposição.
Tintas do Sucesso, S.A. é a atual fornecedora de tintas de Antónia. O
último fornecimento realizado em 15 de julho, no valor de EUR 150.000,00 não foi
ainda pago. A Tintas do Sucesso, S.A. pretende saber se a dívida do
fornecimento se encontra vencida (ou ainda terá de interpelar Madalena para o
efeito...) e que outros direitos poderá exercer contra Madalena em caso de
mora ou incumprimento da obrigação de pagamento?

Estamos perante uma empresa comercial, segundo o artigo 230.º/1 do CComercial?


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Segundo este artigo, excluem-se do âmbito da primeira alínea o artista que exerce
directamente a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso operários.

O que é uma empresa comercial?


Temos duas principais acecções hoje em dia.

Teoria Subjetiva
Empresas como sujeitos jurídicos que exercem a atividade económica

De acordo com a Doutrina de Cunha Gonçalves: as empresas previstas neste artigo


significam o mesmo que empresários, ou melhor, comerciantes. As empresas elencadas
seriam as pessoas, singulares ou coletivas, que se propunham a praticar os atos de
comércio
enumerados no Artigo.

Ou seja, bastava que a pessoa em causa desenvolvesse uma das


atividades que estejam previstas nesse artigo para que de imediato fosse possível ser
considerado como comerciante.

De acordo com o livro de Coutinho de Abreu, o escopo lucrativo não é um elemento


essencial da empresa em sentido subjetivo: é um elemento meramente eventual

Contudo, releva o facto de que para efeitos do regime jurídico da concorrência,


também integram o conceito técnico-jurídico de empresa em sentido subjetivo ou
institucional as pessoas singulares que exercerem uma atividade económica em nome
individual (sem a interposição de uma pessoa coletiva ou de um património autónomo
[ou pessoa coletiva rudimentar]), nomeadamente os artistas e artesãos.

Teoria Objetiva
Empresas como instrumentos ou estruturas produtivo-económicas objetos de direitos e
negócios

Posição de Coutinho de Abreu


Critica o enunciado do artigo 280.º.

Porém, segundo o mesmo, o enunciado sugere, o sentido de pessoa ou empresário para


“empresa”.

Ainda assim, outros elementos de interpretação devem ser considerados (histórico,


sistemático e teleológico) e, a partir destes, notamos que a primeira doutrina é rebatida.

Não tem em consideração o Artigo 13º que estabelece quem é e quem não é
comerciante.

Ora, ao deixar que toda e qualquer atividade se possa subsumir no artigo 230.º resulta
que se não se está a testar a capacidade da pessoa ou se exerceria a sua atividade
profissionalmente.
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Deste modo, teríamos de incluir como comerciantes entidades tais como as que constam
do artigo 14.º e 17.º que se encontram excluídas da comercialidade. – a explorar as
empresas do Artigo 230.º.

Assim, CDA vê as empresas do Artigo 230º como conjuntos de atos objetivamente


comerciais enquadrados de forma organizada.

E quais os atos objetivos? Para o


mesmo, serão apenas os referidos no próprio Artigo ( é um artigo taxativo)

Os restantes, como compras de instrumentos e objetos de trabalho, contratos de trabalho


e de prestação de
serviços, serão subjetivamente comerciais de acordo com o Artigo 2o, 2a parte do
CCM.

Também será esta a posição de Oliveira Ascenção e de MC: As empresas referidas neste
Artigo não são mais que complexos de atos comerciais

Estes atos do Artigo 230º são comerciais porque são praticados com uma repetição
orgânica. Mas segundo MC, este Artigo não pode ser interpretado como um elenco de
comerciantes – já que iria contra o
Artigo 13º.

Ora, tanto pela teoria subjetiva como pela teoria objetivista, temos dificuldade em
enquadrar o atelier de Madalena no artigo 230.º.

Deste modo, surge uma terceira teoria:

Teoria Enunciativa.

Professor Cassiano Santos vai para além da teoria objetivista.

O art. 230º não tem uma definição clara relativamente ao âmbito subjetivo, mas é
enunciativa no sentido em que, quando
olhamos para esse artigo, conseguimos verificar o espírito que se encontra por de trás
do âmbito global são as empresas para o direito comercial.

Ou seja, conseguimos verificar que, no que toca aos efeitos jurídicos, o art. 230.º exige
elementos organizativos que vão além da mera pratica de uma atividade comercial com
carater de reiteração

O artigo 230.º , nos parágrafos de 1 a 3, contém normas expressas que excluem a


classificação como empresas comerciais as atividades que referem. Neste caso, é
mesmo a empresariedade que falta e não a comercialidade. Tem em mente aquelas
atividades artesanais e pessoais, que se esgotam na fruição de bens ou na utilização de
capacidades pessoais. Ou seja, as que não são exercidas empresarialmente.

Por exemplo, um agricultor que vende os próprios bens que cultiva encontra-se excluída
da
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comercialidade, porque a opção enunciativa é a de excluir dos comerciantes todos


aqueles que se dediquem a uma atividade meramente de subsistência. /464º do CCom

A ser assim,
segundo a tese do Professor Cassiano dos Santos, há a necessidade de uma organização
mínima para podermos classificar em geral os comerciantes. E sim, em geral os
comerciantes porque o artigo 230.º permite-nos extrapolar outro conjunto de atos de
comércio em sentido amplo.

Assim, ao contrário da teoria objetivista que acaba por regular um conjunto de


atividades que vêm olhar para o art. 230º como algo taxativo, na medida em
que determina que apenas regulas as atividades e de atos que vêm previstos, o
Professor Cassiano vai mais além, admitindo que o mesmo permite abrir
horizontes e passar a integrar atividades não somente expressamente
mencionadas no art. 230.º

Mais ainda, teremos de ter em conta o facto de Madalena não ser comerciante segundo o
artigo 280º do CCom, poisa estão excluídos os artistas, industriais, mestres, oficiais de
oficina da categoria de atos de comércio.

Importa analisar se não será uma pessoa semelhante a comerciante.


Ora, uma pessoa semelhante a comerciante será aquela que não cabem tecnicamente no
conceito mas que axiologicamente se pode considerar, devido à forma como exploram
as suas atividades.

Segundo Menezes Cordeiro , define-se enquanto entidade que não sendo comerciante
em si, suscita, não obstante, a aplicação das diversas regras do Direito comercial.

Os requisitos desta figura são os seguintes:


1. Autónomos e não ao serviço de outra entidade por via de um contrato de
trabalho – não pode estar adstrita a deveres de obediência (de alguém que tem
poder de direção) – preenchido neste caso pois Madalena gere o atelier

2. Praticam atos jurídicos, com fins lucrativos, em série – preenchido pois é


dedicado à venda de quadros

3. Dispõem de organização mínima, ainda que rudimentar, figurativa de uma


empresa- tem 20 funcionários a seu serviço

É verdade que esta teoria das pessoas


semelhantes a comerciantes foi pensada para as profissões liberais ou para os
mandatários comerciais , mas nada impede que
também se aplique às demais, verificando-se o elemento organizativo.

A noção de artesão tem fronteiras imprecisas. De um modo genérico, é um produtor


qualificando que, embora possa dar uso a máquinas, usa predominantemente do seu
trabalho manual e como instrumentos, ferramentas.
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O mesmo se aplica ao art. 464.o, porque do ponto de vista sistemático existe uma
coerência
entre o art. 230.o e art. 464.o. Assim quando olhamos para este último artigo, as razões
que nos levam a interpretar atualisticamente o art. 230/1o pár. também valem para
interpretar o art.
464.º, no sentido em que sempre que tenha um profissional que desenvolva uma
atividade deste
género, com de elementos materiais e elementos humanos, então podemos classificar
como
comerciante.
No nosso caso em concreto, verifica-se que no art. 230.o/ parágrafo 1o/ parte final se
encontram
excluídos os artistas, industriais, mestres, oficiais de oficina da categoria de atos de
comércio.
Todavia verifica-se que a Antónia tendo o seu próprio ateliê, pessoas que se encontrem
responsáveis por tratar das suas próprias exposições, ou seja, tendo uma organização
altamente
especializada e com divisão de funções entre pessoas. Assim, tem toda uma estrutura
económica identificável no mercado a funcionar que permite que faça uma leitura
atualista do
art. 230.o, explicando no fundo que sempre que tenha um elemento orgazacional forte,
constituído por elementos humanos e materiais, no desenvolvimento de uma
determinada
atividade, não obstante a exclusão, ainda assim podemos classificá-la como
comerciante. Deste
modo, a leitura atualista do art. 230.o conjugado com a teoria das pessoas semelhantes a
comerciantes, podemos considerar Antónia como comerciante, porque nada faz
presumir que
não tenha capacidade e, por outro lado, reúne todos os requisitos da profissionalidade e
ainda
tem o elemento organizativo.

O art. 18.o identifica um conjunto de obrigação para as pessoas comerciantes. Ora, as


pessoas
semelhantes a comerciantes não estarão sujeitas a estas obrigações mais formal dos
comerciantes, exceto quando isto decorra de diplomas que não tenham que ver com
legislação
comercial.
Terá de se ir as regras de repartição do direito civil (513º CCiv), não se aplicando a
regra do artigo 100º da solidariedade das dívidas.

Quem em 1888 não seriam considerados comerciantes e quem hoje em dia poe em
causa esta noção do artigo 230.º do CCom
Primeiro era perceber se era comerciante pelo artigo 13.º do CCom.
Prática de atos de comércio?
Questão doutrinária no 230º:
A duvida é se enumera comerciantes ou atos que os comerciantes podem fazer?
Hoje em dia a teoria dominante refere que são um conjunto de atos que comerciantes e
não comerciantes podem praticar- estão enumerados atos objetivamente comerciais
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Acima do artigo 96.º temos “livro segundo- dos contratos especiais do comércio”
Por razoes sistemáticas, isto da-nos a entender que a empresa que esta no artigo 230º é
um contrato especial do comércio
Por que é que do artigo 13 vamos para o 230ª? Segundo requisito do artigo 13.º- a
pratica de atos de comércio.
Não era comerciante por aqui.

Isto não seria assim se considerássemos a teoria subjetivista. Íamos só ao artigo 230º
para ver se era comerciante ou não. Mas pela epigrafe vai contrariar. Não é comerciante
então.

Outra doutrina:
MC apresenta três grandes requisitos:
1. Autónomos e não ao serviço de outra entidade por via de um contrato de
trabalho – não pode estar adstrita a deveres de obediência (de alguém que tem
poder de direção) – preenchido neste caso pois Madalena gere o atelier

2. Praticam atos jurídicos, com fins lucrativos, em série – preenchido pois é


dedicado à venda de quadros

3. Dispõem de organização mínima, ainda que rudimentar, figurativa de uma


empresa- tem 20 funcionários a seu serviço
Estão preenchidos? Sim!
Ela é uma pessoa semelhante a comerciante afinal.

Quanto as tintas, são uma sociedade comercial, logo é comerciante (13º/2)

Consequência da mora pode vencer juros moratórios que é um tipo de remuneração


quando existe atraso do vencimento principal.

Ir ao artigo 102.º do CCom. quando provarmos que é um ato comercial. Podíamos


considerar que havia dado à atuação das tintas.

Neste caso em concreto, teríamos de ir ao decreto lei 62/2013. Temos de analisar o


âmbito de aplicação. O âmbito de aplicação era so haver uma transação comercial.

Ir ao artigo 2.º. este diploma não se aplica exclusivamente

de seguida ir ao artigo 3º/d) para definir empresa e transação comercial,


Estamos perante 2 empresas? Sim! Artigo 4.º

Mais direitos que a Madalena podia exigir? Artigo 7º, 8º e 9º


Portaria 277/2013- é 12% a taxa

( Exposição teórica:
Artigo 1.º do CCom- âmbito de aplicação do código
Conceito de ato de comércio, pode praticar uma pessoa que é comerciante e uma
que não e comerciante
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Artigo 2.º do CCom- ato comercio em sentido subjetivo e ato comercio em sentido
objetivo

Temos de fazer interpretação atualista do código comercial , no que concerne


encontrar atos de comercio objetivos

Doutrina entende que há atos que por serem considerados comerciais, são
comerciais
Também se consideram para alguns autores algumas legislações por analogia. Não
obstante não estar neste código em comercial, por muitas semelhanças de regime,
podemos qualificar como comercial este diploma. Ex.: contrato de compra e venda
comercial (463º e 464º do CCom). Contrato de agencia vamos encontrar esta
mesma necessidade de circulação de bens.

Quem é que são os comerciantes?


Nos termos do artigo 13.º
3 requisitos:
Capacidade
Pratica de atos de comercio
Profissionalidade

Artigo 7.º- capacidade para os atos de comércio.

Prática de atos de comércio- praticar um ato qualificado pela lei enquanto


comercial. Vai abranger bastantes atos de comércio objetivos mas não todos.

Profissão- exercer de forma habitual e sistemática.

Atos de comércio em sentido subjetivo- artigo 2.º/2ª parte

Pode um não comerciante praticar um ato comercial objetivo, mas nunca um


subjetivo. So um comerciante pode praticar um ato comercial subjetivo.

Que não seja de matéria exclusivamente civil- matérias que não estão relacionadas
na sua essência com o comércio. Ex: casamento, adotar, etc

O comerciante come uma maça e não sabemos para que.Quando há silencio, se


estiverem todos os requisitos preenchidos, vamos considerar que é um ato
comercial subjetivo. )

Estabelecimento comercial e celebração do contrato de trespasse Direito Comercial


I TA/2023-2024

Alice celebrou um contrato de arrendamento com Beatriz e Carlos de um espaço


no qual instalou um restaurante, denominado “Sabor Apetitoso” em 2017.

O espaço nunca tinha antes sido usado, pelo que Alice teve de comprar e
pagar todos os móveis e equipamentos necessários ao funcionamento do seu
restaurante, ou pelo menos Alice assim conta.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Em 2020, Alice, decidiu passar o negócio ao seu irmão, Diogo, porém, Beatriz
e Carlos recusaram-no perentoriamente. Perante esta recusa, Alice continuou a
servir refeições, tendo acabado por melhorar o seu serviço ao nível de anunciar
o seu estabelecimento como “o melhor restaurante do universo!”.

Dois anos mais tarde (2022), porém, um seu cliente de longa data, Emílio, disse-lhe
“a Beatriz e o Carlos adoram-me! Se quiseres, eu assumo o negócio!”. Dito isto,
logo ali chegaram a um acordo quanto ao preço, momento de transmissão,
entre outros aspetos do acordo, apertaram as mãos e concluíram o negócio.

Beatriz e Carlos quando descobrem ficam furibundos. Nem um whatsapp tinham


recebido. Filipa, filha de Alice, zangou-se com a mãe, visto que queria ficar com o
restaurante, porque tinha planos para expandir o negócio. Alice, não querendo
desiludir a filha, disse-lhe: «Abriremos um novo restaurante, melhor, e em tudo
semelhante a dois “passos” daquele: vamos chamar-lhe Novo Sabor Apetitoso e
diremos, que sim esse, é “o melhor restaurante do universo”!».

1.Perante o primeiro acordo de Alice com o seu irmão, Beatriz e Carlos


pretendiam reagir. Segundo estas, o contrato celebrado não era de arrendamento,
mas de “locação de estabelecimento”. Para tanto estas argumentaram que
foram estes que adquiriram o mobiliário e equipamento, não tendo Alice
comprado estes produtos para o restaurante. Não existiam, porém, empregados e
clientela. Quid iuris?

2.Era necessário obter o consentimento de Beatriz e Carlos para a transmissão do


negócio para Diogo?

3.Poderia Alice transmitir a Emílio o negócio naqueles termos?


Poderiam Beatriz e Carlos “expulsar” Emílio do local?

4.Emílio está furioso com a traição de Alice ao ajudar a filha a abrir o Novo Sabor
Apetitoso ali tão perto. O que pode fazer?

Sub-hipótese: e se Alice tivesse comunicado a Beatriz e Carlos a celebração do


contrato no prazo de 30 dias após a sua realização?

1-O lado de Beatriz e Carlos-O estabelecimento comercial era deles, para alem de serem
senhorios, deixaram que Alice explorasse o estabelecimento deles
Assumindo que houve mesmo cessão temporária com contrapartida onerosa do
estabelecimento, será que não haver clientela significa que não havia estabelecimento

Clientela-pessoas potenciais
Doutrina- tem relevância mas não é elemento do estabelecimento por que não podem
existir direitos subjetivos sobre a mesma
Ex: não posso exigir que a pessoa x vá ao meu café em vez de o outro. A pessoa faz o
que quer.
Mas é relevante para calcular o valor do estabelecimento.
Existe um valor associado à clientela.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Pode um estabelecimento que não esta aberto ao publico ser um estabelecimento.


Há autores que consideram que a clientela e ainda não estar aberto não é relevante. O
que seria relevante era a unidade toda da clientela ser funcional- que serve para o seu
fim económico,

O estabelecimento que nunca tenha funcionado pode ser um estabelecimento se for apto
para o fim pelo qual foi criado.

Os criados, os trabalhadores, são relevantes.

CA diz que apesar de faltaram elementos essenciais, existe uma organização unitária de
bens e que projetam a imagem ao publico de estabelecimento, mesmo que não tenham
ainda trabalhadores.

Considerando que existia de facto um estabelecimento comercial.


Locação =/= trespasse

Era preciso consentimento para a transmissão?


Transmitir ao irmão o estabelecimento.
Por que contrato?
Não existe um regime especifico para o contrato de trespasse- é atípico. Temos de usar
as regras subjacentes dos outros contratos.
Entre a Alice e o irmão- podia ser considerado compra e venda. Ou podia ser
considerado uma doação.

Considerado uma doação, as consequências seriam:


1112º/4 o senhorio não teria direito de preferência
Não teria nada a ver com a doação que Alice fez ao irmão
1112/3 devia ter sido comunicado ao senhorio o trespasse

2-
eles não tinham de consentir
tinham apenas de ter sido comunicadas- 1112º/1
podíamos ter falado do ratio legis desta norma- interesse dos trespassários e etc
observância da forma escrita- 1112/3
na comunicação, há autores que defendem que se deve enviar a copia do contrato para
que o senhorio possa conhecer do inquilino

podia ser um negocio jurídico gratuito- uma doação- não sabemos e ai nesse caso o
senhorio não teria direito de preferência

3-
1138/f)- não foi comunicado, tem direito à resolução
Explorar os argumentos que fundamentam a necessidade da comunicação aos senhorios

4- obrigação implícita da não concorrência

Sub-hipótese:
Artigo 1038/g)- incumprimento
Práticas de Comercial I 2023/2024

Artigo 1038/2/e)- resolução


Há doutrina que discorda quanto ao prazo
E se se aplicar o prazo do Artigo 1109º da locação de estabelecimento?
Ou será que se aplica o prazo geral para o arrendamento?
O professor regente defende a posição que se aplica 15 dias pois sempre que a lei não
especifica deve recorrer-se ao prazo geral
Gravato morais- analogia com os prazos de arrendamento por razões sistemáticas
A ultrapassagem do prazo pode ter relevância quanto a resolução

Exposição teórica sobre estabelecimento comercial e o contrato de trespasse

Estabelecimento comercial
Coisas corpóreas e incorpóreas devidamente organizadas e afetas ao comércio

Temos ativo que se divide em coisas corpóreas (moveis e imoveis) e coisas


incorpóreas (posições=

E depois temos passivo

Quando é que vamos ao 1112º ? quando o sujeito é proprietário do sujeito mas tem
de pagar renda a um senhorio (que é dono do prédio todo)
Quero vender o meu estabelecimento a alguém. Preciso de notificar senhorio ?
sim1139º/f) do CC
Preciso de autorização dele? Não1112º
Isto é assim por causa da tutela da comércio. E também por que o interesse é
vender ao maior preco e com a restrição do senhorio isto podia não acontecer.
O senhorio não pode impeder a transmissão de estabelecimento comercial.

E se eu apenas transmitir a posição de arrendatário? Em vez de transmitir o café,


o outro vai ficar la a dormir. Aí não pode ser. Exige-se o consentimento do
senhorio. E se se tornar numa loja de roupa? A mesma coisa.
1833º/2/e) do CC

Próxima aula: vamos falar da clientela e do aviamento

Estabelecimento comercial e celebração do contrato de trespasse Direito Comercial


I
TA/2023-2024

Anabela possui um café snack-bar denominado “Anabela Soares, panquecas e


mais panquecas” que se dedica à venda de panquecas. Anabela ficou conhecida no
mercado por fazer a “melhor panqueca de nutella e banana do mundo”. Um dia,
Práticas de Comercial I 2023/2024

cansada da sua vida, decide vender o estabelecimento, que funcionava no prédio de


Carlota, a Bernardo.

No contrato de trespasse, Anabela e Bernardo convencionaram o seguinte:

“Anabela, que é dona e proprietário de um estabelecimento de café e snack -bar no


rés do-chão do prédio urbano sito na Rua das Laranjeiras, Lisboa, que está tomado
de arrendamento a Carlota Esteves, trespassa a Bernardo Alberto o seu
estabelecimento, pelo preço de 100.000,00 (cem mil euros), com todos os seus
elementos, com exclusão da trabalhadora Diana.

As partes mais acordam que:


1) Anabela transmite a Bernardo a sua posição contratual em todos os contrato
celebrados com os seus fornecedores de farinha;
2) Vencem-se, automaticamente, todas dívidas já vencidas a todos os fornecedores,

ficando Anabela exonerada do seu pagamento.”

1. Imagine que Anabela, antes de transmitir o negócio a Bernardo, decide


levar consigo alguns eletrodomésticos da loja e a receita das “melhores
panquecas de nutella e banana do mundo”. Emílio pode reagir perante o
comportamento desta?

2. Possui relevância jurídica (i) a exclusão da trabalhadora Diana, para efeitos


de qualificação do contrato?

Nos termos do art. 285.o Código de Trabalho, os trabalhadores acompanham o


trespasse, o que

significa que nem o trespassante, nem o trespassário podem excluir a passagem


dos

trabalhadores. Quanto muito existe o direito do trabalhador de se opor à


transmissão da sua

posição e do seu contrato de trabalho.

a. E se as partes tivessem excluído a receita? Quais os direitos que assistiam


a Carlota

neste caso?

b. E se as partes nada tivessem dito ou excluído contratualmente?


Práticas de Comercial I 2023/2024

3. Que efeitos produzem as cláusulas 1) e 2) estipuladas pelas partes?

Clausula 2

O Professor COUTINHO DE ABREU nega a transmissão automática

das dívidas, seguindo o regime geral do art. 595.o, o qual determina que
transmissão do título

singular das dívidas referentes ao estabelecimento só se pode verificar por


acordo entre

trespassante e trespassário, ratificado pelos credores, ou acordo entre os


trespassários e os

credores, com ou sem consentimento do trespassantes. Em qualquer caso, a


transmissão só irá

exonerar o trespassante havendo declaração expressa dos credores. Até então, irá
responder

solidariamente com o trespassário.

O Professor MENEZES CORDEIRO, a este propósito,

distingue o plano das relações externas com as relações internas. É importante


ressalvar que a

posição deste professor não contraria o regime geral da assunção de dívida, na


medida em que

o que faz é uma mera interpretação específica do regime quando esteja em causa
um trespasse

de estabelecimento comercial. O plano das relações internas tem que ver com as
relações entre

trespassante e trespassário. Ou seja, quando ocorre o trespasse existe um acordo


entre o

trespassante e o trespassário, no sentido do qual o trespassário passará a ser


responsável perante
Práticas de Comercial I 2023/2024

os credores dos trespassante pelas dívidas existentes no estabelecimento. Isso


significa

igualmente que se o trespassante tiver liquidado alguma divida do


estabelecimento comercial

tem direito de regresso contra o trespassário. O plano das relações externas


podemos ter uma

de três situações: (1) credor apenas reconhece o trespassante como devedor; (2)
o credor

assume também como seu codevedor o trespassário. Assim, quer o trespassante,


quer o

trespassário são responsáveis solidários para o cumprimento da obrigação. Não


basta que o

credor se dirija ao novo devedor, para que o anterior seja exonerado, é


necessário que exista

uma declaração expressa nesse sentido, (3) o credor exonera o trespassante e,


por isso, o único

devedor que passa a existir é o trespassário.

4. Imagine que Emílio, meses após a celebração do contrato, transformava por


completo o

restaurante, passando a lá vender acessórios de moda. O que poderia fazer


Carlota?
a. E se tivesse combinado com Anabela, desde o início das negociações,
transformar a loja?

5. Poderia Bernardo manter a designação “Anabela Soares, panquecas e mais


panquecas” associado àquele café?

Aula 9/10

Não trazer a obrigação de concorrência após o contrato de trespasse


Práticas de Comercial I 2023/2024

Resolução do caso:

Caso sobre não concorrência

Analisar artigo do Nuno Orliano

Maior parte da doutrina admite que há um dever de não concorrência

A adquire estabelecimento de B. A cria um estabelecimento igual a B. é


admissível?

Há quem recorra o princípio da boa fé. Deveres com eficácia após a celebração
do contrato. Este tipo de conduta viola um dever de lealdade.

Também há quem recorra à garantia. Se fizer isto não estou verdadeiramente a


cumprir o meu dever de entregar a coisa. Sim estou a entregar o espaco. Mas o
que faz dinheiro é a clientela. Ou seja, a clientela não vai frequentar o novo
espaco mas o espaco onde conhecem o dono.

A pessoa que esta a vender conhece os compradores. É a pessoa mais perigosa


para fazer concorrência.

Há quem na doutrina que diz que esta obrigação não consta do cc de todo. E
defendem que o abrigo da autonomia privada.

Outros autores dizem que se deve procurar na lei comercial. Analogia do


contrato de trespasse para o regime da agencia.

Limites -Em que termos e que uma parte esta adrista a dever de não
concorrência e quais os limites da tua atuação (limite espacial, temporal,
material, objetivo)

Limite objeto- a actividade em si. Estão a realizar a mesma atuação?

Limite espacial- so se houver uma proximidade espacial. Há acordaos a discutir


se o estabelecimento estiver no mesmo centro comercial que o outro se se viola
o limite espacial

Limite temporal- alguns autores referem 3 anos.

O que acontece se se viola o dever da não concorrência?

Para quem acredita que há um contrato que é violado , há incumprimento , há


resolução, ação de cumprimento, sancao pecuniária

1-
Práticas de Comercial I 2023/2024

“Anabela Soares, panquecas e mais panquecas” é um estabelecimento

Âmbitos do trespasse. A doutrina identifica 4. Importa saber se houve um


verdadeiro trespasse. O que constitui um incumprimento de contrato quando
retiro um elemento que não especifiquei no contrato concretamente?

Âmbito natural- todos os elementos que se transmitem no silencio das partes

Ambito máximo- todos os elementos e está expresso pelas partes

Vamos resolver o resto do caso na quarta feira

Temos de perceber se no silencio das partes questões como os equipamentos e a


receita se deve transmitir automaticamente com o trespasse

A maioria da doutrina adota a teoria dos âmbitos.

No silêncio das partes, assume-se que se transmite todos os elementos. São


elementos que se poderiam considerar essenciais para o desenvolvimento do
estabelecimento.

Se se retira um elemento tão crucial ao ponto de que se pode dizer que já não se
trata do mesmo estabelecimento então dizemos que houve violação do âmbito
mínimo (por exemplo, retirar o nome de “ A brasileira” ao café icónico do
Chiado”

Tendo incumprido o seu dever de entrega do estabelecimento, Anabela podia ser


obrigada a entregar ao bem, se se entendesse que era incumprimento definitivo
podia haver indemnização.

Alguns autores entendem se não considerar que violou o âmbito minino e que
ainda é o mesmo estabelecimento , podia haver uma redução do contrato de
trespasse.

2-

Analisar o teor do contrato e se a exclusão era lícita e qual as suas conclusões


para a trabalhadora Diana.

O contrato de trespasse incide sobre vários bens. Contudo, as partes podem excluir que
certo elemento. Só não podem excluir um elemento pertencente ao âmbito mínimo.

Os trabalhadores estão sobre uma situação frágil, pois podem perder o trabalho.

A pessoa que adquire o estabelecimento passa a ser o empregador dos trabalhadores

Artigo 285º do CT

2.a)
Práticas de Comercial I 2023/2024

havia violação do âmbito mínimo pois o elemento caracterizava o


estabelecimento

aplica-se o artigo 424º para alguns autores pois so há transmissão de coisas


conexas e não de uma unidade

os efeitos para o senhorio são os 1112/2/a)

normalmentre, a doutrina faz uma interpretação restritiva desta alínea

consequência: o senhorio poder resolver o contrato 1112/3, e tem o ónus da


prova para provar que não estabelecimento

b) tudo o que não é discriminado

não havia nenhuma clausula de exclusão, em princípio passava tudo

3.

i)

cessão da posição contratual

artigo 424º do CC

questão doutrinária

quando celebramos contratos de trespasse, o que é que acontece aos terceiros? Por
exemplo, aqueles terceiros com que o antigo trespassário celebrava contratos de
fornecimento?

CA: Aplicando o artigo 424º, tinha de se ter o consentimento do terceiro

Ler posição de Cassiano Santos, Engrácio Antunes, Januário Costa Gomes e Oilveira
Ascensão

Oliveira Acensão em todas as situações relacionadas com a exploração da empresa


devem se transmitir automaticamente. Aplicação analógica do 1112º

Cassiano Santos, Engracio e Januário vao apoiar esta doutrina e vao acrescentar mais
argumentos

Argumento: Faz sentido aplicar a lei comercial, não a lei civil

Artigo 3º do CComercial

O direito comercial exige outra flexibilidade que o direito civil não tem
Práticas de Comercial I 2023/2024

CA refere que há sempre o consentimento de todos é que se pode transmitir esta posição
contratual.

Efeitos externos- artigo 424º do CCom

Proxima aula

Vamos falar da transmissão das dividas

E vamos começar a insolvência

Aula 18/10/2023

Insolvência

processo declarativo vs processo executivo

a insolvência vai ter elementos tanto do processo declarativo como do processo


executivo

por que é que se diz que o processo de insolvência é concursal?

Re: vários credores chamados à colação

Processo executivo é um processo urgente.

Artigo 2.º do código da insolvência. Qualquer pessoas singular pode ser sujeito de um
processo de insolvência. Mas também o podem ser as sociedades coletivas.

Insolvência- artigo 3.º/1

Código de insolvência (artigo 5.º) apresenta uma noção diferente de empresa do que o
código comercial

Quem é que pode iniciar um processo de insolvência?

Artigo 18º e ss

Artigo 20º e ss para outros credores

Existe um dever de o insolvente declarar que está insolvente??

Âmbito subjetivo da declaração da insolvência- artigo 2º

Pedido da declaração da insolvência: os seus requisitos estão presentes no artigo 23º

Oposição- quando o devedor contesta estar insolvente


Práticas de Comercial I 2023/2024

Se for o próprio devedor a pedir a própria declaração de insolvência. Quem é que pode
constestar? Ninguém. Nem há audiência (artigo 28º). O tribunal pode reconhecer ou
não.

Se for um credor a requerer a sua declaração de insolvência, e o devedor se opuser, a


consequência esta versada no artigo 29º. Audiência segundo o artigo 35º

Sentença de declaração de insolvência- artigo 36.º. todos os elementos la explícitos tem


de estar presentes na sentença.

Exemplo:

Artigo 39/7/al)b)- o processo é declarado terminado por insuficiência de bens


suficientes para cobrir a massa insolvente- isto é um caso muito raro

Massa insolvente- definição no artigo 46º

Segue-se a apreensão dos bens-> massa insolvente 46.º, 36º, 1,g), 81º, 149º

153º, 154º, 155º

Prazo para reclamação dos créditos- 30 dias

Prazo para audiência dos credores (?)- 45 a 60 dias

Artigo 165.º

Os credores vao formar uma audiência e deliberar sobre a situação financeira do


devedor e se deve ou não ser recuperada a empresa

192º- podem decidir um plano de liquidação

Se existe um plano de insolvência para pessoa singular que tem empresa, ele tem um
plano de pagamentos. Não se aplica a quem não e empresário. 249º, 250º e 251º.

De seguida a fazer o inventário (156º), segue-se a liquidação (158º).

Mas tem de esperar pelo transito em julgado. Ou seja, tem de esperar que o prazo depois
da sentenca que se tem para recorrer acabe.

128º- o ónus do credor de provar a insolvência e os créditos em falta e que tipos de


créditos

Nos termos do artigo 90º, para poderem beneficiar da declaração da insolvência

No requerimento devem explicitar que categoria de créditos é que têm

Artigo 128º- administrador da insolvência vai analisar as reclamações dos credores mas
também os elementos da contabilidade do devedor
Práticas de Comercial I 2023/2024

Os credores podem impugnar esta lista que o administrador da insolvência faz? Sim! E
abre-se aí um outro processo. Nos termos do artigo 130º e o processo vai estar nos
artigos que se seguem.

Se os credores nada contestarem (impugnarem), então 130, 3º - sentença de verificação.


O juiz vai graduar os créditos. Com esta sentença os credores podem saber quem é que
será pago primeiro. Vai haver pagamento aos credores (172º e ss).

O processo acaba- 230º a)

Créditos sobre massa insolvente são prioritários- artigo 51º (?) > Créditos sobre a
insolvência- artigo 47º

INSOLVÊNCIA TA/2023-2024I-

O Requerimento de Insolvência –

Em 2018, Adalberta e Joana decidem constituir uma empresa cujo objeto social é a
compra e venda de vinho, à qual denominaram de BELAVISTA, Lda. Para essa
via, adquirem um espaço na Avenida da Liberdade, um terreno no Douro,
celebram um conjunto de contratos com vários fornecedores e recorrem a um
empréstimo junto do BANCOTUDOEMPRESTA, S.A.

O referido banco exigiu que, em caso de incumprimento das obrigações


adstritas, deveria uma hipoteca ser constituída sobre o terreno no Douro. Em
2023, a sociedade ficava sem clientes, e apresentava resultados
consecutivamente negativos.

A concorrência era mais que muita, e a sociedade deixava de ter recursos


para ombrear com os concorrentes. Assim, todos recomendavam que a empresa se
apresentasse à insolvência, mas os gerentes resistiam e afirmavam que obtiveram
uma pré-aprovação do Banco de um financiamento de €50.000,00, o que seria mais
do que suficiente para pagar os montantes em dívida que ascendiam apenas a €
30.000,00.

1.Deve a BELAVISTA, Lda. requerer a sua declaração de insolvência?

Estamos perante um caso de legitimidade, em que importa determinar quem é que pode
requerer a declaração de insolvência (legitimidade ativa) e quem é que pode ser
declarado insolvente (legitimidade passiva).

A Belavista , Lda poderia requerer a sua própria declaração de insolvência, nos termos
do artigo 19.º do CIRE.
Práticas de Comercial I 2023/2024

A situação de insolvência é a impossibilidade do cumprimento pontual das obrigações.


Não é uma impossibilidade em sentido técnico jurídico , por que não estamos no âmbito
do artigo 780.º e ss do CC.

Artigo 3.º do CIRE-

2 critérios: 1) cash-flow; 2) balanço do ativo patrimonial, em relação ao passivo

Critério do fluxo de caixa (cash flow) – o devedor é insolvente assim que se torna
incapaz de pagar as suas dívidas no momento em que estas se vencem, por falta de
liquidez. . .Neste caso, é irrelevante que o ativo seja superior ao passivo, pois a
insolvência verifica-se assim que haja impossibilidade de pagar as dívidas existentes.

Esta ausência de liquidez pode -se dar pelo facto da atividade não desencadear
rendimentos para pagar as obrigações. Nesta situação, não existe cash flow e afluência
de meios para o pagamento das obrigações.

Neste caso, parece- nos que o activo seria de 20.000 euros, gracas ao empréstimo do
banco.

Contudo, no artigo 3.º/2 do CIRE estabelece-se o critério acessório aplicável às pessoas


coletivas e aos patrimónios autónomos.

O critério do balanco ou do ativo patrimonial é aqui aplicável em alternativa ao critério


do fluxo da caixa, de modo a facilitar o pedido de insolvência por parte dos credores
destas entidades.

Critério do balanço ou do ativo patrimonial- a insolvência resulta do facto de os bens do


devedor serem insuficientes para o cumprimento integral das suas obrigações. Aqui,
apenas é insolvente aquele cujo conjunto dos bens não chega para fazer face às
respetivas responsabilidades. Este critério tem a dificuldade de exigir que se analisem
com a devida atenção os bens do devedor.

Parece-me ser o caso aqui, visto que houve uma redução substancial da atividade em
causa, facto notório por já não terem clientes, além de que não tinham capacidade para
cumprir com as suas obrigações, dado que não tinham recursos para ombrear os
concorrentes.

Requerimento de insolvência- artigo 23º

Podia ser sujeito nos termos do artigo 2º/1 do CIRE

Critério do fluxo de caixa vs critério de balanco

Neste caso, de acordo com o regente, podia se aplicar ambos os critérios.

Não havia liquidez. Não havia forma de pagar as dividas. De acordo com o critério do
fluxo de caixa, isto bastava para se ser declarado insolvente. Falta de meios de
pagamento.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Critério da balanco. Os bens do devedor são suficientes para pagar aquelas obrigações?
Posso ter imensos bens mas não tenho forma de pagar as minhas dividas sem os vender,
e aí sou declarada insolvente.

Este critério é um reforço e é so aplicável a pessoas coletivas.

Analisa-se os ativos da empresa. Em conta o sistema de normalização contabilística. No


entanto , nos termos do nº 3, a empresa podia provar que o ativo é superior ao passivo.

Não era evidente neste caso se se estava perante um caso de insolvência.

Não sabíamos quantos bens a sociedade comercial tinha. E não sabíamos se a sociedade
comercialtinha entrado em incumprimento com as dividas anteriores.

Dever de apresentação à insolvência- art. 18º e ss do CIRE

Competia a quem geria a sociedade comercial nos termos do artigo 19.º do CIRE

Empresa no CIRE (remete para o artigo 5.º)=/= empresa no código comercial

Prazo de 30 dias para me apresentar à insolvência

Lei nº 1-A de 2020 vigorou até junho de 2023 na lei 31/2023 em que houve uma
suspensão deste prazo por causa da pandemia que foi ruinosa para muitos negócios

2.Os credores da sociedade requerem a declaração de insolvência da BELAVISTA,


Lda.

a. Existe alguma vantagem, para os credores, em requererem a declaração


de insolvência da sociedade comercial?

Artigo 98º é uma vantagem limitada a um determinado valor e um determinado


privilégio.

Existem autores que criticam esta vantagem, pois há tantos limites que acaba

Caso os credores requeiram a declaração de insolvência da sociedade comercial, estes


vedam produzir prova relativa à sua condição de interessados na declaração, exigindo-se
a verificação de uma das circunstâncias do artigo 20.º.

De acordo com o artigo 81/1, a declaração de insolvência priva imediatamente o


insolvente dos
Práticas de Comercial I 2023/2024

poderes de administração e disposição dos bens integrantes da massa insolvente, os


quais

passam a competir ao administrador de insolvência

A declaração de insolvência acarreta a dissolução da pessoa coletiva, passando a sua

personalidade coletiva a restringir-se à prática dos atos necessários para a liquidação do


seu

património – artigo 182/1 CC

artigo 90ª CIRE- Consequentemente, durante a pendencia do processo, os credores


apenas podem exercer os seus direitos no âmbito do processo de insolvência face ao
artigo 90 CIRE, deixando de poder instaurar ações independentes ou continuar a
prosseguir outros processos

Assim se garante a intangibilidade do património do devedor, já que a massa insolvente


deixar de poder ser utilizada como garantia real de outros créditos que não aqueles que
sejam exercidos no processo de insolvência

A declaração de insolvência determina o vencimento de todas as obrigações do


insolvente não subordinadas a uma condição suspensiva (artigo 91º/1 do CIRE)

Isto é , a declaração de insolvência gera o vencimento imediato de todas as obrigações


(inclui obrigações puras, obrigações a prazo e obrigações sujeitas a cláusulas cum
potuerit ou cum coluerit) do insolvente, com exceção dos créditos tratados no art. 50.

Esta antecipação do vencimento prede-se com a falta de confiança dos crederes na


solvabilidade do devedor. Assim sendo, as obrigações passarão a vencer juros legais a
partir do momento da declaração.

Benefício 1: Efeito processual: apreensão de certos elementos e bens do devedor (36,


g)) e 150º CIRE

Atenção: artigo 150º/2 “ apreensão é feita pelo próprio administrador da insolvência,


assistido pela comissão de credores ou por um representante desta, se existir, e, quando
conveniente, na presença do credor requerente da insolvência e do próprio insolvente. “

Benefício 2: apensação

Efeitos do artigo 85.º : Declarada a insolvência, todas as acções em que se apreciem questões
relativas a bens compreendidos na massa insolvente, intentadas contra o devedor, ou mesmo contra
terceiros, mas cujo resultado possa influenciar o valor da massa, e todas as acções de natureza
exclusivamente patrimonial intentadas pelo devedor são apensadas ao processo de insolvência, desde
que a apensação seja requerida pelo administrador da insolvência, com fundamento na conveniência
para os fins do processo.
Práticas de Comercial I 2023/2024

b. Poderia a sociedade responsabilizar os credores pelo pedido deduzido? (a


resposta a esta questão deve ser congruente com a resposta dada na pergunta 1.)

Divergência doutrinaria do artigo 22º.

Reputação da sociedade comercial fica arruinada com a declaração de insolvência, mas


também so por se saber em geral que houve um pedido e que esta em risco de entrar em
insolvência.

Têm de haver consequências para quem faz pedido infundado, com dolo.

Doutrina e o professor regente considera que não faz sentido por coerência sistemática.
Nos casos de negligencia grosseira faz se sentido permitir a responsabilização dos
devedores também.

MC faz distinção entre 2 casos:

1-Casos em que o requerente é o devedor e afinal é infundado.

2-Casos em que o requerente é o credor e afinal é infundado. O critério é o do bonus


pater familias.

Ambos o dolo e a negligencia grosseira devem ser aplicados no caso do devedor por
coerência sistemática

Ml considera que nos casos dos credores requererem a insolvência e no final o devedor
não estava insolvente. Se pelo artigo 20º conseguirem provar que uns dos índices
estavam preenchidos e indicavam que o devedor estava insolvente, apesar de na verdade
não estar, poderão não ser responsabilizados. (o devedor também pode-se defender na
oposição)

3.A sua resposta à pergunta 1. alterar-se-ia se, em 2023, ainda perante o


suposto financiamento, a BELAVISTA, Lda. não conseguisse pagar aos seus
fornecedores, ao fisco?

O artigo 102o/1 define negócios em curso como “os contratos bilaterais em que, à data
da declaração de insolvência, não haja ainda total cumprimento por qualquer das partes.
Estão em causa, exclusivamente, negócios jurídicos bilaterais e sinalagmáticos em que
ainda anão tenha havido total cumprimento pro nenhuma das partes.

Depois disto, o artigo fixa o principio da suspensão do cumprimento: declarada a


insolvência, o cumprimento dos negócios em curso suspende-se até que o administrador
da insolvência declare optar pela execução ou pela recusa do cumprimento.

Ou será que se aplica o 111º pois estamos perante um contrato de prestação duradoura
de serviço=
Práticas de Comercial I 2023/2024

No caso 1 tinhamos estabelecido que não havia situação de insolvência pois no


momento do vencimento dos créditos teria os meios para os liquidar (pois iria obter um
financiamento)

Neste caso, haveria uma verdadeira impossibilidade de pagar os credores. Não havia
duvida que era uma situação de insolvência, segundo o 3.º/1 do CIRE. Não se aplicava o
3.º/2 pois, novamente , não tínhamos informação suficiente no enunaciado.

a.Neste cenário, poderia a Autoridade Tributária e Aduaneira defender-se de


alguma forma?

Íamos pelo artigo 20º/1 -podia o Ministério Público , em representação das entidades
cujos interesses lhe estão legalmente confiados

20/1/g)

Poderia requerer a declaração de insolvência do devedor

São factos índice- são factos que indicam que o devedor esta em insolvência. Mas não
quer dizer que está. O credor tem ainda de provar a insolvência do devedor. E o devedor
pode ainda contrariar.

Se o devedor nada dizer, então 30/5.

Nota extra: artigo 97º

b.E os fornecedores, poderiam requerer a declaração de insolvência?

Têm legitimidade ativa – artigo 20.º

Podíamos neste caso ir tanto à alínea a) como à alínea b)

Ver a doutrina sobre isto. Há doutrina que diz que esta distinção entre artigos é inútil e
que o artigo 3.º bastava.

O artigo 20 não serve para dizer que o devedor esta insolvente, servem para o credor ir a
tribunal, invocar uma das alíneas e dizer que supor que o devedor esta insolvente.

Créditos subordinados pelo 48ª? Isto é, pois estamos perante créditos detidos por
pessoas especialmente relacionadas com os credores

Artigo 49º. Há doutrina que considera que é um artigo meramente taxativo.

c.A ser declarada a insolvência da BELAVISTA, Lda., que créditos devem ser
primeiramente pagos, considerando (i) os factos resultantes do enunciado

artigo 47º do CIRE os créditos garantidos pela hipotexa


Práticas de Comercial I 2023/2024

de seguida os credores comuns em proporção dos seus créditos

1.º créditos sobre massa insolvente- artigo 51.º + 172º CIRE

2.º créditos sobre a insolvência – artigo 47.º

1.º garantidos + privilegiados especiais- artigo 174º

2.º privilegiados- artigo 175.º

3.º comuns- artigo 176.º

4.º subordinados- artigo 177º

733º CC temos a definição de créditos privilegiados. 747º do CC temos a ordem de


hierarquia.

333º do CT é um exemplo de um crédito privilegiado.

Créditos subordinados- mais no artigo 48º

, (ii) os factos enunciados na pergunta 3.

E (iii) que a sócia Adalberta celebrou um contrato de suprimento com a sociedade


que a mesma incumpriu?

48º/g)

4.João, gerente da BELAVISTA, Lda., desde 2020 desviava os fundos da empresa


para a sua conta pessoal. Seria possível aos credores reagir nesta situação?

Insolvencia- culposa ou fortuita?

O artigo 186o/2 contem uma presunção absoluta de insolvência culposa sempre que
tenha havido incumprimento destes deveres. O que está em causa é apurar se alguém
com algum ato ou omissão contribuiu para a criação ou agravamento da situação de
insolvência. Sendo a insolvência culposa, há um conjunto de consequências aplicáveis.

Artigo 189º

Requisitos:

1-Houve uma clara intenção. Difícil de argumentar que houve negligencia.


Práticas de Comercial I 2023/2024

2-Relação causal entre o comportamento e a situação causal

3- prazo temporal de 3 anos

O artigo 186 contem presunções ilidíveis

Proxima aula: resolver o resto das alíneas

Resolver o seguinte caso de insolvência

INSOLVÊNCIA TA/2023-2024

II-Administrador de Insolvência

-Afonso é nomeado administrador de insolvência num processo em que é


insolvente Bela.

A massa insolvente consistia em 4 imóveis, sem qualquer garantia real associada


aos mesmos.

Após a declaração da assembleia de credores ter ocorrido, Afonso inicia as devidas


diligências para a venda dos bens que componham a massa insolvente. Durante 7
meses não foi possível vender os imóveis por anúncios em jornais.

Portanto, Afonso decidiu proceder à venda de três bens imóveis pelo melhor preço
oferecido, através de propostas a apresentar por qualquer meio, que publicita em
anúncio sem menção do dia a hora de abertura, nem fixação de preço-base.

Afonso aceitou propostas no valor de € 500,€ 5.000, € 2.000 pelos imóveis, quando
lhes correspondiamos valores patrimoniais tributários de € 10.000, € 50.000 e €
20.000.

Ao mesmo tempo, perante a oportunidade de adquirir a 4.ª casa de Bela Afonso


não hesita: avança com uma licitação (vencedora) para adquirir o imóvel.

1-Quais são as principais funções do AI?

Cabe ao administrador da insolvência administrar e dispor dos bens da massa insolvente


(artigo 47º e ss do CIRE)
Práticas de Comercial I 2023/2024

Artigo 55º do CIRE

Responsável pelo processo de insolvência- artigo 155º CIRE

O administrador da insolvência é um administrador, autónomo do devedor, a quem é


atribuída competência ºara administrar a massa insolvente, sendo que os poderes de
administração são excluídos da esfera do devedor- artigo 81º/1 CIRE. Há no entanto
exceção a esta regra, nos artigos 223º e ss CIRE, que estabelecem que em determinados
casos, a administração pode ser feita pelo próprio insolvente, com fiscalização do
administrador da insolvência.

Existe fiscalização da atividade do AI?

Sim, é fiscalizado pelo juiz , nos termos do artigo 58º do CIRE.

2-Os credores ficam chocados com a conduta de Afonso e pretendem


ser indemnizados. O que lhes diria como seu advogado?

Os termos de liquidação podem constar de um plano de insolvência (artigo 1º/1), mas


tal não é obrigatório (artigo 192º/2 do CIRE).

No que diz respeito à alienação de bens que integram a massa insolvente, é o


administrador da insolvência que tem a cargo a promoção desta (artigo 55º, 1, a))

O caso parece-nos indicar que houve relatório de gestão, sendo que este tinha o dever de
elaborar o relatório, no que decorre dos artigos 155º e 156º.

e que tal foi aprovado pela assembleia, pelo que o administrador da insolvência podia
proceder com prontidão à venda de todos os bens apreendidos para a massa insolvente.
Artigo 158º

Importava analisar se havia uma necessidade de consentimento por parte dos


administrador face à venda dos imóveis. Ora, embora a venda de bens imóveis não
estava expressamente prevista no artigo 161º /3, esta enumeração não é taxativa, pelo
que se deve atender ao critério do artigo 161º/2.

Ora , sendo que a massa involvente consista em apenas 4 imóveis, considera-se que a
venda de 3 deles se afigura um ato de especial relevo, tendo em conta os riscos
envolvidos e as perspectivas de satisfação dos credores da insolvência. A qualificação
desta alienação como ato especial relevo torna necessárias cautelas especiais.

Havia , portanto, necessidade de consentimento.


Práticas de Comercial I 2023/2024

Além disso, devia ter comunicado à associação de credores a forma de negociação


particular pela qual optou ( publicitar a venda nos jornais) artigo 161º/4-

Nos termos do artigo 164º/1 do CIRE, o administrador da insolvência devia proceder à


alienação dos bens preferencialmente através da venda em leilão eletrónico, podendo ,
de forma justificada, optar por qualquer das modalidades admitidas em processo
executivo ou por alguma outra que tenha por mais conveniente.

Ora, o administrador não exaustou todos os meios (mais preferenciais) de se venderem


imóveis, optando por anúncios em jornais e aceitando propostas baixas após não ter
sucesso durante sete meses.

Mais ainda, o artigo 164º/2 do CIRE prevê que o admistrador deve informar o credor
com garantia real sobre o bem alienado de qual foi o valor base fixado. Afonso nem
sequer estipulou um preço base no anúncio. Não havia credores com garantia real sobre
o bem a alienar.

O pagamento aos credores pelo produto da massa insolvente, não impede, ao abrigo do
regime previsto no art. 59º CIRE, que os credores demandem o administrador da
insolvência para ser ressarcidos pelos danos causados com a sua atuação, desde que se
demonstre a diminuição da percentagem do crédito que, se não fora o ato lesivo, o
prejudicado provavelmente receberia, ou, pelo menos, no agravamento das condições de
recebimento.

Responsabilidade civil do administrador da insolvência não diverge do que é comum no


regime comum. Existe ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade.

Quanto à culpa, a lei fornece aqui o critério da diligencia de um administrador da


insolvência criterioso e ordenado.

Importa avaliar se ,nas circunstancias concretas do agente, o acto em questão era aquele
que, de entre os possíveis, melhor se ajustava a assegurar a necessária tutela dos
interesses dos credores.

Comporta a necessidade de apreciar se o acto do administrador que é posto em causa se


adequou à optimização das possibilidades de pagamento dos credores, seja pela
disponibilização de fundos que proporcionou – ou era razoavelmente expectável que
pudesse proporcionar-, seja pelas perdas patrimoniais que evitou à messa.

ATENÇÃO: ter em conta que o administrador da insolvência devia ter em conta o prazo
de 1 ano do artigo 169º e que já tinha passado 7 meses...

Quanto à ilicitude, essa reside objetivamente na violação dos deveres de administração


judicial. Compete ao lesado, de acordo com as regras gerais, o ónus de prova da
verificação de todos os pressupostos de que depende o direito à indemnização.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Uma vez demonstrados, porém, o administrador responde ilimitadamente com todo o


seu património , até à concorrência do prejuízo, como também é comum na
responsabilidade aquiliana.

Responde só pelas dívidas da massa insolvente?

Dívidas da massa insolvente, segundo o artigo 51º, incluem as dívidas emergentes dos
actos da administração, partilha e liquidação da messa e em geral da axctuação do
administrador da insolvência no exercício das suas funções.

Nos termos do artigo 59º, analisar a responsabilidade do administrador da insolvência.

158º e ss

Pelo 164º, o ideal era a venda eletrónica mas não era obrigatorio

811º/1 /a) e seguintes do Codigo processo executivo

Neste caso, podíamos aplicar o 59º/2

Existem dois grandes deveres:

Deve tomar uma decisão no sentido dos interesses do credores

Informação necessária para chegar a tomada de decisão- não fez analise dos preços dos
bens

Devia ter diversificado os meios de venda

Devia ter observado os requisitos do processo executivo.

3-Afonso agiu corretamente ao adquirir o imóvel de Bela? Quais as possíveis


consequências de o ter feito?

Nos termos do artigo 161º/3/d) do CIRE, a aquisição de um imóvel é considerado um


ato de especial relevo que carecia de consentimento da comissão de credores, ou, se esta
não existisse, da assembleia de credores.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Detituição de administrador judicial a todo o tempo, precedendo justa causa.

Anotação código de insolvência anotado de Luis carvalho fernandes e João labarela:

Cobrem-se todos os casos de violação de deveres por parte do nomeado, aqueles em que
se verifica a inaptidão ou incompetência para o exercício do cargo, traduzidas na
administração ou liquidação deficientes, inapropriadas ou ineficazes da massa

A competência para a decisão de destituição é exclusiva do juiz. No entanto, a iniciativa


do incidente, podendo também ser dele, não o é necessariamente . Aliás, embora lhe
caiba o poder de vigilância da actividade do administrador nos termos expressos do
artigo 58.º, o juiz não será quem, muitas vezes, está em melhores condições para, motu
próprio, conhecer dos factos, circunstancias ou situações susceptiveis de configurar
justa causa de destituição.

Todos os interessados, designadamente a própria comissçao de credores, qualquer


credor e o devedor podem solicitar ao juiz a destituição, incidente este que, como
qualquer outro do processo, independentemente do resultado a que conduza, deve ser
apreciado e decidido.

3 formas de cessar

Renunciar

Cessação do processo

Destituído –

Definir justa causa

Alem disso, ele adquiriu um bem da massa insolvente – 168º

III

- A resolução em benefício da massa insolvente e efeitos sobre os negócios em curso


Em janeiro de 2022, André devia € 50.000 a Baltazar, € 10.000 a Carla e €5.000 a


Diogo, todos amigos próximos.
Bernardo, perante a deterioração da situação financeira de André, decide assegurar a sua
posição, e pede-lhe em junho de 2022 que se constitua uma hipoteca sobre a sua casa, o
que André prontamente aceita.

Em agosto de 2022, a Associação das Almas Caridosas, na qual Diogo era associado,
pede a André que lhe faça uma doação no montante de € 10.000.
Práticas de Comercial I 2023/2024

André, que sempre foi uma pessoa generosa, mas pouco prudente, doa de imediato o
referido montante, apesar de, com esse ato, esgotar todas as suas poupanças.

Em setembro de 2022, Carla requer judicialmente que seja declarada a insolvência de


André. O Administrador de Insolvência (“AI”) do processo de André tomando
conhecimento destes atos, em outubro de 2022, decide agir. Logo nesse mês, envia uma
carta registada com aviso de receção a Bernardo, afirmando que a hipoteca não pode
subsistir, explicando sucintamente os motivos para tal. Em janeiro de 2023, envia outra
carta à Associação das Almas Caridosas exigindo o dinheiro de volta.

1. Quais são os efeitos jurídicos do ato do AI enviar a carta a Bernardo? Pode


Bernardo opor-se ao mesmo?

Podem ser resolvidos em benefício da massa insolvente os atos prejudiciais à


massa praticados dentro dos dois anos anteriores à data do início do processo de
insolvência- artigo 120º/1 CIRE

Bernardo tinha conhecimento da deterioração da situação financeira de André ,


pelo que se presume que agiu com má-fé, segundo o 120º/5/b) do CIRE.

Contudo, nem era necessário ir por esta via, sendo que o artigo 121º/c) prevê a
resolução incondicional em benefício da massa insolvente nos casos em que a
constituição pelo devedor de garantias reais relativas a obrigações preexistentes
ou de outras que as substituam , nos seis meses anteriores à data de início do
processo de insolvência

A resolução teria efeitos retroativos (segundo o artigo 126º do CIRE) e aí leva a


reintegração dos bens da massa insolvente.

Sendo que Bernardo estava de má-fé, o crédito que ele tinha inicialmente sobre
André passa a ser um crédito subordinado , por consequência do artigo 48º/e) do
CIRE

Os créditos subordinados são os últimos na ordem de prioridade , segundo o


47º/4 b), o 48º e o 177º)

Contudo, nem era necessário ir por esta via, sendo que o artigo 121º/c) prevê a
resolução incondicional em benefício da massa insolvente nos casos em que a
constituição pelo devedor de garantias reais relativas a obrigações preexistentes
ou de outras que as substituam , nos seis meses anteriores à data de início do
processo de insolvência

A competência era de competência exclusiva do administrador, sendo que estava


dentrp do prazo o envio da carta registada com aviso de recepção (artigo 123º do
CIRE)
Práticas de Comercial I 2023/2024

Tenho duvida se não se aplicava o 97.º....

Será que isto tudo nem importava pois a hipoteca legal tinha ficado extinta com
a declaração da insolvência logo? Em virtude do artigo 97/1/c)?

O credor com garantia real sobre o bem a alienar deve ser ouvido sobre a
modalidade da alienação e, bem assim, informado acerca do valor base da
alienação projetada a entidade determinada (art. 164º,2), podendo ainda propor
a aquisição do bem, por si ou por terceiro, nos termos do art. 164º/3

Será que era relevante o artigo 161º? Que isto era um ato de especial relevo?

A enumeração do 161º/3 não é taxativa, então temos de ver se isto de resolver ou


cessar a hipoteca é um ato de especial risco, com especiais repercussões sobre a
tramitação ulterior do processos ou especiais consequências quanto às
perspectivas de satisfação dos credores e à susceptibilidade de recuperação da
emprea.

Se existia vantagens especiais atribuídas a um credor, o administrador tinha a


competência para resolver

Resolução condicional- 120º

Resolução incondicional- 121º- não se precisa de cumular com mais requisitos

Aplicava -se o artigo 121/c). a enumeração do 121º é taxativa.

Só era da competência do administrador da insolvência.

Artigo 123º.

Artigo 125º. Determinado prazo para exercer a sua impugnação.

Podíamos argumentar em prol da pessoa no sentido de a carta não ter sido


exaustivo o suficiente para passar pelo crivo da lei.

O que é que acontecia se o administrador não tivesse exposto os fundamentos da


resolução?

Nulidade, por causa do ...

Efeitos – 433º e ss do código civil

E restituir a situação anterior do 126º

2. Pode o AI exigir “de volta” o montante doado à Associação das Almas


Caridosas?
Práticas de Comercial I 2023/2024

Mesma logica anterior?

Ir pelo artigo 120º do CIRE- Podem ser resolvidos em benefício da massa


insolvente os atos prejudiciais à massa praticados dentro dos dois anos anteriores
à data do início do processo de insolvência

Presumia-se a má fé, pois a associação estava especialmente relacionada com o


insolvente – artigo 120º/4 do CIRE

Estava a associação especialmente relacionada em virtude do artigo 49º/2/a)

O crédito que a associação detinha era subordinado ? pelo 48º/d. “ os créditos


que tenham por objeto prestações do devedor a título gratuito”

Ou pela alínea e)- não me parece que seja por esta alinea

Podia exigir através da resolução, tal como previsto no artigo 126º/6, pois havia
má fé presumida

Artigo 102º quanto aos negócios ainda não cumpridos??

Há autores que defendem a analogia deste preceito aos contratos unilaterais e


aos negócios jurídicos unilaterais, tais como Oliveira Ascenção.

No sentido contrário, temos Menezes Leitão e Alexandre de Soveral Martins.

121/b

Não parecia argumentável que era um donativo em usos sociais. Parece


improvável.

Podia ir pelo 120, mas a assistente acha difícil argumentar neste sentido

Efeitos. Quais as consequências? Não e relevante quando se aplica o 121º

121/6-

3. Em fevereiro de 2023, os credores de André pretendem recorrer a uma ação


de impugnação pauliana para impugnar a doação à Associação das Almas
Caridosas.

Janeiro de 2023- resolução pelo administrador da insolvência

Fevereiro de 2023- impugnação pauliana

Ações de impugnação pauliana propostas depois da declaração da insolvência- não


serão apensas ao processo de insolvência (127º/2)
Práticas de Comercial I 2023/2024

De acordo com o 127º/1, resolvido em benefício da massa insolvente um certo ato, esse
mesmo ato não pode ser objeto de uma nova ação de impugnação pauliana efeito que
decorre da resolução em benefício da massa insolvente

Atenção: a impugnação pauliana so poderá prosseguir caso a resolução do ato pelo


administrador da insolvência for declarado ineficaz após a sua impugnação.

Se a ação pauliana que puder prosseguir, nos termos acabados de expor, vier a ser
julgada procedente, o art. 127º/3, também determina que o interesse do credor que a
instaurou “ é aferido, para efeitos do artigo 616º do Codigo Civil, com abstração das
modificações introduzidas ao seu crédito por um eventual plano de insolvência ou de
pagamentos”.

O credor tem “direito à restituição dos bens na medida dos seus interesse” (616º/1 do
CC)

A resolução em beneficio da massa insolvente prevalece sobre a impugnação pauliana


dos credores

Falar dos requisitos da impugnação pauliana.

Podem fazê-lo?

4. Imagine que André, antes de ser declarado insolvente, tinha prometido


vender um apartamento a Elias. Quid Juris?

O cumprimento esta por enquanto suspenso- artigo 102º/1

Agora abrem-se duas subhipoteses:

1) não houve tradição da coisa

O administrador da insolvência pode recusar o cumprimento do contrato-


promessa com eficácia real (artigo 106º/1 a contrario)

Sendo realizada essa recusa do cumprimento, nenhuma das partes tem direito à
restituição do que prestou (artigo 102º/3a), o que leva a que o promitente-
vendedor não tenha de restituir o sinal recebido ou qualquer antecipação do
preço.

No entanto, por força do artigo 104º/5, promitente comprador terá direito como
indemnização a receber a diferença, caso esta seja positiva, entre o valor da coisa
objeto do contrato prometido, na data da recusa, e o montante do preço que
ainda teria de pagar, a qual constitui crédito sobre a insolvência
Práticas de Comercial I 2023/2024

O promitente comprador acaba assim, em consequência da recusa de


cumprimento, por ver afetados os seus direitos decorrentes do contrato
promessa, uma vez que não pode recorrer à

execução especifica (artigo 830 CC) nem solicitar o pagamento do sinal em


dobro (artigo 442/2 CC)

2) houve tradição da coisa a favor do promitente-comprador

Não pode recusar

devendo ser reconhecida no âmbito da graduação dos créditos a garantia do


direito de retenção, prevista no artigo 75/1f C, a qual naturalmente se manterá
como referente à restituição do sinal em dobro ou ao aumento do valor da coisa

o administrador de insolvência tem um conjunto de deveres e direitos.

Negócios em curso iniciados antes de serem considerados insolventes mas que


ainda não foram executados.

Declara-se apenas a contratos bilaterais.

Ficam suspensos ate a altura- 102º

Artigo 51º/1/f)

Quanto ao caso pratico em concreto, estávamos perante um contrato de


promessa de compra e venda

Não pode mesmo recusar quando houve tradição da coisa.

Mas há divergência nos outros 3 casos

Há quem aplique o artigo 106º

O professor regente não concorda e defenda uma interpretação corretiva da lei

Existe direito de retenção da coisa e isso é uma garantia.

Não se coaduna de todo com a re

CASO PRÁTICO N.º 4

Miguel andava de livraria em livraria, na zona oeste do país, durante 5 anos, a


promover a venda de livros da marca Jurídica Editora, cuja sociedade se
denominava JURÍDICA EDITORA, LDA. A referida
sociedade possuía um manual de boas práticas bastante pormenorizado. De acordo
com o manual,
Práticas de Comercial I 2023/2024

entregue a todos os distribuidores no início da sua atividade com a JURÍDICA


EDITORA, LDA., os distribuidores deveriam simplesmente explicar aos donos das
livrarias as qualidades e especificidades
do produto da sociedade, face à competição. Ainda constava do manuais instruções
diretas e
específicas quanto a encomendas e pagamentos: não podiam “aceitar” encomendas
ou pagamentos,
mas apenas “transmitir” internamente os pedidos dos clientes, a processar pelo
departamento
operacional. Mais se estabelecia no manual que quanto à apresentação do
distribuidor, este deveria
sempre usar uma camisa, acompanhado de uma gravata vermelha e cabelo curto e
penteado. Não
poderiam utilizar usar brincos, piercings ou outros adereços que a sociedade
entendesse que
“mancharia” a imagem da prévia. Deviam apresentar-se com um cartão de visita
da empresa e não
podiam usar, nos seus contactos com os clientes, outro endereço de e-mail que não
o da empresa.

Do contrato assinado por Miguel em 2013 constava:

(i)
uma obrigação de não concorrência por um
prazo de 5 anos após a cessação do contrato;

(ii)
um direito de exclusivo na zona oeste do país,

(iii)
que a sua remuneração se resumiria à comissão de 10% do preço de cada produto
vendido pela
JURÍDICA EDITORA, LDA às livrarias contactadas por Miguel, incluindo esta
comissão a
compensação pela clientela criada pelo que, findo o contrato, nada mais terá a ver
da empresa; e

(iv)
um prazo de 2 anos.
Em janeiro de 2017, Miguel teve uma epifania e dedicou-se ao budismo. Rapou o
cabelo e apenas
utilizava uma veste. Os donos das livrarias com quem interagia começaram a olhá-
lo com
desconfiança.
Miguel começou também a espalhar ensinamentos asiáticos aos donos das
livrarias, apenas
apresentando como livros da JURÍDICA EDITORA, LDA. contos budistas.
Práticas de Comercial I 2023/2024

1. Em julho de 2017, a JURÍDICA EDITORA, LDA. escreveu a Miguel, pondo fim


imediato ao
contrato. Miguel, referiu que a sociedade não tinha fundamento para tanto, sendo
que pretendia
continuar a trabalhar e a receber as comissões devidas.

Importa primeiro definir o contrato em causa

Estávamos perante um contrato de mandato comercial, previsto no artigo 231º do


CCom.
Miguel promovia a venda de livros da marca Jurídica Editora , sendo que o fazia em
nome da empresa, sendo que a mesma não lhe permitia usar um email pessoal nos
contactos com os clientes e devia apresentar-se com um cartão de visita da empresa.
Mais especificamente, estávamos perante um contrato de agência, definido no artigo
1º/1 da LCA , na redação que lhe foi dada pelo decreto-lei n.º118/93 enquanto “...
contrato pelo qual uma das partes se obriga a promover por conta da outra a celebração
de contratos, de modo autónomo e estável e mediante retribuição, podendo ser-lhe
atribuída certa zona ou determinado círculo de clientes”.
Modo típico de atuação do agente: este é um sujeito de direito (um empresário)
juridicamente autónomo do principal, com o qual estabelece um vínculo duradouro de
colaboração, que o adstringe a agir por conta e no interesse do último.

Artigo 24º LCA- formas de cessação- acordo das partes, a caducidade, a denúncia e a
resolução.
Podia ter direito a comissões mesmo após o termo da relação da agência nos termos do
artigo 16º/3 da LCA
Jurídica editora pos termo ao contrato nos termos do artigo 30º da LCA (resolução)

A resolução está vinculada à verificação de um fundamento, legal ou convencional


(432º/1 do CC)

Segundo Pinto Monteiro, ao contrário do que se sucede com o exercício da denúncia, a


resolução necessita de ser motivada, embora possa efetivar-se extrajudicialmente,
mediante declaração à outra parte, nos termos do 436º do CC..

Isto é, um dos requisitos essenciais da resolução será a existência de um motivo que, aos
olhos da lei ou do negócio em curso, seja considerado razão suficiente para justificar a
atribuição de um poder exoneratório a quem o profere.

A resolução por justa causa constitui uma providência adequada para fazer frente às
anomalias funcionais que podem perturbar o desenvolvimento dos contratos de duração,
sejam elas consequência de uma qualquer modalidade de incumprimento de obrigações
derivadas dos mesmos ou o resultado de circunstâncias objetivas, não imputáveis a
qualquer dos contraentes, que afectem o equilíbrio das respetivas atribuições
patrimoniais a ponto de porem em causa a viabilidade futura do vínculo

Mesmo que se considerasse que os incumprimentos de escassa ou leve importância,


quando avaliados isoladamente, estas podiam apresentar um “valor sintomático” , na
medida em que geravam um fundado receio por parte de quem contrata de que futuros
Práticas de Comercial I 2023/2024

incumprimentos de deveres que incumbam ao infractor- neste sentido, Baptista


Machado e Carneiro de Frade.

Contudo, a LCA desvia- se um pouco do regime geral do instituto (do 436/1 do CC):
sujeita a declaração resolutiva a requisitos procedimentais e de conteúdo
particularmente rigorosos: para além de ter de revestir a forma escrita, ela deve conter a
indicação das razões em que se fundamenta e ser proferida no prazo de um mês após o
conhecimento dos factos que a justificam (artigo 31)

Contrato de agencia- por que é que estamos perante um contrato de agencia


Aplicar o decreto-lei
Podíamos discutir aqui a existência ou não da autonomia. É discutível se existia. Havia
uma determinada politica e ainda havia um manual de boas práticas.
Podia se argumentar que podia fazer parte da poltiica interna da empresa e que por ai
não violava a autonomia.
Restribuição- 10% do preco de cada preco que vendia. A comissão devia ser adequada à
atividade do agente de modo a promover a iniciativa e a capacidade de venda do agente.
Cessação do contrato- podem cessar tanto o contrato a tempo determinado ou a tempo
indeterminado
Isto era um contrato a tempo determinado. Contudo, eles continuaram as suas atividades
após o termo da vigência. Ai passou a existir um contrato a tempo inderminado. A
doutrina discute se se criuou então um novo contrato ou se se renovou o contrato antigo
ainda.
Necessidade de dar pre aviso nas situações em que quer cessar o contrato
A resolução pode ser feita nos contratos a tempo indeterminado. Também podiam ter
usado a denuncia. Não era muito aplicável neste caso, pois tem de ser concedida por um
aviso anterior (?)
A denuncia é discricionária e não precisa de ser apresentado um fundamento.
A ratio legis do pre aviso é evitar uma cessação abrupta do contrato. Proteger o agente.
Quanto à resolução, esta tem sempre de ser motivada e tem de ser feita numa declaração
extra judicial. A denuncia so pode ser aplicada a contratos de tempo indeterminado.

Justa causa
As obrigações do agente estão nos termos do artigo 6º e do artigo 12º
Os incumprimentos tem de ser gravosos ou pelo menos reiterados o suficiente
O fundamento da alínea b) tem a ver com circunstancias objetivas cuja culpa não é de
ninguém.
Ver o 437º do CC.

Havia fundamento para resolução de justa causa no sentido em que houve


incumprimento reiterado. Não tinha de manter o contrato pelo artigo 7º

Não houve caducidade. Pelo 27º/2. As partes agiram no sentido da renovação tácita do
contrato.

Havia justa causa segundo o artigo 30?


Contem dois critérios este artigo: critério subjetivo e objetivo
Práticas de Comercial I 2023/2024

2. Segundo Miguel, mesmo que o contrato ficasse sem efeito, ele teria de ser
compensado pela
clientela que criou, considerando que os clientes continuaram a efetuar
encomendas à JURÍDICA
EDITORA, LDA.

3. Miguel sustentou ainda que este deveria reclamar à JURÍDICA EDITORA, LDA. a
comissão
contratualmente prevista por cada produto vendido por esta às livrarias do oeste
do país através
da loja online criada em 2016.

4. Em agosto de 2017, a JURÍDICA EDITORA, LDA. reclamou um pagamento em


atraso à
LIVRARIA BELA, LDA.. Esta afirmou que já pagou a Miguel em maio desse ano,
pelo que nada
deve à empresa.

O agente esta a agir representando a empresa perante terceiros


Pode existir um conjunto de atos que tem ou não tem
De acordo com o artigo 2º em principio não celebra contratos mas pode
Em principio, também não pode cobrar créditos. Mas se houver um contrato celebrado
para esse efeito ate pode pelo artigo 3º
Este negocio jurídico é eficaz? Produz efeitos?
Nos termos do artigo 22º
Há exceções em que queremos tutelar os interesses dos terceiros

No caso concreto:
Cobrança de créditos
Artigo 3º/3 diz expressamente que se o agente cobrar créditos sem autorização se aplica
o 770º do CC
Quando um terceiro realiza a prestação em vez do credor
A obrigação pode ser extinta se o credor aprovar
Podemos tentar procurar a tutela do terceiro que confiou no Miguel- ver os requisitos do
artigo 23º
No artigo 23º, temos requisitos subjetivos e objetivos
Aplicava-se o nº2, por que o 1º era para a representação sem poderes
Temos de ter demonstrado que havia razoes ponderosas que justificassem o interesse de
terceiro
Da perspectiva do cliente tem de ter tido razoes legitimas para ter considerado que o
agente podia realizar o contrato.

Se calhar não havia razoes ponderosas para justificar a boa fé do terceiro. Ter atenção
que ele já se tinha mudado para o budismo em janeiro e isto foi em agosto.
Regime resultante do artigo 21º: mostra o dever de comunicação. Pretende-se neste
artigo tutelar o agente.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Caso não se consiga demonstrar que o artigo 23 se preenche, ou o negocio não era
eficaz pelo 22 ou então o credito não se extinguia e o cliente tinha de repetir a compra

5.

Em setembro de 2017, Miguel decidiu montar o seu próprio negócio, aproveitando


um
contacto da MELHOR EDITORA, S.A. que queria introduzir os seus produtos no
mercado
português, aproveitando os contactos que Miguel tinha nas livrarias do oeste do
país.

Para o efeito, Miguel deveria comprar os produtos à MELHOR EDITORA, S.A. e


depois revendê-los pelas livrarias.

Usaria para o efeito as marcas, os materiais publicitários e as amostras da


MELHOR EDITORA, S.A.. Miguel estava na dúvida sobre esta possibilidade, visto
que se
recorda de uma tal obrigação de não concorrência no contrato com a JURÍDICA
EDITORA, LDA

a clausula dizia que o dever de não concorrência era de 5 anos. Mas a lei diz no artigo 9º
que no máximo é de 2 anos.
ao cessar o primeiro contrato, houve uma renovação tácita do contrato?
Mesmo que não podessos afirmar que estava submetido ao dever de não concorrência,
ele estava adstrito ao dever de segredo

Durante o contrato existe a obrigação de não concorrência, independente de acordo


escrito ou não. Vinculado aos deveres de lealdade.
Pelo Artigo 61º da crp existe liberdade económica mas podemos estabelecer limites à
nossa autonomia privada. Mas so pode ser temporário e bem delimineado
Tem de existir um acordo escrito, numa determinada zona, numa determinada altura.
Principio do aproveitamento do negocio jurídico podia implicar uma redução.
Concorrência- temos de estar perante a mesma atividade. Explicar o contrato que foi
celebrado com o Miguel e com a Melhor Editora.
Se as partes estipularam um dever de não concorrência, existia uma especial comissão
por isto para o agente nos termos do artigo 13º
Obrigação de segredo- independentemente de existir contrato escrito existe durante a
vigência do contrato
Chegávamos a conclusão que era uma concessão por que compra e revende.
Contrato de concessão- obrigo me a revender os artigos que vendo a mesma
Existe a obrigação do concessionário de revender, de haver condições formuladas, e
obrigação de venda e fornecimento pelo concessionário.
É um contrato atípico.

Contrato de concessão vamos falar mais na próxima aula


Práticas de Comercial I 2023/2024

Aula de 8/11

A doutrina faz uma distribuição direta vs distribuição indireta

Distribuição direta- produtos direto do produtor para o consumidor

Distribuição indireta- produtos passam depois do produtor por intermediários até ao


consumidor

Contrato de agencia

Contrato de concessão

Contrato de franquia

Em regra, nos contratos de distribuição cxiste um complexo de atos...

Contrato de agencia esta legalmente previsto. Os de concessão e os de franquia são


atípicos legalmente.

Aplicam-se muitas normas por analogia da lei da agencia aos outros contratos.

Na agencia:

Principal- é o titular da marca, etc

Distribuidor/agente – promover a venda do bem

Na concessão:

Vai contratar numa determinada área um distribuidor que vai adquirir os bens e que
depois os vende aos consumidores.l

Na franquia:

Vai conceder o direito a utilização do nome comercial ( o logotipo, a marca, ...) e vai
fornecer os meios adequados para proceder à sua atividade (know-how necessário)

Obrigação de promoção de celebrar contratos não significa que não pode celebrar
contratos, quer so dizer que a sua obrigação principal é a sua promoção

Só pode celebrar contratos em nome do da outra parte artigo 2º

Mesmo assim, isto de celebrar contratos é acessório

Artigo 6º tem de adotar os interesses da parte


Práticas de Comercial I 2023/2024

Mandato é atos jurídicos, agencia não.

Politica económica- onde acaba a liberdade da parte é questionável. Ver a doutrina aqui.

A tempo indeterminado- a cessação no artigo 26º e 28º

Agencia:

Deevres das partes resultam da lei da agencia

O modo de restribuição

A cessação do contrato

Qual a distinção entre as formas de cessação do contrato e a denuncia

A indemnização de clientela (ler acordao uniformizador da jurisorudencia de 2019-


aplicação analógica do 33º ao contrato de concessão)

Vamos discutir a aplicação analógica de outros preceitos a outros contratos de


distribuição

Aula 13/11

Resolução do caso 5:

Renúncia

Clausula era nula

Nº2 do 473º

Violação do dever do agente motivo para a resolução do contrato

Clausula 3- remuneração resume-se a uam comissão incluindo pela clientela criada e


nada demais

Artigo 809º

Requisitos são cumulativos

O que significa o requisito e o que significa naquele contexto

Indemnização à clientela era automático

Tinham de ser clientes habituais

Serem habituais significa que recorram aos serviços de forma estável e reiterada
Práticas de Comercial I 2023/2024

Podem ser clientes novos que previamente não tinham qualquer relação contratual

Aumento substancial dos negócios

Durante o período em que vigorou o contrato

Tem de ter havido por um lado o aumento dos negócios

Alínea b)

Não se exige no nomento em que se cessam os contratos

Nos termos da alínea c)

Não existe a possibilidade de se cumular

Aula 15/11/2023

Análise do acordao do supremo:

Na norma 33º por que é que é admissível a analogia para o regime do contrato de
agência?

No contrato de concessão não se aplica a alínea c)

Para que haja uma indemnização por clientela

c) pretende evitar que haja uma dupla compensação do agente

posição doutrinária que recuse a aplicação da alínea c): (ir ver ao acórdão)

O contrato de concessão comercial caracteriza-se de haver uma obrigação de adquirir os


bens do concessante, o agente é gestor de bens alheios tendo em conta o interesse do
outro. O concecionário age no seu próprio interesse. Se não conseguir revender, o risco
corre por ele e tem prejuízo.

Aplicação analógica do 33º ao contrato de concessão:

Discussões doutrinarias

Não se deve aplicar analogicamentre- não há lacuna, não há necessidade de tutelar o


concessionário

Aplicando-se o artigo 33º, aplicam-se todas as alíneas do 33º no caso de aplicarmos


analogicamente à concessão? O acordao uniformizador entende que sim.
Práticas de Comercial I 2023/2024

Porém, o 33º/c) gera alguns problemas na sua redacção: na palavra “retribuição”

A ratio legis da alínea c) é proibir que exista um contrato celebrado entre o agente e o
principal pela angariação de clientela após a cessação do contrato.

Este tipo de contratos é muito dependente da autonomia privada.

Já aconteceu em frequência porem uma união de contrato de concessão e de agência


juntos....

6. Durante pouco mais de um ano, Miguel e a MELHOR EDITORA, S.A. mantiveram


uma relação
negocial bem-sucedida. Não obstante, no final de outubro de 2018, a MELHOR
EDITORA, S.A.
enviou uma carta a Miguel denunciando o contrato com uma antecedência de 10
dias. Miguel
ficou estupefacto: efetuou investimentos avultadíssimos na promoção dos produtos
da
MELHOR EDITORA, S.A e na constituição de stocks, de acordo com o plano de
negócios
desenhado em conjunto com a MELHOR EDITORA, S.A.

“Em janeiro de 2017, Miguel teve uma epifania e dedicou-se ao budismo”

A denúncia é um ato unilateral, discricionário e recipiendo, que se destina a fazer cessar


um contrato de duração indeterminada.

Deve ser comunicada à outra parte com determinada antecedência. A lei- artigo 28º/1-
fixa prazos crescentes, em consonância com a duração do contrato. Uma vez que o
contrato durou pouco mais de um ano, ou seja, já estava a iniciar o seu segundo ano de
vigência, a MELHOR EDITORA, SA devia ter denunciado o contrato com um prazo
mínimo de dois meses.

As partes podiam estipular os seus prazos, desde que fixarem um prazo mais longo ao
mínimo que era exigido por lei – 28º/3

Uma vez que a MELHOR EDITORA, S.A não respeitou o prazo minino estipulado no
artigo 28º, ficará obrigado a indemnizar o Miguel pelos danos causados pela falta de
pré-aviso.

Importa referir que apesar de não ter pre aviso, a denúncia continuava a ser eficaz,
apenas a torna ilícita (dando lugar a tal indemnização) Pinto Monteiro e Menezes
Cordeiro

Colocava-se a questão de se podia haver resolução.


Práticas de Comercial I 2023/2024

Independentemente de haver resolução ou não, a parte lesada teria o direito de ser


indemnizada pelos danos resultantes do incumprimento da outra parte – 32º/1.

Havendo uma denúncia do contrato, há determinadas obrigações do contrato que entram


no fundo e fase de liquidação, na medida em que as obrigações de compra mínima
nunca podem ser fundamento par ao concedente resolver o contrato. Sempre que existe
este alerta, há uma suspensão de aquisições mínimas de stock.

Retirado dum acórdão:

“Porém, no que respeita ao contrato de concessão, o mesmo Autor[4] adverte que:


«(…) os tempos mínimos de pré-aviso fixados no art. 28.º não serão de aplicar, por
analogia, aos contratos de concessão e de “franchising”. Não tanto, ou não apenas, por
se afigurarem demasiado curtos, mas também, e sobretudo, por este contratos
implicarem, via de regra, investimentos de muito maior vulto, suportados pelo
concessionário e pelo franquiado, do que os investimentos que normalmente estarão a
cargo do agente. Assim, ter-se-á que apurar, em cada caso, qual a antecedência razoável,
em face das circunstâncias, para que a denúncia possa ser exercida licitamente.””

Especialmente importante a existência do pre aviso no caso das concessões

Aplicam se os prazos previstos no 28ª? Há autores que consideram que são prazos
demasiado curtos.
Outros consideram, dizem que os prazos do 28º estabelecem o minimo, e as partes não
podem estabelecer abaixo deles.
Há uma outra corrente jurisprudencial que avalia segundo o caso concreto. Em função
dos produtos, da organização, dos lucros, etc

Havia obrigação de indemnizar para quem defenda que se aplicava analogicamente o


artigo 28º também.

Quanto aos stocks, as partes não regularam nada sobre eles. A posição e diferente
conforme a posição que se adote.
Uns autores dizem que não da para aplicar, é um regime atípico, se as partes não
estabelecerem nada, o concessante não é obrigado a recomprar os bens que o
concessionário não conseguiu vender. O concessionário fica com os bens no armazém e
a arder basicamente.

Outros autores. Caso tivessem estabelecido alguma clausula, ao abrigo da sua


autonomia privada, podiam ter estabelecido uma obrigação de retorno.

Corrente jurisprudencial- pelos princípios da colaboração, boa fé e etc tinham de


recomprar

Importante : o artigo Artigo 36º diz que o problema esta resolvido no caso dos agentes.
Práticas de Comercial I 2023/2024

O artigo 28º também é criticado quanto as agencias. Alguns autores consideram que os
prazos ate para a agência são curtos demais.

7. Miguel, cansado de todos os problemas com as editoras, decide abrir o


primeiríssimo Wendy’s em Portugal. Porém, não sabe que contrato deve celebrar
para o efeito.

Contrato de franquia pode ser caracterizado como um contrato atípico

Atribuição ao franquiado da prerrogativa ( “franchise” ou privilégio) de fruição da


imagem empresarial do franquiador, consubstancia num direito e dever de utilização dos
respectivos elementos estruturantes: usualmente, ao franquiado é concedido o direito de
utilizar a marca do franquiadpr, podendo, nos casos concretos, ser igualmente postos à
sua disposição os demais direitos privativos de propriedade industrial (v.g., logótipos,
recompensas, patentes, modelos de utilidade, etc) ou outros elementos colectores de
clientela (v.g., “slogans” publicitários)

Com efeito, o contrato de franquia constitui o veículo negocial sobre o qual assenta a
criação e a organização da rede distributiva do franquiador no mercado: ora, a unidade
da imagem empresarial externa do franquiado e franquiador funciona assim, aos olhos
do público, como um pressuposto da integração do primeiro nessa rede.

Transmissão do “know-how” e prestação de assistência técnica.

Por forma a permitir ao franquiado uma efectiva fruição da referida imagem empresarial
unitária, mas também como forma de preservar a integridade desta imagem (mormente,
a reputação dos sinais distintivos de comércio partilhados), essencial é também que o
franquiador transmita ao franquiado o seu “saber-fazer” industrial, organizativo ou
comercial, bem como lhe forneça a assistência técnica necessária durante a execução do
contrato.

Subordinação do franquiado ao controlo e fiscalização do franquiador

Pressuposto do objetivo de conservação da integridade da imagem comercial do


franquiador: se o franquiador vai surgir aos olhos do consumidor como uma extensão da
empresa do franquiador, natural é que fique sujeito ao controlo e fiscalização da
respectiva atividade (v.g, controlo da qualidade dos produtos vendidos, aprovação de
operações publicitárias , fiscalização de inventários e contabilidade, etc)

Franquia é um contrato oneroso: o franquiado fica vinculado ao pagamento de


determinadas prestações pecuniárias, usualmente consistentes numa prestação única e
fixa (“ front money” ou “droit d´entrée”) e prestações periódicas ulteriores
proporcionais ao volume dos negócios (“royalties”, “redevances”)

Aula de 20/11/2023

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