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Casos práticos Direito Comercial - 1º Semestre

Direito Comercial (Universidade Autónoma de Lisboa)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Alfredo Fonseca (alfredosfonseca@gmail.com)
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Caso prático n.º 1

Alberto é educador de infância estando casado com Elvira, que trabalha como manicure num espaço
cedido dentro de um supermercado. Como as suas vidas não andam a correr muito bem, decidiram
abandonar a sua anterior profissão, e tornarem-se empresários de pastelaria.

Alberto é um excelente pasteleiro, e tem um amigo de infância (Cristiano) que vive na província
produzindo cereais de todo o tipo, muito apetecíveis nas pastelarias lisboetas. Esse seu amigo vem todos
os dias a Lisboa trazer os cereais encomendados por Alberto.

A pastelaria fez logo um enorme sucesso, mas este foi abruptamente interrompido pela instalação, a
50 metros, de uma loja da “Padaria Portuguesa” que, por se integrar numa rede de franchising,
conseguia praticar preços muito competitivos, ficando o negócio de Alberto em dificuldades.

Suponha agora que a Padaria Portuguesa celebrou um contrato com Cristiano, nos termos do qual
Cristiano forneceria cereais à Padaria, e se vinculava a comprar bolos e pão à Padaria Portuguesa, que
iria revender ao público na sua região, assumindo o compromisso de o fazer de acordo com a
política comercial da Padaria Portuguesa, sujeitando-se ao controlo desta.

a) Como qualifica os atos praticados por Cristiano, de acordo com a teoria dos atos de comércio
(TAC)?

b) E de acordo com a teoria jurídica da empresa (TJE)?

Tendo em conta ambas as teorias, será importante ter em conta dois momentos:

1. Cristiano, num primeiro momento, exerce uma atividade agrícola, nos termos do art.º 464º §2º do
C.Com.

a. Teoria dos atos de comércio (TAC) - O art.º 1.º do Ccom diz que “a lei comercial rege os atos de
comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que nele intervêm”, e segundo o art.º 2.º, 1.ª parte,
“serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste
código”. Ora, o código comercial contem uma disposição legal que rege a venda que o proprietário ou
explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou por ele explorada (…), mas como se pode
verificar pela epígrafe do art.º 464.º, e mais concretamente no n.º 2, do Ccom não a considera comercial.
Deste modo, não estaríamos perante um ato de comércio em sentido objetivo, desde logo, porque não é
considerada uma venda comercial.

b. Teoria Jurídica da Empresa (TJE) - No que toca à TJE, a empresa de Cristiano seria uma empresa
agrícola, e mesmo quando transporta cereais para Lisboa, a sua empresa é uma empresa acessória da
empresa agrícola, sendo dominante o risco do fator terra, e não o risco de capital, não sendo por isso,
para efeitos do §2 art.º 230º, uma empresa comercial, mas sim civil.

2. Num segundo momento, quando a sua atividade principal passa a ser a compra e revenda de bolos,
estaremos, para efeitos da teoria dos atos de comércio, no âmbito do art.º 463º §1, comprando Cristiano
os bolos para revenda. Deste modo, estaríamos perante um ato de comércio em sentido objetivo,
regulado pelo direito comercial.

Caso prático n.º 2

David, fotógrafo, vende, todos os fins-de semana, fotografias por si captadas nas feiras da região.
Cansado das longas deslocações, propõe a Elvira, que se dedica à venda de produtos biológicos por si
cultivados, que comprem em conjunto uma carrinha para chegarem às feiras. Assim fizeram. No entanto,
Elvira arrepende-se e não quer pagar o preço acordado.
Pode a sociedade Automóveis,SA. Demandar apenas David?

Resolução:

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Primeiro estamos perante que tipo de ato? Qual é o ato que está aqui subjacente este caso prático?
Qual é o negócio que está ali?

Estamos aqui perante uma compra e venda.

Pergunta-se a compra da carrinha, será um ato de comércio em sentido objetivo? Sim ou não?

Portanto, pela TAC (Teoria do Ato de Comércio), a CV está prevista em abstrato na legislação comercial,
podemos dizer que, à primeira vista, esta CV, era um ato objetivo, nos termos do art 2 1º parte do
CCom. Mas no entanto, como não se encontram preenchidos os requisitos do art 463 nº 1, em que nos
diz que a cv teria de ser para revenda, não estamos aqui perante uma ato de comércio objetivo.

Neste caso, estamos perante uma cv para revenda? Não. Então se não preenche o art 463, significa que
esta cv não é considerada comercial. Logo esta compra da carrinha, não é um ato de comércio em
sentido objetivo.

Se dissesse que eles compraram a carrinha, para a usarem e depois revender, já cabia neste artigo, e
estaríamos perante um ato de comércio objetivo, nos termos do art 463 nº 1 do CCom.

Então se dizer que não cabe pela 1ª parte, perguntamos, será que cabe pela 2ª? Será que pode ser
caracterizado como um ato de comércio subjetivo?

Para vermos se é um ato de comércio subjetivo, tínhamos de 1º ver se David é comerciante ou não é
comerciante?

David, é fotografo, e a atividade que ele desenvolve é uma atividade que se possa considerar como
sendo uma atividade de uma empresa comercial? Não, porque atividade dele, não cabe em nenhuma
das alíneas do art 230 do CCom.

A atividade dele de fotógrafo, está excluída nos termos do art 230 paragrafo 3 do CCom. Pela teoria do
ato de comércio (TAC) já vimos, que não é uma compra para revenda, e pela teoria jurídica da empresa,
(TJE) já vimos que a atividade também não cabe dentro do art 230, e portanto, não é considerado como
comerciante.

A Elvira, é comerciante ou não? Não é, porque não se enquadra no artigo 230 paragrafo 1 a 3, que exclui
a sua atividade de empresa comercial. E depois também não cabia, nos termos do art 464 nº 2, porque
tem a atividade que é agricultura, e por isso afasta os proprietários que pratiquem a venda de produtos
no âmbito da agricultura.

(Verificar:

Qual o ato em causa. Neste caso era uma CV.

Depois perceber, cv de quê, e ver se aquilo é um ato de comércio objetivo. E no caso de não ser um ato
de comércio objetivo, podemos ir pela teoria do TAC quer pela TJE.

TAC – à uma legislação no CCom que regule a CV, sim, mas será que ela está preenchida? Se não
preenche, logo o ato não é um ato de comércio objetivo.

E pela TJE? Será que as atividades que eles tem, cabe numa daquelas atividades do art 230? E chego à
conclusão que também não cabe, nas empresas comerciais do 230.

Passamos para os atos de comércio subjectivos, e então vamos ver se efetivamente é o ato em si é
subjetivo. Para preencher o ato de comércio subjetivo, que é a segunda parte do artigo 2º, teríamos de
ver todos os contratos e obrigações dos comerciantes.

E quando vocês chegam aqui vocês, têm que pensar assim o artigo a 2ª parte do artigo 2º diz e todos os
contratos e obrigações dos comerciantes, e aí vocês teriam que pensar será que são comerciantes?
Quais são os requisitos? Uma prática contínua, regular, que seja uma prática profissional, e que atua em
nome individual e de forma independente e autónoma.

Aqui poderíamos, nos termos da 2ª parte do art 2, este ato de comércio subjetivo, porque considerando
que aquela prática seria uma prática regular, habitual e sistemática de atos de comércio, ou seja, ele

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efetivamente não me faz daquilo uma prática regular, sistemática, contínua ao habitual de atos de
comércio.

Portanto ele só faz aqui ao fim-de-semana e, portanto, afastá-la da qualidade de comerciante.

Ao afastar a qualidade comerciante, também afasta a 2ª parte do artigo 2º porque exige aí um um


requisito, que é contratos ou obrigações do comerciante, por isso é que vocês têm que saber quais são
os requisitos para se ser comerciante.

Quando vocês veem que afastaram a 1ª parte, e já vimos porque é que afastámos a primeira parte aqui,
porque realmente é um contrato de compra e venda, parece que é um ato objectivo, porque há uma
disposição da lei comercial, que diz o artigo o 2 1ª parte, são considerados atos de comércio todos
aqueles que se acharem especialmente regulados neste código.

O contrato compra e venda está neste código, mas não chega ficar por ai. Temos de ir depois ao artigo
das CV, e ver se preenche ou se está afastado.

Será que pela TJE não caberá isto, também dentro dos atos de comércio? Se estiver dentro do art 230, já
é um acto de comércio objetivo. Pode ser objetivo, porque remete para a CV ou pode ser objetivo
porque remete para uma daquelas atividades ou empresas comerciais, do art 230.

Ato de comércio objetivo não é, nem pelo TAC nem pela TJE, mas vamos ver se cabe na 2ª parte do art 2,
e vamos verificar se se trata de um contrato e obrigações, mas neste caso um contrato de comerciantes,
e então vão ver qual é a matéria que interessa aqui é a de comerciante.

E eu tenho que saber se ele é comerciante ou não.

Ora bem para saberem que se é comerciante já sabem que tem que ser uma prática regular, sistemática
e habitual, que se traduza numa atividade profissional para o seu sustento, para a sua vida, para o seu
modo de vida, e que seja em nome individual, independente e autónomo.

Ora logo pela primeira parte, a atividade praticada é apenas aos fins-de-semana, e portanto, esta prática
não é uma prática regular, sistemática e habitual e por isso dizem logo assim, então aqui também não
estamos perante o contrato de um comerciante, porque ele pela definição de comerciante não é o
comerciante. Então também não cabe na 2ª parte.

Se não cabe na 1ª parte se não cabe na 2ª parte, nós nunca podemos estar perante um ato de comércio,
se nós não estamos perante um ato de comércio não se aplica naturalmente a legislação comercial.

O que quer dizer que é este contrato de compra e venda aplica-se as regras do código civil.

E depois pergunto e qual é a importância disso? A importância é grande por causa da questão depois
imagine imaginem que o David é casado, e depois já vamos ver quem é que responde pelas dívidas, se a
mulher dele por exemplo poderia responder por essa dívida. E aí facilmente chegaria à conclusão que
até efetivamente que não há ali comunicabilidade, ou seja, que não podia nunca responder pelo 1691 do
CC, porque aquele ato praticado, não foi por um lado, em proveito comum, e por outro lado, porque
também não está ligado à atividade principal dele, porque a atividade dele não é comprar carros para
revenda.

A atividade de ser fotógrafo, à partida.

Neste caso vai demandar David, pela dívida, e naturalmente também os casos, em que a lei preveja pode
haver também a questão da solidariedade das obrigações solidárias no direito civil, que estiverem
também previstas.

Só que é assim em direito comercial a regra é as obrigações são solidárias. E o direito decidiu a regra é,
elas são conjuntas e não solidárias, só serão solidárias de se as partes estabelecerem entre eles, ou
houver alguma disposição que diz que naquela situação daquele ato, elas podem ser também solidárias.

Ou seja, se aqui no caso, não se diz nada, é porque entre eles estabeleceram esse regime, portanto seria
o regime normal, de demandar só David, e ele teria de responder.

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Depois, podia-se pôr a questão, então ele paga a divida, e Elvira nada. Mas não, temos uma figura que
se chama direito regresso, porque isso depois já entre os dois, ele paga a divida, e fica com um crédito
sobre Elvira, sobre metade do valor.

Se é um ato de comércio, se é um ato de comércio objetivo, se é subjetivo, se cabe no duzentos e trinta,


se não cabe no duzentos e trinta, se ele é que se aplica em lei comercial, ou é a lei civil.

Pode demandar pressupondo, vamos pressupor que quem comprou a carrinha foi só o David, claro que
pode.

David era casado com Joaquina a empresa me mandou também Joaquina aí é aquela história de 1691,
em que, qual é a regra? É que responderiam os bens comuns do David e da Joaquina, e subsidiariamente
os bens próprios de cada um. A nível de direito civil.

Se se entendesse que era comercial, então podia-me mandar solidariamente a qualquer um deles
porque o regime é o regime da solidariedade, das obrigações solidárias.)

Caso prático n.º 3

Ambrósio é proprietário de uma empresa que se dedica à venda e assistência pós-venda de


computadores. Como iniciou a sua atividade há pouco tempo, ainda não obteve quaisquer lucros, pelo
que as despesas familiares são exclusivamente suportadas pela sua mulher. Ambrósio adquiriu dois
computadores, o primeiro com intenção de o utilizar ao serviço da sua empresa, o que assim fez, e o
segundo com a intenção de o revender Porém, e quanto a este último, acabou por ofertá - lo a um
amigo

A) Como qualifica, do ponto de vista jurídico mercantil, a compra dos dois computadores

Resolução

Relativamente ao primeiro computador, estamos perante um ato objetivamente comercial, porque está
previsto no código comercial, porque foi comprado, tendo em vista a atividade económica de António, à
luz do artigo 2 º 1 ª parte do Código Comercial, “Serão considerados atos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste código O ato é, ainda, subjetivamente comercial, pois foi
praticado por comerciantes e não tem natureza exclusivamente civil (tem causa mercantil), e do próprio
ato não resulta a sua não conexão com o comércio, preenchendo assim os três requisitos constantes no
artigo 2 º, 2 ª parte do Código Comercial É um ato substancialmente comercial, pois tem a ver com o
comércio em sentido jurídico, pois trata se de um ato cuja comercialidade lhe advém de natureza
própria, porque é praticado por um comerciante, tendo em vista a sua atividade económica.

Por fim, trata se de um ato bilateralmente comercial, pois tem carácter comercial para ambas as partes.

Já a compra do segundo computador é objetivamente comercial uma vez que foi inicialmente comprado
para revenda, previsto no artigo 463 º nº 1 do Código Comercial, no entanto, não é um ato
subjetivamente comercial, porque ao ser oferecido a um amigo, foi um ato meramente civil, não tendo a
ver com a atividade.

Caso prático n º 4

António agricultor, vendeu a Bento um imóvel rústico de que era proprietário, e onde exercia a sua
atividade agrícola, tendo Bento destinado o prédio a aparcamento de viaturas automóveis pesadas da
sua indústria de transporte.

A) Como qualifica a aquisição do imóvel rústico?

A compra é objetivamente comercial, à luz do artigo 2 º 1 ª parte do Código Comercial, porque se


encontra prevista no código comercial.

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É, ainda, subjetivamente comercial, uma vez que a compra foi realizada tendo em vista a atividade de
Bento, e do próprio ato não resulta a sua não conexão com o comércio, preenchendo assim os três
requisitos constantes no artigo 2 º, 2 ª parte do Código Comercial.

É uma compra substancialmente comercial, pois tem a ver com o comércio em sentido jurídico, pois
trata se de um ato cuja comercialidade lhe advém de natureza própria porque é praticado por um
comerciante, tendo em vista a sua atividade económica.

Por fim, é unilateralmente comercial, pois só tem comercialidade para uma das partes (Bento).

B) António é comerciante?

António não é comerciante, à luz do artigo 230 º, parágrafo 1 e 2 ,,“não se haverá como compreendido o
proprietário ou o explorador rural e 464 º nº 2 e 4 ,“Não são consideradas comerciais as vendas que o
proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua A agricultura foi excluída do
elenco comercial.

A compra e venda por parte do António, não está o abrigo da lei comercial, porque ele está a
desenvolver uma atividade que está afastada logo pelo 230.

C) Bento é comerciante?

Bento é comerciante, porque preenche todos os requisitos para ser considerado comerciante sobre ele
não recai qualquer incapacidade do exercício de direito, tem profissionalidade uma vez que tem uma
indústria de transporte e, exerce o comércio em seu nome, a título pessoal, independente e autónomo.

E a compra e venda em relação a Bento, é ou não é um ato de comercio objetivo? Não, é um ato objetivo
de comércio objetivo, porque não foi uma compra para revenda. Foi para a utilização do terreno para
aparcamento. Bento tem como atividade, o transporte, automaticamente desenvolve uma atividade que
cabe no art 230 nº 7.

Pela TAC, não seria ato como ato de comercio objetivo, porque o imóvel rustico não foi comprado para
revenda. Mas depois à luz da TJE, a atividade de Bento, é de transporte, portanto cabe no art 230, então
o ato de Bento pratica, é um ato de comércio objetivo, pela 1º parte no artigo 2º.

O Bento fez uma compra no âmbito da atividade que ele desenvolve que é o transporte, e ele quando faz
a compra é para desenvolver a sua atividade. É um ato de comércio objetivo, visto caber no art 230 nº 7
do CCom.

Então teríamos aqui uma situação de um contrato unilateral, ou seja, para Bento, que está ao abrigo da
lei comercial, António está fora da lei comercial.

O contrato de compra e venda para António rege-se pelo direito civil, mas a compra de Bento como foi
feita no âmbito da sua atividade, é uma atividade prevista no 230 tem carater comercial.

No caso do António, a sua atividade está excluída do 230, e também estaria excluída pela 1ª parte do nº
2, e até pelo TAC de um ato de comércio objectivo que não é para a revenda.

Bento desenvolve uma atividade uma atividade que está prevista no 230 que é de transporte, adquire a
propriedade daquele terreno para a sua atividade.

Se fosse pra construir uma casa já não era, porque já não havia conexão da atividade com a compra que
ele faz.

Estamos perante um ato de compra e venda. A compra e venda à partida, é pelo artigo 2º 1ª parte, pelo
TAC, seria um ato comércio objetivo se fosse para revenda. Não é. Mas será que podemos afastar já ao
lado de comércio? Ainda não. Vamos à TJE. Vamos ver se aquela atividade do António cabe no 230. Não
cabe. Então para o António, não é um ato de comércio, ou seja, aquele ato de compra e venda rege do
direito civil.

Agora vamos ver o lado de Bento, vocês podem ir logo pelo 230 porque a atividade que ele desenvolve é
uma que está prevista logo, como empresa comercial, se é uma atividade que ele desenvolve, e o ato

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praticado é para a atividade que ele desenvolve, e o que eu o ato praticado é para a atividade que ele
desenvolve é óbvio que está preenchido o requisito para termos aqui um ato de comércio objetivo.

O art 463, afasta em relação ao António.

A cv foi comprada ao abrigo da TAC? Não, porque Bento não comprou um imóvel para revenda. O art
463, diz que tem de ser para revenda, mas cabe depois na TJE, nos termos do art 230, porque a atividade
que ele desenvolve é uma atividade que lhe dá caráter da empresa comercial.

E será que estamos aqui perante um ato hem de comércio subjetivo? ou seja será que esta aquisição do
prédio rústico, pelo Bento, caberia também num ato comércio subjetivo? Então aí o que é que vocês
acham? Aí é que estão os requisitos. Já sabemos que a atividade cabe num ato objectivo, é suficiente.
Mas podem ainda colocar a questão, e se há que ainda assim estaríamos perante um ato de comércio
subjetivo por parte de Bento?

Que a compra de Bento, foi realizada no âmbito da sua atividade, do próprio ato não resulta a sua não
conexão com a atividade, ou com o comércio, e que preenche assim os requisitos na 2ª parte do artigo
2º. Há uma conexão com o comércio, art 2º 2ª parte que é a parte dos atos de comércio subjetivos.

Subjetivo para o António também nunca seria porque o que ele fez não tem nada a ver com a atividade
que ele desenvolve. Ele vendeu um prédio rústico e a atividade ele é a agricultura não há conexão.

Quanto ao facto de António ser comerciante ou não, já vimos que no fundo a qualidade comerciante
também está muito ligada à segunda parte do artigo segundo. Mas a partir do momento em que a
António é pelo art 230 afastada a sua atividade da lei comercial, automaticamente ele perde logo a
qualidade do comerciante. Já nem vale a pena andar cá a mexer mais nada.

Caso prático n.º 5

António, comerciante da indústria hoteleira, comprou à sociedade «Castro Silva, SA» um automóvel
para seu uso. Para pagar parte das prestações relativas à compra do automóvel, António celebrou um
contrato de empréstimo com o Banco ZWO.

a) Como classifica, do ponto de vista jurídico mercantil, os negócios jurídicos praticados por
António?

1 - Relativamente à compra do automóvel para seu uso, esta é uma compra meramente civil, uma vez
que não tem carácter comercial para António Apesar de ter sido feita por comerciantes, é alheia à
atividade de António Por sua vez, o contrato de empréstimo com o Banco ZWO, é um ato objetivamente
comercial, uma vez que está previsto no Código Comercial, à luz do artigo 2 º 1 ª parte “Serão
considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste código
não é subjetivamente comercial, uma vez que a compra do automóvel foi alheia à atividade de António,
logo não houve conexão com o comércio dos respetivos autores, não estando compreendidos os
requisitos para obter esta qualidade.

É desta forma que se diz que de igual forma não é substancialmente comercial, sendo unilateralmente
comercial, por ter comercialidade para apenas uma das partes.

2 - A compra do automóvel tem carácter objetivamente comercial, segundo o artigo 2 º 1 ª parte do


código comercial, porque se encontra prevista neste código.

É igualmente subjetivamente comercial, uma vez que a compra foi realizada tendo em vista a atividade
de António e do próprio ato não resulta a sua não conexão com o comércio, preenchendo assim os três
requisitos constantes no artigo 2 º, 2 ª parte do Código Comercial.

É uma compra substancialmente comercial, pois tem a ver com o comércio em sentido jurídico, pois
trata se de um ato cuja comercialidade lhe advém de natureza própria porque é praticado por um
comerciante, tendo em vista a sua atividade económica.

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Por fim, é bilateralmente comercial, porque tem carácter comercial para ambas as partes, uma vez que
ambos são comerciantes.

Caso prático n º 6

Ana Rocha, proprietária de um estabelecimento de fabrico e venda de produtos de pastelaria,


comprou à sociedade "Sousa Marques, Lda 50 Kg de farinha, 10 Kg de fermento e 20 dúzias de ovos
Ana Rocha não está matriculada como comerciante.

A) Como qualifica o contrato descrito?

A compra é objetivamente comercial, à luz do artigo 463 º nº 1 “Serão consideradas comerciais as


compras de coisas móveis para revender, em bruto ou trabalhadas previsto no código comercial, porque
foi comprado tendo em vista a atividade económica de Ana, para revenda, à luz do artigo 2 º nº 1 do
Código Comercial, “Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente
regulados neste código.

É subjetivamente comercial, pois foi praticado por comerciantes e não tem natureza exclusivamente civil
(tem causa mercantil) e do próprio ato não resulta a sua não conexão com o comércio, preenchendo
assim os três requisitos constantes no artigo 2 º, 2 ª parte do Código Comercial.

É um ato substancialmente comercial, pois tem a ver com o comércio em sentido jurídico, pois trata se
de um ato cuja comercialidade lhe advém de natureza própria porque é praticado por comerciantes,
tendo em vista a sua atividade económica.

Por fim, trata se de um ato bilateralmente comercial, pois tem carácter comercial para ambas as partes

B) Deve Ana ser qualificada como comerciante?

Ana é comerciante, uma vez que sobre ela não recai qualquer incapacidade de exercício, tem
profissionalidade porque é proprietária de um estabelecimento de fabrico e venda de produtos de
pastelaria e exerce o comércio em nome próprio, a título individual, independente e autónomo. Apesar
de não estar matriculada como comerciante, a matrícula para comerciantes individuais, não é condição
necessária e suficiente para adquirir a qualidade de comerciante.

CASO PRÁTICO 7

António, casado com Beatriz e Carlos solteiro, donos de uma pastelaria na Avenida de Roma,
compraram à sociedade Fruta, Lda um carregamento de mangas para fazerem os seus conhecidos
sumos, que atraem multidões.

Pode a Frutas, Lda demandar apenas António, exigindo-lhe o pagamento do preço total?

E, em caso de não pagamento voluntário, pode esta sociedade executar os bens comuns de António e
Beatriz.

Resposta:

Estamos perante um ato de comércio, um contrato de compra e venda, é comercial e em sentido


objetivo, pois preenche os requisitos do art 2 º, 1 ª parte e 463 º/ 1 CCOM.

É comercial em sentido subjetivo (pois, quer António, quer Carlos, são comerciantes, uma vez que fazem
da prática de atos de comércio a sua atividade profissional [compra de coisas para revenda artigo 463 º],
o ato não tem natureza exclusivamente civil e o contrário não resulta do próprio ato). Nos termos do art
13 nº1 do CCom, são comerciantes porque fazem da pastelaria sua profissão.

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Para a primeira questão, encontramos duas respostas, consoante se aplique, ou não, o regime geral dos
atos de comércio:

 Caso seja aplicável o regime geral civil ,que já vimos que não é, já conhecemos o regime supletivo
aplicável a uma situação de pluralidade passiva, no vínculo obrigacional do artigo 513 º resulta a
qualificação como obrigações parciárias, quando a solidariedade não resulte da lei ou da vontade
das partes. Assim, caso o regime aplicável seja o civil, a Frutas Lda não pode demandar apenas
António pela totalidade da dívida, já que apenas lhe pode exigir um esforço que se presume igual ao
de Carlos (i e ½), nos termos do artigo 534 º.

 Caso seja aplicável o regime geral dos atos de comércio, a solução é a inversa o artigo 100 º do
CCOM estabelece que nas obrigações comerciais, os coobrigados são solidários, salva estipulação
contrária [atenção que o regime é o da solidariedade passiva, e não, necessariamente, o da
solidariedade ativa.

Para a segunda questão, encontramos também duas respostas, consoante se aplique, ou não, o regime
geral dos atos de comércio:

 Caso seja aplicável o regime geral civil é aplicável o disposto no artigo 1696 º respondem
apenas os bens próprios do cônjuge devedor, e subsidiariamente a sua meação nos bens
comuns, com as exceções do n º 2;
 Caso seja aplicável o regime geral dos atos de comércio, já vimos que sim, a solução é a
inversa salvo se for provado que a dívida não foi contraída em proveito comum do casal (ou se
vigorar o regime da separação de bens), as dívidas contraídas por um dos cônjuges no exercício
do comércio são da responsabilidade de ambos os cônjuges (artigo 1691 º/ 1 /d Assim sendo,
responderiam os bens comuns do casal artigo 1695 º/ 1 e, na sua falta, os bens próprios de cada
um dos cônjuges temos ainda a este propósito a presunção do artigo 15 º CCOM, que
estabelece que as dívidas comerciais do cônjuge comerciante presumem se contraídas no
exercício do seu comércio.

Vejamos então se este negócio jurídico um contrato de compra e venda de fruta celebrado pelos donos
de uma pastelaria, para fins relativos à sua atividade se pode qualificar como acto de comércio.

Desde logo, devemos consultar a lei comercial Artigo 1 º CCOM A lei comercial rege os actos de
comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que neles intervêm.

Este é o postulado principal aos atos de comércio aplica se, em princípio, a lei comercial, ainda que as
partes não sejam comerciantes.

Como podemos então identificar um ato de comércio pense se no caso supra, uma compra e venda de
fruta? Recorremos outra vez à lei comercial:

Artigo 2 º CCOM Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente
regulados neste Código e, além deles, todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem
de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio ato não resultar.

Verificamos que temos dois critérios disponíveis para qualificar um ato como comercial um primeiro,
objetivo um segundo, subjetivo. Mas cumpre primeiro perguntar o emprego da expressão atos foi feito
em sentido técnico?

É unânime que além da inclusão óbvia dos contratos i.e, dos atos jurídicos onde, por haver liberdade de
celebração e estipulação, são bilaterais também devem ser admitidos negócios unilaterais i.e, os atos
jurídicos onde há liberdade de celebração e estipulação, mas não bilateralidade [pense se na
constituição de uma sociedade comercial unipessoal artigo 270 A CSC].

Também não causa muitas dúvidas a inclusão de atos jurídicos em sentido estrito que apenas implicam
liberdade de celebração (e não liberdade de estipulação) pense se no endosso de um cheque, que deve
ser puro e simples [artigo 19 º LUCH MC] ou nas interpelações e avisos efetuados por sociedade
comerciais a sócios remissos [artigos 203 º/ 3 204 º 285 º 286 º CSC CA]. E também de atos ilícitos
[abalroação com culpa artigos 665 º e 666 º CCOM]

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Dito isto, avancemos, para explorar os dois critérios de qualificação.

Atos de comércio objetivos - Artigo 2 º, 1 ª parte são atos de comércio todos aqueles que se acharem
especialmente regulados neste Código

(Resolução ver art º 2 º 1 ª parte e art º 463 n º 1). É um ato de comércio objetivo!

A primeira dúvida nasce com a análise do pronome todos basta que o ato apareça referido no CCOM, ou
é necessário que este lhe dê uma regulação especial em relação a outro regime jurídico?

Os Autores convergem mais do que à primeira vista poderia parecer se não há qualquer desvio à lei civil
como no antigo 49 º/ 2 que sujeitava a registo comercial a convenção antenupcial o acto não é
objectivamente comercial.

Mas se o acto é expressamente qualificado como comercial veja se as operações de banco, que
segundo o artigo 362 º são comerciais deve ser lhe aplicado o magro regime geral comercial, pelo
menos, mesmo que não haja um regime especial desenvolvido (veja se o artigo 363 º que remete para as
disposições especiais respectivas aos contratos que representarem.

A segunda dúvida nasce com a última parte do preceito em apreço só são comerciais os actos regulados
no Código? A resposta é negativa, unanimemente são comerciais também os actos regidos por diplomas
que tenham substituído partes do Código Comercial (até por virtude do artigo 4 º da Carta de Lei de 28
de Junho de 1888 como é o caso do CSC, das Leis Uniformes, do CMVM mas também actos tratados em
normas extravagantes que se assumam como comerciais (veja se as normas que regulam o
arrendamento para fins comerciais, ainda que não refiram expressamente este qualificativo).

Atos de comércio subjetivos - artigo 2 º, 2 ª parte além deles, todos os contratos e obrigações dos
comerciantes, se não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar

Metodologia: identificar um comerciante [sem um comerciante, a segunda parte da norma constante do


artigo 2 º CCOM nunca se aplica!]

Artigo 13 º são comerciantes as sociedades comerciais e as pessoas que, tendo capacidade para praticar
actos de comércio, fazem destes profissão.

Só depois de identificarmos um comerciante é que avançamos para a delimitação negativa e pela ordem
avançada no artigo 2 º CCOM.

 O ato tem natureza exclusivamente civil ? [É regulado no Código Civil? Não pode ser regulado
pelo Código Comercial? Não é conexionável com o exercício do comércio? MC: no momento
considerado, não sejam regulados pelo Direito Comercial; casos óbvios - casamento, divórcio,
perfilhação, designação de tutor pelos pais; casos menos óbvios - doações feitas por
comerciantes; gratificações a empregados, etc.

 Resulta o contrário do próprio ato? Uma espécie de presunção de comercialidade, na linha do


artigo 15 º o ato praticado pelo comerciante será comercial se não resultar de si próprio ou de
circunstâncias que o acompanham que não tem a ver com o giro comercial [ex: CA: comerciante
que compra uma carrinha anunciando que a utilizará como caravana para férias; ex: o
comerciante que compra um vestido de noiva para a filha]

Caso prático 8

A estudante da UN comprou uma máquina de café e instalou se, durante a época de exames, numa
banca num dos corredores, onde decorriam orais servindo café. A sua atividade foi, contudo, proibida
pelo conselho diretivo, pelo que A acabou por vender a sua máquina de café à Associação de
Estudantes, que a passou a usar no bar que tinha instalado nas suas instalações.

Qualifique, do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa, bem como os atos por este praticados.

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Extrai se assim um princípio geral de direito comercial, segundo o qual qualquer atividade de prestação
de serviços exercida por uma empresa transforma a em empresa comercial, assim as empresas de
prestação de serviços são em regra comerciais.

Para podermos classificar os sujeitos em causa temos de analisar se eles são ou não comerciantes. Como
sabemos com base no art º 13 CCM são comerciantes “As pessoas, que, tendo capacidade para praticar
atos de comércio, fazem deste profissão”.

Assim é necessário além da capacidade, que o indivíduo faça da prática de comércio profissão e o exerça
em nome próprio. Contudo, a nossa lei é muito lacunosa, na qualificação de atividades como comerciais,
por isso, existem determinados princípios de direito comercial basilares que são essenciais, para
qualificar certas atividades, que de outra forma não seriam qualificáveis como comerciais.

Nestes termos para enquadrarmos certas atividades teremos de nos socorrer de um mecanismo
conhecido como analogia iuris, trata se da analogia feita a partir de princípios jurídicos gerais de direito
comercial, mas que não possuem consagração legal.

Contudo, a prestação de serviços para ser encarada como atividade comercial, tem de ser feita no
âmbito de uma empresa Neste caso, A apesar de exercer uma prestação de serviços, não a presta
integrado numa organização empresarial, não existe na sua atividade vetores de organização e
exploração que possam ser negociados, por isso, A não pode ser qualificado como comerciante. Temos
assim uma prestação de serviços civil, que não se rege pelo direito comercial.

Quanto à Associação de Estudantes, sendo uma entidade que não tem por objeto fins lucrativos, não
pode ser classificada como comerciante. Isto não impede, contudo que as entidades sem fins lucrativos
não possam exercer atos de comércio, desde que tal respeite o princípio da especialidade do fim
consagrado no art 160 º CC, nada impede a associação de explorar um bar, isso não a torna, todavia, um
comerciante, porque tal atividade é exercida não a título principal, mas a título meramente instrumental.

Uma vez concluído que os sujeitos em causa não são comerciais segue se a qualificação dos atos
praticados, a compra da máquina e a sua posterior revenda.

A compra efetuada pelo estudante é uma compra civil, por interpretação a contrário dos artigos art º
463 º e 464 º n º 1 CCM, pelo que estabelece este artigo que “Não são consideradas comerciais. As
compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador ou da sua família, e
as revendas que porventura desses objetos se venham a fazer.

A compra não foi destinada à revenda, este ato acontece por motivos supervenientes, pelo que não se
trata de uma compra comercial, nos termos do art 463 º CCM, mas de uma compra civil.

Temos agora que saber qual o regime que segue compra, porque apesar desta ser civil, poderá seguir os
trâmites do CCM.

O estudante, comprou a máquina numa loja, tudo leva a concluir que a venda foi comercial, assim, a
comercialidade da atividade apenas se verifica em relação a uma das partes, o ato é deste modo,
unilateralmente comercial. Para estes, estabelece o art 99 º CCM. “Embora o ato seja mercantil só com
relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os
contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o ato é mercantil,
ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial”.

Assim os atos unilateralmente comerciais são regulados pela lei comercial excetuando se as disposições
da lei comercial que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito a lei é mercantil. Nestes
termos basta que uma das partes seja comercial para se aplicar o regime do CCM.

Conclui se, portanto, que apesar da compra ser civil, vai estar sujeita ao regime comercial, por força da
lei mandar aplicar ao ato unilateralmente comercial o regime do CCM. Todavia, apesar disto, não será
aplicado à compra o regime da solidariedade previsto no art º 100 º CCM por tal preceito estabelecer
que “Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos contratos que, em relação a
estes, não constituírem atos comerciais”.

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Relativamente ao negócio efetuado com a AE, consideramos que a venda é civil, porque a máquina não
foi adquirida como intuito de revenda, art 463 º n º 3 CCM a contrario.

Contudo, a compra já é comercial porque foi comprada pela AE com intuito de explorar uma atividade
comercial. Assim, temos uma situação semelhante à acima explicada, um ato unilateralmente comercial,
que leva a que os efeitos comerciais se estendam também à venda que é neste caso civil, por força do
art 99 CCM, salvo a exceção prevista no art 100 º do mesmo diploma.

Caso prático 9

Frederico, advogado e amante de pintura, comprou um conjunto de quadros de Júlio Resende numa
galeria de arte, no Porto, pretendendo fazer uma surpresa a Helena, sua mulher. Helena contudo, não
gostou dos quadros e exigiu que Frederico os tirasse rapidamente de casa. Triste, Frederico decidiu
vender os quadros Jeremias comerciante de arte, mostrou se logo interessado e a venda realizou-se.

Ficou, no entanto, combinado que Frederico guardaria os quadros durante 15 dias, pelo que este
contratou o depósito dos quadros com a galeria de arte onde os comprara, por aquele período. Para
garantir a segurança dos quadros, Frederico contratou ainda um guarda para vigiar as pinturas.

Qual a natureza dos vários atos descritos?

Compra dos quadros por F: natureza civil. Não é AC objetivo (não é compra para revenda 463 º/ 1) nem
subjetivo ( F não é comerciante, nos termos do artigo 13 º)

Coloca se aqui a problemática tradicional das pessoas semelhantes a comerciantes e dos profissionais
liberais: Chegamos, assim, à ideia de ‘pessoa semelhante a comerciante’ uma entidade que não sendo
comerciante em si, suscita, não obstante, a aplicação das diversas regras do Direito Comercial.

Seria necessária a reunião de três critérios para estarmos perante uma pessoa semelhante a
comerciante: a) autonomia [i. e., ausência de sujeição a direção e subordinação];

b) prática de atos lucrativos, a título regular;


c) organização mínima, comparável a uma empresa

Menezes Cordeiro, Manual de Direito Comercial (2009).

Perante cada figura assim como perante profissionais liberais que disponham de verdadeiras empresas
haverá que ponderar. Uma resposta unívoca, baseada em raciocínios conceptuais e abstratos, é
impossível.

Venda dos quadros por F: natureza civil: revenda de quadro que não foi comprado com intuito de
revenda (intenção cognoscibilidade mínima desta), logo 463 º/ 3 não se aplica e não temos AC objetivo;
não é AC subjetivo porque F não é comerciante.

Compra dos quadros por J: AC objetivo (compra para revenda 463 º/ 1 e 2 º/ 1 ª parte) e AC subjetivo (2
º/ 2 parte 13 º CCom). AC unilateral (apenas a compra é comercial)

Contrato de depósito 403 º CCom (exemplo de AC por acessoriedade ou conexão; outros exemplos). Não
é depósito de bens destinados ao comércio. Natureza civil.

Não é AC subjetivo (F não é comerciante).

Contrato de prestação de serviços do guarda: não é AC subjetivo (F não é comerciante) nem AC objetivo
(não está especialmente regulado no CCom: discussão sobre a teoria da acessoriedade relação com o
problema da qualificação de AC por analogia).

Pode um determinado ato ser qualificado comercial por analogia (i e considerarmos comerciais atos que
não recebam regulação especial no Código Comercial ou em legislação comercial extravagante?)

Segundo o Prof Menezes Cordeiro, este debate corresponde a uma verdadeira inversão metodológica
perante determinado ato ou facto jurídico, que não encontra regulação no Código Comercial ou em

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legislação extravagante, haverá que indagar do regime aplicável, como primeiro passo corretamente
dado (metodologicamente).

Seo regime aplicável (não qualificação) for encontrado por analogia então o ato será objetivamente
comercial. Pode duvidar se da possibilidade de aplicar analogicamente o regime comercial, mas sem
muito fundamento, uma vez que não estamos perante regras excecionais, mas, na grande parte, perante
regras especiais (artigo 11 º CCIV).

Assim, perante um ato não especialmente regulado, o intérprete recorrerá aos critérios hermenêuticos
estabelecidos no artigo 10 º CCIV: o regime pode ser encontrado através de aplicação analógica - leges
ou iuris - , ou através da norma que o intérprete criaria se estas forem comerciais, o ato é comercial.

Um exemplo deste percurso, mas percorrido com ordem metodológica, é nos dado pelo Prof Menezes
Cordeiro as obrigações resultantes da culpa in contrahendo, verificada aquando da preparação de um
contrato comercial devem reger se por regras comercias, próprias do contrato definitivo

O artigo 3 º do CCOM não pode colocar obstáculos a este percurso hermenêutico, na medida em que
leva a um ciclo vicioso :“Não sabendo qual o regime de uma questão, como decidir se ela é comercial ou
não?”

CASO N.º 10

A 10 de agosto de 2006 Fernando, proprietário do prédio sito na Rua Faria de Oliveira, no qual
administra um estabelecimento de comércio de pneus, efetuou, a Carlos, o trespasse do mesmo,
cedendo, igualmente, o gozo temporário e oneroso do local.

Convencionou se que o contrato vigoraria por dois anos e que quaisquer obras de conservação
ordinária ou extraordinária ficariam a cargo do locatário/trespassário.

Em outubro de 2006, Carlos trespassou a Rita o estabelecimento comercial referido, transmitindo,


igualmente, a sua posição de arrendatário, sem, porém, comunicar ao senhorio.

A latere o contrato foi acompanhado das instalações e de alguns utensílios, pese embora o facto de
muitas ferramentas e maquinaria terem ficado na posse de Carlos.

Tendo em conta:

a) Enquanto o contrato de Carlos vigorou, este realizou obras de conservação extraordinária


(condutas de extração de fumos), cujas saídas passaram a apontar para o domicílio de Fernando.

2 - Rita explorava, no estabelecimento, o comércio de pneus, mas passou a utilizá lo, sem que Carlos
soubesse, como escritório de advocacia

3 - A 10 de novembro de 2006 o senhorio, que havia estado de férias prolongadas no estrangeiro, teve
conhecimento dos factos apontados e pretende, agora, através de ação intentada em primeira
instância:

a) Ver destruída a construção das condutas de extração e, consequentemente, obter, de Carlos, uma
indemnização para a recuperação das antigas, visto não ter dado o seu aval para aquelas.
b) Resolver o contrato de trespasse de Rita por força de estar a ser exercida, no estabelecimento,
atividade diferente daquela que para o qual o mesmo foi delineado.

4 - Rita faleceu em 2 de novembro de 2006 e o seu filho, Ricardo, que nunca havia trabalhado com ela,
assumiu, após o seu decesso, a exploração do estabelecimento.

Quid Juris?

Fernando faz um contrato de trespasse com Carlos, em que faz uma transmissão definitiva de um
estabelecimento comercial. Que tem como características ter uma condição definitiva, e para isso
precisa de fazer um contrato de trespasso de um estabelecimento comercial., e para que ele possa
funcionar, fez um contrato de arrendamento, onde diz que é um gozo temporário e oneroso, do espaço.

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Nos termos do 1111 nº 1, as obras poderiam ter sido feitas, e o encargo das mesmas ficariam a cargo do
locatário/trespassário, neste caso, ficariam a cargo de Carlos. Fernando e Carlos, livremente
estabeleceram que Carlos podia fazer as obras, sendo que os respetivos encargos ficariam com ele,
Carlos.

Logo a pretensão de Fernando, que era que ver destruída a construção das condutas, e
consequentemente obter de Carlos uma indemnização para recuperação das antigas, visto não ter dado
o aval para aquelas.

Aqui colocasse a questão de Carlos poder ou não fazer aquelas obras de manutenção, e aqui Carlos
poderia faze-las.

Ficou, no entanto, decidido que as referidas obras ficariam a cargo do locatário/trespassário, de Carlos.

Ficou decidido entre eles, que as obras ficariam a cargo do locatário, de Carlos, as obras forma feitas, as
obras foram feitas pelo locatário trespassado, pelo que Fernando, nos termos do artigo 1111 nº1 não
poderá pedir a Carlos qualquer indemnização.

Pelo artigo 1112 nº 2 a), não haveria o trespasse, porque não houve total transmissão dos bens
corpóreos, não cumprindo esta alínea. No entanto, celebrou um contrato que está em vigor.

Vamos supor que houve a transmissão dos bens corpóreos, a Rita, faz com o Carlos um contrato de
trespasse, e sem ele saber abre também no espaço um escritório de advocacia. Que segundo artigo 1112
nº 2 b), era motivo para não haver trespasse. E o objeto do contrato deixa de existir. O objeto do
contrato vem do primeiro trespasso, que era oficina de pneu. Só pode haver um trespasse de outro
trespasse, desde que se mantenha o mesmo objeto de negócio.

Será que Rita, quando fez o contrato de trespasse já tinha em mente em alterar o objeto, então esse
contrato é inexistente ou encontrasse descaraterizado, não existe.

Se por acaso ela deu outro destino, mais tarde, então aqui aplica-se o artigo 1112 nº 5, em que o
senhorio pode resolver o contrato ou pode aceitar a alteração do objeto.

Quando Carlos faz o trespasse a Rita, segundo o artigo 1112 nº 3, a transmissão deveria ser celebrada
por escrito e comunicada ao senhorio. E neste caso pratico, Carlos não comunicou ao senhorio. Não tem
de haver autorização do senhorio, nos termos do nº 1 do art 1112, tem é de haver comunicação, nos
termos do nº 3 desse mesmo artigo.

O trespasse que Carlos faz a Rita, não carece de autorização do proprietário do prédio, mas carece de
comunicação. (remeter também para os artigos 1038 g) e 1083 nº 2 e) do CC.)

Nos termos do art 1038 g), Carlos deveria ter comunicado a Fernando, no espaço de 15 dias, o contrato
de trespasse celebrado com Rita.

Nos termos do art 1083 nº 2 e), (fundamento de resolução do contrato, qualquer das partes pode
resolver o contrato com base em incumprimento da outra parte, nº1). Nos termos desta alínea e)
estamos perante uma situação de ilicitude, pelo que nos termos deste artigo, era fundamento para
resolução do contrato de trespasse entre Carlos e Rita.

Quanto à autorização para a utilização por Rita do espaço destinado a comércio para pneus, o art 1112
nº 2 b), diz que não há trespasse, quando é alterado o uso ou o destino do estabelecimento trespassado.
Para além do que já era, houve alteração do objeto do contrato, passou a ser também escritório de
advocacia.

Carlos celebrou um contrato de trespasse com Rita, esta sem carlos saber, alterou o objeto do contrato,
utilizado o espaço também como escritório de advocacia, que segundo o art 1112 nº 2 b), é um motivo
para não haver trespasse.

Perante o caso, temos de colocar 2 hipoteses, que não estão claras no texto:

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1º Será que Rita, quando fez o contrato de trespasse já tinha em mente em alterar o objeto, ou foi uma
situação que ocorreu depois? Caso já tenha sido uma situação deliberada por Rita, então esse contrato
de trespasse é inexistente ou encontrasse descaraterizado, não existe. Art 1112 nº 2 B).

2º Se por acaso ela deu outro destino, mais tarde, então aqui aplica-se o artigo 1112 nº 5, em que o
senhorio pode resolver o contrato ou pode aceitar a alteração do objeto. (conjugado com o art 1085 do
CC – caducidade do direito de resolução por parte do senhorio).

Como não sabemos qual a intenção, teríamos de colocar as 2 hipóteses.

Em Resumo:

Fernando não verificar conseguir a sua 1ª pretensão, deitar a baixo as condutas e ser indemnizado, já
vimos que não tinha qualquer hipótese.

No entanto, poderia nos termos do art 1083 nº 2 e) e 1112, resolver o contrato de trespasse efetuado
entre Carlos e Rita.

Quanto à questão do filho de Rita, antes de entrar em vigor o novo regime de arredamento urbano, e
presumindo que o contrato de trespasse de Carlos para a Rita era válido. Antes se o filho tivesse naquela
atividade com a mãe nos últimos 3 anos, ele sucederia no lugar de Rita no contrato de trespasse. Com o
novo regime do arredamento urbano, assim que o trespassário morre, automaticamente cessa os efeitos
daquele contrato. O filho não sucedia na posição da mãe.

CASO N.º 11

Daniel é proprietário de uma tabacaria na Avenida de Roma Com já tem alguma idade acordou com
Estêvão que este passaria a explorar a tabacaria por sua conta pagando lhe, em troca, 10 sobre o valor
da faturação anual.

No mesmo momento constituiu um penhor sobre a tabacaria a favor do seu amigo Francisco como
garantia do mútuo destinado à realização de pequenas obras na fachada da loja.

1 - Como qualifica o negócio jurídico celebrado entre Daniel e Estêvão?

2 -Que regime se aplica ao penhor da tabacaria?

1 - A cessão de estabelecimento será a transferência temporária do estabelecimento efetuada a


qualquer título, incluindo o comodato a locação de estabelecimento implicaria a cessão titulada por um
negócio decalcado da locação (designadamente com uma obrigação periódica de pagamento de
retribuição, tipo renda ou aluguer). A construção do regime da transferência temporária do
estabelecimento teve sempre como principal propósito a exclusão das regras do arrendamento, que não
fariam sentido neste contexto pense se nos prazos mínimos de duração do arrendamento, ou nas
renovações automáticas o artigo 1109 º veio concretizar esta linha interpretativa, já que manda aplicar à
locação as regras da subsecção VIII, que são todas dispositivas.

– O negócio parece configurar uma cessão já que a retribuição afasta se do arquétipo da locação (a
renda não pode ser eventual 1038 º/alínea a) e normas seguintes) devem procurar se as regras, onde as
partes nada tenham disposto, no regime geral da locação (e não, sublinhe se, no regime do
arrendamento).

2 - Sublinhar que para além da locação 1109 º do CC) o EC pode ser objeto de diversos negócios jurídicos
atípicos ou com tipicidade social (usufruto artigo 1439 º e extensão a usufruto de direitos nos artigos
1463 º a 1467 º penhor de estabelecimento quem pode o mais (transmissão definitiva ou temporária),
parece poder o menos (oneração para fins de garantia).

Será um penhor mercantil, nos termos do artigo 397 º CCOM, pelo que o desapossamento pode ser
simbólico (artigo 398 º/ § único).

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2 - Que regime se aplica ao penhor da tabacaria?

– Penhor de estabelecimento quem pode o mais (transmissão definitiva ou temporária), parece poder o
menos (oneração para fins de garantia) Será um penhor mercantil, nos termos do artigo 397 º CCOM,
pelo que o desapossamento pode ser simbólico (artigo 398 º/ § único)

– A favor da admissibilidade da figura, temos ainda a possibilidade de empenhar o EIRL (artigo 21 º/ 1 do


regime jurídico do EIRL DL 248 86 de 25 de Agosto) e de penhorar o estabelecimento comercial,
unitariamente artigo 782 º, CPC [atenção ao n º 2 A penhora do estabelecimento comercial não obsta a
que possa prosseguir o seu funcionamento normal, sob gestão do executado, nomeando se, sempre que
necessário, quem a fiscalize, ao qual se aplicam, com as necessárias adaptações, os preceitos referentes
ao depositário).

CASO PRÁTICO N.º 11

José, arrendatário de Jasmim, explorava, desde há muito tempo, um estabelecimento comercial cujo
atividade se prende com “centro de fotocópias e encadernações”. No entanto, cansado daquela
atividade, e já de idade avançada, decidiu, em 02 de fevereiro de 2015 celebrar um contrato de
locação de estabelecimento informal com Pedro, através do qual Pedro passaria a explorar aquela
mesma atividade.

Convencionaram que que o contrato teria a duração de 2 anos, nada ficou convencionado quanto a
eventuais renovações ou a matéria sobre denúncia. Da nova situação não foi dado conhecimento a
Jasmim.

Pedro, um homem altruísta, decidiu assumir as obrigações decorrentes de 2 contratos de trabalho que
haviam sido celebrados entre José e dois trabalhadores.

Em finais de 2016 Pedro comunicou a José que pretendia renovar o contrato, visto estar a mostrar se
um negócio lucrativo José opôs se à renovação do contrato, dizendo que, no respeito pelo princípio da
liberdade contratual, ambos acertaram que o contrato teria apenas a duração de 2 anos, pelo que não
o iria renovar José decidiu, então, denunciar o contrato de locação, a que Pedro se opôs José, para
evitar aborrecimentos, cedeu, e o contrato “arrastou se” até 31 07 2019, altura em que Pedro, também
já cansado daquela atividade, denuncia o contrato.

José inicialmente não aceitou de bom agrado a denúncia, justificando que Pedro não respeitou o prazo
de 1 ano de antecedência. Ainda assim, cedeu, mas informou Pedro que iria intentar uma ação
judicial, reclamando o pagamento dos bens que constituíam o capital fixo do EC, e que Pedro
substituiu, visto este não ser proprietário desses bens.

QUID JURIS?

Foi celebrado entre José e Pedro, um contrato de locação informal. Este deveria ter sido feito sob a
forma de um contrato escrito nos termos do art 1112 nº 3 do CC.

Convencionaram que o contrato teria a duração de 2 anos, sem terem convencionado as renovações ou
renuncia. Podiam eles ter estipulado a duração de 2 anos? Pode fazê-lo nos termos do art 1110 nº 2 do
CC, se nada estivesse estipulado no contrato, vigorava os 5 anos deste artigo, como fixaram o prazo de 2
anos, fica então convencionado o prazo de 2 anos.

Não foi dado conhecimento ao proprietário 1109 º 2 do CC, devia ter sido comunicado no prazo de 1
mês, este contrato de locação. E não carecia de autorização do proprietário para este contrato, uma vez
que não houve alteração do arrendatário, a posição de arrendatário continuaria a ser o mesmo.

Pedro, ficou com os trabalhadores, pois é uma das obrigações que fazem parte do estabelecimento
comercial, passa tudo para o novo locatário, nos termos do art 285 do Código do trabalho. Obrigação
solidária, no caso de cessão, se houver responsabilidade com o pagamento dos trabalhadores. José se
houvesse falta de pagamento por parte de Pedro aos trabalhadores, este era chamado a pagar
solidariamente com Pedro, ao respetivo pagamento.

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Elementos não corpóreos que passam direitamente com a cessão do estabelecimento para o novo
locatário.

Em finais de 2016, Pedro propôs a José a renovação do contrato de locação, pelo que José se opôs. Será
a posição de José possível? Apesar de terem estipulado o prazo de 2 anos, não estipularam nada quanto
às renovações, e neste caso temos de aplicar o que está na lei, nos termos do art 1103 nº 3 do CC,
conjugado com o nº 4 do mesmo artigo. Renova-se automaticamente no seu termo e por períodos
sucessivos de igual duração ou de 5 anos se esta for inferior. Não podendo José opor-se à renovação,
porque independentemente do prazo de 2 anos estipulado, o senhorio não se pode opor à renovação,
até ao prazo máximo dos 5 anos, conforme consta do art 1110 nº 4 do CC. Podendo no prazo de 5 anos o
locador por fim ao contrato de locação.

José decide denunciar o contrato de locação, ao que Pedro se opõe. Poderia José denunciar este
contrato?

Nos termos do art 1110 – A do CC, diz quais as situações em que o contrato é denunciado.

Mas segundo o art 1101 do CC, José, não poderá exercer a denuncia, uma vez que a denuncia não estão
preenchidos nenhum dos requisitos das alíneas b) e c) do mesmo artigo. O caso não nos dá a indicação
que a denuncia seria para obras ou para demolição.

O pedro em 30 de julho de 2019, denunciou o contrato, pode fazer?

Pedro poderá fazê-lo nos termos do art 1100 nº 1 a) do CC, mediante comunicação de 120 dias de
antecedência antes de fazer os 5 anos. Pedro respeito ou prazo dos 120 dias para o prazo da denúncia.
José fez confusão quanto ao prazo, porque diz que Pedro deveria ter feito a denuncia com um prazo de
um ano, mas nos termos do art 1110 nº2, como o contrato foi feito por 2 anos e não de 5 anos. Pode
faze-lo nos termos do art 1100 nº 1 a) do CC.

Os bens eram de José, mas entende-se que não é uma questão que se funda no direito de propriedade,
mas no poder e o dever que o Pedro tem para obter lucro no estabelecimento, no caso que o material
que tinha no seu poder já não de desse o rendimento que precisava. Temos de ver qual o fim da
atividade, obtenção do lucro, e se tem máquinas que não dão resposta ao fim que ele precisa, Pedro
podia substituí-las.

O José não pode obstar que Pedro exerça a atividade que não obtenha o lucro.

Enquanto Pedro explorava o EC, abriu nova atividade concorrente com a que exercia, na área
geográfica onde se situava o EC locado. Assim, que José soube do sucedido acusou Pedro de violar a
obrigação de não concorrência Pedro ripostou dizendo que José é que estava obrigado a não exercer
atividade concorrente com a dele, pois tirar lhe ia a clientela.

Tal como no trespasse, José não poderia, ao menos que houvesse um pacto entre eles que permitisse
isso, José não poderia ter uma atividade igual à do Pedro.

O contrato de locação é temporário, e José quer de futuro que a clientela continue a procurar aquele
estabelecimento.

José acha que Pedro violou o direito de não concorrência, porque abriu um estabelecimento igual na
mesma área de atividade.

Pedro diz que José é que estava obrigado a não concorrer com Pedro, e não o contrário. Eles não
celebraram nenhum pacto sobre este assunto.

Conclusão, José tem razão, porque Pedro quando entregar o estabelecimento a José está a diminuir o
valor do estabelecimento, porque havia o valor clientela que estaria posto em causa, porque diminui o
valor do estabelecimento. Ambos tem razão. José não fez nada de mal, mas se tivesse aberto um
estabelecimento igual, não o podia fazer.

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Nos termos do art 1043 do CC, o Pedro quando entregar o estabelecimento a José terá de entregar nos
termos deste artigo, restituir o estabelecimento tal como ele estava, aqui no que diz respeito à clientela.

Decreto lei 178/86 de 03 de julho de 1986 – art 9 (obrigação de não concorrência)

CASO N.º 13

Francisco arrendou uma loja sita na Rua do Alecrim por 500 00 Fez obras e montou uma pastelaria
com todo o equipamento necessário, pronta a funcionar. Acordou de seguida com Gustavo que este
passaria a explorar a pastelaria e que, em troca, lhe pagaria a quantia mensal de 3 500 00. Gustavo
contratou trabalhadores, fornecedores, etc e dois meses depois iniciou a exploração do
estabelecimento.

No dia da inauguração, o senhorio foi tomar café à nova pastelaria e deu se conta que, afinal, quem
explorava a pastelaria era Gustavo e não Francisco.

Dias depois, Gustavo recebeu uma carta com o seguinte teor ::“Informa se V Exa que o presente
subarrendamento não foi autorizado pelo senhorio e que, ainda que houvesse sido, o valor da
sublocação excede o disposto no art 1062 º do CC”.

Quid Juris?

Discutir se uma loja totalmente montada, mas sem estar em funcionamento é um EC

– Se se dizer que não por falta de aptidão funcional, de aviamento e clientela, etc, trata se de uma
sublocação e não de uma locação de EC o senhorio terá razão

– Se se dizer que sim, que ainda assim é um EC, trata se de uma locação de EC art 1109 º), e devia ter
sido comunicada ao senhorio no prazo de 1 mês (n º 2) Mas de resto não se aplica a necessidade de
consentimento, nem o limite da sublocação (as regras da subsecção VIII não incluem limitações à
sublocação.

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