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Finanças Públicas TA – 2022-2023 – Sub-turmas 1, 4 e 8

Exercício 4 – Princípios
orçamentais

Identifique e caracterize os princípios orçamentais referidos nos excertos que se


seguem:

1- “Recomenda-se ao Ministro das Finanças que: assegure a inclusão no Orçamento e na


Conta de todas as entidades previstas na Lei de Enquadramento Orçamental,
devidamente classificadas, justificando as alterações ocorridas na composição do
universo dos serviços e fundos da administração central.” (Tribunal de Contas, Parecer
sobre a Conta Geral do Estado de 2019)

2- “(...) se as receitas e as despesas fossem previstas em globo (...), o orçamento não nos
indicaria as diversas fontes de onde o Estado vai tirar os seus recursos nem os diversos
gastos que cada serviço há de realizar” (Teixeira Ribeiro, Lições de Finanças Públicas,
Coimbra Editora, Coimbra, 1997, p. 60).

3- “O processo democrático de determinação das opções financeiras, ao nível do


orçamento, impõe que as receitas e as despesas autorizadas sejam minimamente
desdobradas. Só assim, o Parlamento, dando expressão à vontade popular, pode
realmente autorizar as “entradas” e as “saídas” que em conjunto, numa óptica técnico-
contabilística das finanças públicas, constituem o Orçamento” (Acórdão do Tribunal
Constitucional nº 624/97, de 21 de Outubro de 1997).

4- “As receitas obtidas com as reprivatizações serão utilizadas apenas para amortização
de dívida pública e do sector empresarial do Estado, para o serviço da dívida resultante
de nacionalizações ou para novas aplicações de capital no sector produtivo” (Artigo
293º, nº 1, alínea b) da Constituição da República Portuguesa).

5- “Embora a DGO tenha emitido orientações genéricas sobre a contabilização dos


fluxos orçamentais relacionados com aplicações financeiras, incluindo sobre os
respetivos rendimentos, as entidades detentoras continuam a adotar procedimentos
diferenciados. Em matéria de juros também alguns SFA inscrevem os rendimentos pelo
valor líquido em incumprimento do princípio (...) previsto na LEO. (...). (Tribunal de
Contas, Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2019).

6- “O Tribunal já assinalou que o alargamento, se sistemático ou sem o escrutínio anual


no âmbito da discussão e votação do Orçamento pela Assembleia da República, da
alocação de receitas fiscais para fins específicos traduz-se na redução do financiamento
de despesas gerais, limitando uma gestão financeira global e não indo ao encontro da
premissa subjacente ao princípio (...) de que todas as receitas devem servir para cobrir
todas as despesas previstas.” (Tribunal de Contas, Parecer sobre a Conta Geral do
Estado de 2019).

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Finanças Públicas TA – 2022-2023 – Sub-turmas 1, 4 e 8

Exercício 4 – Princípios
orçamentais
7- “A relevância deste princípio não é apenas política/concreta, ela é também uma
relevância teórica/analítica e até, no limite, de ordem académica, tendo contribuído para
a renovação do objecto de análise, do discurso e do tratamento dogmático que se dá aos
‘temas de escola’ estudados pela literatura de Finanças Públicas.
A óptica [deste princípio] é o longo prazo, pois nunca como antes as preocupações em
torno dos factores de impacto intergeracional se fizeram sentir tanto. Nesta medida, ela
contrapõe-se quer à regra do equilíbrio orçamental, que se funda numa perspectiva anual,
de curto prazo, quer à consolidação orçamental, que assenta, por sua vez, sobretudo numa
perspetiva de médio prazo (a que tem sido dada aliás grande importância no quadro da
aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) aos países membros da União
Europeia).” (Nazaré da Costa Cabral, in Eduardo Paz Ferreira et al., Estudos em
Homenagem ao Professor Doutor Paulo de Pitta e Cunha, Almedina, Coimbra, 2010, p.
613.)

8- “(...) os orçamentos do sector público administrativo não se devem bastar com a


perspetiva anual de receitas e despesas, proporcionada pelo orçamento votado ano após
ano. Devem, isso sim, temperar a perspetiva anual que fornecem com a contemplação
de horizontes mais dilatados no tempo.
[Este princípio] obriga, portanto, a uma ponderação de receitas e despesas tendo em vista
o estabelecimento de um equilíbrio entre o que se gasta no presente e os gastos que se
assumem para o futuro, de forma a que proveitos e custos tenham uma distribuição
equitativa. (Maria d’Oliveira Martins, Lições de Finanças Públicas e Direito
Financeiro, Almedina, Coimbra, 2019, pp. 276.)

9- “(...) pode ser entendida como a capacidade para satisfazer necessidades atuais sem
comprometer a satisfação de necessidades futuras. Ela é normalmente vista na ótica da
utilização dos recursos naturais, defendendo-se que a sua utilização não deve ser mais
célere do que a capacidade da natureza em repô-los. (…) o desenvolvimento das
sociedades humanas deve ser estruturado de modo a alcançar um elevado grau de
satisfação das necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.” (João Ricardo Catarino,
Finanças Públicas e Direito Financeiro, Almedina, Coimbra, 2019, p. 289.)

10- “Há um dever de disponibilização ao público de toda a informação sobre os


diferentes documentos relativos ao Orçamento.
Uma das vertentes deste princípio reconduz-se à ideia de todos os orçamentos do sector
público administrativo deverem ser publicados. A Lei de Enquadramento Orçamental de
2011 referia-se, aliás, ao princípio da publicidade (artigo 12.º).
É certo que a Lei de Enquadramento Orçamental de 2015 deixou de fazer referência a
este princípio da publicidade qua tale. Porém, ele continua atual.” (Maria d’Oliveira
Martins, Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro, Almedina, Coimbra, 2019,
pp. 289-290.)

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