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Teresa Viríssimo 1
2021/2022
Valor de silêncio atribuído por convenção (Ex: Quando enviam algo para
experimentar)
As partes não acordam que o silencio vale como declaração, logo o silencio não
vale como aceitação.
As partes acordam que o silêncio vale como aceitação:
- O destinatário pretende comprar o artigo- mantém-se em silêncio logo procede-
se à venda do artigo.
-O destinatário não pretende comprar o artigo- obrigado a restituir a coisa que o
proponente lhe tenha enviado quando ele a for buscar, até à data deve conservar o
bem. Só se recorre a responsabilidade quando o mesmo aja por dolo.
Valor de silêncio atribuído por uso (usos do comércio, usos da profissão) - art.
218º+ art. 3º do CC
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3. Eficácia da declaração negocial
3.1 Declarações entre ausentes e presentes: ou as partes estão em contacto direto
uma com a outra ou não (avaliar se é possível resposta imediata ex: chamada
telefónica). presentes. Distinguir se as partes do negocio não estão perto uma da
outra ou se estão em contacto direto. Não se trata de presença física, mas sim da
resposta imediata ou não, podendo ser presencial ou via digital.
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aparecimento de um contrato. A proposta, para o ser efetivamente, deve reunir 3
requisitos essenciais, nomeadamente, deve ser completa (abranger todos os pontos a
integrar no futuro contrato, ficam incluídos aspetos que sejam necessários para os
contratantes, como também os supridos pela lei, através de normas supletivas), firme
(revelar uma intenção inequívoca de contratar) e formal (deve revestir a forma requerida
para o negocio).
Emitida uma proposta contratual e tornando-se esta eficaz, nos termos do art.
224º, pergunta-se quais os termos da eficácia e por quanto tempo deverá ela manter-se.
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A proposta feita em tais condições se submeteria à prescrição, nos eu
prazo ordinário de 20 anos (art. 300º ss. e art. 309º). Trata-se de um prazo
demasiado excessivo para que uma pessoa deva aguardar, logo propõe-se a
aplicação analógica do art. 411º do CC, o proponente pode solicitar ao tribunal a
fixação de um prazo para que o destinatário aceite ou rejeite.
Revogação- tutelada no art. 230º
A revogação da proposta é um ato unilateral, praticado pelo proponente. Só é
possível se ainda não houver contrato, se já houver contrato é exigida através de
acordo entre as partes. Segundo o art. 230º, a revogação é viável em duas hipóteses:
- Quando o proponente se tenha reservado a faculdade de revogar- art. 230º/1
- Quando a revogação se dê em moldes tais que seja pelo destinatário, recebida antes
da proposta, ou ao mesmo tempo com esta- art. 230º/2
Aceitação ou a rejeição
Aceitação: faz desaparecer a proposta e passa ser um contrato
Rejeição: renúncia do destinatário ao direito potestativo de aceitar a proposta em
jogo.
Outros modos- tutelados no art. 231º e 226º
- Por morte ou incapacidade do proponente, havendo fundamento para presumir ser
essa a sua vontade- art. 231º/1-ou se tal resultar da própria declaração- art. 226º/1
- Por morte ou incapacidade do destinatário- art. 231º/2
- Por ilegitimidade superveniente do proponente, desde que anterior à receção da
proposta- art. 226º/2.
Oferta ao público
A oferta ao público é uma modalidade de proposta contratual, caracterizada por
ser dirigida a uma generalidade de pessoas, logo é não recepienda por não ter
destinatário. Como qualquer proposta contratual deve reunir os 3 requisitos
fundamentais, nomeadamente, deve ser completa, deve compreender a intenção
inequívoca de contratar e deve ser formal.
A oferta ao público distingue-se de:
- Convite a contratar: através de vários meios, as entidades interessadas podem
incitar pessoas indeterminadas a contratar, não reveste a forma da proposta, ou
seja, não contem todos os elementos essenciais para a formação do contrato,
nomeadamente os 3 requisitos fundamentais.
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Convite à oferta: o proponente declara-se pronto a receber propostas que
depois poderá aceitar Ex: seguradoras e leilão
- Proposta feita a uma pessoa desconhecida ou de paradeiro ignorada: trata-se de
uma proposta comum, com destinatário específico, ou seja, não é destinado a
uma generalidade de pessoas. Esta proposta está tutelada no art. 225º do CC e
pode ser denominada por oferta genérica ao público.
-CCG: embora genéricas, as clausulas contratuais gerais não surgem
necessariamente como proposta e implicam uma rigidez que não enforma de
modo necessário a oferta ao público.
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o A rejeição consiste em que perante uma proposta contratual, o destinatário
possui o direito potestativo de a rejeitar, logo é um ato unilateral recipiendo qual
o destinatário recusa a proposta negocial. Tal como a aceitação, pode ser
expressa ou tácita e assim que se torne eficaz nos termos do art. 224º, extingue-se
a proposta. Segundo o art. 233º 1ª parte, a aceitação da proposta com
aditamentos, limitações ou outras modificações implica a sua rejeição, a segunda
parte do mesmo artigo expõe que se a modificação for muito precisa, equivale a
nova proposta- contraproposta.
6. Culpa in contrahendo
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Isto vai consagrar alguns deveres pré contratuais, que, tal como o nome indica,
são anteriores à concretização do contrato. Desses deveres é possível distinguir os
deveres de segurança, de informação e de lealdade.
Os deveres de segurança, segundo o prof. Menezes Cordeiro implicam que
durante a fase de formação do NJ, as partes devam assegurar que a outra não sofre
danos por estar num ambiente pre contratual – há, no entanto, doutrina, tal como a da
professora Maria do Rosário Palma Ramalho e PPV, em que se considera que estes
deveres decorrem independentemente de se estar ou não num ambiente pré contratual, e
dá-se o nome de deveres do tráfego, ou seja, só corresponde à culpa in contrahendo
quando os danos causados tenham a ver com o contrato, se não tiver haver com o
contrato quanto muito estaríamos perante uma responsabilidade extracontratual.
Os deveres de informação implicam que quando se está a negociar com alguém,
as partes devem dar os esclarecimentos adequados à outra parte, sobre todos os
elementos essenciais para a formação do contrato, exceto se estiverem envolvidos
direitos pessoais, neste caso verifica-se o direito da reserva- art.253º/2 CC.
Por fim, os deveres de lealdade são os que fazem com que não se quebre a
relação de confiança anteriormente criada para a celebração de um negócio.
Como todo este processo tem de ir ao encontro da boa-fé objetiva, há ainda
princípios que devem ser tidos em conta, tais como o princípio da primazia da
materialidade subjacente e o princípio da tutela da confiança( as partes devem agir de
forma a não violar as legitimas expetativas uma da outra, pelos seguintes requisitos: tem
de ter sido criada uma situação de confiança, tem de haver uma justificação para esse
estado, tem de haver investimento na confiança e ainda tem de ser imputável à outra
parte), que, no fundo, traduzem a ideia que a boa-fé não deve ser apenas aparente, mas
corresponder de facto à vontade e que não se podem criar situações de confiança que
depois se venham a quebrar.
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Tem de ter sido criada uma situação de confiança
Tem de haver justificação para esse estado
Tem de haver investimento na confiança
Tem de ser imputável à outra parte
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8º, neste caso pelo art. 9º dispõe que nas áreas desguarnecidas pela exclusão, haverá que
incorrer, conforme os casos às regras supletivas aplicáveis e regras de integração dos
NJ.
Cláusulas proibidas são nulas nos termos no artigo 12º, são proibidas as CCG
contrárias à boa-fé (15º e 16º), relacionadas com relações entre empresários ou
entidades equiparadas (17º,18º 19º) e ainda relações com os consumidores finais
(20º,21º,22º,23º).
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o Impossibilidade física (objeto fisicamente inexistente ou inalcançável) e
Impossibilidade legal (objeto é legalmente impossível ex: torre de Belém)
- Impossibilidade física por falta de substrato (não possui o objeto
fisicamente)
- Impossibilidade física por perda de conteúdo por supressão do escopo
(já não precisa do objeto porque já realizou o seu objetivo)
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publica faz apelo aos princípios estruturantes da mesma, ou seja, conjunto de normas
imperativas estruturantes para o Estado e para as pessoas, como direitos de
personalidade, etc.
O termo
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O termo diz respeito a uma clausula pela qual as partes subordinam a eficácia de
certo negocio jurídico à verificação de certo evento futuro e certo. Enquanto na
condição era remetida para uma verificação não segura, o termo não implica tal
incerteza, apenas surge como uma limitação temporal a um negócio jurídico
considerado pelas partes.
O termo pode ser:
- Suspensivo: em que a eficácia negocial só se dá apos a verificação de determinado
evento (determinado evento=contrato)
- Resolutivo: a eficácia negocial termina com a verificação do evento
- Incerto: há certeza do evento, mas não há data especifica
- Certa: há certeza da realização do evento e data da sua realização
- Expresso: resulta da vontade assumida das partes
- Tácito: resulta de circunstâncias que com toda a probabilidade revelem ser essa
vontade das partes
Desde o momento da estipulação e até à verificação do termo este diz-se
pendente, em que há um conflito de direitos entre o atual detentor do direito e aquele
que o receberá quando ele ocorrer, por isso a prof Palma Ramalho, acha o regime
legal sucinto porque o legislador remete todos os outros aspetos do termo para o
regime da condição, o que leva também a que os art. 274º,275º e 276º sejam
aplicados analogicamente
O computo do termo está titulado no art. 279º, embora que as partes podem ter
convencionado de outra forma.
Modo ou encargo
Cláusula típica dos negócios intervivos (doação- art. 963º) e mortiscausa
(testamento- art. 968º e 2244º). Limita a liberdade do beneficiário através de um
encargo, que pode ser patrimonial (não pode ser superior ao do bem ex: pagamento de
dividas) ou não patrimonial (dou-te x se deixares que L usufrua também).
Sinal
O sinal está titulado no art. 440º do CC, e é uma clausula acessória típica dos
negócios onerosos, ou seja, o sinal tem como objetivo acautelar o melhor cumprimento
do negocio jurídico no futuro, é uma clausula muito importante no contrato promessa
compra e venda porque presume-se como sinal qualquer antecipação do pagamento
(art.442º).
Cláusula Penal
A clausula penal existe para o cumprimento de obrigações civis, é uma clausula
acessória em que as partes fixam o valor de indemnização se a outra parte não cumprir
ou se atrasar no cumprimento, segundo o art. 810º.
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Regras:
-Não pode ser exigido o cumprimento da obrigação principal e da clausula penal
(implica nulidade- art. 811º/1) exceto se as partes assim o tiverem estabelecido se
houver atraso no cumprimento.
-Não pode ser exigido a cláusula penal em conjunto com uma indemnização, devido a
que a clausula penal já representa uma indemnização (art. 811º/2).
- Se a clausula penal tiver um valor manifestamente excessivo a lei admite que se possa
reduzir, nos termos do art. 812º.
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De modo a distingui a interpretação da lei da interpretação do negocio jurídico,
temos que no negocio jurídico revela essencialmente a vontade das partes, logo é uma
interpretação menos objetivista do que a interpretação da lei.
11.1.1. Regras essenciais
Aplicação do art. 236º:
o Aplicação art. 236º/1- quando o declaratário não conhece a vontade do
declarante
- Regra de impressão do destinatário: 236º/1 1ª parte (visão predominantemente
objetivista) a declaração vale com o sentido em que um declaratário normal
colocado na posição do real declaratário possa deduzir um comportamento do
declarante.
- 1ª concessão ao subjetivismo: 236/1 2ª parte (visão subjetivista) - “salvo se este
não puder razoavelmente contar com ele”, o prof. MC entende que se trata de uma
ressalva destinada a resolver vícios da vontade, quando se pretender dar solução a
essas hipóteses sem ter de recorrer aos requisitos específicos da aplicação das
figuras de vicio da vontade.
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Boa-fé na interpretação: É necessário que o declarante tenha implícito o dever de
boa-fé, ou seja, de se por na parte contrario e de prever como é que a mesma irá
entender a declaração. Se o fizer culposamente estará a violar o art. 227º.
Ponto omisso:
Delimitação das lacunas: nem tudo aquilo que as partes não regulam constitui
uma lacuna, mas sim tem de haver um ponto que deveria ter sido regulado pelas
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partes segundo a logica do contrato, depois disso como não podem ser aplicadas
normas supletivas, o negocio apesar da lacuna tem que continuar valido.
Integração das lacunas: o art. 239º remete-nos para a vontade hipotética das
partes e para a boa-fé.
- Vontade Hipotética individual ou subjetiva: procura saber perante os
dados concretos existentes, qual teria sido em termos de probabilidade
razoável, a vontade das partes se tivessem previsto o ponto omisso
-Vontade hipotética objetivista (mais utilizada atualmente): efetua-se
perante os dados concretos existentes, a reconstrução da vontade justa
das partes se com razoabilidade tivessem previsto o ponto omisso.
A vontade hipotética é limitada pelos difames da boa-fé (tutela da
confiança e primazia da materialidade subjacente)
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responsabilidade civil por violação de deveres de segurança e de lealdade (art.
227º, ou até por atentado aos direitos de personalidade (art. 483º).
- Coação Física – art. 246º
Verifica-se quando alguém é levado pela força natural (doença) ou humana a
emitir uma declaração negocial sem ter qualquer vontade de o fazer, logo não há
qualquer manifestação de vontade. A declaração proveniente de coação física é
nula, porem não há dever de indemnizar.
- Declaração não séria- art. 245º
Verifica-se em casos em que o declarante produz a declaração sem qualquer
intenção negocial, na expetativa de que isso seja conhecido pelo declaratário ou
por quem receber a declaração. Diferencia-se da falta de consciência porque na
declaração não séria emite uma declaração na expetativa que o declaratário saiba
que é a brincar, enquanto na falta de consciência o declarante não sabe que esta a
emitir uma declaração. Aplica-se a nulidade se a declaração for patentemente
não séria, se a declaração induzir o declaratário a aceitar justificadamente a sua
seriedade existe direito indemnizatório (245º/2). Temos que ter em conta a
interpretação no art. 236º em que se a declaração for tomada pelo declaratário
normal na posição real como não séria, ela cai no art. 245º/1, logo a sua
aceitação é irrelevante.
o Ausência de Liberdade
- Coação Moral: Vis absoluta.
Verifica-se quando a declaração determinada pelo receio de um mal de que o
declarante é ILICITAMENTE ameaçado com o fim de obter dele a declaração
(em situação de medo- vicio do negocio). Nesta situação há ausência de
liberdade mas há vontade.
Requisitos para a declaração ser anulável:
Ameaça ilícita
Ameaça real
Ameaça finalisticamente dirigida à prática daquele ato específico (incide
sobre a pessoa, o seu património ou fazenda)
Existência de nexo de dupla causalidade: ameaça tem de causar medo e
que esse medo seja determinante do negocio
- Coação Física- Vis absoluta. Insere-se na ausência de vontade e de liberdade
- Erro Vício: reside na formação da vontade negocial; declaração formada na
base de um pressuposto que não se verifica.
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Erro sobre o declaratário ou sobre o objeto do negócio (art. 251º): não está
em causa apenas a identidade do objeto, mas também as suas qualidades e
particularmente seu valor. Relevam também as qualidades jurídicas do
objeto.
Características objetivas- só importa para o adquirente, problema de
cognoscibilidade que se divide:
MC: erro sobre as características objetivas ainda é erro sobre o
objeto- quase nunca um erro procedente pq é difícil o motivo que o
adquirente queria comprar- 251º+247º- anulável pelo erro do objeto
CF: reconduz este erro ao 252/1 porque não são atingíveis por
qualquer pessoa, mas é necessário um acordo mm que seja tácito
quanto à essencialidade do motivo.
Não basta informar, mas tem que haver um acordo em que eu seja tácito
da essencialidade disso.
Remissão para o art. 247º (requisitos para a anulabilidade)
Erro sobre a Base do Negócio (art. 252º/2): Erro sobre as circunstancias
sobre as quais as partes se basearam para contratar, trata-se de um erro
bilateral e objetivo, ou seja, comum às partes em que fundaram a decisão de
contratar um facto externo que não controlam e que se alterou de forma
imprevisível.
MC: O erro da base do negócio será uma representação de uma das partes
conhecida pela outra, relativa a certa circunstancia basilar atraente do próprio
contrato e que foi essencial para o mesmo.
Remissão para o art. 437º apenas para efeitos de verificação dos requisitos e
para a possibilidade de modificação do contrato, se não houver possibilidade
de modificação, o contrato é anulado pelo 252º/2.
MC: Impõe uma interpretação restritiva quanto à remissão feita do art.
252º/2 para o art. 437º devido à alteração das circunstancias, sendo que ao
art. 437º apresenta duas soluções, nomeadamente a resolução do contrato ou
a sua modificação segundo juízos de equidade (art. 437º/1), em que o
professor compreende que estando um contrato em curso de execução, não
há que atingi-lo no passado, assim como não se exige atingi-lo in totum as
partes poderão ter investido já muito no seu cumprimento. Por isso diz que
se deve aplicar o regime comum do erro, nomeadamente a anulabilidade (art.
252º/2), porque a situação ocorre já no momento da celebração do negocio,
ela tem de comportar um prazo curto para se sedimentar, tem que ter
confirmação e ainda não se podem verificar valores que requeiram
consequências diferentes das normais para o erro.
PR: defende que ou permite anulação ou permite modificação, ou seja, se for
possível a modificação aplica-se diretamente o 437 se n for possível recorre-
se diretamente à anulação, decorrente do art. 252º/2.
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Erro sobre os motivos do negócio (art. 252º/1): Trata-se de um erro
unilateral, que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se não
refira à pessoa do declaratário nem ao objeto do negócio, ou seja o objeto
não está errado, mas sim os motivos. Só é causa de anulação se as partes
houverem reconhecido por acordo a essencialidade desse mesmo motivo.
Dolo (art. 253º): O erro pode ser espontâneo ou um erro por dolo.
O dolo tem uma dupla aceção no Direito Português:
1. A sugestão ou artificio usados com o fim de enganar o autor da declaração
(art. 253º/1)
2. A modalidade mais grave da culpa, contraposta à “mera culpa” ou
negligência referida no art. 483º/1
Analisemos então a 1ª aceção:
A relevância do dolo depende de três fatores:
- O declarante esteja em erro
- Que o erro tenha sido causado ou dissimulado(mantido) pelo declaratário
ou por terceiro
- Que o declaratário ou terceiro haja recorrido a qualquer artifício, sugestão
ou embuste.
A declaração com dolo implica a sua anulabilidade se o dolo for
determinante do erro e o erro determinante do negocio, a anulabilidade
implica indemnização dos danos causados, pode fazer-se em simultâneo
apelo às regras da CIC.
ANULABILIDADE DO ERRO DA VONTADE- PR (2 requisitos):
- Essencialidade: o elemento sobre o qual o declarante estava em erro deverá
ser essencial; exclui o erro indiferente
- Cognoscibilidade: dever de conhecimento proveniente da outra parte da
essencialidade do elemento sobre o qual o declarante estava em erro; é
necessário que ambas as partes tenham conhecimento por acordo
(convencional ou formal)
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Há reserva mental sempre que é emitida uma declaração contrária à vontade real
com o intuito de enganar o declaratário, ou seja, a vontade real e a declarada não
é a mesma, visto ter objetivo de enganar a outra parte. Existe reserva bilateral
quando as duas partes tentam enganar-se mutuamente.
A diferença entre reserva mental e declaração não séria é que não há intuito
negocial enquanto na reserva mental há uma intenção de enganar o declaratário
de modo a ter benefício do negócio (declaração não séria secreta).
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Objetiva parcial- O negócio dissimulado é o simulado com
meras alterações no conteúdo. Ex: O preço declarado e o pago
não são os mesmos.
O Regime geral do art. 240º/2 há sempre nulidade do negocio simulado exceto nas
situações de simulação relativa e na simulação envolvendo terceiros.
o SIMULAÇÃO RELATIVA:
O negocio sujeita-se ao negocio real, desde que respeite os requisitos de forma do
mesmo, segundo o art. 241º/1 e 2, ou seja, admite-se a validade dos negócios
dissimulados, se não houver nulidade ou anulabilidade em consequência do regime que
lhe corresponderia se fosse realizado sem dissimulação. Passa-se como se não tivesse
havido simulação, nos termos que correspondem à vontade real. Existem, no entanto,
dificuldades na aplicação prática, nomeadamente quando estão em questão 2 negócios
formais de natureza diferente
LEGITIMIDADE PRA ARGUIR A SIMULAÇÃO (art.242º), sem prejuízo pelo
disposto no art. 286º, a nulidade do negocio simulado pode ser arguida pelos próprios
simuladores entre si, ainda que a situação seja fraudulenta (art. 242º/1). Pode também
ser arguida pelos interessados prejudicados pelo art. 242º/2.
PR: defende a possibilidade de os simuladores invocarem a nulidade do negocio existe
de forma a se evitar a invocação da manifestação do abuso de direito.
MC: não concorda que exista a possibilidade de os simuladores invocarem a nulidade
do negócio
PROVA DA SIMULAÇÃO PELOS SIMULADORES (art. 394º/2):
Este artigo restringe os termos em que os simuladores podem invocar a simulação.
Impedir a prova testemunhal equivale muitas das vezes a restringir de modo indireto a
prescrição do art. 240º/2 quanto à nulidade da simulação. Com um entendimento
restritivo do artigo visa-se fazer prevalecer a verdade dos factos.
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sempre de má-fé o terceiro que adquira o direito posteriormente ao registo da ação de
simulação.
Havendo violação de um direito de preferência pode o preferente, através da ação de
preferência prevista no art. 1410.º CC, fazer seu o negócio preferível. O preferente
poderia vir tornar seu o negócio, não podendo os simuladores invocar a simulação, por
força do art. 243.º/1. Em relação a esta possibilidade, a doutrina diverge:
- Manuel de Andrade- veio sustentar que só seriam terceiros, para efeitos de tutela da
boa-fé na simulação, as pessoas prejudicadas com a invalidação do negócio simulado e
não aquelas que lucrariam com ele
- Castro Mendes e Antunes Varela- defendem que a simulação era em qualquer caso
inoponível a terceiros de boa-fé
- Mota Pinto e Almeida Costa, MC e Carvalho Fernandes e a maioria da jurisprudência:
em sentido inverso, defendem que o objetivo da lei não pode ser o de permitir facultar o
enriquecimento do preferente, constituindo isso um abuso de direito. Posição adotada
pela jurisprudência.
CONFLITO DE INTERESSES ENTRE TERCEIROS DE BOA-FÉ:
Pode ser entre:
• Credores do simulador alienante e dos credores do simulador adquirente;
• Credores do simulador alienante e subadquirentes do simulador adquirente;
• Subadquirentes do simulador alienante e os subadquirentes do simulador adquirente;
Para resolver este conflito surgem duas teses:
• Teoria casuística – cada um dos conflitos é autonomamente;
• Teoria sistemática – a resolução de litígios reflete uma construção geral previamente
considerada.
O professor Menezes Cordeiro diz-nos que as teorias casuísticas devem ser rejeitadas,
pois são sustentadas em juízos arbitrários e subjetivos. Assim, a maioria da doutrina
tende a professar por construções gerais. Assim sendo, temos as seguintes orientações:
-Galvão Telles – defende o princípio da aparência: considera que o interesse dos
terceiros de boa-fé que confiam na aparência da transmissão simulatória deve
prevalecer. Assim, tendo em conta o caso acima exposto
- Castro Mendes e Oliveira Ascensão – defendem que a solução está no próprio regime:
os negócios simulados são nulos, podendo a nulidade ser invocada por qualquer
interessado. O legislador apenas impede que os simuladores oponham a simulação
contra terceiros de boa-fé, mas não que terceiros de boa-fé a oponham contra outros
terceiros de boa-fé.
-Carvalho Fernandes – considera que a solução deve ser procurada no regime legal da
colisão de direitos – art. 335.º CC.
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- Menezes Cordeiro – considera o regime geral, sendo que a nulidade, de acordo com o
art. 286.º, pode ser invocada por qualquer interessado, tendo, no âmbito da simulação,
por força do art. 243.º/1, a exceção de os simuladores não poderem invocar a simulação
contra os terceiros de boa-fé. Para além dos simuladores, estende a impossibilidade a
quem os tenha auxiliado, contudo chama a atenção para não confundir os terceiros que
auxiliaram os simuladores com os “terceiros de má-fé”: sujeitos que conheciam a
simulação, mas não a conheciam, sendo que têm legitimidade para opor a nulidade a
terceiros de boa fé.
NULIDADE DO NEGÓCIO SIMULADO:
Regime geral do art. 240º/2 há sempre nulidade do negocio simulado, porém não afeta a
validade do negocio dissimulado (art. 241º/1 CC).
O que acontece ao negócio dissimulado havendo simulação relativa?
o Teoria da forma da declaração: negócio dissimulado apenas poderá ser declarado
válido se as próprias declarações de vontade respeitarem a forma exigida
Não intencionais:
- Erro na declaração/erro obstáculo (art. 247º)
Fala-se numa falsa representação da realidade, isto é, existe uma divergência
entre o que o autor pensou e o que disse. Esta divergência não é intencional, ou
seja, há uma comunicação errónea, o erro esta na comunicação.
O negocio é anulável quando haja erro na declaração caso se preencham os
dois requisitos cumulativos decorrentes do art. 247º, nomeadamente a
essencialidade (elemento sobre o qual o declarante estava em erro deverá ser
essencial, ou seja, se o declarante soubesse que estava em erro não teria
celebrado o negócio- protege o declarante) e a cognoscibilidade (dever de
conhecimento da outra parte da essencialidade do elemento sobre o qual o
declarante estava em erro. - Protege o declaratário).
A anulação do contrato por erro na declaração pode causar danos ao
declaratário, por isso existe um dever elementar, imposto pela boa-fé e pela
tutela da confiança, de fazer corresponder as declarações de vontade realizadas
ao que efetivamente se pretenda, com isto o declarante poderá responder por
CIC. Por outro lado, pelo artigo 248º o erro pode ser sanado, a validação do
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negocio depende de uma declaração e da consequente aceitação, assim prevalece
a vontade real do declarante numa manifestação pratica do principio da redução
dos negócios do art. 292º.
- Erro de calculo ou escrita (art. 249º)
O erro é de tal modo visível, que resulta do próprio contexto do documento
ou das circunstancias da declaração. Não se verificando a imediata aparência do
erro haverá que aplicar o regime geral do art. 247º. O erro de cálculo ou de
escrita apenas dá direito à retificação.
- Erro na transmissão da declaração (art. 250º)
A declaração não é transmitida ao decalratário pelo autor, mas por outra
pessoa, o erro aqui é do representante. O erro é anulável cumprindo os requisitos
do art. 247º (essencialidade e cognoscibilidade) conjugado com o 250º, a menos
que haja dolo pelo representante (art. 250º/2) o que leva à indemnização de todos
os lesados.
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Para o caso de a usura constituir crime, pelo art, 284º o prazo de caducidade do
direito de anulação é alterado, ou seja, sendo o prazo fixado num ano pelo art. 287º,
quando a usura é crime o prazo não termina até que o crime prescrever.
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o A anulabilidade é sanada por confirmação
o Tem efeitos retroativos- não é aplicável nos casos de execução
continuada (arrendamento), tem de ser temperamentado com o principio
da boa-fé, especialmente quando envolvidos de boa-fé a título oneroso
(inopunivel) e gratuito (art. 291º/1 e 289º/2).
Ineficácia em sentido estrito: o negocio em si não tem vícios, apenas se verifica uma
conjunção com fatores extrínsecos que conduz à referia não produção normal de
efeitos.
Modalidades da representação:
- Representação Legal- poderes de atuação do representante decorrem da própria lei
(incapacidade dos menores que compete aos pais ou ao tutor)
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- Representação voluntária- a fonte de representação é um negócio jurídico,
normalmente a procuração (art. 262º) e o mandato (1157º). Os efeitos são os mesmos da
representação legal, nomeadamente art. 258º. Se o representante exceder os limites para
que o negocio produza os efeitos na esfera jurídica do representado, é necessário que o
mesmo seja por ele retificado, caso contrário é ineficaz.
Regime jurídico: A repercussão dos negócios na esfera do representado é imediata
( opera no preciso momento em que o negocio ocorra) e automática (não exige qualquer
outro evento para que ela ocorra).
16.
17. Abuso do Direito
O abuso de direito é algo estranho a priori e surge devido a situações sem que era
patentemente evidente que os direitos estavam a ser exercidos de forma menos
adequada, porém não havia a possibilidade de identificar nenhuma situação de ilicitude
porque não havia contrariedade da forma. Trata-se de uma situação de exercício de um
direito que é ilegítimo devido ao titular exceder manifestamente os limites impostos
pela boa-fé, bons costumes ou por fim social ou económico desse direito.
3 requisitos para o abuso de direito/limites ao exercício de direito:
Exceda manifestamente os limites impostos pela/o…
- Boa-fé
- Bons costumes
- Fim económico-social desse direito
A regra desde logo é que se alguém tem um direito e o exerce, pode fazê-lo,
porém cria-se aqui uma exceção que permite considerar ilegítimas condutas contrárias
aos valores base do ordenamento jurídico e social.
PR: aplicação crescente excessiva, visto que a figura do abuso do direito é uma
figura de segundo plano na ordem jurídica/ figura excecional.
Manifestações típicas de abuso de direito:
Exceptio Doli- exceção do dolo
- Aquele que invoca a exceptio doli pode deter comportamento abusivo de
alguém alegando que esse comportamento abusivo é só para o prejudicar. Ex: A
constrói chaminé inútil para tirar a vista de B.
Venire contra factum propium- ato ilicito
- Comportamentos contraditórios e frustração de expetativas criadas nas quais
haja legitimamente um terceiro confiado, isto é, quando o titular de um direito
que diz uma coisa e depois se contradiz, ou seja, o titular de um direito volta
atrás na sua decisão. Nas situações me que não se possa aplicar o venire devido a
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que o direito está já consolidado (já produziu efeitos) aplicam-se os critérios da
boa-fé (tutela da confiança predominantemente)
Inalegabilidade formal
- Situação em que a nulidade derivada da inobservância da forma prescrita para
um determinado negócio jurídico não possa ser alegada sob pena de se verificar
um abuso de direito devido à contrariedade da boa-fé.
Surreptio e Supressio
A supressio tem a ver com a situação em que na posição jurídica não exercida
durante certo tempo deixa de poder ser exercida – cessa.
Na esfera jurídica contrária surge uma surreptio, ou seja, uma situação
correspondente ao direito que se perdeu.
Tu quoque
Aquele que viola uma norma jurídica não pode tirar partido dessa situação
Exercício em desequilíbrio
- São abusivas as formas de exercício do direito que sejam inúteis (muito pouco
beneficio próprio) para o titular, mas causem danos para terceiro. Está implícito
o principio do mínimo dano, em que o exercício do direito deve ser feito de
modo a causar o mínimo dano a outrem. Deve haver um
equilíbrio/proporcionalidade entre as vantagens de uma parte e os prejuízos da
contraparte.
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