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Simulação no Direito Civil

→ livro para reforçar o capítulo da Simulação no Tomo II.

Figura jurídica da simulação- Art. 240º - 243º CC (subsecção dos vícios de vontade)

Meios probatórios - Art. 341º - 396º CC ,, regime especial para a prova


testemunhal, sempre que a simulação seja invocada pelos próprios simuladores
- Art. 394/2 CC.

Simulação no regime do casamento: Art. 1635º/d),, no testamento: Art. 2200º CC

2 tipos de simulação

Simulação subjetiva: sempre que o conluio tenha como propósito enganar


terceiros, credores ou não - corresponde à ideia de simulação nos artigos 240º
e ss. do CC
Simulação objetiva: quando tenha como objetivo direto contornar uma
disposição legal - corresponde ao conceito de fraude à lei.

Amaro Luís Lima- um contrato simulado é um contrato aparente, inexistente, fruto


de falso consenso. Os contratos simulados não produzem nenhum dos efeitos
pretendidos pelas partes, então são nulos.

Melo Freire- os negócios simulados são nulos aproxima a simulação do dolo.


Manuel de Andrade ao comentar esta obra, dizem-nos que tanto a simulação
subjectiva como objetiva pressupõem uma causa oculta. Não existindo ou não se
demonstrando essa causa, não se pode verdadeiramente falar de simulação.
Corrêa Telles- existência de uma intenção maliciosa é necessária para a aplicação
do regime da simulação.
Coelho da Rocha- aproxima a simulação do dolo como Melo Freire.

→ divergências doutrinárias

Art. 240º/1 - a qualificação um negócio como simulatório está dependente do


preenchimento de 3 requisitos:

Um acordo entre o declarante e o declaratório

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Que suporta uma divergência entre a vontade manifestada e a vontade
declarada

Com o intuito de enganar terceiros

→ Divergência entre a vontade declarada e vontade real representa o elemento


mais distintivo da simulação.

A verificação dos 3 requisitos deve ser alegada e demonstrada, de acordo com o


regime geral do ónus da prova (art. 342º/1 CC), pelos sujeitos que invoquem a
simulação do negócio sob pena de o negócio dito simulado conservar toda a sua
validade jurídica.

→ A existência de um acordo é um elemento diferenciador da simulação, no âmbito


dos vícios do negócio. Não basta uma das partes manifestar uma intenção que não
corresponda à sua vontade real: exige-se uma sintonia entre os dois contraentes.

→→ Por isto é que a simulação é diferente da reserva mental.

Na reserva mental temos uma das partes esconde a sua vontade real dos
restante intervenientes, ou seja, o negócio efetivamente concluído é apenas
pretendido por um dos contraentes. A simulação pressupõe uma intenção de
prejudicar terceiros, o que não se verifica na reserva mental.

Problemas da simulação:

Será o pactum simulationis uma realidade jurídica autónoma, distinta do


negócio simulado?

Se a resposta for positiva, como se descreve juridicamente este acordo?


Estaremos perante um verdadeiro negócio jurídico?

→ O acordo simulatório pode ser definido como uma conjuração conchavada por
dois ou mais sujeitos, criadora de uma falsa aparência no comércio jurídico,
enquanto reflexo da divergência entre a vontade manifestada e a vontade real, com
o intuito de enganar terceiros.

Natureza do acordo simulatório:

→ (Oliveira de Ascensão) Diz que não é possível apresentar o acordo simulatório


como um negócio jurídico uma vez que o Direito não reconhece os efeitos
desejados pelas partes.

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→ Esta interpretação não é aceite porque é mais comum classificarem-se os
negócios consoante os efeitos associados sejam legais ou ilegais.

A invalidade de um negócio jurídico não obsta a este enquadramento


conceptual: a não produção de efeitos é uma decorrência jurídica, ou seja, é o
Direito que determina os termos em que os efeitos não se irão produzir → tem
relevância jurídica e não apenas natural.

→ (Menezes Cordeiro) O acordo simulatório é um ato preparatório jurídico não


vinculativo. Não é um negócio mas sim um ato, pois se as partes não lhe dão
continuidade, esvazia-se. É jurídico porque a sua natureza advém da
imprescindibilidade para a emergência do negócio dissimulado. Não vinculante
porque o não cumprimento do acordo simulatório não acarreta qualquer
responsabilidade jurídica.

Art. 2200.º CC → testamento simulado

Apesar da natureza unilateral do testamento, a aplicação do regime simulatório


está dependente da existência de um acordo.

Elementos dos negócios unilaterais simulados:

1. Estando a perfeição dos negócios apenas dependente de uma


declaração de vontade, a exigência legal de um acordo não pode
respeitar à conclusão do próprio negócio.

2. A vontade manifestada pelo único declaratário pode, efetivamente, não


corresponder à sua vontade real.

3. Essa vontade real tem de ser conhecida de um terceiro sujeito externo


ao negócio unilateral, mas parte interveniente num outro acordo.

Enganar terceiros:

→ O legislador basta-se com o mero intento de enganar: as partes pretendem,


criando uma aparência jurídica, ludibriar todos os terceiros externos à
mancomunação, levando-os a acreditar que a vontade manifestada é realmente
querida.

Modalidades de simulação
Simulação inocente e fraudulenta

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→ A inocente respeita ao conteúdo do terceiro requisito: a simulação diz-se
fraudulenta ou inocente consoante se pretenda apenas enganar alguém - os
contraentes são motivados por uma intenção de enganar ou iludir (animus
decipiendi)- ou também prejudicar - ao animus decipiendi acresce o intuito de
prejudicar o terceiro (animus nocendi). Normalmente, a simulação será
fraudulenta. O negócio simulado é sempre nulo.

Simulação absoluta
→ As partes, apesar de exteriorizarem uma intenção e concluir o negócio, não o
pretendem realmente. (ex: simula-se vender para evitar que os bens jurídicos
sejam executados; simula-se para iludir credores; simula-se para que um
determinado bem não seja considerado para efeitos de partilhas de herança.)

Simulação relativa

→ Caracteriza-se por uma divergência entre a vontade declarada e a vontade


real. Na relativa as partes pretendem uma efetiva alteração do estado real, mas
com contorno distintos dos declarados para o exterior.

Simulação objetiva

Sempre que a divergência recaia sobre o objeto do negócio ou sobre o


conteúdo. (contractu ad contractum)

Simulação objetiva total

As partes declaram concluir um determinado negócio, quando na


realidade o negócio efetivamente pretendido, dissimulado do
exterior, pertence a outro tipo contratual. Simulações sobre a
natureza do negócio, ou seja, o negócio simulado e o negócio
dissimulado pertencem a tipos legais ou sociais distintos (ex:
celebrar um contrato de compra e venda com o propósito de cobrir
uma doação.)

Simulação objetiva parcial

O negócio dissimulado é o negócio simulado, com meras alterações


no conteúdo. A simulação respeita apenas parte do seu conteúdo,
sem afetar a qualificação do contrato concluído. (ex: há um
desfasamento entre o preço declarado e o preço efetivamente
pago.) → não faz sentido declara a nulidade do negócio simulado
(Galvão Telles)

Simulação subjetiva

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Quando incide sobre as partes contratuais. (persona ad personam)

Interposição fictícia de pessoas


→ Verifica-se quando um dos sujeitos que surge como parte de um
determinado negócio não adquire quaisquer direitos e deveres.

Nulidade do negócio simulado


→ Art. 240º/2 CC: apresenta o negócio simulado como nulo.
→ Para o MC não se trata de uma nulidade verdadeira, mas sim , de uma nulidade
atípica.

O valor do negócio dissimulado


→ A nulidade do negócio simulado não afeta a validade do negócio dissimulado (art.
241/1 CC). O negócio dissimulado não é válido mas a validade do negócio não é
afetada pelo vício que inquina o negócio simulado.

Teoria da forma da declaração


→ O negócio dissimulado apenas poderá ser declarado válido se as próprias
declarações de vontade respeitarem a forma exigida. (ex: uma doação de bem
imóvel simulada em compra e venda apenas será validada se o animus donandi
constar no texto negocial.)

Teoria da forma do negócio


→ Não releva se a declaração de vontade característica do negócio dissimulado
revestiu forma legalmente exigida, a sua validade deverá ser declarada sempre
que exista uma identidade entre a forma empregue pelo negócio simulado e a
forma exigida pelo negócio dissimulado. (ex: doação de bem imóvel simulada
compra de venda, tendo em consideração que a forma exigida por lei para
ambos os contratos é a escritura pública ou documento particular autenticado,
as exigências formais para o negócio dissimulado devem ter-se como
respeitadas.)

Teoria da ratio da forma

→ (Manuel de Andrade e Rui de Alarcão) A validade do negócio dissimulado


está dependente do preenchimento das razões justificativas subjacentes à

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exigência de uma forma especial. ‼ Doutrina maioritária adotada na
jurisprudência ‼

→ Sendo a forma do negócio dissimulado mais exigente que a forma do negócio


simulado, dificilmente se pode manter a conservação do primeiro, salvo se o
negócio dissimulado for celebrado, secretamente, seguindo-se as exigências legais.
(ex: doação de coisa móvel simulada na compra e venda não acompanhada de
tradição da coisa doada. Aqui ao abrigo no disposto no art. 947.º/1 CC, a doação
não é válida.); Ou seja, sendo a forma do negócio dissimulado mais exigente que a
forma do negócio simulado, a validade do negócio simulado fica dependente da
existência de um documento autónomo que comprove a verdadeira intenção das
partes. (( Aplica-se apenas aos negócios sujeitos a forma escrita particular))

Simulações especiais:
→ Simulação de casamento - 1635º/d), 1640º/1, 1644º

→ Simulação de testamento - 2200º, ((1640/1 → 287/1)) , 2308º/2


→ Simulação fiscal

→ Simulação Processual

Simulação no Direito Civil 6

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