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DIREITO CIVIL

VICIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

DOLO

Grupo: Ana Luisa Dos Santos Lourenço, Camilly Paulino Cavalcanti, Lívia Maria
Meireles De Oliveira, Maria Alice Nascimento Souza, Terezinha Samilly Fagundes
Coelho e Yris Maria Pereira Da Silva

Professora: Alessandra Leandro Da Costa

UNIESP: Centro Universitário

INTRODUÇÃO AO TRABALHO
Nosso trabalho trata-se primeiramente dos Vícios do negócio jurídico com sua
vertente voltada para o Dolo, no Direito Civil. Iremos abordar seus conceitos, sua
doutrina e exemplos neste trabalho escrito.
VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
A priori, o negócio jurídico pode ser compreendido com um segmento de
regras que rege as condutas entre as partes, a fim de atender os seus
interesses. Nesse viés, uma série de fatores denominados de Vícios pode
ocasionar a supressão do negócio jurídico, bem como seus efeitos. Estes
vícios são fatores essenciais que no instante da sua legitimação diante do
negócio jurídico, instituem na ausência de manifestação de alguma das
partes, logo, corrobora uma instabilidade, ou falha no negócio, obtendo
como resultado o chamado “negócio viciado”, não alcançando as
disposições necessárias para que seja válido.

Pontes de Miranda apontou três planos de caracterização do Negócio


Jurídico para que o mesmo seja compreendido pelo ordenamento jurídico:
existência, validade e eficácia.

Assim, todo negócio jurídico para que seja considerado válido e tenha
seus efeitos confirmados, devem obedecer alguns requisitos de validade
(vide art.104 Código Civil). A livre expressão da vontade, em qualquer
relação que envolva um objeto determinado ou determinável, além de
essa relação não ser defesa ou prescrita em lei, são fatores básicos para
que um negócio jurídico e seus efeitos sejam considerados válidos.

Entretanto, uma série de fatores (chamados vícios) pode causar a


anulabilidade do negócio e de seus efeitos. Tais vícios são fatores que na
hora de firmar o negócio, levaram a alguma das partes a não se manifestar
da forma como deveria, levando a uma falha negocial, que por sua vez
repercutiu num negócio viciado, que não atende aos requisitos
necessários para que seja válido.

Dentre os vícios do negócio jurídico, está o Dolo que terá destaque neste
ofício. Definido pelos artigos 145 a 150 do Código Civil, o dolo nada mais é
que o erro induzido de maneira artificiosa, ou seja, a intenção ardilosa de
viciar a vontade de determinada pessoa em uma dada situação concreta.
DOLO
Diante dos vícios do negócio jurídico citado anteriormente tem-se o Dolo.
O dolo pode ser compreendido como uma espécie de método,
objetivando aliciar outrem em benefício próprio. Por conseguinte, o dolo
em detrimento do negócio jurídico pode ser definido como dolo principal,
substancial, como também essencial, isto é, DOLUS CAUSAM DANS.
Nesse contexto, uma das partes do negócio jurídico desfruta de técnicas
maliciosas, com o intuito de incitar a outra parte a realizar um ato que a
mesma não praticaria em situações distintas, objetivando possuir
vantagens.

Nesse parâmetro, há exigências a serem aplicadas para que seja possível


determinar o dolo como suscetível à anulação. São estas: A intenção de
conduzir o declarante a efetuar o ato jurídico. Usufruir de métodos de má
fé, e graves, apontando fatos não verídicos, alterando os verdadeiros. E
por fim, não expor um determinado fato que deveria ser citado seja por
parte dos contratantes, ou de terceiros

Características e Requisitos do Dolo


Existe a necessidade de o dolo ser essencial, ou seja, ele que impulsiona a
vontade do declarante. Para viciar o negócio, este deve estar na base do
negócio jurídico, caso contrário, será dolo acidental e não viciará o ato. O
artigo 145 explica que o dolo deve ser a causa da realização do negócio
jurídico, sendo ⁷assim chamado de dolo principal ou essencial.

Conforme o artigo 148 o dolo deve promanar de outro contratante ou, se


vindo de terceiro, o outro contratante dele deve ter conhecimento. Outra
característica interessante é que, para parte da doutrina o prejuízo é
secundário no dolo, e o que realmente importaria seria a intenção de
enganar, de prejudicar. Segundo Serpa Lopes (1962), o ato ou negócio é
anulável ainda que a pessoa seja levada a praticar ato objetivamente
vantajoso, mas que ela não desejava.
Destarte, em razão dos conceitos supracitados, o dolo
pode ser observado como:
Dolo bom, ou DOLUS BONUS, no qual pode ser compreendido também
como “dolo tolerável”, em que consiste principalmente nos âmbitos
comerciais, onde há o intuito de vender um determinado bem, de forma
que não lese o comprador. Contudo, se o negócio jurídico lesar de alguma
maneira o consumidor, então será suscetível à anulação. Em um quadro
distinto, pode-se apontar condutas que objetivam favorecer outra pessoa,
como por exemplo, induzir alguém a tomar um determinado remédio,
desde que seja essencial para o mesmo.

Dolo mau, ou DOLUS MALUS, concretiza-se no uso de métodos maléficos


no negócio, a fim de induzir outrem para benefício próprio, sendo este
passível de anulação.

Dolo positivo, ou comissivo, manifesta-se quando o dolo é praticado por


uma determinada ação, ou seja, ação positiva, como por exemplo, na
publicação de um determinado anúncio em site de vendas ofertando um
certo bem, e quando uma pessoa efetuar tal compra, o bem adquirido não
condiz com o anúncio publicado.

Dolo essencial (principal), segundo Maria Helena Diniz, “o dolo principal é


aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria
concluído, acarretando, então, a anulabilidade daquele negócio” (2002, p.
418). Pode-se concluir, portanto, que o dolo é essencial quando se fosse
pelo dolo, o negócio não se concretizaria, por isso que a anulação do
negócio é válida nesse caso. (CC, art. 145)

Exemplo: João comprou, de José, uma loja de uma franquia de perfumes. José
apresentou várias planilhas de faturamento para João. Posteriormente, João descobriu
que as planilhas apresentadas por José eram falsas e o faturamento era muito inferior
ao apresentado nas planilhas.

Dolo: Apresentação das planilhas falsas.

Dolo principal: O dolo influenciou diretamente na realização do negócio (causa


determinante), pois se não fossem as planilhas falsas João não teria comprado a loja.
Consequência: Se João conseguir provar que houve o dolo da parte de José, o
negócio jurídico (compra da loja) pode ser anulado.

Dolo acidental, Já no caso do dolo acidental existe a intenção de enganar,


todavia o negócio aconteceria com ou sem dolo; porém surge ou é
concluído de forma mais onerosa ou menos vantajosa para a vítima. Ele
não tem influência para a finalização do ato. “É acidental o dolo, quando a
seu despeito o ato se teria praticado, embora por outro modo”. O dolo
acidental não acarreta a anulação do negócio jurídico, porém obriga o
autor do dolo a satisfazer perdas e danos da vítima. (CC, art. 146)

Exemplo: João queria muito comprar o imóvel, ao lado de sua casa, que pertencia a
José. João economizou o dinheiro e comprou o imóvel por R$500.000,00. José fez
constar no contrato, que o imóvel possuía 400m². Posteriormente, João descobriu que
o imóvel possuía apenas 320m². João não pretende anular o negócio jurídico, por ele
teria realizado o negócio mesmo que soubesse que o imóvel possuía apenas 320m².

Dolo: José fez constar no contrato que o imóvel possuía 400m², mas na verdade
possuía 320m².

Dolo acidental: O dolo não influência diretamente na realização do negócio, pois se


João soubesse da verdadeira metragem teria comprado o imóvel mesmo assim.

Consequência: João não pretende anular o negócio, apenas pretende o abatimento do


preço, já que pagou por 400m² e recebeu apenas 320m².

Dolo negativo, ou omissivo, ocorre quando o dolo se dá por meio de uma


ação negativa, isto é, uma omissão, possuindo como resultado a lesão do
negociante.

Requisitos do dolo negativo ou omissivo: Diante disto, é válido ressaltar


que há premissas a serem seguidas para se configurar o dolo como
negativo, bem como omissivo. Em consonância ao artigo 147 do Código
Civil, no dolo negativo deve haver silêncio intencional da parte que o fizer,
uma vez que o contratante que vai realizar o dolo omissivo tem que estar
ciente do fato, ou qualidade, já que se ele não souber, não é possível
haver dolo negativo/omissivo. Nesse viés, o silêncio do contratante tem o
dever de recair sobre a parte para que haja dolo. Outro sim, o silêncio tem
que objetivar a indução da outra parte para realizar o negócio jurídico.
Não obstante, para determinar o dolo como negativo, ou omissivo, na
conduta de omissão há a eventualidade de haver o nexo, ou seja, a
correlação de causalidade entre o silêncio intencional e a declaração de
vontade, uma vez que o único motivo para o indivíduo realizar o negócio
jurídico é em razão da omissão da outra parte, por um fato que deveria ter
o seu conhecimento.

“Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes


a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria
celebrado”. (CC, art. 147)

Exemplo: João vendeu seu carro para José e intencionalmente omitiu o fato de que o
carro havia sido comprado em um leilão de carros batidos.

Dolo omissivo: João deveria ter dito para José que o veículo era batido, pois se José
soubesse não teria comprado o carro. Ao omitir essa informação, João agiu com dolo
negativo ou omissivo.

Dolo de terceiro, o dolo pode ser proveniente de outro contratante ou de


terceiro, que não faz parte do negócio. Se uma das partes, beneficiada no
caso do dolo de terceiro, souber da manobra e não advertir a outra parte
é considerado cúmplice e responde por sua má-fé. Entretanto, se a parte
beneficiada não souber do dolo de terceiro, não se anula o negócio
jurídico. Mas a vítima poderá reclamar perdas e danos do autor do dolo.
(CC, art.148)

Exemplo: João estava vendendo uma casa, que ficava em um bairro que viajava.
Quem estava negociando o imóvel para João era o corretor Pedro. O corretor Pedro,
ao vender o imóvel para Maria, garantiu que o imóvel não alagava. Ao enganar
(ludibriar) Maria, o corretor Pedro agiu com dolo de terceiro.

Consequências:

a) Anulação do negócio jurídico;

b) Manutenção do negócio, mas o terceiro responderá por perda e danos.

Dolo de representante legal, quando o dolo provém de representante da


parte beneficiada pelo negócio defeituoso, a lei tem distinções entre os
efeitos suportados pelo representante.
Antigamente, no Código Civil de 1916, o representado era responsável
tendo ciência ou não do dolo do representante. Isto acabava sendo
injusto, pois no caso da representação legal, por exemplo, o representado
não tem responsabilidade alguma nas escolhas do representante, sejam lá
quais elas forem. Já na representação convencional, cabe ao representado
escolher um representante confiável, sob pena de responder, por culpa na
escolha, solidariamente por perdas e danos.

Atualmente, no Código Civil esta distorção foi corrigida, como visto a


seguir “O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que
teve se, porém, o dolo dor do representante convencional, o representado
responderá solidariamente com ele por perdas e danos.” (CC, art. 149)

Exemplo: Os pais representam os filhos (art.1634, VII, do CC); o inventariante


representa o espólio (art. 618, I, do CPC).

• O dado do representante legal de uma das partes obriga o representado a


responder civilmente até a importância do proveito que teve.
• Considerando que não foi o representado que escolheu o seu representante,
ele somente tem responsabilidade na quantia de seu proveito, pois ele não
pode enriquecer sem causa.

Dolo bilateral: fundamenta-se em uma situação na qual ambas as partes


do negócio atuam de forma dolosa, uma com a outra, por meio de
métodos maliciosos.

“Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo, para
anular o negócio ou reclamar indenização”. (CC, art. 150)

Exemplo: João e Pedro resolveram permutar um imóvel. João agiu com dolo
comissivo ao informar a Pedro que o seu imóvel possuía 400m², quando na verdade
possuía 350m². Da mesma forma, Pedro também agiu com dolo ao informar a João
que o seu imóvel possuía 500m², no entanto somente possuía 450m².

Como ambos agiram com dolo, nenhum deles, poderá afagar o dolo para:

a) Anular o negócio jurídico; ou

b) Requerer indenização.
Referências

Jurídico, Âmbito. O dolo no Direito Civil. Disponível em:


https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/o-dolo-no-direito-
civil/#:~:text=Co
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2Dse %20dizer%2C. Acessado em: 02/05/2022

Dini, Setubai Beatriz Anna. Vícios do Negócio Jurídico: Dolo. JUSBRASIL,


2016. Disponível em:
https://annabiadini.jusbrasil.com.br/artigos/326330208/vicios-do-
negocio-juridico-dol o. Acessado em: 03/05/2022

Jurídica, Enciclopédia. Dolo. Disponível em:


https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/423/edicao-1/dolo.
Acessado em: 02/05/2022

TARTUCE, Flávio. Manual do Direito Civil Volume Único. 11°. ed. Rio de
Janeiro. Método. 2021. Acessado em: 03/05/2022

JÚNIOR, Hamid Charaf Bdine. O dolo como defeito do negócio jurídico.


Disponível em:
https://www.tjsp.jus.br/download/EPM/Publicacoes/ObrasJuridicas/cc09.
pdf?d=6368 08304675549312. Acessado em: 02/05/2022

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