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Direito Civil II
Turma: MF-02
Alunos:
Seminário IV (27/09/2021)
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 37ª Edição. São Paulo:
Saraiva, 2020. 612 p.
jurídicos ou por seus representantes legais [...]” 2, sendo assim tanto o Ministério Público quanto
os juízes, não podem alegar a anulabilidade. Outra divergência da anulabilidade, reside no fato
de que a mesma, somente terá efeito, após julgada, assim como postula o art. 177 do Código
Civil:
“Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de
ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo
o caso de solidariedade ou indivisibilidade”3
As causas de nulidade dos negócios jurídicos, estão prescritas no art. 166 e no caput do
art. 167, do Código Civil, que assim as lista:
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 37ª Edição. São Paulo:
Saraiva, 2020. 612 p.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
A nulidade absoluta do negócio jurídico é dotada de efeito ex tunc, sobre suas causas
Maria Helena Diniz assim versa: “São nulos os atos que: não tiverem qualquer elemento
essencial; apresentarem objeto ilícito ou impossível; não revestirem a forma prescrita em lei;
preterirem alguma solenidade imprescindível para sua validade; forem praticados com infração
à lei, aos bons costumes; a lei taxativamente declarar nulos ou proibir sua prática, sem cominar
sanção de outra natureza; e forem simulados” 5.
A nulidade relativa do negócio jurídico é dotada de efeito ex nunc, e sobre suas causas,
Maria Helena Diniz assim versa: "Serão anuláveis os atos negociais: 1) se praticados por pessoa
relativamente incapaz, sem a devida assistência de seus legítimos representantes. [...] 2) Se
viciados por erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo, ou fraude contra credores. 3) Se a lei
assim o declarar, tendo em vista a situação particular em que se encontra determinada pessoa” 7
Ao ter por objetivo fraudar a lei, o negócio jurídico infringe diretamente o ordenamento
jurídico, de modo que o negócio possui estrutura aparentemente legal, porém a sua finalidade
prática é antijurídica. Tendo isso em vista, o negócio jurídico que tem por objetivo fraudar a lei
é nulo de acordo com o inciso VI do artigo 166 do Código Civil.
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 24ª Edição. São Paulo:
Saraiva, 2007. p. 532.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 24ª Edição. São Paulo:
Saraiva, 2007. págs. 532-533.
"Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
Esse requisito para a validade do negócio jurídico postulado pelo Código garante que a
capacidade do agente e a licitude do objeto não são os únicos reguladores da validade do ato
negocial, requerendo-se ainda que a exteriorização da vontade do agente atenda ao plano de
legitimidade, ou seja, que o ato possua uma causa que possua conformidade com as finalidades
do sistema jurídico.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
"Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a
manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real
do manifestante."9
O erro também pode ser essencial ou substancial, sendo este o erro de fato por recair
sobre circunstância de fato, ou seja, sobre as qualidades essenciais da pessoa ou da coisa, como
consta no artigo 139 do Código Civil.
III – sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal
do negócio jurídico."10
De acordo com o professor Carlos Roberto Gonçalves, “os referidos defeitos, exceto a
fraude contra credores, são chamados de vícios do consentimento, porque provocam uma
manifestação de vontade não correspondente com o íntimo e verdadeiro querer do agente.”
Desse modo, o autor afirma que eles criam uma divergência e um conflito entre a vontade
manifestada e a real intenção de quem a exteriorizou. São, portanto, conhecidos como vícios de
consentimento o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão.
O erro consiste na falsa percepção da realidade por um sujeito sobre determinado objeto,
de modo que este não pode ser induzido por outro. Esta falsa noção se trata do engano, ou
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
melhor dizendo, o desconhecimento absoluto acerca de algo, podendo ser dividido em erro
acidental ou substancial.
Por sua vez, o dolo pode ser compreendido como o meio empregado para enganar
alguém, de modo que este ocorre quando o sujeito é induzido por outra pessoa ao erro. Por fim,
entende-se por coação o defeito do querer do agente que não quer declarar algo mas o faz
impelido por um receio de um mal que possa lhe advir a alguém de sua bem-querência. Desse
modo, pode-se afirmar que os três vícios do consentimento podem causar anulabilidade do
negócio jurídico.
Por fim, tem-se como vício do consentimento a lesão. Segundo o art. 157 do Código
Civil, “ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta''. Assim, em
virtude de haver a desproporção em relação à prestação oposta, o negócio jurídico em questão
traz um prejuízo patrimonial excessivo; uma das partes obtém vantagem no resultado do
negócio, em detrimento à condição desfavorável de outro paciente.
Entende-se por fraude contra credor a manobra maliciosa do devedor, que aliena o seu
patrimônio, a fim de não pagar o(s) credor(es). Isso se dá em virtude do patrimônio do devedor
responder por suas dívidas, sendo a garantia do credor. Desse modo, se o devedor alienar seu
patrimônio, o credor não conseguirá cobrar o seu crédito, uma vez que o que garante o
pagamento da dívida é o patrimônio do devedor, como mencionado. Assim, ao diminuir o seu
patrimônio, o devedor se torna insolvente, pois não tem patrimônio suficiente para garantir o
pagamento de suas dívidas.
Isto posto, de acordo com o professor Carlos Roberto Gonçalves, “a fraude contra
credores não conduz a um descompasso entre o íntimo querer do agente e de sua declaração,
mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros. Por essa razão, é considerada vício
social.” 11
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Gonçalves, Carlos R. Esquematizado - Direito civil 1: parte geral - obrigações - contratos. 10ª ed.,
p. 350. Editora Saraiva, 2019.
08) Quais espécies de erro invalidam os negócios jurídicos? No que consiste cada uma dessas
espécies?
"Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio."12
Tendo isso em vista, as hipóteses de erro substancial estão enumeradas no art. 139, do
CC, e este se caracteriza pelas seguintes modalidades: error in persona, quando diz respeito à
identidade da pessoa com que o agente pratica o negócio jurídico ou alguma de suas qualidades;
error in corpore, se ocorre desacordo entre a vontade real e a declarada, portanto, se refere à
identidade do objeto do negócio; error in negotio, quando há um equívoco a respeito da
natureza do negócio jurídico que está sendo celebrado; error in substantia, se o agente identifica
corretamente a natureza do vínculo estabelecido, assim como o objeto em função o negócio está
sendo operado, porém, desconhece algumas qualidades ou características essenciais; error in
juris, quando há o desconhecimento das implicações em decorrência do negócio jurídico, porém
este erro não é via de regra para a anulabilidade ou nulidade do negócio jurídico.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal
do negócio jurídico."13
09) Quais os elementos da fraude contra credores? De que modo poderia ser intentado
seu reconhecimento judicial?
Por sua vez, o elemento subjetivo, o consilium fraudis, é caracterizado pela má fé, isto
é, intuito malicioso de ilidir os efeitos da cobrança. Quando o ato praticado for a título gratuito,
referentes a doação, o intuito fraudulento presume-se de maneira absoluta. Já nos atos onerosos,
que condizem a compra e venda, é necessário demonstrar que o devedor tinha ao menos o
potencial conhecimento de que seu ato o levaria à insolvência e que o terceiro adquirente
possuía conhecimento, sendo efetivo ou presumido, de que a alienação levaria o alienante a
esse estado. Sendo assim, o professor Silvio Rodrigues afirma que “concorrendo o consilium
fraudis e o eventus damni, surge o defeito do ato jurídico.”14
Há de se destacar, além disso, que nos negócios onerosos, se não existirem os requisitos
objetivo e subjetivo, não se fala em anulabilidade. Por outro lado, nos casos em que houver
disposição gratuita ou remissão da dívida, não será necessária a existência do consilium fraudes,
isto é, o elemento subjetivo; basta apenas o evento danoso para o ato ser considerado
fraudulento.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
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Rodrigues, Silvio. Direito Civil vol. 1. 25ª ed., p. 288
Por fim, conclui-se que para se ter reconhecimento judicial é necessário a Ação
Pauliana, também chamada de Revocatória, que possui o objetivo e finalidade a aplicação do
princípio da patrimonialidade do devedor.
10) Gustavo dispõe à venda um candelabro belga prateado. Priscila, uma colega de trabalho,
apreciando o design moderno do objeto, resolve levá-lo para seu apartamento para ver ele
combina com o ambiente de sua sala. Gustavo consente. Em sua casa, nota que é perfeitamente
compatível o objeto com a decoração do ambiente. Em conversa com Giovana, amiga íntima
com a qual divide o domicílio, revela o preço pedido por Gustavo pelo objeto. Giovana,
entusiasmada, diz que se trata de uma pechincha, pois além da manifesta beleza, os candelabros
belgas são famosos em todo o mundo pela sua qualidade e composição em prata. O negócio é
celebrado. Após alguns meses, em dificuldade financeira, Priscila, pensando em vender o
candelabro, manda-o para avaliação. O avaliador não nega a origem belga do objeto, mas diz
que se trata de peça feita de latão revestida com liga de metais prateados. Priscila ingressa em
Juízo alegando ter sido enganada por Gustavo. Fundamente posicionamento jurídico que
solucione o conflito, entre as regras da Teoria dos Defeitos do Negócio Jurídico.
O negócio celebrado por Gustavo e Priscila possui um vício que o faz passível de
anulabilidade, isto porque, nele há um erro quanto ao objeto, o candelabro belga, supostamente
de prata. O Código Civil assim versa sobre o erro:
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
teria como efeito a volta ao estado anterior, a restauração do statu quo ante, de maneira que
Gustavo devolveria a quantia paga e priscila o lustre, o objeto comprado.
a) erro;
b) dolo;
O dolo pode ser definido como a intenção de realizar determinado ato. No que diz a
respeito ao negócio jurídico, o dolo pode ser causa de nulidade do negócio jurídico.
c) coação;
A coação pode ser definida como, todo resultado do descumprimento de normas não
obrigatórias, como cometer um ato que vá contra os princípios de determinada instituição
religiosa, em que a pena por tal violação não é obrigatória, porém moral.
d) estado de perigo;
Segundo o art. 156 do Código Civil, "configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa”. Desse modo, constitui o estado de
perigo a situação de extrema necessidade que conduz um indivíduo a celebrar negócio jurídico
em que assume obrigação desproporcional e excessiva.
e) lesão;
É possível definir lesão como o prejuízo que um indivíduo sofre na conclusão de um ato
negocial, resultante da desproporção existente entre as prestações das duas partes. Assim sendo,
o art. 157 do Código consta: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade,
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.”
g) simulação.
A simulação consiste em celebrar-se um ato, que possui aparência normal, mas que, na
realidade, não visa ao efeito que juridicamente devia produzir. É, portanto, um defeito do ato,
apelidado pela doutrina de vícios sociais, positivado na conformidade entre a declaração de
vontade e a ordem legal, em relação ao resultado daquela, ou em razão da técnica de sua
realização.
12) Considerando a Teoria dos Defeitos do Negócio Jurídico, enquadre as hipóteses abaixo,
quando possível, numa das causas de nulidade ou anulabilidade previstas no CC, justificando o
porquê do enquadramento:
a) Carlos, presenciando seu apartamento consumir-se pelas chamas de um incêndio, propõe que
Marco, bombeiro, arrisque-se na tentativa de salvar sua filha de 9 anos de idade que estava
dormindo no local. Em recompensa, promete lhe dar todos os seus bens, caso consiga salvá-la.
O bombeiro obteve êxito e exige a entrega do patrimônio de Carlos.
“Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens”
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido
literal da linguagem.
Desse modo, se configura a coação na declaração da vontade de Carlos, pelo fato de no
momento da celebração do contrato, a vida de sua filha encontrar-se, em perigo iminente.
Ademais, ainda pode se citar o art. 112 do Código Civil:
Neste caso, o artigo 112 enquadra-se neste caso, pois por se tratar de uma situação de
extrema urgência, Carlos teria prometido seus bens como forma de manifestar sua preocupação,
valendo assim a intenção de que ele ficaria muito grato ao bombeiro, ao invés de literalmente
transferir todos os seus bens.
b) Ana resolve vender seu carro. Percebendo pontos de ferrugem na lataria, encera-o para
valorá-lo mais. Paulo, decidido a comprar carro, opta por celebrar negócio com Ana, diante de
um carro em ótimas condições mecânicas e lataria impecável. Só depois descobre o ferrugem
na lataria e o péssimo estado do veículo.
O negócio firmado, de venda do carro de Ana para Paulo é anulável, uma vez que Ana
encerando o carro e assim tornando a aparência do carro mais atrativa, faz uma propaganda
enganosa de seu carro, pois o mesmo possui problemas de ferrugem na lataria e o carro está em
péssima condição. Deste modo, apesar do contrato em si não violar as condições de validade
do negócio jurídico, o negócio é anulável, pois Paulo foi lesado com a compra do carro.
d) Mário dá a João R$ 500,00 em pagamento de uma dívida. Esqueceu-se de que já havia feito
o pagamento dela, em outra ocasião.
Segundo o art. 171 do Código Civil, “além dos casos expressamente declarados na lei, é
anulável o negócio jurídico:
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.”
Assim sendo, entende-se que o caso exposto caracteriza-se como anulável, uma vez que
ele apresenta vício resultante de lesão. Isso porque João, o lesionário, não agiu com boa-fé,
visto que aproveitou-se do fato de Mario, o lesado, ser inexperiente, e com isso, Mario realizou
o pagamento da dívida duas vezes. Dessa forma, nota-se prestação desproporcional e
aproveitamento de inexperiência, caracterizando lesão, e por conseguinte, anulabilidade do
negócio jurídico.
Bibliografia: