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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

SILVA, Idelma de Souza e1

RESUMO

Este trabalho objetiva explicar os possíveis defeitos do negócio jurídico, que podem
ocorrer na sua formação ou na declaração da vontade. Esses defeitos são
subdivididos em dois grupos: vícios do consentimento e vício social. O erro, dolo,
coação, estado de perigo e lesão, são considerados vícios do consentimento, já a
fraude contra credores e a simulação fazem parte do vício social. São negócios
anuláveis, exceto a simulação que é considerado negócio nulo.

Palavras- chaves: Defeitos, negócios jurídico, anulável.

ABSTRACT: This paper aims to explain the possible defects of the legal business,
which may occur in its formation or in the declaration of the will. These defects are
subdivided into two groups: vices of consent and social addiction. Error, deceit,
coercion, danger and injury are considered vices of consent, fraud against creditors
and simulation are part of social addiction. They are nullable deals, except for the
simulation that is considered to be absolutely zero business.

Keywords: Defects, legal business, nullable.

1.INTRODUÇÃO

É de grande importância o estudo sobre os defeitos do negócio jurídico, pois


recai sobre a formação ou declaração da vontade, sendo esta elemento estrutural
para a existência do negócio jurídico.

1
Acadêmica do Curso de Direito. 3° Período. Centro Universitário Unirg. E-mail para correspondência:
idelmadesouza30@gmail.com
O presente artigo trata sobre essas possíveis causas, abordando primeiro o
vício do consentimento e em seguida o vício social, analisando- os de uma maneira
simples e objetiva.
Os defeitos do negócio jurídicos são tratados nos artigos 138 a 165; 167 e
170, do Código Civil.

2.VÍCIOS DO CONSENTIMENTO

Declara Carlos Roberto Gonçalves que “são chamados de vícios do


consentimento, porque causa uma manifestação contrária do verdadeiro querer do
agente.”2
Passemos a análise de cada um deles, que são:
2.1 Erro

O erro é uma ideia falsa da realidade, o agente engana-se sozinho. 3 O erro


para ser anulável precisa ser substancial, escusável e real (CC, art.138), com o
prazo decadencial de 4 anos, para pleitear ação anulatória (CC, art.178).

O artigo 139 do Código Civil, dispõe sobre o erro substancial, que declara:

“O erro é substancial quando - interessa à natureza do negócio,


ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a
ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade
essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade,
desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de
direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo
único ou principal do negócio jurídico”.

Segundo Maria Helena Dinis, “o erro escusável é aquele que é justificável, tendo-se
em conta as circunstâncias do caso.4 Já o erro real é o responsável pelo dano.
O erro acidental não vicia o negócio. O falso motivo para viciar a declaração da
vontade, precisa ser a causa determinante (CC, art. 140).

2.2 Dolo
2
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro, Parte Geral, 14ª.ed. 2016. V.1. p. 481 p.407
3
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro, Parte Geral, 14ª.ed. 2016. V.1. p. 481, p.408
4
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, Teoria Geral do Direito Civil. l. 29ª.ed.p. 494
Dolo é o induzimento malicioso de alguém à prática de um ato que lhe é
prejudicial, mas proveitoso ao autor do dolo ou a terceiro. 5
Para acarretar anulabilidade, o dolo precisa ser principal, dolus malus,
positivo e negativo (CC, art. 147) e dolo de terceiro quando a parte beneficia tinha
conhecimento (CC, art. 148). O dolo acidental não vicia o negócio, pois seria
realizado, por outro modo, este só obriga à satisfação das perdas e danos (CC, art.
146).

2.3 Coação
Coação é toda ameaça ou pressão física (vis absoluta) ou psicológica (vis
compulsiva) sobre um indivíduo para força-lo celebrar o negócio.
Os requisitos da coação encontra-se no art.151 do Código Civil:
“A coação, para viciar a declaração da vontade, há de
ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não
pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação.”

A coação exercida por terceiros só viciara o negócio jurídico, se a parte a


quem aproveita tivesse ou devesse ter conhecimento; e esta responderá
solidariamente por perdas e danos. (CC, arts. 154 e 155).

2.4 Estado de perigo


Segundo o Carlos Roberto Gonçalves, estado de perigo é “a situação de
extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que
assume obrigação desproporcional e excessiva.” 6
O negócio jurídico é anulável, o prazo decadencial é de quatro anos, contar
a partir da celebração do contrato (CC. Art. 178, II).

2.5 Lesão
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves lesão é “o prejuízo resultante da
enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de

5
Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil Brasileiro. Parte geral. Esquematizado, Coordenador. Pedro
Lenza 1ª.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.p. 348
6
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro: Parte geral, 14ª.ed. 2016. V.1parte geral, p.441
sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma
das partes”.7
A lesão compõe de dois elementos: o objetivo, é manifestada pela
desproporção; o subjetivo, pela inexperiência e necessidade.
A lesão é um negócio jurídico anulável (CC, art. 178, II), mas se for oferecido
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do
proveito, o negócio não será anulado (CC, art.157, § 1°).

3. VÍCIO SOCIAL

O vício social a vontade manifestada condiz com o querer do agente, mas é


8
declarada com a intenção de prejudicar terceiros.

3.1 Fraude contra credores

A fraude contra credores caracteriza-se “quando o devedor desfalca o seu


patrimônio, a ponto de se tornar insolvente, com o intuito de prejudicar seus
credores”.9
Os elementos da fraude contra credores são: o objetivo (eventos damni) que
é a insolvência; e o subjetivo (consilium fraudis), que é má-fé do devedor.
A fraude contra credores pode ser caracterizada pelos atos de transmissão
gratuita de bens ou remissão de dívida (CC, art. 158); atos de transmissão onerosa
(CC, art. 159); pagamento antecipado de dívida (CC, art. 162) e concessão
fraudulenta de garantias (CC, art. 163).
A ação anulatória desse tipo de negócio, é a ação pauliana ou revogatória,
sendo os legitimados para ajuizar a ação, os credores quirografários (CC, art. 158,
caput) e os credores que já eram no tempo da alienação (CC, art. 158, § 2°)

7
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro: Parte geral, 14ª.ed. 2016. V.1parte geral, p.451
8
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro: Parte geral, 14ª.ed. 2016. V.1parte geral, p.459
9
Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil Brasileiro. Parte geral. Esquematizado, Coordenador. Pedro
Lenza 1ª.ed. São Paulo: Saraiva, 2011p. 349
3.2 Simulação

Como diz Carlos Roberto Gonçalves, simulação é “uma declaração falsa,


enganosa, da vontade, visando aparentar negócio do efetivamente desejado”. 10
A simulação pode ser absoluta ou relativa. A absoluta não existe negócio
nenhum, entanto na relativa, o negócio existe, mas as partes procuram ocultar.
O negócio simulado é nulo, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
na substância e na forma (CC, art. 167).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os danos sofridos por defeitos no negócio jurídicos, conforme demostrado


no decorrer do artigo, deve ser reparado de alguma forma, através da anulação do
contrato ou pelo reparo de danos causados, visto que o negócio foi celebração
contra a verdadeira vontade do agente.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Parte geral.14ª.ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. V.1.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Parte geral. Esquematizado,


Coordenador. Pedro Lenza 1ª.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral do Direito Civil.1.
29ª.ed. São Paulo. Saraiva, 2012.

10
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro: Parte geral, 14ª.ed. 2016. V.1Parte geral, p.492

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