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No art. 171, II, diz ser anulável o negócio jurídico que contenha tais vícios. Dispõe
o art. 178 do Código Civil: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear -se
a anulação do negócio jurídico, contado:
I — no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II — no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em
que se realizou o negócio Jurídico.”
DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Quando é induzido em erro pelo outro contratante ou por terceiro, caracteriza -se o dolo.
Dolo civil, em sentido amplo, é todo artifício empregado para enganar alguém.
Distingue-se, também, do dolo processual, que decorre de conduta processual
reprovável, contrária à boa-fé e que sujeita, tanto o autor como o réu que assim
procedem, a sanções várias, como ao pagamento de perdas e danos, custas e
honorários advocatícios (CPC, arts. 79 a 81).
DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Características
Já foi dito que há íntima ligação entre o erro e o dolo, porque num e noutro caso a
vítima é iludida.
Diferem, contudo, pelo fato de que, no erro, ela se engana sozinha, enquanto no dolo, o
equívoco é provocado por outrem. A rigor, portanto, o negócio seria anulável por erro e
por dolo. Todavia, como o erro é de natureza subjetiva e se torna difícil penetrar no
íntimo do autor para descobrir o que se passou em sua mente no momento da
declaração de vontade, as ações anulatórias costumam ser fundadas no dolo.
Ademais, esta espécie de vício do consentimento pode levar o seu autor a indenizar os
prejuízos que porventura tiver causado com seu comportamento astucioso .
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A coação
Conceito
Coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para forçá-lo,
contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio.
Não é a coação, em si, um vício da vontade, mas, sim, o temor que ela inspira, tornando
defeituosa a manifestação de querer do agente. Corretamente, os romanos empregavam o
termo metus (mentis trepidatio), e não vis (violência), porque é o temor infundido na vítima
que constitui o vício do consentimento, e não os atos externos utilizados no sentido de
desencadear o medo. Nosso direito positivo, entretanto, referindo-se a esse defeito, ora o
chama de coação (art. 171, II), ora de violência (art. 1.814, III).
A coação é o vício mais grave e profundo que pode afetar o negócio jurídico, mais até do
que o dolo, pois aquele impede a livre manifestação da vontade, enquanto este incide sobre
a inteligência da vítima.
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A coação
Requisitos da coação
Dispõe o art. 151 do Código Civil:
“Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de
dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação.”
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A coação
Verifica-se, assim, que nem toda ameaça configura a coação, vício do consentimento. Para que tal ocorra, é
necessário reunirem -se os requisitos estabelecidos no dispositivo supratranscrito. Assim, a coação:
• A doutrina menciona, ainda, outras hipóteses, como a daquele que, assaltado por
bandidos, em lugar ermo, se dispõe a pagar alta cifra a quem venha livrá-lo da violência;
• A do comandante de embarcação, às portas do naufrágio, que propõe pagar qualquer
preço a quem venha socorrê-lo;
• A do doente que, no agudo da moléstia, concorda com os altos honorários exigidos pelo
cirurgião;
• A da mãe que promete toda a sua fortuna para quem lhe venha salvar o filho, ameaçado
pelas ondas ou de ser devorado pelo fogo;
• A do pai que, no caso de sequestro, realiza maus negócios para levantar a quantia do
resgate etc.
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Estado de perigo e lesão
As diferenças entre estado de perigo e lesão são tão sutis que alguns doutrinadores sugerem
a sua fusão num único instituto. Entretanto, os referidos vícios do consentimento não se
confundem.
Só o estado de perigo ou só a lesão não bastam para coibir todas as hipóteses que se podem
configurar.
O estado de perigo ocorre quando alguém se encontra em perigo e, por isso, assume
obrigação excessivamente onerosa, como no caso da pessoa que está prestes a se afogar e
promete toda a sua fortuna a quem o salvar da morte iminente.
Já a lesão ocorre quando não há estado de perigo, por necessidade de salvar-se; a ‘premente
necessidade’ é de natureza econômica, ou seja, de obter recursos para salvar o patrimônio
do agente.
lesão
■ Conceito
O Código Civil de 2002 reintroduz no ordenamento jurídico brasileiro, de forma expressa, o instituto
da lesão como modalidade de defeito do negócio jurídico caracterizado pelo vício do consentimento.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi
celebrado o negócio jurídico.
■ Conceito
O novo Código Civil coloca no rol dos defeitos do negócio jurídico a fraude
contra credores, não como vício do consentimento, mas como vício social,
uma vez que não conduz a um descompasso entre o íntimo querer do agente
e a sua declaração.
Tendo em conta que o patrimônio do devedor responde por suas dívidas, pode-
se concluir que, desfalcando-o a ponto de ser suplantado por seu passivo, o
devedor insolvente, de certo modo, está dispondo de valores que não mais lhe
pertencem, pois tais valores se encontram vinculados ao resgate de seus débitos.